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Teorico I Arte e Criança na Primeira Infância

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Prévia do material em texto

Prática de Ensino 
em Arte I
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Solange dos Santos Utuari Ferrari
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Arte e Criança na Primeira Infância
• Introdução
• A Primeira Infância
• A Prática do Trabalho Colaborativo
• A Criança nos Aponta os Caminhos
• Percebendo as Singularidades
• Oficina de Arte para Bebês: Criar com o Corpo
• Um Atelier para Criar
 · Conhecer contextos das fase de criação e desenvolvimento artístico 
de crianças.
 · Propor estratégias e metodologias de ensino de arte com foco na 
educação infantil.
 · Valorizar e desenvolver propostas para o ensino de arte na educa-
ção infantil.
 · Conhecer os contextos para compreensão das infâncias;
 · Conhecer os contextos das fases de desenvolvimento artístico na 
primeira infância;
 · Aproximar as experiências inspiradoras e inovadoras, com proposições 
pedagógicas coerentes com os objetivos da disciplina;
 · Apresentar conceitos e fundamentos sobre arte na educação infantil e 
suas singularidades;
 · Conhecer a importância da elaboração de projetos de trabalho didático 
com foco no ensino de arte desde o ensino infantil;
 · Estudar as fases de desenvolvimento da criança e suas especificidades, 
para adequação das proposições de acordo com as fases da criança;
 · Desenvolver o ainda mais interesse na pesquisa e na criticidade, em 
busca de conhecer outras práticas pedagógicas em diferentes sociedades;
 · Conhecer ações artísticas direcionadas às crianças de 0 a 6 anos;
 · Aprender a desenvolver propostas de ações pedagógicas que tenham a 
arte como alicerce lúdico e estético. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Arte e Criança na Primeira Infância
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Contextualização
Na contemporaneidade a compreensão de infância nos leva a uma complexa 
realidade, não é mesmo?
Nosso estudo permeia sobre a importância do arte-educador conhecer as 
singularidades da criança na primeira infância e como a arte é presente e faz parte 
de seu modo de lidar com o mundo.
E para esta contextualização, trouxemos aqui, caro aluno (a), uma sugestão de 
aproximação às questões de racismo na primeira infância, podendo contribuir para 
contextualizar ainda mais sua compreensão sobre como levar ações com a arte ao 
ensino infantil pode ser abrangente e potente.
História e Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação Infantil: https://goo.gl/okcJlQ
Usando o faz de conta para falar de Racismo: https://goo.gl/4J09g0Ex
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Introdução
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
A girar o céu e o mar
Se beijam num novo sol
E a luz transforma em cor
A árvore, a terra, o fruto, a flor
Começa o dia
E Lu...cas
Brinca num vale de fontes e rios
A flor lambuzou seu sorriso de mel
Quem queira entrar em sua casa e brincar
Terá que em seus olhos aprender a olhar
De vez em quando se encosta a dormir
E sonha entre andanças de um lavrador
Que com seu canto convida a bailar
A dança de um carrossel...
Lucas - Geraldo Azevedo: https://youtu.be/YTuF-YA6lAU
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
O convite para adentrar em nossos estudos neste texto teórico é apreciar a letra 
e ouvir a canção Lucas do compositor e músico brasileiro Geraldo Azevedo (1945) 
antes da leitura. A proposta é mergulhar neste universo infantil, assim por meio 
desta canção trazemos um pouco da atmosfera da criança e sua forma curiosa de 
lidar com o mundo, seu modo singular de entrar de corpo inteiro em suas vivências.
Vamos tentar fazer o mesmo? Mergulhar em nossas lembranças infantis, voltar 
por meio da memória aos tempos de criança para compreender este momento 
tão especial conhecido como primeira infância. Assim quem sabe nos tornarmos 
educadores mais sensíveis às necessidades educativas dos pequenos aprendizes da 
arte. Aprender a ouvir as crianças, saber de suas necessidades e potencializar seu 
desenvolvimento criador são desafios colocados para os professores contemporâ-
neos. Em nossa disciplina Prática de Ensino e Orientação de Estágio Curricular 
Supervisionado em Arte II vamos realizar quatro estudos sobre o processo cria-
dor e o ensino de Arte com educandos em várias fases do desenvolvimento escolar. 
Iniciamos nesta unidade I com o foco no estudo de Arte e a criança na primeira 
infância. Esperamos que o material amplie seu repertório cultural e didático e que 
estimule você a sempre buscar mais pela pesquisa.
