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Desenvolvimento_Cognicao_e_Afetividade_versao_final (1)

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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
Psicopedagogia 
 
Desenvolvimento, 
Cognição e Afetividade 
 
 
 
 
 
Autores: Ana Lidiane Oliveira 
 Simone de Figueiredo Cruz 
 
 
EAD – Educação a Distância 
Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação 
 
 
 
 
2 
www.eunapos.com.br 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 03 
UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HUMANO, COGNIÇÃO E AFETIVIDADE .. 04 
1.1 Interdependência entre Afetividade e Cognição para a Aprendizagem ............. 05 
1.2 Teorias do Desenvolvimento: Ambientalistas, Inatistas e Interacionistas ........ 07 
1.3 Valor das Relações Afetivas: Contribuições de alguns teóricos sobre a 
construção do conhecimento .................................................................................. 15 
1.4 A atuação docente no Desenvolvimento dos Alunos ........................................ 29 
 
UNIDADE 2 – O AFETO E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM ................ 38 
2.1 A importância do afeto para o saber pedagógico e o aprender escolar ............ 38 
2.2 O afeto como determinante do sucesso (ou do fracasso) escolar: profecias 
autorrealizadoras ..................................................................................................... 43 
2.3 Psicanálise na Educação .................................................................................. 46 
 
UNIDADE 3 – DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ................................................ 60 
3.1 Teoria de Piaget ................................................................................................ 60 
3.2 Teoria de Vygotsky ............................................................................................ 63 
3.3 Escola é lugar de compartilhar conhecimento ................................................... 65 
 
UNIDADE 4 – INTERFERÊNCIAS BIO-COGNITIVO-SOCIAIS NO PROCESSO DE 
APRENDIZAGEM: OS DISTÚRBIOS DO COMPORTAMENTO ............................ 69 
4.1 Transtorno de Ajustamento ............................................................................... 69 
4.2 Agressividade .................................................................................................... 70 
4.3 Fobia Escolar .................................................................................................... 72 
4.4 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH .............................. 73 
4.5 Transtorno de Ansiedade .................................................................................. 75 
 
 
 
 
 
 
3 
www.eunapos.com.br 
Introdução 
Nesta disciplina, você terá a oportunidade de conhecer e aprofundar algumas 
teorias dos processos psicológicos relacionados às aprendizagens humanas. Você, 
sobretudo se for professor, sabe da importância da compreensão das funções 
psicológicas que caracterizam o desenvolvimento humano. 
Agora, como futuro psicopedagogo, mais ainda será necessário este 
aprofundamento teórico para que sua prática psicopedagógica esteja fundamentada 
em conhecimentos que a sustentem, dando condições de intervir para a reabilitação 
da ensinagem e da aprendizagem. 
Para abrir os estudos convido você a fazer uma reflexão inicial. Há um 
depoimento que Ivete Sangalo faz em um vídeo editado e divulgado nos voos de 
uma companhia área nacional. Neste material ela trata da existência e importância 
da memória afetiva1 que construímos ao longo das experiências vividas como 
suporte às conquistas realizadas. É claro que conscientemente não lembramos de 
tudo o que vivemos na infância, mas é certo que sentimos e registramos o apoio 
emocional dado pelos adultos significativos2, com os quais nos relacionamos. Ela 
fecha este depoimento com a frase “Quem confia voa longe” deixando como 
reflexão, que, quem tem apoio emocional pode conquistar ou construir muitas coisas 
na vida. 
No módulo mais a frente, sobre a família, vamos conversar sobre este apoio 
emocional na família. Agora, pense no apoio que você recebeu ou não no ambiente 
escolar. Assim como, no tipo de apoio que você oferece aos seus alunos. Ao pensar 
nestas situações faça um registro destacando as características destes professores 
que deram apoio e marcaram sua trajetória escolar. Depois, troque com seus 
colegas estas características relevantes e veja se vocês têm opiniões semelhantes 
sobre estas características que podemos considerar como propulsoras de 
aprendizagens. 
 
 
1 Memória Afetiva - diz respeito ao conjunto de informações que registramos no inconsciente conforme as 
experiências vividas. (Garcia-Roza, 2000). 
2 Adultos significativos – são pessoas com as quais convivemos e que se tornam referenciais na nossa vida. 
Geralmente são aqueles que ocupam os papéis de pais, avós, tios, padrinhos enfim dependerá dos vínculos 
estabelecidos. (Fontana, 1997) 
 
 
 
 
4 
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UNIDADE 1 – DESENVOLVIMENTO HUMANO, COGNIÇÃO E 
AFETIVIDADE 
 
Para que tenhamos uma visão completa e integrada, do quanto a afetividade 
pode interferir positiva ou negativamente na cognição, é importante que conheçamos 
primeiro as características do que denominamos desenvolvimento. Será que 
podemos considerar as pessoas adultas ou até mesmo os intelectuais, estudiosos 
como pessoas desenvolvidas, simplesmente por considerar sua idade cronológica 
ou talvez a posição social que ocupa? Será que nós, enquanto educadores, futuros 
psicopedagogos, consideramos todos os aspectos que podem caracterizar o 
desenvolvimento nas diversas áreas do estudo humano (bio-social-psico-econômico) 
ou nos atermos somente às questões fragmentadas e diagnosticamos problemas 
somente sob um aspecto da situação? 
Assim, segundo Papaia (2006, p. 47), desenvolvimento humano é “o estudo 
científico da mudança e da continuidade durante todo o ciclo humano de vida e 
apresenta algumas características específicas”: 
 O Desenvolvimento é vitalício, ou seja, cada período do tempo de 
vida é influenciado pelo que aconteceu antes e irá afetar o que está 
por vir. Cada período tem suas próprias características e um valor 
sem igual; nenhum é mais ou menos importante que o outro. 
 O Desenvolvimento depende da história e do contexto. Cada 
pessoa desenvolve-se dentro de um conjunto específico de 
circunstâncias ou condições definidas por tempo e lugar. Os seres 
humanos influenciam seu contexto histórico e social e são 
influenciados por eles. Eles não apenas respondem a seus 
ambientes físicos e sociais, mas também interagem com eles e os 
mudam. 
 O Desenvolvimento é multidimensional e multidirecional. O 
desenvolvimento durante toda a vida envolve um equilíbrio entre 
crescimento e declínio. Quando as pessoas ganham em um aspecto 
podem perder em outro e em taxas variáveis. As crianças crescem 
sobretudo em uma direção – para cima – tanto em tamanho como 
em habilidades. Na vida adulta, o equilíbrio muda gradualmente. 
Algumas capacidades, como vocabulário, continuam aumentando; 
outras, como a capacidade de resolver problemas desconhecidos 
podem diminuir; alguns novos atributos, como perícia podem 
aparecer. As pessoas procuram maximizar ganhos e minimizar 
perdas, aprendendo a administrá-las ou compensá-las. 
 O Desenvolvimento é flexível ou plástico. Plasticidade significa 
capacidade de modificação do desempenho. Muitas capacidades, 
como memória, força e persistência, podem ser significativamente 
aperfeiçoadas com treinamento e prática, mesmo em idade 
avançada. Entretanto, (...) nem mesmo as crianças são infinitamente 
 
 
 
 
5 
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flexíveis; o potencial para mudança tem limites (PAPAIA, 2006, p. 47 
– 48). 
 
Se considerarmos todas as características do desenvolvimento apresentadas 
por Papaia (2006), não seria talvez mais fácil compreender por que alguns alunos 
apresentam dificuldades, orade aprendizagem, ora 
de comportamento, ora de relacionamento? E nós, 
quais as nossas dificuldades ou potencialidades 
que podem ser justificadas pelas características de 
desenvolvimento anteriormente apresentadas? 
Seria o meio externo (família, escola, amigos) o 
responsável pelo sucesso ou fracasso escolar de 
uma criança? 
 Fonte: http://migre.me/2rU5L 
 
 Considerando a afetividade como mola que impulsiona a aprendizagem, como 
afirmou Piaget (apud La Taille, 1992), e a importância de um professor que sirva 
como mediador, como uma pessoa significativa, que facilita e desafia os alunos no 
seu caminho na construção de conhecimentos, vamos ater nossa atenção a esta 
relação tão ímpar, delicada e muitas vezes decisiva no processo de aprendizagem: 
Afetividade e Cognição. 
 
1.1 Interdependência entre Afetividade e Cognição para a 
Aprendizagem 
 
Pensemos em uma sala de aula, composta por aproximadamente 20 alunos 
onde um professor, através de uma aula expositiva, tenta apresentar determinado 
conteúdo curricular. A maneira como fala, sua expressão facial, seu tom de voz, sua 
gestualidade são fatores que podem determinar ou não a compreensão e apreensão 
deste conteúdo por seus alunos, uma vez que a comunicação não verbal, carregada 
de afetos positivos ou negativos, atua diretamente nos relacionamentos 
interpessoais. 
 Netto (2008), em seu texto Comunicação Não Verbal, diz que este tipo de 
comunicação acompanha o homem desde o seu nascimento, e aparece através de 
 
 
 
 
6 
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gestos, olhares, toques e é tão essencial quanto a verbalização, pois através dela 
consegue-se transmitir a rejeição, o afeto, a empatia, o descaso e naturalmente o 
amor. 
 Assim, a relação professor/aluno está 
revestida de afeto. É uma relação transferencial, 
ou seja, na sala de aula o aluno revive a relação 
original entre pais e filhos, transferindo para o 
professor todo o amor e/ou hostilidade que um dia 
teve que abrir mão para ingressar em um mundo 
social. Segundo Passos (2009, p.42), 
Fonte: http://migre.me/2rUlm 
 
Transferir é o mesmo que deslocar algo de um lugar para o outro, 
sendo que estas transferências atribuem um sentido especial à 
figura determinada pelo desejo. Na relação professor/aluno, a 
transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se liga a 
um elemento particular, no caso a pessoa do professor. Posto isto, o 
conteúdo a ser ensinado deixa de ser o centro do processo 
pedagógico e a figura do professor e sua significação para o aluno é 
que passa a ser a chave para o aprendizado. 
 
