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Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil W BA 01 65 _v 1. 0 2/189 Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil Autora: Marilene Sales de Melo Como citar este documento: MELO, Marilene Sales de. Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil. Valinhos, 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil 06 Assista a suas aulas 21 Unidade 2: A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil 29 Assista a suas aulas 44 Unidade 3: Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia 51 Assista a suas aulas 72 Unidade 4: O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 79 Assista a suas aulas 95 2/189 3/1893 Unidade 5: A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil 102 Assista a suas aulas 120 Unidade 6: Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades 127 Assista a suas aulas 141 Unidade 7: A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil 148 Assista a suas aulas 163 Unidade 8: O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender 170 Assista a suas aulas 182 Sumário Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil Autora: Marilene Sales de Melo Como citar este documento: MELO, Marilene Sales de. Ludicidade, Currículo e Avaliação na Educação Infantil. Valinhos, 2016. 4/189 Apresentação da Disciplina A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica brasileira, considerada de imensa relevância para bebês e crianças. Nesta disciplina você aprenderá sobre três aspectos fundamentais relacionados à educação e aos cuidados na primeira infância, sendo eles: Ludicidade, Currículo e Avaliação. Durante o percurso de aprendizagem, você reconhecerá a importância da influência da concepção de criança no trabalho desenvolvido na Educação Infantil e também perceberá o quanto a concepção de ensino e aprendizagem interfere na organização da prática pedagógica. O caminho a ser trilhado proporcionará o diálogo com as inspiradoras experiências de Lóczy e Reggio Emilia, tendo como foco desenvolver reflexão e ação sobre Currículo e Proposta Pedagógica que tenham as crianças como protagonistas do processo. As diferentes áreas do conhecimento e suas múltiplas linguagens serão temas de estudo. A interdisciplinaridade e ludicidade, dois eixos importantes no currículo da Educação Infantil, farão parte das aprendizagens proporcionadas. Você conhecerá mais sobre avaliação da aprendizagem na Educação Infantil. Saberá mais sobre as concepções, modalidades, possíveis instrumentos avaliativos e também sobre o papel do professor, diante de uma avaliação permeada pela denominada Pedagogia da Escuta. 5/189 Esteja pronto para embarcar nessa viagem, rumo às singularidades e especificidades da Primeira Infância. Lembre-se de trazer na bagagem protagonismo e autoria para os seus estudos. 6/189 Unidade 1 A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil Objetivos 1. Reconhecer que a concepção de criança influencia o trabalho na Educação Infantil. 2. Perceber os fundamentos e a importância da Sociologia da Infância. 3. Identificar crianças como seres singulares, competentes e produtoras de cultura. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil7/189 Introdução Várias são as concepções que você pode encontrar sobre crianças e infância. As crianças às vezes são caracterizadas pelo que são, muitas vezes pelo que podem vir a ser e também pelo que falta a cada uma delas. A concepção de infância com foco nas dimensões sociais é a que pautará os seus estudos na temática da influência da concepção de criança no trabalho desenvolvido na Educação Infantil. Para o melhor entendimento da dimensão social, cabe citar os estudos pioneiros de Philippe Ariès que mostram, principalmente no mundo ocidental, que o sentimento de infância passa a ser modificado a partir da Idade Moderna. Esse sentimento pode ser caracterizado como a certeza por parte de adultos de que a infância é uma etapa de vida especial e importante para qualquer ser humano. Para saber mais Philippe Ariès (1914-1984) nasceu na França, foi um importante historiador do século XX, entre os temas de suas pesquisas destacam-se a vida cotidiana e a história da criança. Sua obra História Social da Criança e da Família tornou-se um clássico. Para que você entenda a importância de considerar a infância como construção social, as contribuições da Sociologia da Infância serão fundamentais. Nesta abordagem a infância é entendida como objeto sociológico, contrapondo-se Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil8/189 a perspectivas biológicas que focam apenas em aspectos de maturação e desenvolvimento, assim como algumas perspectivas psicológicas que não consideram a importância da construção social no desenvolvimento das crianças. A Sociologia da Infância entende a infância como categoria social, tendo as crianças como seu objeto de investigação, considerando a sociedade de modo global em seus estudos. Sendo a infância historicamente construída, permeada pelas práticas sociais, pelas interações entre as crianças e entre crianças e adultos, é imprescindível levar em conta a multiplicidade de contextos vivenciados por elas, com variáveis diversas relacionadas a gênero, etnia, classe social, condições econômicas e sociais. Torna-se necessária a reflexão sobre as diversidades das condições de existência das crianças e como essas condições atuam socialmente. Outro aspecto a ser observado são as políticas públicas para a infância, presentes ou ausentes nesses contextos. Eis um pouco mais sobre Sociologia da Infância: Link Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Trata da infância como objeto sociológico. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691. pdf>. Acesso em: 5 jun. 2016. http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil9/189 As crianças devem ser vistas como seres em interação com seus pares que produzem valores, rotinas, artefatos e ideias, constituindo o que pode ser chamado de culturas infantis. Crianças são competentes, criativas, o tempo todo formulam indagações sobre a natureza, a sociedade e o mundo. Interpretam tudo o que está a sua volta. Você deve ter percebido que não existe uma forma única de ser criança, por isso pode-se dizer que existem múltiplas infâncias e diferentes maneiras de viver essas infâncias. A forma como a unidade de Educação Infantil organiza seus espaços, tempos, materiais, constrói sua proposta pedagógica, seu currículo, revela quais as concepções de infância e de criança estão presentes no seu trabalho pedagógico. A observação atenta mostrará se cada bebê e criança que chegam à instituição estão sendo acolhidos na sua integralidade e especificidade. Para que crianças formulem indagações, elas precisam ter voz e participar das escolhas dentro e fora das unidades educacionais. Eu lembro a você o quanto é importante considerar falas e expressões de bebês e crianças, meninas e meninos. Esse material é valioso para nos indicar que infâncias são essas que cada um está experimentando e vivenciando. Escutando nossas crianças, é possível aos educadores, familiares e responsáveis por elas, terem mais possibilidades de considerar seus interesses e necessidades. Que tal agora Unidade 1 • AInfluência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil10/189 observar e refletir um pouco mais sobre a importância das concepções de infância na Educação Infantil. Link Vídeo: “Educação Infantil - Concepções de Criança, Creche e Pré-escola”. Fonte: <https://www.youtube.com/ watch?v=RKpu_7qcK1s>. Acesso em: 5 jun. 2016. 1. CONHECENDO BEBÊS E CRIANÇAS Quando você atua na Educação Infantil, o conhecimento dos bebês e crianças que frequentam a instituição é fundamental, principalmente se a concepção de infância que estiver em pauta for aquela que reconhece as singularidades e especificidades da primeira infância. Para saber mais Educação Infantil de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96) é a primeira etapa da Educação Básica que é composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Conhecer as crianças implica em saber quem são seus amigos, quais são suas brincadeiras, canções e jogos preferidos, como é o seu dia a dia na família, as relações que estabelecem com seus familiares, como se comunicam oral e https://www.youtube.com/watch?v=RKpu_7qcK1s https://www.youtube.com/watch?v=RKpu_7qcK1s Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil11/189 corporalmente, quais são suas condições de vida, como resolvem seus conflitos e de que maneira dão sentido aos tempos e espaços da instituição escolar. É compreender a criança como um sujeito pleno e cultural, ou seja, que não apenas está inserida em uma cultura adultocêntrica, mas que produz uma cultura que é própria de seu desenvolvimento cognitivo, biológico, social e emocional. Conhecer os bebês e as crianças implica em reconhecer sua capacidade de criatividade sobre o mundo, como sujeitos complexos que estão em um acelerado processo de formação. Por isso, a compreensão de uma criança fragmentada e passiva tem sido questionada por uma série de profissionais que atuam com elas. Essa percepção ajuda a reconhecer a alteridade entre o adulto e a criança e seus respectivos processos de socialização e interação. Poderíamos dizer que é um processo de transitoriedade entre diferenças, mas que não estão em processo de antagonismo, mas que exigem um aprendizado pela vivência social. Daí a relevância do educador em reconhecer este processo como contínuo e que exige uma escuta ativa das crianças. 2. CRIANÇAS COMO PRODUTORAS DE CULTURA Você já reparou como bebês e crianças tem seu modo próprio de ver e experimentar o mundo? São sujeitos de direitos e o tempo Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil12/189 todo eles indagam o mundo a sua volta, criam e produzem cultura por meio de suas falas, expressões e brincadeiras. Gostam de investigar e descobrir o que acontece ao seu redor. Observando bem as crianças, você perceberá que as brincadeiras são sua principal linguagem, que a utilizam para se relacionar com outras formas de expressão que podem envolver a música, o som, a fala, pintura, desenho, leitura e tantas outras, de forma a produzirem culturas. Dessa maneira na Educação Infantil, mais do que “alunos” são “crianças”. Um ponto que devemos salientar é que essa compreensão se relaciona aos estudos desenvolvidos pela Sociologia da Infância, a qual questiona os conceitos tradicionais sobre criança e infância, o que implica em perceber que esta abordagem pretende se deslocar das proposições apresentadas pela Psicologia do Desenvolvimento. Um dos pontos que nos interessam nesta concepção é perceber o processo de “desescolarizar” a criança, ou seja, seu desenvolvimento não deve ocorrer com atividades repetitivas, fragmentadas e que não possibilitem a ela ser sujeito no processo. Nesta direção percebemos a relevância do brincar, que se apresenta como a atividade inerente ao processo de formação da criança. Este reconhecimento, como estudaremos a seguir, permeia os documentos oficiais, como as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil13/189 Assim, as crianças passam a ser compreendidas como sujeitos, protagonistas culturais, pois finda-se a concepção natural e genérica sobre a criança, isto é, não há um modelo único sobre o “ser criança”, o que existe são seres em formações complexas e multifacetadas, portanto, não há um “sentido único” para a formação e o desenvolvimento da criança. A criança como produtora cultural passa por um processo de empoderamento à medida que não é apenas um receptáculo da cultura do adulto, necessitando ser “formatada” dentro de padrões culturais que lhes são externos. A criança produz uma cultura que lhe é própria, pelas escolhas que realiza, pelo seu próprio processo de subjetivação e interesses sociais e culturais. Evidentemente que a cultura adulta não está descolada completamente desse processo, até porque a criança é cuidada e educada por adultos, mas o ponto central é a compreensão por parte desses adultos em não impor seu habitus às crianças. Veja um pouco mais sobre essa questão. Link O “ofício de aluno” e “ofício de criança”: articulações entre a sociologia da educação e a sociologia da infância. Trata da importância do ser criança. Disponível em: <http://www.scielo. mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016. http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil14/189 3. EDUCAÇÃO INFANTIL: UM LUGAR PARA VIVER A INFÂNCIA Se você observar atentamente, verá que com a expansão da educação, as crianças têm ficado cada vez mais tempo dentro das unidades que são responsáveis pela primeira infância, passam ali os primeiros e preciosos anos de suas vidas. Sendo assim, o contato com elas exige uma escuta atenta, que indague e pergunte sobre como tem sido na instituição a oferta de educação e cuidados para bebês e crianças, que experiências e vivências fazem parte do cotidiano, que concepções estão por trás do que é oferecido a cada uma delas. Algo para aguçar olhares sobre critérios de atendimento na primeira etapa da Educação Básica. Vale a pena conhecer o trabalho realizado pelas pesquisadoras Fúlvia Rosemberg e Maria Malta Campos. Link Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças. Mostrará o que observar no atendimento à Educação Infantil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/ direitosfundamentais.