A Primeira Infância
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
“Os primeiros seis anos de vida da criança são fundamentais para o 
desenvolvimento de suas estruturas física e psíquica e de suas habilidades 
sociais. As experiências nesse período influenciam por toda a vida, a 
criança e sua relação com as pessoas que a rodeia.”
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O texto anterior de autoria da ONG Rede nacional primeira infância, esta organização 
defende que é fundamental cuidar e proteger as crianças que estão na primeira infância, 
saiba mais sobre esta instituição no seu site ofi cial.
http://primeirainfancia.org.br/
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É considerada primeira infância o período que abrange os primeiros seis anos 
completos ou os setenta e dois meses de vida da criança.
Seguiremos em busca da compreensão da fase de 0 a 6 anos, e como no desen-
volvimento da criança a arte é intrínseca a sua existência, seu modo de se apropriar 
do mundo, suas linguagens. Assim você poderá se preparar, ter instrumentos e 
conhecimentos para propor estratégias e metodologias de ensino de arte na edu-
cação infantil. Partirmos aqui de conceitos balizadores em nossa constituição e do-
cumentos oficiais como Parâmetros e Referenciais Curriculares Nacionais. Entre-
tanto, antes é preciso lembrar que nem sempre a infância era compreendida como 
é hoje, ocorreu transformações significativas para chegarmos ao que é entendido 
por “infâncias” na sociedade brasileira. Desde a colonização e toda trajetória de 
violação dos direitoshumanos, se fez e se faz necessário que organizações sociais 
se juntem para se oporem às tamanhas violações.
Na Europa, na Idade Média ao século XVIII a criança era vista como ser em 
miniatura, esta história influencia a educação brasileira. No nosso país, questões 
morais e formação da família tradicional levaram milhares de crianças ao abandono, 
por consequência da complexidade daquela realidade histórica. Um estudo publicado 
em artigo no IX ANPAD Sul de 2012, denúncia algumas instituições ligadas à igreja 
católica que acolhiam crianças abandonadas, mas não resolviam suas situações:
[..] o objetivo da irmandade não era educar as crianças, mas acolhê-las 
e encaminhar as que tinham de zero a 3 anos de idade para amas de 
leite pagas que amamentavam em domicílio ou no próprio hospital. Se 
ninguém se responsabilizasse por elas, estas retornavam para a casa 
de assistência e lá permaneciam até os 7 anos de idade, quando eram 
entregues às câmaras municipais e ficavam expostas, em especial ao 
trabalho escravo. (POLLETO, 2012, p. 3)
O que vemos em nosso país foi uma cultura do abandono à infância construída 
historicamente e agravada por condições financeiras das famílias. Neste sentido, 
sem a intervenção do Estado as crianças ficam desprotegidas. No decorrer dos 
tempos já no século XX algumas conquistas foram significativas embora não 
definitivas. A constituição de 1988, em seu art. 227 explicita:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e 
ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar comunitária, 
além de coloca-los salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência e opressão.
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
E baseados nesses compromissos, muitos educadores de todo território nacional 
se organizaram e conquistaram em 1996 na Lei de Diretrizes de Base da Educação 
Nacional (lei nº9394/96), entre outras importantes conquistas, para a educação 
infantil estão os artigos 29 e 30 que asseguram:
A Educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como fina-
lidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em 
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a 
ação da família e da comunidade.
A educação infantil será oferecida em:
I- creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de 
idade; II- pré-escola, para crianças de quatro a seis anos de idade.
Fonte: portal.mec.gov.br
E com a Lei de Diretrizes e Base da Educação, foram elaborados os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, os PCNs e o Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil – RCNEI. Materiais compostos por orientações curriculares, 
planejados para nortear nacionalmente os parâmetros e referenciais pedagógicos 
por disciplinas e áreas de saberes e ações pedagógicas.
Nesta unidade, vamos analisar e citar estes documentos pedagógicos.
A Prática do Trabalho Colaborativo
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Sabendo que a criança em sua primeira infância, em diferentes realidades deve 
ser assegurada de seus direitos, o arte-educador, leva consigo o compromisso de 
garantir no programa das instituições em que estiver presente, a arte em suas 
diferentes linguagens.
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As proposições do arte-educador, principalmente na educação infantil, terá mais 
possibilidades de êxito, se desenvolvidas em projetos coletivos e interdisciplinares. 