 Evidencia-se, desta forma a importância que a comunicação não verbal, bem 
como a comunicação verbal, carregada de afetos, contamina a relação professor e 
aluno e pode prejudicar ou facilitar o grande objetivo da Educação: o aprender! 
 Luckesi (2005) reafirma que para operar nossa capacidade de conhecer, 
necessitamos que nossos afetos nos permitam. Somente aquilo que amamos que 
desejamos que faça parte de nós mesmos, é o que é realmente significativo para a 
aprendizagem humana. 
 Infelizmente nossa realidade ou nossa subjetividade como pessoas, também 
carregadas de situações revestidas de afeto, muitas vezes não nos permite enxergar 
o aluno com suas limitações ou especificidades emocionais. E assim, toda e 
qualquer ação ou intenção de ensinar se torna inoperante. O que se encontra na 
atual realidade escolar são inúmeros casos de indisciplina, agressividade, 
isolamento social, depressão, reprovação e evasão escolar na vida acadêmica dos 
alunos e outros inúmeros casos de depressão, doenças somáticas, doenças físicas 
nos professores. Os afetos e as emoções quando não considerados adequadamente 
 
 
 
 
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travam o ensinar e o aprender. Devemos considerar que a aprendizagem é resultado 
da interação afetiva do sujeito/objeto com outros sujeitos. 
 Podemos considerar aqui a abordagem histórico-cultural de Vygotsky (apud 
FONTANA, 1997): ele evidencia a importância do outro e da qualidade das relações 
para a internalização dos instrumentos e dos signos. “É na sua relação com o outro 
que a criança vai se apropriando das significações socialmente construídas” 
(FONTANA, 1997, p.61). Deste modo, a abordagem sócio-histórica de Vygotsky 
explica as origens e o funcionamento psicológico através das relações sociais, e 
enfatiza a qualidade destas relações para a apreensão dos conceitos, objetos e 
conhecimentos que a realidade lhe apresenta. 
 O aluno tem que ser “afetado”- partindo do termo Afetividade - pelas 
interferências verbais e não verbais do professor que, numa relação transferencial, 
lhe traz alguma lembrança e deve “afetar” significativamente seu inconsciente para 
que se efetive, se internalize além de conhecimentos, atitudes e valores para toda 
sua vida. Segundo Luckesi (2005, p. 2), “com o coração fechado, não conseguimos 
fazer nada com qualidade”. 
 
1.2 Teorias do Desenvolvimento: Ambientalistas, Inatistas e 
Interacionistas 
 
Para compreendermos os estudos sobre o desenvolvimento humano 
precisamos começar refletindo sobre as crenças pessoais que carregamos: Em que 
acreditamos? Qual a nossa experiência de vida em relação à aprendizagem? Será 
que os conhecimentos que temos hoje, principalmente no que se refere aos valores, 
atitudes, posturas pessoais e profissionais foram sendo gradativamente apreendidos 
através da vivência em família, amigos e contexto social? Qual será a parcela da 
hereditariedade em nossas atitudes? Somos influenciados e influenciamos pessoas? 
As teorias sobre o desenvolvimento humano apresentam, através de seus 
estudiosos, explicações a respeito da herança genética, relações pessoais e sociais 
de cada um na constituição de seus conhecimentos. 
Vejamos primeiramente a Teoria Ambientalista. John B. Watson foi o 
fundador do movimento comportamentalista (ou behaviorista, do inglês behavior, que 
significa comportamento). Tem a Filosofia como formação, mas interessou-se pela 
 
 
 
 
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psicologia animal. Seus estudos e sua teoria foram embasados pelas experiências 
com animais, valorizando a atuação do meio ambiente sobre o indivíduo. Os fatores 
externos (objetivos) são mais importantes no desenvolvimento da pessoa do que os 
fatores internos (subjetivos) como as capacidades mentais: inteligência, aptidão, 
vontade e sentimentos. Sendo assim, esta concepção deriva da corrente filosófica 
Empirismo3. Esta teoria dominou o entendimento do desenvolvimento humano na 
década de 50 a meados da de 80, do século passado. 
Os ambientalistas acreditam que “embora o comportamento do homem difira 
do comportamento dos animais, em razão de um maior refinamento e complexidade, 
ambos podem ser explicados pelos mesmos princípios” (FONTANA, 1997, p. 25). 
Como Watson poderia ter outra crença se sua experiência profissional o levava a 
crer que os comportamentos, inclusive dos humanos, poderiam ser modificados ou 
adaptados de acordo com os estímulos4 que o indivíduo recebe? 
Watson não descarta a existência de processos internos no organismo. Ele 
apenas considera que tais processos devem ser estudados pela fisiologia. À 
psicologia, segundo sua concepção, cabe o estudo das respostas5 do organismo aos 
estímulos do meio. “O que ocorre no interior do organismo entre um dado estímulo e 
uma dada resposta não pode ser observado e, portanto, não interessa aos 
psicólogos comportamentalistas” (FONTANA, 1997, p. 25). 
Skinner, psicólogo norte-americano, outro importante comportamentalista, deu 
continuidade aos trabalhos de Watson e criou o que chamou de “análise 
experimental do comportamento”, que, segundo Davis (1990, p. 33), seria uma 
análise rigorosa da forma como os indivíduos atuam em seu ambiente, identificando 
os estímulos que provocam o aparecimento de um comportamento e as 
consequências que o mantêm. 
Dá-se o nome de reforçador todo estímuloque é apresentado ao organismo. 
Assim, se um estímulo é vivenciado por seu aluno e este mesmo estímulo faz com 
que o comportamento deste aluno seja modificado, aumentando sua incidência, ele 
 
3Empirismo – Segundo Davis (1990, p.30) é uma teoria filosófica que defende o conhecimento da razão, da 
verdade e das ideias racionais através da experiência, ou seja, aquilo que as pessoas conhecem ou acreditam deve 
necessariamente passar pelo crivo de experiência e da observação. As aprendizagens ocorrem por tentativas e 
erros. Seu principal teórico é John Locke. 
4 Estímulo – toda modificação do ambiente que pode ser captada pelo organismo por meio dos sentidos. Pensem 
quantos estímulos uma sala de aula pode apresentar aos alunos visando alguma aprendizagem. (FONTANA, 
1997, p.25) 
5 Resposta – Modificações que ocorrem no organismo em decorrência dos estímulos. (FONTANA, 1997, p.25) 
 
 
 
 
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é chamado de reforço positivo. Ao contrário, se a incidência de um comportamento 
diminui com a vivência de um estímulo, este é então denominado reforço negativo. 
Podemos ilustrar a situação de uma multa no trânsito: a multa seria um reforçador 
negativo que fez com que o comportamento inadequado apresentado no trânsito, 
como ultrapassar sinal vermelho ou não usar cinto de segurança, diminuísse ou 
fosse extinto (exclusão de um comportamento). Assim, observando-se o ambiente e 
proporcionando situações onde um indivíduo receba reforços positivos ou negativos, 
segundo a teoria ambientalista de Skinner, o comportamento passou por um 
processo de condicionamento, que, segundo Fontana (1997, p. 27), “é um processo 
de aprendizado no qual um estímulo ambiental provoca uma resposta e o indivíduo 
aprende a partir da associação entre este estímulo e a resposta”. 
O desenho a seguir apresenta um pouco do que tratamos sobre a Teoria 
Ambientalista. 
 
Figura 1 – Teoria Ambientalista 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Aplicando os conceitos da Teoria Ambientalista à prática escolar, evidencia-se 
a necessidade, a priori, de uma observação apurada dos comportamentos 
indesejáveis, bem como, dos comportamentos que o professor deseja desenvolver, 
para que, a posteriori, o planejamento adequado seja feito. Ao professor cabe 
delimitar quais os objetivos que pretende alcançar para traçar as estratégias 
 
 
 
 
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necessárias para sua atuação. Ou seja, de acordo com a teoria Ambientalista, deve-
se ter a especificação dos reforçadores que serão utilizados, dependendo dos 
objetivos traçados, para que a resposta do educando se condicione a tais objetivos. 
Evidencia-se com esta postura o papel do professor em detrimento do papel 
do aluno, que assume uma postura passiva frente ao ambiente, onde as atitudes 
deste aluno “... podem ser manipuladas e controladas pela simples alteração das 
situações em que se encontra” (DAVIS,1990, p. 34). 
 Desta forma, conclui-se, através da análise e compreensão dos conceitos da 
Teoria Ambientalista, que o desenvolvimento humano nada mais é do que resultado 
de aprendizagens acumuladas no decorrer da vida. Pense em quantas ou quais 
atitudes você, como cidadão, já mudou em função de alguma consequência positiva 
ou negativa, que poderia experimentar... 
 Diferente da Teoria Ambientalista que privilegia o ambiente externo, tornando 
o indivíduo passivo às alterações de reforçadores, a Teoria Inatista valoriza a 
hereditariedade, aquilo que é inato6 ao ser humano. De acordo com esta corrente de 
pensamento, ao nascer já traríamos na herança genética as qualidades e 
capacidades básicas do ser humano. Segundo Fontana (1997, p. 12), 
 
Os fatores inatos são mais poderosos na determinação das aptidões 
individuais e do grau em que estas podem se desenvolver do que a 
experiência, meio social e a educação. O papel do meio social, 
segundo esta perspectiva inatista, se restringe a impedir ou a 
permitir que estas aptidões se manifestem. 
 
 Alfred Binet foi um médico que investigou a psicologia da criança e do 
deficiente; este interesse tornou-o um dos pioneiros no estudo da avaliação da 
inteligência, pois acreditava que a herança genética de cada um poderia interferir no 
seu desempenho (FONTANA, 1997). Binet concebia a inteligência como uma 
aptidão geral que não dependia das informações adquiridas no decorrer da vida, e 
conforme o autor citado, o que define a inteligência de um indivíduo não é a 
quantidade de conhecimentos que ele possui, mas sua capacidade de julgar, 
compreender e raciocinar. E estas capacidades não podem ser aprendidas, mas ao 
contrário, são biologicamente determinadas pela herança que recebemos de nossos 
pais. 
 
