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Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil W BA 01 65 _v 1. 0 2/189 Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil Autora: Marilene Sales de Melo Como citar este documento: MELO, Marilene Sales de. Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil. Valinhos, 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil 06 Assista a suas aulas 21 Unidade 2: A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil 29 Assista a suas aulas 44 Unidade 3: Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia 51 Assista a suas aulas 72 Unidade 4: O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 79 Assista a suas aulas 95 2/189 3/1893 Unidade 5: A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil 102 Assista a suas aulas 120 Unidade 6: Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades 127 Assista a suas aulas 141 Unidade 7: A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil 148 Assista a suas aulas 163 Unidade 8: O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender 170 Assista a suas aulas 182 Sumário Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil Autora: Marilene Sales de Melo Como citar este documento: MELO, Marilene Sales de. Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil. Valinhos, 2016. 4/189 Apresentação da Disciplina A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica brasileira, considerada de imensa relevância para bebês e crianças. Nesta disciplina você aprenderá sobre três aspectos fundamentais relacionados à educação e aos cuidados na primeira infância, sendo eles: Ludicidade, Currículo e Avaliação. Durante o percurso de aprendizagem, você reconhecerá a importância da influência da concepção de criança no trabalho desenvolvido na Educação Infantil e também perceberá o quanto a concepção de ensino e aprendizagem interfere na organização da prática pedagógica. O caminho a ser trilhado proporcionará o diálogo com as inspiradoras experiências de Lóczy e Reggio Emilia, tendo como foco desenvolver reflexão e ação sobre Currículo e Proposta Pedagógica que tenham as crianças como protagonistas do processo. As diferentes áreas do conhecimento e suas múltiplas linguagens serão temas de estudo. A interdisciplinaridade e ludicidade, dois eixos importantes no currículo da Educação Infantil, farão parte das aprendizagens proporcionadas. Você conhecerá mais sobre avaliação da aprendizagem na Educação Infantil. Saberá mais sobre as concepções, modalidades, possíveis instrumentos avaliativos e também sobre o papel do professor, diante de uma avaliação permeada pela denominada Pedagogia da Escuta. 5/189 Esteja pronto para embarcar nessa viagem, rumo às singularidades e especificidades da Primeira Infância. Lembre-se de trazer na bagagem protagonismo e autoria para os seus estudos. 6/189 Unidade 1 A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil Objetivos 1. Reconhecer que a concepção de criança influencia o trabalho na Educação Infantil. 2. Perceber os fundamentos e a importância da Sociologia da Infância. 3. Identificar crianças como seres singulares, competentes e produtoras de cultura. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil7/189 Introdução Várias são as concepções que você pode encontrar sobre crianças e infância. As crianças às vezes são caracterizadas pelo que são, muitas vezes pelo que podem vir a ser e também pelo que falta a cada uma delas. A concepção de infância com foco nas dimensões sociais é a que pautará os seus estudos na temática da influência da concepção de criança no trabalho desenvolvido na Educação Infantil. Para o melhor entendimento da dimensão social, cabe citar os estudos pioneiros de Philippe Ariès que mostram, principalmente no mundo ocidental, que o sentimento de infância passa a ser modificado a partir da Idade Moderna. Esse sentimento pode ser caracterizado como a certeza por parte de adultos de que a infância é uma etapa de vida especial e importante para qualquer ser humano. Para saber mais Philippe Ariès (1914-1984) nasceu na França, foi um importante historiador do século XX, entre os temas de suas pesquisas destacam-se a vida cotidiana e a história da criança. Sua obra História Social da Criança e da Família tornou-se um clássico. Para que você entenda a importância de considerar a infância como construção social, as contribuições da Sociologia da Infância serão fundamentais. Nesta abordagem a infância é entendida como objeto sociológico, contrapondo-se Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil8/189 a perspectivas biológicas que focam apenas em aspectos de maturação e desenvolvimento, assim como algumas perspectivas psicológicas que não consideram a importância da construção social no desenvolvimento das crianças. A Sociologia da Infância entende a infância como categoria social, tendo as crianças como seu objeto de investigação, considerando a sociedade de modo global em seus estudos. Sendo a infância historicamente construída, permeada pelas práticas sociais, pelas interações entre as crianças e entre crianças e adultos, é imprescindível levar em conta a multiplicidade de contextos vivenciados por elas, com variáveis diversas relacionadas a gênero, etnia, classe social, condições econômicas e sociais. Torna-se necessária a reflexão sobre as diversidades das condições de existência das crianças e como essas condições atuam socialmente. Outro aspecto a ser observado são as políticas públicas para a infância, presentes ou ausentes nesses contextos. Eis um pouco mais sobre Sociologia da Infância: Link Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Trata da infância como objeto sociológico. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691. pdf>. Acesso em: 5 jun. 2016. http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil9/189 As crianças devem ser vistas como seres em interação com seus pares que produzem valores, rotinas, artefatos e ideias, constituindo o que pode ser chamado de culturas infantis. Crianças são competentes, criativas, o tempo todo formulam indagações sobre a natureza, a sociedade e o mundo. Interpretam tudo o que está a sua volta. Você deve ter percebido que não existe uma forma única de ser criança, por isso pode-se dizer que existem múltiplas infâncias e diferentes maneiras de viver essas infâncias. A forma como a unidade de Educação Infantil organiza seus espaços, tempos, materiais, constrói sua proposta pedagógica, seu currículo, revela quais as concepções de infância e de criança estão presentes no seu trabalho pedagógico. A observação atenta mostrará se cada bebê e criança que chegam à instituição estão sendo acolhidos na sua integralidade e especificidade. Para que crianças formulem indagações, elas precisam ter voz e participar das escolhas dentro e fora das unidades educacionais. Eu lembro a você o quanto é importante considerar falas e expressões de bebês e crianças, meninas e meninos. Esse material é valioso para nos indicar que infâncias são essas que cada um está experimentando e vivenciando. Escutando nossas crianças, é possível aos educadores, familiares e responsáveis por elas, terem mais possibilidades de considerar seus interesses e necessidades. Que tal agora Unidade 1 • AInfluência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil10/189 observar e refletir um pouco mais sobre a importância das concepções de infância na Educação Infantil. Link Vídeo: “Educação Infantil - Concepções de Criança, Creche e Pré-escola”. Fonte: <https://www.youtube.com/ watch?v=RKpu_7qcK1s>. Acesso em: 5 jun. 2016. 