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Didática Geral Didática Geral CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Disciplina: Didática Geral - Profª. Ms. Pricila Bertanha Meu nome é Pricila Bertanha. Tenho como formação inicial o Magistério (docência do 1º ao 5º ano e Pré-escola). Formei-me em Pedagogia em 1996, com habilitação em Orientação Educacional, na Unesp/Rio Claro. Entre os anos de 1997 e 1999, fiz o Mestrado em Educação Especial, na Universidade Federal de São Carlos. Atualmente coordeno o Curso de Pedagogia do Centro Universitário Claretiano e atuo também como professora de Didática nos Cursos de Pedagogia e Matemática. Participo como docente dos Cursos de Pós-graduação em Psicopedagogia no Processo Ensino Aprendizagem, Educação Infantil e Alfabetização do Claretiano, unidade de Batatais (SP). e-mail: pedagogia@claretiano.edu.br Prof a. Ms. Pricila Bertanha Guia de Disciplina Caderno de Referência de Conteúdo Didática Geral © Ação Educacional Claretiana, 2005 – Batatais (SP) Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP) Curso: Graduação Disciplina: Didática Geral Versão: fev./2010. Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. Ronaldo Mazula Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. Ronaldo Mazula Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EAD: Prof. Artieres Estevão Romeiro Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aletéia Patrícia de Figueiredo Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Elaine Aparecida de Lima Moraes Elaine Cristina de Sousa Goulart Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luiz Fernando Trentin Patrícia Alves Veronez Montera Rosemeire Cristina Astolphi Buzelli Simone Rodrigues de Oliveira Revisão Felipe Aleixo Isadora de Castro Penholato Maiara Andréa Alves Rodrigo Ferreira Daverni Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Renato de Oliveira Violin Tamires Botta Murakami Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Centro Universitário Claretiano Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretiano.edu.br SUMÁRIO GUIA DE DISCIPLINA 1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ VII 2 DADOS GERAIS DA DISCIPLINA .......................................................................... VII 3 CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................. VII 4 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ...................................................................................... IX 5 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .......................................................................... X CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 1 INTRODUÇÃO À DISCIPLINA AULA PRESENCIAL ............................................................................................... 3 UNIDADE 1 – DIDÁTICA: VISÃO HISTÓRICA, CONCEITUAÇÃO E OBJETO DE ESTUDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6 2 ORIGEM DA DIDÁTICA ....................................................................................... 6 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 11 4 E-REFERÊNCIAS ............................................................................................... 12 UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO ESCOLAR: CONCEITUAÇÃO, IMPORTÂNCIA E ELABORAÇÃO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14 2 PLANEJAMENTO: CONCEITUAÇÃO E IMPORTÂNCIA ................................................ 14 3 CONVERSANDO A RESPEITO DO PLANEJAMENTO ................................................. 18 4 PLANO DE ENSINO ............................................................................................ 21 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 23 UNIDADE 3 – OBJETIVOS DE ENSINO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 26 2 OBJETIVOS DE ENSINO ..................................................................................... 26 UNIDADE 4 – CONTEÚDOS DE ENSINO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 30 2 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................... 30 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35 UNIDADE 5 – AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO ESCOLAR 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 38 2 CARACTERIZANDO O PROCESSO DE AVALIAÇÃO ................................................... 38 3 CONCEITUAÇÃO E IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO .................................................. 39 4 TIPOS DE AVALIAÇÃO ........................................................................................ 42 5 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO .......................................................................... 47 6 SINTETIZANDO ................................................................................................ 50 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50 8 E-REFERÊNCIAS ............................................................................................... 51 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 51 1 Apresentação Seja bem-vindo! Você iniciará o estudo da Didática Geral, uma das disciplinas que compõem os cursos de Licenciaturas, na modalidade EAD. Teremos muito prazer em desenvolver essa disciplina com você. Vamos juntos descobrir e aprofundar reflexões de uma didática comprometida com a formação do professor/educador. A Educação a Distância exigirá uma nova forma de estudar, pois você será o protagonista de sua aprendizagem. Entretanto, isso não significa que você estará sozinho. Ao contrário, fará parte de um grupo colaborativo/cooperativo que tem como objetivo a construção do conhecimento. Nosso lugar de encontro permanente será um ambiente virtual de aprendizagem, e nosso principal espaço será a Sala de Aula Virtual, criada especialmente para que você marque sua presença e participe ativamente dos debates. É um desafio que juntos poderemos assumir e levar adiante. Ele dependerá de sua dedicação para que o crescimento pessoal e profissional aconteça efetivamente. Ao iniciar esta disciplina, você precisará acompanhar os eventos de aprendizagem e interagir constantemente com seus tutores e colegas de curso. Assim, ficará sempre atualizado não só com o conteúdo da disciplina, mas também com as discussões no Fórum. Portanto, se ficar atento, participar e interagir, ficará mais fácil acompanhar o desenvolvimento do conteúdo e, com isso, beneficiar-se do alargamento de idéias que trazem as discussões e os debates. E você se sentirá estimulado a continuar e desenvolver mais este projeto em sua vida. Aceite, pois, o desafio, participe com seu grupo e abra novas oportunidades. Conhecimentoé cidadania! 2 Dados gerais da disciplina Ementa Didática: visão histórica, conceituação e objeto de estudo. Planejamento Escolar: conceituação, importância e elaboração. Objetivos de Ensino. Conteúdos de Ensino. Avaliação do Rendimento Escolar. Objetivo geral Os alunos de Didática Geral dos cursos de graduação, na modalidade EAD do Claretiano, dado o Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas ferramentas, terão condições de focalizar o campo da Didática nas experiências históricas da educação e da escolarização. Eles também irão identificar os temas de interesse da Didática, seus fundamentos e poderão interpretar as características do processo de ensino como objeto de estudo da Didática. Com esse intuito, os alunos contarão com recursos técnico-pedagógicos facilitadores de aprendizagem, como material didático mediacional, bibliotecas físicas e virtuais, ambiente virtual e acompanhamento do tutor complementado por debates no Fórum e na Lista. G U IA D E D IS C IP L IN A GUIA DE DISCIPLINA CRC • • • © Didática GeralVIII Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais Ao final desta disciplina, de acordo com a proposta orientada pelo tutor, os alunos estarão aptos para realizar análises, elaborar textos abordando os temas mais importantes discutidos nos Fóruns e responder questões sobre os conteúdos estudados, publicando-os no Portfólio. Para esse fim, levarão em consideração as ideias debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas, bem como o que produziram durante o estudo. Competências, habilidades e atitudes Ao final deste estudo, os alunos dos cursos de graduação contarão com uma sólida base teórica para fundamentar criticamente sua prática educacional/profissional. Além disso, adquirirão não somente as habilidades para cumprir seu papel de docente/ profissional nesta área do saber, mas também para agir com ética e com responsabilidade social, contribuindo, assim, para a formação integral do ser humano, especialmente dos alunos. Modalidade ( ) Presencial ( X ) A distância Duração e carga horária A carga horária da disciplina Didática Geral é de 60 horas. O conteúdo programático para o estudo das cinco unidades que a compõe está desenvolvido no Caderno de referência de conteúdo, anexo a este Guia de disciplina, e os exercícios propostos constam do Caderno de atividades e interatividades (CAI). ATENÇÃO! É importante que você releia no Guia Acadêmico do seu curso as informações referentes à Metodologia e à Forma de Avaliação da disciplina Didática Geral, descritas