Porque em projetos de trabalhos didáticos coletivos as possibilidades de reflexões e 
contrapontos são ainda mais potentes, que em uma ação individual. As pesquisas em 
torno do planejamento tomarão proporções maiores e acima de tudo haverá uma 
integração no viver da instituição se todos os educadores estiverem participando 
do projeto, assim como se este profissional também se envolver no projeto de seus 
pares. A dinâmica do trabalho por projetos está na importância da participação 
de todos envolvidos da instituição, pais, educadores, trabalhadores dos serviços, 
gestores e administradores. Assim o coletivo se faz em um trabalho colaborativo 
realizado por toda a equipe da instituição escolar. Essa também é a orientação 
presente nos PCNs e no RCNEI
A Criança nos Aponta os Caminhos
Como a música de Geraldo Azevedo, nos versos:
“Quem quiser entrar em sua casa e brincar, 
terá que em seus olhos aprender a olhar...”
A criança em sua plenitude quando se relaciona com o mundo ao redor, encara 
de frente tudo a sua volta, presta muita atenção a tudo e a todos os detalhes. E 
não só, com um único sentido, mas colocando em alerta todos os seus sentidos. 
E principalmente na primeira infância, quando guarda sua interação plena com o 
mundo. Quando seu complexo sistema sensorial é ativado nesta integração viva e 
repleta de significados.
A relação com a arte nos apresenta caminhos de como nossos sentidos podem 
ser acionados, aflorados ao mesmo tempo. Como na Música e sua relação com as 
cores ou a dança. E para definir esta mistura de ativação simultânea dos sentidos, 
há um termo que poderá causar bastante curiosidade e pesquisas posteriores 
que é: sinestesia. O professor e músico Sérgio Roclaw Basbaum, em seu artigo 
publicado em 2003, sobre “Sinestesia e percepção digital” compartilha, “A palavra 
“sinestesia” é de origem grega: “syn” (simultaneas) mais “aesthesis” (sensação), 
significando “muitas sensações simultâneas” - ao contrário de “anestesia”, ou 
“nenhuma sensação”.”
Na arte educação o conceito é muito presente porque responde às observações. 
Atentando-se à imagem é possível perceber que mais de um sentido é ativado ao 
mesmo tempo. Observe:
• como as crianças tateiam a textura das tintas;
• como se deslumbram com a mistura entre elas e as novas cores que surgem;
• como seus corpos se envolvem à procura de novos gestos;
• E se há cheiro, sabores? 
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Sinestesia e percepção digital- Sergio Roclaw Basbaum: https://goo.gl/94edIR
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A primeira infância é o momento em que a criança aprende a conhecer o seu 
corpo assim ela descobre as suas modalidades sensoriais que são formadas pelos: 
• Sistema olfativo: permite perceber odores e aromas;
• Sistema visual: permite enxergar;
• Sistema auditivo: permite perceber sons;
• Sistema gustativo: permite perceber as sensações causadas por diferentes 
substâncias na boca;
• Sistema tátil: permite perceber o toque, a pressão, a dor e as temperaturas;
• Sistema vestibular: coordena os movimentos dos olhos, cabeça e corpo no 
espaço além dos movimentos corporais;
• Sistema proprioceptivo: é a percepção do próprio corpo.
E a arte acontece na relação de descoberta e construção do mundo que a cerca. 
E ao descobrir o mundo, a criança envolve-se por inteiro.
Nesta Unidade I, estamos estudando aspectos da primeira infância, assim 
falamos inicialmente de questões históricas, legislativas e agora sobre questões de 
desenvolvimento com foco no ensino da arte e como as crianças em suas diferentes 
fases compreende um corpo atento aos seus sentidos, receptivos a estímulos 
sensoriais. Vamos conhecer agora algumas propostas de ações educativas?
Vamos à prática!
Agora a proposta é pesquisar ações educativas, com foco no ensino infantil 
na primeira infância. Ao entrar no universo da criança, é preciso saber que este 
é composto por complexidades e modos singulares de relações com o mundo. 
Isto pode provocar inseguranças no educador, porém ele precisa saber escutar a 
criança e conhecer as fases do desenvolvimento infantil.
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E para sabermos se estamos indo bem, teremos que estar de olhos e ouvidos 
atentos. O arte-educador é aquele que se envolve como que cria e antes de tudo, 
que percebe, olha e escuta cada criança, atento às singularidades.