1. CONHECENDO BEBÊS E CRIANÇAS Quando você atua na Educação Infantil, o conhecimento dos bebês e crianças que frequentam a instituição é fundamental, principalmente se a concepção de infância que estiver em pauta for aquela que reconhece as singularidades e especificidades da primeira infância. Para saber mais Educação Infantil de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96) é a primeira etapa da Educação Básica que é composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Conhecer as crianças implica em saber quem são seus amigos, quais são suas brincadeiras, canções e jogos preferidos, como é o seu dia a dia na família, as relações que estabelecem com seus familiares, como se comunicam oral e https://www.youtube.com/watch?v=RKpu_7qcK1s https://www.youtube.com/watch?v=RKpu_7qcK1s Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil11/189 corporalmente, quais são suas condições de vida, como resolvem seus conflitos e de que maneira dão sentido aos tempos e espaços da instituição escolar. É compreender a criança como um sujeito pleno e cultural, ou seja, que não apenas está inserida em uma cultura adultocêntrica, mas que produz uma cultura que é própria de seu desenvolvimento cognitivo, biológico, social e emocional. Conhecer os bebês e as crianças implica em reconhecer sua capacidade de criatividade sobre o mundo, como sujeitos complexos que estão em um acelerado processo de formação. Por isso, a compreensão de uma criança fragmentada e passiva tem sido questionada por uma série de profissionais que atuam com elas. Essa percepção ajuda a reconhecer a alteridade entre o adulto e a criança e seus respectivos processos de socialização e interação. Poderíamos dizer que é um processo de transitoriedade entre diferenças, mas que não estão em processo de antagonismo, mas que exigem um aprendizado pela vivência social. Daí a relevância do educador em reconhecer este processo como contínuo e que exige uma escuta ativa das crianças. 2. CRIANÇAS COMO PRODUTORAS DE CULTURA Você já reparou como bebês e crianças tem seu modo próprio de ver e experimentar o mundo? São sujeitos de direitos e o tempo Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil12/189 todo eles indagam o mundo a sua volta, criam e produzem cultura por meio de suas falas, expressões e brincadeiras. Gostam de investigar e descobrir o que acontece ao seu redor. Observando bem as crianças, você perceberá que as brincadeiras são sua principal linguagem, que a utilizam para se relacionar com outras formas de expressão que podem envolver a música, o som, a fala, pintura, desenho, leitura e tantas outras, de forma a produzirem culturas. Dessa maneira na Educação Infantil, mais do que “alunos” são “crianças”. Um ponto que devemos salientar é que essa compreensão se relaciona aos estudos desenvolvidos pela Sociologia da Infância, a qual questiona os conceitos tradicionais sobre criança e infância, o que implica em perceber que esta abordagem pretende se deslocar das proposições apresentadas pela Psicologia do Desenvolvimento. Um dos pontos que nos interessam nesta concepção é perceber o processo de “desescolarizar” a criança, ou seja, seu desenvolvimento não deve ocorrer com atividades repetitivas, fragmentadas e que não possibilitem a ela ser sujeito no processo. Nesta direção percebemos a relevância do brincar, que se apresenta como a atividade inerente ao processo de formação da criança. Este reconhecimento, como estudaremos a seguir, permeia os documentos oficiais, como as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil13/189 Assim, as crianças passam a ser compreendidas como sujeitos, protagonistas culturais, pois finda-se a concepção natural e genérica sobre a criança, isto é, não há um modelo único sobre o “ser criança”, o que existe são seres em formações complexas e multifacetadas, portanto, não há um “sentido único” para a formação e o desenvolvimento da criança. A criança como produtora cultural passa por um processo de empoderamento à medida que não é apenas um receptáculo da cultura do adulto, necessitando ser “formatada” dentro de padrões culturais que lhes são externos. A criança produz uma cultura que lhe é própria, pelas escolhas que realiza, pelo seu próprio processo de subjetivação e interesses sociais e culturais. Evidentemente que a cultura adulta não está descolada completamente desse processo, até porque a criança é cuidada e educada por adultos, mas o ponto central é a compreensão por parte desses adultos em não impor seu habitus às crianças. Veja um pouco mais sobre essa questão. Link O “ofício de aluno” e “ofício de criança”: articulações entre a sociologia da educação e a sociologia da infância. Trata da importância do ser criança. Disponível em: <http://www.scielo. mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016. http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil14/189 3. EDUCAÇÃO INFANTIL: UM LUGAR PARA VIVER A INFÂNCIA Se você observar atentamente, verá que com a expansão da educação, as crianças têm ficado cada vez mais tempo dentro das unidades que são responsáveis pela primeira infância, passam ali os primeiros e preciosos anos de suas vidas. Sendo assim, o contato com elas exige uma escuta atenta, que indague e pergunte sobre como tem sido na instituição a oferta de educação e cuidados para bebês e crianças, que experiências e vivências fazem parte do cotidiano, que concepções estão por trás do que é oferecido a cada uma delas. Algo para aguçar olhares sobre critérios de atendimento na primeira etapa da Educação Básica. Vale a pena conhecer o trabalho realizado pelas pesquisadoras Fúlvia Rosemberg e Maria Malta Campos. Link Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças. Mostrará o que observar no atendimento à Educação Infantil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/ direitosfundamentais.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016. http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil15/189 Um ponto que nos interessa é perceber que a vida nas creches e pré-escolas deve ser compreendida como um espaço para a experimentação, isto é, para que as crianças possam se formar. Isto levou à emergência de repensarmos como os espaços para o atendimento das crianças são planejados desde sua concepção arquitetônica até os processos sociais de aprendizagem. Para saber mais Fúlvia Rosemberg (1942-2014) era doutorada em Psicologia da Infância pela Université de Paris. Foi consultora da Fundação Getúlio Vargas e Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Alguns de seus temas de atuação são: relações raciais, relações de gênero, educação e educação infantil. (Fonte: Currículo Lattes). Maria Malta Campos possui doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e realizou estágios de pós-doutorado na Universidade de Stanford e na Universidade de Londres. Pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e professora de pós-graduação da Pontifícia UniversidadeCatólica. Temas de atuação: educação infantil, creche, qualidade da educação e política educacional. (Fonte: Currículo Lattes). Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil16/189 Esta visão permite compreender a criança como cidadã que deve ter seu direito à educação respeitado e valorizado socialmente. Os objetos que serão disponibilizados para esse processo também devem ser alvo de profunda reflexão por parte dos adultos. Nosso destaque será o brinquedo, pois é por intermédio dele que a criança também constrói suas representações sociais. Este espaço para viver o tempo da infância deve garantir que o brincar e o brinquedo sejam de qualidade. Nesse sentido, a intencionalidade na proposta e no planejamento do adulto são fundamentais para que a qualidade exista. Portanto, viver a infância com qualidade na Educação Infantil implica em brinquedos, brincadeiras, materiais, tempos e espaços que privilegiem essa concepção de criança como produtora cultural. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil17/189 Glossário Artefatos: objetos criados por seres humanos que podem indicar a época em que foram feitos e fornecer dados sobre a cultura de quem os produziu. Primeira infância: período que corresponde aos primeiros anos de vida de uma criança e se estende até por volta dos seis anos. Proposta pedagógica: documento que norteia as linhas de concepção do trabalho pedagógico que se pretende desenvolver na Unidade Educacional. Sua elaboração pressupõe trabalho coletivo. Questão reflexão ? para 18/189 Como você viu, as concepções de infância influenciam o trabalho desenvolvido na Educação Infantil. Reflita sobre as contribuições que a Sociologia da Infância pode trazer para o cotidiano das instituições educacionais. 19/189 Considerações Finais • As concepções de criança e infância influenciam o trabalho na Educação Infantil. • A Sociologia da Infância tem as crianças e suas práticas culturais como seu objeto de investigação. • Conhecer as crianças, suas singularidades e especificidades é fundamental para a construção de propostas pedagógicas na Educação Infantil. • Crianças, por meio de suas falas, expressões e brincadeiras, produzem cultura. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil20/189 Referências ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BRASIL. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 12 jun. 2016. CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC, SEB, 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ dmdocuments/direitosfundamentais.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016. MARCHI, Rita de Cássia. O “ofício de aluno” e o “ofício de criança”: articulações entre a sociologia da educação e a sociologia da infância. Rev. Port. de Educação, Braga, v. 23, n. 1, p. 183-202, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf>. Acesso em 11 jun. 2016. SARMENTO, J. M. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Rev. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 91, p. 361-378, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf 21/189 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf>. Aula 1 - Tema: A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1 22/189 1. A infância é vista pela Sociologia da Infância: a) pelos seus aspectos de maturação. b) pela perspectiva biológica. c) pela abordagem de objeto sociológico. d) pela caracterização do que falta nas crianças. e) pela perspectiva psicológica de desenvolvimento. Questão 1 23/189 2. Crianças devem ser vistas como: a) competentes, criativas e indagadoras. b) pessoas que apenas serão alguém no futuro. c) excessivamente falantes e imaturas. d) portadoras de muitas dificuldades de desenvolvimento. e) adultos em miniatura. Questão 2 24/189 3. Para conhecer as crianças, é fundamental: a) considerá-las como seres imaturos. b) prestar atenção em suas falas e expressões. c) desconsiderar as dimensões sociais. d) observar aspectos apenas de sua maturação biológica. e) atentar somente às questões de cuidado. Questão 3 25/189 4. A forma como a unidade de Educação Infantil organiza seus espaços, tempos e materiais revela: a) diretrizes de desenvolvimento. b) o quadro de ocupação dos funcionários. c) concepções de infância e de criança. d) parâmetros de homogeneização do espaço. e) orientações para o sistema de seriação do espaço. Questão 4 26/189 5. A principal linguagem da infância que se relaciona com todas as outras linguagens na produção de culturas infantis é: a) a matemática. b) a geografia. c) a leitura e a escrita. d) a brincadeira. e) estudos sociais. Questão 5 27/189 Gabarito 1. Resposta: C. A Sociologia da Infância considera a infância pela abordagem sociológica por considerá-la como uma construção social. 2. Resposta: A. Crianças são produtoras de cultura, por isso devem ser vistas como criativas, competentes e indagadoras. 3. Resposta: B. Crianças são seres de muita singularidade e diversidade. Escutá-las é imprescindível para conhecê-las, por isso a importância de observar atentamente seus gestos e falas. 4. Resposta: C. Dependendo da maneira que a unidade de Educação Infantil organiza seus tempos, espaços e materiais, é possível saber quais as concepções de criança e infância estão presentes. Se elas são vistas como autônomas, produtoras de cultura, provavelmente a organização levará esses aspectos em conta, com variedade de objetos e altura acessível dos materiais. Provavelmente, teremos nos espaços a presença de marcas e produções infantis. 5. Resposta: D. O brincar é a principal linguagem da infância que se relaciona a todas as outras 28/189 Gabarito linguagens, possibilitando às crianças experimentarem e vivenciarem diferentes modos de ver e sentir o mundo, de forma a produzir cultura. 29/189 Unidade 2 A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil Objetivos 1. Perceber que a concepção de ensino e aprendizagem interfere na prática pedagógica. 2. Compreender que a organização da prática pedagógica deve propiciar àscrianças vivências e experiências que ampliem repertórios. 3. Entender que os projetos de trabalho são uma relevante modalidade organizativa na Educação Infantil. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil30/189 Introdução Você sabia que a concepção de ensino e aprendizagem que se assume interfere na organização da prática pedagógica? Quando a opção é por dar voz e escuta às crianças, o cuidar e educar como algo indissociável estará presente em cada ação, o protagonismo infantil será a tônica do trabalho, e cada experiência e vivência planejadas terão como marcas a intencionalidade de ampliar os repertórios das crianças, a partir do que elas trazem de conhecimento do mundo. Esse modo de pensar é diferente de concepções em que o foco das práticas está na antecipação da escolarização, por meio da adaptação de atividades do Ensino Fundamental. Organizar situações de aprendizagem na Educação Infantil, tendo por base os princípios da chamada Pedagogia da Infância, exige que se considere o cuidar e educar como binômio, a criança como centro de um Projeto Pedagógico que proporcione o acesso a bens culturais construídos pela humanidade. Que tal conhecer um pouco mais sobre a Pedagogia da Infância? Link Construindo a Pedagogia da Infância no município de São Paulo. Traz a fala de vários autores sobre princípios da Pedagogia da Infância. Disponível em: <http://portal.sme. prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676. pdf>. Acesso em: 13 jun. 2016. http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil31/189 Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da Autonomia, diria que quem ensina aprende e quem aprende ensina. O papel do educador é construído na aprendizagem diária com as infâncias, por meio de observações atentas e diferentes formas de registro, organizando situações de aprendizagem, tendo sempre em vista o interesse dos bebês e crianças, a organização de tempos, espaços e materiais, de modo a propiciar momentos significativos de interação. Incentivar cada descoberta, a partir do interesse dos pequenos, para ampliação de repertórios de aprendizagem, é ponto fundamental do seu trabalho. Ser educador da infância pressupõe na prática levar em conta especificidades e singularidades da Educação Infantil. Espera-se que esse educador seja alguém que elabore seu planejamento com intencionalidade, observe e registre as aprendizagens das crianças e considere a participação delas na organização das atividades. Veja um relato de experiência de um educador da infância. Para saber mais Paulo Freire (1921-1927), educador, pedagogo e filósofo brasileiro, é reconhecido mundialmente na história da Pedagogia. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil32/189 É importante que você saiba que cada situação de aprendizagem planejada deve ampliar os repertórios das crianças, parte-se do que elas já sabem, elas sempre têm muito a contribuir; a partir desse conhecimento os repertórios precisam ser ampliados com novas vivências e experiências que propiciem aprendizagens significativas. Uma boa forma de partir dos interesses das crianças e ampliar seus conhecimentos é a elaboração de Projetos de Trabalho, eles são uma ótima modalidade organizativa do trabalho pedagógico na Educação Infantil. As crianças aprendem bastante com os projetos, quando eles tratam de assuntos significativos para elas. Aprendem a pesquisar, a buscar informações, opinar e argumentar. Como você pôde perceber, a concepção de ensino e aprendizagem interfere na prática pedagógica. Se os fundamentos dessa prática estiverem alicerçados na Pedagogia da Infância, o cuidar e educar indissociável, o protagonismo das crianças e a ampliação de repertórios, vivências e experiências serão a tônica do trabalho Link De como ser professor sem dar aulas na escola da infância. Trata de um relato de experiência. Disponível em: <http://www.reveduc. ufscar.br/index.php/reveduc/article/ viewFile/23/23>. Acesso em: 13 jun. 2016. http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil33/189 desenvolvido. Ganharão lugar importante no planejamento do educador os projetos de trabalho construídos para e com as crianças. Organizar esse modo de trabalho exige intencionalidade, que é percebida no planejamento das situações de aprendizagem, na organização de tempos, espaços e materiais, nas interações que se estabelecem com as crianças. Tudo isso contribuirá para sejam ofertados educação e cuidados com qualidade social. 1. VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS: AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIOS Perceba que dentro do contexto de uma unidade de Educação Infantil cada dia para a criança deve ser um dia de vivenciar novas experiências que ampliem seus conhecimentos, seus repertórios. Torna-se importante que o planejamento das atividades parta do que as crianças já sabem, de seus interesses, suas indagações. Elas com suas falas, brincadeiras, desenhos, criam cultura. De acordo com Sarmento (2004), há traços distintivos nas culturas da infância relacionados à forma como constroem significados com lógica própria, e quanto essas culturas são permeadas por jogos e brincadeiras. Lembro-me da criança que, ao ser indagada pela professora sobre o que era um amigo, responde: “alguém que te mostra borboletas”. Perceba como o jeito de se expressar delas está Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil34/189 próximo da poesia, enquanto seus vários questionamentos as aproximam dos cientistas. Para saber mais Manuel Jacinto Sarmento é um estudioso português. Atua como professor titular da Universidade do Minho, em Portugal, realiza pesquisas sobre Sociologia da Infância. (Fonte: <www.curriculosemfronteiras.org>). Para que a criança possa ampliar seu repertório, perceba que devemos observar sua interação com outras crianças, com a família, com o ambiente, com os brinquedos e demais objetos, com os professores e outros adultos que estão presentes nas unidades educativas. Perceber essa interação implica em dialogar com os conhecimentos prévios da criança e com os conhecimentos que irá desenvolver. As culturas da infância integram elementos diversos que devem ser considerados no momento de se pensar e planejar vivências e experiências que se deseja oferecer aos meninos e meninas. Para que você possa conhecer um pouco mais sobre as culturas da infância: Link As culturas das infâncias na encruzilhada da 2ª. modernidade. Disponível em: <http://www. cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_ u1_as_culturas_na_infancia.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. http://www.curriculosemfronteiras.org http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil35/189 Para Sarmento (2004, p. 13), devemos nos ater à gramática das culturas infantis, uma vez que elas demonstram: • Semântica: relacionado aos processos de significação e referenciação simbólico-cultural; • Sintaxe: relacionado à representação lógica que a criança atribui aos significados e signos, com o intuito detransmitir um significado completo e compreensível sobre o mundo e seu ordenamento; • Morfologia: cria as estruturas e flexões sobre os elementos constitutivos das culturas infantis. Perceba que para a ampliação do repertório cultural das crianças é fundamental que elas possam interagir com diferentes materiais, linguagens, repertórios, espaços, entre outros. Assim, o planejamento docente deve estar pautado na criatividade e na ludicidade. 2. MODALIDADES ORGANIZATIVAS DO TRABALHO PEDAGÓGICO O planejamento na Educação Infantil pede intencionalidade e que se parta do que as crianças já sabem, ampliando seus conhecimentos. Para melhor pensar nessas ações, é possível selecionar modalidades organizativas do trabalho pedagógico, como bem coloca a pesquisadora Délia Lerner. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil36/189 Dentre as modalidades temos as atividades habituais, denominadas de atividades permanentes, pois são aquelas que exigem certa periodicidade, que pode ser diária ou semanal. Elas têm como foco cuidados básicos, aprendizagem e prazer, por exemplo, a leitura de histórias no planejamento deve ser realizada todos os dias, assim como rodas de conversa e brincadeiras. Perceba que esta modalidade está profundamente articulada com a rotina das crianças. Outra modalidade é a sequência de atividades, que consiste em um conjunto de atividades sequenciadas que ofereça desafios cada vez mais complexos, como, por exemplo, saber mais sobre um determinado animal. Já os projetos de trabalho se constituem em modalidade organizativa fundamental na Educação Infantil, que tem como foco encontrar solução para um problema compartilhado com as crianças, cujos resultados podem ser comunicados ao final, por meio de produção realizada. Você poderá utilizar cada modalidade conforme a necessidade da turma, no entanto, os projetos de trabalho são a modalidade fundamental da Educação Infantil, que podem inclusive abarcar as outras formas de organização do trabalho. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil37/189 É fundamental que o professor conheça as modalidades para que sua intencionalidade em relação à prática pedagógica seja coerente com a escuta realizada junto às crianças. Neste sentido, o educador deve traçar uma caracterização do grupo das crianças com as quais trabalha, compreendendo seus diferentes níveis de conhecimento sobre os diferentes temas que se pretende desenvolver. Perceba que as modalidades sempre devem ser desafiadoras às crianças e ao mesmo Para saber mais Délia Lerner é pesquisadora argentina, investiga as áreas da Didática da Matemática e da Didática da Língua. (LERNER, 2002). tempo compatíveis com suas necessidades de aprendizagem. 3. PROJETOS DE TRABALHO Os projetos de trabalho são a modalidade organizativa que mais dialoga com concepções de ensino e aprendizagem que têm no centro o protagonismo das crianças. De acordo com Barbosa (2007), pela Pedagogia de Projetos ao elaborar um projeto primeiro se define o tema do problema, cria-se um planejamento, informações são coletadas, organizadas e registradas, ao final é realizada uma avaliação e comunicação das atividades realizadas. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil38/189 O projeto deve partir de um problema real, que tenha despertado o interesse das crianças, favorecendo, assim, o protagonismo delas. Para planejar projetos de trabalho, você precisa saber quais são as intencionalidades do tema escolhido e o quanto ele dialoga com interesses e curiosidades das crianças. Os projetos de trabalho oferecem a possibilidade de ampliar os conhecimentos das crianças. Um ponto central no trabalho com projetos é que eles devem ser significativos para as crianças, ou seja, estão ligados aos seus interesses. Para que o educador seja exitoso nesse sentido, é fundamental que ele seja conhecedor do grupo, como já mencionamos anteriormente. Na Educação Infantil é fundamental que o educador também articule as dimensões concretas e reais com a imaginária e lúdica. Assim, a curiosidade deve ser um elemento-chave a ser continuamente estimulado junto as crianças. Conheça um pouco mais sobre projetos de trabalho. Link Abordagem de projetos de trabalho na educação infantil: um percurso de formação de professores no contexto de uma creche universitária. Disponível em: <http://www3.fe.usp.br/ secoes/inst/novo/agenda_eventos/ inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2016. http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil39/189 Glossário Indissociável: que não pode se separar. Binômio: dois elementos que conectam uma única ideia. Intencionalidade: consciência, deliberação, propósito. Questão reflexão ? para 40/189 Você estudou, neste tema, pontos relevantes sobre a organização do trabalho pedagógico. Construa uma síntese sobre os principais aspectos que propiciem uma organização do trabalho educacional que amplie o repertório de aprendizagem das crianças. 41/189 Considerações Finais • As concepções de ensino e aprendizagem interferem na prática pedagógica. • São princípios de Pedagogia da Infância: cuidar e educar, criança no centro do projeto pedagógico, valorização das culturas infantis. • As culturas da infância devem ser consideradas no planejamento. • A prática pedagógica deve ser organizada com intencionalidade. • As modalidades organizativas do trabalho pedagógico são: atividades habituais, sequência de atividades e projetos de trabalho. • Os projetos de trabalho favorecem o protagonismo das crianças. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil42/189 Referências BARBOSA, M. C. et al. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2007. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Paz e Terra: São Paulo, 2015. LERNER, L. Ler e Escrever: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. RUSSO, D. De como ser professor sem dar aulas na escola da infância. Rev. Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 2, n. 2, p. 149-174, nov. 2008. Disponível em: <http://www.reveduc. ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23>. Acesso em: 13 jun. 2016. SÃO PAULO (Estado). Secretaria Municipal de Educação. Construindo a pedagogia da infância no município de São Paulo. São Paulo: SME/DOT, 2004. Disponível em: <http://portal.sme. prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2016. SARMENTO, M. J. As culturas da infância nas encruzilhadas da 2ª modernidade. In: Crianças e miúdos: perspectivas sócio-pedagógicas da infância e educação. Porto: Asa, 2004. p. 9-34. Disponível em <http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_ infancia.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil43/189 VIEIRA, F. R. Abordagem de projetos de trabalho na educação infantil: um percurso de formação de professores no contexto de uma creche universitária – Relatode Prática e Pesquisa. In: CONGRESSO PAULISTA DE EDUCAÇÃO INFANTIL. 6., 2012. Anais eletrônicos... São Paulo: FEUSP, 2012. Disponível em: <http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/ PDF_SWF/14962.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf 44/189 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: A Interferência da concepção de ensino e aprendizagem na organização da prática pedagógica na educação infantil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc- 2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9>. Aula 2 - Tema: A Interferência da concepção de ensino e aprendizagem na organização da prática pedagógica na educação infantil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc 45/189 1. Cuidar e educar na Educação Infantil são termos tidos como: a) duas modalidades estanques. b) binômio, dissociáveis. c) dois modos não convergentes. d) binômio, indissociáveis. e) formas divergentes que não dialogam. Questão 1 46/189 2. Pedagogia que tem como um dos seus princípios a criança como centro do Projeto Pedagógico: Questão 2 a) Pedagogia Tecnicista. b) Pedagogia Tradicional. c) Pedagogia da Infância. d) Pedagogia não Libertadora. e) Pedagogia da Juventude. 47/189 3. Um aspecto importante do trabalho do educador da infância é: Questão 3 a) disciplinar as crianças. b) ampliar repertórios de aprendizagens. c) desenvolver exercícios de coordenação motora. d) organizar o planejamento não intencional. e) desenvolver exercícios preparatórios de leitura e escrita. 48/189 4. São modalidades organizativas do trabalho pedagógico: Questão 4 a) leitura, escrita e matemática. b) plano de trabalho, diário de classe e lista de presença. c) atividades habituais, sequência de atividades e projetos de trabalho. d) plano de estudo, síntese e resenhas. e) planilhas, estudo do meio, mapas. 49/189 5. Os projetos de trabalho, realizados de modo colaborativo, são importantes por promoverem nas crianças: Questão 5 a) protagonismo. b) condicionamento. c) individualismo. d) nivelamento. e) motricidade. 50/189 Gabarito 1. Resposta: D. Cuidar e educar na Educação Infantil são termos que devem sempre andar juntos e não se separam, por isso considera-se a ideia de binômio, sendo entendidos como indissociáveis. 2. Resposta: C. Para a Pedagogia da Infância, são princípios fundamentais: o cuidar e educar, a ampliação de repertórios e a criança como centro do Projeto Pedagógico. 3. Resposta: B. A partir do que as crianças já sabem o educador da infância desenvolve suas ações de maneira a ampliar os repertórios de aprendizagens das crianças, por meio do planejamento de novas vivências e experiências. 4. Resposta: C. São consideradas modalidades organizativas do trabalho pedagógico: atividades habituais, sequência de atividades e projeto de trabalho. 5. Resposta: A. Os projetos de trabalho, ao investigarem temas que interessam às crianças e ao serem desenvolvidos de modo colaborativo, promovem o protagonismo. 51/189 Unidade 3 Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia Objetivos 1. Entender a importância da construção coletiva da proposta pedagógica. 2. Conhecer a concepção de currículo na Educação Infantil. 3. Inspirar-se com as experiências de Reggio Emilia e Lóczy. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia52/189 Introdução As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Res. maio de 2009) são relevantes para você compreender a importância da construção coletiva da Proposta Pedagógica de uma instituição responsável pela primeira infância. A Proposta Pedagógica é entendida nas Diretrizes como um plano orientador das ações da instituição, que define as metas para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, levando em conta o cuidar e educar indissociável. Sua elaboração deve pressupor trabalho coletivo, contando com a participação da equipe gestora da unidade, dos educadores e da comunidade escolar. Outro aspecto relevante a ser considerado pelas instituições, ao elaborarem suas propostas pedagógicas, diz respeito aos princípios éticos, estéticos e políticos presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). Os princípios éticos estão relacionados à autonomia, responsabilidade, Link Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=9769- diretrizescurriculares-2012&category_ slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192>. Acesso em 30 jul. 2016. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia53/189 solidariedade, respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. Os princípios políticos expressam os direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. Já os princípios estéticos têm relação com a sensibilidade, criatividade, ludicidade e liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. Um aspecto relevante para a construção e reflexão em uma unidade de educação infantil refere-se à organização do currículo, sendo este entendido como um conjunto de práticas que articulam as experiências e saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de meninos e meninos 0 a 5 anos de idade, como apontado no texto legal das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Sabendo da relevância do trabalho na primeira infância, duas experiências – uma italiana e outra húngara – servirão de inspiração para a realização de práticas de cuidado e educação que levem em conta protagonismo, escuta e autoria de bebês e crianças. Conheceremos as experiências de Lóczy e Reggio Emilia que não devem ser vistas como modelos a serem seguidos, mas sim como fonte de inspiração para ressignificar práticas envolvendo bebês e crianças. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a EducaçãoInfantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia54/189 A experiência italiana de Reggio Emilia poderá inspirar você com o belo trabalho desenvolvido com as múltiplas linguagens, a pedagogia da escuta, além da forte parceria com as famílias. Os registros realizados com foco na documentação pedagógica dão visibilidade às produções e criações das crianças, que nessa experiência são entendidas como seres de cem linguagens, potentes e competentes. As crianças se expressam utilizando todos os sentidos, por isso exigem dos adultos escuta ativa. A experiência húngara de Lóczy, realizada por meio da abordagem criada pela médica pediatra Emmi Pikler, é inspiração para que você pense em práticas de cuidados com os bebês em que se rompa com a ideia de criança incapaz. O incentivo à motricidade livre é um dos pontos fortes dessa experiência, uma vez que os movimentos livres são a base para uma verdadeira autonomia. Reconhece a importância de relações estáveis e de vínculos afetivos entre bebês, crianças bem pequenas e adultos. A organização de ambientes, tempos, materiais e a qualidade das relações e interações estabelecidas com bebês e crianças são fundamentais para a abordagem Emmi Pikler. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia55/189 A construção conjunta, com o coletivo dos educadores, de propostas pedagógicas que levem em conta os princípios éticos, políticos e estéticos, anunciados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Para saber mais Emmi Pikler (1902-1984) foi uma médica pediatra austríaca que realizou seu trabalho na Hungria, atuando como diretora de uma instituição para crianças órfãs e abandonadas, localizada em uma rua chamada Lóczy, em Budapeste. As práticas de cuidado e educação desenvolvidas nessa instituição ficaram conhecidas mundialmente como abordagem Emmi Pikler e também como a experiência de Lóczy. Educação Infantil, é caminho que favorece a gestão democrática e as aprendizagens das crianças nas instituições responsáveis pela primeira infância. Inspirar-se nas experiências de Reggio Emilia e na abordagem Emmi Pikler auxilia a criação de currículos que levem em conta as múltiplas linguagens das crianças, o modo próprio que elas têm de ver o mundo, os redimensionamentos de tempos e espaços da instituição e as formas de interação que se dão em seu interior. 