6 Inato – Segundo Luft (1998), tudo aquilo que nasce com o indivíduo. 
 
 
 
 
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 Embora se respeitasse a ideia das diferenças geneticamente herdadas, 
observava-se, contudo a semelhança no que se refere ao desenvolvimento humano. 
O médico, professor e Doutor em psicologia, Arnold Gesell, dedicou seu estudo à 
evolução da criança - do nascimento aos 16 anos - do 
desenvolvimento físico, motor e comportamental; 
priorizando seu foco de investigação sobre a maturação, 
que segundo Falcão (2002, p. 46 e 47), é o “processo de 
diferenciações estruturais e funcionais7 do organismo, 
levando a padrões específicos de desenvolvimento8”. 
 
Fonte: http://migre.me/2rVNE 
 Considerando as premissas da Teoria Inatista, a evolução psicológica da 
criança também seria determinada biologicamente e, ao meio social apenas restava 
limitar ou facilitar tal evolução. Podemos observar que ambos os estudiosos da 
Teoria Inatista tem formação médica e, considerando suas crenças pessoais e 
profissionais, tendem a valorizar os aspectos fisiológicos, estruturais do ser humano. 
 Agora pensemos em nós: será que acataríamos alguma derrota ou limitação 
pelo fato exclusivo de não termos herdado geneticamente esta ou aquela 
característica? Será que é possível superar dificuldades, estudar, crescer mesmo 
com pais analfabetos? É verdadeiro o ditado popular que “Filho de peixe, peixinho 
é?” 
Conclui-se, portanto, a prevalência do desenvolvimento sobre a 
aprendizagem nesta Teoria. A cada fase do desenvolvimento, o ser humano 
aprende novos conhecimentos. É como se a aprendizagem estivesse dependente do 
desenvolvimento e esta é uma crítica à Teoria Inatista, no que se refere à Educação. 
Será que todos aprendem do mesmo jeito, em quantidade e qualidade, quando tem 
a mesma idade cronológica? Seria o processo de maturação determinante para a 
execução de tarefas e construção de novos conhecimentos? Na visão Inatista, a 
Educação é um processo de dentro para fora. 
 
7 Diferenciação Estrutural e Funcional seria a transformação que o corpo vivencia em função do tempo e da 
idade (FALCÃO, 2002). 
8 Padrão Específico de Desenvolvimento, segundo Falcão (2002), seria o que está biologicamente condicionado 
ao desenvolvimento humano. 
 
 
 
 
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 Há, porém que salientar o valor pessoal de cada indivíduo, segundo a 
abordagem Inatista. Valorizar as qualidades, o potencial, o que já está guardado 
dentro de cada um, respeitar as individualidades, a singularidade do ser humano 
apresenta-se como a contribuição desta Teoria para a Educação. Davis (1990. p. 27) 
traz uma citação de Rousseau, do seu livro Emílio, que ilustra a determinação que o 
caráter hereditário ou genético tem na vida do ser humano: 
 
A Natureza, dizem-nos, é apenas hábito. Que significa isto? Não há 
hábitos que só se adquirem pela força e não sufocam nunca a 
natureza? É o caso, por exemplo, do hábito das plantas, cuja 
direção vertical se perturba. Em se lhe desenvolvendo a liberdade, a 
planta conserva a inclinação que a obrigaram a tomar; mas a seiva 
não muda, com isto,sua direção primitiva; e se a planta continuar a 
vegetar, seu prolongamento voltará a ser vertical. O mesmo 
acontece com os homens. 
 
 No desenho abaixo procuramos reunir algumas ideias da Teoria Inatista que 
atribui papel secundário ao meio, porque o indivíduo já traz consigo suas 
possibilidades de desenvolvimento. À escola cabe apenas oferecer um espaço de 
liberdade para que aflore o potencial de cada aluno. 
 
 
Figura 2 – Teoria Inatista 
Fonte: Elaboração Própria 
 
 
 
 
 
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Acreditando no equilíbrio existente entre os estímulos que o meio oferece e as 
características herdadas no indivíduo, na inter-relação existente entre fatores 
internos e externos, nasce a Teoria Interacionista. É uma terceira corrente que leva 
em consideração fator orgânico e ambiental, isto é, aspectos objetivos e subjetivos 
na determinação do desenvolvimento do sujeito. 
Os interacionistas acreditam numa complexa combinação de influências que 
podem favorecer o processo de aprendizagem. O ser humano não é compreendido 
como ser passivo, mas, ao contrário, assume um papel ativo, utilizando-se dos 
objetos e de suas significações para conhecer, aprender e consecutivamente, se 
desenvolver. Nesta abordagem, aprendizagem e desenvolvimento se inter-
relacionam, se misturam e se completam, proporcionando ao indivíduo a 
responsabilidade de sua aprendizagem. Segundo Davis (1990, p. 36): 
 
A concepção Interacionista de desenvolvimento apoia-se na ideia de 
interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento 
como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua 
vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido 
passivamente graças às pressões do meio. 
 
Os principais teóricos do Interacionismo são: 
Jean Piaget (1896 – 1980), para ele a criança é ativa e age 
espontaneamente no meio. Ela é estruturalmente diferente ao adulto, mas 
funcionalmente igual. Isso significa que suas estruturas mentais são próprias ao seu 
nível de desenvolvimento, que é marcado por estágios. É pelo contato com o mundo 
que seus conhecimentos são construídos. Dedicou-se à investigação e 
compreensão do desenvolvimento cognitivo e sua teoria ficou conhecida como 
construtivismo. 
Lev Seminovitch Vygotsky (1896 – 1934) valoriza a mesma ação / interação 
de Piaget, porém situada em um contexto sócio-histórico-cultural. É pela relação 
com os mais experientes e pela força da linguagem que o sujeito se apropria 
ativamente do conhecimento social e cultural do meio em que está inserido. As 
influências e mudanças são recíprocas ao sujeito e ao meio onde se encontra. A 
ilustração a seguir enriquece o que acabamos de apresentar: 
 
 
 
 
 
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Figura 3 – Teoria Interacionista 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Na Unidade 3, as teorias desenvolvidas por estes autores serão apresentadas 
com maiores detalhes. Agora é importante que você, futuro psicopedagogo, conheça 
um pouco da biografia destes dois autores para poder compreender suas 
motivações para o desenvolvimento destas Teorias, considerando suas histórias 
pessoais e suas crenças profissionais. 
 Antes de continuar adiante, dê uma paradinha e tente fazer o exercício 1. 
 
Exercício 1 
 
1. Em uma sala de aula, faz parte do contexto de aprendizagem a 
comunicação verbal e a comunicação não-verbal, ambas de extrema 
importância. Qual seria a diferença entre estes dois tipos de comunicação? 
a) A intensidade da voz que emana a importância do conteúdo didático que está 
sendo apresentado. 
b) O uso de recursos audiovisuais que possibilita a comunicação verbal ser o mais 
clara possível. 
c) A carga de afeto que traduz na ação do professor a emissão de sentimentos, 
crenças e atitudes sem que estes sejam verbalizados. 
 
 
 
 
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d) A importância dos conteúdos apresentados, pois falamos com mais entusiasmo 
quando gostamos do que estamos falando. 
 
2. De acordo com os pressupostos da Teoria Ambientalista, podemos 
conceber a aprendizagem como um processo que acontece: 
a) De fora para dentro, ou seja, do ambiente para o indivíduo. 
b) De dentro para fora, ou seja, do indivíduo para o meio externo. 
c) Simultaneamente, na interação do indivíduo com o meio. 
d) De maneira instantânea, recebendo do ambiente e considerando os 
conhecimentos que o aluno já tem. 
 
3. Qual a principal característica das teorias embasadas no Interacionismo? 
a) A crença de que a criança pode ajudar no processo de ensinagem, uma vez que 
tem a família como parceira neste processo, pode viabilizar a aquisição de 
conhecimentos, na busca de recursos e materiais para ilustrar e enriquecer as 
aulas. 
b) O estudo sistemático do desenvolvimento infantil, respeitando as possibilidades 
de crescimento e as limitações que todo indivíduo apresenta. 
c) O indivíduo é o grande responsável pela sua aprendizagem, uma vez que pode 
interagir com seus parceiros, buscar no meio externo respostas para suas dúvidas, 
questionar, pensar e contribuir a partir dos conhecimentos que já possui. 
d) O meio externo deve se esforçar para viabilizar a aquisição dos conhecimentos 
nos alunos, respeitando e valorizando os conhecimentos que já possui. 
 
 
 
 
1.3 Valor das Relações Afetivas: Contribuições de alguns teóricos 
sobre a construção do conhecimento 
Segundo Barbosa (2001), a aprendizagem ocorre na vida do ser humano com 
o objetivo de promover o desenvolvimento e o bem estar. O aprender é uma ação 
que transforma um estado anterior e se dá em forma de processo contínuo. 
Você tem conhecimento de que a escola durante muito tempo mostrou a 
aprendizagem como algo distante do prazer, e a caracterizou como um mal 
necessário. Com o passar do tempo, educadores de todo mundo buscaram formas e 
metodologias para introduzir afetividade e prazer na ação de aprender, considerando 
importante para sua consecução. 
 
