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Resumo Cap 5 - Quadrps clínicos disfuncionais e Gestalt-terapia

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Os Sofrimentos emocionais agravados e o diagnóstico “borderline” 
Estagiário: ​Bruna Sales Souto 
 
● A psicopatologia e suas questões 
A palavra “diagnóstico” significa capacidade de distinguir, de discernir, em 
psicopatologia, essa palavra refere-se à identificação da existência de sofrimentos 
mentais, transtornos e patologias psíquicas vividas pelos seres humanos. Sabe-se 
que o “normal” é um critério de validação social que representa consenso de alguns 
grupos em determinados posicionamentos sociais, assim, no sistema social, 
econômicos e ideológicos que vivemos, os critérios de normas sociais e de 
comportamento parecem bastar para qualificar uma pessoa como saudável ou 
disfuncional. 
Na Gestalt-terapia a clínica e o sentido existencial devem ser pensados em 
concordância, afinal, essa abordagem é fenomenológica e existencial, e portanto 
vemos o indivíduo como um ser singular, não buscando uma normatização e sim 
uma individualização do ser baseada na existência humana. Porém, a sociedade 
continua se baseando no antigo binômio saúde-doença, e assim, se veem 
aprisionados de modo irremediável à normatização das emoções, dessa forma, os 
profissionais da psicologia são colocados, a partir dessa ideia, em uma posição de 
“consertar” o que está “errado”. 
Em busca de sair dessa posição, a Gestalt-terapia busca dar um sentido mais 
coerente aos diagnósticos psicopatológicos, relacionando-os com as vivências que 
promovem sofrimento mais intenso na relação com o meio, aqui denominados de 
“sofrimentos emocionais agravados”. Estes, são situações do campo e não algo que 
pertence apenas a uma pessoa, ou um grupo de pessoas, ou a uma categoria. 
Quando eles se manifestam, a pessoa (figura), expõe as ocorrências vividas em sua 
interação com o meio (fundo). Assim, observando o fluxo figura-fundo, colocamos a 
perspectiva de uma pré-diferença. 
 
● Violência no campo como geradora das interrupções de contato 
Na infância os adultos fazem por nós o que mais tarde teremos de fazer, pois 
dependemos destes para satisfazer todas as nossas necessidades, e essas são 
funções as quais afetam o campo. 
Quando a criança tem uma necessidade, ela a comunica ao meio da maneira 
que é capaz, se o cuidador não a escuta ela terá de buscar outras formas de 
comunicar ao meio sua necessidade para que seja atendida, assim, exite uma figura 
em processo de expansão e uma situação que o meio coloca como impedimento ao 
seu fechamento, causando uma interrupção de contato, denominada situação de 
emergência. 
As situações de emergência podem ser entendidas como a transformação do 
fluxo espontâneo em um fluxo adaptado às situações de impedimento que o meio 
impõe à criança, dessa forma, 
quando há uma situação de 
emergência, o organismo recorre 
a um repertório de proteção, 
denominado função de 
segurança. Assim, o organismo 
aliena sua parte na fronteira de 
contato para lidar com a 
emergência imposta pelo meio, 
fazendo com que o indivíduo 
entre em conflito consigo 
direcionando a energia para a 
contenção do que é necessário 
ao organismo e não para a sua 
satisfação. Com o excitamento contido, não conseguimos dispor dele para lidar com 
novas situações, podendo a formação figura-fundo ficar danificada nas situações de 
campo posteriores. 
A retirada, pelo meio, das possibilidades de fechamento de necessidades reais 
de uma pessoa constitui uma modalidade de violência, seja ela exercida de forma 
consciente ou não. A violência, em geral, 
existe em duas formas: a declarada, ou 
explícita, ligada principalmente às ações 
infligidas ao corpo físico; e a velada, ligada 
às ações que se referem aos afetos. Tanto 
uma quanto a outra agem na 
desconstrução do humano e assumem os 
mais variados formatos, (des) organizando 
o fundo que sustenta nossas ações no 
mundo; essas são vivências que também 
trazemos em nossa história - a qual vai qualificar nossa existência. 
Quando os cuidadores não respeitam a singularidade e a forma de ser da 
criança, exigindo que seja diferente, um ato de violência acontece, pois lhe retiram a 
possibilidade de se reconhecer como é. Se ela não é confirmada nos seus 
sentimentos, como confiará em si mesma e no mundo que a rodeia? 
Ainda há a violência oriunda de abusos físicos e sexuais, na qual o violentador 
utiliza sua força e seu poder para subjugar a criança à sua própria desorganização, 
deixando marcas tão profundas que lhe é negada a possibilidade de se sentir capaz 
de ser digna de amor. As feridas desses atos violentos são experimentadas como 
uma enfermidade da alma, tornando a criança desnuda, vencida, carente de 
dignidade e de valor. 
● Sofrimentos emocionais agravados em Gestalt-Terapia. 
A Neurose pode ser entendida como a interrupção da função ego do self e a 
psicose como a interrupção da função id do self. Sua forma intermediária 
denomina-se transtornos pela psiquiatria, ou sofrimentos emocionais agravados. 
Estes compõem um caminho intermediário entre a neurose e a psicose. 
Um organismo preserva-se somente pelo crescimento. A autopreservação e o 
crescimento são pólos, porque é somente o que se preserva que pode crescer pela 
assimilação e é somente o que continuamente assimila a novidade que pode se 
preservar e não degenerar. 
A preservação e o crescimento são pólos indissociáveis à manutenção do que é 
denominado sistema self de contato no campo, portanto, na neurose, existe a 
impossibilidade de ocorrer a formação de uma figura gerada da experiência no aqui 
e agora. Além disso, no fluxo figura-fundo, a figura é uma adaptação pela vivência da 
ansiedade em vez do acolhimento do excitamento, portanto, não existe ajustamento 
criativo e sim uma adaptação ao processo de campo, já que o organismo não pode 
satisfazer suas necessidades genuínas no meio. 
Esse processo acarreta um ciclo repetitivo e, dessa forma, as vivências serão de 
ansiedade, medo e frustração, gerando uma insatisfação continuada na forma de 
estar no mundo, até que o novo possa ser vivido e novamente assimilado, 
atualizando e reorganizando o fundo de vivências anteriores. 
 
