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texto aula 3 - Sexualidade e novas tecnologias

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REVISTA BRASILEIRA DE PSICOTERAPIA 2014;16(2):4-17
ARTIGO ORIGINAL
Sexualidade e novas tecnologias
Ana Sfoggia a
Clarice Kowacs b
a Psiquiatra. Mestre em Ciências Médicas: Pediatria, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUCRS), Centro de Estudos de Psiquiatria Integrada (CENESPI), Porto Alegre, RS, Brasil.
b Psiquiatra. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Centro de Estudos Luís Guedes (CELG),
Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA), Porto Alegre, RS, Brasil.
Resumo
Nesta época de intenso engajamento com as emergentes tecnologias da comunicação, a socialização e a
sexualidade vêm sendo redesenhadas. A proposta deste artigo é percorrer criticamente as motivações
para a socialização via internet e para o estabelecimento de relacionamentos sexuais virtuais. Outras
questões desenvolvidas compreendem as novas noções de intimidade e privacidade e como o borramento
do que ocorre on-line e off-line pode afetar o desenvolvimento da sexualidade de crianças e jovens,
chamados de nativos ou residentes digitais. São apresentados termos e conceitos criados nesta era de
expansão da comunicação virtual, assim como novas tecnologias desenvolvidas com o intuito de favorecer
o contato sexual via meios eletrônicos e redes sociais on-line. Analisam-se as oportunidades de contatos
sociais e sexuais na rede, bem como os riscos de exposição, vitimização e violência sexuais, adição e
comportamentos sexuais compulsivos usando os meios digitais. Em termos de potenciais positivos,
consideram-se a acessibilidade das novas tecnologias, o anonimato favorecendo indivíduos estigmatizados
Volume 16, número 2, Agosto de 2014
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por sua identidade ou comportamento, a possibilidade de iniciação à experimentação sexual para pessoas
com dificuldades de comunicação e a queda de barreiras geográficas. Por fim, procura-se contextualizar o
assunto com ênfase na necessidade de contínua discussão e pesquisa sobre o tema.
Palavras-chave: Sexualidade; Tecnologias; Redes sociais; Internet; Comportamento sexual.
Abstract
In this time of intense engagement with emerging communication technologies, socialization and sexuality
are being redesigned. The proposal of this article is to critically travel the motivations to socialize via the
Internet and for establishing virtual sexual relationships. Other issues developed comprise the new
notions of intimacy and privacy that are being redesigned and how the erasing of what happens on-line
and off-line can affect the sexual development of children and youngsters called natives or digital residents.
Terms and concepts, created in this era of expansion of virtual communication, as well as new technologies,
developed with the aim of favoring sexual contact through electronic means and on-line social networks.
It examines the opportunities for social and sexual contacts in the network, as well as the risks of exposure,
victimization and sexual violence, addiction and compulsive sexual behaviors using digital media.In terms
of positive potentials, we consider the accessibility of new technologies, anonymity favoring individuals
stigmatized by their identity or behavior, the possibility of initiation to sexual experimentation for people
with communication difficulties and the decline of geographical barriers. Finally, it seeks to contextualize
the subject with emphasis on the need for continued discussion and research on the topic.
Keywords: Sexuality; Technologies; Social networking; Internet; Sexual behavior.
Introdução
As emergentes tecnologias da comunicação, chamadas de novas tecnologias, compõem uma
realidade que vem afetando a socialização e a construção do self social alterando o desenvolvimento e a
cultura sexuais.
A ideia de intimidade vem sendo modificada, conduzindo a comportamentos sociais e sexuais
solitários que parecem estar a serviço de necessidades narcisistas. Esse manejo onipotente das ideias não
necessita da ajuda do outro, favorecendo uma pseudoautonomia. Por outro lado, as novas tecnologias
podem encurtar distâncias e favorecer o contato e o desenvolvimento da intimidade entre parceiros
distantes, facilitado pela acessibilidade e anonimato.
A questão a ser pensada e desenvolvida é como o uso das novas tecnologias atinge nossa sexualidade
e como essa nova forma de viver sexualmente será conduzida. Estará propiciando a intimidade entre
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parceiros separados por longas distâncias ou criando mundos insulares para a satisfação de prazeres
individuais? O anonimato favorece jovens com identidades não tradicionais a encontrar maneiras menos
hostis de explorar a própria sexualidade? A prática de relacionamentos sexuais virtuais se configura como
adaptativa às circunstâncias individuais, ou carrega consigo uma tendência à adição ou perversão?
