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DOSSIE SUPERINTERESSANTE EXERCITOS DO MUNDO

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COMO A RÚSSIA 
VIROU O JOGO 
E RECOMEÇOU 
A GUERRA FRIA.
P. 18
OS PONTOS 
FORTES (E FRACOS) 
DO EXÉRCITO 
BRASILEIRO.
P. 58 
E SE OS EUA 
ENTRAREM 
EM GUERRA 
CONTRA O IRÃ?
P. 36
A ARRANCADA 
DA CHINA RUMO 
À SUPREMACIA 
MILITAR.
P. 26
AS ARMAS, 
O S EQ U I PAM E NTO S 
E AS E STR ATÉG IAS 
DAS 2 2 FO RÇAS 
ARMADAS MAI S 
LETAI S DA TE RR A . 
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19
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EXÉrcitos 
do mundo
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E x é r c it o s d o m u n d o
0
0
A
Até a pessoa mais pacifista há de 
admitr que armas e os que as empu-
nham exercem certo fascínio à espécie 
humana. E provavelmente sempre foi 
assim, desde que um de nossos an-
cestais primeiro afiou a ponta de um 
galho para caçar gazelas. Das arma-
duras e espadas de tempos idos aos 
caças e fuzis de assalto modernos, 
existe uma certa estétca peculiar li-
gada aos instumentos de destuição 
– algo difícil de definir, certamente 
implacável e desumano, mas também 
de uma qualidade única. Tudo parece 
limpo, avançado, majestoso, intenso, 
cercado de uma aura de poder. Até, 
é claro, ser posto em ação, quando as 
consequências são bem menos esté-
tcas e entamos no campo da mais 
abjeta miséria humana.
Para além dessa apreciação tensa, 
conhecer os Exércitos do mundo é 
tentar entender seu futro. Procurar 
respostas para indagações muito pert-
nentes. Quão poderosos são realmente 
os Estados Unidos? O que a Rússia e 
a China têm preparado para responder 
a isso? E o Irã, teria qualquer chance 
em uma guerra com os americanos? O 
que se dizer sobre conflitos mais locais, 
mas com capacidade destutva que 
poucos imaginam, como Índia versus 
Paquistão? Brasil e Venezuela? Como 
exatamente esses países se engajariam 
ente si, com que equipamentos, se-
gundo qual doutina militar? Como as 
armas atômicas impedem a guerra? E 
como seria se fossem usadas? 
Como seria a Terceira Guerra Mun-
dial? Quem estaria ao lado de quem? 
Como, afinal, a humanidade atngiria 
sua extnção pelo método barulhento?
São perguntas, ente muitas outas, 
que espero terem sido respondidas a 
contento nesta revista. E, ao virar a 
últma página, que o leitor termine não 
só satsfazendo sua curiosidade sobre 
armas, exércitos e combate contempo-
râneo, mas tenha uma ideia mais clara 
sobre como o mundo em que vivemos 
realmente funciona. E que jogos de 
poder, afinal, se escondem sob a face 
educada da diplomacia. 
Boa sorte a todos nós. E boa leitra!
Fábio Marton
Editor
sinfonia da 
destruição
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0
6
O Raio-X da 
Geopolítica
8
estados 
unidos
18
rússia
26
china
34
coreia 
do norte
36
irã
40
Índia
43
paquistão
44
israel
48
outras 
potências
54
venezuela
58
brasil
índice
Fotos: Getty Images
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E x é r c it o s d o m u n d o
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0
6 — exércitos do mundo
OTAN
—
A Organização do Tratado do Atlântico Norte 
é uma forte aliança militar defensiva de 
1949, criada em oposição ao bloco soviético, 
que foi admitindo novos membros. Com a 
queda da União Soviética, quase todos os 
países ex-comunistas da Europa Central 
e do Báltico aderiram. Hoje a Geórgia e 
Ucrânia, entre outros, buscam se juntar.
O que se vê ao lado podia ser um mapa da 
Terceira Guerra. Ou a ilusão de entender um 
mundo em fluxo, com alianças pendendo ao 
sabor do vento, enquanto os tês maiores players 
globais tentam estabelecer seus interesses e as 
relações ente eles próprios se alteram. Com 
quem a China se aliaria? E a Turquia? A res-
posta meses atás parece diferente da de hoje. 
O Ocidente definitvamente está brigado com 
a Rússia, mas, fora isso, tdo está ainda em 
jogo. Algumas potências regionais – partcu-
larmente a Índia, que tem o segundo maior 
exército do mundo – fazem da ambiguidade 
uma tadição. Outos lugares estão em plena 
disputa – a África é um caso tão complicado, 
com Rússia e China fazendo fortes investdas 
em aliados ou ex-aliados dos EUA – que não 
tvemos remédio senão marcar a maioria da 
região como “disputada”. Algumas das alianças 
são mais sólidas que outas. O México pro-
vavelmente não ficaria ao lado da Rússia ou 
China na Terceira Guerra, mas não é um aliado 
certeiro dos EUA como Colômbia e Brasil. 
O Raio X da 
Geopolítica
entenda quem está com quem no 
mundo contemporâneo.
Por Fábio Marton
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0
— 7 
Ocidente
—
Países que se 
alinham com os 
EUA e com a Otan 
ou parte da órbita 
tradicional dos 
EUA que não se 
aproximou das 
outras potências.
rússia
—
A maioria 
desses países 
pertence à antiga 
órbita soviética, 
com Vladimir 
Putin tomando 
iniciativas para 
expandir o grupo.
china
—
A China disputa 
principalmente 
o sudeste da 
Ásia, mas tenta 
estender seu 
poder pela África 
e tem o Paquistão 
como aliado.
independentes
—
Potências que 
tentam jogar seu 
próprio jogo, 
aliadas ou não 
aos outros. No 
caso da Índia, 
inclui também sua 
órbita regional. 
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8 — exércitos do mundo
o leviatã
tudo é superlativo na indiscutível 
mais bem armada e avançada 
força do mundo.
Por Fábio Marton
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— 9 
1.281.900
efetivos
13.398
aeronaves
6.827
tanques
415
navios
10
porta-
aviões
2.362
Caças
68
submarinos
2.831
bombardeiros
/ataque a solo
6.185
armas nucleares 
ativas
estados unidos 
PoPulação: 327 milhões
oRçaMENTo MIlITaR: US$ 716 bilhões
PRINcIPaIs alIados Otan, Israel, 
Austrália, Japão, Coreia do Sul, 
Paquistão, Arábia Saudita, Brasil 
PRINcIPaIs advERsáRIos 
Radicais islâmicos, Irã, Coreia 
do Norte, Síria, Rússia, China
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10 — exércitos do mundo
n
nove minutos. Foi o tempo que 
Osama bin Laden teve para pensar na 
vida, ente os helicópteros Blackhawk 
pousarem ao lado de sua fortaleza par-
tcular em Abbottad, Paquistão, e ser 
executado sem cerimônia. Menos de 10 
horas depois, seu corpo encontaria o 
fundo do Oceano Índico, amarrado a 
140 kg de correntes. 
A mais espetacular ação de forças 
especiais neste século foi conduzida 
pelos Seals da Marinha, com helicóp-
teros emprestados do Exército, a partr 
de uma base da Força Aérea, com su-
porte de uma unidade de inteligência 
dos fuzileiros navais. É um exemplo da 
capacidade de entosamento da mais 
potente força militar do planeta, apoiada 
pela maior economia. 
Dinheiro fala e metalhadoras gri-
tam. Os US$ 716 bilhões investdos pe-
los americanos em 2018 representam 
mais de 30% de todo o gasto militar 
na Terra, são mais que o dobro que os 
US$ 224 bi da China, e mais que 15 
vezes os US$ 44 bi da Rússia. E essa 
dinheirama é ainda assim apenas um 
dos elementos de seu real poder. Os 
Estados Unidos também são o número 
1 em ciência e tecnologia, e, estando na 
América, possuem isolamento geográ-
fico dos centos de conflito. Também 
têm a maior população de qualquer 
país ocidental. Por fim, ainda que sua 
reputação esteja caindo – segundo o 
Pew Research Center, 25% do mundo 
considerava os EUA uma “grande ame-
aça” a seu país em 2013, versus 45% 
em 2018 –, 51% das pessoas do planeta 
têm uma visão positva dos EUA. O soft 
power é inescapável. A familiaridade 
criada pela gigantesca indústia cultral 
americana ajuda a obter a colaboração 
de muitos países. 
Enfim, tdo conspira em favor dos 
EUA. Mas o fato é que nem sempre o 
cavalo favorito leva. 
Team America 
Não é exagero dizer que os Estados 
Unidos se acham a polícia do mundo. 
Desde 2000, a doutina estatégica do 
país fala em full spectumdominance – 
“dominância em especto pleno”. Que 
basicamente quer dizer ser enorme-
mente superior em tdo: em forças de 
terra, ar, mar, em domínio psicológico, 
em guerra biológica e cibernétca, e até 
no espaço sideral, com Trump tendo 
proposto a “Força Espacial” – um nome 
que parece saído de desenhos animados 
dos anos 1980, mas que pode acabar se 
tornando realidade. 
Soa como um plano de dominação 
mundial? O falecido dramatrgo bri-
tânico Harold Pinter foi um dos que 
entenderam exatamente isso. Em seu 
discurso de aceitação do Nobel de li-
teratra, em 2005, ele mencionou ex-
plicitamente a dominância em especto 
pleno, dizendo que “os Estados Unidos 
agora são totalmente francos em colocar 
suas cartas sobre a mesa”.
Outo conceito fundamental da dou-
tina militar americana, mantdo desde 
os anos 1980, é o win-hold-win (“vença-
-aguente-vença”, a capacidade de lutar 
duas guerras simultâneas, vencer uma 
primeiro, e depois dedicar-se à segunda.
Essa postra imperial é um pouco 
irônica de um país que, em sua funda-
ção, sequer acreditava na necessidade 
de uma força militar. A famosa – ou 
famigerada, dependendo de que lado 
você está no debate sobre as armas – Se-
gunda Emenda da Consttição afirma: 
“uma milícia bem regulada sendo ne-
cessária para a segurança de um Estado 
Lockheed 
Martin F-35 a
Caça multifunção
veLocidade Máx. (Mach 1,6)
1.976 k
coMpriMento: 15,39 m
envergadura: 11 m
aLtura: 4,331 m
peSo vazio: 13.151 kg 
peSo MáxiMo: 31.751 kg
arMaMento: 
canhão giratório GAU-
22A 25 mm, mísseis, 
bombas convencionais 
ou atômica B61
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E x é r c it o s d o m u n d o E s t a d o s u n i d o s
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0
— 11 
“O F-35 deve ser, e quase certa-
mente será, o último caça de ataque 
tripulado que o Departamento da 
Marinha irá comprar ou pilotar”, 
afirmou o secretário da Marinha 
Ray Mabus em 2015, referindo-se 
aos drones substituindo os caças 
pilotados por humanos num futuro 
visível. Isso não é consenso (veja 
mais na página seguinte). Se for o 
último, deve ir longe. Como prova 
o B-52, no ar há 64 anos, aviões 
são como carros cubanos: com a 
manutenção correta, continuam 
fazendo seu trabalho décadas após 
construídos. E o F-35, programado 
para durar até 2070, explica por 
que costuma ser assim: foi o projeto 
de aviação mais caro da história, 
superando US$ 400 bilhões – e com 
um custo estimado de operação, no 
futuro, de US$ 1,5 trilhão – 75% do 
PIB anual do Brasil, 7% dos States. É 
tanta grana que o projeto, custando 
mais que o dobro do previsto, por 
várias vezes quase foi tesourado 
pelo Congresso, e só terminou por-
que já tinham investido demais para 
desistir. O projeto se propôs a subs-
tituir todos os caças dos EUA, e foi 
praguejado por problemas, incluin-
do um motor explodindo já na fase 
de treinamento, em 2014, e tendo 
que ser modificado pelo fabricante. 