pelo tutor na ferramenta “cronograma” na Sala de Aula Virtual – SAV. Considerações gerais3 A Didática Geral ajudará você, futuro educador, a lançar um olhar reflexivo para a educação, a escola, o professor, o educando, enfim para os processos de ensino e de aprendizagem. Procuramos apresentar uma Didática diversificada e reflexiva, desvencilhada da idéia tecnicista. A partir deste momento, surge a oportunidade para você refletir e trocar idéias sobre a prática pedagógica no contexto dos ensinos fundamental e médio, os quais serão seus campos de atuação. É importante que você tenha lido atentamente as informações contidas nesse Guia de disciplina. Participar é importante. Entre em nossas salas de aula virtuais utilizando seu login e sua senha e utilize as várias ferramentas colocadas à sua disposição. Ou, se você ainda não tem acesso à Internet, participe também por fax, correio ou telefone. GUIA DE DISCIPLINA Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC IXBatatais – Claretiano Lembre-se de que você não ficará sozinho! Estaremos à sua disposição para maiores esclarecimentos nas trocas de e-mails, nas interações no Fórum, na Lista ou no Portfólio e, também, pelo correio, telefone e fax. Ah! É importante ressaltar que você poderá estudar junto com seus amigos, ou encontrá-los para uma discussão mais ampla no Fórum ou na Lista. Que estas palavras tenham sido esclarecedoras para você. Bom estudo! BiBliografia BásiCa 4 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997. LOPES, A. O. Repensando a didática. 20. ed. Campinas: Papirus, 2003. REVISTA IDÉIAS. Didática e a escola do 1o. grau. São Paulo: FDE, 1991. BiBliografia Complementar5 CASTRO, A. D. de. Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira, 2001. COMENIO, J. A. Didactica magna. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. HERNADNÉZ, F., Ventura, M. Organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998. MIZUKAMI, M. das G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. PIMENTA, Selma Garrido. De professores, pesquisa e didática. Campinas: Papirus, 2002. SCHON, D. A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. VEIGA, I. P. A. Prática pedagógica do professor de didática. 2. ed. Campinas: Papirus, 1992. ______. Técnicas de Ensino: por que não? Campinas: Papirus, 2000. WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Ática, 2000. introdução1 Anotações Anotações “Escola é...o lugar onde se faz amigos não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, O coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém. Nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora , é lógico...numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz” (Paulo Freire). Fonte: Disponível em: <http://www.paulofreire.org/>. (Acesso em: 31 mar. 2004). Seja bem-vindo! Como você viu no Guia de disciplina, Didática Geral, é mais uma das disciplinas que compõem os Cursos de Licenciaturas, na modalidade EAD. Nesta parte, chamada Caderno de referência de conteúdo, você encontrará o conteúdo das cinco unidades em que se divide a apresente disciplina. Na disciplina de Didática Geral, você terá a oportunidade de: • discutir, analisar e compreender o contexto histórico da didática e sua conceituação; • encaminhar o ato de planejar, bem como sua formalização em plano de ensino e aula; • compreender a importância da elaboração e concretização dos objetivos de ensino; • discutir e aprender a selecionar e a organizar os conteúdos de ensino para que possam ser traduzidos claramente aos educandos; • compreender a importância do ato avaliativo no processo ensino- aprendizagem. A didática configura-se como a área que tem como objetivo a compreensão da prática pedagógica e a construção de maneiras de nela intervir, que favoreçam a formação de educadores reflexivos, críticos e comprometidos com a educação para todos. Não tenha receio! Aceite o desafio! Venha fazer parte desse novo processo da construção coletiva do saber! C A D E R N O D E R E F E R Ê N C IA D E C O N T E Ú D O APRESENTAÇÃO Anotações Anotações IN T R O D U Ç Ã O À D IS C IP L IN A AULA PRESENCIAL Objetivos • Interpretar o papel da disciplina Didática Geral no contexto da formação de futuros educadores. • Entender como será desenvolvida a disciplina Didática Geral em EAD e nos momentos presenciais. • Interagir com os alunos do curso e o professor/tutor. Conteúdo • Na primeira aulapresencial, vamos nos conhecer, apresentar a disciplina, seus objetivos, sua metodologia e o processo de avaliação. Vamos construir nossa ambientação e preparar os assuntos de nossas próximas aulas. Anotações U N ID A D E 1 Anotações introdução1 DIDÁTICA: VISÃO HISTÓRICA, CONCEITUAÇÃO E OBJETO DE ESTUDO Objetivos • Focalizar o campo da Didática nas experiências históricas da educação e da escolarização. • Identificar os temas de interesse da Didática e seus fundamentos. • Interpretar as características do processo de ensino como objeto de estudo da Didática. Conteúdo • A primeira temática a ser estudada refere-se ao histórico da Didática, sua conceituação, objeto de estudo e discussões a respeito de educação, escola, sala de aula, professor e aluno. CRC • • • © Didática Geral6 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 1 introdução1 Na Unidade I, você vai saber como a Didática tem influenciado as experiências históricas da educação e da escolarização. Você vai conhecer também os temas de interesse da Didática e seus fundamentos e, também, porque a Didática se preocupa com o processo de ensino. Para iniciar nossa conversa, vamos fazer uma breve análise da história da Didática. O estudo dessa trajetória vai ajudar você a entender as raízes e as novas possibilidades dessa disciplina na formação do professor, como subsídios para sua prática pedagógica. Nossa viagem é um pouco longa... origem da didátiCa2 Para entender o que é didática, precisamos retornar à Grécia Antiga... Quem foram os gregos? Figura 1 - Registro da cultura grega. A cultura helênica (grega) desenvolveu-se no período histórico que vai de 2000 a.C. até 146 a.C. A influência dos gregos afetou e continua a afetar toda a civilização ocidental. Deles herdamos a volorização do pensamento, da arte, da cidadania, da liberdade e da harmonia do corpo e da mente. Desde pequena, as crianças gregas recebiam instrução: aprendiam a ler e a escrever, brincavam e faziam exercícios físicos, eram estimuladas a participar da vida cívica e cultural. Figura 2 - “A Escola de Atenas”– detalhe do afresco de Rafael, mostrando ao centro Platão e Aristóteles, cuja influência foi marcante no Ocidente. Veja o que Castro1 (1991, p. 16) afirma a respeito da Didática: A inauguração de um campo de estudos com esse nome tem uma característica que vai ser reencontrada na vida histórica da Didática: surge de uma crise e constitui um marco revolucionário e doutrinário no campo da educação. Da nova disciplina espera-se reformas da humanidade, já que deveria orientar educadores e destes, por sua vez, dependeria a formação das novas gerações. Justificava-se, assim, as muitas esperanças nela depositadas, acompanhadas, infelizmente, de outras tantas frustrações. ATENÇÃO! Você já deve ter ouvido estas frases: A professora de Matemática tem didática ao explicar uma expressão numérica! Aquele professor tem didática! INFORMAÇÃO: A palavra Didática vem do grego DIDAKTIKÉ e significava a arte de ensinar/instruir. 1 Amélia Domingues de Castro é doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 7Batatais – Claretiano UNIDADE 1 Como surgiu a Didática? As primeiras idéias a respeito da Didática surgiram em países da Europa Central. Dois nomes se destacam como os mais importantes educadores dessa época: Ratíquio2 e Comênio3. Segundo Comênio, o método de ensino deve seguir alguns passos importantes: • ensinar tudo o que se deve saber; • mostrar a aplicação prática de tudo o que é ensinado; • explicar de maneira direta e clara; • ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas; • explicar primeiro os princípios gerais; • ensinar as coisas em seu devido tempo; • persistir em um assunto até sua perfeita compreensão; • dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas. Comênio escreveu uma obra importantíssima e marcante para a história da Didática: a Didática Magna4 que possuía um caráter revolucionário e pautava-se por ideais ético-religiosos. Neste documento, foi desenvolvido um método único para ensinar tudo a todos. Comênio preocupava-se especialmente com o ato de ler e de escrever, começando pela língua materna, em uma época em que predominava o latim. Esse ensino deveria ser destinado a todos, sem a intervenção da Igreja Católica, que, a esta altura, já tinha instalado seu projeto educacional para a educação de jovens e adultos, por intermédio da Companhia de Jesus, com a obra Ratio atque Institutioni Studiorum (Método Pedagógico dos Jesuítas). Mas, qual a idéia de Didática para Comênio? Um processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer reino cristão, cidades, aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da puberdade, instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez (COMÊNIO apud PIMENTA, 2002, p. 43). Didática comeniana Veja o princípio da Didática comeniana: O fundamento dá-se na própria natureza. Perfeita, como criação divina, ela fornece em seu processo evolutivo as bases para o ensino, no qual é preciso: • partir do simples para o complexo; • desenvolver cada etapa a seu tempo; • partir da crença de que todo fruto amadurece, mas precisa de condições adequadas. INFORMAÇÃO: Você sabia que a definição da Didática constituiu a primeira tentativa que se conhece de agrupar os conhecimentos pedagógicos? 