Outra questão, advinda do uso das novas tecnologias da comunicação, é seu uso indiscriminado
entre crianças e adolescentes em pleno desenvolvimento e os riscos de exposição à pornografia, ao
cyberbullying, a ambientes hostis e agressivos dentro e fora da rede, além da violência sexual.
Florence Guignard1 discute, em um de seus ensaios sobre o desenvolvimento psíquico no mundo
virtual, a atual falta de uma dimensão essencial às civilizações: o período de latência no tempo e no
espaço entre a formulação do desejo e sua satisfação. Freud2, em seus estudos sobre o período da latência
da infância, definiu-o como um gap entre as duas fases do desenvolvimento da sexualidade, no qual
desenvolvem-se os instintos epistêmicos e a construção de um ideal de superego via aceitação das
diferenças entre os sexos e as gerações. Essas diferenças garantiriam a futura supremacia do princípio da
realidade sobre o princípio do prazer. Segundo Papalia e Olds3, a latência deve ser um período calmo,
caracterizado pela socialização e desenvolvimento de habilidades e aprendizado sobre si mesmo e sobre
a sociedade. Guignard aponta, ainda, a erosão da latência implicando uma excitação e hiperestimulação
em crianças entre 6 e 12 anos, que deveria ser característica de um período anterior – o do complexo de
Édipo, em crianças de 3 a 5 anos de idade. Na era da velocidade e dos avanços tecnológicos, parece não
haver oportunidade para um período de resfriamento dos impulsos sexuais, necessário para a construção
da capacidade de simbolização e de sublimação. Nesse contexto, percebe-se uma erotização precoce
advinda do borramento da latência e da exposição massiva a todo tipo de imagem e informação, sem
tempo para um adequado amadurecimento emocional e intelectual.
As novas tecnologias em foco
A rede mundial de computadores, internet, surgiu no final da década de 70 para fins de comunicação
militar. Em 1990 o engenheiro inglês Tim Berners-Lee desenvolveu a World Wide Web, possibilitando a
utilização de uma interface gráfica acessível à população em geral. Essa primeira geração da internet
oferecia conteúdo com pouca ou nenhuma interação do internauta, e foi chamada de Web 1.04. No início
dos anos 2000, uma nova forma de comunicação surgiu baseada na interação on-line. Referida como Web
2.0, apresentava-se como uma plataforma digital baseada em relacionamento, participação e conectividade.
Nesse ponto a Web tornou-se fundamentalmente social5. Segundo O’Reilly, citado por Fuchs6, a web não
é mais uma coleção de informações que descreve algo sobre o mundo, mas é o próprio mundo. Novos
debates tratam, inclusive, do surgimento de um novo tipo de cidadania, a cibercidadania7,8.
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Esse é o cenário contemporâneo em que nasceram os adolescentes e adultos jovens de hoje e que
oferece extraordinárias oportunidades, mas também riscos9.
Como novas tecnologias ou tecnologias emergentes da comunicação entendem-se as redes sociais,
como o Facebook, aplicativos,como o Tinder, os blogs e microblogs, como o Twitter, os jogos e mundos
virtuais, como o Second Life, os sites de compartilhamento de conteúdos, como o YouTube, os softwares
para comunicação por voz e imagem, como o Skype, e os dispositivos que disponibilizam conexão móvel
e continua à internet, como os smartphones e tablets.
A acessibilidade das novas tecnologias, o contexto social e a sexualidade
Somos testemunhas de uma mudança nas formas de conexão interpessoal. Estamos
conectados 24 horas por dia. Não existem mais fronteiras entre os contatos que fazemos uns com os
outros no trabalho ou na escola e em casa, entre o público e o privado. Quando se conversa através de um
telefone celular na rua, o privado torna-se público. O chegar em casa não significa mais “desligar”; segue-
se enviando fotos, mensagens, e-mails e interagindo nas redes sociais – o que configura um eterno “estar
ligado”. Em todo o planeta, enquanto comem, socializam ou trabalham, casais e famílias mantêm conexões
eletrônicas com outros indivíduos em diversos contextos.
