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1 UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP Disciplina: ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO - 5º Semestre Prof. Rose Carvalho AULA 1: ANÁLISE FUNCIONAL: BASES, MODELO DE APLICAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL FILOSÓFICO Análise funcional nada mais é do que uma análise das contingências responsáveis por um comportamento ou por mudanças nesse comportamento (sejam eles comportamentos problemáticos- como quebrar vidraças, ou aceitáveis como estudar para o vestibular). Fazer uma análise funcional é identificar a função, isto é, o valor de sobrevivência de um determinado comportamento. A análise funcional, é um dos vários métodos oferecidos no entendimento e na compreensão dos problemas humanos. Com forte base experimental, e com a direção filosófica e conceitual do Behaviorismo Radical, essa prática tem se firmado como continuidade de uma tradição de trabalho pautado em princípios da aprendizagem e no conhecimento das ciências do comportamento. As análises e técnicas utilizadas por terapeutas desta abordagem baseiam-se no modelo explicativo da seleção pelas consequências e com a análise de contingências enquanto ferramenta interpretativa. A prática clínica analítico - comportamental surgiu no Brasil por volta da década de 1980.Essa abordagem ganhou impulso do País, juntamente com outras práticas clínicas, sob o rótulo de terapias cognitivo- comportamentais. Essa “nova” classe de profissionais emergiu como uma alternativa ao modelo psicodinâmico de terapia, até então fortemente predominante por aqui. A vantagem dessas novas práticas é sua ênfase em trabalhos que buscam resultados rápidos. É possível modificar o comportamento, aprender a moldar este comportamento dentro de um processo de escolhas que permitam moldar o contingenciamento do reforçamento do estímulo, para que a relação entre o ato e consequência possa refletir num comportamento que não seja gerador de dor psíquica. Uma conduta antiga pode ser mudada, alterada ou ter subtraída o seu funcionamento. Essa é a essência da análise de contingências: identificar o comportamento e as consequências, alterar as consequências, ver se o comportamento muda. Uma análise funcional através da essência do comportamento é possível identificar relações de funcionamento do comportamento individual e suas consequências. Seus paradigmas 2 fundamentais são o comportamento respondente e operante, onde se busca identificar os determinantes que ativam o comportamento. Em toda a análise, deve-se observar as trocas entre os organismos e o ambiente. Conforme Skinner, é necessário analisá-lo funcionalmente, no qual os determinantes se situam no ambiente externo e no plano interno. Comportamento respondente ou reflexo: A compreensão do comportamento respondente é imprescindível para a compreensão tanto da origem quanto do tratamento de diversos fenômenos clínicos (kehoe e Macrae,1998). Comportamento respondente é um tipo de relação organismo-ambiente. Nesta, um determinado estímulo produz/ elicia uma resposta específica. O paradigma dessa relação é S ,R em que S denota o termo estímulo e R, resposta (Catania,1999; Skinner,1938/1953/1965). Na relação respondente, diz-se que o estímulo elicia a reposta. Isso porque nesta relação, a resposta tem probabilidade de ocorrer próxima de 100% quando da apresentação do estímulo. Ao se analisar relações respondentes, deve-se atentar para algumas de suas características, tais como limiar, magnitude da resposta e intensidade do estímulo, duração da resposta e latência entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta. Limiar refere-se à intensidade mínima do estímulo necessária para que a resposta seja eliciada. Magnitude à amplitude da resposta. Duração refere-se ao tempo que a resposta eliciada perdura, e a Latência, ao intervalo de tempo entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta. Quanto maior for a intensidade do estímulo, maior será a duração da resposta e menor será a latência, e vice e versa. A força de um comportamento respondente é medida pela magnitude e duração da resposta, assim como pela latência da relação. A resposta é causada pelo evento ambiental antecedente. Na clínica: A compreensão das relações respondentes é fundamental para o clínico analítico- comportamental. Este tipo de relação organismo ambiente está contida em diversos comportamentos, inclusive naqueles tidos como alvos de intervenção, como ansiedade generalizada, pânico, enfraquecimento do sistema imunológico em situações de estresse, dependências químicas, entre muitos outros fenômenos. 