O fluxo é adaptado a uma figura advinda do meio, e não a uma figura aderente à 
necessidade originária que estava em curso. 
Já na psicose, trata-se da aniquilação da concretude da experiência. A 
concretude da experiência se refere ao fluxo dos processos de formação e 
fechamento de ​Gestalten e que a função id é a que disponibiliza a espontaneidade 
no fundo a partir das experiências decorrentes da assimilação do contato. 
Se, na interrupção da função id, a organização da situação ficou impossibilitada, 
o fluxo figura-fundo torna-se “inconsciente”, parece não haver sustentação na 
emergência das figuras que sejam inteligíveis, pelo menos para o meio. Assim, as 
vivências relacionais na psicose se tornam incompreensíveis, já que suas formas 
peculiares não atendem a um processo de compartilhamento no meio. 
Assim, com a interrupção dos fechamentos sem a assimilação de figuras 
vividas, o fundo parece conter uma construção que difere dos significados 
compartilhadoscom o meio, além disso, as figuras que aparecem não fazem sentido 
na situação em curso. 
Com relação aos sofrimentos emocionais agravados, consideramos que eles 
são uma forma de interrupção de contato estabelecida a partir de um modo fixo no 
repertório do fluxo figura-fundo que se repete. Quando o excitamento no campo é 
mobilizado, parece acionar um “mesmo” fundo, que faz emergir a “mesma” figura, 
acarretando as “mesmas” defesas avolumadas na relação com o meio. Com isso há 
um grande impedimento de que novas ​Gestalten ​sejam criadas para atualizar as 
existentes, exacerbando ainda mais a “mesma” forma. 
Isso pode vir a ocorrer devido vivências de impossibilidade relacionais que 
ocorrem no campo em processos continuados de impedimento que forjaram um 
escudo que precisou ser fixado para a sobrevivência; assim, a fixidez acaba se 
tornando a única forma de se relacionar com o meio. 
Diferentemente da cristalização na neurose, compreendemos que a repetição 
nos sofrimentos emocionais agravados ocorre de forma exacerbada. E mais: existe 
um “ponto relacional” desencadeador de um fundo específico que, quando tocado, 
faz emergir uma figura fixa, promovendo uma excessiva refutação à situação do aqui 
e agora. Esse “ponto relacional” refere-se à singularidade da historicidade de cada 
pessoa, porém percebemos que a forma de se defender dele é precisamente o que 
torna tais sofrimentos semelhantes. 
Na prática clínica, quando existe procura precoce de tratamento há uma maior 
flexibilização na fixidez, caso o meio onde a pessoa está inserida também flexibilize 
novas formas de percepção e relacionamento interpessoal, pode haver a retomada 
do fluxo figura-fundo. 
Constata-se que as histórias de vida das pessoas com sofrimentos emocionais 
agravados foram marcadas por opressão e violência emocional, física e/ou sexual 
em etapas muito precoces. A utilização constante de defesas torna-se imprescindível 
à sua integridade. 
Portanto, o significado que é possível 
dar às situações vividas é de que 
sempre há um perigo a ser combatido. 
As vivências de campo passam a ser 
“filtradas” pelas repetições necessárias 
à sobrevivência e as defesas 
avolumam-se e acabam por reverberar 
em todas as dimensões significativas da 
experiência. 
Essa dor fixada é a que será mobilizada em detrimento das outras sensações 
existentes. Em consequência, a figura se destaca desse fundo será a saída da dor. 
Aí está estabelecida a fixidez no fluxo interrompido figura-fundo, ou seja, fundo fixo- 
dor; figura fixa - saída da dor. 
Ou atacamos o meio, ou a si mesmo, ou fugimos do meio, ou de si mesmo. E 
como a necessidade de relacionar-se com o mundo continua em curso, quer se 
queira ou não, existirá um grande descompasso entre estar inserido no meio e a 
necessidade de se defender dele. 
 