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016. http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil15/189 Um ponto que nos interessa é perceber que a vida nas creches e pré-escolas deve ser compreendida como um espaço para a experimentação, isto é, para que as crianças possam se formar. Isto levou à emergência de repensarmos como os espaços para o atendimento das crianças são planejados desde sua concepção arquitetônica até os processos sociais de aprendizagem. Para saber mais Fúlvia Rosemberg (1942-2014) era doutorada em Psicologia da Infância pela Université de Paris. Foi consultora da Fundação Getúlio Vargas e Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Alguns de seus temas de atuação são: relações raciais, relações de gênero, educação e educação infantil. (Fonte: Currículo Lattes). Maria Malta Campos possui doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e realizou estágios de pós-doutorado na Universidade de Stanford e na Universidade de Londres. Pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e professora de pós-graduação da Pontifícia UniversidadeCatólica. Temas de atuação: educação infantil, creche, qualidade da educação e política educacional. (Fonte: Currículo Lattes). Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil16/189 Esta visão permite compreender a criança como cidadã que deve ter seu direito à educação respeitado e valorizado socialmente. Os objetos que serão disponibilizados para esse processo também devem ser alvo de profunda reflexão por parte dos adultos. Nosso destaque será o brinquedo, pois é por intermédio dele que a criança também constrói suas representações sociais. Este espaço para viver o tempo da infância deve garantir que o brincar e o brinquedo sejam de qualidade. Nesse sentido, a intencionalidade na proposta e no planejamento do adulto são fundamentais para que a qualidade exista. Portanto, viver a infância com qualidade na Educação Infantil implica em brinquedos, brincadeiras, materiais, tempos e espaços que privilegiem essa concepção de criança como produtora cultural. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil17/189 Glossário Artefatos: objetos criados por seres humanos que podem indicar a época em que foram feitos e fornecer dados sobre a cultura de quem os produziu. Primeira infância: período que corresponde aos primeiros anos de vida de uma criança e se estende até por volta dos seis anos. Proposta pedagógica: documento que norteia as linhas de concepção do trabalho pedagógico que se pretende desenvolver na Unidade Educacional. Sua elaboração pressupõe trabalho coletivo. Questão reflexão ? para 18/189 Como você viu, as concepções de infância influenciam o trabalho desenvolvido na Educação Infantil. Reflita sobre as contribuições que a Sociologia da Infância pode trazer para o cotidiano das instituições educacionais. 19/189 Considerações Finais • As concepções de criança e infância influenciam o trabalho na Educação Infantil. • A Sociologia da Infância tem as crianças e suas práticas culturais como seu objeto de investigação. • Conhecer as crianças, suas singularidades e especificidades é fundamental para a construção de propostas pedagógicas na Educação Infantil. • Crianças, por meio de suas falas, expressões e brincadeiras, produzem cultura. Unidade 1 • A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil20/189 Referências ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BRASIL. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 12 jun. 2016. CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC, SEB, 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ dmdocuments/direitosfundamentais.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016. MARCHI, Rita de Cássia. O “ofício de aluno” e o “ofício de criança”: articulações entre a sociologia da educação e a sociologia da infância. Rev. Port. de Educação, Braga, v. 23, n. 1, p. 183-202, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf>. Acesso em 11 jun. 2016. SARMENTO, J. M. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Rev. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 91, p. 361-378, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpe/v23n1/v23n1a09.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a03v2691.pdf 21/189 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf>. Aula 1 - Tema: A Influência da Concepção de Criança no Trabalho Desenvolvido na Educação Infantil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/072532a181159116b3e5a7b0bb7bdbcf http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b2b411b91690c916aa2a5ac70c399be1 22/189 1. A infância é vista pela Sociologia da Infância: a) pelos seus aspectos de maturação. b) pela perspectiva biológica. c) pela abordagem de objeto sociológico. d) pela caracterização do que falta nas crianças. e) pela perspectiva psicológica de desenvolvimento. Questão 1 23/189 2. Crianças devem ser vistas como: a) competentes, criativas e indagadoras. b) pessoas que apenas serão alguém no futuro. c) excessivamente falantes e imaturas. d) portadoras de muitas dificuldades de desenvolvimento. e) adultos em miniatura. Questão 2 24/189 3. Para conhecer as crianças, é fundamental: a) considerá-las como seres imaturos. b) prestar atenção em suas falas e expressões. c) desconsiderar as dimensões sociais. d) observar aspectos apenas de sua maturação biológica. e) atentar somente às questões de cuidado. Questão 3 25/189 4. A forma como a unidade de Educação Infantil organiza seus espaços, tempos e materiais revela: a) diretrizes de desenvolvimento. b) o quadro de ocupação dos funcionários. c) concepções de infância e de criança. d) parâmetros de homogeneização do espaço. e) orientações para o sistema de seriação do espaço. Questão 4 26/189 5. A principal linguagem da infância que se relaciona com todas as outras linguagens na produção de culturas infantis é: a) a matemática. b) a geografia. c) a leitura e a escrita. d) a brincadeira. e) estudos sociais. Questão 5 27/189 Gabarito 1. Resposta: C. A Sociologia da Infância considera a infância pela abordagem sociológica por considerá-la como uma construção social. 2. Resposta: A. Crianças são produtoras de cultura, por isso devem ser vistas como criativas, competentes e indagadoras. 3. Resposta: B. Crianças são seres de muita singularidade e diversidade. Escutá-las é imprescindível para conhecê-las, por isso a importância de observar atentamente seus gestos e falas. 4. Resposta: C. Dependendo da maneira que a unidade de Educação Infantil organiza seus tempos, espaços e materiais, é possível saber quais as concepções de criança e infância estão presentes. Se elas são vistas como autônomas, produtoras de cultura, provavelmente a organização levará esses aspectos em conta, com variedade de objetos e altura acessível dos materiais. Provavelmente, teremos nos espaços a presença de marcas e produções infantis. 5. Resposta: D. O brincar é a principal linguagem da infância que se relaciona a todas as outras 28/189 Gabarito linguagens, possibilitando às crianças experimentarem e vivenciarem diferentes modos de ver e sentir o mundo, de forma a produzir cultura. 29/189 Unidade 2 A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil Objetivos 1. Perceber que a concepção de ensino e aprendizagem interfere na prática pedagógica. 2. Compreender que a organização da prática pedagógica deve propiciar àscrianças vivências e experiências que ampliem repertórios. 3. Entender que os projetos de trabalho são uma relevante modalidade organizativa na Educação Infantil. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil30/189 Introdução Você sabia que a concepção de ensino e aprendizagem que se assume interfere na organização da prática pedagógica? Quando a opção é por dar voz e escuta às crianças, o cuidar e educar como algo indissociável estará presente em cada ação, o protagonismo infantil será a tônica do trabalho, e cada experiência e vivência planejadas terão como marcas a intencionalidade de ampliar os repertórios das crianças, a partir do que elas trazem de conhecimento do mundo. Esse modo de pensar é diferente de concepções em que o foco das práticas está na antecipação da escolarização, por meio da adaptação de atividades do Ensino Fundamental. Organizar situações de aprendizagem na Educação Infantil, tendo por base os princípios da chamada Pedagogia da Infância, exige que se considere o cuidar e educar como binômio, a criança como centro de um Projeto Pedagógico que proporcione o acesso a bens culturais construídos pela humanidade. Que tal conhecer um pouco mais sobre a Pedagogia da Infância? Link Construindo a Pedagogia da Infância no município de São Paulo. Traz a fala de vários autores sobre princípios da Pedagogia da Infância. Disponível em: <http://portal.sme. prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676. pdf>. Acesso em: 13 jun. 2016. http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil31/189 Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da Autonomia, diria que quem ensina aprende e quem aprende ensina. O papel do educador é construído na aprendizagem diária com as infâncias, por meio de observações atentas e diferentes formas de registro, organizando situações de aprendizagem, tendo sempre em vista o interesse dos bebês e crianças, a organização de tempos, espaços e materiais, de modo a propiciar momentos significativos de interação. Incentivar cada descoberta, a partir do interesse dos pequenos, para ampliação de repertórios de aprendizagem, é ponto fundamental do seu trabalho. Ser educador da infância pressupõe na prática levar em conta especificidades e singularidades da Educação Infantil. Espera-se que esse educador seja alguém que elabore seu planejamento com intencionalidade, observe e registre as aprendizagens das crianças e considere a participação delas na organização das atividades. Veja um relato de experiência de um educador da infância. Para saber mais Paulo Freire (1921-1927), educador, pedagogo e filósofo brasileiro, é reconhecido mundialmente na história da Pedagogia. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil32/189 É importante que você saiba que cada situação de aprendizagem planejada deve ampliar os repertórios das crianças, parte-se do que elas já sabem, elas sempre têm muito a contribuir; a partir desse conhecimento os repertórios precisam ser ampliados com novas vivências e experiências que propiciem aprendizagens significativas. Uma boa forma de partir dos interesses das crianças e ampliar seus conhecimentos é a elaboração de Projetos de Trabalho, eles são uma ótima modalidade organizativa do trabalho pedagógico na Educação Infantil. As crianças aprendem bastante com os projetos, quando eles tratam de assuntos significativos para elas. Aprendem a pesquisar, a buscar informações, opinar e argumentar. Como você pôde perceber, a concepção de ensino e aprendizagem interfere na prática pedagógica. Se os fundamentos dessa prática estiverem alicerçados na Pedagogia da Infância, o cuidar e educar indissociável, o protagonismo das crianças e a ampliação de repertórios, vivências e experiências serão a tônica do trabalho Link De como ser professor sem dar aulas na escola da infância. Trata de um relato de experiência. Disponível em: <http://www.reveduc. ufscar.br/index.php/reveduc/article/ viewFile/23/23>. Acesso em: 13 jun. 2016. http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil33/189 desenvolvido. Ganharão lugar importante no planejamento do educador os projetos de trabalho construídos para e com as crianças. Organizar esse modo de trabalho exige intencionalidade, que é percebida no planejamento das situações de aprendizagem, na organização de tempos, espaços e materiais, nas interações que se estabelecem com as crianças. Tudo isso contribuirá para sejam ofertados educação e cuidados com qualidade social. 1. VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS: AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIOS Perceba que dentro do contexto de uma unidade de Educação Infantil cada dia para a criança deve ser um dia de vivenciar novas experiências que ampliem seus conhecimentos, seus repertórios. Torna-se importante que o planejamento das atividades parta do que as crianças já sabem, de seus interesses, suas indagações. Elas com suas falas, brincadeiras, desenhos, criam cultura. De acordo com Sarmento (2004), há traços distintivos nas culturas da infância relacionados à forma como constroem significados com lógica própria, e quanto essas culturas são permeadas por jogos e brincadeiras. Lembro-me da criança que, ao ser indagada pela professora sobre o que era um amigo, responde: “alguém que te mostra borboletas”. Perceba como o jeito de se expressar delas está Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil34/189 próximo da poesia, enquanto seus vários questionamentos as aproximam dos cientistas. Para saber mais Manuel Jacinto Sarmento é um estudioso português. Atua como professor titular da Universidade do Minho, em Portugal, realiza pesquisas sobre Sociologia da Infância. (Fonte: <www.curriculosemfronteiras.org>). Para que a criança possa ampliar seu repertório, perceba que devemos observar sua interação com outras crianças, com a família, com o ambiente, com os brinquedos e demais objetos, com os professores e outros adultos que estão presentes nas unidades educativas. Perceber essa interação implica em dialogar com os conhecimentos prévios da criança e com os conhecimentos que irá desenvolver. As culturas da infância integram elementos diversos que devem ser considerados no momento de se pensar e planejar vivências e experiências que se deseja oferecer aos meninos e meninas. Para que você possa conhecer um pouco mais sobre as culturas da infância: Link As culturas das infâncias na encruzilhada da 2ª. modernidade. Disponível em: <http://www. cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_ u1_as_culturas_na_infancia.