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1 - Biossegurança na avicultura

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01 Biossegurança na avicultura
A demanda crescente por alimentos, em especial as proteínas de origem animal, é e continuará sendo fator determinante para a evolução e desenvolvimento técnico do setor de produção animal. Segundo o relatório de 2018 das Organizações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a produção de carnes aumentará em 20% até 2030, com grande participação das carnes de aves e suínos. Sendo esta, atualmente, a carne mais consumida no mundo, porém, as estimativas são que entre 2020 e 2022 a carne de aves passe a ser a mais consumida.
Nesse cenário, percebe-se a importância da avicultura e também a sua amplitude, fato este que corrobora para a existência de produtores altamente tecnificados e informados e, por outro lado, outros que beiram a produção de subsistência. Porém, por ser um mercado muito competitivo, somente a tecnificação poderá fazer com que se produza em quantidade e qualidades requeridas. Além disso, a produção necessita ser economicamente viável, ou seja, precisa gerar lucro ao produtor.
Do mesmo modo, é forte a movimentação do mercado consumidor, cada vez mais consciente, que busca por alimentos de animais criados com bem-estar, baixa utilização de antibióticos e que garantam um produto final inócuo à saúde humana.
Nesse contexto, a biossegurança recebe destaque entre os profissionais da área e também para as próprias empresas produtoras, já que utilizam em seu marketing a garantia de qualidade e inocuidade de seus produtos. Quando se fala em biossegurança, se faz necessário compreender seu significado: prevenção à exposição a agentes de enfermidades capazes de produzir doenças em seres humanos. Não somente biossegurança, mas também se faz necessário compreender o significado do termo biosseguridade: conjunto de normas e regras que visam a prevenção e controle de doenças em animais. Ambos são similares, e por atuarem em conjunto, por vezes são confundidos. 
Desde 1994, no Brasil, através do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi definido o Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), que estabelece normas de regulamentação para a produção aviária, bem como da vigilância sanitária para as principais doenças que afetam estes animais, como: Doença de Newcastle, Influenza aviária, Salmoneloses e Micoplasmoses. Com isso, deu-se início a construção dos princípios básicos de sanidade avícola no país.
Atualmente, com 25 anos, o PNSA mantem-se atualizado, através de instruções normativas focadas em mantê-lo alinhado com as evoluções tecnológicas e também com a epidemiologia das doenças. Como exemplo destas atualizações, tem-se em 2003, a liberação da utilização de vacinas inativadas contra a Salmonella Enteritidis, que concede proteção cruzada a outros sorotipos de importância pública, como é o caso da Salmonella typhimurium. Esse tipo de controle é de extrema importância para o Brasil, pois além dos problemas de saúde pública, tem-se a preocupação com o papel internacional do país no setor da avicultura, onde atualmente é o segundo maior exportador, com um volume de cerca de 30% das exportações mundiais. Portanto, surtos da doença gerariam barreiras comerciais internacionais, e consequentes dificuldades para o setor, desta forma percebe-se a importância da atualização do PNSA.
Outro aspecto importante para a prevenção e controle das doenças, é o conhecimento sobre suas formas de transmissão, que podem ocorrer principalmente de duas maneiras: transmissão vertical e transmissão horizontal. Na forma vertical, o agente causador da doença pode ser transmitido da galinha para o ovo, ocorrendo no trato reprodutivo da fêmea, ou até mesmo no momento da postura. Com isso, doenças importantes podem ser transmitidas desta forma, como por exemplo: micoplasmose, salmoneloses, gumboro, e anemia infecciosa. No intuito de prevenir e controlar esta forma de transmissão de doenças, faz-se imprescindível a biosseguridade do plantel reprodutivo e além disso, o surgimento de novas tecnologias são criadas visando facilitar esse processo.
Dentre essas tecnologias, encontra-se a vacinação direto no ovo, que no caso do vírus H1N1 (Gripe aviária), traz ótimos resultados, esta vacinação já pode ser realizada de forma automatizada, com isso minimizam-se os riscos de falha vacinal, diminui-se a manipulação, o que evita assim o erro humano. Além disso, outros manejos já podem ser automatizados, como por exemplo: contagem de pintinhos, embandejamento de ovos e até limpeza dos equipamentos, desta forma auxiliando no controle das doenças de transmissão vertical e também horizontal.
Mais um meio de transmissão de doenças na avicultura é a transmissão horizontal, que é o tipo de transmissão que ocorre de um individuo para outro, podendo ocorrer de forma direta (contato direto do hospedeiro infectado com o hospedeiro susceptível), ou de forma indireta ( que envolve um “meio de transporte” para o agente etiológico, como exemplo: ferramentas, calçados, veículos, moscas, roedores, etc). Este tipo de transmissão, também ocorre em doenças de importância para a avicultura, tanto é que, algumas das ações incluídas no PNSA, estão voltadas para esse tipo de transmissão, como por exemplo, a definição de estruturas básicas para a instalação de aviários, o passo mais recente neste sentido, foi tornar obrigatória a utilização de telas, nos vãos livres externos dos galpões, atuando como barreira física para movimentação de possíveis vetores, como aves e roedores.
Além disso, o PNSA contempla outros pontos que deve-se analisar na construção ou reforma de galpões, pode- se citar como exemplo: localização e isolamento, controle de entra e saída de pessoas e veículos (apenas o estritamente necessário e seguindo procedimentos de desinfecção), limpeza e desinfecção das instalações e ainda qualidade da água e ração.
Visto a amplitude e importância da biossegurança e da biosseguridade na avicultura, busca-se por ferramentas que venha a auxiliar nesses controles, dentre elas, duas se destacam como as mais importantes e que propiciam o sucesso de um programa de biosseguridade, é a metodologia HACCP (do inglês: Hazard Analysis and Critical Control Points; Análise de Perigos [ou Riscos] e Pontos Críticos de Controle) e o GMP (do inglês: Good Management Practices; Boas Práticas de Manejo). O HACCP é uma metodologia científica de processos que visam identificar e minimizar perigos (riscos) biológicos e/ou microbiológicos, químicos ou físicos associados com a fabricação e operações de serviços da área de alimentação. Já o GMP é a metodologia utilizada na descrição de procedimentos e práticas que visam prevenir a introdução de patógenos que possam afetar a saúde das aves e/ou causar problemas de saúde pública.
Dado o exposto, percebe-se o grau de importância e detalhamento que ser tratado o assunto “sanidade” na avicultura, sendo cada vez mais acentuado, por pressão dos consumidores e governos importadores. Apesar disso, os conceitos básicos e antigos, ainda são de grande valia, exemplo disso é a PNSA que mesmo sendo de 1994, possui grande aplicabilidade e eficácia, ainda mais com suas atualizações continuas. Neste contexto, é importante salientar as ferramentas HACCP e GMP, ambas aplicadas à produção de frangos, estão muito bem descritas por Grando et al. (2004), que salienta a sua importância, desta forma devem ser levadas em consideração por todos aqueles envolvidos na elaboração, implantação e manutenção de um programa de biosseguridade.

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