Percebendo as Singularidades
Figura 5 – Cândido Portinari. Meninos no Balanço óleo sobre tela, 1960, 61 x 49 cm
Fonte: museudainfancia.unesc.net
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Desde que nasce a criança aprende e nos ensina o que a deixa feliz e o que a 
faz bem. Sua experiência, seu modo de viver, sentir, será externado. Ela de algum 
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
modo irá dar sinais ao adulto sobre a reverberação daquela experiência. Os bebês, 
após um banho e alimentado demonstra com um sono tranquilo e repousante seu 
nível de satisfação com a experiência. Os estímulos de afetos e carinhos contribuirão 
para o desenvolvimento emocional da criança. Para o psicólogo suíço Jean Piaget 
(1896-1980), que para a pedagogia deixou um legado transformador, com seu 
estudo sobre os estágios do desenvolvimento da inteligência, a fase de 0 a 2 anos 
é considerada o estágio sensório-motor, é o momento em que a criança aprende a 
identificar os objetos e seu cognitivo esta no aprendizado pelo concreto.
Desta maneira as atividades devem ser sempre a partir de experiências concretas 
em que a criança tenha contato direto com as coisas. O tato, o olfato, paladar são 
elementos sensoriais sempre de apelos fundamentais a serem estimulados neste 
momento. Tintas feitas com base de alimentos, por exemplo, são ideias para se 
trabalhar com esta faixa de idade.
Neste vídeo podemos perceber como o professor encontrou caminhos pedagógicos para 
trabalhar com as crianças e desenvolver suas experiências cognitivas de modo concreto na 
fase sensório motor.
XII Prêmio Arte na Escola Cidadã - Educação Infantil através da manipulação de materiais.
https://youtu.be/AcupYuWzLNI
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Segundo os Referenciais para Educação Infantil, as crianças de zero a três 
anos devem ter garantidas suas oportunidades para que sejam capazes de:
• ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes 
objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e possibi-
lidades de manuseio e entrando em contato com formas diversas de expres-
são artística;
• utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies para 
ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação.
Oficina de Arte para Bebês: 
Criar com o Corpo
Como o corpo da criança está sempre em expansão, ela pinta, desenha com 
o corpo todo, assim o ideal é deixar folhas grandes disponíveis para o uso. Os 
riscadores, ou seja, giz de cera, lápis devem ser grossos e também podem estar 
ao alcance dos pequenos. É importante gerar vivências com tintas, porém estas 
devem ser livres de materiais tóxicos, o melhor é usar tintas caseiras feitas à base 
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de alimentos. Existem várias receitas fáceis de fazer, com uma busca na internet 
podemos encontrar várias opções. Os pincéis devem ser de cerdas firmes e macias 
e devem ser higienizados com frequência.
Os materiais podem estar ao alcance das crianças, mas sempre com a super-
visão de adultos. Em algumas comunidades existem a participação de pais que se 
revezam na escola ajudando a comunidade escolar a cuidar e educar as crianças. 
Esta experiência já acontece em vários países e tem dado bons resultados. A parti-
cipação da comunidade é sempre um ganho para escola.
Sobre o Traço e Produção Visual das 
Crianças Pequenas: As Garatujas
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
Os rabiscos são os riscos gerados pelos movimentos de uma criança com objeto 
entintado na mão, pedra ou grafite. A soma do gesto com a surpresa da criança ao 
ver o que está produzindo é um grande acontecimento. E esta produção simbólica 
é algo muito importante do educador valorizar e incentivar.
“O termo “garatuja” foi utilizado por Viktor Lowenfeld para nomear os 
rabiscos produzidos pelas crianças na fase inicial de seus grafismos. Dois 
outros autores que estudaram a evolução do desenho infantil merecem 
destaque: G. H. Luquet e Rhoda Kellogg.”
As garatujas podem ser gráficas, sonoras e corporais como diz Martins e Picosque 
(2010, p.90), há uma variedade de rabiscos e traços criados pelas crianças e nem 
sempre notamos esta rica produção. Estes desenhos vão se modificando assim 
como a própria vida.
17
UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
A gestualidade das garatujas traz à criança um prazer enorme em gerá-las. É 
importante que o educador, os pais, ou adultos que a acompanha não perguntar 
sobre o que é, ou significa. Deste modo a criança entenderá como não sendo capaz 
de produzir seus símbolos, já que precisa da palavra para “explicá-los”.
Desta forma, em oficinas de arte, a proposta de oferecer às crianças momentos 
para desenharem livremente sobre grandes suportes explorando riscadores e 
também os movimentos do seu corpo, pode ser muito interessante. Há artistas 
contemporâneos que exploram estas experiências. O estúdio Segni Mossi existe 
desde 2014 e explora a interação entre várias áreas da arte como a dança, música 
e artes visuais. Neste local, são desenvolvidas oficinas em que as crianças brincam 
de desenhar, fazendo movimentos ao som de músicas e ao mesmo tempo criam 
desenhos de modo muito lúdico e livre. Vale a pena conhecer mais.