Em estudos recentes do International Telecommunication Union10, em termos globais os usuários
da internet tiveram um crescimento insólito para um meio de comunicação. Esse crescimento, no Brasil,
foi mais que o dobro da média global. Os nativos digitais já somam 363 milhões, correspondendo a mais
de 5% da população mundial e estima-se que em 5 anos essa porcentagem dobrará nos países em
desenvolvimento. No final de 2012, 88% da população brasileira já estava coberta por tecnologia 3G,
sendo o Brasil o quinto país mais conectado do mundo, com 105 milhões de internautas.
Os dispositivos que propiciam esse “estado de conexão” são relativamente baratos e facilmente
acessíveis à população, provocando modificações importantes nos aspectos sociais da vida de jovens e
adultos.
O emergente engajamento com as tecnologias usadas na comunicação parece ter um espaço
fundamental nas vidas sociais dos jovens, tornando-se, portanto, uma ferramenta para a formação da
identidade adulta. Segundo Vogt e Knapman11, existem cinco motivadores-chave que levam os indivíduos
a se envolverem nas redes sociais. São eles: a necessidade de reconhecimento, de sentir-se criativo, a
necessidade de pertencer, de fazer novas descobertas, explorar ou ter novas experiências, e finalmente
a necessidade de sexo. Por essas razões, extremamente pessoais e privadas, a cultura jovem abraçou as
redes sociais on-line e hoje publica e compartilha tantas informações pessoais12.
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A revolução tecnológica da comunicação propiciou o aparecimento de um espaço virtual de interação
social com normas e regras próprias, e é nesse espaço que as crianças e adolescentes têm desenvolvido
suas identidades. No entanto, esse ciberespaço, principalmente no uso das redes sociais, leva a uma falsa
sensação de conexão e de intimidade entre as pessoas. Um senso de confiança surge a partir de um
convite e da aceitação de amizade nas redes. A partir daí podem desenvolver-se relacionamentos de
cunho sexual. Segundo Lemma13, “enquanto a comunicação entre adolescentes dá-se através de textos e
e-mails, podemos superficialmente ter a impressão de proximidade e intimidade entre eles. Nos jovens
para os quais o corpo é sentido como aterrorizante, esta intimidade virtual pode, paradoxalmente, aliená-
los para mais longe ainda da realidade de ‘pertencer a um corpo’. Isso pode criar uma maior dificuldade na
integração do corpo sensual e sexual a uma autorrepresentação estável e por consequência nos
relacionamentos significativos com os outros”.
Nesse ponto, revisitam-se os conceitos de intimidade e privacidade. Segundo Ross14, a internet
tanto permite contato eletrônico íntimo através da distância como permite discussões íntimas desobrigadas
das convenções sociais presentes no contato face a face. Os atributos físicos e emocionais – talvez últimos
resquícios da interação sexual para fins reprodutivos – com o advento da internet parecem ter adquirido
nova dimensão quando o parceiro teclando do outro lado pode ou não assemelhar-se à sua forma física e
emocional real. Aqui, o símbolo pode suplantar a realidade, quando pode-se decidir o que se quer mostrar
e o que não será revelado. Ultrapassa-se e liberta-se o corpo da feiura e da beleza, já que pode-se ser o
que quiser, digitar e apagar o que quiser. Quando um anônimo interage com as fantasias de outro e reage
a elas, isso as torna mais reais. A resposta a essa externalização da fantasia pode ser extremamente
erótica, já que a mente é um dos mais significativos órgãos eróticos.
Bauman15 desenvolve a ideia da atração por estabelecer contatos virtuais em detrimento dos face a
face pela facilidade com que são estabelecidos e descartados, sem muitos riscos. Nesse ponto, pode-se
traçar um paralelo com o sexo virtual, que possibilita o prazer sem envolvimento emocional e com baixo
risco de rejeição. Quanto à privacidade, para os mais jovens, o fenômeno da confiança por identificação
com seus pares leva-os a compartilharem informações pessoais. Já que todos os amigos usam determinado
site ou rede social, ele torna-se instantaneamente confiável para todo um grupo de pessoas. Em particular
para as crianças e adolescentes parece não haver diferença entre os mundos on-line e off-line. Há uma
sensação de borramento entre esses mundos e uma dificuldade na compreensão de que o que for
comunicado no mundo virtual certamente terá consequências no mundo real.