1. CURRÍCULO E PROPOSTA PEDAGÓGICA Uma nova visão de currículo não estará centrada na ideia de que este é composto Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia56/189 por um conjunto de disciplinas de estudo, mas sim que currículo envolve tempos, espaços, materiais, interações e múltiplas linguagens. O currículo precisa estar articulado com a Proposta Pedagógica da unidade educacional, sendo que esta deve ser construída de forma conjunta, dando voz aos educadores, pais e crianças. É importante destacar que, diferentemente do Ensino Fundamental e Ensino Médio que se organiza por meio de disciplinas, a Educação Infantil está organizada por “eixos”, na qual temos: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, e matemática. Nesse sentido, o currículo da Educação Infantil procura inferir sobre o legado da humanidade e seu patrimônio cultural, artístico e científico, bem como se articular com as experiências e vivências das crianças em seu cotidiano. Assim, o foco da ação das unidades educativas está em mediar este processo de formação do sujeito, compreendido como histórico, cultural e de direitos. A criança, portanto, não é nem submissa e nem passiva aos desígnios dos adultos, muito pelo contrário, ela é o cerne e a protagonista da vivência desta proposta pedagógica. Neste sentido, o trabalho dos educadores exige que todo o planejamento seja concebido compreendendo a proeminência da criança como sujeito, pois nossas ações são pensadas “para” e “com” elas. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia57/189 Vale destacar que as DCNEI, além de privilegiarem a criança como protagonista, compreendem o lúdico e o brincar como inerentes ao processo de desenvolvimento da criança, portanto, devem perpassar toda a proposta pedagógica. O brincar é o meio pelo qual a criança imita o contexto que conhece, mas ao mesmo tempo recria e constrói um contexto novo para suas experimentações e vivências. Não podemos esquecer que um ponto que deve ser considerado no planejamento da proposta pedagógica é o contexto cultural e familiar em que a criança está inserida, isto significa que devemos considerar que as unidades educativas são pluriculturais e suas diferentes manifestações precisam ser respeitadas. Mas não significa compreender que a escola é um apêndice da educação familiar/maternal ou assistencialista, como já foi no passado. Lembro a você que a articulação do Currículo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil se faz necessária, levando em conta princípios éticos, estéticos e políticos. A leitura do texto da pesquisadora Zilma de Moraes Ramos de Oliveira trará aspectos importantes dessa articulação. Link O currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas Diretrizes Nacionais? Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/ dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo- educacao-infantil-zilma-moraes/file>. Acesso em: 25 jul. 2016. http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia58/189 2. REGGIO EMILIA: UMA EXPERIÊNCIA INSPIRADORA Reggio Emilia é uma cidade do norte da Itália, que conta com uma rede de escolas da infância que se tornou conhecida mundialmente devido a seu trabalho inovador. O idealizador de seu projeto educativo foi Loris Malaguzzi, que criou uma pedagogia própria, a Pedagogia Para saber mais Zilma de Moraes Ramos de Oliveira é professora associada da Universidade de São Paulo. Participou da elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. da Escuta, e também a teoria das Cem Linguagens das Crianças. Para saber mais Loris Malaguzzi (1920-1994) foi fundador da filosofia educativa de Reggio Emilia, participou do nascimento e construção da rede de escolas. Entendia as crianças como seres de cem linguagens. A Pedagogia da Escuta é aquela que entende a criança como um ser ativo e competente. O verbo escutar, nesse caso, significa escutar com o corpo todo, escutar falas, gestos, olhares, expressões, choros e criações das crianças. Escutar suas cem linguagens. Essa escuta exige do educador Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia59/189 curiosidade, interesse, emoção e disponibilidade ao outro. A documentação pedagógica, composta de diferentes registros, dá visibilidade a essa escuta. As crianças são vistas em Reggio Emilia como competentes, pois o tempo todo indagam o mundo onde vivem, elaboram teorias próprias, relacionam-se com o contexto em que estão inseridas. São ricas em saberes, produtoras de cultura e se expressam por múltiplas linguagens. Essa interessante experiência pode ser fonte de inspiração para inovações no trabalho com bebês e crianças. Para que você possa compreender a lógica da proposta de Reggio Emilia, vale a análise do poema a seguir: A criança é feita de cem./A criança tem cem mãos/cem pensamentos/ cem modos de pensar/de jogar e de falar./Cem sempre cem/modos de escutar/as maravilhasde amar. Cem alegrias/para cantar e compreender./ Cem mundos/para descobrir./Cem mundos/para inventar./Cem mundos/ para sonhar./A criança tem/cem linguagens/(e depois cem cem cem)/mas roubaram-lhe noventa e nove./A escola e a cultura/lhe separam a cabeça do corpo. (Malaguzzi, 1994). Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia60/189 Assim, perceba que a criança precisa ser educada em sua singularidade e sua subjetividade, ou seja, ela é um indivíduo potente e capaz, logo o papel do educador é justamente estar atento e desenvolver uma comunicação afetiva, pautada na fala, no afeto, no carinho, no gesto, pois esta criança terá muitas formas de expressar seus sentimentos, desejos, ideias. Esta Pedagogia da Escuta não se limita apenas a “escutar”, ela abrange a organização da proposta pedagógica da escola. Logo, os espaços de socialização e interação são compreendidos como “laboratórios”, nos quais as crianças têm autonomia no seu desenvolvimento, com atividades relacionadas às diferentes linguagens, diversos tipos de manipulação, movimentos, ou seja, tudo que lhe permita uma formação integrada e completa, tanto em aspectos cognitivos, físico-biológicos e emocionais. Um ponto que merece muita atenção por parte dos educadores é a questão do registro por parte dos educadores. O registro é um momento privilegiado do educador para compreender como as crianças se desenvolvem. Lembre-se que esta avaliação serve de horizonte para os professores, em seu planejamento, conhecerem a criança em sua integralidade. Malaguzzi compreendeu que esta documentação transformava a criança em um ser “visível”, ou seja, para além dos arcabouços teóricos e propedêuticos sobre o cuidado com as crianças. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia61/189 Chamo sua atenção para perceber que o registro do educador é ao mesmo tempo uma reflexão sobre a criança e sobre a proposta pedagógica. Para Malaguzzi, esse registro seria um “testemunho cultural” sobre a trajetória das crianças. Esta perspectiva italiana está fortemente marcada pelo pensamento de Vygotsky sobre a formação do sujeito, no qual há um processo dialético entre a constituição do sujeito e seu processo de assimilação da cultura, uma vez que a cultura forma o sujeito e é transformada por ele. Assim, as crianças recebem a cultura existente, mas também a transformam, sendo sujeitos do processo, protagonistas. A criança dentro dessa concepção é concreta, isto é, cada uma é uma, pois sua existência ocorre dentro de um contexto coletivo, mas sua subjetividade é individual. Logo, não poderia ser educada e nem compreendida por padrões previamente definidos. A documentação e a narração contam uma história da infância e da trajetória profissional dos educadores, apresentando suas impressões, valores, crenças, e todo um arcabouço sobre suas experiências enquanto sujeitos sociais em contextos educativos. O papel do “atelierista” seria essencial para o registro e a documentação dos percursos das crianças em sua vida concreta. Assim, o professor dialoga diretamente com as crianças, pois busca captar e retratar sua integralidade enquanto um ser em formação. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia62/189 Conheça um pouco mais sobre essa cidade educadora da primeira infância. Link Reggio Emilia: uma cidade educadora da primeira infância. Disponível em: <http://portal. aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/ reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da- primeira-infancia/>. Acesso em: 25 jun. 2016. Também recomendo que você assista ao vídeo: As Escolas de Educação Infantil de Reggio Emilia, Itália. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu. be>. Acesso em: 20 set. 2016. 3. A EXPERIÊNCIA DE LÓCZY: ABORDAGEM EMMI PIKLER A abordagem Emmi Pikler, também conhecida como a experiência de Lóczy, realizada pelo Instituto Emmi Pikler em Budapeste, na Hungria, é conhecida mundialmente por desenvolver uma série de experiências relacionadas às práticas de cuidados com bebês. Lóczy é o nome da rua onde se localiza o antigo orfanato onde Pilkler realiza sua proposta. Devido à sua formação como médica, seu interesse pelo bem-estar físico e psíquico das crianças sempre motivou seu olhar e sua abordagem sobre as crianças. Sua visão era de que a criança seria saudável se sua relação com o ambiente fosse saudável, e http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia63/189 isso implicava em compreender a criança com um ser em sua integralidade. Os princípios fundamentais dessa abordagem são a segurança afetiva e uma motricidade livre. O acolhimento, os cuidados com os bebês e a formação dos profissionais que atuam com essas crianças são aspectos importantes a serem observados. Uma perspectiva muito importante dentro desta abordagem é a superação da dicotomia entre o cuidar e o educar. Esta ruptura somente é possível com respeito ao sujeito da criança e com a compreensão de que esses são processos imbricados e coexistentes. Por isso a necessidade de repensarmos as interações entre os sujeitos, sejam elas crianças/crianças ou crianças/adultos, bem como os espaços, tempos e propostas de desenvolvimento e aprendizagem. A sua abordagem exige o respeito pelo desejo e pela vontade da criança. Esse respeito deve ser incorporado em todas as práticas direcionadas a ela, as “atividades de atenção pessoal”, como são denominadas as ações relacionadas aos cuidados com higiene e alimentação, exigem cuidado e carinho com as crianças. Assim, para que a criança se sentisse segura e soubesse a quem recorrer deveria existir um profissional específico que criasse esse vínculo de acolhimento e se individualizasse no cuidado com as crianças. Uma característica importante desse profissional era respeitar os ritmos Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia64/189 das crianças, bem como estar atento às suas iniciativas para poder estimular e auxiliar as crianças no desenvolvimento de sua autonomia. Um ponto-chave dentro dessa abordagem é o desenvolvimento da autonomia da criança, portanto o educador deve estimulá-la a realizar as atividades de forma autônoma, ou seja, para Pilkler um adulto não deve realizar uma atividade para uma criança se ela for capaz de fazê- la sozinha, ao contrário o adulto deve acompanhar, estimular e motivar para que ela tenha interesse em cada vez mais ser independente e autônoma. Um exemplo neste sentido é estimular a criança a vestir a sua própria roupa, os educadores devem estimular as crianças, deixando que elas vivenciem este processo, orientando, dando suporte, mas permitindo que ela realize um processo de erros e acertos. Para compreender a experiência de Lóczy, devemos entender que os princípios que norteiam a proposta são acolhimento, cuidado e desenvolvimento a fim de garantir o bem-estar físico e emocional das crianças. Certamente que, para que isso fosse preciso, era necessário investir na formação e qualificação dos profissionaisque atuam com as crianças. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia65/189 Assim, é possível perceber que: A construção da segurança afetiva inicia-se com o entendimento de que cada criança é um ser único, singular, cujo desenvolvimento depende da qualidade da relação que se estabelece com os materiais, objetos e adultos de seu entorno. Nesse sentido, o respeito à criança é fundamental, encarando-a como uma pessoa com características, necessidades e expectativas próprias (FREITAS; PELIZON, 2010, p. 4). Na rotina do bebê e da criança o fundamental são as relações que se estabelecem, é o envolvimento que permite que as crianças sejam consideradas como únicas. A motricidade livre também é um ponto relevante porque permite que as crianças se experimentem como sujeitos e consequentemente se desenvolvam respeitando seus ritmos e características próprias. A intervenção do adulto se faz necessária para garantir que a criança vivencie experiências que auxiliem e fomentem o seu desenvolvimento. Logo, o profissional que atua dentro desta proposta está preparado em termos técnicos, mas especialmente predisposto a desenvolver Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia66/189 uma escuta ativa, atenta e sensível às necessidades de cada criança. Para ela, a motricidade livre respeita o ritmo do desenvolvimento das crianças, logo os movimentos livres gerarão experiências e vivências essenciais para seu desenvolvimento como sujeito. Para Pikler, a criança não necessita de orientação e intervenção do adulto para desenvolver sua motricidade, pois este é um processo natural e inerente do seu desenvolvimento. A criança que aprende a cair e levantar é mais cuidadosa do que aquela que é superprotegida, pois tem mais autonomia e mais consciência corporal. Assim, poderíamos sumarizar que os princípios de seu trabalho em Lóczy envolviam: valorização da atividade livre e autônoma por parte da criança, valorização das relações sociais, com acolhimento e estabilidade, criação de uma autoimagem positiva por parte da criança, estímulo e cuidado com a saúde física e psíquica das crianças. Entenda um pouco sobre as contribuições de Lóczy na Educação Infantil. Link As contribuições da experiência de Lóczy para o professor da educação infantil. Disponível em: <http://www.plataformadoletramento. org.br/download/contribuicoes-da- experiencia-de-loczy.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016. http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia67/189 Perceba que as propostas de Reggio Emilia e de Lóczy são inovadoras porque, além de compreenderem a criança como um sujeito pleno, representaram uma ruptura definitiva com a perspectiva de que a criança era um ser passivo que necessitava apenas de cuidados relacionados a sua higiene e alimentação. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia68/189 Glossário Ludicidade: forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos, através de jogos, música e dança. O intuito é educar, ensinar, se divertindo e interagindo com os outros. O primeiro significado do jogo é o de ser lúdico (ensinar e aprender se divertindo). Inspiração: algo que serve de estímulo para ativar a capacidade de criação. Motricidade livre: considerando a abordagem Emmi Pikler, é o respeito ao ritmo individual do bebê. Questão reflexão ? para 69/189 Durante o estudo deste tema, você conheceu as inspiradoras experiências de Lóczy e Reggio Emilia. Faça uma análise considerando que aspectos das duas experiências poderiam, como inspiração, ser considerados ao pensar o currículo da Educação Infantil. 70/189 Considerações Finais • A proposta pedagógica deve ser organizada de forma coletiva. Sua construção pede articulação com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, seguindo princípios éticos, estéticos e políticos. • O currículo da Educação Infantil é um conjunto de práticas que busca articular os saberes das crianças com saberes socialmente construídos. • Reggio Emilia tem um trabalho mundialmente reconhecido por conta da pedagogia da escuta, da importância dada às múltiplas linguagens e também da documentação pedagógica, além da forte parceria com as famílias. • A experiência húngara de Lóczy procura dar visibilidade aos bebês como atores sociais e produtores de cultura. • O diálogo com Reggio Emilia e a experiência de Lóczy não são modelos, mas inspirações para o trabalho na Educação Infantil. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia71/189 Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010. FALK, J. (Org.). Educar os três primeiros anos: a experiência de Lóczy. Araraquara: JM Editora, 2004. FREITAS, A. V. C; PELIZON, M. H. A Experiência de Lóczy e a Formação do Professor de Educação Infantil. 