 
Figura 9
Fonte: segnimossi.net
18
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Vale a pena ler sobre garatujas:
https://goo.gl/C3pX73
Vídeos mostrando os projetos do estúdio Segni Mossi que integra dança e artes visuais: 
https://goo.gl/sk4VWf
Não apenas escolas, mas também museus estão abrindo suas portas para a comunidade. 
Pesquise sobre projetos deste tipo. Como por exemplo, o Projeto Bebês no Museu, 
reconhecido em 2016 pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) como um dos cinco 
melhores do mundo na área de educação museal, desenvolvido pelo Museu Lasar Segall: 
https://goo.gl/cs9Ua5
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Figura 10 – Bebês no museu Lasar Segall: Atividade reconhecida pelo Icom
Fonte: museus.gov.br
A arte é uma linguagem que as crianças pequenas estão familiarizadas. O 
educador que tem consciência da importância de contemplar em seus planos de 
ações proposições que abarquem o estímulo, a invenção, a criatividade, o convite 
aos sentidos da criança alcançará o desenvolvimento de proposições que estejam 
em sintonia com a plenitude da criança. Se as ações envolverem a participação da 
comunidade o ganho será ainda maior.
Com base nestes exemplos, professores podem criar maneiras de criar desafios 
para as crianças desenharem como, por exemplo, deixar disponível grandes folhas 
de papéis e riscadores. Colocar uma música, e na medida em que a música tocar, 
em seu ritmo as crianças de movimentam e criam seus desenhos. Pesquise mais 
sobre estas propostas.
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Oficina de Arte para Crianças de 3 a 4 anos: 
Um Lugar para Viver Experiências Estéticas 
Figura 11
Fonte: iStock/Getty Images
Nesta fase de idade, as crianças estão em plena:
• Exploração e manipulação de materiais, como lápis e pincéis de diferentes 
texturas e espessuras, brochas, carvão, carimbo etc.; de meios, como tintas, água, 
areia, terra, argila etc.;
• Pesquisas de variados suportes gráficos, como jornal, papel, papelão, parede, 
chão, caixas, madeiras etc.
• Exploração e reconhecimento de diferentes movimentos gestuais, visando à 
produção de marcas gráficas.
• Descoberta do próprio corpo e dos colegas no contato com os suportes e materiais 
de artes.
• Manipulação de materiais e com os trabalhos e objetos produzidos individual-
mente ou em grupo.
Fonte: <https://goo.gl/X2897u>.
Observe a imagem com as crianças acima.
O que envolve esta imagem?
Com os subsídios do que estudamos até aqui, vamos observá-la, de forma bem 
detalhada, percorrendo-a bem devagar.
Quais os sentidosdestas crianças que estão sendo estimulados? A imagina-
ção, a confiança, a autonomia, o equilíbrio, a consciência gestual, o coletivo 
etc... E o mais importante, elas estão brincando... Vivenciando experiências 
estéticas e sinestésicas.
20
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Para John Dewey, pedagogo e filósofo norte-americano, que estudou o conceito 
de experiência, vivemos muitas experiências no dia a dia, algumas são mais 
conscientes outras nem nos damos conta que estamos tendo uma “experiência”. 
No entanto estamos a todo o momento vivenciando experiências. Mas quando uma 
experiência em particular assume certo significado ou consciência, abre espaço 
para reflexão e percepção, neste instante um processo se inicia e dizemos que 
temos uma experiência estética. Mas tudo isto acontece de forma simbiótica com a 
vida. “Vida, experiência, aprendizagem – não se podem separar. Simultaneamente 
vivemos, experimentamos e aprendemos.” (John Dewey, 1978, p.16)
Veja a seguir as imagens em oficinas/obras. Os educadores podem criar lugares 
para criar e brincar. As crianças desta idade gostam de brincar de faz de conta. 
Neste sentido, o teatro, uma linguagem artística pode ser potencializada neste 
momento. São lugares cenários para viver experiências estéticas e imaginárias.
Figura 12
Fonte: stelabarbieri.com.br
Este tipo de proposta convida as crianças a experienciarem e explorarem 
seus sentidos de diferentes maneiras. A proposta é oferecer um local seguro e 
confortável para que as crianças possam ficar descalças sentindo as texturas do 
lugar. Os educadores podem cobrir os espaços com tecidos criando labirintos, 
cabanas para que as crianças percorram os detalhes do lugar, vivendo cada cor, 
forma, tamanho, textura... O olfato também pode ser aguçado colocando sachês 
com aromas escondidos e estimular as crianças a encontrar esses cheiros. Neste 
local, histórias podem ser contadas ou inventadas junto com as crianças.