 
 
 
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Transformar a aprendizagem em prazer, não significa realizar uma atividade 
prazerosa, e sim descobrir o prazer no ato de construir e reconstruir o conhecimento; 
transformar ou ampliar o que se sabe; relacionar conhecimentos entre si e com a 
vida; ser condutor ou autor do conhecimento e conhecer a história para criar novas 
possibilidades. Entretanto, a psicanálise tem mostrado em vários momentos que a 
severidade inútil e a falta de discernimento da educação favorecem o desencadear 
de neuroses no ambiente escolar. 
Nesse sentido, só podemos nos tornar ensinantes9 se formos capazes de 
sentir interiormente a vida psíquica infantil, e para isso acontecer, temos que 
compreender a própria infância. Como ser capaz de olhar para o interior do 
educando e tentar compreendê-lo, se muitas vezes não conseguimos olhar para o 
próprio interior? 
As relações com os aprendentes10 são 
compostas de indivíduos ainda imaturos e aos quais 
não se podem negar o direito de ser diferente em seu 
desenvolvimento, assim como de lhes transmitir o 
prazer - desejo de viver e aprender, oferecendo apoio 
e sustentação na época da vida em que se 
encontram. 
 Fonte: http://migre.me/2rYT1 
Os ensinamentos psicanalíticos dirigem nossa atenção para o vasto e 
complexo mundo subjetivo oculto no interior de ensinantes e aprendentes11, no qual 
cada um carrega o sofrimento constante da pressão de seus respectivos desejos, 
muitos dos quais atingidos pela repressão. 
Um profissional psicanaliticamente orientado deve observar as atitudes 
conscientes de seus aprendentes, como também as suas, procurando desvelar os 
 
9 Ensinante - Segundo Fernández (1991), é aquele que pratica o jogo do saber. Que aprende com o outro, pois 
considera que o outro conhece e sabe. Constrói-se na relação com o sujeito aprendente presente na mesma 
pessoa ao mesmo tempo. É aquele que sabe apelar ao sujeito ensinante dos aprendentes. 
10 Aprendente – Segundo Fernández (1991), é a articulaçãodo sujeito cognoscente e desejante construindo um 
corpo de intersecção com o conhecimento e as pessoas. Constrói-se na relação com o sujeito ensinante presente 
na mesma pessoa ao mesmo tempo. Existe a partir da descoberta do desejo e do pensar é resultado do forte 
sentimento de orfandade. 
11 Ensinante e Aprendente - termos discutidos anteriormente, utilizados por Alicia Fernández (1991), que indica 
as posições subjetivas que ocupamos nas relações de aprendizagens com o outro. Ela afirma que é muito 
importante esta troca de posições. Sempre estamos em situações distintas e simultâneas. Tanto adultos quanto 
crianças, pais e filhos, professores e alunos devem ocupar e trocar de posições. 
 
 
 
 
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desejos escondidos por trás delas. Seu olhar volta-se constantemente para os 
motivos desconhecidos de cada ação praticada, tanto sua como de seu par. É 
necessário valorizar a livre expressão dos aprendentes com que se relaciona, ao 
invés do que manter ou coagir o bom comportamento. 
Quando estudamos a psicanálise tomamos ciência de que o conhecimento 
está sempre envolto pelo desejo. E o fenômeno do aprender possui componente 
intelectual como também emocional. 
O paradigma psicanalítico abre o caminho da vivência humanizadora, da 
compreensão do outro, da busca de boas relações do indivíduo consigo mesmo e 
com os que o cercam. A preocupação é com a pessoa e não com os meios que 
serão utilizados. 
Uma boa contribuição da psicanálise é o conceito de sublimação quando as 
pulsões inconscientes, canalizadas e concentradas, são dirigidas para certas 
atividades socialmente desejáveis e aceitas. 
Outra contribuição é o fenômeno transferencial que advém de afetos 
elaborados com base nas representações das figuras de pai e mãe internalizadas 
pela criança e que se manifestam nas relações entre ensinantes e aprendentes. Não 
podemos ter dúvida de que todo afeto, positivo ou negativo, decorre de vivências 
passadas que se encontram reprimidas no inconsciente. 
Conhecer a teoria psicanalítica torna você uma pessoa atenta para entender 
que o processo de aprendizagem não se resume a aspectos técnicos - 
metodológicos, e nem por isso dá o direito de se tornar um psicoterapeuta dos 
aprendentes. 
A psicanálise nos encaminha na direção do reconhecimento das limitações do 
processo pedagógico, tornando-nos pessoas menos obcecadas pela imposição dos 
pontos de vista, verdades, valores morais, desejos de ordem e disciplina. 
Este conhecimento ajuda a lidar com o fracasso, a compreender que a 
aprendizagem acontece por causa de disposições inconscientes favoráveis e que o 
fracasso deve-se muito mais a fenômenos interpessoais - transferenciais do que às 
peculiaridades de ensino. 
O educando, quando apresenta algum problema de aprendizagem, 
geralmente, se encontra em idade escolar e, segundo a psicanálise, já possui os 
traços fundamentais do ego sedimentado que sustenta o superego e as relações 
 
 
 
 
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com o id12 estão definidas. Recalcamentos, repressões, mecanismos de defesa do 
ego e de ocultamento de desejos já fazem parte da personalidade. Cabe então, 
entender o que se passa com o indivíduo e agir de modo a não agravar certas 
tendências do caráter do aprendente com o qual trabalhamos. 
É muito importante que você se torne um modelo possibilitador de diálogo. 
Uma autoridade capaz de nortear a vida pulsional do aprendente, transformando 
energias irracionais do inconsciente em forças socialmente úteis. Enquanto 
ensinantes, temos que nos libertar do sentimento de onipotência, de moldar a 
personalidade do outro. Não temos que transformar as pessoas em quem 
gostaríamos que elas fossem. 
Como paradigma, a psicanálise é um referencial de compreensão do ser 
humano. Para Freud apud Cifali (1999), o fenômeno da aprendizagem depende da 
"razão" que motiva a busca de conhecimento. Para a teoria freudiana, a criança 
pergunta demasiadamente por que, no fundo ela está buscando respostas para 
perguntas como: de onde viemos e para onde vamos. Há também o momento da 
descoberta da diferença sexual anatômica, porém o essencial é a interpretação dada 
a esse fato. 
Todas as descobertas feitas pelas crianças causam angústias e fazem com 
que as crianças queiram saber sempre mais. As investigações infantis nada mais 
são do que a busca do encontro de seu lugar no mundo. A princípio, a criança 
encontra um lugar sexual no mundo, carregado de desejos dos pais, isto é, aquilo 
que eles esperam que ela seja. 
Então, o desejo de saber associa-se com o dominar, o ver e o sublimar. Toda 
curiosidade intelectual é gerada na pulsão de domínio que é sublimado e 
relacionado à pulsão visual. Podemos dizer que para Freud, a mola propulsora do 
desenvolvimento intelectual, isto é, a inteligência, emerge a partir de um apoio sobre 
"restos sexuais". 
Aprender pressupõe uma relação com outra pessoa, supõe um diálogo 
interior entre o aprendiz e alguma figura qualquer, imaginada por ele, que possa 
servir de suporte para esse diálogo. Aprender é aprender com alguém, e esse 
alguém só assume um papel de ensinante quando está revestido, por seu 
 
12 Id – Ego – Superego – são instâncias do aparelho psíquico, desenvolvido por Freud, a fim de explicar seu 
desenvolvimento e atuação na vida do indivíduo (D’Andrea, 1996, p.12) 
 
 
 
 
 
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aprendente, de uma importância especial. É com essa característica que o ensinante 
passa a ter em mãos o poder de influência, de convencimento, de credibilidade 
sobre o aprendente. 
As crianças transferem os sentimentos que dirigiam aos pais, para os 
próximos ensinantes. Assim a teoria freudiana se sustenta nas relações afetivas e 
suas possíveis transferências, dando condições para o aprender. 
A transferência é uma manifestação do inconsciente, que se dirige a qualquer 
pessoa. Os conteúdos das transferências são advindos das experiências vividas 
primitivamente com os pais. Transferir é atribuir um sentido especial àquela figura 
determinada pelo desejo de saber. 
A ideia de transferência mostra que um ensinante em especial foi "investido" 
pelo desejo do aprendente, e a partir desse investimento é que a palavra do 
ensinante ganha poder, passando a ser escutada. Neste contexto, é que o ensinante 
precisa se esvaziar de seus desejos e dar lugar aos desejos que mobilizam seu 
aprendente. 
A psicanálise transmite aos ensinantes uma ética, um modo de ver e de 
entender sua prática educativa. É um saber que pode gerar uma filosofia de 
trabalho, que abre mão do poder e da posição de controlar o outro. Abre-se a 
oportunidade de relações autênticas, humanizadoras, pois o ensinante, guiado por 
seu desejo, se organiza, articula, torna lógico seu ensinamento para que o 
aprendente desarticule, retalhe, ingira e digira os seus ensinamentos, de modo que 
se entranhe em seus desejos, fazendo sentido para o mesmo. 
Pesquisando ainda sobre a relação entre razão e emoção, inteligência e 
afetividade, no desenvolvimento da pessoa, podemos considerar as ideias de Henri 
Wallon (apud Gonçalves 2003a) e de Fernández (1991) sobre como tais fatores 
estão presentes nos processos de aprendizagem e de constituição do sujeito. 
A afetividade tem sido muito discutida, pois percebemos no dia a dia, a 
importância da mesma no processo de formação do indivíduo e da construção do 
conhecimento. O Dicionário Luft (1998) define afetividade como o “conjunto de 
fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e 
paixões, acompanhadas sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou 
insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”. Wallon (apud 
Gonçalves, 2003b, p. 63), “considera a emoção como os sentimentos e desejos, a 
 
 
 
 
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manifestação da vida afetiva e esta tem um papel fundamental no processo de 
desenvolvimentohumano.” Emoções são formas corporais de expressar o estado de 
espírito da pessoa, são manifestações físicas, alterações orgânicas, isto é, reações 
intensas do organismo resultantes de um estado afetivo agradável ou desagradável. 
“A palavra emoção significa, originariamente, "E" (do latim ex) = para fora, "moção" - 
movimento. A emoção é o movimento da vida 
em cada um de nós. Trata-se do movimento 
que brota no interior e se expressa no 
exterior; é o movimento da minha vida que me 
diz, e que diz às pessoas à minha volta quem 
eu sou” (FILLIOZAT apud GONÇALVES, 
2003a, p. 34). 
 