2 Ratíquio ou Wolfgang Ratke nasceu no Holstein (1571-1635). 3 João Amós Comênio (1582-1670) nasceu na Moravia. Monge luterano, filósofo e teólogo, é considerado um dos primeiros pedagogos da história. Em 1632, escreveu Didática Magna, que serviu de base às reformas educacionais em diversos países da Europa. Para saber mais sobre a vida e obra deste autor visite o site disponível em: <http://www. centrorefeducacional.com. br/comenius.htm>. Acesso em: abr. 2004. 4 Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. Comênio. Didática Magna. Fundação Gulbenkian. Coimbra, 1966. CRC • • • © Didática Geral8 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 1 Sua verdade é demonstrada com exemplos paralelos das artes mecânicas: criações do homem com base no funcionamento da natureza. O curso dos estudos é distribuído por anos, meses, dias e horas; e, por fim, é indicado um caminho fácil e seguro para pôr em prática essas coisas com bom resultado (COMÊNIO apud PIMENTA5, 2002, p. 43). Segundo Castro (1991, p. 16), “tem-se notícias de experiências educacionais realizadas conforme os princípios expostos, embora nem todas tivessem tido sucesso”. Um pouco mais tarde, no século XVIII, aparece Rousseau6, o autor da segunda revolução da didática. Ele não colocou a didática em prática, nem organizou métodos. No entanto, sua obra chamada Emílio tornou-se manifesto do novo pensamento pedagógico e assim permanece até nossos dias. Nessa obra, Rousseau pretendeu provar que é bom tudo o que sai das mãos do criador da Natureza e que tudo degenera nas mãos do homem. Pregou que à criança deveria ser dada a possibilidade de um desenvolvimento livre e espontâneo. O primeiro livro de leitura deveria ser Robinson Crusoé, considerado um tratado de educação natural. A educação deveria ser a própria vida da criança. A obra de Rousseau deu origem a um novo conceito de infância – ressaltando-a e transformando o método de ensinar em um procedimento natural, que deveria ser exercido sem pressa. A valorização da infância aguardou mais de um século para concretizar-se. Podemos dizer que Comênio, ao seguir as pegadas da natureza, pensava em domar as paixões das crianças, enquanto Rousseau partiu da idéia da bondade dohomem, corrompido pela sociedade (CASTRO, 1991). No século seguinte, Herbart7, desejando ser o criador da Pedagogia Científica, defendeu a educação pela instrução, criando os passos formais da aprendizagem: • clareza (na exposição); • associação (dos conhecimentos novos com os anteriores); • sistema; • método. Mais tarde, esses passos receberam nova divisão: • preparação (da aula e da classe: motivação); • apresentação; • sistematização; • aplicação (dos conhecimentos adquiridos). Com essa didática, Herbart enfatizou o papel do professor no processo de ensino. Como você pôde constatar, Rousseau ressaltava a criança, o aluno, como o sujeito que aprende; já Herbart, dava importância ao método, que pode ser interpretado como uma retomada ao desejo de um método único elaborado por Comênio em sua Didática Magna. Com Rousseau, temos lançadas as bases da Escola Nova, que questiona o método único e a valorização dos aspectos externos ao sujeito-aprendiz decorrentes de Herbart. Pode-se traduzi-la como: 5 Selma Garrido Pimenta. Professora titular de Didática na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Possui vários livros publicados: O pedagogo na escola pública (Loyola); O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? (Cortez). 6 Jean-Jacques Rousseau(1712-1778), filósofo e escritor. Nasceu em Genebra, na Suíça, e morreu na França. Nasceu protestante, tornou-se católico e depois retornou a sua religião de origem. 7 Johann Friedrich Herbart (1776-1841), filósofo, teórico da educação e psicólogo alemão. introdução1 Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 9Batatais – Claretiano UNIDADE 1 introdução1 Movimento que propôs alteração significativa nos métodos de ensinar baseados na atividade do aprendiz. Formulado com base nas contribuições de Pestalozzi (1749- 1827), do alemão Kerschensteiner (1854-1932) e do francês Decroly (1871-1932), autores europeus cujas idéias conviviam com a época em que a criança passava a ser valorizada no bojo do desenvolvimento industrial e da expansão da escolaridade pública, considerada esta como direito e, ao mesmo tempo, requisito para a formação de mão de obra do nascente capitalismo. Esse movimento expande-se com as idéias da médica italiana Maria Montessori (1870-1952) e do filósofo americano John Dewey (1870-1952), que teve por discípulo Anísio Teixeira (1900-1972), principal responsável pela formulação e expansão desse movimento no Brasil (PIMENTA, 2002, p. 44, grifo nosso). O movimento escolanovista muda o aspecto da Didática, enfatizando o aluno como agente ativo da aprendizagem e valorizando os métodos que respeitassem a natureza da criança, que a motivassem e a estimulassem a crescer. No entanto, Saviani8 (1992) faz uma crítica à Escola Nova, ressaltando que quanto mais se falou em democracia no interior da escola, menos ela esteve articulada com a construção de uma ordem democrática. Segundo o autor, ao formular sistemas de ensino, a burguesia colocou a escolarização como uma das condições para a consolidação da ordem democrática. Como era vista a Didática? Infelizmente, a Didática era considerada como uma forma de exclusão social. Por quê? Se os alunos aprendem ou não – embora sejam considerados os sujeitos do processo - a responsabilidade não é dos professores, de sua didática, de seus métodos, do que ensinam, das formas de avaliar e de como se relacionam com os alunos, nem das escolas, da forma como estão organizadas e selecionam seus alunos. Ambos, escolas e professores cumpriam seus papéis. Se os alunos não tinham capacidade para aprender, a responsabilidade escapa à escola e aos professores. Nesse contexto, no sentido de teoria do ensino, a Didática reduziu-se a métodos e a procedimentos compreendidos como aplicação dos conhecimentos científicos e traduzidos em técnicas de ensinar. Já nos anos 60, com a informática, acentua-se o surgimento das técnicas e das tecnologias, como o novo paradigma didático. Ou seja, o campo do didático se resumiria ao desenvolvimento de novas técnicas de ensinar, e o ensino, à aplicação delas nas diversas situações. Uma nova conceituação de Didática aparece nesse cenário: a ela caberia fornecer aos futuros professores os meios e os instrumentos eficientes para o desenvolvimento e o controle do processo de ensinar, tento em vista a maior eficácia nos resultados do ensino. Nesse panorama de processo-produto, não cabe à Didática questionar os fins do ensino, uma vez que já estão previamente definidos pela expectativa que a sociedade (dominante) tem da escola: preparar para o mercado de trabalho – critério para a avaliação do sistema escolar. Essa didática instrumental infiltra fortemente os cursos de licenciatura e passa a ser desejada pelos licenciados, ansiosos por encontrar uma saída única – um método, uma técnica – capaz de ensinar a toda e qualquer turma de estudantes, independente de suas condições sociais e pessoais (PIMENTA, 2002, p. 47). 8 Demerval Saviani é professor titular do Departamento de Filosofia e História da Educação da Unicamp. CRC • • • © Didática Geral10 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 1 Didática: objeto de estudo A partir dos anos 80 e 90, o estudo da Didática tornou-se mais intenso; e essa discussão nos permitirá compreender qual é seu objeto no contexto educacional: o processo de ensino. Em certos momentos da História, o ensino foi entendido como modelagem ou armazenamento; em outros, como desenvolvimento ou desabrochamento. Assim, novos modelos de interpretar o ensino desencadeiam novos nomes para denominá-lo, como, por exemplo, direção da aprendizagem; conseqüentemente, vão surgindo novos adjetivos para a disciplina que dele se ocupa: a Didática. O objeto da Didática é o ensino, visto tanto como intenção de produzir aprendizagem e sem delimitação da natureza do resultado possível, quanto desenvolvimento da capacidade de aprender e compreender. Fica fácil entender que, para a Didática ganhar qualidade, deve estender suas fronteiras rumo à Psicologia, Sociologia, Política e Filosofia. Vamos fazer algumas considerações a respeito da trajetória, conceituação e objeto de estudo da Didática? Para isso, Castro (1991) pode auxiliar-nos com algumas idéias. O itinerário feito do século XVII até nossos dias indicou dois marcos no desenvolvimento histórico da Didática: • 1o marco: O primeiro objeto de estudo foi o Método, que correspondia ao modo de agir sobre o educando, mas que recuou quando o aprendiz apareceu como sujeito do processo. • 2o marco: No século XIX, o método foi enfatizado, ressaltando as características de ordem e seqüência no processo didático antes que a Escola Nova recorresse à