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. http://www.curriculosemfronteiras.org http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil35/189 Para Sarmento (2004, p. 13), devemos nos ater à gramática das culturas infantis, uma vez que elas demonstram: • Semântica: relacionado aos processos de significação e referenciação simbólico-cultural; • Sintaxe: relacionado à representação lógica que a criança atribui aos significados e signos, com o intuito detransmitir um significado completo e compreensível sobre o mundo e seu ordenamento; • Morfologia: cria as estruturas e flexões sobre os elementos constitutivos das culturas infantis. Perceba que para a ampliação do repertório cultural das crianças é fundamental que elas possam interagir com diferentes materiais, linguagens, repertórios, espaços, entre outros. Assim, o planejamento docente deve estar pautado na criatividade e na ludicidade. 2. MODALIDADES ORGANIZATIVAS DO TRABALHO PEDAGÓGICO O planejamento na Educação Infantil pede intencionalidade e que se parta do que as crianças já sabem, ampliando seus conhecimentos. Para melhor pensar nessas ações, é possível selecionar modalidades organizativas do trabalho pedagógico, como bem coloca a pesquisadora Délia Lerner. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil36/189 Dentre as modalidades temos as atividades habituais, denominadas de atividades permanentes, pois são aquelas que exigem certa periodicidade, que pode ser diária ou semanal. Elas têm como foco cuidados básicos, aprendizagem e prazer, por exemplo, a leitura de histórias no planejamento deve ser realizada todos os dias, assim como rodas de conversa e brincadeiras. Perceba que esta modalidade está profundamente articulada com a rotina das crianças. Outra modalidade é a sequência de atividades, que consiste em um conjunto de atividades sequenciadas que ofereça desafios cada vez mais complexos, como, por exemplo, saber mais sobre um determinado animal. Já os projetos de trabalho se constituem em modalidade organizativa fundamental na Educação Infantil, que tem como foco encontrar solução para um problema compartilhado com as crianças, cujos resultados podem ser comunicados ao final, por meio de produção realizada. Você poderá utilizar cada modalidade conforme a necessidade da turma, no entanto, os projetos de trabalho são a modalidade fundamental da Educação Infantil, que podem inclusive abarcar as outras formas de organização do trabalho. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil37/189 É fundamental que o professor conheça as modalidades para que sua intencionalidade em relação à prática pedagógica seja coerente com a escuta realizada junto às crianças. Neste sentido, o educador deve traçar uma caracterização do grupo das crianças com as quais trabalha, compreendendo seus diferentes níveis de conhecimento sobre os diferentes temas que se pretende desenvolver. Perceba que as modalidades sempre devem ser desafiadoras às crianças e ao mesmo Para saber mais Délia Lerner é pesquisadora argentina, investiga as áreas da Didática da Matemática e da Didática da Língua. (LERNER, 2002). tempo compatíveis com suas necessidades de aprendizagem. 3. PROJETOS DE TRABALHO Os projetos de trabalho são a modalidade organizativa que mais dialoga com concepções de ensino e aprendizagem que têm no centro o protagonismo das crianças. De acordo com Barbosa (2007), pela Pedagogia de Projetos ao elaborar um projeto primeiro se define o tema do problema, cria-se um planejamento, informações são coletadas, organizadas e registradas, ao final é realizada uma avaliação e comunicação das atividades realizadas. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil38/189 O projeto deve partir de um problema real, que tenha despertado o interesse das crianças, favorecendo, assim, o protagonismo delas. Para planejar projetos de trabalho, você precisa saber quais são as intencionalidades do tema escolhido e o quanto ele dialoga com interesses e curiosidades das crianças. Os projetos de trabalho oferecem a possibilidade de ampliar os conhecimentos das crianças. Um ponto central no trabalho com projetos é que eles devem ser significativos para as crianças, ou seja, estão ligados aos seus interesses. Para que o educador seja exitoso nesse sentido, é fundamental que ele seja conhecedor do grupo, como já mencionamos anteriormente. Na Educação Infantil é fundamental que o educador também articule as dimensões concretas e reais com a imaginária e lúdica. Assim, a curiosidade deve ser um elemento-chave a ser continuamente estimulado junto as crianças. Conheça um pouco mais sobre projetos de trabalho. Link Abordagem de projetos de trabalho na educação infantil: um percurso de formação de professores no contexto de uma creche universitária. Disponível em: <http://www3.fe.usp.br/ secoes/inst/novo/agenda_eventos/ inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2016. http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil39/189 Glossário Indissociável: que não pode se separar. Binômio: dois elementos que conectam uma única ideia. Intencionalidade: consciência, deliberação, propósito. Questão reflexão ? para 40/189 Você estudou, neste tema, pontos relevantes sobre a organização do trabalho pedagógico. Construa uma síntese sobre os principais aspectos que propiciem uma organização do trabalho educacional que amplie o repertório de aprendizagem das crianças. 41/189 Considerações Finais • As concepções de ensino e aprendizagem interferem na prática pedagógica. • São princípios de Pedagogia da Infância: cuidar e educar, criança no centro do projeto pedagógico, valorização das culturas infantis. • As culturas da infância devem ser consideradas no planejamento. • A prática pedagógica deve ser organizada com intencionalidade. • As modalidades organizativas do trabalho pedagógico são: atividades habituais, sequência de atividades e projetos de trabalho. • Os projetos de trabalho favorecem o protagonismo das crianças. Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil42/189 Referências BARBOSA, M. C. et al. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2007. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Paz e Terra: São Paulo, 2015. LERNER, L. Ler e Escrever: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. RUSSO, D. De como ser professor sem dar aulas na escola da infância. Rev. Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 2, n. 2, p. 149-174, nov. 2008. Disponível em: <http://www.reveduc. ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23>. Acesso em: 13 jun. 2016. SÃO PAULO (Estado). Secretaria Municipal de Educação. Construindo a pedagogia da infância no município de São Paulo. São Paulo: SME/DOT, 2004. Disponível em: <http://portal.sme. prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2016. SARMENTO, M. J. As culturas da infância nas encruzilhadas da 2ª modernidade. In: Crianças e miúdos: perspectivas sócio-pedagógicas da infância e educação. Porto: Asa, 2004. p. 9-34. Disponível em <http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_ infancia.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/23/23 http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/16676.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf http://www.cedei.unir.br/submenu_arquivos/761_1.1_u1_as_culturas_na_infancia.pdf Unidade 2 • A Concepção de Ensino e Aprendizagem e a Organização da Prática Pedagógica na Educação Infantil43/189 VIEIRA, F. R. Abordagem de projetos de trabalho na educação infantil: um percurso de formação de professores no contexto de uma creche universitária – Relatode Prática e Pesquisa. In: CONGRESSO PAULISTA DE EDUCAÇÃO INFANTIL. 6., 2012. Anais eletrônicos... São Paulo: FEUSP, 2012. Disponível em: <http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/ PDF_SWF/14962.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf http://www3.fe.usp.br/secoes/inst/novo/agenda_eventos/inscricoes/PDF_SWF/14962.pdf 44/189 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: A Interferência da concepção de ensino e aprendizagem na organização da prática pedagógica na educação infantil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc- 2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9>. Aula 2 - Tema: A Interferência da concepção de ensino e aprendizagem na organização da prática pedagógica na educação infantil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/dc2f2e3be978e480b7b8d99abd9e09c9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/67ab578ca5ee57b7135d2f83b6178edc 45/189 1. Cuidar e educar na Educação Infantil são termos tidos como: a) duas modalidades estanques. b) binômio, dissociáveis. c) dois modos não convergentes. d) binômio, indissociáveis. e) formas divergentes que não dialogam. Questão 1 46/189 2. Pedagogia que tem como um dos seus princípios a criança como centro do Projeto Pedagógico: Questão 2 a) Pedagogia Tecnicista. b) Pedagogia Tradicional. c) Pedagogia da Infância. d) Pedagogia não Libertadora. e) Pedagogia da Juventude. 47/189 3. Um aspecto importante do trabalho do educador da infância é: Questão 3 a) disciplinar as crianças. b) ampliar repertórios de aprendizagens. c) desenvolver exercícios de coordenação motora. d) organizar o planejamento não intencional. e) desenvolver exercícios preparatórios de leitura e escrita. 48/189 4. São modalidades organizativas do trabalho pedagógico: Questão 4 a) leitura, escrita e matemática. b) plano de trabalho, diário de classe e lista de presença. c) atividades habituais, sequência de atividades e projetos de trabalho. d) plano de estudo, síntese e resenhas. e) planilhas, estudo do meio, mapas. 49/189 5. Os projetos de trabalho, realizados de modo colaborativo, são importantes por promoverem nas crianças: Questão 5 a) protagonismo. b) condicionamento. c) individualismo. d) nivelamento. e) motricidade. 50/189 Gabarito 1. Resposta: D. Cuidar e educar na Educação Infantil são termos que devem sempre andar juntos e não se separam, por isso considera-se a ideia de binômio, sendo entendidos como indissociáveis. 2. Resposta: C. Para a Pedagogia da Infância, são princípios fundamentais: o cuidar e educar, a ampliação de repertórios e a criança como centro do Projeto Pedagógico. 3. Resposta: B. A partir do que as crianças já sabem o educador da infância desenvolve suas ações de maneira a ampliar os repertórios de aprendizagens das crianças, por meio do planejamento de novas vivências e experiências. 4. Resposta: C. São consideradas modalidades organizativas do trabalho pedagógico: atividades habituais, sequência de atividades e projeto de trabalho. 5. Resposta: A. Os projetos de trabalho, ao investigarem temas que interessam às crianças e ao serem desenvolvidos de modo colaborativo, promovem o protagonismo. 51/189 Unidade 3 Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia Objetivos 1. Entender a importância da construção coletiva da proposta pedagógica. 2. Conhecer a concepção de currículo na Educação Infantil. 3. Inspirar-se com as experiências de Reggio Emilia e Lóczy. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia52/189 Introdução As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Res. maio de 2009) são relevantes para você compreender a importância da construção coletiva da Proposta Pedagógica de uma instituição responsável pela primeira infância. A Proposta Pedagógica é entendida nas Diretrizes como um plano orientador das ações da instituição, que define as metas para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, levando em conta o cuidar e educar indissociável. Sua elaboração deve pressupor trabalho coletivo, contando com a participação da equipe gestora da unidade, dos educadores e da comunidade escolar. Outro aspecto relevante a ser considerado pelas instituições, ao elaborarem suas propostas pedagógicas, diz respeito aos princípios éticos, estéticos e políticos presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). Os princípios éticos estão relacionados à autonomia, responsabilidade, Link Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=9769- diretrizescurriculares-2012&category_ slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192>. Acesso em 30 jul. 2016. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9769-diretrizescurriculares-2012&category_slug=janeiro-2012-pdf&Itemid=30192 Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia53/189 solidariedade, respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. Os princípios políticos expressam os direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. Já os princípios estéticos têm relação com a sensibilidade, criatividade, ludicidade e liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. Um aspecto relevante para a construção e reflexão em uma unidade de educação infantil refere-se à organização do currículo, sendo este entendido como um conjunto de práticas que articulam as experiências e saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de meninos e meninos 0 a 5 anos de idade, como apontado no texto legal das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Sabendo da relevância do trabalho na primeira infância, duas experiências – uma italiana e outra húngara – servirão de inspiração para a realização de práticas de cuidado e educação que levem em conta protagonismo, escuta e autoria de bebês e crianças. Conheceremos as experiências de Lóczy e Reggio Emilia que não devem ser vistas como modelos a serem seguidos, mas sim como fonte de inspiração para ressignificar práticas envolvendo bebês e crianças. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a EducaçãoInfantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia54/189 A experiência italiana de Reggio Emilia poderá inspirar você com o belo trabalho desenvolvido com as múltiplas linguagens, a pedagogia da escuta, além da forte parceria com as famílias. Os registros realizados com foco na documentação pedagógica dão visibilidade às produções e criações das crianças, que nessa experiência são entendidas como seres de cem linguagens, potentes e competentes. As crianças se expressam utilizando todos os sentidos, por isso exigem dos adultos escuta ativa. A experiência húngara de Lóczy, realizada por meio da abordagem criada pela médica pediatra Emmi Pikler, é inspiração para que você pense em práticas de cuidados com os bebês em que se rompa com a ideia de criança incapaz. O incentivo à motricidade livre é um dos pontos fortes dessa experiência, uma vez que os movimentos livres são a base para uma verdadeira autonomia. Reconhece a importância de relações estáveis e de vínculos afetivos entre bebês, crianças bem pequenas e adultos. A organização de ambientes, tempos, materiais e a qualidade das relações e interações estabelecidas com bebês e crianças são fundamentais para a abordagem Emmi Pikler. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia55/189 A construção conjunta, com o coletivo dos educadores, de propostas pedagógicas que levem em conta os princípios éticos, políticos e estéticos, anunciados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Para saber mais Emmi Pikler (1902-1984) foi uma médica pediatra austríaca que realizou seu trabalho na Hungria, atuando como diretora de uma instituição para crianças órfãs e abandonadas, localizada em uma rua chamada Lóczy, em Budapeste. As práticas de cuidado e educação desenvolvidas nessa instituição ficaram conhecidas mundialmente como abordagem Emmi Pikler e também como a experiência de Lóczy. Educação Infantil, é caminho que favorece a gestão democrática e as aprendizagens das crianças nas instituições responsáveis pela primeira infância. Inspirar-se nas experiências de Reggio Emilia e na abordagem Emmi Pikler auxilia a criação de currículos que levem em conta as múltiplas linguagens das crianças, o modo próprio que elas têm de ver o mundo, os redimensionamentos de tempos e espaços da instituição e as formas de interação que se dão em seu interior. 1. CURRÍCULO E PROPOSTA PEDAGÓGICA Uma nova visão de currículo não estará centrada na ideia de que este é composto Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia56/189 por um conjunto de disciplinas de estudo, mas sim que currículo envolve tempos, espaços, materiais, interações e múltiplas linguagens. O currículo precisa estar articulado com a Proposta Pedagógica da unidade educacional, sendo que esta deve ser construída de forma conjunta, dando voz aos educadores, pais e crianças. É importante destacar que, diferentemente do Ensino Fundamental e Ensino Médio que se organiza por meio de disciplinas, a Educação Infantil está organizada por “eixos”, na qual temos: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, e matemática. Nesse sentido, o currículo da Educação Infantil procura inferir sobre o legado da humanidade e seu patrimônio cultural, artístico e científico, bem como se articular com as experiências e vivências das crianças em seu cotidiano. Assim, o foco da ação das unidades educativas está em mediar este processo de formação do sujeito, compreendido como histórico, cultural e de direitos. A criança, portanto, não é nem submissa e nem passiva aos desígnios dos adultos, muito pelo contrário, ela é o cerne e a protagonista da vivência desta proposta pedagógica. Neste sentido, o trabalho dos educadores exige que todo o planejamento seja concebido compreendendo a proeminência da criança como sujeito, pois nossas ações são pensadas “para” e “com” elas. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia57/189 Vale destacar que as DCNEI, além de privilegiarem a criança como protagonista, compreendem o lúdico e o brincar como inerentes ao processo de desenvolvimento da criança, portanto, devem perpassar toda a proposta pedagógica. O brincar é o meio pelo qual a criança imita o contexto que conhece, mas ao mesmo tempo recria e constrói um contexto novo para suas experimentações e vivências. Não podemos esquecer que um ponto que deve ser considerado no planejamento da proposta pedagógica é o contexto cultural e familiar em que a criança está inserida, isto significa que devemos considerar que as unidades educativas são pluriculturais e suas diferentes manifestações precisam ser respeitadas. Mas não significa compreender que a escola é um apêndice da educação familiar/maternal ou assistencialista, como já foi no passado. Lembro a você que a articulação do Currículo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil se faz necessária, levando em conta princípios éticos, estéticos e políticos. A leitura do texto da pesquisadora Zilma de Moraes Ramos de Oliveira trará aspectos importantes dessa articulação. Link O currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas Diretrizes Nacionais? Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/ dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo- educacao-infantil-zilma-moraes/file>. Acesso em: 25 jul. 2016. http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia58/189 2. REGGIO EMILIA: UMA EXPERIÊNCIA INSPIRADORA Reggio Emilia é uma cidade do norte da Itália, que conta com uma rede de escolas da infância que se tornou conhecida mundialmente devido a seu trabalho inovador. O idealizador de seu projeto educativo foi Loris Malaguzzi, que criou uma pedagogia própria, a Pedagogia Para saber mais Zilma de Moraes Ramos de Oliveira é professora associada da Universidade de São Paulo. Participou da elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. da Escuta, e também a teoria das Cem Linguagens das Crianças. Para saber mais Loris Malaguzzi (1920-1994) foi fundador da filosofia educativa de Reggio Emilia, participou do nascimento e construção da rede de escolas. Entendia as crianças como seres de cem linguagens. A Pedagogia da Escuta é aquela que entende a criança como um ser ativo e competente. O verbo escutar, nesse caso, significa escutar com o corpo todo, escutar falas, gestos, olhares, expressões, choros e criações das crianças. Escutar suas cem linguagens. Essa escuta exige do educador Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia59/189 curiosidade, interesse, emoção e disponibilidade ao outro. A documentação pedagógica, composta de diferentes registros, dá visibilidade a essa escuta. As crianças são vistas em Reggio Emilia como competentes, pois o tempo todo indagam o mundo onde vivem, elaboram teorias próprias, relacionam-se com o contexto em que estão inseridas. São ricas em saberes, produtoras de cultura e se expressam por múltiplas linguagens. Essa interessante experiência pode ser fonte de inspiração para inovações no trabalho com bebês e crianças. Para que você possa compreender a lógica da proposta de Reggio Emilia, vale a análise do poema a seguir: A criança é feita de cem./A criança tem cem mãos/cem pensamentos/ cem modos de pensar/de jogar e de falar./Cem sempre cem/modos de escutar/as maravilhasde amar. Cem alegrias/para cantar e compreender./ Cem mundos/para descobrir./Cem mundos/para inventar./Cem mundos/ para sonhar./A criança tem/cem linguagens/(e depois cem cem cem)/mas roubaram-lhe noventa e nove./A escola e a cultura/lhe separam a cabeça do corpo. (Malaguzzi, 1994). Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia60/189 Assim, perceba que a criança precisa ser educada em sua singularidade e sua subjetividade, ou seja, ela é um indivíduo potente e capaz, logo o papel do educador é justamente estar atento e desenvolver uma comunicação afetiva, pautada na fala, no afeto, no carinho, no gesto, pois esta criança terá muitas formas de expressar seus sentimentos, desejos, ideias. Esta Pedagogia da Escuta não se limita apenas a “escutar”, ela abrange a organização da proposta pedagógica da escola. Logo, os espaços de socialização e interação são compreendidos como “laboratórios”, nos quais as crianças têm autonomia no seu desenvolvimento, com atividades relacionadas às diferentes linguagens, diversos tipos de manipulação, movimentos, ou seja, tudo que lhe permita uma formação integrada e completa, tanto em aspectos cognitivos, físico-biológicos e emocionais. Um ponto que merece muita atenção por parte dos educadores é a questão do registro por parte dos educadores. O registro é um momento privilegiado do educador para compreender como as crianças se desenvolvem. Lembre-se que esta avaliação serve de horizonte para os professores, em seu planejamento, conhecerem a criança em sua integralidade. Malaguzzi compreendeu que esta documentação transformava a criança em um ser “visível”, ou seja, para além dos arcabouços teóricos e propedêuticos sobre o cuidado com as crianças. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia61/189 Chamo sua atenção para perceber que o registro do educador é ao mesmo tempo uma reflexão sobre a criança e sobre a proposta pedagógica. Para Malaguzzi, esse registro seria um “testemunho cultural” sobre a trajetória das crianças. Esta perspectiva italiana está fortemente marcada pelo pensamento de Vygotsky sobre a formação do sujeito, no qual há um processo dialético entre a constituição do sujeito e seu processo de assimilação da cultura, uma vez que a cultura forma o sujeito e é transformada por ele. Assim, as crianças recebem a cultura existente, mas também a transformam, sendo sujeitos do processo, protagonistas. A criança dentro dessa concepção é concreta, isto é, cada uma é uma, pois sua existência ocorre dentro de um contexto coletivo, mas sua subjetividade é individual. Logo, não poderia ser educada e nem compreendida por padrões previamente definidos. A documentação e a narração contam uma história da infância e da trajetória profissional dos educadores, apresentando suas impressões, valores, crenças, e todo um arcabouço sobre suas experiências enquanto sujeitos sociais em contextos educativos. O papel do “atelierista” seria essencial para o registro e a documentação dos percursos das crianças em sua vida concreta. Assim, o professor dialoga diretamente com as crianças, pois busca captar e retratar sua integralidade enquanto um ser em formação. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia62/189 Conheça um pouco mais sobre essa cidade educadora da primeira infância. Link Reggio Emilia: uma cidade educadora da primeira infância. Disponível em: <http://portal. aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/ reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da- primeira-infancia/>. Acesso em: 25 jun. 2016. Também recomendo que você assista ao vídeo: As Escolas de Educação Infantil de Reggio Emilia, Itália. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu. be>. Acesso em: 20 set. 2016. 