No ano seguinte, finalmente era 
introduzido o caça furtivo (stealth), 
difícil de ser detectado por radar, 
capaz de decolar e pousar na verti-
cal. As informações são passadas 
no capacete do piloto, com o visor 
atuando como tela – cada capacete 
custa US$ 400 mil. O F-35 foi usado 
pela primeira vez por Israel, em 22 
de maio de 2018, depois em dois 
ataques contra o Talibã e o Estado 
Islâmico. Por ora, está indo bem.
o último caça
PROjETO AMBICIOSO PODE SER O FIM DE UMA ERA.
—
km/h
o soldado 
americano
iMproved 
outer tacticaL 
veSt
—
Pesando até 
16 kg, é uma 
armadura dos 
dias modernos. 
Placas de 
cerâmica param 
a maioria das 
balas e, quando 
não param, 
geralmente 
reduzem a 
velocidade 
a ponto de o 
estrago ser 
sobrevivível.
advanced 
coMbat 
heLMet 
—
Introduzido 
em 2002, 
é capaz de 
aguentar balas 
padrão russo 
7,62x39mm, 
como a das 
variantes de 
AK-47 – e 
até manter o 
operador cons-
ciente, mesmo 
com o impacto 
percussivo. 
L-3 gpnvg-18 
anviS
—
 Os “quatro 
olhos” do 
equipamento 
para visão 
noturna usado 
na missão de 
extermínio 
de Osama Bin 
Laden servem 
para dar um 
ângulo de visão 
muito maior 
que o normal: 
120 graus no 
lugar de 40.
carabina M4
—
Arma curta, ideal 
para o combate 
em ambientes 
fechados que 
frequentemente 
os americanos 
enfrentam. 
Substitiu o M-16 
da era do Vietnã, 
usando o mesmo 
tipo de munição.
Fotos: Divulgação
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12 — exércitos do mundo
Desde a Guerra do Iraque, o icô-
nico perfil do Reaper (geralmente 
confundido com seu antecessor 
visualmente idêntico, mas muito 
menos potente, o Predator) 
tornou-se sinônimo de “drone 
militar” na imaginação popular. 
E, desde 2011, a Força Aérea dos 
EUA tem treinado mais “pilotos” 
de Reapers que de qualquer 
outro tipo de aeronave. O drone 
operou milhares de operações, 
inclusive de puro e cru assas-
sinato pela CIA, disparando 
seus mísseis contra casas de 
supostos terroristas. E o drone, 
que em breve deve entrar em 
sua terceira versão, demonstra 
a razão por que, ainda assim, os 
EUA desenvolveram o F-35, o 
avião mais caro da história: ele 
absolutamente não pode ser 
operado como um caça. É um 
veículo a hélice, com um terço da 
velocidade de um F-35. Mesmo 
se drones fossem supersônicos 
– e já existem pesquisas nesse 
sentido –, as câmeras oferecem 
visão limitada a seus operadores 
e, muito pior, com atraso. O famo-
so lag conhecido pelos gamers. 
Operadores de drones baseados 
nos EUA recebem informações 
com segundos de atraso e a má-
quina leva os mesmos segundos 
para responder. Um drone, assim, 
é perfeito para ataques sem risco 
em situações desiguais, mas 
não em combate direto, frente a 
frente com o inimigo. Por isso, a 
aposta para o futuro da aero-
náutica está mais para drones 
controlados de aviões que uma 
força totalmente remota. 
morte robótica
Os DROnEs IRÃO APOsEntAR Os CAçAs?
—
General 
atomics 
mQ-9 reaper
Veículo aéreo não 
tripulado de combate
enverGadura
20 m
comprimento: 13 m
altura: 3,81 m
peso mÁXimo 8.255 kg
operadores: 2
armamento: 
mísseis ar-terra AGM-14 
velocidade 
mÁXima: 740 km/h
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E x é r c it o s d o m u n d o E s t a d o s u n i d o s
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— 13 
livre, o direito das pessoas de manter e 
portar armas não será infringido”. As 
milícias seriam forças civis estaduais, 
fazendo o papel de um exército – o 
Exército Contnental, principal força na 
Revolução Americana, fora dispensado 
quase inteiramente em 1783. Quando a 
Segunda Emenda foi ratficada, em 15 
de dezembro de 1791, já era obsoleta. 
A tentatva de usar milícias estaduais 
havia se provado um fracasso menos 
de um mês antes, quando o General St. 
Clair sofrera uma catastófica derrota 
conta os indígenas na Batalha de Wa-
bash, em 4 de novembro. Isso mudou a 
opinião e, em junho de 1792, o Exército 
seria recriado, como Legião dos Estados 
Unidos, ganhando o nome oficial de 
Exército em 1794.
De sua fundação até hoje, os EUA 
estariam envolvidos em guerras por 226 
de seus 243 anos. O últmo ano de paz 
foi 2000. Os EUA têm cerca de 800 
bases em 80 países, sem contar forças 
pequenas em embaixadas.
guerra à americana
Parece coisa de videogame. Durante a 
Segunda Batalha de Fallujah, em 10 de 
novembro de 2004, o sargento David 
G. Bellavia percebeu que seu grupo de 
combate estava preso numa casa sob fo-
go inimigo. Largou então seu fuzil M-16, 
tomou em mãos uma metalhadora leve 
M249 e deu cobertra para que seu gru-
po escapasse. Ao sair do bloco, percebeu 
que o veículo de combate de infantaria 
M2 Bradley que servia a seu grupo não 
seria capaz de vencer os insurgentes. 
Então pegou de novo seu M-16, entou 
na casa sozinho, e foi matando um por 
um, até chegar ao telhado. Pela ação dig-
na de Rambo, ele se tornou, em junho 
de 2019, a única pessoa a sobreviver à 
Guerra do Iraque condecorada com a 
Medalha de Honra, a mais importantecomenda militar dos EUA. 
Ainda que os filmes gostem de res-
saltar histórias como essa, o Exército 
dos Estados Unidos da América não é 
formado por heróicos individualistas. 
É uma força massiva – a terceira maior 
do mundo em número de soldados, que 
são ajudados por uma grande vanta-
gem tecnológica. É composta por dez 
divisões, além de diversos ramos me-
nores independentes. O maior cento 
de comando é o FORSCOM - United 
States Army Forces Command, em 
Fort Bragg, Virginia. 
As divisões são organizadas em 
brigade combat teams (BCT, “grupos de 
combate de brigada”), com cerca de 4 
mil soldados de infantaria mais uni-
dades de suporte e tanques. Os BCTs 
vêm em tês tpos: infantaria, styker e 
blindado. Todos contam com artlharia 
e suporte, como engenheiros e médicos.
Um BCT de infantaria é o tpo mais 
rápido e básico, que se move em veícu-
los com pouca proteção – os Humve-
es. Também conta com uma força de 
helicópteros e é capaz de invasão por 
paraquedas. 
BCTs de blindados são, obviamente, 
forças focadas em veículos. O grosso 
aqui são os tanques M1A1 Abrams e 
o poderoso veículo de combate de in-
fantaria M2 Bradley.
E stykers são os BCTs formados em 
torno das diversas variações do tans-
porte médio Styker. A diferença prin-
cipal de um Styker para um Bradley é 
que usa rodas, não lagartas, então é bem 
mais ágil. Essa é uma topa “média”, 
ente o BCT de infantaria e o blindado. 
Em 2018, em meio a um downsizing 
por conta da redução de orçamento e 
conflito, vários BCTs começaram a ser 
tansformados em maneuver battalion 
task forces (“força-tarefa de manobras 
em batalhão”), que têm cerca de ¼ do 
tamanho de um BCT. A mudança não 
deve atingir a todos os batalhões e o 
resultado fica a se ver. 
Explicado o Exército, não é possí-
vel falar dos EUA em combate sem 
mencionar sua especialidade desde 
a Segunda Guerra: o ataque pelo ar. 
Vamos a mais uma história. 
Era o começo da noite de 13 de abril 
de 2017 quando os terroristas do Estado 
Islâmico se dedicavam ao que quer que 
seja que terroristas fazem depois do jan-
tar. Instalados no complexo de túneis 
que cavaram na província de Nangarhar, 
Afeganistão, haviam sofrido dezenas 
de ataques de drones de bombardeiros 
americanos, nos dias anteriores, sem 
qualquer resultado.
Então morreram. Uma onda de pres-
são capaz de arrancar a pele e liquefazer 
os órgãos atngiu-os no fundo de suas 
cavernas – isso quem morreu rápido, 
não soterrado ou queimado. No dia da 
explosão, foram reportados 36 mortos. 
Conforme forças americanas e afegãs 
inspecionavam os túneis, corpo após 
corpo trado, o número chegou a 96, 
incluindo quato comandantes. Civis 
afegãos, que viram a explosão e sent-
ram o temor e casas rachadas a qui-
lômetos dali, destuindo as janelas de 
suas casas, falaram em “ver o céu cair”. 
Foi o primeiro uso da maior bomba 
convencional da história – a MOAB, 
Massive Ordnance Air Blast (“Explosão 
aérea massiva de material”, carinhosa-
mente apelidada de Mother Of All Bombs, 
“a mãe de todas as bombas”).
Como manobra diplomátca, não pa-
rece ter ido muito bem. O ex-presiden-
te afegão, Hamid Karzai, afirmou que 
“isso não é a Guerra ao Terror, mas o 
inumano e extemamente brutal abuso 
de nosso país como campo de testes de 
novas e perigosas armas”. E o Taleban, 
vejam só, acusou os EUA de terrorismo. 
Por certa definição, é mesmo. A 
proposta da MOAB é também causar 
de sua
fundação 
até hoje, 
os eua 
estiveram
envolvidos 
em guerras 
por 226 
de seus 243 
anos.
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14 — exércitos do mundo
pânico. A Força Aérea pode ter pouco 
contato com o inimigo – só se algo 
dá errado e um piloto termina capt-
rado –, mas é a menos sutl de todas 
as armas. Sua função é ser o choque 
na doutina do choque e pavor. Algo 
que tem precedente nas legiões ro-
manas e teve seu maior exemplo em 
Hiroshima e Nagasaki, mas só entou 
oficialmente nos manuais america-
nos em 1996: quebrar o moral inimi-
go antes que possa expressar reação.