Psicologia da criança. No entanto, a Didática está ainda impregnada da agitação da época e continua sendo objeto de estudo de pesquisas e exploração. Libâneo9 (1990) critica o conceito de ensino quando visto apenas como a transmissão da matéria aos alunos, realização de exercícios repetitivos, memorização de definições e fórmulas. Segundo o autor, devemos entender o processo de ensino como: O conjunto de atividades organizadas do professor e dos alunos, visando alcançar determinados resultados (domínio de conhecimentos e desenvolvimento da capacidades cognitivas), tendo como ponto de partida o nível atual de conhecimentos, experiências e de desenvolvimento mental dos alunos (LIBÂNEO, 1990, p. 79). A especificidade do trabalho do professor é combinar a atividade didática entre ensino e aprendizagem, mediante o processo de ensino. Para assegurar que o aluno aprenda, ou melhor, apreenda, o professor precisa: • ter claro os objetivos de ensino; • saber explicar a matéria (tornar acessível ao aluno); PARA VOCÊ REFLETIR: Atualmente o foco da Didática é o processo de ensino, que revela uma intenção: a de produzir aprendizagem; ou seja, o ensino que implica desenvolvimento, melhoria,que não apenas se limita ao avanço cognitivo intelectual, mas também que envolva igualmente a afetividade, a ética, a sociabilidade, os aspectos físicos e estéticos, para o desenvolvimento integral do ser humano. Você concorda com esta afirmação? Porque? ATENÇÃO! Registre suas reflexões no Bloco de Anotações ou no seu caderno de anotações, pois elas serão úteis pra elaboração do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Fonte: Foto gentilmente cedida por Lúcia de Fátima Libâneo. 9 José Carlos Libâneo. Doutor em Filosofia e História da Educação pela PUC/São Paulo. Atualmente é docente na Universidade Católica de Goiás. Seus livros: Didática (Cortez); Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente (Cortez). Pesquisa e publica artigos a respeito de Teoria da Educação, Didática e organização escolar. Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 11Batatais – Claretiano UNIDADE 1 • buscar conhecer o que os alunos já sabem sobre o assunto estudado; • motivar o aluno para estudar a matéria nova, ou seja, é necessário que a matéria tenha significado e utilidade para a vida diária dos educandos. Como o professor pode garantir o desenvolvimento global dos alunos? Ao organizar o processo de ensino, é preciso articular com clareza os seguintes elementos: • objetivos; • conteúdos; • métodos e avaliação. Estejamos atentos ao grande desafio do momento: “a superação de uma Didática exclusivamente instrumental e a construção de uma Didática fundamental” (CANDAU10, 1984, p. 21). referênCias BiBliográfiCas3 CANDAU, V. M. Rumo a uma nova Didática. Petrópolis: Vozes, 1991. CASTRO, A .D. de. A Trajetória histórica da Didática. In: Idéias. São Paulo: FDE, 1991.p. 15-25. ________. Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira, 2001. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. ________. A didática e as tendências pedagógicas. In: Idéias. São Paulo: FDE, 1991. p. 26-36. PIMENTA, S. G. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002. VALE, M. I. P. As questões fundamentais da Didática. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995. SITES SUGERIDOS Grandes Mestres da Educação. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/mestres. html>. Acesso em: 31 mar. 2004. Disponível em: <http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/166_out03/html/aquele>. Acesso em: 31 mar. 04. SUGESTÕES DE FILMES • O Preço do Desafio • Ao mestre com carinho • Matilda • Mentes Perigosas • Nenhum a menos • Sociedade dos poetas mortos (10) Vera Maria Ferrão Candau. Licenciada em Pedagogia. Universidade Católica do Rio de Janeiro. Doutora em Educação pela Universidade Complutense. Madrid . Espanha. Professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC). Disponível em <http://www.piie. cl/seminario/candau.htm>. Acesso em: 31 mar. 2004. ATENÇÃO! Você é sujeito de sua aprendizagem! Participe e interaja com seus colegas de curso e tutores. Alargue seus conhecimentos mediante a construção colaborativa do conhecimento em ambiente virtual. ATENÇÃO! Sugerimos a leitura dos livros citados na bibliografia. CRC • • • © Didática Geral12 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 1 e-referênCias4 6 Jean-Jacques Rousseau. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/rousseau.html>. Acesso em: 31 mar. 2004. 7 Johann Friedrich Herbart. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per13.htm>. Acesso em: 31 mar. 2004. 8 Demerval Saviani. Disponível em <http://www.literario.com.br/saviani.jpg>. Acesso em: 1 abr. 2005. introdução1 U N ID A D E 2 PLANEJAMENTO ESCOLAR: CONCEITUAÇÃO, IMPORTÂNCIA E ELABORAÇÃO Objetivos • Reconhecer o planejamento como uma ação pedagógica essencial ao processo de ensino, superando sua concepção mecânica e burocrática no contexto do trabalho docente. Conteúdo • A temática refere-se ao estudo do planejamento como processo primordial para a organização das situações do ensino e da aprendizagem. CRC • • • © Didática Geral14 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 introdução1 Na Unidade I, você estudou o histórico e a conceituação de Didática. Trocou idéias a respeito do processo de ensino, viu como a Didática tem influenciado as experiências históricas da educação e da escolarização. Você conheceu também vários educadores que contribuíram para que a Didática ocupasse seu lugar no processo de ensino-aprendizagem. Nesta unidade, você entenderá o planejamento como uma ação pedagógica essencial ao processo de ensino, superando sua concepção mecânica e burocrática no contexto do trabalho docente. A partir desse momento, vamos trocar idéias sobre como planejar o ensino. Você terá um texto para leitura, no qual aparecerão diversas atividades de reflexão pessoal que você poderá socializar na Lista, fax, correio ou telefone. planejamento: ConCeituação e importânCia2 Definindo planejamento Vejamos duas definições: Ato ou efeito de planejar. Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. Processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações, visando à consecução de determinados objetivos (Dicionário Aurélio). O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação (LIBÂNEO, 1994, p. 221). Antes de iniciarmos a discussão a respeito de planejamento, vamos ler um texto de Romão e Padilha, da Série de Estudos do Ministério da Educação: Construindo a Escola Cidadã: Projeto Político Pedagógico1 (BRASIL, 1998, p. 53-55): Início do ano letivo. Dia de reencontros explosivos, de abraços meteóricos. Uma atmosfera cor-de-rosa entre docentes e equipe diretiva, antigos companheiros de trabalho. Professoras e professores, recém-ingressantes, também participam da confraternização. Por outro lado, olhares curiosos, cautelosos, alguma aproximação, alguma retração, mas, de qualquer maneira, um clima de alegria. Vai começar a primeira reunião de um novo trabalho educativo. Educar é uma luta constante, é um novo recomeçar, todos concordam. A diretora da escola exercita sua pontualidade. O coordenador pedagógico convida os presentes, com sua voz grave, a se encaminharem para uma sala de aula onde a reunião se realizará. Uma professora chega atrasada na ponta dos pés, observada carinhosamente por seus colegas. PARA VOCÊ REFLETIR: O que é planejar? O que é realizar um planejamento? ATENÇÃO! Convidamos você a dedicar um pouco de seu tempo na leitura desse texto. Trata-se de um relato significativo, transcrito que se fosse resumido ou em parte não traduziria o “clima pedagógico” oculto nas entrelinhas que os autores quiseram transmitir. 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Em seguida, passa a palavra à senhora diretora, que fala um pouco sobre a organização da escola, dedicando-se mais à “parte administrativa”. Ela distribui uma pauta mimeografada, com os itens que estarão sendo discutidos: entrega de documentos; pontualidade dos professores na entrada e saída; novo código disciplinar para os alunos, definido pela equipe diretiva durante as férias dos professores; elaboração de horário de aulas; novas regras para utilização da cantina; novos horários de intervalos; lista de alunos das novas turmas; crachás para as primeiras séries, entre outros. Agora, o coordenador pedagógico dá início a uma dinâmica de grupo. Solicita a formação de equipes, de acordo com suas disciplinas. Distribui uma papeleta para cada uma delas, por meio da qual orienta cada grupo para que se reúna por meia hora e em seguida apresente aos demais grupos alguns objetivos específicos de suas disciplinas para o ano letivo. O tempo acaba não sendo suficiente. Após quase uma hora, o coordenador pedagógico anuncia o início das exposições. Nota-se no recinto um amargo sentimento, como se o encantamento inicial tivesse se evaporado subitamente e dado lugar a um ar de constrangimento, tal o silêncio que toma conta do ambiente. Professoras e professores que se mostravam confusos e aparentemente desanimados diante das palavras planos, planejamentos, normas e prazos, agora ilhados em suas definições. Sem escolha, cada representante de grupo lê os objetivos específicos aos quais chegara sua equipe, o que não consegue provocar reações nos companheiros. Terminada a dinâmica e estourado o tempo da reunião na parte da manhã, transfere-se para o período da tarde o início da elaboração do planejamento. Para tanto, como informa a diretora, os professores disporão de novos livros didáticos enviados pelas editoras, a partir dos quais poderão adaptar seus planos de ensino dos anos anteriores. Assim começava a tarefa de planejar naquela escola e naquele ano, que a todos lembrava experiências burocráticas de anos anteriores nada compensadoras. A situação descrita acontece em muitas de nossas escolas, configurando-se como a semana de elaboração dos planejamentos. Segundo Romão e Padilha (1998, 53-55), ao pensar o desenvolvimento de um planejamento na escola, precisamos estar atentos à questão da cidadania1. 