Além da crescente nebulosidade nas percepções, a socialização e a iniciação sexual no espaço
virtual criam diferentes experiências para jovens meninas e meninos. Esse ambiente virtual parece reforçar
a dinâmica na qual jovens mulheres sentem-se pressionadas a corresponder às expectativas em relação
às solicitações de cunho sexual vindas dos meninos e homens com quem se relacionam nas redes sociais.
Apesar disso, as mulheres particularmente jovens, entre 18 e 29 anos, tendem a ser o grupo que mais
utiliza essas redes16.
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Os riscos e as oportunidades on-line da experimentação sexual de jovens e adultos
O acesso imediato a material com apelo sexual, como fotos, vídeos, textos e mensagens,
disponibilizados consensualmente ou não por seus pares, parece estar influenciando a forma como
adolescentes e adultos jovens interagem sexualmente. O senso de anonimato e distância promovido
pela web aumenta a permissividade e corrobora o modo de agir, muitas vezes de forma individualística e
arriscada, dessas faixas etárias.
Na sequência das ondas tecnológicas, nosso vocabulário incorpora novos termos e palavras: upload,
delete, cyberbullying, sexting, selfie. Selfie é um neologismo advindo da palavra self-portrait, que refere-se
a uma fotografia tirada pela própria pessoa que aparece na foto e compartilhada em alguma rede social.
Segundo o artista Gillian Wearing17, “a palavra selfie é brilhante. Ela encapsula o tempo: instantânea,
rápida e engraçada. Isso soa irônico e dispensável”. Apontada pelos editores do dicionário Oxford18 como
“a palavra do ano” depois de um aumento de 17.000% em seu uso, o selfie não seria a mais atual expressão
do narcisismo? A esse respeito, o selfie, como tantas outras coisas no mundo digital, parece ser algo sobre
“o eu”, mas, a partir da necessidade de compartilhamento com os outros, bem poderia ser o contrário:
uma desesperada busca do “nós”.
Já o termo sexting refere-se à contração das palavras sex e texting, e aplica-se à divulgação – envio
ou recebimento – de conteúdos eróticos, sensuais e sexuais, inicialmente através de mensagens de texto
via celulares e que, com o avanço tecnológico, se expandiu para fotos e vídeos19. Esse material em geral é
obtido ou gerado e publicado nas redes sociais pelo próprio indivíduo exposto, podendo causar danos e
levar à vitimização e coerção.
Em contrastecom as conhecidas e amplamente discutidas práticas de violência e abuso de adultos
contra crianças, com a interação via internet como facilitadora, a mesma prática entre pares tem chamado
a atenção da comunidade científica, da sociedade e da mídia. O risco da vitimização sexual vem de amigos,
colegas, amigos de amigos e, consequentemente, de toda a rede. Casos de danos à “reputação digital” de
adolescentes, envolvendo preferencialmente meninas e jovens mulheres, têm vindo à tona, muitas vezes
com desfechos dramáticos. O uso das novas tecnologias para perpetrar violência sexual inicia com a
criação de ambientes sociais hostis e danosos, como no caso da divulgação não consensual de fotos e
vídeos de cunho sensual ou sexual na rede. Recentemente, ganhou a atenção da sociedade o vazamento
na web, a partir da invasão de um computador pessoal, de fotos em poses sensuais de uma atriz brasileira
– o que teria acelerado a aprovação da Lei 12.73720, que dispõe sobre a tipificação criminal de delitos
informáticos. Também o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/9021, por meio do artigo 241, tenta
coibir a divulgação de imagens via internet de crianças e adolescentes em cenas com apelo sexual.
Paralelamente ao aumento da incidência de casos de exposição com consequente dano emocional,
podendo levar a suicídios e homicídios, nota-se uma dificuldade dos jovens em distinguir o que é atividade
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consensual e o que é atividade coercitiva, com a alegação de que quem se expõe na rede está ciente de
estar assumindo riscos. Muitos percebem o sexting como atividade consensual e parte das interações
sociais contemporâneas. No entanto, parece que o significado de consensual vem se dissolvendo quando
os atos ocorrem em ambientes virtuais.