A Força Aérea dos EUA, com 321 
mil efetvos, é de longe a maior e 
mais avançada do mundo. Seus tês 
bombardeiros principais – o super-
sônico B1, a “invisível” asa voadora 
B2 e o jurássico B-52 – são capazes 
de partr de casa, atacar em qualquer 
ponto do mundo e voltar numa só 
pernada. Isso é possível pelas bases 
espalhadas pela Europa (Reino Unido 
e Alemanha) e Ásia (Japão e Coreia 
do Sul), das quais partem cargueiros 
para suprir combustível no ar. 
cães do Diabo 
Vamos à Marinha. Está ficando en-
tediante dizer que é “a maior e mais 
avançada do mundo”. Mas, no caso 
da Marinha americana, dá para adi-
cionar: quão maior? Maior que as 13 
posições seguintes somadas – das 
quais 11, aliás, são de aliados. 
Essa força não enconta oposição 
nos conflitos atais. Então a Marinha 
funciona como uma segunda Força 
Aérea, disparando mísseis e mandan-
do aeronaves conta posições inimi-
gas. Literalmente, aliás: a Marinha dos 
EUA é a segunda maior força aérea 
do mundo, com 3.700 aviões, em 11 
porta-aviões (o maior deles, o Gerald 
Ford – veja na pág. 16 –, está em testes 
e não é considerado totalmente na at-
va). Cruzadores, que atam principal-
mente por mísseis. Submarinos são de 
dois tpos: ataque, conta submarinos 
e navios inimigos, e mísseis, conven-
cionais e nucleares, conta alvos em 
solo. Por fim, destóieres e fragatas 
servem para defender o real poder de 
fogo nos outos navios.
Lasers
 —
Sim, eles têm lasers. 
Já funcionam: o AN/
SEQ-3, instalado 
primeiro no navio de 
transporte USS Ponce 
e depois movido para 
o USS Portland, com 
mais encomendados 
para 2022, é um 
sistema capaz de 
derrubar drones, 
mísseis de cruzeiro 
e paralisar pequenos 
barcos destruindo 
seus motores. 
Projetos de lasers 
letais, capazes de 
exterminar veículos 
e soldados inimigos, 
estacionaram na 
fase de testes. Isso 
porque, não deixe a 
ficção científica te 
enganar, o laser é, 
em geral, uma arma 
problemática. Uma 
mera cortina de 
fumaça, absorvendo 
parte da luz, o torna 
ineficiente. Mas essa 
não é uma opção 
em pleno ar. Como 
funciona à velocidade 
da luz, é ideal 
para tirar mísseis 
supersônicos do ar.
exoesqueLetos
 —
A força física não é inútil num 
soldado moderno. Uma limitação 
para o que ele pode fazer é 
o quanto de peso – munição, 
equipamentos e mantimentos – 
pode carregar. Os armamentos 
são limitados ao que um humano 
pode aguentar. E trabalhos como 
armar aviões com bombas e 
mísseis também exigem muque. 
Um exoesqueleto é um robô de 
vestir, replicando os membros 
humanos com força robótica. As 
Forças Armadas dos EUA e a Nasa 
vêm testando vários modelos, 
para usar na base em combate.
armas 
magnéticas
 —
Uma coisa que um navio movido a 
gerador nuclear produz de sobra: 
energia elétrica. Uma que não tem: 
espaço, ocupado por munições, 
milhares de toneladas de explosivos 
que tornam navios de guerra passíveis 
de serem destruídos com um só 
ataque. Do lado ofensivo, mísseis, a 
principal arma antinavio atual, estão 
se tornando obsoletos por medidas 
antimíssil, como metralhadoras 
computadorizadas e lasers. Solução: 
voltar aos tempos do canhão, com 
um projétil sem explosivo. Acelerado 
a até dez vezes a velocidade do som, 
o que o torna mais poderoso que 
explosivos químicos típicos. Canhões 
magnéticos já foram aprovados em 
laboratório. Espera-se que devam 
equipar navios na próxima década.
O QUE 
VEM NO 
FUTURO?
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— 15 
vencedor
não invencível.
—
Blindagem composta com 
trama de urânio esgotado – 
material que emite pouca ou 
nenhuma radiação, e tem a 
vantagem de ser ainda mais 
denso que o chumbo. canhão 
de 120 mm, capaz de atingir 
alvos a 4 km – tão potente que 
dispensa explosivos, destrói 
tanques inimigos com a pura 
força cinética. Três metralha-
doras, uma.50 e duas M240, 
com mais de 10 mil cartuchos 
na reserva. Um motor a turbi-
na para alcançar respeitáveis 
(para um tanque de 72 tone-
ladas) 67 km/h na estrada. 
você se sentiria invencível. e 
estaria errado. Tanques nunca 
foram ideais para o combate 
urbano. Ataques podem vir de 
qualquer direção, inclusive 
de cima e por trás – o que é 
péssimo: como são feitos para 
enfrentar outros tanques, 
a proteção se concentra na 
frente. 530 Abrams foram in-
capacitados ou destruídos na 
Guerra do iraque. o exército 
dos eUA teve que adaptar seus 
Abrams com um Kit de Sobre-
vivência Urbana. isso inclui 
blindagem reativa – uma placa 
que explode na direção con-
trária, neutralizando o impac-
to de projéteis inimigos. Mais 
proteção na traseira, trocar 
a metralhadora principal por 
uma controlada de dentro, e 
incluir uma proteção transpa-
rente (para mirar através dela) 
nas outras. Metralhadoras são 
as principais armas contra 
gente a pé. 
M1A2 AbrAMs
Tanque principal 
de batalha
peso
71,2 t
CoMpriMento: 9,77 m
AlturA: 2,44 m
lArgurA: 3,66 m
tripulAção: 4
ArMAMento: canhão 
120 mm cinético sabot, 
1 metralhadora .50 
remoto controlada, 
2 metralhadoras 
7,62 mm M240
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16 — exércitos do mundo
do tamanho
do bolso
do Tio Sam.
—
Por que os Estados Unidos decidi-
ram lançar o maior navio de guerra 
já visto pela humanidade em 2017? 
Resposta chata: custos. (E irônica, 
porque, a US$ 13 bilhões, também é 
o mais caro já feito.) os porta-aviões 
da classe Gerald R. Ford foram pro-
jetados para durar incríveis 90 anos, 
e só virar sucata em 2105, usando 
de 25% menos tripulação e sendo 
capazes de lançar 25% mais ataques 
por dia (até 270) que os também gi-
gantes da Classe Nimitz, criados num 
tempo em que a Guerra Fria tornava 
mais fácil justificar ao Congresso os 
gastos. mas há também a resposta 
menos chata: os caças se tornaram 
pesados demais para sair com carga 
máxima de porta-aviões projetados 
nos anos 1970. Com sua catapulta 
magnética, os Gerald Ford põem no 
ar qualquer avião naval de hoje em 
dia. Também produzem mais eletri-
cidade para uso interno – o que pode 
vir a calhar se sistemas de defesa por 
laser ou armas eletromagnéticas se 
tornarem comuns. Têm computado-
res de bordo mais modernos e fáceis 
de atualizar. os gigantes do século 21 
foram batizados em homenagem ao 
presidente que assumiu como vice 
de Richard Nixon em 1974 e perdeu 
as eleições em 1977, e é considerado 
pela marinha um grande herói da 
Segunda Guerra. 
Uss Gerald 
Ford
Porta-aviões nuclear
comprimento
337 M
peso: 100.000 t
larGUra: 78 m 
comprimento: 337 m
altUra: 76 M
Velocidade máxima:
30 nós (56 km/h) 
armamento: 
mísseis, metralhadoras 
computadorizadas, 
90 aviões
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— 17 
Mas uma das funções mais impor-
tantes da Marinha é atar como base 
para uma quarta força. Nos EUA, os 
Marines são um quarto braço militar, 
uma força à parte, com uma cadeia de 
comando própria e um efetvo, com 186 
mil combatentes, menor que o das de-
mais, mas quase do tamanho de todo 
o Exército brasileiro. 
É uma força originalmente criada 
para ataques anfíbios, mas que vai 
muito além disso hoje. Na prátca, o 
Exército também faz ataques anfíbios, e 
os Marines também atam muito longe 
da água: ou não faria sentdo terem se 
envolvido no Afeganistão. Os marines, 
porém, estão quase sempre ente os 
primeiros a chegar, com suas forças 
tendo a capacidade de se mobilizar 
conta qualquer lugar do mundo em 
questão de dias.
Na maior parte dos países, o mais 
próximo dos marines são os fuzileiros 
navais, uma parte geralmente ligada à 
Marinha e com números, equipamento 
e escopo bem mais modestos que os 
dos marines. De fato, a tadução mais 
comum para os marines é Corpo dos 
Fuzileiros Navais dos EUA.
Mas ao se taduzir assim se perde algo 
de sua místca, a de uma força única no 
mundo. Em sua história, eles fizeram 
por merecer o apelido de Devil Dogs, 
tadução do alemão Teufel Hunden, como 
foram chamados na Primeira Guerra, em 
contaste ao Exército regular dos EUA.
mad men 
Dito o que havia a ser dito sobre como 
os Estados Unidos fazem guerra, vamos 
terminar dizendo como eles a evitam – o 
que, é consenso ente historiadores mi-
litares, impediu o país de precisar tavar 
guerras conta outas potências tecnoló-
gicas nos últmos 74 anos. A doutina da 
Mutal Assured Destucton (“Destuição 
Múta Assegurada”) – MAD – manteve 
e mantém a paz com a garanta de que é 
impossível vencer uma guerra nuclear. 
Ambos os lados terminariam incinerados.
Para garantr a MAD, existe a tíade 
nuclear: a capacidade de entegar essa 
destuição por mísseis lançados por ter-
ra ou submarinos, e bombas de aviões. 
Os mísseis de terra são instalados 
em silos nucleares, bases subterrâneas 
mantdas em alerta constante. São a 
parte mais óbvia do arsenal. Os silos 
são equipados com mísseis LGM-30, 
que, cruzando o espaço a mais de 24 mil 
km/h, são capazes de sair de qualquer 
ponto dos EUA e atngir a Rússia ou 
a China em meia hora. Em sua ponta, 
uma ogiva única W87, com capacidade 
de 300 quilotons (kt; 20 vezes a bomba 
de Hiroshima), ou tês W78, de 350 kt 
cada uma. Os EUA já tveram mísseis 
bem mais potentes - o LGM-18 Pea-
cekeeper, um projeto de 1986, 16 anos 
mais novo que o Minuteman III, podia 
levar até dez ogivas W87. Acordos com 
a Rússia levaram à sua aposentadoria.
As armas nucleares modernas são 
menos potentes que as antgas. No lu-
gar disso, vêm em grupos. O conceito 
de MIRV (sigla em inglês para “Míssil 
de Reentada Múltpla Independente 
Direcionada”) esteou em 1970, com 
o próprio Minuteman III carregando 
tês ogivas menos potentes, as hoje 
aposentadas W68. A carga se divide 
no espaço, e cada projétl independente 
pode ter seu próprio alvo. Um único 
míssil, assim, pode atngir até 14 deles. 
Além da economia na criação e manu-
tenção de silos nucleares, um MIRV 
torna difícil o uso de contamedidas 
– um escudo antmíssil. É preciso um 
número de antmísseis nucleares mui-
to maior que o de mísseis lançados. Ou 
um que os abata antes de se dividirem, 
muito mais complexo. 