1 Cidadania refere-se segundo Romão e Padilha (1998, p. 57), ao exercício pleno e democrático, por parte da sociedade, de seus direitos e deveres. CRC • • • © Didática Geral16 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Quando pensamos em planejar a educação, é necessário que esse exercício venha acompanhado de reflexão sobre como realizar e organizar o trabalho escolar. Isso significa: • incorporar de frente os problemas da escola em que trabalhamos e do contexto do sistema educacional; • assumir também a escola como instância social, com o compromisso de gerar aprendizagens e formar cidadãos. Quando nos propomos a realizar e pensar o planejamento, formalizando-o em: plano da escola/plano gestor, plano de ensino (ver sugestão de modelo na página 17 do caderno de conteúdo) e plano de aula, significa que precisamos exercer uma atividade engajada, intencional, científica, de caráter político e ideológico e isento de neutralidade. Estas palavras nos reportam a uma grande discussão de Paolo Nosella a respeito do compromisso político do professor e de Guiomar Namo de Mello, quando fala da competência técnica ao compromisso político (1983/1982 respectivamente). [...] a competência profissional diz respeito ao domínio adequado do saber escolar a ser transmitido, juntamente com a habilidade de organizar e transmitir esse saber de modo a garantir que ele seja efetivamente apropriado pelo aluno. Em segundo lugar, uma visão relativamente integrada e articulada dos aspectos relevantes mais imediatos de sua própria prática, ou seja, um entendimento das múltiplas relações entre os vários aspectos da escola, desde a organização dos períodos de aula, passando por critérios de matrícula e agrupamentos da classe, até o currículo e os métodos de ensino. Em terceiro lugar, uma compreensão das relações entre o preparo técnico que recebeu, a organização da escola e os resultados de sua ação. Em quarto lugar, uma compreensão mais ampla das relações entre a escola e a sociedade, que passaria necessariamente pela questão de suas condições de trabalho e remuneração (MELLO, 1982, p. 43). Quanto ao compromisso político, Mello (1982, p. 45) afirma que: [...] quando adquire competência o professor ganha também condições de perceber, dentro da escola, os obstáculos que se opõem à sua atuação competente. É assim que a competência técnica inicia o processo de sua transformação em vontade política. Por esse caminho o professor vai desenvolvendo sua consciência real em direção à consciência possível e ganha condição de passar do sentido político em si para o sentido político para si de sua ação pedagógica. A vontade política permite que aquele sentido político da prática docente se explicite ao professor e passe a ser, para ele também, uma forma de agir politicamente: diminuição do fracasso escolar e da exclusão, por meio de estratégias adequadas para garantir o acesso ao maior número de crianças na escola e sua permanência nela, pelo maior tempo possível. [...] “o saber-fazer constitui uma das necessidades imediatas para a imagem profissional do professor, para uma percepção mais crítica e menos assistencialista do valor de seu trabalho” (NOSELLA, 1983, p. 146). ATENÇÃO! Importante: a competência técnica inicia o processo de sua transformação em vontade política. Pense nisso... introdução1 Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 17Batatais – Claretiano UNIDADE 2 Importância do planejamento Em nossa prática pedagógica atual, o processo de planejamento tem sido objeto de inúmeros questionamentos quanto à sua validade como instrumento de melhoria qualitativa do trabalho do professor. O planejamento tem sido geralmente concebido como uma técnica especializada, cujo objetivo seria o de levar a bom termo o desenvolvimento de uma instituição ou de um município, estado, região ou país. Apesar desse fato pertencente ao ato de planejar, a prática do planejamento em nosso país, especialmente na educação, tem sido conduzida como se fosse uma atividade neutra, sem comprometimento. Às vezes, o planejamento é apresentado e desenvolvido como se fosse um modo de definir a aplicação técnica para obter resultados, não importando a que preço ou para quem. “Planejar ou burocratizar”? O ato de planejar não é só técnica. Além dessa dimensão ele é fundamentalmente: • a instância de decisões políticas (pensar), capazes de consolidar e dinamizar ações que venham ao encontro dos interesses de uma coletividade; • o resultado de decisões políticas de indivíduos e/ou o conjunto destes, as quais serão implementadas por meio de ações pedagógicas (o nosso fazer) no âmbito educacional. O planejamento não é uma tarefa neutra, mas ideologicamente comprometida com os fins pretendidos por aquele grupo ou instituição. Isso significa dizer que o planejamento: • é um processo constituído de vários atores que compõem esse planejar; • é uma atividade que subsidia o ser humano no encaminhamento de suas ações e na obtenção de resultados desejados. Ao tratarmos de planejamento em uma escola, os seguintes aspectos devem ser considerados: • o coletivo de indivíduos que desempenham inúmeras atividades, as quais por natureza própria requerem um processo de planejamento que possibilite a participação efetiva desse conjunto de pessoas, que a princípio deve tomar decisões pertinentes aos fins a que se propõe uma instituição educacional; • o planejamento como uma ferramenta viabilizadora de um processo que contribua para o desenvolvimentode todos aqueles que estejam direta ou indiretamente vinculados à educação; • os inúmeros desafios a enfrentar quando falamos de processo de planejamento como um procedimento viabilizador de um direito público que é a educação. No contexto educacional, tem havido certa confusão entre o processo de planejamento e os documentos (plano, programa ou projeto) decorrentes desse processo. Tal situação tem levado os profissionais da educação a encararem o planejamento como algo que mais atrapalha do que ajuda na inovação do ensino e da aprendizagem. CRC • • • © Didática Geral18 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Essa prática intencional de separar os que pensam dos que fazem resultou lamentavelmente, no burocratizamento em todas as instâncias de planejamento, em especial, nas escolas. Tal prática tem reforçado a parte meramente técnica do planejamento, o que leva os profissionais da educação a um ativismo alucinante, cegando-os daquilo de criativo da arte de planejar. O planejamento deve tornar-se uma articulação dinâmica e coletiva entre o fazer, o refletir e o sentir, tornado-se um forte aliado contra o ativismo que freqüentemente toma conta do cotidiano escolar e que em alguns casos pode transformar os profissionais da educação em máquinas, nos momentos em que ministram aulas ou executam tarefas administrativas, às vezes sem consciência do significado dessas ações. A concepção de planejamento como processo ajuda-nos a recuperar sua importância, revestindo-o de uma função pedagógica no momento do processo de discussão, sistematização, apropriação de instrumentos e procedimentos teórico-metodológicos, que, formalizados em documentos, garantam a continuidade do processo no âmbito escolar, visando a avanços necessários à sociedade que pretendemos ajudar a construir. É necessário que comecemos a introjetar a real importância do processo de planejamento conduzido por aqueles que efetivamente constituem o coletivo de indivíduos que pensam e fazem acontecer o ensino e a aprendizagem na escola. Agindo dessa forma, com certeza estaremos dando a nossa contribuição para a consolidação de novas formas de organização do trabalho na escola. Assim, todos (professores, alunos, diretor, coordenador, enfim toda comunidade escolar) terão mais interesse pela concretização das propostas. Propostas oriundas de um processo com características participativas têm maiores condições de avançar de forma planejada, articulada e sistemática, porque provavelmente teremos mais indivíduos motivados a contribuir com a consecução dos objetivos. Conversando a respeito do planejamento3 A vivência do cotidiano escolar tem evidenciado situações bastante questionáveis nesse sentido: a) Os objetivos educacionais propostos nos currículos dos cursos apresentam-se confusos e desvinculados da realidade social e cultural de nossos alunos. b) Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são definidos de forma autoritária, pois os professores, acabam por não participar