 Fonte: http://migre.me/2sb0j 
A criança ao nascer manifesta corporalmente o que está sentindo e se 
comunica com as pessoas através da emoção. Para Filliozat (apud Gonçalves, 
2003b, p. 35): 
Por mais bem cuidadas que sejam as crianças, todos os bebês têm 
necessidade de chorar. A emoção permite que eles recuperem as 
energias, consigam reconstruir-se, depois de terem passado por um 
desgosto. Cada acontecimento ofensivo torna-se traumático apenas 
se não for dado livre curso à expressão dos sentimentos suscitados 
por tais situações. A fluidez emocional é a garantia da saúde 
psíquica. Apesar de terem má reputação, nossas emoções são 
úteis: elas nos dão a consciência de Ser. 
 
O recém-nascido não tem ainda outras formas de se comunicar com o outro, 
que não a emoção, esta sim é uma forma eficiente de comunicação e que funciona 
de mão dupla, pois a comunicação com o bebê é emocional e corporal. Quando há o 
predomínio da função afetiva, estamos voltados para nós mesmos, fazendo uma 
elaboração do EU. No impacto das emoções, ocorre a construção de um novo eu. 
Na situação ilustrada sobre a comunicação entre o bebê e a mãe, a mulher está se 
transformando em mãe. Isto é o que Wallon chama de “situações funcionais” que 
persistem durante toda nossa vida, não sendo possível um equilíbrio harmônico 
entre estas funções (cognitiva e afetiva), mas um conflito constante, (e o domínio de 
uma sobre a outra). 
 
 
 
 
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Winnicott (1989) valoriza a função materna através do holding, bem 
elaborado, como suporte das futuras 
aprendizagens do indivíduo. Quando os 
cuidados iniciais à criança pela mãe forem 
bem sucedidos e os pais fornecerem um 
bom ambiente, é que a escola pode estar 
com sua função em segundo lugar, pois 
muitas vezes a mesma tem que corrigir 
fracassos e suplementar atitude que 
seriam específicas do ambiente familiar. 
Fonte: http://migre.me/2soFS 
 
A medida que a criança cresce, o significado do termo "amor" vai se 
alternando, ou enriquecendo-se como novos elementos, que 
significa: existir, estar vivo, identificar-se a ser amado; apetite, estar 
pronto para alimentar-se; contato afetuoso com a mãe; integração 
com o objeto da experiência instintiva, com a mãe integral do 
contato afetivo, o dar passa a relacionar-se ao receber; afirmar os 
próprios direitos à mãe; cuidar da mãe como ela cuidou da criança - 
uma perfiguração da atitude de responsabilidade adulta 
(WINNICOTT, 1989, p. 19). 
 
A criança é dotada de inteligência e emoção, que devem ser vistas como 
talentos que se transformarão em capacidades de motivar-se, persistir diante de 
frustrações, controlar ou adiar impulsos e satisfações para que não invada a 
capacidade de pensar, argumentar e aprender. A base de todas as aptidões se 
assenta sobre a aptidão emocional. Pessoas com uma prática emocional bem 
desenvolvida, adaptada ao meio e às suas circunstâncias possuem maior 
probabilidade de sentirem-se satisfeitas e serem mais assertivas em suas vidas, 
dominando hábitos mentais que fomentem a produtividade. 
A proposta da psicopedagogia é criar uma ponte entre o indivíduo e a 
aprendizagem para que o mesmo possa se encontrar e se sentir feliz. De acordo 
com a nossa experiência profissional pensamos que para aprender é necessário ser 
visto, ser ouvido e ser amado. 
Conforme a criança vai crescendo, as crises emotivas vão se reduzindo e 
sendo controladas melhor pela razão, num trabalho de desenvolvimento da pessoa. 
As emoções vão sendo subordinadas ao controle das funções psíquicas superiores, 
 
 
 
 
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da razão. A criança volta-se naturalmente ao mundo real, numa tentativa de 
organizar seus conhecimentos adquiridos até então, é novamente o predomínio da 
função cognitiva. 
Por toda a vida, razão e emoção vão se alternando, numa relação de filiação, 
e ao mesmo tempo de oposição. Por isso, podemos dizer que todo processo de 
educação significa também a constituição do sujeito. A criança seja em casa, na 
escola, em todo lugar; está se constituindo como ser humano através de suas 
experiências com o outro, naquele lugar ou naquele momento. A construção do real 
vai acontecendo, através de informações e desafios sobre as coisas do mundo, mas 
o aspecto afetivo nesta construção continua sempre presente. Sendo assim, temos 
que considerar e perceber a pessoa como um ser integral. 
O processo de aprendizagem, sob este enfoque, encontra em Fernández, 
(1991) uma grande contribuição, pois a autora destaca que o processo de aprender 
supõe a presença de quatro fatores: 
 Organismo: individual herdado; 
 Corpo: construído através das suas experiências; 
 Inteligência: autoconstruída interacionalmente; 
 Desejo: energia, pulsão, inconsciente. 
O organismo está para um efeito orgânico, assim como o corpo está para 
aquilo que foi aprendido, através das experiências, das sensações e relações. É a 
história do indivíduo, que ele vai construindo em toda sua vida. Para a autora, “não 
há aprendizagem que não passe pelo corpo” (FERNÁNDEZ, 1991, p. 60). 
 
 
 
 
 
 
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Figura 4 – A construção do conhecimento 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Todos estes fatores não são independentes entre si, pelo contrário, são 
interdependentes. O que nos deslumbra nesta teoria, é que da mesma forma que 
situações complexas podem ser criadas ao longo do processo de formação de um 
indivíduo, podem também ser revertidas, desde que as pessoas que trabalhem com 
o indivíduo tenham sensibilidade de perceber como todos os fatores estão 
intrincados neste processo. 
Enquanto não for dada a atenção necessária ao fator afetivo, corre-se o risco 
de estar só trabalhando com a construção do real, do conhecimento, deixando de 
lado o trabalho da constituição do próprio sujeito que envolve valores e o próprio 
caráter necessário para o seu desenvolvimento integral. 
Todo o processo de aprendizagem é resultante da articulação construtiva 
entre organismo, corpo, inteligência e desejo no indivíduo incluído em um grupo 
Construir e Reconstruir conhecimentos é um ato de prazer 
Conhecer é desejar 
Componente intelectual Componente emocional 
O cognitivo depende do 
método aplicado 
Relação Afetiva entre 
ensinantes e aprendentes 
Aprender depende 
Organismo (individual herdado) 
Corpo (construído pelas experiências) 
Desejo (energia inconsciente) 
Inteligência (construído interacionalmente) 
 
 
 
 
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familiar, no qual dá sentido e funcionalidade e em um sistema educacional que 
também o condiciona e o significa. Cada sujeito tem seu jeito próprio de aprender, 
que é resultado de sua estrutura familiar, desejos e perspectivas de seus pais. 
Para aprender o educando necessita estar preparado para fazer um 
investimento pessoal, no sentido de renovar-se com o conhecimento e atitude. 
Implicam num movimento que envolve tanto o uso de estímulos externos variados, 
quanto suas possibilidades sócio-afetivas. A aprendizagem vai acontecendo à 
medida que a criança vai construindo internamente uma série de significados que 
são resultados de suas interações contínuas com o seu meio social. 
A aprendizagem é um processo individual, objetivo e subjetivo, no qual 
intervém o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo de quem ensina e de quem 
aprende.Aprendemos a partir da história de trocas de experiências que cada um 
vive, as lembranças, imagens, fantasias e descobertas que vamos fazendo ao longo 
da vida. Aprendemos de quem outorgamos autoridade confiável e amiga. 
Só assim poderemos compreender o processo de aprendizagem de cada 
indivíduo, respeitando a individualidade e potencialidade de cada um; pois as 
crianças são apenas filhos reais, com necessidades próprias de descobrir e utilizar 
com originalidade a curiosidade natural que trazem consigo. 
No campo do conhecimento pedagógico, muitos estudiosos da pedagogia 
incorporaram a afetividade no processo de aprender / construção de conhecimento. 
Selecionamos para você algumas ideias do suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746 
– 1827) e do francês Célestin Freinet (1896 – 1966) para enriquecer seu arcabouço 
teórico. 
É possível dizer que Pestalozzi psicologizou a educação, pois, quando ainda 
não havia a estruturação de uma ciência psicológica e embora seus conhecimentos 
da natureza da mente humana fossem vagos, constatou que uma teoria e prática 
bem aplicada em educação deviam ser baseadas em tal tipo de conhecimentos. 
Segundo Incontri (1990), para Pestalozzi a escola deveria aproximar-se de 
uma casa bem organizada, como um ambiente familiar que é envolto de atmosfera 
de segurança e afeto, pois a família era a melhor instituição de educação. Este 
educador foi o que mais valorizou o amor, especialmente o amor materno. Em sua 
escola, mestres e alunos (meninos e adolescentes) permaneciam juntos o dia todo. 
Para ele os sentimentos / emoções tinha um valor muito importante, o qual atribuía 
 
 
 
 
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ao aspecto emocional o poder de despertar o processo de aprendizagem autônoma 
no indivíduo. Foi ele quem trouxe o afeto para dentro da escola, das salas de aula 
por acreditar que é por meio deste que se instala o processo de auto educação. 
Construiu sua base teórica a partir de alguns princípios educacionais: 
 O desenvolvimento é orgânico, sendo que a criança se desenvolve de 
dentro para fora e seu desenvolvimento deve ser respeitado; 
 O método deve seguir a natureza; 
 A impressão sensorial é fundamental e os sentidos devem estar em 
contato direto com os objetos; 
 A mente é ativa; 
 O professor é comparado ao jardineiro que providencia as condições 
propícias para o crescimento das plantas; 
 Crença na educação como o meio supremo para o aperfeiçoamento 
individual e social; 
 A educação começa com a percepção de objetos concretos e 
consequentemente com a realização de ações concretas e a 
experimentação de respostas emocionais reais; 
 A ideia do aprender fazendo era com o foco no desenvolvimento de 
habilidades e dos valores; 
 Conceituação de disciplina baseada na boa vontade recíproca e na 
cooperação entre aluno e professor; 
 Introdução de novos recursos metodológicos. 
 