Por outro lado, talvez incorporando-se à noção de espectro de comportamentos na idade da busca
de informações sobre a própria sexualidade e a sexualidade de seus pares, possa-se expandir o conceito
de dano para uma esfera além – a de uma forma de explorar a identidade sexual, anônima, mais acessível
ou menos intimidadora.
Ao pesquisar 1.017 homens homossexuais nos EUA, Ross et al.22, em um estudo sobre
comportamentos de risco relacionados a sexo on-line, encontraram 48,4% da amostra preferindo encontros
reais a virtuais, 31,6% preferindo relacionamentos na internet e 20% com sua preferência dependente da
natureza e das intenções do relacionamento procurado. Os 31,6% que preferem relacionamentos virtuais
apontam como fatores decisivos: a facilidade do uso da rede, as vantagens para os mais tímidos, o
anonimato, a segurança, a excitação e a oportunidade de experimentar um novo tipo de interação, a
possibilidade de evitar contato interpessoal e uma sensação de maior controle visual e do ambiente.
Nesse contexto, desenvolveram-se mais dois novos termos nos domínios da sexualidade: o cibersexo
e a cibersexualidade. Noonan23 entende o cibersexo como mensagens explícitas ou eroticamente
sugestivas ou fantasias sexuais trocadas via internet, podendo a masturbação fazer parte do processo. Já
a cibersexualidade amplifica-se como termo na medida em que define-se como “um espaço sexual no
meio do caminho entre a fantasia e a ação”.
No cibersexo, o indivíduo expande os limites da fantasia quando pode abster-se de apenas pensar
em sexo para interagir sexualmente com outra pessoa on-line, sem, no entanto, realmente fazê-lo. Ross14
cita o exemplo de um filme em que a esposa acusa o marido de traição pela internet ao surpreendê-lo
praticando sexo virtual, ao que o marido responde: “mas eu estava somente teclando...”.
Nesse ponto cabem alguns questionamentos: será o cibersexo apenas uma nova forma de expressão
sexual? Ou ele pode levar à alienação e à despersonalização quando ultrapassa a função de espaço entre
fantasia e ação e torna-se a única forma de experimentação sexual possível para determinados indivíduos?
Quais os limites entre cibersexo e adição ao sexo virtual?
No Japão as taxas de natalidade têm caído drasticamente nos últimos anos, e um dos fenômenos
apontados como responsáveis por isso refere-se aos jovens do sexo masculino chamados “otaku”. Os
“otaku” mostram-se mais interessados em computadores e histórias em quadrinhos do quem em sexo.
Esses jovens também são chamados de “herbívoros” e preferem namoradas virtuais, que podem ser
personagens criadas em jogos on-line ou mulheres praticantes de cibersexo24.
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As atividades relacionadas ao cibersexo são percebidas diferentemente entre seus usuários e variam
entre a prática do sexo virtual como substituto do sexo real, como uma forma diferente ou suplementar
ao sexo real ou como uma atividade autoerótica ou masturbatória.
Seus praticantes defendem o acesso mais fácil, sua falta de comprometimento com o relacionamento,
sensações de relaxamento advindas de uma maior segurança e anonimato, sua possibilidade de maior
controle e imposição de limites pela interrupção do contato ao alcance de um clique e uma menor
importância dada aos atributos físicos, a menos que se faça uso de câmeras de vídeo25.
Diversos estudos mostram que o consumo de cibersexo pode tornar-se patológico ao longo do
espectro, que vai do simples “brincar de sexo” aos comportamentos aditivos e compulsivos.
Parece existir uma fronteira tênue entre a prática do cibersexo, acesso e divulgação de pornografia
e adição ao sexo virtual. Alguns estudos mostram a existência de indivíduos que fazem uso recreacional
do sexo virtual, dos que estão sob risco de compulsão e dos compulsivos; esses últimos com prejuízos
sociais, acadêmicos e ocupacionais26,27.
Um outro método de exploração da sexualidade são os aplicativos para smartphones equipados
com geolocalizadores que proporcionam encontros on-line baseados na distância e algumas características
em comum entre os potenciais parceiros sexuais que usam informações compartilhadas nas redes sociais.