dessa tarefa (LOPES, 1995). c) Os recursos que dispomos para o desenvolvimento de nossa prática pedagógica, muitas vezes são considerados meros instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-se a equipamentos, muitas vezes incoerentes com os objetivos e conteúdos estudados. d) A metodologia usada pelo educador é caracterizada pela prevalência de atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco espaço para discussões e análise dos conteúdos. Assim, o aluno continua passivo, pois seu pensamento criativo é mais bloqueado que estimulado. PARA VOCÊ REFLETIR: O que a escola vem praticando: o “planejamento” ou o “burocratizamento”? ATENÇÃO! Registre suas reflexões no Bloco de Anotações ou no caderno, elas serão úteis para a elaboração de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). INFORMAÇÃO: “Um dos aspectos mais preocupantes quando refletimos sobre a escola é a constatação de que, hoje, ela está sem objetivos” (ALVES, R., 2000, p. 22). introdução1 Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 19Batatais – Claretiano UNIDADE 2 e) A avaliação do rendimento escolar, resume-se no ritual de provas periódicas nas quais são verificadas as quantidades de conteúdos assimilados. Nesse contexto, o planejamento do ensino acontece, mas desvinculado da realidade social, caracterizado como uma ação mecânica e burocrática do professor, pouco contribuindo para a qualidade da práxis pedagógica. [...] no meio escolar, quando se faz referência a planejamento do ensino, a idéia que passa é aquela que identifica o processo através do qual são definidos os objetivos, os conteúdos programáticos, os procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a sistemática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia básica a ser consultada no decorrer do curso, série ou disciplina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento adotado pela grande maioria dos professores e que, em nome da eficiência do ensino disseminada pela concepção tecnicista de educação, passou a ser valorizado apenas em sua dimensão técnica (LOPES, 1995, p. 42). Isso não significa que devemos deixar de utilizar este tipo de esquema ou outros determinados pelas escolas ou secretaria da educação. O importante nesse processo é a articulação dos componentes do plano de ensino com o todo social, ao contrário deste tipo de ação, a concepção de planejamento acaba por tornar incapaz a dinâmica e, além disso, dificultar a prática didática. No momento cabe-nos extrapolar a simples tarefa de elaborar um documento contendo apenas os elementos tecnicamente estabelecidos. Considerando o encaminhamento de um planejamento que supere a dimensão técnica, as atividades educativas deveriam ser planejadas tendo como ponto de referência a problemática sociocultural, econômica e política do contexto escolar em que a escola está inserida. Assim, trabalhamos visando à transformação da sociedade de classes, no sentido de torná-la mais justa e igualitária. Lopes (1995) sugere-nos os princípios do planejamento participativo, forma de trabalho comunitário, que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humana, em uma ação globalizante, visando à solução de problemas comuns. No contexto escolar, o planejamento participativo caracteriza-se: • Pela busca da integração efetiva entre a escola e a realidade social, ressaltando a relação teoria e prática. • Pela participação da comunidade escolar: professores, alunos, especialistas e demais pessoas envolvidas neste processo, que seria o ponto essencial para a produção do conhecimento. Observe as fases do Planejamento (LOPES, 1995, p. 45-52): Fase 1 – Estudo real da escola em suas relações com o contexto social em que se insere. O estudo deverá ser feito de forma global, analisando as circunstâncias socioculturais, econômicas e políticas dos diferentes níveis presentes nas relações escola e sociedade (universo sociocultural dos alunos, seus interesses e suas necessidades, identificar o que já conhecem, o que aspiram e como vivem). O resultado desse primeiro momento do planejamento participativo seria um diagnóstico sincero da realidade concreta do aluno, elaborado de forma consciente e comprometida com seus interesses e necessidades. INFORMAÇÃO: Um planejamento dirigido para uma ação pedagógica transformadora possibilitará ao professor: • maior segurança para lidar com a relação educativa que ocorre na sala de aula e em toda a escola; • efetivar um trabalho integrado ao concreto de nossos educandos. CRC • • • © Didática Geral20 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Fase 2 – Após a primeira fase, devemos proceder à organização do trabalho didático. A definição dos objetivos a serem perseguidos, a sistematização do conteúdo programático e a seleção dos procedimentos de ensino a serem utilizados, estas são as ações básicas dessa segunda fase. • Na definição dosobjetivos, portanto, será essencial a especificação dos diferentes níveis de aprendizagem a serem atingidos: a aquisição, a reelaboração dos conhecimentos aprendidos e a produção de novos. Assim, os objetivos deverão expressar ações, tais como reflexão crítica, a curiosidade científica, a investigação e a criatividade (Unidade III). • Em relação aos conteúdos a serem estudados (Unidade IV), como são parte integrante do currículo escolar previamente estruturado (por exemplo, PCNs, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, ou Diretrizes do Ensino Médio), deverão passar por uma análise crítica com vistas à identificação do que representa o essencial e do que representa o secundário a ser aprendido. • Para efetivarmos essa distinção (essencial e secundário), devemos olhar a realidade concreta dos alunos, a partir da qual o saber sistemático poderá ser selecionado com o objetivo de funcionar como meio de compreensão crítica dessa realidade. A organização do chamado conteúdo programático far-se-á considerando-se primeiramente os objetivos propostos em termos de aquisição, reelaboração e produção de conhecimentos, ou seja, expressos em capacidades a serem desenvolvidas. Sintetizando: os objetivos precisam ser estabelecidos anteriormente aos conteúdos, assim, tornamos o processo de ensino e o processo de aprendizagem direcionados às necessidades de nossos alunos e não na simples transmissão de conteúdos com fim em si mesmos. Fase 3 – A terceira etapa seria a articulação dos procedimentos que deverão ser concretizados. Tais procedimentos devem ser relacionados de forma a atenderem aos diferentes níveis de aprendizagem desejados, bem como, à natureza da matéria de ensino proposta. • A tarefa do professor nesse momento será articular uma metodologia de ensino que se concretize pela variedade de atividades estimuladoras da criatividade dos alunos. Nessa etapa a participação dos alunos é muito enriquecedora. Descobrir suas expectativas, saber por que estão na escola, qual seu projeto de vida, estas são questões que levarão ao entendimento do aluno, ajudando- o na compreensão da linguagem, de suas dificuldades, do que aspiram. Fase 4 – O passo seguinte é a sistematização do processo de avaliação da aprendizagem. A avaliação nessa concepção de planejamento não poderá ter o sentido de processo classificatório dos resultados de ensino. • Num processo educativo em que a metodologia de ensino privilegia a criatividade dos alunos, a avaliação terá o caráter de acompanhamento, em um julgamento conjunto de professores e alunos. Sintetizando: precisamos ter a idéia de que a caracterização de momentos e etapas no planejamento no ensino não deverá ser entendida como o desenvolvimento de partes distintas e estanques, pois não podemos enquadrar uma ação de natureza contínua, dinâmica e global. Para que isso aconteça, é necessário que em nossas escolas convivam pessoas comprometidas com a postura política a fim de que um processo transformador possa ser desenvolvido. INFORMAÇÃO: É importante não perder de vista que um processo transformador não poderá deixar se conduzir por objetivos que explicitem somente a aquisição de conhecimentos. ATENÇÃO! Devemos nos preocupar mais com a qualidade da reelaboração e produção de conhecimentos apreendidos por cada aluno, tendo como ponto de partida a matéria estudada, do que com a verificação da quantidade de conteúdos aprendidos. introdução1 Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 21Batatais – Claretiano UNIDADE 2 No contexto de planejamento participativo2, é impossível a convivência de um discurso de participação com uma prática de divisão e da competição. A relação cooperativa deve ser preservada para que: • o planejamento seja levado em consideração à participação de todos os elementos envolvidos no processo de ensino; • a unidade entre a teoria e a prática seja alcançada; • a realidade concreta (escola, aluno, sociedade) seja o ponto de partida do planejamento; • os fins mais amplos da educação sejam atingidos. plano de ensino4 O plano de ensino representa o trabalho de previsão de todas as atividades de uma determinada disciplina, desenvolvidas durante um curso. Essa previsão pode ser anual, mensal ou semanal, conforme a duração do curso. Deve ser elaborado em conjunto com todo o pessoal envolvido no processo ensino-aprendizagem, após o conhecimento do aluno e do contexto social e escolar, (VALE, 1995, p. 112). Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina específica. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano (cf. FUSARI, 1991, p. 44-53). Os itens do plano de ensino variam conforme a escola, mas, por exemplo, poderá conter os seguintes elementos: • nome da escola; • ano letivo; • série; • disciplina ou área de conhecimento; • objetivos gerais da etapa de ensino (Ensino Fundamental de 1a a 4a; ou 5a a 8a, ou Ensino Médio); • objetivos específicos da série; • conteúdos (conceituais, procedimentais, atitudinais); • estratégias; • recursos (materiais); • avaliação. Veja no quadro, a seguir, uma sugestão de formalização de um plano de ensino. 2 Planejamento participativo é parte integrante da metodologia da pesquisa participante, forma de trabalho característica dos movimentos de educação popular. Um maior aprofundamento desse tema poderá ser obtido na vasta bibliografia existente sobre pesquisa participante. Quanto ao planejamento participativo aplicado à educação, a descrição de uma experiência nesse caso poderá ser analisada em VIANNA, I. Planejamento participativo na escola. São Paulo: EPU, 1986. PARA VOCÊ REFLETIR: Não podemos encarar a educação como uma atividade neutra. O planejamento participativo permite a realização de um trabalho problematizador e participante, no sentido de encaminhar o aluno para a reelaboração dos conteúdos escolares do saber sistematizado, com vistas na produção de novos conhecimentos. ATENÇÃO! Registre suas reflexões pois elas serão úteis para o seu TCC. CRC • • • © Didática Geral22 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 2 Escola: Ano do Ciclo (Público Alvo - Para quem?) Área Língua Portuguesa; Matemática; Ciências Naturais; História; Geografia; Arte; Educação; Língua Estrangeira (Ensino 1º a 3º série) Áreas: Linguagem, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias Humanas e suas Tec- nologias Objetivos (Para quê?) Conteúdo (O quê?) Recursos (Seleção de Recursos Materiais) Duração (Cronograma de Trabalho) Tipo e In- strumento de Avaliação (Como definir os avanços?) O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula (FUSARI, Revista Idéias, n. 8, p. 46). Plano de aula: Plano de aula caracteriza-se pela previsão mais detalhada das realizações diárias, buscando a ação e dinamização da proposta global do plano de ensino. Segundo Vale (1995), cada professor poderá organizar seu plano de aula, pois não há um esquema rígido a ser seguido. Observe os itens que compõem um modelo de plano de aula: introdução1 Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 23Batatais – Claretiano UNIDADE 2 - título da aula; - série; - tempo necessário; - introdução; - objetivos; - recursos didáticos; - organização da sala; - procedimentos didáticos ou desenvolvimento da aula; - avaliação; - bibliografia; - sugestões para trabalho interdisciplinar (interaçãoentre as disciplinas ou áreas do conhecimento). referênCias BiBliográfiCas 5 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmentros Curriculares Nacionais. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação a Distância. Construindo a Escola Cidadã. Brasília: MEC- SEAD, 1998. FUSARI, J. C. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas indagações e tentativas de respostas. Revista Idéias, n. 8, São Paulo: FDE, 1998, p. 44 - 53. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, dez./2000. SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1983. ______. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1992. VIANNA, I. O. de A. Planejamento participativo na escola: um desafio ao educador. São Paulo: EPU, 1986. UDESC. Planejamento e Avaliação Educacional. Caderno EAD. Florianópolis, 2001. ATENÇÃO! No decorrer de seu curso e em sua caminhada profissional o hábito da pesquisa lhe ajudará a encontrar respostas para os problemas que possam vir a surgir, ampliando seus horizontes. Pesquise sempre! Anotações Anotações introdução1 U N ID A D E 3 OBJETIVOS DE ENSINO Objetivos • Interpretar o significado e a importância do estabelecimento de objetivos no contexto educacional. • Ser capaz de organizar a prática pedagógica, tendo em vista diferentes objetivos. Conteúdo • Os objetivos de ensino com base em trecho extraído do documento introdutório dos Parâmetros Curriculares Nacionais. • Você verá como objetivos de ensino são mais significativos quando expressos em capacidades a serem desenvolvidas nos alunos. CRC • • • © Didática Geral26 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 3 introdução1 Na Unidade II, trocamos idéias a respeito da conceituação, importância do planejamento e elaboração do plano de ensino. Nesta unidade, vamos estudar os objetivos de ensino tendo por base o trecho a seguir, retirado do documento introdutório dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 67-71). oBjetivos de ensino 2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (1a a 4a séries), (PCNs), são documentos oficiais, elaborados pelo Ministério da Educação, publicados no ano de 1997. Essa coleção contém 10 volumes, distribuídos em uma Introdução e mais nove áreas do conhecimento: Língua Portuguesa; Matemática; Ciências Naturais; História e Geografia; Arte; Educação Física; Apresentação dos Temas Transversais e Ética; Meio Ambiente e Saúde; Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. O objetivo do Ministério da Educação (MEC) com este material é auxiliar o professor na execução de seu trabalho, fazendo com que o aluno domine conhecimentos de que necessita para crescer como cidadão plenamente reconhecido e consciente de seu papel na sociedade. Os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais concretizam as intenções educativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo da escolaridade. A decisão de definir os objetivos educacionais em termos de capacidades é crucial nesta proposta, pois as capacidades, uma vez desenvolvidas, podem expressar- se numa variedade de comportamentos. O professor, consciente de que condutas diversas podem estar vinculadas ao desenvolvimento de uma mesma capacidade, tem diante de si maiores possibilidades de atender à diversidade de seus alunos. Assim, os objetivos se definem em termos de capacidades de ordem: cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal, inserção social, ética e estética, tendo em vista uma formação ampla. A capacidade cognitiva tem grande influência na postura do indivíduo em relação às metas que quer atingir nas mais diversas situações da vida, vinculando-se diretamente ao uso de formas de representação e de comunicação, envolvendo a resolução de problemas, de maneira consciente ou não. A aquisição progressiva de códigos de representação e a possibilidade de operar com eles interfere diretamente na aprendizagem da língua, da matemática, da representação espacial, temporal e gráfica e na leitura de imagens. A capacidade física engloba o autoconhecimento e o uso do corpo na expressão de emoções, na superação de estereotipias de movimentos, nos jogos, no deslocamento com segurança. A afetiva refere-se às motivações, à auto-estima, à sensibilidade e à adequação de atitudes no convívio social, estando vinculada à valorização do resultado dos trabalhos produzidos e das atividades realizadas. Esses fatores levam o aluno a compreender a si mesmo e aos outros. A capacidade de relação interpessoal, que envolve compreender, conviver e produzir com os outros, percebendo distinções entre as pessoas, contrastes de temperamento, de intenções e de estados de ânimo, está estreitamente ligada à capacidade afetiva. O desenvolvimento da inter-relação permite ao aluno se ATENÇÃO! Ao longo desta unidade, você será convidado a refletir sobre várias questões importantes. Não deixe de fazê-lo. Não se esqueça, sua participação é uma maneira de manifestar solidariedade com seus colegas de curso. E, depois, sua participação vale pontos! INFORMAÇÃO: Neste tópico, você verá como os objetivos de ensino são mais significativos quando expressos em capacidades a serem desenvolvidas nos alunos. Vamos entender? Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 27Batatais – Claretiano UNIDADE 3 introdução1 colocar do ponto de vista do outro e a refletir sobre seus próprios pensamentos. No trabalho escolar o desenvolvimento dessa capacidade é propiciado pela realização de trabalhos em grupo, por práticas de cooperação que incorporam formas participativas e possibilitam a tomada de posição em conjunto com os outros. A capacidade estética permite produzir arte e apreciar as diferentes produções artísticas produzidas em diferentes culturas e em diferentes momentos históricos. A capacidade ética é a possibilidade de reger as próprias ações e tomadas de decisão por um sistema de princípios segundo o qual se analisam, nas diferentes situações da vida, os valores e opções que envolvem. A construção interna, pessoal, de princípios considerados válidos para si e para os demais implica considerar-se um sujeito em meio a outros sujeitos. O desenvolvimento dessa capacidade permite considerar e buscar compreender razões, nuanças, condicionantes, conseqüências e intenções, isto é, permite a superação da rigidez moral, no julgamento e na atuação pessoal, na relação interpessoal e na compreensão das relações sociais. A ação pedagógica contribui com tal desenvolvimento, entre outras formas afirmando claramente seus princípios éticos, incentivando a reflexão e a análise crítica de valores, atitudes e tomadas de decisão e possibilitando o conhecimento de que a formulação de tais sistemas é fruto de relações humanas, historicamente situadas. Quanto à capacidade de inserção social, refere-se à possibilidade de o aluno perceber-se como parte de uma comunidade, de uma classe, de um ou vários grupos sociais e de comprometer-se pessoalmente com questões que considere relevantes para a vida coletiva. Essa capacidade é nuclear ao exercício da cidadania, pois seu desenvolvimento é necessário para que se possa superar o individualismo e atuar (no cotidiano ou na vida política) levando em conta a dimensão coletiva. O aprendizado de diferentes formas e possibilidades de participação social é essencial ao desenvolvimento dessa capacidade. Para garantir o desenvolvimento dessas capacidades é preciso: uma disponibilidade para a aprendizagem de modo geral. Esta, por sua vez, depende em boa parte da história de êxitos ou fracassos escolares que o aluno traz e vão determinar o grau de motivação que apresentará em relação às aprendizagens atualmente propostas. Mas depende também de que os conteúdos de aprendizagem tenham sentido para ele e sejam funcionais. O papel do professor nesse processoé, portanto, crucial, pois a ele cabe apresentar os conteúdos e atividades de aprendizagem de forma que os alunos compreendam o porquê e o para que do que aprendem, e assim desenvolvam expectativas positivas em relação à aprendizagem e sintam-se motivados para o trabalho escolar. Para tanto, é preciso considerar que nem todas as pessoas têm os mesmos interesses ou habilidades, nem aprendem da mesma maneira, o que muitas vezes exige uma atenção especial por parte do professor a um ou outro aluno, para que todos possam se integrar no processo de aprender. A partir do reconhecimento das diferenças existentes entre pessoas, fruto do processo de socialização e do desenvolvimento individual, será possível conduzir um ensino pautado em aprendizados que sirvam a novos aprendizados. A escola preocupada em fazer com que os alunos desenvolvam capacidades ajusta sua maneira de ensinar e seleciona os conteúdos de modo a auxiliá-los a se adequarem às várias vivências a que são expostos em seu universo cultural; considera as capacidades que os alunos já têm e as potencializa; preocupa- se com aqueles alunos que encontram dificuldade no desenvolvimento das capacidades básicas. INFORMAÇÃO: Importante: O aprendizado de diferentes formas e possibilidades de participação social é essencial ao desenvolvimento da capacidade de inserção social. CRC • • • © Didática Geral28 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 3 Embora os indivíduos tendam, em função de sua natureza, a desenvolver capacidades de maneira heterogênea, é importante salientar que a escola tem como função potencializar o desenvolvimento de todas as capacidades, de modo a tornar o ensino mais humano, mais ético. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, na explicitação das mencionadas capacidades, apresentam inicialmente os Objetivos Gerais do ensino fundamental, que são as grandes metas educacionais que orientam a estruturação curricular. A partir deles são definidos os Objetivos Gerais de Área, os dos Temas Transversais, bem como o desdobramento que estes devem receber no primeiro e no segundo ciclos, como forma de conduzir às conquistas intermediárias necessárias ao alcance dos objetivos gerais. Um exemplo de desdobramento dos objetivos é o que se apresenta a seguir: • Objetivo Geral do Ensino Fundamental: utilizar diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica, corporal — como meio para expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções da cultura. • Objetivo Geral do Ensino de Matemática: analisar informações relevantes do ponto de vista do conhecimento e estabelecer o maior número de relações entre elas, fazendo uso do conhecimento matemático para interpretá-las e avaliá-las criticamente. • Objetivo do Ensino de Matemática para o Primeiro Ciclo: identificar, em situações práticas, que muitas informações são organizadas em tabelas e gráficos para facilitar a leitura e a interpretação, e construir formas pessoais de registro para comunicar informações coletadas. Os objetivos constituem o ponto de partida para se refletir sobre qual é a formação que se pretende que os alunos obtenham, que a escola deseja proporcionar e tem possibilidades de realizar sendo, nesse sentido, pontos de referência que devem orientar a atuação educativa em todas as áreas, ao longo da escolaridade obrigatória. Devem, portanto, orientar a seleção de conteúdos a serem aprendidos como meio para o desenvolvimento das capacidades e indicar os encaminhamentos didáticos apropriados para que os conteúdos estudados façam sentido para os alunos. Finalmente devem constituir-se uma referência indireta da avaliação da atuação pedagógica da escola. As capacidades expressas nos Objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais são propostas como referenciais gerais e demandam adequações a serem realizadas nos níveis de concretização curricular das secretarias estaduais e municipais, bem como das escolas, a fim de atender às demandas específicas de cada localidade. Essa adequação pode ser feita mediante a redefinição de graduações e o reequacionamento de prioridades, desenvolvendo alguns aspectos e acrescentando outros que não estejam explícitos. (BRASIL, 1997, p. 71-97). Você acabou de fazer a leitura a respeito dos objetivos de ensino e acredito que tenha percebido sua ligação com as diversas capacidades a serem desenvolvidas nos educandos. U N ID A D E 4CONTEÚDOS DE ENSINO Objetivos • Identificar o procedimento de seleção e organização de conteúdos, de modo a saber converter na prática pedagógica o conhecimento científico em conhecimento curricular, considerando contextos socioculturais e as capacidades cognitivas, físicas e afetivas dos alunos. Conteúdo • Conceituação de conteúdos como meio para o desenvolvimento global dos educandos, com base nas idéias dos Parâmetros Curriculares Nacionais. CRC • • • © Didática Geral30 Disciplina de Núcleo Comum Claretiano – Batatais UNIDADE 4 introdução1 Na Unidade anterior, você teve contato com as idéias dos Parâmetros Curriculares Nacionais a respeito dos Objetivos de Ensino. Nesta unidade, estudará os conteúdos chamados conceituais, atitudinais e procedimentais, bem como sua seleção e organização para o processo de ensino. Ao final desta unidade, você deverá conhecer o procedimento de seleção e organização de conteúdos, de modo a saber converter, na prática pedagógica, o conhecimento científico em conhecimento curricular, considerando contextos socioculturais e as capacidades cognitivas, físicas e afetivas dos alunos. ConCeituação2 De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 73) “[...] o que se propõe é um ensino em que o conteúdo seja visto como meio para que os alunos desenvolvam as capacidades que lhes permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos”. Ao organizar a prática educativa, os professores precisam: • construir uma aprendizagem significativa em seus alunos; • ressignificar os conteúdos em conceitos, procedimentos e atitudes, enfatizando, assim, a responsabilidade da escola com a formação global do aluno (pensar, agir, sentir). Qualquer que seja a abordagem pedagógica utilizada pelo educador, juntamente com os alunos, são trabalhados necessariamente os conteúdos. O que diferenciará o trabalho com o conteúdo é o significado que lhe é conferido no contexto escolar, como são selecionados e trabalhados. A tipologia de conteúdos apresentada para você, futuro educador (maneira de conceituar os conteúdos), será a dos conteúdos factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais. Vamos entendê-los? Todo conteúdo está associado a conteúdos de outra natureza. Por exemplo: • os aspectos factuais da soma (código e símbolo); • os conceituais da soma (união e número), com os algorítmicos (cálculo mental e algoritmo); • os atitudinais (sentido e valor). introdução1 Disciplina de Núcleo Comum © Didática Geral • • • CRC 31Batatais – Claretiano UNIDADE 4 Conteúdos factuais (fatos) Por conteúdos factuais entendem-se o conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares: • idade de uma pessoa; • conquista de um território; • localização ou altura de uma montanha; • nomes; • códigos; • axiomas; • fato determinado em determinado momento, etc. O ensino está repleto de conteúdos factuais: • datas e nomes de acontecimentos na história; • nomes de autores e correntes na literatura, música e artes plásticas; • códigos e símbolos na área de língua, matemática, física e química; • classificações na área de biologia; • vocabulário nas línguas estrangeiras, etc. Conteúdos conceituais Os conceitos referem-se ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm características comuns. Os princípios são mudanças que se produzem num fato, objeto ou situação em relação a outros fatos, objetos ou situações e que normalmente descrevem relações de causa-efeito
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