Apesar do contexto histórico-social em que viveu, não deixou de manifestar 
seus ideais de educação, mesmo em um tempo em que suas ideias se 
apresentavam bem diferentes das preconizadas na educação de sua época. 
Segundo Incontri (1990), ele experimentava sua teoria e tirava a teoria da prática. 
Não só acreditou na força do afeto, como o vivenciou em suas experiências 
pedagógicas com órfão de batalhas, o qual resignificou as possibilidades do 
aprender destas crianças e jovens. 
Sampaio (1989) em seus estudos apresenta Freinet como um educador que 
revolucionou a educação ao colocar o aluno em atividade e criação, indo contra o 
ensino tradicionalista centrado no professor e nos conteúdos prontos. Para ele a 
 
 
 
 
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forma mais profunda de aprender é o envolvimento afetivo. Através de suas técnicas 
de ensino como forma de livre expressão e cooperação (aula passeio, cantinhos 
pedagógicos, correspondência entre escolas, imprensa escolar, o desenho, 
biblioteca do trabalho, cinema...) dinamizou e resignificou o contexto do aprender e 
ensinar. 
As ações do professor deveriam se pautar nos conhecimentos da psicologia e 
pedagogia, pois concebia que o histórico do aluno entra em interação com os 
conhecimentos a serem aprendidos. É na demonstração da espontaneidade, da 
sensibilidade, da relação intensa com o outro e com o conhecimento, da alegria de 
viver expressos nos mais variados textos e trabalhos realizados, que se pode sentir 
o afloramento natural da psique do educando e o envolvimento afetivo com o 
aprender prova o quanto a criança é artesã de sua própria cultura (SAMPAIO, 1989). 
A pedagogia de Freinet está alicerçada em quatro pilares básicos: 
 Cooperação: através do trabalho em conjunto e da construção do 
conhecimento coletivamente; 
 Comunicação: ninguém investiga / aprende para guardar para si; o 
que descobrimos e conhecemos deve ser formalizado e divulgado aos 
demais; 
 Documentação: o registro das atividades é a concretude das 
descobertas, a proposta do livro da vida tinha esta função; 
 Afetividade: a relação com o outro cria vínculos entre as pessoas e 
por meio delas com o conhecimento. 
 
A teoria de Freinet é muito importante no campo da psicopedagogia porque 
reúne a diversidade de estratégias educativas, respeita a modalidade de 
aprendizagem do educando, considera as condições afetivas no aprender e favorece 
a independência do pensamento tão favorável à autoria do sujeito. 
Para a psicopedagoga Barbosa (2006), o sujeito ao se desenvolver interage 
com aprendizagens assistemáticas e sistemáticas, as quais estão relacionadas aos 
aspectos afetivos por conta dos vínculos estabelecidos com a mãe, pessoas, mundo 
e cultura, concomitante aos biofisiológicos, cognitivos, culturais, sociais e 
econômicos. 
 
 
 
 
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 Você, futuro psicopedagogo, é quem poderá mediar a ação de aprender no 
âmbito escolar, e esta é a grande tarefa do professor; por isso consideramos 
importante o seu entendimento sobre o aprendiz e as relações para a construção do 
conhecimento. 
 O aprender inicia-se na vida do sujeito pela imitação, mas não é uma ação 
suficiente. Nem mesmo a memorização e a repetição significam aprender. O 
aprender necessita da interação de quem aprende com o objeto a ser aprendido. 
Desta forma, além de imitar, memorizar e repetir, o aprendiz precisa viver outras 
experiências que o desafiem a fazer conexões com o que conhece e com o que está 
conhecendo. Só assim o aprendiz vai se constituindo capaz de representar, 
compreender e criar. 
Ensinar / aprender é permitir que as experiências de imitação de um 
sujeito sejam complementadas com outras experiências de 
exploração e possam ir formando, tanto em nosso cérebro quanto 
em nossa vida, possibilidades de combinações que resultem em 
verdadeiras sínteses das vivências anteriores (BARBOSA, 2006, p. 
19). 
 
 Assim, ensinar e aprender envolve muito mais que fazer atividades, é 
possibilitar variadas combinações na vida, transformando o que está à sua volta; é 
pensar e agir da sua forma e não na forma padrão. É ter a chance de complementar 
ideias, é dinâmico, desafiador. 
 Aprender é desafiar a tensão do desconhecido, enfrentando e dominando. Por 
isso, os aspectos afetivos e cognitivos são indissociáveis na construção do 
conhecimento. A motivação para aprender é fundamental! 
 
Exercício 2 
1. Ensinantes e aprendentes são posições subjetivas que ocupamos nas 
relações de aprendizagens com o outro. Desta forma, o professor deve 
sempre: 
a) Ser o ensinante na relação com o aluno. 
b) Ser o aprendente na relação com o aluno. 
c) Ser somente ensinante e aprendente na relação com o aluno. 
d) Ser apenas professor e não se preocupar com estas posições subjetivas. 
e) Ser ensinante e aprendente na relação com o aluno e deixar que o mesmo 
também seja ensinante e aprendente. 
 
 
 
 
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2. Compreender o fenômeno transferencial, é entender que: 
a) O mesmo advémde afetos elaborados com base nas representações das figuras 
de pai e mãe internalizados, e que manifestam nas relações entre ensinantes e 
aprendentes. 
b) O mesmo advém de afetos positivos elaborados com base nas representações 
das figuras de pai e mãe internalizados, e que manifestam nas relações entre 
ensinantes e aprendentes. 
c) O mesmo advém de afetos negativos elaborados com base nas representações 
das figuras de pai e mãe internalizados, e que manifestam nas relações entre 
ensinantes e aprendentes. 
d) O mesmo advém de afetos elaborados com base nas representações das figuras 
de pai e mãe internalizados, e que manifestam só nas relações entre ensinantes. 
e) O mesmo advém de afetos elaborados com base nas representações das figuras 
de pai e mãe internalizados e que manifestam só nas relações entre aprendentes. 
 
3. É o conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de 
emoções, sentimentos e paixões, acompanhados da impressão de dor e 
prazer, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza. 
Esta é a definição de: 
a) Prazer 
b) Emoção 
c) Afetividade 
d) Transferência 
e) Desejo 
 
 
 
1.4 A atuação docente no Desenvolvimento dos Alunos 
 
Você, como futuro psicopedagogo, poderá colaborar na atuação docente, por 
isso levaremos a aprofundamentos de aspectos importantes à sua compreensão. A 
psicopedagogia investiga a aprendizagem e a percebe não apenas como um ato 
intelectual e passivo, mas coloca em igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e 
sociais. A partir das contribuições teóricas de Piaget, Pichon-Rivière, Freud, 
Vygotsky e outros, a psicopedagogia se propõe a orientar o processo de 
aprendizagem intervindo preventiva, terapêutica e institucionalmente. 
 
 
 
 
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Relembrando, a psicopedagogia “é um processo pelo qual se proporcionam 
condições que facilitem o desenvolvimento do indivíduo [...] bem como prevenção e 
solução de dificuldades existentes de modo a atingir objetivos educacionais e 
pedagógicos” (MASINI apud CHIBLI, 2003, p. 24). 
Aperfeiçoar seu olhar psicopedagógico é 
outro desafio a ser construído. Você tem 
clareza a respeito deste olhar? O olhar 
psicopedagógico é um olhar que tem a 
intenção de perceber o sujeito que aprende, de 
forma inteira, em relação a outros sujeitos, com 
sua cultura, sua história, com seus objetos de 
aprendizagem e normas estabelecidas no 
contexto em que vive. Este olhar pode entrar 
em ação por diversos âmbitos da vida humana: 
no âmbito do indivíduo, do grupo, da instituição 
e da comunidade. 
Fonte: http://migre.me/2suB5 
A atuação docente pode ser um fator desencadeador de dificuldades, na 
maioria das vezes não são dificuldades que se localizam dentro do sujeito, e sim na 
relação entre ele e o conhecimento ou entre ele e aqueles que ensinam. Muitas 
vezes, essas dificuldades interferem de tal forma na vida de uma pessoa que ela 
necessita de um apoio para poder enfrentar tais situações de dificuldade. 
Este apoio oferecido na maioria das vezes, nem sempre é dirigido só para o 
sujeito que apresenta o sintoma, como também ao seu grupo familiar ou ao grupo 
escolar. O importante não é a forma de atendimento que se desenvolve, mas sim os 
recursos de intervenção que utilizamos para desequilibrar o sujeito e provocar uma 
mobilização interna diante das situações novas que requerem mudança de atitude. 
Algumas vezes, a possibilidade de viver um desafio auxilia alguém a aprender 
algumas coisas que não aprenderia se não tivesse esta oportunidade; outras vezes, 
a aprendizagem se dá diante da variedade de alternativas que o aprendiz tem para 
escolher com o que e como vai se comprometer. Partir do que o sujeito já sabe, já 
experimentou, pode ser um recurso psicopedagógico eficiente; mostrar novas 
 
 
 
 
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possibilidades, permitir-se ser modelo de aprendizagem, pode ser um outro recurso 
de intervenção simples e importante. 
Vale lembrar que cada pessoa apresenta uma forma, um modo particular e 
singular de entrar em contato com o conhecimento. Isto quer dizer que cada um tem 
sua particular e individual modalidade de aprendizagem, que oferece uma maneira 
própria de nos aproximarmos do objeto de conhecimento, formando um saber que 
nos é peculiar. Esta modalidade de aprendizagem é construída desde o nascimento 
do indivíduo e é através dela que este indivíduo se enfrenta com a angústia inerente 
ao conhecer – desconhecer. 
A modalidade de aprendizagem se constitui numa matriz, num molde, num 
esquema de operar utilizado nas várias situações de aprendizagem. Esta 
modalidade assemelha-se com a modalidade sexual e com a forma de relação que o 
indivíduo mantém com o dinheiro. É por isso que a modalidade de aprendizagem é 
sempre singular e específica. Através do conhecimento da modalidade de 
aprendizagem do indivíduo, o professor pode introduzir um aparato pedagógico que 
atenda às necessidades específicas do aprendente. 
 