3. A EXPERIÊNCIA DE LÓCZY: ABORDAGEM EMMI PIKLER A abordagem Emmi Pikler, também conhecida como a experiência de Lóczy, realizada pelo Instituto Emmi Pikler em Budapeste, na Hungria, é conhecida mundialmente por desenvolver uma série de experiências relacionadas às práticas de cuidados com bebês. Lóczy é o nome da rua onde se localiza o antigo orfanato onde Pilkler realiza sua proposta. Devido à sua formação como médica, seu interesse pelo bem-estar físico e psíquico das crianças sempre motivou seu olhar e sua abordagem sobre as crianças. Sua visão era de que a criança seria saudável se sua relação com o ambiente fosse saudável, e http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ http://portal.aprendiz.uol.com.br/arquivo/2014/01/08/reggio-emilia-uma-cidade-educadora-da-primeira-infancia/ https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss&feature=youtu.be Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia63/189 isso implicava em compreender a criança com um ser em sua integralidade. Os princípios fundamentais dessa abordagem são a segurança afetiva e uma motricidade livre. O acolhimento, os cuidados com os bebês e a formação dos profissionais que atuam com essas crianças são aspectos importantes a serem observados. Uma perspectiva muito importante dentro desta abordagem é a superação da dicotomia entre o cuidar e o educar. Esta ruptura somente é possível com respeito ao sujeito da criança e com a compreensão de que esses são processos imbricados e coexistentes. Por isso a necessidade de repensarmos as interações entre os sujeitos, sejam elas crianças/crianças ou crianças/adultos, bem como os espaços, tempos e propostas de desenvolvimento e aprendizagem. A sua abordagem exige o respeito pelo desejo e pela vontade da criança. Esse respeito deve ser incorporado em todas as práticas direcionadas a ela, as “atividades de atenção pessoal”, como são denominadas as ações relacionadas aos cuidados com higiene e alimentação, exigem cuidado e carinho com as crianças. Assim, para que a criança se sentisse segura e soubesse a quem recorrer deveria existir um profissional específico que criasse esse vínculo de acolhimento e se individualizasse no cuidado com as crianças. Uma característica importante desse profissional era respeitar os ritmos Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia64/189 das crianças, bem como estar atento às suas iniciativas para poder estimular e auxiliar as crianças no desenvolvimento de sua autonomia. Um ponto-chave dentro dessa abordagem é o desenvolvimento da autonomia da criança, portanto o educador deve estimulá-la a realizar as atividades de forma autônoma, ou seja, para Pilkler um adulto não deve realizar uma atividade para uma criança se ela for capaz de fazê- la sozinha, ao contrário o adulto deve acompanhar, estimular e motivar para que ela tenha interesse em cada vez mais ser independente e autônoma. Um exemplo neste sentido é estimular a criança a vestir a sua própria roupa, os educadores devem estimular as crianças, deixando que elas vivenciem este processo, orientando, dando suporte, mas permitindo que ela realize um processo de erros e acertos. Para compreender a experiência de Lóczy, devemos entender que os princípios que norteiam a proposta são acolhimento, cuidado e desenvolvimento a fim de garantir o bem-estar físico e emocional das crianças. Certamente que, para que isso fosse preciso, era necessário investir na formação e qualificação dos profissionaisque atuam com as crianças. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia65/189 Assim, é possível perceber que: A construção da segurança afetiva inicia-se com o entendimento de que cada criança é um ser único, singular, cujo desenvolvimento depende da qualidade da relação que se estabelece com os materiais, objetos e adultos de seu entorno. Nesse sentido, o respeito à criança é fundamental, encarando-a como uma pessoa com características, necessidades e expectativas próprias (FREITAS; PELIZON, 2010, p. 4). Na rotina do bebê e da criança o fundamental são as relações que se estabelecem, é o envolvimento que permite que as crianças sejam consideradas como únicas. A motricidade livre também é um ponto relevante porque permite que as crianças se experimentem como sujeitos e consequentemente se desenvolvam respeitando seus ritmos e características próprias. A intervenção do adulto se faz necessária para garantir que a criança vivencie experiências que auxiliem e fomentem o seu desenvolvimento. Logo, o profissional que atua dentro desta proposta está preparado em termos técnicos, mas especialmente predisposto a desenvolver Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia66/189 uma escuta ativa, atenta e sensível às necessidades de cada criança. Para ela, a motricidade livre respeita o ritmo do desenvolvimento das crianças, logo os movimentos livres gerarão experiências e vivências essenciais para seu desenvolvimento como sujeito. Para Pikler, a criança não necessita de orientação e intervenção do adulto para desenvolver sua motricidade, pois este é um processo natural e inerente do seu desenvolvimento. A criança que aprende a cair e levantar é mais cuidadosa do que aquela que é superprotegida, pois tem mais autonomia e mais consciência corporal. Assim, poderíamos sumarizar que os princípios de seu trabalho em Lóczy envolviam: valorização da atividade livre e autônoma por parte da criança, valorização das relações sociais, com acolhimento e estabilidade, criação de uma autoimagem positiva por parte da criança, estímulo e cuidado com a saúde física e psíquica das crianças. Entenda um pouco sobre as contribuições de Lóczy na Educação Infantil. Link As contribuições da experiência de Lóczy para o professor da educação infantil. Disponível em: <http://www.plataformadoletramento. org.br/download/contribuicoes-da- experiencia-de-loczy.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016. http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia67/189 Perceba que as propostas de Reggio Emilia e de Lóczy são inovadoras porque, além de compreenderem a criança como um sujeito pleno, representaram uma ruptura definitiva com a perspectiva de que a criança era um ser passivo que necessitava apenas de cuidados relacionados a sua higiene e alimentação. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia68/189 Glossário Ludicidade: forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos, através de jogos, música e dança. O intuito é educar, ensinar, se divertindo e interagindo com os outros. O primeiro significado do jogo é o de ser lúdico (ensinar e aprender se divertindo). Inspiração: algo que serve de estímulo para ativar a capacidade de criação. Motricidade livre: considerando a abordagem Emmi Pikler, é o respeito ao ritmo individual do bebê. Questão reflexão ? para 69/189 Durante o estudo deste tema, você conheceu as inspiradoras experiências de Lóczy e Reggio Emilia. Faça uma análise considerando que aspectos das duas experiências poderiam, como inspiração, ser considerados ao pensar o currículo da Educação Infantil. 70/189 Considerações Finais • A proposta pedagógica deve ser organizada de forma coletiva. Sua construção pede articulação com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, seguindo princípios éticos, estéticos e políticos. • O currículo da Educação Infantil é um conjunto de práticas que busca articular os saberes das crianças com saberes socialmente construídos. • Reggio Emilia tem um trabalho mundialmente reconhecido por conta da pedagogia da escuta, da importância dada às múltiplas linguagens e também da documentação pedagógica, além da forte parceria com as famílias. • A experiência húngara de Lóczy procura dar visibilidade aos bebês como atores sociais e produtores de cultura. • O diálogo com Reggio Emilia e a experiência de Lóczy não são modelos, mas inspirações para o trabalho na Educação Infantil. Unidade 3 • Currículo e Proposta Pedagógica para a Educação Infantil: os Diálogos entre Lóczy e Reggio Emilia71/189 Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010. FALK, J. (Org.). Educar os três primeiros anos: a experiência de Lóczy. Araraquara: JM Editora, 2004. FREITAS, A. V. C; PELIZON, M. H. A Experiência de Lóczy e a Formação do Professor de Educação Infantil. 2010. Disponível em: <http://www.plataformadoletramento.org.br/download/ contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2016. GANDINI, L.; EDWARDS, C.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999. MALAGUZZI, Loris. Ao contrário as cem existem. Bambini. Milão, ano 10, n. 2, fev. 1994. (Tradução livre de Ana Lúcia Goulart de Faria, Patrízia Piozzi e Maria Carmem Barbosa). OLIVEIRA, Z. M. R. O currículo na educação infantil: o que propõem as novas Diretrizes. In: I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais. 1., 2010. Anais eletrônicos... Belo Horizonte, nov. 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/ dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file>. Acesso em: 22 jun. 2016. http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://www.plataformadoletramento.org.br/download/contribuicoes-da-experiencia-de-loczy.pdf http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file 72/189 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Currículo e proposta pedagógica para a educação infantil: Os diálogos entre lóczy e reggio emilia - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5>. Aula 3 - Tema: Currículo e proposta pedagógica para a educação infantil: Os diálogos entre lóczy e reggio emilia - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e19d750a0c37dc77a9afc3eeb909d1d5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/b19ccdab948cb43b7497393ea5fe54a6 73/189 1. A elaboração da propostapedagógica pressupõe: a) trabalho individual. b) trabalho esporádico. c) trabalho solitário. d) trabalho coletivo. e) trabalho apenas dos gestores. Questão 1 74/189 2. Os princípios políticos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil expressam: a) relações com autonomia, responsabilidade e solidariedade. b) direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. c) relação com a sensibilidade, criatividade, ludicidade e liberdade de expressão. d) cultura da paz, aprendizagem individual e tecnológica. e) educar em valores, competitividade e memória seletiva. Questão 2 75/189 3. As experiências de Lóczy e Reggio Emilia podem vistas como: a) lição sobre como tratar casos de indisciplina. b) modelo pedagógico a ser reproduzido. c) inspiração para ressignificar práticas. d) exemplo do que não deve ser feito no cotidiano da instituição. e) referência para educar crianças na vertente condicionada. Questão 3 76/189 4. São aspectos importantes da experiência de Reggio Emilia: a) Pedagogia da Escuta, múltiplas linguagens, parceria com as famílias e documentação pedagógica. b) Pedagogia da Opressão, disciplinas curriculares, atividades estereotipadas. c) Pedagogia Comportamental, leitura e escrita, reunião anual com as famílias, relatórios descritivos. d) Pedagogia da Tolerância, matemática, culpabilização da família, avaliações com legenda. e) Pedagogia da Autonomia, ciências sociais, escolas de pais, relatos orais. Questão 4 77/189 5. Um ponto forte da experiência de Lóczy é: a) motricidade contida. b) motricidade controlada. c) motricidade ordenada. d) motricidade dependente. e) motricidade livre. Questão 5 78/189 Gabarito 1. Resposta: D. A elaboração da proposta pedagógica pressupõe trabalho coletivo que envolva a equipe gestora, professores e comunidade. 2. Resposta: B. Os princípios políticos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil expressam os direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. 3. Resposta: C. As experiências de Lóczy e Reggio Emilia não devem ser vistas como modelo, mas sim como inspiração para ressignificar práticas nas instituições de Educação Infantil. 4. Resposta: A. São aspectos importantes em Reggio Emilia a Pedagogia da Escuta, as múltiplas linguagens, a parceria com as famílias e a documentação pedagógica. 5. Resposta: E. Um ponto forte da experiência de Lóczy é o incentivo à motricidade livre dos bebês, que colabora para que tenham cada vez mais autonomia. 79/189 Unidade 4 O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo Objetivos 1. Conhecer áreas do conhecimento e seus desdobramentos nas múltiplas linguagens. 2. Entender a criança como protagonista do processo de aprendizagem e produtora de cultura. 3. Compreender que a principal linguagem da infância é o brincar. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 80/189 Introdução As áreas de conhecimento são desdobradas na Educação Infantil em múltiplas linguagens, tais como brincar e imaginar, linguagens artísticas, conhecimento de si e do mundo, linguagem corporal, linguagem verbal, o conhecimento matemático, entre outras. O brincar é a linguagem que deve perpassar todas as outras. As crianças nas vivências e experiências com as linguagens devem ser protagonistas do processo de aprendizagem e produtoras de cultura. O brincar e imaginar envolve o resgate das brincadeiras tradicionais, que fazem parte da história da cultura infantil; o cotidiano precisa ser permeado por diversos tipos de jogos, e, principalmente, as crianças precisam de tempo, espaço e brinquedos (convencionais e não estruturados) para as brincadeiras de faz de conta. O conhecimento de si e do mundo se dá nas interações em que se cuida de si mesmo, do outro e do meio ambiente. O trabalho com a questão da identidade, em que se procura saber mais de si e dos outros, reconhecendo e valorizando as manifestações culturais diversas, é um aspecto importante a considerar. A linguagem corporal fala da importância de exploração do mundo e do próprio corpo por meio do movimento. A criança conhece muito do mundo pela sua experiência corporal, o movimento é acima de tudo um ato criativo para meninas e meninos. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 81/189 A linguagem artística pode ser explorada por meio das linguagens musical, teatral e visual. As crianças se apropriam dessas linguagens de um modo todo próprio marcado pela exploração e experimentação. O trabalho com a linguagem verbal pressupõe brincar com as palavras, comunicar-se, conhecer e praticar comportamentos leitores, ter contato com diferentes gêneros e portadores textuais. A linguagem gestual manifesta intenções das crianças e também deve ser considerada. O conhecimento matemático na Educação Infantil se dá nas experiências com as relações quantitativas – com os espaços, formas e medidas –, que podem ser recriadas no cotidiano da instituição. As linguagens, na Educação Infantil, não são estanques, o tempo todo uma interage com a outra. Lembro você que o brincar e as interações, considerados eixos da primeira etapa da Educação Básica, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, devem estar presentes em todos os momentos. As interações que propiciam as relações entre criança/criança e criança/adulto são importantes na organização e planejamento das vivências e experiências com as múltiplas linguagens. Nessas interações os ritmos e tempos de cada bebê e cada criança precisam ser respeitados. Vale lembrar que as interações se dão também entre adultos/adultos que trabalham na instituição, e espera- se que essas relações sejam amistosas e Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 82/189 respeitosas, e que o mesmo ocorra nas interações com as famílias. As múltiplas linguagens são requeridas quando a criança é vista como protagonista de seu processo de aprendizagem. Considera-se que ela é um ser potente, sujeito de direitos, constrói teorias e hipóteses sobre o mundo que a rodeia, produz cultura, e a brincadeira é a sua principal linguagem. Conheça um pouco mais sobre as múltiplas linguagens e os bebês na Educação Infantil. Link Bebês interrogam o currículo: as múltiplas linguagens na creche. Disponível em: <https:// periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/ view/1605/900>. Acesso em: 20 jul. 2016. As crianças têm um jeito próprio de ver o mundo, entendem o tempo de um modo diferente dos adultos, são criadoras. Dessa maneira, o trabalho com as linguagens deve propiciar protagonismo, criação e autoria. Para que as crianças desenvolvam seu protagonismo, elas precisam de escuta atenta e sensível, espaços para momentos de escolha e seleção. Entende-se escuta como algo que não pode ser limitado ao ouvir a fala das crianças. Escutar as crianças significa estar atento a falas, gestos, balbucios, expressões, choros, olhares, criações e manifestações diversas. As múltiplas linguagens são mais bem desenvolvidas em contextos de vivências e experiências significativas, como entendidos por Walter Benjamin https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 83/189 (1987), que consideraque as vivências compartilhadas se transformam em experiências. É imprescindível o foco na autoria das crianças. Para saber mais Walter Benjamin (1892-1940), crítico literário, tradutor, ensaísta e filósofo alemão. Suas obras versam sobre literatura, arte, vida social e filosofia. 1. PLANEJANDO EXPERIÊNCIAS COM AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS Para ampliar o repertório das crianças, nada melhor do que primeiro conhecer o que já sabem, o que exige muita escuta de suas falas, expressões, brincadeiras, gestos e criações. As áreas de conhecimento na Educação Infantil se convertem em múltiplas linguagens, que se relacionam e interagem a todo instante. Vivências lúdicas e possibilidades de interação com as diferentes linguagens são aspectos a serem garantidos na hora de planejar as experiências de aprendizagem. Veja como Márcia Gobbi entende as múltiplas linguagens de meninos e meninas: Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 84/189 O trabalho que considere as diferentes linguagens das crianças implica, além de elaborar, para elas e com elas, ricos ambientes contendo materiais diversos, que se garanta também a aproximação da arte em suas formas: teatro, cinema, dança, exposições, literatura, música ampliando e reivindicando o direito às manifestações artístico-culturais além do contexto escolar, transpondo-o de modo corrente e constante. (GOBBI, 2010, p. 2). Link Múltiplas linguagens de meninos e meninas no cotidiano da Educação Infantil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6678- multiplaslinguagens&category_slug=setembro-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 28 jun. 2016. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 85/189 É necessário compreender que as múltiplas linguagens garantem a expressividade da criança enquanto um ser potente e criativo. Desta forma, as crianças necessitam de atividades que possam garantir que elas se expressem por meio das artes plásticas, da música, da dança, enfim, das diversas linguagens artísticas, da linguagem verbal e da escrita. Para saber mais Márcia Gobbi é doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: educação infantil e infância, fotografia, desenho e sociologia da infância. Isso exige que os espaços e os materiais sejam pensados e planejados pelos educadores para estimular a criação e a exploração, daí a valorização de múltiplos artefatos estruturados ou não. Logo, o educador não deve privilegiar uma atividade em detrimento das demais, pois é a interação entre elas que permite o desenvolvimento da criança em sua inteireza. Gobbi (2010) indica que pelas múltiplas linguagens podemos reconhecer mais profundamente as características das crianças em termos de gênero, raça, classe social, afetividade. Esse processo engendra a necessidade do planejamento “com” e “para” as crianças, pois elas deixaram manifestas suas preferências e a riqueza Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 86/189 cultural que trazem consigo aos ambientes educativos. O olhar sensível do educador, portanto, requer que a criança seja compreendida como uma artista que deve ser valorizada em quanto tal. Para Gobbi (2010), ao desenhar e pintar as crianças devem ser estimuladas em diferentes bases e com materiais diversificados, pois esse processo criativo gera diferentes narrativas, invenções no sentido de conhecer, se reconhecer e ser reconhecida. Esses suportes ofertados pelos professores mobilizam o contato com o legado cultural e ao mesmo tempo movimentam sua capacidade criadora, articulando a dimensão individual e coletiva de suas existências. Na mesma direção teremos o cinema e a fotografia, que auxilia no desenvolvimento plurissensorial da criança. O ato de retratar e ser retratado afirma sua condição enquanto sujeito. As manifestações culturais presentes no cinema também irão auxiliar na formação de padrões estéticos, éticos e morais, o que exige novamente a necessidade de um planejamento adequado em relação ao seu conteúdo. Lembre-se de que a fotografia também será uma forma de retratar e documentar a história das crianças. Essas múltiplas linguagens geram o processo de conhecer o mundo pela experiência corporal, com cores, com texturas, cheiros, entre outros. A criança conhece o mundo e amplia o seu repertório Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 87/189 cultural porque interage, experimenta, vive o contexto no qual está inserida. A poesia, a literatura, a dança, a música e o teatro serão importantes para que a criança reconheça seu corpo, criando consciência corporal e de seus movimentos, assim será a forma de expressar sua linguagem, seus sentimentos e seus pensamentos. Conhecer os ritmos, desenvolver a empatia, o raciocínio lógico e tantos outros aspectos de sua subjetividade. A valorização dessa trajetória e desse processo criativo deve estar presente nas exposições infantis, as quais podem ocorrer dentro ou fora das unidades educativas. O fato mais relevante nesse processo é valorizar a produção da criança, pois é desta forma que ela irá criar uma autoimagem positiva sobre si mesma, além de experimentar o belo e o bom. Um cuidado fundamental que o educador necessita ter é não hierarquizar ou valorizar um aluno em detrimento do outro. 2. CRIANÇAS COMO PROTAGONISTAS DO PROCESSO EDUCATIVO Crianças são sujeitos potentes, competentes, que merecem ser ouvidos com todos os sentidos, por meio de uma escuta atenta e sensível. Elas têm direito a voz, a poder participar dos momentos de escolha. Têm um modo próprio de ver e entender o mundo. Manifestam-se por Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 88/189 meio das múltiplas linguagens, porém o brincar é a sua linguagem preferida. São produtoras de cultura, por isso é dever de cada educador e cada instituição de Educação Infantil valorizar o conhecimento das crianças e ampliá-los por meio do trabalho com as diferentes linguagens. O educador polonês Janusz Korczak foi um grande defensor dos direitos e protagonismo das crianças. A leitura de um artigo sobre protagonismo infantil ampliará seus conhecimentos sobre o assunto. Um ponto que deve estar no horizonte de análise dos educadores é a tênue linha que diferencia o protagonismo da criança da sua possibilidade de participação dentro do contexto educativo. Para que as crianças possam ser compreendidas como verdadeiras protagonistas, elas devem participar ativamente dos processos decisórios, o que nos demonstra uma simbiose entre esses termos, uma vez que não é possível ser protagonista sem participar e decidir. Esse protagonismo permite que a criança se experimente como sujeito, e certamente a atividade que deve ser central neste processo é a brincadeira. As crianças devem ter liberdade de escolher sobre o que desejam brincar e como pretendem fazê-lo, cabendo ao educador uma observação ativa sobre o processo, uma vez que esse processo indicará o desenvolvimento da criança em termos Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 89/189 da imaginação, memória, concentração, atenção, do respeito ao próximo, da socialização e da afetividade. Os estímulos oferecidos pelo educador são o mote de seu processode escuta ativa dos interesses das crianças, possibilitando a ampliação do repertório cultural delas. O papel do professor é ser um mediador no processo de desenvolvimento da criança, e esta por sua vez o centro de toda a intencionalidade pedagógica. Link Protagonismo infantil. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/ v17n38a02.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2016. Para saber mais Janusz Korczak (1878-1942) foi médico e educador polonês considerado pioneiro na defesa dos direitos das crianças. Entre seus livros destaca-se a obra Quando eu voltar a ser criança. Esse processo de aprendizagem exige que a criança seja protagonista, ou seja, ao interagir em diversas linguagem ela vivência valores e aprende sobre questões relacionadas ao conhecimento matemático, linguístico, científico, social, artístico, enfim, todos aqueles que serão necessários para sua constituição enquanto sujeito de direitos. Assim, perceba que ao tratar do protagonismo http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/v17n38a02.pdf http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/v17n38a02.pdf http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/v17n38a02.pdf Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 90/189 infantil não estamos pensando apenas em termos conceituais, mas em ações concretas que permitam a sua vivência enquanto tal. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 91/189 Glossário Estanque: ato ou efeito de estancar . Interrupção; paragem Não estruturados: no caso específico dos brinquedos, significa utilizar materiais diversos para brincar, tais como caixas de papelão, tampinhas, tecidos, entre outros. Protagonismo: ação de quem exerce o papel principal. Questão reflexão ? para 92/189 Na Educação Infantil, as múltiplas linguagens precisam ser contempladas no trabalho de maneira que as crianças sejam protagonistas do processo educativo. Com base nessa afirmativa, faça uma síntese sobre a importância do protagonismo das crianças no trabalho com as múltiplas linguagens. 93/189 Considerações Finais • As áreas do conhecimento na Educação Infantil são compostas por linguagens que se entrelaçam. • O brincar e as interações devem estar presentes no trabalho com todas as linguagens. • As crianças são protagonistas do processo de aprendizagem, são seres singulares no modo de ver e sentir o mundo. • As múltiplas linguagens são essenciais para o trabalho na Educação Infantil. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 94/189 Referências BENJAMIN, W. Magia e Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. FERRETTI, Celso J.; ZIBAS, Dagmar M. L.; TARTUCE, G. L. B. P. Protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio. Cadernos de pesquisa, v. 34, n. 122, p. 411-423, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/v17n38a02.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2016. GOBBI, M. Múltiplas linguagens de meninos e meninas no cotidiano da educação infantil. ago. 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=6678-multiplaslinguagens&category_slug=setembro-2010- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 28 jun. 2016. JANUSZ, K. Quando eu voltar a ser criança. São Paulo: Círculo do Livro, 1990. RICHTER, S. R. S.; BARBOSA, M. C. S. Os bebês interrogam o currículo: as múltiplas linguagens na creche. Educação (UFSM), Santa Maria, p. 85-96, maio 2010. ISSN 1984-6444. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900>. Acesso em: 20 jul. 2016. http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n38/v17n38a02.