A própria existência dos MIRVs 
explica por que existem submarinos 
nucleares e aviões. No caso de guerra, 
o primeiro alvo são os silos nucleares 
inimigos. Se cada míssil pode destuir 
dez deles, atacar primeiro se torna alta-
mente ataente. Lá se vai a MAD. 
Assim surge a doutina do Segundo 
Ataque. A de que um país consiga des-
tuir o inimigo mesmo depois de atn-
gido. Um submarino nuclear é difícil de 
detectar e pode permanecer meses sem 
voltar à terra. Com isso, eles se mantêm 
em posições desconhecidas nos ocea-
nos. Mesmo se o inimigo conseguisse 
destuir todos os silos e todas as ba-
ses aéreas, ainda assim receberia sua 
resposta pelo mar. No caso dos EUA, 
por 18 submarinos da Classe Ohio, ca-
pazes de carregar 24 mísseis Trident I 
e II cada, que por sua vez levam até 8 
ogivas W76 (100 kt) ou W88 (475 kt). 
Os aviões – principalmente a asa 
voadora furtva B2 e os antgões B-52 
– também cumprem a função de segun-
do ataque. E têm outa vantagem: um 
avião com armas nucleares não pode ser 
diferenciado de um sem. Não carrega 
uma mensagem óbvia, como um míssil 
cruzando o espaço, facilmente detec-
tável. Eles também são mais flexíveis 
em tpos de munição, incluindo a mais 
potente arma nuclear dos EUA, a bomba 
B83, com 1,2 megaton (mt), equivalente 
a 80 bombas de Hiroshima. 
A manutenção da MAD é um assunto 
extemamente tenso. Acordos da época 
da União Soviétca foram rasgados (veja 
mais na pág. 24). O desenvolvimento de 
escudos antmísseis pelos EUA também 
tem recebido crítcas da Rússia, porque 
podem dar aos americanos o poder de 
atacar sem retaliação. Partcularmente 
quando os EUA ameaçam instalá-los na 
Europa, o que permite atacar a Rússiasem tempo de reação. Ironicamente, a 
manutenção da paz deixa o mundo à 
beira da guerra. 
A AniquilAção 
MútuA 
AssegurAdA 
MAnteve 
A pAz 
coM A 
gArAntiA 
de que é 
iMpossível 
vencer 
uMA guerrA 
nucleAr.
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18 — exércitos do mundo
O ursO 
acOrdOu
depois da decadência provocada 
pelo fim da urss, os russos 
voltaram com tudo.
Por Tiago Cordeiro
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1.013.128
efetivos
4.078
aeronaves
21.932
tanques
352
navios
1
porta-
aviões
869
Caças
56
submarinos
1.459
bombardeiros
/ataque a solo
6.940
armas nucleares 
ativas
rússia
PoPulação: 144,5 milhões
oRçaMENTo MIlITaR: US$ 44 bilhões
PRINcIPaIs alIados Síria, Venezuela, Sérvia, 
Armênia, Bielorússia, Cazaquistão, Moldávia 
PRINcIPaIs advERsáRIos Otan, EUA, Israel, 
Ucrânia, Geórgia, radicais islâmicos
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20 — exércitos do mundo
D
depois de quase duas décadas de 
“cuidar” do quintal – as ex-repúblicas 
soviétcas, em partcular o confronto 
com grupos islâmicos da Chechênia –, 
as Forças Armadas da Rússia estão de 
volta ao cenário militar mundial. Nos 
últmos anos, o país anexou a Crimeia, 
reforçou suas posições no Leste Eu-
ropeu, bombardeou bases da oposição 
na Síria, realizou testes em conjunto 
com as Forças Armadas da Venezuela, 
invadiu o espaço aéreo da Turquia e 
do Alasca, além do espaço marítmo 
da Inglaterra e do Japão, e quase tom-
bou com um navio americano no mar 
da China Oriental. É muita coisa, para 
um país que, nos anos 1990, aceitava 
dinheiro dos Estados Unidos para ga-
rantr a manutenção mínima de seus 
artefatos militares atômicos e, até dez 
anos atás, havia abandonado as bases 
militares muito distantes de casa... por 
falta de dinheiro para o combustível das 
aeronaves e das embarcações. 
É um cenário muito diferente, de 
fato. Desde o fim da União Soviétca, 
em dezembro de 1991, o que se via era 
a mais completa decadência. Navios em 
processo de constução foram simples-
mente abandonados ou vendidos para 
a China, ao mesmo tempo em que 40% 
dos aeroportos militares não tnham 
condições de uso. Enquanto os russos 
sofriam para contolar a Chechênia, 
em 1996, quato pilotos de MiG-31 en-
tavam em greve de fome – estavam 
desesperados, como dezenas de seus 
colegas, porque não recebiam salário 
fazia meses. Para colocar a conta em 
dia, foi preciso abandonar a manu-
tenção de uma série de aeronaves e 
instalações militares.
Demorou muito para que a Rússia 
se recuperasse do desmembramento da 
URSS. Milhares de soldados instalados 
nos países-satélites juraram lealdade 
aos novos presidentes dos locais onde 
estavam instalados, especialmente na 
Polônia e na Ucrânia. A tentatva de re-
forma ao estlo neoliberal, intoduzida 
pelo primeiro presidente russo da nova 
fase, Boris Yeltsin, reduziu os quadros 
militares sem garantr a manutenção 
da infraestutra mais básica. Antgos 
aliados que viviam do suporte finan-
ceiro soviétco, como Cuba e Angola, 
desmoronaram, o que também reduziu 
consideravelmente a influência global 
de Moscou.
Até que Vladimir Putin subiu ao 
poder em 1999 – e por nada desceu. 
Desde então, ao longo destes 20 anos ele 
alterna ente as funções de presidente e 
primeiro-ministo. Putn, ente tantas 
ações, busca resgatar o stats de super-
potência da era soviétca. Reatvando, 
por exemplo, as paradas militares gran-
diosas e as exibições de navios e aero-
naves de combate. Mas só conseguiu 
começar a mudar a sitação, de fato, a 
partr de um projeto de reforma total 
das Forças Armadas. Lançada em 2008, 
a iniciatva ainda demorou alguns anos 
para começar a mostar os resultados 
espantosos que, nos últmos anos, vêm 
impressionando (e preocupando) a co-
munidade internacional.
Cartão de visitas 
Veja o caso das ações militares na Síria. 
A partr de setembro de 2015, os russos 
enviaram 63 mil militares para fortale-
cer as posições do governo de Bashar 
al-Assad, ditador do país desde 2000, 
atacando locais contolados por grupos 
opositores armados, alguns deles lide-
rados pelo Estado Islâmico. Até que os 
russos começassem a se desmobilizar, 
Mikoyan 
MiG-35 
Caça multifunção
velocidade Máx. (Mach 2,23)
2.600 k
coMpriMento: 17 m
enverGadura: 12 m
altura: 5,2 m
peSo vazio: 19 Kg 
peSo MáxiMo: 24,5 kg
arMaMento: 
canhão GSh-30-1, 
foguetes S-8, S-13, 
S-24, S-25L, S-250, 
suporte para até 500 
quilos de bombas
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— 21 
O MIG-35 é a evolução dos caças 
MiG-29M/M2 e MiG-29K/KUB. 
Conta com sensores muito mais 
sofisticados do que os de seus 
antecessores: o novo sistema 
óptico de localização e os radares 
de varredura eletrônica ativa 
permitem monitorar até 30 alvos 
simultâneos, localizados em ar, 
terra ou mar. O piloto conta com 
display LCD multifuncional e 
óculos de visão noturna.
O alcance do voo é 50% maior, 
proporcionado pelo motor 
Klimov RD-33 MK, que também 
permite alcançar o teto máximo 
de 17.500 metros – em situações 
de combate, o bocal de suas 
turbinas, capaz de mudar o fluxo 
de ar, aumenta a eficiência em 
até 15%. A velocidade máxima 
é mais de 30% maior que a 
alcançada pelo americano F-35, 
que ainda pesa cinco toneladas a 
mais. Seja na versão para um ou 
para dois ocupantes, o Mikoyan 
MiG-35 oferece dez estações 
de armamentos, incluindo 
metralhadoras, foguetes, 
mísseis e bombas, que podem 
ser dispostos de acordo com 
as necessidades de momento 
– o governo russo pretende 
exportar o modelo para o maior 
número possível de países, e por 
isso garante que o caça pode 
ser personalizado segundo a 
demanda.
produto de exportação
CAçA RUSSO é MAIS veLOz qUe SeU RIvAL AMeRICAnO.
—
2.600 km/h
o soldado russo
coMunicação 
inteGrada
—
No sistema Ratnik, 
o Strelets (“Mos-
queteiro”) é a parte 
digital. Cada soldado 
leva um computador 
portátil, do tamanho 
de um walkie-talkie, 
pelo qual recebe 
ordens. Sua locali-
zação, pelo sistema 
Glonass (a versão 
russa do GPS), é 
transmitida a seu 
comandante, que 
pode visualizar todo 
o campo de batalha 
de seu tablet, e não 
só comandar seus 
soldados, como até 
ordenar ataques 
aéreos. Algo que 
já foi testado em 
combate na Síria.
arMadura 
ratnik
—
Ratnik quer 
dizer “guerreiro” 
em russo. É 
um sistema 
que inclui uma 
armadura capaz 
de aguentar tiros 
repetidos e à 
queima-roupa 
de 7,62 x 39 
mm (o padrão 
AK-47, mais 
potente que o da 
Otan). Pesa até 
20 kg e cobre 
90% do corpo. 
dinoSSauroS vivoS
Ao longo da Guerra Fria, as For-
ças Armadas russas produziram 
verdadeiros ícones da história 
militar. Do AK-47, lançado no 
ano do nome, foram produzidos 
100 milhões. Não só é barato, 
como confiável em quaisquer 
condições de temperatura, alti-
tude, umidade e pressão. Outro 
caso de sucesso espantoso 
é o bombardeiro estratégico 
Tupolev Tu-95. Apresentado em 
1952, e fazendo o mesmo papel 
que o jato B-52 americano, é 
movido a hélice – e, chegando 
a 840 km/h, é o mais rápido e 
mais barulhento avião a hélice 
da história. Não existe nenhum 
plano de aposentá-lo até, pelo 
menos, o ano 2040. 
Foto: Divulgação
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22 — exércitos do mundo
T-15 ArmATA
Veículo de combate 
de infantaria
peso
48 t
ComprimenTo: 8,7 m
AlTurA: 3 m
lArgurA: 3,5 m
TripulAção: 3 
operadores + 9 
combatentes
ArmAmenTo: 
Estação Bumerang-BM, 
carregada com canhões 
2A42 de 30 mm, 
mísseis 9M133 Kornet-
EM, metralhadoras 
PKT 7,62 mm
parece, mas não é
VCI russo é tão bem protegIdo que é 
ConfundIdo Com um tanque.