● Vivências de uma pessoa com sofrimentos emocionais agravados com 
diagnóstico borderline 
Borderline → pacientes que não se enquadram nem nas neuroses nem nas 
psicoses. As pessoas que padecem desse tipo de sofrimento parecem carecer se 
“pele emocional”, ou seja, a qualquer toque, a dor emocional e a reação imediata são 
extremas. 
Dessa forma, pela enorme sensibilidade e impossibilidade de cuidar de si, existe 
a busca de um “cuidador” constante. Seu comportamento é passivo diante do que 
precisa realizar, porém extremamente ativo para que o outro faça em seu lugar, e 
que este outro seja perfeito, o que acarreta uma decepção continuada, acionando 
suas defesas agressivas. Essa é a posição de uma criança perante o mundo; na 
realidade, esses pacientes são crianças no corpo de adultos. Pela instabilidade 
emocional que parece tocar todas as esferas de sua vida, a convivência com eles é 
delicada: o tempo todo parecemos “pisar em ovos”. 
A instabilidade, a impulsividade a grande inconstância emocional que chegam 
ao campo provocam inúmeras dificuldades e tensões. O estabelecimento de limites 
de forma firme e afetiva torna-se imprescindível, pois os limites são testados o tempo 
todo; só assim é possível a percepção de que a diferenciação não torna inviável uma 
relação. 
Nesses momentos, a relação terapêutica é fundamental para promover apoio e 
estabilidade; sobretudo em situações de crise extrema, é necessário centrar-se na 
concretude as ocorrências que são trazidas à terapia, discriminando as ações 
efetuadas, os sentimentos que não podem ser tolerados e suas consequencias reais 
e imaginadas. É necessário disponibilizar suporte para atravessar as crises sem que 
haja danos irreparáveis, pois talvez algum ato cometido, mesmo sem a séria 
intenção de cometer suicídio, acabe atingindo esse propósito. 
Também é importante ressaltar que nos sofrimentos emocionais agravados o 
trabalho com a rede de apoio básica torna-se fundamental, pois é necessário que 
haja suporte fora da relação terapêutica. 
 
 
 
● Alguns aspectos importantes para o psicoterapeuta 
 
1. É fundamental estar aware de si, pois o cliente é um “radar” de emoções; 
2. ter disponibilidade para confrontar seus “piores” sentimentos, que sem dúvida 
estarão presentes nos atendimentos; 
3. ter limites claros e presentes; 
4. disponibilizar-se para uma relação que permita que o cliente se reconheça e 
seja apreciado como uma pessoa digna de afeto, mesmo com todas as 
dificuldades que traz para a relação; 
5. dar permissão ao cliente para separar-se e diferenciar-se com a finalidade de 
reativar seu processo de crescimento; 
6. auxiliá-lo a criar novos comportamentos nos momentos mais significativos de 
dor e desespero; 
7. ter firmeza para trabalhar com e na rede de apoio básica do cliente, apesar 
das dificuldades que se apresentam; 
8. é necessário dispor de afeto, firmeza e uma alta dose de paciência. 
Darmo-nos conta de que fomos/somos violentados pode evitar que entremos no 
lugar de violentadores ao projetar no outro um lugar a que ele precisa chegar, de 
querer tirá-lo de suas dores tentando modificá-las ou retirá-las.

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