 
 
 
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Figura 5 – Fazer-se aprendente 
Fonte: Elaboração própria 
 
A intervenção psicopedagógica veio introduzir uma contribuição mais rica no 
enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem do aluno é compreendido como 
um processo pluricausal, abrangente, implicando componentes de vários eixos de 
estruturação: afetivos, cognitivos motores, sociais, econômicos, políticos, etc. A 
causa do processo de aprendizagem, bem como das dificuldades de aprendizagem, 
deixa de ser localizada somente no aluno e no professor e passa a ser vista como 
um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com 
bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo. 
É preciso que você, futuro psicopedagogo, também ajuste sua forma de 
conceber o processo de ensino-aprendizagem. Ele não é um processo linear e 
contínuo que se encaminha numa única direção, mas, sim, multifacetado, 
apresentando paradas, saltos, transformações bruscas... O processo de ensino-
aprendizagem inclui também a não-aprendizagem. Ou seja, a não aprendizagem 
não é uma exceção dentro do processo de ensino-aprendizagem, mas se encontra 
Fazer-se Aprendente 
É estar vivo e aberto 
ao mundo, nele intervir. 
É ensinar-se 
a aprender 
a alegria. 
É ser cigarra 
e formiga. 
É encher 
a vida de 
vida, 
de sentido, 
de sonho. 
É aprender a aprender,
é desalienar-se 
é desumilhar-se. 
Nomear-se com identidade 
 buscando seus sonhos. 
É pelos desafios, 
reconquistar valores. 
É conhecer os limites e transgredi-los.
É aprender a não 
se excluir, nem 
ruminar em culpa.
 
 
 
 
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estreitamente vinculada a ele. O aprendente pode se recusar a aprender em um 
determinado momento. 
O chamado fracasso-escolar não é um processo excepcional que ocorre no 
sentido contrário ao processo de ensino-aprendizagem. Constitui, sim, exatamente a 
outra face da mesma moeda, o seu lado inverso. O saber e o não-saber estão 
estreitamente vinculados. O não saber se tece continuamente com o saber. 
Parafraseando Fernández (1991), o desejo de saber faz um par dialético com 
o desejo de não-saber. O jogo do saber X não saber, conhecer X desconhecer e 
suas diferentes articulações, circulações e modalidades, próprias de todo ser 
humano ou seus particulares. 
A Psicopedagogia, com base na Psicanálise, revela que o conhecimento e o 
saber não são apreendidos pelo sujeito de forma neutra. 
 
Dentro do sujeito há uma luta entre o desejo de saber e o desejo de 
não-saber. Este processo acaba por estabelecer para o sujeito 
desejos, determinadas posições, a priori, da assimilação e 
incorporação de quaisquer informações e/ou processos formativos. 
Elas se refletem tanto no plano consciente quanto inconsciente. 
Diante do uso de jogos e materiais pedagógicos, o sujeito pode se 
direcionar tanto para o desejo de saber quanto para o desejo de 
não-saber. No primeirocaso, através do desejo de saber o sujeito 
tece o saber. No segundo caso, paralisa o processo formando as 
chamadas estruturas de alienação no saber (MRECH,1989, p. 38). 
 
Em cada um de nós, podemos observar uma particular "modalidade de 
aprendizagem", quer dizer, uma maneira pessoal para aproximar-se do 
conhecimento e para conformar seu saber. 
 
Tal modalidade de aprendizagem constrói-se desde o nascimento, e 
através dela nos deparamos com a angústia inerente ao conhecer-
desconhecer. A modalidade de aprendizagem é como uma matriz, 
um molde, um esquema de operar que vamos utilizando nas 
diferentes situações de aprendizagem. Se analisarmos a 
modalidade de aprendizagem de uma pessoa, veremos 
semelhanças com sua modalidade sexual e até com sua modalidade 
de relação com o dinheiro (FERNÁNDEZ, 1991, p. 109). 
 
A modalidade de aprendizagem revela a forma e o conteúdo do processo de 
estruturação da aprendizagem do sujeito, trazendo em seu bojo a criação do 
material pedagógico como um objeto resultante do processo de ensino-
 
 
 
 
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aprendizagem. Diferentemente do modelo de aprendizagem geral e universalista, a 
modalidade de aprendizagem é sempre singular e específica. O material pedagógico 
ou objeto pedagógico construído interiormente pelo aluno é sempre único. 
É através da modalidade de aprendizagem do sujeito que realmente podemos 
conhecer como o material introduzido pelo psicopedagogo foi captado e quais são 
as necessidades específicas do aprendente. São estas necessidades específicas 
que deverão nortear o seu futuro trabalho. 
Cabe a você ter um olhar que permita atuar no plano de subjetividade, uma 
vez que não há testes e programas elaborados previamente que possam dar conta 
da diversidade de cada sujeito singular. Daí porque temos que entender o processo 
de aquisição do conhecimento não como uma deficiência de qualquer ordem, mas 
sim como resultante de um vínculo negativo, numa relação desprazerosa com o 
conhecimento, onde não emerge o desejo de conhecer, não surgindo, 
consequentemente, a necessidade de fazer uso de sua habilidade e de suas 
funções cognitivas. 
As investigações da psicopedagogia, isto é, a pesquisa, o estudo e a análise 
de todos os fatores envolvidos nas relações de ensinar e aprender estão 
reconsiderando os papéis da família, da escola e do sujeito. Qualquer indivíduo, 
independente do seu comprometimento corporal, orgânico, cultural ou psicológico se 
relaciona e elabora sua aprendizagem, pois é um ser social, que estabelece 
relações vinculares durante toda sua existência. 
A psicopedagogia considera o aspecto orgânico como importante na 
avaliação do problema de aprendizagem, assim como considera indispensável que 
os aspectos cognitivos e afetivos sejam ponderados no encaminhamento a ser feito. 
Na atuação docente, depara-se com os problemas em aprender que sempre 
existiram, desde os mais remotos tempos do processo de escolarização da 
humanidade. Há algum tempo passamos a contar com o psicopedagogo para ajudar 
a desvendar e redirecionar tal situação. 
Constantemente temos ouvido os termos: problema, dificuldade e transtorno 
de aprendizagem. Conforme autores da psicopedagogia, elaboramos uma breve 
distinção, a título de conhecimento: 
 
 
 
 
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 Problema de aprendizagem é o que se refere ao baixo rendimento 
escolar no campo da linguagem, da matemática ou em outra área de 
conhecimento; 
 Dificuldade de aprendizagem podemos dizer que são conflitos 
naturais que a criança pode apresentar no campo metodológico, 
familiar, orgânico e social; 
 Transtorno de aprendizagem está relacionado à comorbidades13, ao 
comportamento emocional do indivíduo, apresentando 
comprometimento específico de alguma habilidade. 
Parafraseando Polity (2004), o essencial é tentar entender as situações para 
que possamos encará-las e administrá-las. 
Resgatar os aspectos que precisam ser trabalhados 
para se obter um melhor rendimento intelectual do 
sujeito cognoscente; desmistificando os rótulos que 
exercem um efeito negativo sobre as habilidades e 
principalmente que abalam a autoestima dos 
educandos. 
 Fonte: http://migre.me/2tn7p 
Alguns autores, quando elucidam sobre a dificuldade de aprendizagem, 
sempre consideram vários fatores como desencadeadores da situação. 
 
Se pensarmos no problema de aprendizagem como só derivado do 
organismo ou só da inteligência, para sua cura, não haveria 
necessidade de recorrer à família. Se, ao contrário, as patologias no 
aprender surgissem na criança ou adolescente somente a partir de 
sua função equilibradora do sistema familiar, não necessitaríamos, 
para seu diagnóstico e cura, recorrer ao sujeito, separadamente de 
sua família. Ao considerar o sintoma como resultante da articulação 
construtiva do organismo, corpo, inteligência e a estrutura do desejo, 
incluído no meio familiar no qual seu sintoma tem sentido e 
funcionalidade... é que podemos observar o possível "atrape" da 
inteligência (FERNÁNDEZ, 1991, p. 98). 
 
Portanto, podemos afirmar que as dificuldades nem sempre estão associadas 
a uma deficiência mental ou orgânica, mas geralmente a efeitos emocionais que 
 
13 Comorbidades é a coexistêcia de transtornos ou doenças, segundo Dicionário Informal 
(http://www.dicionarioinformal.com.br/buscar.php?palavra=comorbidade). 
 
 
 
 
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muitas vezes o educando apresenta um rendimento escolar baixo e é considerado 
como atrasado ou fraco pelos professores e colegas. 
Conforme Cordié (1993, p. 16 e 18), que analisa a situação numa abordagem 
psicanalítica, 
[...] o fracasso escolar pode ser classificado como inibição de ordem 
neurótica e inibição de ordem psicótica. 
[...] o fracasso escolar afeta o sujeito em sua totalidade, atinge o ser 
íntimo e o ser social da pessoa. 
[...] as causas são múltiplas e diversas: ligadas à própria estrutura 
do sujeito, outras dependem dos acontecimentos à sua volta. 
[...] fracasso escolar se tornou sinônimo de fracasso na vida... 
 