Um exemplo é o Tinder. Essa tecnologia emergente facilita o encontro de parceiros rapidamente e com
mínimo esforço, proporcionando a imediata satisfação do prazer, para pessoas dispostas ou não a cruzar a
fronteira digital. O funcionamento do dispositivo inicia com a análise de uma fotografia de um usuário,
com dados como idade (limitada a 50 anos) e alguns interesses em comum baseados em informações
publicamente compartilhadas via Facebook. Se houver interesse, dá-se um comando e, se não, outro
comando é acionado. Baseado na quantidade de comandos positivos disparados, o aplicativo faz a “união”
dos parceiros, que, a partir daí, ficam livres para se comunicar. Seria o que se passou a chamar de “love to
go”. Importante ressaltar que, ao criar uma conta nesse tipo de aplicativo e acessá-lo, ocasionalmente, a
localização do usuário fica visível a todos os assinantes. Para muitos, a possibilidade de “love and sex to
go” ao alcance de um clique traz riscos associados, como em qualquer encontro não virtual. Novos aplicativos
estão prontos para entrar no mercado, oferecendo à sociedade maior abertura quanto aos desejos sexuais.
Outra questão importante é como a pornografia tem papel no engajamento sexual e pode influenciar
o entendimento da sexualidade. Com a proliferação da tecnologia e o acesso fácil a imagens, textos e
vídeos de conteúdo sexual a que a maioria das pessoas encontra-se exposta, deliberadamente ou não, a
internet propiciou um tipo de acesso à pornografia que exerce efeitos tanto sobre o desenvolvimento
sexual dos jovens como sobre os relacionamentos interpessoais de todos os que usam a rede. Aprender
sobre sexo e exercer a sexualidade na internet pode ser nocivo frente à exposição massiva de todo tipo
de imagem. No entanto, os relatos de muitos estudos mostram que a maioria das pessoas considera não
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ter recebido suficientes educação e conhecimentos sobre sexualidade em casa e na escola, o que levaria
à sua busca na rede28,29.
A promoção de oportunidades e impactos positivos na sexualidade dos usuários da rede parece
depender em larga escala da educação e do desenvolvimento de estratégias e ferramentas para manejo
e minimização de riscos. O controle parental efetivo parece estar relacionado a fatores demográficos
familiares, o estilo de comunicação da família, a experiência dos pais com a internet e o tipo de mídia
utilizado pelos filhos, situação marital e número de horas trabalhadas/dia pelos pais. Pais que usam
bastante a rede seriam mais aptos a ponderar os efeitos da internet sobre seus filhos30. De fato, pais que
adotam uma atitude mais positiva sobre o uso e os efeitos da internet na vida da família parecem mediar
mais efetivamente o uso das mídias eletrônicas pelos filhos e se engajam mais em pesquisar, consultar e
jogar com eles na rede31. Com isso, exercem maior controle sobre os conteúdos digitais consumidos pela
família.
Desafios da interface entre o uso das tecnologias emergentes e a sexualidade
A facilidade de acesso à informação de qualquer tipo na era digital tem pautado a forma como
crianças, jovens e adultos aprendem e se comunicam.
Apesar da motivação para estabelecer relacionamentos virtuais basear-se na acessibilidade e no
anonimato e, justamente por isso, atingir todas as faixas etárias, existe um gap entre gerações no que
tange ao entendimento e percepção das novas tecnologias e seu uso.