3 Comportamento Operante: Segundo Skinner, comportamento deve ser entendido como relação entre o organismo e ambiente, ou seja, o intercâmbio que ocorre entre as respostas emitidas pelo organismo e aqueles eventos do universo que estão diretamente relacionados a ela. Comportamento Operante é uma relação organismo- ambiente em que a emissão de respostas de um indivíduo afeta/altera o ambiente, e a depender desta alteração, respostas semelhantes a estas terão sua probabilidade de ocorrência futura aumentada ou diminuída. Processos comportamentais: Reforçamento: O processo de reforçamento é o aumento na frequência do comportamento devido à apresentação contingente de um reforçador. Esse processo pode ser verificado como o aumento da frequência da resposta, quando estímulos são contingentes à sua emissão. Extinção: O processo de extinção é a diminuição da frequência do comportamento em razão da suspensão da apresentação contingente de um reforçador. Há estímulos reforçadores que aumentam a frequência da resposta (ou duração) de respostas que os antecedem por uma sensibilidade inata do ser humano a eles. Esses estímulos são denominados reforçadores incondicionados. Já alguns outros estímulos adquirem a função reforçadora devido à história particular de relações entre o ser humano e o ambiente em que ele vive. Esses estímulos, que dependem da história de vida para adquirir a função reforçadora, são denominados reforçadores condicionados. Como cada ser humano tem uma história particular de relação com o ambiente, o que funciona como reforçador condicionado para respostas de um ser humano pode não funcionar para respostas de outro ser humano que tem outra história de vida (Skinner, 1953/2003). Cabe ao analista do comportamento identificar quais mudanças são reforçadores em cada caso analisado. Operante discriminado: Frequentemente, os operantes tornam-se mais prováveis de ocorrer naquelas situações/ contextos em que foram reforçados. Quando isso acontece, diz-se que se trata de um operante discriminado, ou seja, esta relação operante ocorre sob influência de um contexto que a evoca e tem baixa probabilidade de ocorrência num contexto distinto. Esse contexto que passa a evocar a resposta recebe o nome de estímulo discriminativo (SD). 4 Um operante discriminado tende a ocorrer também diante de outros contextos semelhantes àquele inicialmente condicionado. A esse processo em que há transferência da função evocativa de um contexto para outros semelhantes a este dá- -se o nome de generalização. Um operante discriminado é composto de duas relações: entre resposta e reforçador, operante e entre este operante e seu contexto. Quando um evento começa a exercer função de estímulo discriminativo para um operante, ele passa automaticamente a ter importância para aquele indivíduo. Assim, ele poderá ser utilizado como reforçador para outras respostas, tornando possível o estabelecimento de cadeias comportamentais. Na clínica: Quase a totalidade dos comportamentos humanos são derivados de relações operantes. Assim, conhecer o conceito de operante é fundamental para se pensar em predição e controle de comportamento. É a partir dessa noção de operante que o clínico começa sua investigação e, posteriormente, planeja suas intervenções, buscando identificarquais são os reforçadores e quais são os estímulos discriminativos (contingências) relacionados às queixas do cliente. Muitos exemplos deste tipo de relação organismo-ambiente serão dados ao longo deste livro. Todavia, para ilustrarmos, imagine um menino que bate na irmãzinha menor toda vez que sua mãe está presente e não bate em sua ausência. Há de se supor (e o clínico deverá testar essa hipótese) que o comportamento de bater desta criança é um operante discriminado, em que a presença da mãe exerce função de SD e evoca a resposta de bater do menino, produzindo, como consequência, a atenção da mãe (reforçador). Referências: BORGES, N.B; CASSAIS, F. A. Clínica analítico- comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto Alegre: ARTMED, 2012. *Caso Clinico apresentado em classe: Um Modelo de apresentação de análise funcionais do comportamento: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2002000300005 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2002000300005
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