— 
o nome é veículo de combate de infantaria (VCI). 
e sua função é completamente diferente de um 
tanque: carregar soldadosarmados até o front e 
combater junto a eles, provindo fogo de suporte, 
enquanto o tanque luta por si mesmo e aguenta 
a reação. VCI é um conceito contemporâneo 
muito bem adequado ao combate assimétrico 
contra pessoas, mais do que contra outros veícu-
los. mas o armata é feito para ser páreo com 
os tanques: possui medidas de combate ativas 
– um canhão computadorizado que destrói 
projéteis inimigos no ar –, e blindagem reativa, 
que explode para contrabalançar a força de 
projéteis inimigos. é algo bem à frente de outros 
VCI, inclusive o bradley americano. Vinha sendo 
testado, aqui e ali, desde 2012. mas a primeira 
leva capaz de seguir diretamente para o campo 
de batalha foi produzida em 2015. se o objetivo 
era impressionar, deu certo: o t-15 tem 48 tone-
ladas, autonomia de 550 quilômetros e capaci-
dade para transportar um verdadeiro arsenal. 
seu layout fora do padrão, com motor na frente, 
garante a segurança dos ocupantes. 
contra o 
tio Sam? 
a superioridade 
tecnológica ameri-
cana não é garantia 
de vitória. “o padrão 
de equivalência de 
armamentos para 
comparar forças é 
da segunda guerra 
e está defasado. no 
contexto atual, não é 
necessário ter equi-
valência militar”, afir-
ma o cientista político 
Juliano Cortinhas, 
da universidade de 
brasília. para efeitos 
comparativos, o 
cenário global voltou 
a ficar dividido. “es-
tados unidos, China 
e rússia são as três 
maiores potências 
militares”, diz o pro-
fessor. “em termos 
de tecnologia, armas 
atômicas e potencial 
para realizar ataques 
cibernéticos, eua, 
rússia e China estão 
bastante nivelados.”
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em março de 2018, sua Força Aérea ha-
via matado 86 mil pessoas – segundo o 
governo de Moscou, todas ligadas, de 
alguma forma, aos grupos que fazem 
oposição ao governo. Ao todo, foram 
39 mil missões no país, que destuíram 
120 mil alvos.
Com apoio russo, o governo local, 
que vinha perdendo o contole de parte 
expressiva do território sírio, recuperou 
uma série de áreas, incluindo Alepo e 
faixas de fronteira com Israel e Jordânia. 
Para garantr essa recuperação a Assad, 
Moscou enviou desde os tadicionais 
caças Su-25 até os bombardeiros Tu-
polev-160 (também utlizados pela Ve-
nezuela) e Su-34, o principal avião de 
ataque de longo alcance do país, que 
começou a ser desenvolvido na década 
de 1980, mas só entou em operação em 
2014. Também foram utlizados helicóp-
teros de ataque Mi-24, Mi-28N e Ka-52.
Para dar suporte aos ataques aéreos, 
navios de guerra foram posicionados 
no Mar Mediterrâneo, a partr de onde 
dispararam mísseis de cruzeiro. Foi a 
maior movimentação da Marinha russa 
desde o fim da URSS. Contou com o 
porta-aviões Almirante Kuznetsov, 
que recebeu o suporte dos contra-
torpedeiros da classe Udaloy e do 
cruzador Pyot Velikiy.
No final de 2018, os EUA anunciaram 
que iriam começar a retrar suas topas 
da Síria, arrefecendo o conflito. Mas a 
ação russa ainda pode ser retomada. 
Acontece que a Guerra Civil Síria mo-
vimentou outos dois atores expressivos 
da região. Depois que 20 foguetes foram 
disparados conta bases militares de Is-
rael nas Colinas de Golã, em maio de 
2018, os israelenses acusaram a Guarda 
Revolucionária, força de elite iraniana, 
de ter agido de dento do território sírio. 
Em retaliação, Israel atacou posições do 
governo sírio, o mesmo que conta com 
suporte militar ostensivo da Rússia. O 
Irã respondeu fazendo ameaças verbais. 
Mas uma escalada de violência envolven-
do Síria e Irã, dois fortes aliados russos, 
conta Israel, parceiro de longa data dos 
Estados Unidos, pode levar a uma nova 
onda de ataques na região.
CAÇADOR 
DE CABEÇAS
drone pode deixar os 
inimigos sem comando.
—
enquanto lutava para se reor-
ganizar militarmente, a rússia 
perdeu a largada na corrida para 
desenvolver os drones militares. 
passou os últimos dez anos ten-
tando tirar o atraso, mas os resul-
tados ainda são mais motivo de 
especulação do que de análise. 
o sukhoi “okhotnik” (expressão 
que significa “caçador”) parece 
ser uma aposta promissora. 
desenvolvido desde 2011, com 
o objetivo de ser uma arma de 
precisão, capaz de atingir alvos 
estratégicos em solo inimigo, de 
forma furtiva (stealth), sem ser 
detectado por radar. seu primei-
ro teste de voo foi em maio de 
2019, e nada foi dito a respeito 
de que tipo de equipamento 
pode levar. Tem as dimensões 
de um caça grande e parece ser 
controlado remotamente não do 
solo, mas de um caça também 
furtivo, o novíssimo sukhoi su-
57, que, como o drone, ainda não 
entrou em operação. Um combo 
letal por si só, e também uma 
revolucionária forma de lutar. 
acredita-se que o par deva servir 
para abrir caminho para o arse-
nal mais tradicional, destruindo 
as defesas, radares e sistema de 
comunicação inimigos.
Sukhoi 
“okhotnik”
Veículo aéreo não 
tripulado de combate
peSo vazio
20.000 kg
Comprimento: 19,8 m
envergadura: 13,95 m
operadoreS: 2
veLoCidade mÁXima: 
1.000 km/h
armamento: 
desconhecido
Foto: Divulgação
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24 — exércitos do mundo
Antes veio a Ucrânia. Na península 
da Crimeia, a facilidade com que os 
russos agiram, em 2014, deixou todos 
os membros da Otan, a Organiza-
ção do Tratado do Atlântco Norte, 
de cabelos arrepiados. Para tomar da 
Ucrânia a faixa de 27 mil quilôme-
tos quadrados de terras localizadas 
em ponto estatégico, os russos mal 
precisaram utlizar seu poder de fogo.
A invasão deixou a Europa apreen-
siva. O contngente militar espalhado 
pela vasta fronteira com a Rússia sal-
tou de 13 mil para 30 mil soldados, e 
a Otan organizou quato frentes de 
resistência a possíveis ataques vindo 
de Moscou. Em outbro de 2018, a 
organização realizou na Noruega o 
exercício militar Trident Junctre 18, 
o maior desde o fim da Guerra Fria, 
com 45 mil soldados de 31 países, 
cerca de 150 aviões, 60 navios e mais 
de 10 mil veículos.
Nova corrida 
armamentista 
Não parece ser o suficiente. Está cla-
ro que a Rússia se tornou, novamen-
te, um grande e incômodo vizinho, 
principalmente para os países do 
Leste Europeu não alinhados a ela, 
como a Polônia e a República Tcheca, 
ambas membras da Otan. Em reação 
à mobilização na Noruega, Putn fez 
questão de demonstar seu poderio 
em Vostok, no extemo leste, quan-
do realizou o maior exercício militar 
promovido pelos russos desde 1981. 
Para isso, utlizou de impressionantes 
300 mil homens, mil aeronaves e 900 
tanques. Enquanto isso, a Polônia so-
licita que os Estados Unidos constu-
am uma base em seu território, a fim 
de desestmular quaisquer possíveis 
projetos russos de, mais uma vez, con-
tolar o país vizinho. Em toca, oferece 
um aporte inicial de US$ 2 bilhões.
No início de 2018, Putn fez mais 
uma provocação em relação ao res-
tante do continente. Ele começou 
a renomear diferentes regimentos, 
terrestes, aéreos e marítmos, com 
os nomes de localidades europeias, 
como Berlim, Varsóvia e Talim (capi-
tal da Estônia). O argumento oficial é 
homenagear locais importantes para 
a história militar da Europa. Mas não 
faltou quem tenha visto nos nomes 
uma espécie de lista irônica de pos-
síveis alvos para algum ataque num 
futro possível.
Enquanto faz exercícios militares 
de peso e ameaças veladas de grande 
impacto propagandístco, Putn pre-
para uma novíssima geração de armas 
e equipamentos (confira os destaques 
ao longo destas páginas). Ele taba-
lha amparado por um acontecimento 
importantíssimo: no dia primeiro de 
fevereiro de 2019, os Estados Uni-
dos de Donald Trump se retraram 
do Tratado de Forças Nucleares de 
Alcance Intermediário, conhecido 
pela sigla em inglês, INF. Apenas 
um dia depois, os russos também 
abandonaram o acordo.
Acontece que o Tratado INF, assi-
nado em dezembro de 1987, foi uma 
grande conquista dos líderes Ronald 
Reagan e Mikhail Gorbachev,que t-
veram que se encontar por tês vezes 
até chegar aos termos do acordo. Na 
época, o acordo garantu, de forma 
inédita, a destuição de mais de 2.600 
mísseis capazes de alcançar ente 500 
e 5.500 quilômetos. Os mísseis in-
termediários cruzam uma distância 
menor que os de longo alcance, o 
que leva menos tempo. Com isso, 
não permitem que o inimigo possa 
revidar. E, assim, anulam o concei-
to de Destuição Múta Assegurada. 
Pois agora, assim que os dois países 
se retraram do INF, teve início uma 
corrida armamentsta acelerada.
Os americanos, que dizem ter aban-
donado o acordo diante dos programas 
russos de desenvolvimento de armas 
de curto alcance, em especial os mís-
seis 9M729, capazes de alcançar 2.600 
quilômetos, rapidamente anunciaram 
que estavam tabalhando em novas 
armas nucleares e fecharam novos 
contatos para a constução de mís-
seis. Por sua vez, Putn vem revelando, 
torpedo 
poseidon
 —
Em 2015, os americanos 
identificaram os primeiros 
sinais de que os russos estavam 
desenvolvendo um torpedo nuclear. 
O primeiro teste, ainda bastante 
discreto, foi realizado no Oceano 
Ártico, em 2016. Medindo 24 metros, 
o Poseidon seria capaz de se mover 
a 185 km/h e detonar no mar ogivas 
em torno de incríveis 200 megatons 
(quatro vezes a potência do maior 
artefato nuclear já construído, 
a Tsar Bomba), causando um 
tsunâmi de até 100 metros, capaz 
de arrasar cidades costeiras.
exoesqueleto 
armado
 —
Todo mundo está desenvolvendo 
exoesqueletos robóticos, mas a 
Rússia pensa grande. O exoesqueleto 
desenvolvido pela empresa de 
nome quase impronunciável 
TsNiiTochMash permitirá ao soldado 
disparar com uma mão só. Já existe 
um protótipo do equipamento, 
formado de fibra de carbono e 
alimentado por um motor. O modelo 
está em fases iniciais de testes. Ele 
é feito para ser usado com o sistema 
de combate Ratnik (mais na pág. 21). 
material 
invisível
 —
Serve para uniformes militares, 
mas também poderá ser adaptado 
para tanques: a empresa estatal 
Rostec está desenvolvendo um 
material invisível ao olho humano. 