A audição pode ser estimulada com sons, paisagem sonora, músicas...
Este tipo de atividade oferece muitas possibilidades lúdicas, artísticas e estéticas. 
Podemos dizer que crianças vivem em estado de sinestesia. Conheça mais sobre 
os trabalhos de artistas que cria lugares para viver experiências como estas. No 
catálogo da exposição, a artista e educadora Stela Barbieri, diz:
21
UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Os “Lugares” são obras-oficinas, espaços de reflexão e também de pro-
dução, em que o participante pode se envolver e ter possibilidades de 
ação. A intenção é que este projeto se constitua em campos de presença, 
ou seja, em espaços que nos fazem estar entregues e presentes. Na vida 
contemporânea, temos tendência a um automatismo que nos deixa dis-
persos; fazemos uma ação pensando em outra. Há algumas situações que 
nos chamam a estar presentes porque nos emocionam ou nos envolvem; 
nos deslocam, no tempo e no espaço, para o agora.
Fonte: <https://goo.gl/S9472U>.
O educador do ensino infantil, com formação consciente do que sua turma 
precisa ter, para poder criar e externar suas ideias e modo de ver o mundo cria 
proposições transformadoras.
Oficina de Arte para Crianças de 5 a 6 anos: Reggio Emilia, 
uma Experiência Inspiradora de Sonhos, Mundo à Fora
Reggio Emilia ou Região de Emilia e um local no norte da Itália que ficou 
conhecido por sua inovadora pedagogia para crianças na primeira infância. Após 
a Segunda Guerra Mundial, um educador chamado Loris Malaguzzi (1920-1994) 
tomou a inciativa de reunir a comunidade e conversar sobre a educação das 
crianças, sobretudo das bem pequenas. Ele acreditava que o futuro dependeria 
do que as crianças também acreditassem, do que poderia ser possível para elas 
no futuro. Assim embalados neste sonho, a comunidade local une forças, após a 
difícil experiência da guerra, para reconstruir não apenas a cidade, mas suas vidas 
e a escola dos sonhos para seus filhos. E foi neste cenário de dor e de esperança 
que Loris Malaguzzi escreveu o poema, que passa a ser um mantra para tudo que 
estava por vir, sob o título “As cem linguagens da criança”.
Ao contrário, as cem existem 
A criança
é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
de maravilhar e de amar.
Cem alegrias
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para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem)
mas roubam-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender em alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir um mundo que já existe
e de cem roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que as cem não existem.
A criança diz:
ao contrário, as cem existem.
Loris Malaguzzi, Apud. EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio 
Emilia na educação da primeira infância. Trad. Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 5
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Figura 13
Fonte: iStock/Getty Images
Saiba mais sobre as escolas: 
https://goo.gl/Srvypb
Reportagem Especial – As Escolas de Educação Infantil de Reggio Emilia, Itália: 
https://youtu.be/4j8mtA_iDss
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As propostas pedagógicas de Malaguzzi para educação infantil em Reggio Emilia 
foram referenciadas em Piaget, Vygotsky e Dewey, criando um legado que até hoje 
inspira o mundo todo por suas experiências transformadoras.
Tendo como princípio uma educação baseada na escuta, nas diferentes maneiras 
de cada criança se expressar, como fala no poema, de suas cem diferentes formas 
de ver, fazer, criar, escutar, falar, sonhar... Assim fala de como é diversa sua forma 
de viver. Ações que provocam o desenvolvimento sensorial e criativo das crianças 
por meio de vivências lúdicas e acolhedoras são extremamente importantes. Sendo 
a linguagem da arte potencializadora em abarcar a diversidade das linguagens 
existentes. Nesta proposta, é valorizado o desenho das crianças em todas as suas 
fases inclusive as garatujas, representações simbólicas e mais realistas. Em cada fase 
a criança esta em um momento de descoberta e assim se dá o seu desenvolvimento 
natural de conhecimento e domínio das linguagens. Sobre criança e linguagem veja 
o que as autoras a seguir têm a dizer e a contribuir para nossa compreensão:
 [..] Pode-se dizer que linguagem é um sistema simbólico e toda linguagem 
é um sistema de signos.