A tecnologia digital vem se difundindo rapidamente nas últimas décadas, período em que surgiram
e se desenvolveram as primeiras gerações dessas novas tecnologias. Os chamados nativos digitais desde
o início da vida estão cercados de computadores, videogames, câmeras de vídeo, celulares, brinquedos e
ferramentas da era digital. Como resultado dessa tecnologia onipresente, pensam e processam as
informações de forma diferente das gerações anteriores, que tiveram de se adaptar e adotaram muitos
dos aspectos das novas tecnologias, porém mantém um certo “sotaque” e são chamados de imigrantes
digitais32. Os mais velhos – os imigrantes – foram socializados de forma diferente de seus filhos e estão
em processo de aprendizagem de uma nova linguagem. Sand33, em um estudo sobre o self e as identidades
interativas, relata o momento em que seu filho de 6 anos entra em seu escritório e, ao olhar para o
computador aberto em uma página do Word em branco, pergunta o que é aquilo. A autora responde: uma
folha de papel. O menino olha perplexo como se a mãe tivesse perdido o juízo. Nesse momento ela
percebe que o objeto ali representado transformou-se através do tempo e que ela e o filho têm referenciais
diferentes. White e Le Cornu34 propõem um paradigma mais flexível para os termos nativo e imigrante
digital: residentes e visitantes digitais. Esses termos são entendidos pelos autores como um continuum,
e não como posições binárias, e levam mais em conta a cultura digital e a capacidade de inserção no meio
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social digital como ferramentas de aquisição de conhecimentos. A diferença encontra-se no entendimento
do meio virtual. Segundo os autores: “Residentes entendem a rede como um lugar, talvez como um
parque ou um prédio no qual encontram-se com grupos de amigos e colegas com quem podem se relacionar
e compartilhar informações sobre sua vida e trabalho.” Essa nomenclatura parece considerar mais o meio
social digital e os relacionamentos interpessoais na rede. Um estudo conduzido por Aarsand35 reforça a
ideia de que a maior parte das informações sobre como operar um computador recebidas por pais vem de
seus filhos.
As redes sociais on-line são as pedras fundamentais das interações sociais de muitos jovens e adultos,
e essas ferramentas possibilitaram que se criassem vastas redes de “amigos” e eventuais “parceiros
sexuais on-line”. Dados do Pew Research Center’s Internet & American Life Project36 mostram as diferenças
geracionais de uma forma dramática. Entre usuários do Facebook em 2013, a geração dos 18-33 anos,
chamada de Millennials nos EUA, tem, em média, 250 “amigos” no Facebook. Para pessoas de 49-57 anos,
o número cai para uma média de 98. A geração mais jovem aprova mais o uso do celular durante reuniões
de negócios e refeições familiares do que seus pares mais velhos. Os estudos evidenciam que existe
diferença na forma com que jovens e adultos utilizam a internet e as outras tecnologias.
 Assim como a socialização, o desenvolvimento da sexualidade se deu de forma diferente para os
nativos e os imigrantes ou residentes e visitantes. Nos relacionamentos entre adolescentes e adultos
jovens, ideais e estereótipos sobre romance, amor e sexo, e expectativas nas relações “tradicionais” de
gênero influenciam a ocorrência de pressões para o desenvolvimento de relações sexuais. Expectativas
sobre a iniciação sexual de meninos e a prova de sua masculinidade, e a capacidade das meninas de
proteger suas reputações sexuais levam a um jogo sem vencedores, a não ser que uma das partes ceda. No
mundo digital, a expressão desse tradicional jogo pode ir além, incluindo coerção e acelerando processos
na medida em que uma nova variável permeia os relacionamentos: a existência de uma plateia
acompanhando toda a interação. As ameaças de exposição no caso de negativas ocorrem tanto para meninas
e adultas jovens, que instantaneamente através de aplicativos e outras tecnologias são marcadas com
etiquetas pejorativas, como para meninos e jovens homens também nomeados e expostos.
Com essa distância intergeracional, vê-se uma resistência dos pais em aceitar a importância das
novas tecnologias, da conectividade e do compartilhamento no dia a dia dos filhos, sejam eles crianças ou
jovens adultos. O risco encontra-se na negação da realidade vinda do desconforto dos imigrantes digitais
em não saber movimentar-se e consequentemente desenvolver-se nesse novo meio. Isso leva à perda da
oportunidade de os pais observarem os comportamentos on-line de seus filhos, identificar riscos e oferecer
uma voz ética e continente. Se não acontece essa comunicação intergeracional, o senso de segurança é
transferido aos sites que prometem anonimato e segurança da informação.
As intervenções possíveis em prol da saúde social e sexual na utilização das tecnologias emergentes,
tanto para crianças quanto para adultos, passam pela prevenção primária, secundária e terciária37. O mais
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importante, porém, é que se aja considerando, e não desprezando o meio social eletrônico no qual
estamos operando e nos desenvolvendo.