Ele atua como uma cobertura 
de camuflagem, que emite as 
cores do ambiente – ou seja, ele 
assume o tom predominante à 
volta. Por enquanto, o material 
rendeu um capacete. O próximo 
passo é completar os uniformes 
dos militares e, eventualmente, 
tanques e outros veículos.
armas 
do 
futuro
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— 25 
NAVIO À 
MODA ANTIGA
CONTRA OS pORTA-AviõeS.
—
para os russos, tamanho é 
documento. A obsessão em 
demonstrar a grandeza do país 
produzindo equipamentos de 
guerra gigantescos é visível 
neste projeto dos anos 1980, 
lançado ao mar em 1998 e 
ainda o maior navio de comba-
te já visto – isto é, um navio que 
ataca por si mesmo e não por 
aviões, sucessor dos antigos 
encouraçados aposentados na 
Segunda Guerra, supostamen-
te tornados obsoletos pelos 
porta-aviões. O petr velikiy 
(pedro, o Grande) é poderoso. 
Transporta muito peso, muita 
gente e muitas armas. e foi 
projetado para neutralizar 
justamente os porta-aviões 
americanos, que são a base de 
sua Marinha. É equipado com 
uma série de armas capazes de 
atingir submarinos, embarca-
ções e aeronaves. É um navio 
que se presta bem à propagan-
da também. Já foi utilizado em 
apresentações militares em 
diferentes países, da Turquia à 
venezuela. Mais recentemente, 
vem sendo utilizado no Mar do 
Norte. e chegou a ser condu-
zido até o Mediterrâneo, para 
participar do suporte para as 
operações russas em território 
sírio. No caminho até lá, passou 
por águas britânicas, e foi es-
coltado de perto pelo destróier 
inglês HMS Dragon. 
PETR VELIKIY
Cruzador 
PEso
28.000 t
ComPRImEnTo: 252 m
LARGURA: 230 m
ALTURA: 28,5 m
VELoCIdAdE máxImA: 
32 nós (59 km/h)
ARmAmEnTo: 
mísseis antiaéreos, 
antissubmarinos 
e canhões duplos 
de 130 mm
contnuamente, armamentos nucleares 
capazes de atngir os EUA. 
Apresentado em março de 2018, o 
míssil Avangard nem parece um míssil. 
Lembra mais um espaçoplano (como o 
aposentado Ônibus Espacial). Ele seria 
capaz de fazer um voo imprevisível, 
desviando-se das defesas antimíssil 
americanas e se dividindo em MIRVs 
(vide pág. 17), tornando inúteis todos os 
sistemas de defesa atais. Outo novo 
míssil russo, o RS-28 Sarmat, é feito para 
escapar da detecção. Decola de forma rá-
pida demais para ser notado por satélites 
infravermelhos e lança suas ogivas em 
órbita baixa, evitando radares.
Sucesso parcial 
O novo esforço militar da Rússia vem 
fazendo muito barulho, mas o país 
ainda está longe do poderio de seus 
maiores adversários. Os americanos 
contnuam à frente. Em muitas oca-
siões, o dinheiro russo não é o sufi-
ciente – o país precisou, por exemplo, 
revisar para baixo a previsão de desen-
volvimento e aquisição de um lote de 
jatos Sukhoi T-50; iria levar 52, mas 
os custos no desenvolvimento e as 
dificuldades econômicas pelas quais 
o país atavessa fizeram a compra ser 
reduzida para 12 unidades.
Além disso, o plano de comprar 2.300 
tanques T-14 até 2020 está sendo revisto, 
enquanto que tanques antgos, datados 
das décadas de 1970 e 1980, são refor-
mados para dar conta do recado pelos 
próximos anos. Os erros em testes de 
novos modelos de mísseis são recorren-
tes – o caso mais famoso é o do míssil 
de combustível sólido Bulava, que em 
2009 explodiu e provocou uma aurora 
boreal bizarra na Noruega. O modelo 
voltou para as pranchetas, apenas para 
cair no Oceano Ártco durante uma nova 
tentatva de lançamento em 2013.
Os russos parecem andar mais deva-
gar do que anunciam. Mas estão em pé, 
e se movimentando em todas as dire-
ções possíveis, se adaptando ao inimigo. 
Por ora, como na primeira vez, a guerra 
contnua fria. Até quando?
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26 — exércitos do mundo
A voz do 
drAgão
superpotência em ascensão faz 
uso de seus vultosos números – 
em dinheiro e gente.
Por Tiago Cordeiro
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2.183.000
efetivos
3.187
aeronaves
13.050
tanques
714
navios
1
porta- 
aviões
1.222
Caças
76
submarinos
1.564
bombardeiros
/ataque a solo
290
armas nucleares 
ativas
china
PoPulação: 1,386 bilhão
oRçaMENTo MIlITaR US$ 224 bilhões
PRINCIPaIS alIadoS Cuba, Coreia 
do Norte, Paquistão, Venezuela
PRINCIPaIS advERSáRIoS Japão, 
Coreia do Sul, Vietnã, Taiwan, 
Estados Unidos, Índia
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28 — exércitos do mundo
o
o que faz uma superpotência? Não 
basta muita gente, ou uma economia 
expressiva. É preciso levar sua influ-
ência para os mais distantes pontos 
do globo. Por essa definição bastante 
tadicional, nos últmos dois séculos o 
mundo teve tês superpotências: pri-
meiro o Império Britânico, depois os 
Estados Unidos e a União Soviétca. 
A China quer entar para esse clube. 
Para isso, sabe que precisa romper com 
a tadição de isolamento em relação ao 
resto do planeta. 
Uma forma de alcançar esse obje-
tvo é ampliar a influência econômica 
– assim, Pequim está gastando US$ 
5 tilhões na constução da chamada 
nova rota da seda, que, ao longo das 
próximas tês décadas, vai conectar o 
país à África e à Europa, passando por 
dezenas de países asiátcos, com por-
tos, rodovias e ferrovias. Já inaugurou, 
por exemplo, uma estada de ferro que 
cobre a distância de 12 mil quilômetos 
de Yiwu até Londres. A China também 
vem desenvolvendo um projeto de lon-
go prazo para o contole e a exploração 
do Ártco, aproveitando as novas rotas 
marítmas produzidas pela mudança 
climátca e o derretmento de geleiras.
Mas não é o suficiente: é preciso tam-
bém exercer contole geopolítco – sus-
tentado pelo braço forte das armas. Para 
isso, a China está investndo, e muito, 
em quantdade e qualidade, com tdo o 
que existe de mais avançadoem termos 
tecnológicos. O país parece pronto, in-
clusive, a ir para a guerra aberta, pela 
primeira vez em quato décadas – o 
últmo conflito em que Pequim se en-
volveu foi conta o Vietnã, em 1979. 
Uma superpotência deve definir cla-
ramente quem são, em cada recanto do 
mundo, seus aliados e inimigos. Para 
os chineses, algumas escolhas vão se 
formando: Pequim prefere a Rússia aos 
Estados Unidos, o Paquistão à Índia, e 
qualquer país ao Japão. Na África e na 
América do Sul, por enquanto, o foco é 
no domínio econômico, mas existe uma 
tendência clara, de, por exemplo, dar 
suporte à Venezuela. Na África, Burkina 
Faso, um tadicional aliado de Taiwan 
(mais sobre isso daqui a pouco), mudou 
de lado do dia para a noite em 2018.
made in china 
Quando um país começa a investir 
pesado em todo tpo de novo equipa-
mento, alguns modelos dão certo, ou-
tos não. Veja o caso do míssil balístco 
Dong Feng 21. Ele viaja a dez vezes a 
velocidade do som, tem alcance de 2 
mil quilômetos e foi projetado para 
destuir um porta-aviões de uma vez 
só. Tudo indica que os primeiros tes-
tes foram bem-sucedidos. O objetvo é 
claro: mandar um aviso para qualquer 
potência que decida navegar pelos ma-
res da Ásia, em especial o Mar do Sul 
da China, onde o país vem instalando 
bases de apoio para suas embarcações, 
em faixas de mar que são consideradas 
águas internacionais.
Desde os tempos da Guerra Fria, a 
China tem adotado a polítca de copiar 
e melhorar. Nem sempre dá certo. Os 
chineses desenvolveram o jato J-11B 
com base no russo Sukhoi Su-27SK. 
Criaram o J-31 a partir do america-
no F-35. Nenhum dos dois modelos 
se equipara ao original, mas o J-15 é 
ainda pior: constuído a partr de um 
protótpo do avião russo Su-33 com-
prado da Ucrânia em 2001, ele é pesado 
demais, tem problemas com os sistemas 
de contole de voo e já caiu diversas 
vezes. A imprensa local, contolada pelo 
Estado, a princípio tecia elogios ao J-15, 
Chengdu J-10
Caça multifunção
 
veloCidade máx. (maCh 2,2)
2.450 k
Comprimento: 16,43 m
envergadura: 9,75 m 
altura: 5,43 m
peso vazio: 9,750 kg
peso máximo: 12.400 kg
armamento: canhão 
automático Gryazev-
Shipunov GSh-23, 
mísseis, bombas
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— 29 
Nos anos 1980, a China pre-
cisava responder à geração 
de jatos desenvolvidos por 
Rússia e Estados Unidos, como 
o Mikoyan MiG-29 e o F-16. O 
Chengdu J-10 entrou em fase 
de testes em 1998, começou 
a ser produzido só em 2002 
e passou a ser utilizado com 
regularidade pela Aeronáutica 
do país em 2016. Cada mo-
delo custa aproximadamente 
US$ 27 milhões e a produção 
ultrapassa as 400 unidades. 
Trata-se de um dos caças mais 
confiáveis já produzidos pela 
China, ainda que o modelo 
tenha clara influência de fora: 
seguindo a vasta tradição de 
copiar projetos de outros 
países, a empresa fabricante, 
a Chengdu, desenvolveu o 
modelo com características 
curiosamente parecidas com o 
projeto de jato militar israelen-
se, o IAI Lavi. E o motor é russo: 
o Lyulka-Saturn AL-31FN foi es-
colhido depois que a produção 
do concorrente local, o WS-10 
Taihang, emperrou.
A aerodinâmica é um tanto 
instável, mas o sistema de con-
trole dá o suporte necessário 
ao piloto, que atua dentro de 
um cockpit com 360 graus de 
visibilidade e conta com três 
telas de cristal líquido e um 
display no capacete. 
avião eclético
CAçA SE INSpIROU NOS dOIS LAdOS dA CORTINA dE FERRO.
—
 km/h
quase de graça
—
O equipamento 
de um soldado 
americano custa 
US$ 17.500. O de 
um chinês, US$ 
1.523. O preço não 
é só por conta da 
mão de obra barata 
chinesa, mas por 
uma deficiência: 
soldados chineses 
não recebem 
proteção nenhuma. 
Nem colete. 
roupa 
Camuflada 
—
Feita com tecido 
leve, que seca 
rápido e dá 
ampla liberdade 
de movimentos 
em combate.
rifle de 
assalto qBz-95-1 
—
Ao lado de uma 
baioneta e seis 
granadas de mão 
WY-91, formam 
o arsenal básico 
carregado por um 
soldado chinês. 