Somos rodeados por ruidosas linguagens verbais e não verbais – sistemas 
de signos – que servem de meio de expressão e comunicação entre nós, 
humanos, e podem ser percebidas por diversos órgãos dos sentidos, o que 
nos permite identificar e diferenciar, por exemplo, uma linguagem oral 
(fala), uma linguagem gráfica (a escrita, um gráfico) , uma linguagem tátil 
(o sistema de escrita braile, um beijo), uma linguagem auditiva (o apito do 
guarda ou do juiz de futebol), uma linguagem gustativa (o gosto apimentado 
do acarajé baiano ou o gosto doce do creme de cupuaçu) ou as linguagens 
artísticas. (MARTINS, PICOSQUE e GUERRA, 2010. p. 32)
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Um Atelier para Criar
Com base nas propostas da escola de Reggio Emilia podemos dar várias ideias 
de oficinas como, por exemplo, seções de atelier de arte. Como funciona?
As crianças são levadas para um espaço preparado com materiais que ficam 
disponíveis, pode inclusive ser um espaço ao ar livre. O professor em roda de 
conversa escolhe junto com as crianças um assunto a ser investigado,pode ser 
a cor, a linha, a forma, movimento, formas na natureza (a árvore, nuvens...
objeto), temas abstratos... Não há regras, são as crianças quem escolhem o que 
elas querem estudar. Escolhido o foco de estudo e os materiais, as crianças se 
lançam a começar seus trabalhos, o professor não deve direcionar, apenas orientar, 
ajudar nas demandas e pedidos dos alunos. Não deve trazer modelos de como 
se desenha algo, porque o desenho do adulto é diferente dos das crianças e elas 
precisam encontrar suas próprias hipóteses e respostas. Nas escolas Reggio Emilia, 
existe o profissional Atelierista, ele é muito importante neste processo porque é um 
educador preparado para esta pedagogia. Terminada a seção todos colocam seus 
trabalhos na roda e conversam sobre o que fizeram e como foi este momento de 
criação e o processo de estar ali.
Lendo esta entrevista com um Atelierista de uma escola Reggio Emilia publicado in:
VECHI, Vea. O papel do atelierista. In: EDWARDS, Carolyn, GANDINI, Lella e FORMAN, George. 
As cem linguagens da criança. A abordagem de Reggio Emilia na Educação da primeira 
infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. p.129-141.
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As crianças nesta faixa de idade estão dispostas à:
• Criação de desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir de seu próprio 
repertório e da utilização dos elementos da linguagem das Artes Visuais: ponto, 
linha, forma, cor, volume, espaço, textura etc.
• Exploração e utilização de alguns procedimentos necessários para desenhar, 
pintar, modelar etc.
• Exploração e aprofundamento das possibilidades oferecidas pelos diversos 
materiais, instrumentos e suportes necessários para o fazer artístico.
Neste sentido, as seções de atelier são fundamentais nas propostas das escolas 
de pedagogia Reggio Emilia. Assim como, ao término de cada proposição, há 
uma roda de conversa, onde cada um conta sua experiência, suas escolhas e as 
ideias que o acompanharam na construção da proposta. A presença do atelierista é 
imprescindível na organização de Reggio Emilia. O atelierista é para nós o educador 
mediador, aquele que apresenta a diversidade de materiais, suas possibilidades 
técnicas e poéticas, articula com o professor pedagogo as proposições artísticas e 
faz a mediação. Ou seja, o professor de arte, aqui.
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
As experiências das escolas infantis na cidade, que iniciou em uma escola, em 
pouco tempo tornou-se referência para toda cidade, são acolhidas por todos os 
moradores. É comum a exposição dos trabalhos das crianças pela cidade. Hoje 
esta cidade educadora recebe vários professores que vem de todo o mundo fazer 
cursos de aperfeiçoamento sobre a primeira infância. São instituições de pedagogia 
Reggio Emilia que passam para outros educadores estas propostas.
Reggio Emilia: uma cidade educadora da primeira infância: https://goo.gl/MPA9mJ
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A experiência de Reggio Emilia é uma experiência muitíssimo importante para 
a arte e educação, entretanto na diversidade e extensão de nosso planeta não 
poderia ser diferente, há inúmeras e muitas vezes desconhecidas boas e significativas 
experiências em educação, que abarcam a arte, a cultura e a vida.
Citamos aqui nosso ilustríssimo pedagogo Paulo Freire (1978-1997). Neste 
texto ele narra a suas primeiras descobertas na aventura em ler o mundo, ler a 
palavra, ler a vida, descobrir que tem cem linguagens. E você como aprendeu, 
como descobriu as suas cem linguagens?