Quanto à atuação da escola na educação e orientação para uma boa prática virtual, o maior desafio
vem da diferença entre os nativos e os instrutores das escolas, que são imigrantes digitais, falam a língua
da era pré-digital e lutam para ensinar uma população que usa uma linguagem própria e inteiramente
nova. Os nativos recebem informações muito rapidamente, gostam de se engajar em processos paralelos
e multitarefa, preferem gráficos a textos e funcionam melhor quando “em rede”32. Os imigrantes não
simpatizam com essas habilidades e isso cria um distanciamento e a perda da oportunidade de acessar em
conjunto a rede e monitorar e orientar seu uso. Talvez seja o momento de enfrentar essa questão,
reconsiderar a metodologia, incorporar práticas imigrantes a práticas nativas, para se poder exercer um
necessário controle que sempre será função parental e escolar.
Considerações finais
As novas tecnologias têm e continuarão tendo papel importante no desenvolvimento dos
comportamentos sociais e, por conseguinte, sexuais. Estamos nos adaptando a novas maneiras de
autorrepresentação e mudando nossas formas de comunicação e interação. Como em todas as novas
situações,a adaptação necessita de códigos e convenções. No momento em que os aceitamos e sentimo-
nos mais confiantes nos novos meios, também aceitamos as mudanças sociais deles advindas. Uma das
áreas mais atingidas compreende os limites entre comportamentos públicos e privados. Essa fronteira
vem se tornando cada vez menos clara à medida que as novas tecnologias invadem todos os espaços, sem
distinções.
A contemporaneidade parece fazer uso de tecnologias eletrônicas sofisticadas na expressão de um
dos mais primitivos impulsos da humanidade: o sexo. Nesse ponto, perguntamo-nos: qual o papel do
cibersexo entre a realidade e a fantasia virtuais? Para o internauta engajado nesse tipo de prática, há uma
compreensão de que esse comportamento não é real por não haver contato físico, o que permite que
muitos desses indivíduos possam ir mais além sexualmente do que já foram até esse momento.
Nesse contexto, as redes sociais são geradas no espaço virtual e não interpessoalmente, como até
então costumava ser, levando à percepção de que as relações estariam subordinadas ao individual. No
sentido contrário dessa percepção, surge o selfie, com sua capacidade redentora. Ele não se caracteriza
pela imagem em si, mas por sua finalidade máxima: a da transmissão da imagem, para outras pessoas, por
meios de comunicação social digitais. Apesar do impacto que a revolução digital tem gerado no
funcionamento mental dos indivíduos, percebe-se sempre a necessidade humana atemporal de se conectar
com o outro, social e sexualmente, virtual ou realmente.
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O cenário é mais complexo do que as inovações tecnológicas em si. Ainda não é clara a fronteira
entre o que é saudável e o que é danoso à socialização dos indivíduos. São necessários mais estudos a
respeito do exercício da sexualidade em ambiente virtual, mas há uma tendência a correlacionar a patologia
ao número de horas despendido com sexo on-line. Os estudos existentes cujo objetivo era rastrear indícios
de doença no uso da internet para contatos sexuais encontraram um padrão aditivo e compulsivo para
esse comportamento38,39,40. Além dessas conclusões, pode-se pensar em patologia quando o predomínio
de contato virtual não é transitório, não faz parte de uma fase, momento ou circunstância. Esse é um
conhecimento que encontra-se em construção com novos e próprios códigos e regras. A necessidade de
adaptação às nascentes formas de interação social e sexual é inevitável e necessária. No entanto, sem
reflexão e extensa pesquisa corremos o risco de simplesmente substituir modelos desenvolvidos e
experimentados ao longo dos anos por um novo modelo ainda em fase de testes. Frente ao rápido
desenvolvimento de novos paradigmas, precisamos constantemente revisitar nosso patrimônio histórico,
cultural e de pesquisa, enquanto avaliamos criteriosamente e com interesse os crescentes domínios
virtuais.
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Correspondência:
Ana Sfoggia
Av. Diário de Notícias, 200/804, Cristal
90810-080 Porto Alegre, RS – Brasil
+55(51)21113659
asfoggia249@gmail.com
Submetido em: 29/03/2014
Devolvido para correções em: 13/07/2014
Retorno dos autores em: 01/08/2014
Aceito em: 07/08/2014
REVISTA BRASILEIRA DE PSICOTERAPIA 2014;16(2):4-17
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