Produzido desde 
1997, utiliza munição 
5,8 x 42 mm.
o soldado chinês
Foto: Divulgação
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30 — exércitos do mundo
VT-4
Tanque principal 
de batalha
peso
52 t
ComprimenTo: 
10,10 m
AlTurA: 2,30 m
lArgurA: 3,40 m
TripulAção: 3
ArmAmenTo: canhão 
de 125 mm, estação 
de metralhadoras RWS 
12,7 mm e 7,62 mm
Vt-4
O tanque high-
tech é baratO para 
prOduzir em massa.
—
capaz de rodar 500 
quilômetros sem parar 
e de alcançar até 70 
km/h, o Vt-4 foi desen-
volvido a partir de 2009 
e lançado em 2014. no 
aspecto geral, lembra o 
russo t-64, de proje-
to bem antigo. mas, 
internamente, é um dos 
mais bem equipados do 
mercado – conta com 
um sistema de mira 
que utiliza uma câmera 
e infravermelho para 
identificar oponentes, 
principalmente no escu-
ro, e garantir a precisão 
do tiro, seja contra alvos 
terrestres, seja contra 
helicópteros voando 
baixo. a mira tem seu 
melhor desempenho 
em distâncias de até 
100 metros. O sistema 
interno de segurança, 
em especial o contro-
le contra incêndios, 
é automatizado e se 
utiliza de uma rede de 
sensores que fazem a 
leitura do ambiente em 
tempo real. O veículo 
também conta com um 
sistema antiexplosão, o 
gL5, que reduz o impac-
to de ataques vindos 
de outros tanques. pro-
duzido pela companhia 
chinesa norinco e tam-
bém conhecido como 
mbt3000, o tanque 
abriga um comandante, 
um motorista (ele conta 
com três periscópios 
que, somados, ampliam 
seu ângulo de visão) 
e um atirador. uma 
versão modificada e ar-
mada com uma estação 
de armas na traseira 
serve como veículo de 
combate de infantaria.
De que laDo 
estaria a China 
na terCeira 
Guerra?
há dois anos, seria difícil 
dizer. neste momento, com 
o azedamento das relações 
com os eua por conta da 
guerra comercial, tende a 
ser a rússia. quem se sai-
ria melhor? a consultoria 
militar rand corporation 
rodou testes, simulando 
dezenas de diferentes 
cenários de conflitos. na 
maior parte deles, a china 
e a rússia se mostravam 
capazes de neutralizar 
rapidamente a influência 
americana e japonesa em 
seus quintais – em especial 
o Leste europeu, no caso 
russo, e o sudeste asiático, 
no caso chinês. no báltico, 
outra derrota americana. e 
mais: a simulação mostrou 
que os mísseis de longo 
alcance russos e chineses 
seriam capazes de atingir 
o território americano com 
força, destruindo suas 
principais metrópoles e 
neutralizando seu sistema 
de comunicação, incluindo 
os satélites. Os estados 
unidos e seus aliados 
iniciariam o conflito em 
desvantagem.
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— 31 
que chamava de “tbarão voador”. Mais 
recentemente, tem evitado o assunto.
Em outas áreas, o progresso tem 
sido considerável. Uma Marinha po-
derosa, em especial, é fundamental 
para levar o poderio militar do país 
para muito mais longe. O governo vem 
constuindo novas unidades de todos os 
portes e para todas as utlidades. Está 
produzindo pelo menos 20 corvetas 
Tipo 056, projetadas para patrulhar 
sua costa, principalmente ao Sul, com 
armas antnavios e antssubmarinos – 
também contam com baterias antaé-
reas. Os quato mísseis antnavios que 
cada 056 carrega alcançam o dobro da 
velocidade do som nas proximidades 
do ponto de impacto, o que dificulta 
enormemente a reação do adversário.
No campo da espionagem, os chi-
neses já contam com nove navios da 
classe Dongdiao, que utlizam enormes 
radares que monitoram a movimenta-
ção de armamentos e veículos. 
futuro chinês 
Mas é no terreno das novas armas, ul-
tatecnológicas – a produção totalmente 
original –, que a China mais se destaca. 
O país vem dando um salto tecnológico 
enorme neste século. De 2000 a 2008, 
quadruplicou os registos de patentes, 
em todas as áreas (não só militares).Em 2014, havia alcançado o número 
extaordinário de 801 mil patentes, me-
tade do total do planeta inteiro, conta 
apenas 285 mil dos americanos. Muitas 
dessas invenções têm aplicação militar. 
Por exemplo, o veículo supersônico pla-
nador DF-ZF.
Trata-se de um míssil de velocida-
de inacreditável, até Mach 10, ou 12 
mil quilômetos por hora. Ele poderia 
penetar os sistemas de defesa aérea 
dos Estados Unidos, retrando assim, 
dos americanos, uma de suas maiores 
vantagens estratégicas ao longo do 
século 20: o isolamento geográfico de 
seu território. Um DF-ZF já foi testa-
do: lançado até o fim da atmosfera, a 
cerca de 100 quilômetos do solo, ele 
passou a planar e acelerar. Em tese, ele 
o drone do 
povo
barato, faz sucesso no 
mundo árabe.
— 
em 19 de abril de 2019, o 
grupo ansar allah do Iêmen 
publicou um vídeo. celebra-
vam entusiasticamente sua 
vitória: haviam derrubado 
um drone chinês. a cele-
bração não é sem motivo: 
haviam tirado do ar o que 
para eles é um assassino. o 
pterodáctilo chinês entrega. 
comparado ao recém-apo-
sentado Predator americano, 
custa 1/4 do preço (us$ 1 
milhão a unidade) e leva 
até 200 quilos de bombas, 
mísseis ou equipamento de 
espionagem. como o Pre-
dator, é um drone chamado 
de média altitude e grande 
autonomia – isto é, mais ade-
quado a ataques a solo, vo-
ando abaixo da altitude das 
linhas comerciais (o drone o 
faz entre 3 mil e 9 mil metros 
de altitude, sendo que essas 
começam nos 10,5 mil), ao 
longo de muitas horas – até 
dois dias no ar sem voltar. 
Isso o fez muito popular entre 
países do oriente médio e 
do norte da áfrica, como a 
síria, a arábia saudita e o 
egito. o drone já foi utilizado 
para atingir alvos do estado 
Islâmico em terras sírias e 
iraquianas. em março de 
2017, as forças egípcias con-
seguiram matar 18 militantes 
da insurgência no sinai com 
seus drones chineses. 
Chengdu 
PterodaCtyl I
Veículo aéreo de 
combate não tripulado
enVergadura:
14 M
oPeradores: 2
ComPrImento: 9,04 m 
enVergadura: 14 m
Peso máxImo: 
1.100 kg
armamento: mísseis 
ar-ar, bombas FT-10, 
FT-9, FT-7, GB7 e GB4 e 
mísseis BRM1, AKD-10
VeloCIdade 
máxIma: 280 km/h
Fotos: Divulgação
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0
32 — exércitos do mundo
poderia seguir então para qualquer 
lugar do planeta, carregando armas 
convencionais ou nucleares, sem 
chances de reação a tempo por 
parte dos adversários.
A velocidade extraordinária 
também é o segredo de um novo 
canhão, que utiliza energia ele-
tromagnética para lançar projé-
teis com mais precisão. Instalado 
em destróieres, ele poderia ser 
utilizado para atingir, a partir do 
mar, alvos distantes, com gran-
de velocidade: 2,5 quilômetros 
por segundo contra um alvo a 
até 199 quilômetros de distân-
cia. A tecnologia, que também 
vem sendo testada por russos e 
americanos, poderia inclusive, 
na teoria, substituir o uso de 
foguetes para lançar satélites 
ao espaço. Além disso, canhões 
com esse poder de fogo pode-
riam derrubar satélites inimigos, 
atingindo seriamente sua capa-
cidade de comunicação. Navios 
chineses com armas desse tipo 
já foram vistos, e fotografados, 
nos últimos meses – sinal de que 
os testes seguem a todo vapor.
A BATALHA 
da internet
 
Recentemente, a União Europeia 
anunciou que está se preparando 
para fazer um exercício militar 
bem diferente: teinamento para 
testar as defesas e a capacidade de 
reação a ciberataques vindos da 
Rússia e da China. Esse é um risco 
bastante concreto. Na estmatva 
dos especialistas da revista ame-
ricana Foreign Policy, algo ente 50 
mil e 100 mil chineses tabalham 
atvamente no desenvolvimento de 
um “exército hacker”.
Ao que parece, alguns ataques 
já aconteceram, com sucesso. A 
China costuma negar seu en-
volvimento, é claro, mas já foi 
acusada de invadir servidores 
de órgãos de governo e de se-
gurança de Austrália, Canadá, 
Índia e Estados Unidos – onde, 
em 2010, o Google detectou uma 
ação que conseguiu roubar dados 
a respeito de novos projetos da 
companhia.
“A discussão na China so-
bre cyberataques começou em 
1990”, afirma a pesquisadora Lyu 
Jinghua, do Carnegie’s Cyber Po-
licy Initatve, em artgo sobre o 
tema. “Impressionada por como 
as Forças Armadas americanas se 
beneficiaram da aplicação de tec-
nologias novas na Guerra do Golfo, 
a China começou a perceber que 
não existe, no cenário atal, for-
ma de se defender adequadamente 
sem utlizar as novas tecnologias, 
especialmente as tecnologias da 
informação.”
Desde então, os chineses vêm 
desenvolvendo verdadeiras ar-
mas de ataque aos computadores 
de outos países. O país também 
investe em sua própria rede de 
computadores e conexões de in-
ternet, para evitar a dependência 
do exterior. “A China costuma 
utlizar o termo ‘oito King Kon-
gs’ para se referir às principais 
companhias responsáveis pela 
estrutura da internet nos EUA: 
Apple, Cisco, Google, IBM, Intel, 
Microsoft, Oracle e Qualcomm”, 
escreve Lyu Jinghua. O objetvo 
é, diz ela, reduzir essa dependên-
cia e “garantr a segurança de sua 
própria informação estatégica, 
produzida por áreas crítcas”. 
Uma superpotência do século 
21 também vai precisar alcançar 
o espaço, um domínio que, com 
coisas como o sistema de locali-
zação por GPS e seus satélites se 
tornando fundamentais na guerra 
moderna, é cada dia mais estaté-
gico, e pode acabar vendo, se não 
batalhas de humanos, ao menos 
de mísseis antssatélite.
Nisso a China vem tabalhando 
pesado. Já enviou, em janeiro de 
2019, a sonda Chang’e 4 até o lado 
oculto da Lua, um feito inédito 
para qualquer país que não os 
EUA e a União Soviética/Rús-
sia. O equipamento pousou na 
SUPERBOMBA
 —
Os chineses agora têm sua própria 
“Mãe de todas as bombas”, maior 
e mais poderosa do que o primeiro 
artefato que ganhou esse apelido, o 
GBU-43/B dos EUA. A fabricante de 
armas Norinco foi a responsável pelo 
projeto, que só perderia, em potência, 
para bombas nucleares. Ela teria entre 
5 e 6 metros de comprimento e seria 
mais leve do que a versão americana, 
que pesa 9.800 quilos. A bomba ainda 
não foi batizada oficialmente, mas 
um vídeo promocional datado do 
final de 2018 indica que o armamento 
está pronto para ser acionado.