[..]A retomada da infância distante buscando a compreensão do meu ato 
de ‘’lê’’ o mundo particular em que me movia, e até não sou traído pela 
memória, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou 
entregando, recrio, e revivo, no texto que escrevo a experiência vivida no 
momento em que ainda não lia a palavra. Vejo-me então na casa mediana 
em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se 
fossem gente, tal a intimidade entre nós, à sua sombra brincava e em 
seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos 
menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. A velha 
casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão seu terraço, o sítio das avencas 
de minha mãe, o quintal amplo em que se achava tudo isso foi o meu 
primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei , falei. Na 
verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha 
atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras 
leituras. Os ‘’textos’’, as ‘’palavras’’, as ‘’letras’’ daquele contexto, em cuja 
percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a 
capacidade de perceber, se encarnavam numa série de coisas, de objetos, 
de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas 
minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.
Os ‘’textos’’, as ‘’palavras’’, as ‘’letras’’ daquele contexto se encarnam no 
canto dos pássaros, do sanhaçu, o do olha pro caminho que vem, o do 
bem te vi, o do sabiá; na dança das copas das árvores sopradas por fortes 
ventanias que anunciavam tempestades, trovões, relâmpagos; as águas 
da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos. 
Os ‘’textos’’, as ‘’palavras’’, as ‘’letras’’, daquele contexto se encarnavam 
também no assobio do vento, nas nuvens do céu, nas suas cores,... 
[...] (FREIRE, Paulo, A importância do ato de ler: em três artigos que 
se completam/Paulo Freire. – São Paulo: Autores Associados: Cortez, 
1989. Coleção polêmicas do nosso tempo; 4)
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Arte/Educação Contemporânea – Consonâncias Internacionais
BARBOSA, A. M. T. B. Arte/Educação Contemporânea – Consonâncias Interna-
cionais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte
BARBOSA, A. M. T. B. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 2. ed. São 
Paulo: Cortez, 2003.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte
BRASIL SECRETARIA DA EDUCACAO FUNDAMENTAL.Parâmetros Curriculares 
Nacionais: Arte. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
Ser Artista, Ser Professor - Razões e Paixões do Ofício - Coleção Arte & Educação
ALMEIDA, Celia Maria de Castro. Ser Artista, Ser Professor - Razões e Paixões do 
Ofício - Coleção Arte & Educação. São Paulo: Unesp, 2009.
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UNIDADE Arte e Criança na Primeira Infância
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / 
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — 
Brasília: MEC/SEF, 1998.
BARBIERI, Stela. Interações – Onde está a Arte na Infância? São Paulo: Editora 
Blucher, 2012.
DEWEY, John. Vida e educação. Tradução de Anísio Teixeira. 10.ed. São Paulo: 
Melhoramentos, 1978. (p.16).
EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: 
a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Trad. Dayse 
Batista. Porto Alegre: Artmed, 1999.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Pratica Educativa. 
São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: São Paulo: Cortez, 1989.
KATZ, Lilian. O que podemos aprender com Reggio Emilia. In: EDWARDS, 
C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança. Porto Alegre: 
Artmed, 1999. p. 37-58 
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. 
Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010.
MARTINS, Raimundo; TOURINHO, Irene. Cultura visual e infância: quando as 
imagens invadem a escola. Santa Maria (RS): UFSM, 2010.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães 
D’amorim e Paulo Sergio Lima Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. Tradução:Jefferson Luiz Camargo. 
3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Sites visitados
Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos <https://goo.gl/70IC5C>.
Livraria Cultura <https://goo.gl/4gAhyL>.
Domínio Público <https://goo.gl/Kw7X>.
Nova Escola <https://goo.gl/UoENeP>.
Centro de Referência em Educação Integral <https://goo.gl/Srvypb>.
YouTube – Lucas - Geraldo Azevedo <https://youtu.be/YTuF-YA6lAU>.
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Rede Nacional Primeira Infância <http://primeirainfancia.org.br/>.
A (Des) Qualificação da Infância <https://goo.gl/4zKO9L>.
Sinestesia e Percepção Digital <https://goo.gl/94edIR>.
Nova Escola <https://goo.gl/C3pX73>.
Segni Mossi <https://goo.gl/sk4VWf>.
Portal do Instituto Brasileiro de Museus <https://goo.gl/cs9Ua5>.
Projeto Lugares – Stela Barbieri <https://goo.gl/NIgcGI>.
Uol – Portal do Aprendiz <https://goo.gl/CVdn2B>.
Centro de Referência em Educação Infantil <https://goo.gl/u1DbH8>.
As Cem Linguagens da Criança - Vol.2 <https://goo.gl/HVazkb>.
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