2010. Disponível em: <http://www.plataformadoletramento.org.br/download/ contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2016. GANDINI, L.; EDWARDS, C.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999. MALAGUZZI, Loris. Ao contrário as cem existem. Bambini. Milão, ano 10, n. 2, fev. 1994. (Tradução livre de Ana Lúcia Goulart de Faria, Patrízia Piozzi e Maria Carmem Barbosa). OLIVEIRA, Z. M. R. O currículo na educação infantil: o que propõem as novas Diretrizes. In: I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais. 1., 2010. Anais eletrônicos... Belo Horizonte, nov. 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/ dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file>. Acesso em: 22 jun. 2016. http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file 72/189 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Currículo e proposta pedagógica para a educação infantil: Os diálogos entre lóczy e reggio emilia - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5>. Aula 3 - Tema: Currículo e proposta pedagógica para a educação infantil: Os diálogos entre lóczy e reggio emilia - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6 73/189 1. A elaboração da propostapedagógica pressupõe: a) trabalho individual. b) trabalho esporádico. c) trabalho solitário. d) trabalho coletivo. e) trabalho apenas dos gestores. Questão 1 74/189 2. Os princípios políticos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil expressam: a) relações com autonomia, responsabilidade e solidariedade. b) direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. c) relação com a sensibilidade, criatividade, ludicidade e liberdade de expressão. d) cultura da paz, aprendizagem individual e tecnológica. e) educar em valores, competitividade e memória seletiva. Questão 2 75/189 3. As experiências de Lóczy e Reggio Emilia podem vistas como: a) lição sobre como tratar casos de indisciplina. b) modelo pedagógico a ser reproduzido. c) inspiração para ressignificar práticas. d) exemplo do que não deve ser feito no cotidiano da instituição. e) referência para educar crianças na vertente condicionada. Questão 3 76/189 4. São aspectos importantes da experiência de Reggio Emilia: a) Pedagogia da Escuta, múltiplas linguagens, parceria com as famílias e documentação pedagógica. b) Pedagogia da Opressão, disciplinas curriculares, atividades estereotipadas. c) Pedagogia Comportamental, leitura e escrita, reunião anual com as famílias, relatórios descritivos. d) Pedagogia da Tolerância, matemática, culpabilização da família, avaliações com legenda. e) Pedagogia da Autonomia, ciências sociais, escolas de pais, relatos orais. Questão 4 77/189 5. Um ponto forte da experiência de Lóczy é: a) motricidade contida. b) motricidade controlada. c) motricidade ordenada. d) motricidade dependente. e) motricidade livre. Questão 5 78/189 Gabarito 1. Resposta: D. A elaboração da proposta pedagógica pressupõe trabalho coletivo que envolva a equipe gestora, professores e comunidade. 2. Resposta: B. Os princípios políticos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil expressam os direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. 3. Resposta: C. As experiências de Lóczy e Reggio Emilia não devem ser vistas como modelo, mas sim como inspiração para ressignificar práticas nas instituições de Educação Infantil. 4. Resposta: A. São aspectos importantes em Reggio Emilia a Pedagogia da Escuta, as múltiplas linguagens, a parceria com as famílias e a documentação pedagógica. 5. Resposta: E. Um ponto forte da experiência de Lóczy é o incentivo à motricidade livre dos bebês, que colabora para que tenham cada vez mais autonomia. 79/189 Unidade 4 O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo Objetivos 1. Conhecer áreas do conhecimento e seus desdobramentos nas múltiplas linguagens. 2. Entender a criança como protagonista do processo de aprendizagem e produtora de cultura. 3. Compreender que a principal linguagem da infância é o brincar. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 80/189 Introdução As áreas de conhecimento são desdobradas na Educação Infantil em múltiplas linguagens, tais como brincar e imaginar, linguagens artísticas, conhecimento de si e do mundo, linguagem corporal, linguagem verbal, o conhecimento matemático, entre outras. O brincar é a linguagem que deve perpassar todas as outras. As crianças nas vivências e experiências com as linguagens devem ser protagonistas do processo de aprendizagem e produtoras de cultura. O brincar e imaginar envolve o resgate das brincadeiras tradicionais, que fazem parte da história da cultura infantil; o cotidiano precisa ser permeado por diversos tipos de jogos, e, principalmente, as crianças precisam de tempo, espaço e brinquedos (convencionais e não estruturados) para as brincadeiras de faz de conta. O conhecimento de si e do mundo se dá nas interações em que se cuida de si mesmo, do outro e do meio ambiente. O trabalho com a questão da identidade, em que se procura saber mais de si e dos outros, reconhecendo e valorizando as manifestações culturais diversas, é um aspecto importante a considerar. A linguagem corporal fala da importância de exploração do mundo e do próprio corpo por meio do movimento. A criança conhece muito do mundo pela sua experiência corporal, o movimento é acima de tudo um ato criativo para meninas e meninos. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 81/189 A linguagem artística pode ser explorada por meio das linguagens musical, teatral e visual. As crianças se apropriam dessas linguagens de um modo todo próprio marcado pela exploração e experimentação. O trabalho com a linguagem verbal pressupõe brincar com as palavras, comunicar-se, conhecer e praticar comportamentos leitores, ter contato com diferentes gêneros e portadores textuais. A linguagem gestual manifesta intenções das crianças e também deve ser considerada. O conhecimento matemático na Educação Infantil se dá nas experiências com as relações quantitativas – com os espaços, formas e medidas –, que podem ser recriadas no cotidiano da instituição. As linguagens, na Educação Infantil, não são estanques, o tempo todo uma interage com a outra. Lembro você que o brincar e as interações, considerados eixos da primeira etapa da Educação Básica, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, devem estar presentes em todos os momentos. As interações que propiciam as relações entre criança/criança e criança/adulto são importantes na organização e planejamento das vivências e experiências com as múltiplas linguagens. Nessas interações os ritmos e tempos de cada bebê e cada criança precisam ser respeitados. Vale lembrar que as interações se dão também entre adultos/adultos que trabalham na instituição, e espera- se que essas relações sejam amistosas e Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 82/189 respeitosas, e que o mesmo ocorra nas interações com as famílias. As múltiplas linguagens são requeridas quando a criança é vista como protagonista de seu processo de aprendizagem. Considera-se que ela é um ser potente, sujeito de direitos, constrói teorias e hipóteses sobre o mundo que a rodeia, produz cultura, e a brincadeira é a sua principal linguagem. Conheça um pouco mais sobre as múltiplas linguagens e os bebês na Educação Infantil. Link Bebês interrogam o currículo: as múltiplas linguagens na creche. Disponível em: <https:// periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/ view/1605/900>. Acesso em: 20 jul. 2016. As crianças têm um jeito próprio de ver o mundo, entendem o tempo de um modo diferente dos adultos, são criadoras. Dessa maneira, o trabalho com as linguagens deve propiciar protagonismo, criação e autoria. Para que as crianças desenvolvam seu protagonismo, elas precisam de escuta atenta e sensível, espaços para momentos de escolha e seleção. Entende-se escuta como algo que não pode ser limitado ao ouvir a fala das crianças. Escutar as crianças significa estar atento a falas, gestos, balbucios, expressões, choros, olhares, criações e manifestações diversas. As múltiplas linguagens são mais bem desenvolvidas em contextos de vivências e experiências significativas, como entendidos por Walter Benjamin https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 83/189 (1987), que considera
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