MicRO-OndAS
 —
Não é letal, mas não é algo pelo qual 
você gostaria de passsar. Um feixe 
de micro-ondas, na potência certa, 
é capaz de provocar dores horríveis 
no corpo todo, logo abaixo da pele. O 
governo chinês garante que esse é um 
projeto real, e que seria especialmente 
útil principalmente na ação contra 
o terrorismo. A princípio não deixa 
sequelas – assim que o aparelho é 
desligado, a vítima começa a voltar 
ao normal. Sua grande utilidade seria 
inviabilizar qualquer reação dos alvos.
PORtA-AviõES 
nUclEARES
 —
Parte do esforço de atualização 
da Marinha chinesa inclui o 
desenvolvimento de uma nova 
geração de porta-aviões, movidos 
por energia nuclear com catapultas 
eletromagnéticas para disparar as 
aeronaves. A iniciativa prevê a entrega 
de pelo menos seis desses novos 
modelos até o ano de 2035. Seria 
um salto qualitativo e quantitativo 
imenso, para um país que hoje tem 
apenas um porta-aviões ativo, o 
Liaoning, e um segundo em testes.
ARMAS 
DO 
FUTURO
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— 33 
um novo 
competidor
parecido e páreo com 
os modelos adversários.
—
coerente com a meta de fazer 
frente ao poderio das embar-
cações de guerra que os esta-
dos Unidos mantêm circulando 
pelo mar do sul da china, o 
governo chinês está lançando 
para a água, com grande re-
gularidade, seu mais impres-
sionante artefato: o destróier 
Tipo 052d, um concorrente à 
altura da classe de destróieres 
americanos Us arleigh Burke, 
com os quais, aliás, se parece 
no aspecto exterior. o 052d 
é também um dos mais novos 
modelos produzidos em solo 
chinês – entrou em serviço em 
2014e, desde então, já foram 
colocadas em operação 12 uni-
dades. a embarcação utiliza 
um sistema avançado de rada-
res, capaz de detectar dezenas 
de ameaças simultâneas, no 
ar e no mar, a uma boa distân-
cia. conta também com dois 
lançadores, cada um capaz de 
disparar 32 armamentos de 
diferentes portes e calibres. e 
está preparado para transpor-
tar um helicóptero, preferen-
cialmente o transporte russo 
Kamov Ka-28 ou o modelo de 
ataque nativo Harbin Z-9c. a 
tripulação do destróier é de 
até 280 pessoas e a velocidade 
máxima, bastante expressiva, 
alcança os 55 quilômetros por 
hora. em números, é uma ame-
aça à superioridade aeronaval 
americana. 
Tipo 052D
Destróier 
 
peso
7.500 t
Largura: 22 m
ComprimenTo: 
157 a 161 m
aLTura: 17 m
VeLoCiDaDe máxima: 
30 nós (55 km/h)
armamenTo: artilharia 
de 130 mm e 30 mm, 
mísseis terra-ar, terra-
terra e antissubmarino, 
torpedos e lançadores 
de foguete ASW.
maior e mais profunda cratera lunar, a 
chamada Bacia Polo Sul-Aitken. 
O Ocidente, em geral, celebrou os 
benefícios da conquista para a asto-
nomia, mas percebeu também que a 
China está se tornando capaz de ex-
plorar a Lua como base de apoio para 
saltos mais ousados.
Em paralelo, o país também criou o 
Dong Feng-3, um míssil que, disparado 
a partr de um sistema de lançamentos 
KZ-11, seria capaz de aniquilar satélites 
americanos. A arma pode alcançar uma 
altra de 30 mil quilômetos a partr 
da superfície da Terra, o suficiente pa-
ra atngir boa parte dos satélites em 
funcionamento.
A China, aliás, é o segundo país com 
mais satélites de inteligência, vigilância 
e reconhecimento. Fica atás apenas dos 
Estados Unidos. Dos 120 artefatos desse 
tpo que Pequim já lançou ao espaço, 
metade são operados por militares. Os 
chineses estão ainda desenvolvendo 
protótpos de satélites blindados, que 
poderiam ser lançados conta outos e 
provocar danos. Ou seja, além de for-
necer dados, esses equipamentos se-
riam capazes de atngir artefatos dos 
concorrentes.
É assim, apostando no poder ma-
rítimo, nas armas ultratecnológicas 
de longo alcance e no controle do 
espaço que a China corre para che-
gar à metade do século 21 como uma 
superpotência, capaz de dividir com 
os EUA (e talvez a Rússia) o destino 
do planeta. 
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34 — exércitos do mundo
O RatO 
que Ruge
0
porta- 
aviões
30
armas 
nucleares 
ativas
(incerto)
CorEia do Norte
PoPulação: 25,9 milhões
oRçaMENTo MIlITaR: US$ 7,5 bilhões
alIados 
China, Cuba, 
Madagascar, Zimbábue
advERsáRIos 
Coreia do Sul, Japão, EUA
949
aeronaves
967
navios 
458
caças
86
submarinos
498
bombardeiros
/ataque a solo
1.280.000
efetivos
6.075
tanques
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— 35 
a
A esquisitice começa pela estut-
ra: tecnicamente, não existem Exército, 
Marinha e Aeronáutca norte-coreanos. 
O Exército do Povo da Coreia nem é um 
exército do país – é uma insttição do 
Partdo dos Trabalhadores da Coreia, 
que domina o país desde sua fundação 
em 1946. É dento desse exército – sob o 
comando direto do Supremo Líder King 
Jong-un, que por conta disso também 
tem o títlo de Marechal – que se lo-
calizam cinco departamentos: Força 
Terreste, Marinha, Força Aérea, Força 
de Foguetes Estratégicos e Força de 
Operações Especiais.
Em números absolutos, 1,280 milhão 
de atvos, é uma força respeitável – a 
quarta maior do mundo. Mas fica maior 
pondo em perspectva que, num país 
com menos de 26 milhões de pessoas, 
é 5% da população. Compare aos 0,16% 
do Brasil, 0,4% dos EUA ou 0,1% de Ín-
dia e China. Fica ainda mais impressio-
nante quando você considera as forças 
paramilitares, quase 6 milhões teina-
dos e potencialmente capazes – como a 
Jovem Guarda Vermelha, universitários 
que são obrigados a um regime de tei-
namento de quato horas por semana. 
No fim das contas, 25% da Coreia do 
Norte é militar ou paramilitar. E nem 
contamos os militares na reserva, que 
são mais de 6,3 milhões.
Mas a vantagem para no pessoal. Pre-
visivelmente, os equipamentos da Coreia 
do Norte são principalmente armas dos 
tempos da metade da Guerra Fria ou até 
antes. O país opera tanques soviétcos 
e chineses, inclusive 650 dos famosos 
T-34 soviéticos da Segunda Guerra. 
Mas também um número considerável 
de duas criações locais, o Chonma-
-ho, atalização do T-62 soviétco, e o 
Pokpung-ho, uma amálgama de vários 
designs estangeiros - ninguém sabe o 
quão eficientes seriam na prátca.
Os aviões também incluem algumas 
peças incrivelmente vintage, como o 
bombardeiro Ilyushin Il-28, que pri-
meiro voou em 1948, e outas menos, 
como o MiG-29, de 1982. 
A Marinha é caso ainda mais crít-
co. Com a Coreia do Norte tendo duas 
costas separadas pela Coreia do Sul, e 
sem acesso ao mar aberto, cada uma de 
suas duas alas simplesmente não poderia 
ajudar a outa em caso de guerra. Seus 
navios são antgos e lentos – a maioria 
do enorme número na página ao lado é 
de pequenas lanchas de patulha. 
arsenal de truques 
O trunfo real da Coreia do Norte é, 
já alvo de tantos embargos, nem ter a 
intenção de jogar “limpo”. Toda sua es-
tatégia, em que pesem tantos soldados 
e tantas armas convencionais, é basea-
da em guerrilha. Causar o maior dano 
ao invasor, a ponto de tornar o ataque 
inimigo politcamente insustentável.
 Autoridades dos EUA e Coreia do 
Sul afirmam que o país, mesmo tendo 
assinado o Protocolo de Genebra, que as 
proíbe, tem um arsenal considerável de 
armas químicas e biológicas. Um indí-
cio disso teria sido o assassinato de Kim 
Jong-nam, o irmão mais velho do líder 
supremo, em 2017, com o agente ner-
voso VX. E, ente muita especulação, 
surge até a exótca palavra “nano-armas” 
 – o próprio Kim Jong-un acusou a CIA 
de tentar usar “nanoveneno” para as-
sassiná-lo. Nanopartículas podem ser 
tóxicas sem causar reações químicas, 
causando dano físico, mais ou menos 
como amianto nos pulmões, só que 
mais rápido. A famosa “buckyball”, 
C-60, uma bolinha geodésica de car-
bono, pode destuir células ao contato.
Ficção científica? Que tal um fuzil 
laser? O “fuzil” ZM-87 tem mais de 20 
anos. É uma criação chinesa dos anos 
1990 e só é capaz de cegar, não cortar 
alguém em dois. Armas desse tpo são 
proibidas pelo Protocolo de Banimento 
de Armas Laser Cegantes da ONU, de 
1995. Podem mutlar pilotos sem volta, 
mas também ser usadas para destuir 
sistemas de infravermelho.
Outa arma exótca: torpedos huma-
nos: com um mergulhador montado em 
cima, numa cadeira e exposto, são pilo-
tados até o alvo. O mergulhador salta 
antes do impacto. Isso foi usado com 
sucesso na Segunda Guerra por italia-
nos, alemães e ingleses. A história foi 
contada pelo dissidente Kang Myung 
Cheol, ao aparecer num barco de madei-
ra na Coreia do Sul em 2010. Ele ainda 
falou que os pilotos são teinados para 
sobreviver em alto-mar por tês dias. 
Mas a cereja do bolo, é óbvio, são as 
armas nucleares. Apesar das ameaças e 
tentatvas desde o seu primeiro teste, em 
2006, os líderes norte-coreanos sabem 
muito bem o quanto a sobrevivência de 
seu regime depende delas. Era então uma 
arma primitva, de primeira geração. Em 
2017, fizeram um teste do que disseram 
ser uma bomba termonuclear, imensa-
mente mais potente. Autoridades inter-
nacionais, que avaliaram o resultado pelo 
abalo sísmico causado, não chegaram a 
um consenso se foi mesmo um artefato 
desse tpo. Tenham o que tenham, o 
míssil mais potente da Coreia do Norte, 
o Hwasong 15, supostamente é capaz de 
atngir Washington. 
É sob essa posição que as negocia-
ções com o país ermitão estão andando. 
Em 30 de junho, Donald Trump se tor-
nou o primeiro presidente americano 
a pisar no solo do país, junto com o 
presidente sul-coreano Moon Jae-in. 
O plano é desnuclearizar e integrar a 
Coreia do Norte. Mas o país irá aceitar 
abrir mão de seu único tunfo?
País-ermitão é cheio de 
peculiaridades também 
em

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