Parafraseando Cordié (1993), quando o sentimento de fracasso aparece o 
educando é inundado pelo sentimento de 
vergonha que a arrasa. Não há nada pior do que 
esse sentimento para um ser que não possui os 
meios para se defender. Os efeitos devastadores 
do desprezo, da humilhação e da vergonha 
podem culminar no caminho da revolta. Então, o 
educando vai se fazer notar por outros meios que 
não os escolares, para compensar o seu fracasso. 
 Fonte: http://migre.me/SG23 
Por conseguinte, o psicopedagogo num trabalho multidisciplinar passa a 
encorajar os envolvidos: sujeito, família, escola; para que os esforços sejam 
colocados em prática e os progressos alcançados. Resgata a alegria ligada a 
aprendizagens lúdicas, desfocando as angústias, deixando o educando disponível 
em seu novo papel de aprendiz, com mais liberdade na aprendizagem e menos 
pressão favorecendo a reintegração do educando ao processo de aprendizagem. 
De modo geral, para o sujeito aprender é um desafio, porém para cada um é 
de uma forma, com dimensões diferenciadas. Pensando assim, nem sempre 
estaremos de frente a uma dificuldade de aprendizagem, mas temos que considerar 
que cada educando tem seus pontos fortes e fracos na aquisição do conhecimento. 
O que as escolas oferecem para o educando é apenas uma forma de aprendizagem 
e às vezes não vem ao encontro da modalidade de aprendizagem do mesmo. Neste 
caso os problemas são oriundos da inabilidade pedagógica do professor. 
 
 
 
 
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Em suma, é necessário que o educando se sinta apoiado, aceito para que 
desenvolva uma sólida base emocional que o leve a ter uma autoestima satisfatória. 
No mapa a seguir apresentamos algumas relações deste processo da atuação 
docente no desenvolvimento dos educandos. 
 
 
Figura 6 – O docente e a construção do saber 
Fonte:Elaboração Própria 
 
 
 
CONHECIMENTO 
Interação Comunicação Informação 
social/cultural 
Confiança 
Cooperação 
Autenticidade 
Aula-pesquisa 
Aula-comunicação 
Interna 
Externa 
Dinâmica 
Aberta 
Confiante 
Interativa 
CONHECER 
Relacionar, Integrar, Contextualizar, Apropriar, Saber, 
Desvendar, Aprofundar, Ter Sabedoria, Compreender, Dar 
significado... 
Interiorização 
Síntese Pessoal Autonomia 
Meditação, 
calma, paz 
Apoio 
Incentivo 
Encorajamento 
emocional e 
intelectual 
Criação 
Equilíbrio Não as generalizações 
Conhecer a si, o 
outro e o mundo 
Aprendemos a ser pessoas e 
a ser cidadão 
 
 
 
 
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Exercício 4 
1. A psicopedagogia investiga a aprendizagem e a percebe não apenas como 
um ato intelectual, mas equipara em igualdade os aspectos cognitivos, 
afetivos e sociais. Assim, compete ao psicopedagogo: 
a) Orientar o processo de ensinagem intervindo apenas institucionalmente. 
b) Orientar o processo de interdependência intervindo preventiva, terapêutica e 
institucionalmente. 
c) Orientar o processo de aprendizagem intervindo preventiva, terapêutica e 
institucionalmente. 
d) Orientar o processo de aprendizagem intervindo preventiva e terapeuticamente. 
e) Orientar o processo de inter-relacionamento intervindo preventiva, terapêutica e 
institucionalmente. 
 
2. Estar aberto ao mundo e nele intervir de modo a aprender a aprender, 
desalienando-se e reconhecendo seus limites para transgredi-los são 
características de quem se encontra como: 
a) Ensinante 
b) Aprendente 
c) Não aprendente 
d) Não ensinante 
e) Incondicionalmente ensinante e aprendente 
 
 
Exercício 5 (Correlacione) 
É importante saber a diferença entre problema, dificuldade e transtorno de 
aprendizagem para poder colaborar nos processos de ensinagem. Numere (1) 
para problema de aprendizagem; (2) para dificuldade de aprendizagem e (3) 
para transtorno de aprendizagem: 
( ) são conflitos que o aluno apresenta no campo metodológico, familiar, orgânico e 
social. 
( ) estão sempre relacionados a comorbidades. 
( ) refere-se ao baixo rendimento escolar em uma área de conhecimento. 
( ) apresenta comprometimento específico em alguma habilidade. 
( ) é uma situação pontual e passageira. 
( ) são geralmente muito associadas a efeitos emocionais. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 – O AFETO E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM 
 
Uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é 
lamentavelmente míope. A própria denominação homo sapiens é 
anacrônica à luz do que hoje a ciência diz do lugar que as emoções 
ocupam em nossas vidas (GOLEMANN, 1995, p. 48). 
 
 Você há de concordar que é fundamental considerarmos o aspecto afetivo 
para as aprendizagens, especialmente no que tange às relacionadas à vida escolar. 
É na relação familiar que se aprende a lidar com os sentimentos e com a figura de 
autoridade. A relação com a autoridade está muito mais vinculada à afetividade do 
que com a relação de poder. Ao adentrar na escola, os processos educativos lá 
desenvolvidos também colaboram com a sustentação da afetividade e da 
organização das funções afetivas, que se consolidam no conjunto de sentimentos do 
educando. 
 Nesta unidade vamos avançar um pouco mais sobre o foco da afetividade. 
Crescer / Aprender é um processo desafiador, doloroso, de perdas e ganhos para 
quem o vive, e por isso, se faz necessário uma mediação afetiva para que os 
impulsos naturais não se fixem em impulsos agressivos. 
Agir com calma, receptividade e empatia para com os sentimentos do 
educando cria um clima de tranquilidade e segurança favorável a trocas recíprocas 
que promove a abertura ao aprender. 
 
2.1 A importância do afeto para o saber pedagógico e o aprender 
escolar 
 
O ambiente sócio afetivo e intelectual da classe é um grande 
responsável pela maneira como as crianças aprendem ou não 
qualquer assunto. Algumas professoras criam um ambiente tão 
autoritário e coercitivo que me espanto diante da disposição da 
criança de ir à escola. Outras criam um ambiente que favorece a 
aprendizagem (KAMII e DECLARK, 1995, p. 48). 
 
Segundo Alves (2006, p. 26), “o homem somente torna-se humano por meio 
do olhar de outro ser humano”. Este olhar, para a psicopedagogia, deve estar 
envolto de afeto e atenção. O afeto que recebemos nos ambientes sociais e 
 
 
 
 
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familiares favorece as aprendizagens da vida e são estas aprendizagens que 
servirão de suporte para as aprendizagens subsequentes. 
É fato que a presença do professor na vida dos alunos é extremamente 
significativa e determinante para as aprendizagens escolares. A relação professor- 
aluno precisa ser nutrida de carinho e respeito para que as aprendizagens escolares 
possam acontecer. Quando esta afetividade não flui com leveza e espontaneidade 
pode provocar impedimentos no aprender. E, é neste momento que o 
psicopedagogo pode colaborar para a reorganização desta relação, o que exigirá 
uma observação detalhada e uma escuta psicopedagógica afinada. 
Para melhor compreender esta relação entre o afeto e o aprender escolar é 
importante que você pare e reflita um pouco sobre o que é ser professor? O que é 
ensinar e como se ensina? Quem é este que ensina? 
Quem é este que aprende? Sempre que ensinamos 
há aprendizagem? Quais os valores vivenciados por 
quem ensina? Como reconhecer e respeitar os 
valores do outro? Como possibilitar a autoria de 
pensamento? Muitos alunos não se adaptam a 
escola, não veem sentido no que devem aprender, 
trazem defasagens, seu meio cultural é distante do 
discurso escolar. 
 Fonte: http://migre.me/2ttrA 
Veja a seguir o mapa conceitual que criamos para apresentar uma 
possibilidade de relação do processo de ensinar e aprender. 
 
 
 
 
 
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Figura 7 – Aprender e Ensinar 
Fonte: Elaboração Própria 
 
O professor é um mediador da aprendizagem e o aluno é quem se 
responsabiliza pelos objetivos referentes à aprendizagem que têm significado para 
ele. Desta forma, o processo de ensino está vinculado ao caráter do professor, ao 
modo como ele se relaciona com o aluno e manifesta suas emoções. O professor 
necessita compreender-se para compreender seu aluno. 
 Alves (2006) afirma a urgência em ressignificar: o autoconhecimento, a 
sensibilidade, a afetividade, a autenticidade, o diálogo. O professor ao constituir-se 
desenvolve conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que favorecem a 
construção de saberes e fazeres. 
 Na figura abaixo, tentamos ilustrar para você o movimento contínuo de 
construção do ser humano, independente de ser ensinante ou aprendente. 
APRENDER E ENSINAR 
Processo Pessoal 
Quem Ensina? 
Sociedade Instituições 
Ensina e Aprende 
 
Rico de significados 
Inserido numa Cultura 
Cada um tem seu estilo 
Pessoas e suas 
personalidades 
Depende do aluno abrir-se ao aprender, 
Sentir-se apto e acolhido 
Interação, Motivação, Habilidades 
Processo Sócio afetivo 
 
 
 
 
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Figura 8 – O saber ser e o saber fazer 
Fonte: Elaboração Própria 
 
O professor tem um papel de formador, de humanização, muito além do que o 
ato de passar informação. Ele efetiva uma relação de afeto, no desejo de despertar 
os valores que conduzem o aluno à própria autoria. É o seu trabalho que desperta 
futuro, cria gente que pensa, aprende, faz, avalia, refaz. É ele quem traz a 
possibilidade de que seus alunos tenham sucesso. 
 Alves (2006), em sua obra, sugere que independente dos valores que 
professor e o aluno trazem consigo, é relevante pensar na construção de novos 
caminhos para aprender e ensinar que passem por: 
a) Confiar - quem confia com o outro fia, tece os caminhos da teia da vida. 
Quem confia acolhe, traz o outro para si e juntos 
significam os caminhos da vida. O professor que 
confia no seu aluno cria expectativas positivas 
sobre o mesmo. O aluno que

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