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6678-multiplaslinguagens&category_slug=setembro-2010-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6678-multiplaslinguagens&category_slug=setembro-2010-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=6678-multiplaslinguagens&category_slug=setembro-2010-pdf&Itemid=30192 https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1605/900 95/189 Assista a suas aulas Aula 4 - Tema: O objeto de estudo das diferentes áreas de conhecimento que compõe o currículo da educação infantil e a criança como protagonista do processo - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c0f7d22cedbdbc5de392c97f4dc812f3>. Aula 4 - Tema: O objeto de estudo das diferentes áreas de conhecimento que compõe o currículo da educação infantil e a criança como protagonista do processo - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0be- b44ed087a50e0c74992677a5de356>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c0f7d22cedbdbc5de392c97f4dc812f3 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c0f7d22cedbdbc5de392c97f4dc812f3 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c0f7d22cedbdbc5de392c97f4dc812f3 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0beb44ed087a50e0c74992677a5de356 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0beb44ed087a50e0c74992677a5de356 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/0beb44ed087a50e0c74992677a5de356 96/189 1. Crianças nas vivências e experiências com as linguagens devem ser: a) reprodutoras de informação. b) individualistas. c) passivas. d) protagonistas. e) competitivas. Questão 1 97/189 2. Na Educação Infantil, as linguagens devem ser vistas: a) de forma estanque. b) interagindo umas com as outras. c) como disciplinas. d) apenas como português e matemática. e) como rol de atividades a serem cumpridas. Questão 2 98/189 3. O que precisa ser observado nas interações: a) os ritmos e tempos de cada bebê e criança. b) o tempo da criança do ponto de vista do adulto. c) a colocação de cartazes com regras. d) menos momentos conjuntos entre as crianças. e) as escolhas apenas dos professores. Questão 3 99/189 4. Para desenvolver seu protagonismo, as crianças precisam de: a) atividades de coordenação motora. b) escuta atenta e sensível, espaço para momentos de escolha e seleção. c) atividades com desenhos prontos para pintar. d) adultos direcionando as escolhas, pois as crianças são imaturas. e) pais presentes, pois o protagonismo vem de casa. Questão 4 100/189 5. As múltiplas linguagens devem ser permeadas por: a) muitas lições de alfabetização. b) treinos ortográficos. c) lições de casa. d) brincadeiras e interações. e) coordenação motora. Questão 5 101/189 Gabarito 1. Resposta: D. Nas vivências e experiências com as linguagens é preciso que as crianças desenvolvam seu protagonismo, sendo autoras e produtoras de cultura. 2. Resposta: B. O trabalho com as linguagens na Educação Infantil não deve ser estanque, pois as linguagens precisam interagir umas com as outras. 3. Resposta: A. Os momentos de interação necessitam da observação dos ritmos e tempos dos bebês e das crianças, pois estes possuem singularidades. 4. Resposta: B. O protagonismo infantil se desenvolve quando os educadores proporcionam escuta atenta e sensível e em momentos em que as crianças possam selecionar e ter oportunidades de escolha. 5. Resposta: D. As brincadeiras e interações, por serem eixos importantes da Educação Infantil, devem permear as múltiplas linguagens. 102/189 Unidade 5 A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricularda Educação Infantil Objetivos 1. Entender a interdisciplinaridade na Educação Infantil como um diálogo entre as diversas áreas do conhecimento. 2. Perceber que a ludicidade deve estar presente em todos os momentos do cotidiano das instituições de Educação Infantil. 3. Considerar o brincar como prática cultural e principal linguagem da infância. Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil103/189 Introdução A interdisciplinaridade e a ludicidade podem ser entendidas como dois pontos de apoio da Educação Infantil. Relacionam- se a aspectos que devem ser levados em conta no trabalho diário com as crianças. Ao pensar seu planejamento, o professor deve se perguntar como a interdisciplinaridade e a ludicidade estão presentes no seu trabalho. A reflexão voltada para o trabalho pedagógico na Educação Infantil deve se pautar na questão de que o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento, promovido pela interdisciplinaridade, é inevitável, pois dessa maneira não há fragmentação do conhecimento, o que rompe com uma visão estanque de currículo, em que cada área do conhecimento aparece desvinculada da outra. Para que o diálogo entre as áreas do conhecimento ocorra é necessário trabalho planejado e intencional. Você pode perceber que quando no plano de trabalho do educador são consideradas as conexões entre as áreas do conhecimento as aprendizagens são ampliadas. A conexão dos conhecimentos corresponde ao que acontece na sociedade, em que várias áreas são mobilizadas para realização dos mais diversos projetos. A interdisciplinaridade propõe o rompimento de visões estanques e fragmentadas sobre o mundo e sobre a organização do currículo. Uma das melhores maneiras de realizar a interdisciplinaridade no cotidiano Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil104/189 das instituições de Educação Infantil é desenvolver projetos de trabalho. Para que esses projetos sejam desenvolvidos, o professor precisa assumir um novo paradigma sobre as áreas do conhecimento que exige relação dialógica e muita pesquisa. O trabalho interdisciplinar amplia horizontes tanto para os educadores quanto para as crianças. Algo que deve estar sempre presente em todos os momentos na Educação Infantil é a ludicidade, que é representada pelas brincadeiras, jogos, fruição, fantasia, sonho, imaginação e criatividade que presentes no cotidiano de bebês e crianças. O brincar é a principal linguagem da infância, tida como uma prática cultural, também entendido como um direito fundamental das crianças. Para Sônia Kramer (1999) defende que a criança seja reconhecida no que é específico a ela, como a imaginação, fantasia e criação, e sejam vistas também como cidadãs que produzem cultura. Para saber mais Sônia Kramer tem doutorado pela PUC-RJ e pós- doutorado na New York University. Temas de pesquisa: educação infantil, infância, formação de professores, políticas públicas, alfabetização e leitura e escrita. Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil105/189 Entende-se o brincar como uma prática cultural por ele estar permeado por características históricas, sociais e regionais. Brinquedos são produzidos na e pela cultura. Conhecer as brincadeiras preferidas das crianças auxilia a planejar a ampliação de repertórios do brincar na unidade educacional. A brincadeira pode ser entendida como um ato de descoberta, investigação e criação. Quando as crianças brincam, elas trazem para o brincar o visto, o observado, o escutado e o experimentado. As brincadeiras podem ser de faz de conta, materiais de construção e regras. Durante o brincar de faz de conta, as crianças representam papéis, são exemplos dessas brincadeiras brincar de médico, casinha, teatro, fantoche. Ao brincar com materiais de construção, temos a transformação de material variado em novo produto, são exemplos brincar de construir castelos com areia, criar modelagens com massinha, brincar com blocos, pinos. As brincadeiras com regras combinam aspectos motores e exploratórios com aspectos intelectuais. Temos exemplos desse brincar nos jogos com bola, saltar elástico, soltar pipa, jogar dominó e dama. É sempre bom lembrar que o brincar é a principal linguagem da infância. Que tal a leitura de um interessante artigo para você conhecer mais sobre jogos na educação infantil? Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil106/189 Sendo assim, o planejamento das atividades na Educação Infantil deve considerar o trabalho interdisciplinar entre as diversas áreas do conhecimento, considerar o lúdico como algo que deve fazer parte do cotidiano e o brincar precisa ser visto como prática cultural. Cabe à instituição e a cada educador propiciar momentos para que as crianças brinquem de faz de conta, jogos de construção e de regras. 1. INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL A interdisciplinaridade se baseia no diálogo entre diversas áreas do conhecimento e suas múltiplas linguagens. Para que ela ocorra, é preciso trabalho planejado e intencional do professor, articulado à proposta pedagógica da instituição. Ao realizar o seu planejamento, o educador tem a opção de trabalhar com Projetos de Trabalho, que são uma boa maneira de garantir a interdisciplinaridade, uma vez que os projetos necessitam do aporte de diversas áreas de conhecimento para sua concretização. Você poderá conhecer um pouco mais sobre interdisciplinaridade com a leitura da monografia “A interdisciplinaridade na Educação Infantil”. Link Jogos na Educação Infantil. Disponível em: <file:///C:/Users/Teacher/ Downloads/10745-32465-1-PB%20(2).pdf> Acesso em: 2 ago. 2016. file:///C:/Users/Teacher/Downloads/10745-32465-1-PB%20(2).pdf file:///C:/Users/Teacher/Downloads/10745-32465-1-PB%20(2).pdf Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil107/189 Um ponto crucial que gostaria de retomar com você refere-se à organização curricular da Educação Infantil. Lembre- se de que ela não é disciplinar, mas estruturada por eixos. Assim, esse currículo não disciplinar tem como foco a brincadeira e a ludicidade, pois a criança é a protagonista, e esses elementos são inerentes a sua condição enquanto criança que está vivenciando a infância. Portanto, o professor também Link A interdisciplinaridade na Educação Infantil. Disponível em: <http://biblioteca.ajes.edu. br/arquivos/monografia_20140227105041. pdf>. Acesso em: 1º ago. 2016. precisa entender que uma condição para o desenvolvimento desta proposta é que ele assuma a brincadeira uma prática essencial do seu trabalho, pois estreita seus vínculos com as crianças e promove uma maior interação entre e com elas. Perceba que os limites tradicionais do conhecimento não são coerentes com a proposta da Educação Infantil, logo não há sentido em pensar em uma proposta pedagógica que seja disciplinar, mas que seja integradora. Desejo que você perceba que o currículo da Educação Infantil por meio da brincadeira exige vivência e experimentação. Sua principal diferença dos modelos tradicionais é que neles o adulto é http://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227105041.pdf http://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227105041.pdf http://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227105041.pdf Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil108/189 privilegiado como centro do processo de ensino-aprendizagem, já nesta proposta a criança é valorizada e compreendida como ativa. Nesta proposta a criança cria, experimenta, cria novos significados, faz suas reflexões sobre os processos que está vivenciando e por isto torna-se sujeito e protagonista. Esta proposta interdisciplinar também inclui trabalhar comvalores, o que exige uma interface com a comunidade e com a família, pois a escola deve acolher estes valores e permitir que a criança possa ampliá-los. Perceba que neste processo as crianças formam suas identidades culturais. Assim, encontramos no DCNEI (2010) a seguinte proposta para o desenvolvimento do currículo na Educação Infantil: • garantir espaços e tempos para participação, o diálogo e a escuta cotidiana das famílias, o respeito e a valorização das diferentes formas em que elas se organizam; • trabalhar com os saberes que as crianças vão construindo ao mesmo tempo em que se garante a apropriação ou construção por elas de novos conhecimentos; Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil109/189 • considerar a brincadeira como a atividade fundamental nessa fase do desenvolvimento e criar condições para que as crianças brinquem diariamente; • propiciar experiências promotoras de aprendizagem e consequente desenvolvimento das crianças em uma frequência regular; • selecionar aprendizagens a serem promovidas com as crianças, não as restringindo a tópicos tradicionalmente valorizados pelos professores, mas ampliando-as na direção do aprendizado delas para assumir o cuidado pessoal, fazer amigos, e conhecer suas próprias preferências e características; • organizar os espaços, tempos, materiais e as interações nas atividades realizadas para que as crianças possam expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, na oralidade e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho, na dança, e em suas primeiras tentativas de escrita; Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil110/189 • considerar, no planejamento do currículo, as especificidades e os interesses singulares e coletivos dos bebês e das crianças das demais faixas etárias, vendo a criança em cada momento como uma pessoa inteira na qual os aspectos motores, afetivos, cognitivos e linguísticos integram-se, embora em permanente mudança; Outro ponto que devemos destacar sobre a proposta interdisciplinar dentro da Educação Infantil é que a realidade não é fragmentada, esta foi uma forma positivista de compreender a realidade, mas a criança não percebe o mundo de forma compartimentada, uma vez que ela o vivencia na sua complexidade, logo o currículo deve ser pensado para dar conta desta realidade. Ainda nesta direção o DCNEI (2010) aponta que o currículo deve: • abolir todos os procedimentos que não reconheçam a atividade criadora e o protagonismo da criança pequena e que promovem atividades mecânicas e não significativas para as crianças; Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil111/189 • oferecer oportunidade para que a criança, no processo de elaborar sentidos pessoais, se aproprie de elementos significativos de sua cultura não como verdades absolutas, mas como elaborações dinâmicas e provisórias; • criar condições para que as crianças participem de diversas formas de agrupamento (grupos de mesma idade e grupos de diferentes idades), formados com base em critérios estritamente pedagógicos, respeitando o desenvolvimento físico, social e linguístico de cada criança; • possibilitar oportunidades para a criança fazer deslocamentos e movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas de referência das turmas e à instituição, e para envolver-se em exploração e brincadeiras; Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil112/189 • oferecer objetos e materiais diversificados às crianças, que contemplem as particularidades dos bebês e das crianças maiores, as condições específicas das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, e as diversidades sociais, culturais, étnico-raciais e linguísticas das crianças, famílias e comunidade regional; • organizar oportunidades para as crianças brincarem em pátios, quintais, praças, bosques, jardins, praias, e viverem experiências de semear, plantar e colher os frutos da terra, permitindo-lhes construir uma relação de identidade, reverência e respeito para com a natureza; • possibilitar o acesso das crianças a espaços culturais diversificados e a práticas culturais da comunidade, tais como apresentações musicais, teatrais, fotográficas e plásticas, e visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, monumentos, equipamentos públicos, parques, jardins. Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil113/189 2. LUDICIDADE, BRINCADEIRAS E INTERAÇÕES A ludicidade que envolve proporcionar às crianças, no precioso tempo em que passam na instituição de Educação Infantil, momentos de encantamento, brincadeiras, jogos, criatividade, imaginação e fantasia, tem que estar presente no planejamento do educador e fazer parte da proposta pedagógica da instituição. O brincar e as interações são eixos da educação infantil brasileira que devem ser considerados ao pensar qualquer proposta de trabalho para a primeira infância. De acordo com Kishimoto (1998), a criança constrói sua cultura lúdica brincando, sendo esta um produto da interação social. Você pode aprender muito sobre o brincar com a consulta ao manual Brinquedos e Brincadeiras de Creche, editado pelo Ministério da Educação com apoio da Unicef. Para saber mais Tizuko Morchida Kishimoto é uma das maiores pesquisadoras brasileiras sobre o brincar. Possui pós-doutorado na França e no Japão. Atua nas temáticas da educação infantil, formação de professores, o brincar e museus. Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil114/189 O lúdico e a brincadeira são fundamentais para o desenvolvimento da criança, pois entendemos que esta seja a atividade privilegiada para que ela se forme enquanto um sujeito social. É pela brincadeira que a criança experimenta os papéis sociais que conhece, tais como: as profissões, as relações afetivas com seus pais e irmãos, os heróis, fadas, príncipes, princesas e tantos outros. Este processo é muito importante porque a criança cria seus símbolos, a ordenação de seu mundo, desorganiza e ressignifica o mundo em que vive porque está em um processo ativo de reflexão e ação. Lembre- se de que o educador deve compreender que “brincar é coisa séria”. Link Brinquedos e brincaderias de Creche. Disponível em: <Brinhttp://portal.mec. gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=12451- publicacao-brinquedo-e-brincadeiras- completa-pdf&category_slug=janeiro-2013- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 30 jul. 2016. Para saber mais Unicef é um Fundo das Nações Unidas para a Infância, atua no Brasil desde 1950. Apoia ações na área da infância e adolescência. (Fonte: <www.unicef.org.br>. Acesso em: 30 jul. 2016.) Brinhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12451-publicacao-brinquedo-e-brincadeiras-completa-pdf&category_slug=janeiro-2013-pdf&Itemid=30192 Brinhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12451-publicacao-brinquedo-e-brincadeiras-completa-pdf&category_slug=janeiro-2013-pdf&Itemid=30192 Brinhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12451-publicacao-brinquedo-e-brincadeiras-completa-pdf&category_slug=janeiro-2013-pdf&Itemid=30192 Brinhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12451-publicacao-brinquedo-e-brincadeiras-completa-pdf&category_slug=janeiro-2013-pdf&Itemid=30192 Brinhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12451-publicacao-brinquedo-e-brincadeiras-completa-pdf&category_slug=janeiro-2013-pdf&Itemid=30192 Brinhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=12451-publicacao-brinquedo-e-brincadeiras-completa-pdf&category_slug=janeiro-2013-pdf&Itemid=30192http://www.unicef.org.br Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil115/189 Um outro aspecto fundamental sobre a ludicidade e a brincadeira é o prazer que essas atividades geram, por isso são motivadoras e significativas para as crianças, estimulando seu processo de desenvolvimento tanto cognitivo, como emocional, afetivo e social. Perceba que neste processo os brinquedos dão suporte à brincadeira. Não se esqueça de que o brinquedo, a brincadeira e o jogo são constitutivos da infância. Portanto, a valorização do lúdico e do brincar dentro da Educação Infantil implica em reconhecer que estas são as manifestações mais relevantes e que ocupam a maior parte das vivências e das experimentações dentro da infância. Assim, os educadores devem ter a crença que o brincar é um direito da criança, portanto é seu papel criar condições pedagógicas para que ele se realize em sua integralidade. Essa percepção está presente nos principais documentos e publicações que tratam desta temática, assim, nosso desafio é fazer que esta abordagem seja efetivamente incorporada como prática com qualidade. Unidade 5 • A Interdisciplinaridade e a Ludicidade como Eixo Curricular da Educação Infantil116/189 Glossário Aporte: contribuição, subsídio, auxílio. Dialógica: refere-se à possibilidade de debate, discussão e diálogo. Interdisciplinaridade: duas ou mais áreas de conhecimento ou de disciplinas que se relacionam. Paradigma: padrão, modelo, exemplo. Questão reflexão ? para 117/189 A interdisciplinaridade deve ser considerada na hora de planejar atividades para Educação Infantil. Considerando o que você estudou neste tema sobre interdisciplinaridade, faça uma síntese sobre trabalho interdisciplinar na primeira infância. 118/189 Considerações Finais • A interdisciplinaridade na Educação Infantil rompe com a visão estanque de conhecimento, tornando-se muito importante no desenvolvimento de projetos de trabalho. • O trabalho interdisciplinar exige planejamento e intencionalidade. • A ludicidade deve fazer parte do cotidiano da Educação Infantil. • O brincar é uma prática cultural. • As brincadeiras podem ser de faz de conta, jogos de construção e regras. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 119/189 Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para educação infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010. ______. Brinquedos e brincadeiras de creches: manual de orientação pedagógica. Brasília: MEC/ SEB, 2012. KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Cengage Learning, 1998. ______. O jogo e a educação infantil. Perspectiva, Florianópolis, v. 12, n. 22, p. 105-128, jan. 1994. ISSN 2175-795X. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/ article/view/10745>. Acesso em: 2 ago. 2016. KRAMER, S. Infância e educação infantil. Campinas: Papirus, 1999. SANTOS, M. S. A interdisciplinaridade na educação infantil. 40 f. 2010. Monografia (Especialização em Psicopedagogia)–Instituto de Educação do Vale do Juruena. Juína, 2010. Disponível em: <http://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227105041.pdf>. Acesso em: 1º ago. 2016. https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/10745 https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/10745 http://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227105041.pdf 120/189 Assista a suas aulas Aula 5 - Tema: A interdisciplinaridade e a ludicidade como eixo curricular da educação infantil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ bd96f4b3d829f32fbd8a5d829093a738>. Aula 5 - Tema: A interdisciplinaridade e a ludicidade como eixo curricular da educação infantil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1a- 861d8156894235ccd22b7109116589>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bd96f4b3d829f32fbd8a5d829093a738 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bd96f4b3d829f32fbd8a5d829093a738 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/bd96f4b3d829f32fbd8a5d829093a738 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1a861d8156894235ccd22b7109116589 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1a861d8156894235ccd22b7109116589 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1a861d8156894235ccd22b7109116589 121/189 1. A interdisciplinaridade propicia: a) fragmentação das áreas do conhecimento. b) visão estanque do currículo. c) áreas do conhecimento desvinculadas umas das outras. d) trabalho espontâneo e sem intencionalidade. e) diálogo entre as diversas áreas do conhecimento. Questão 1 122/189 2. A melhor maneira de realizar a interdisciplinaridade na Educação Infantil é por meio de: Questão 2 a) projetos de trabalho. b) lições repetitivas de leitura e escrita. c) atividades que envolvam conhecimentos específicos de matemática. d) trabalho individualizado de uma área de conhecimento escolhida. e) um currículo espontâneo em que a intencionalidade não tem presença. 123/189 3. A ludicidade é representada por: Questão 3 a) atividades repetitivas de coordenação motora fina em caderno específico. b) atividades cotidianas de escrita realizadas ordenadamente sem brincadeiras. c) jogos, brincadeiras, fantasias, imaginação. d) atividades sérias e disciplinadas. e) atividades de cópia de letras e números. 124/189 4. O brincar é entendido como uma prática: Questão 4 a) natural de toda e qualquer criança. b) indesejada, pois com ela se perde tempo de aprender outras lições. c) de passatempo na Educação Infantil. d) cultural, pois é permeada de características históricas, sociais e regionais. e) de pouca importância na Educação Infantil. 125/189 5. As brincadeiras podem ser dos seguintes diferentes tipos: Questão 5 a) faz de conta, brincar de casinha, fantoches. b) faz de conta, jogos de regra, jogos de construção. c) faz de conta, jogos de construção, brincar de casinha. d) faz de conta, jogos de regra, ficar em silêncio. e) faz de conta, cópia de números, repetir comandos. 126/189 Gabarito 1. Resposta: E. Um trabalho interdisciplinar se pauta no diálogo entre as diversas áreas do conhecimento. 2. Resposta: A. Para que não haja fragmentação do conhecimento na Educação Infantil, uma boa maneira de desenvolver a interdisciplinaridade é por meio de projetos interdisciplinares em diferentes áreas do conhecimento. 3. Resposta: C. As brincadeiras, os jogos, a imaginação e a fantasia são representações de ludicidade que precisam estar presentes no cotidiano das crianças. 4. Resposta: D. O brincar é uma prática cultural, permeada por características históricas e regionais. Ele não é natural para todas as crianças, pois infelizmente ainda temos aquelas que ao invés de brincar trabalham. 5. Resposta: B. As brincadeiras podem ser entendidas como de faz de conta (em que se representam papéis), jogos de construção (um material variado é transformado em novo produto) e jogos com regras (que combinam aspectos motores e exploratórios com aspectos intelectuais). 127/189 Unidade 6 Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades Objetivos 1. Distinguir as concepções de avaliação classificatória e avaliação processual em uma perspectiva mediadora. 2. Perceber a importância da avaliação processual na Educação Infantil. 3. Conhecer as modalidades de avaliação para o desenvolvimento, aprendizagem e avaliação institucional. Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepçõese Modalidades128/189 Introdução Pensar em avaliação é pensar em concepções, dependendo da forma que você entende o processo avaliativo e as concepções de educação e criança, o modo como a avaliação será utilizada se transforma. Há grandes diferenças entre uma avaliação classificatória e outra que preze o processo em uma perspectiva mediadora. As perspectivas das duas não são as mesmas. Quando se pensa em avaliação também podemos distinguir duas modalidades, uma é a avaliação da aprendizagem e desenvolvimento das crianças e outra é a avaliação institucional. O sistema classificatório de avaliação tem como foco apontar falhas no processo de aprendizagem e não tem a preocupação de indicar reais dificuldades dos educandos. Este é um sistema que discrimina e seleciona, reforçando a ideia de escola para poucos. Esse tipo de avaliação, como nos diz Luckesi (2002), se pauta na verificação e de certa maneira congela o objeto de avaliação, de maneira que não há caminhos de intervenção. Para saber mais Cipriano Carlos Luckesi é doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor da pós-graduação da Universidade Federal da Bahia, coordena um grupo de pesquisa em Educação e Ludicidade. Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades129/189 Já a avaliação processual em uma perspectiva mediadora entende a avaliação como algo que deve ocorrer tanto no início, como durante e no final do processo, sempre com foco no acompanhamento de cada criança, pois cada uma tem seu jeito próprio de ser e de aprender. A avaliação de concepção mediadora, entende que algo fundamental no processo avaliativo é a intervenção pedagógica. Nessa concepção, o acompanhamento do processo e a atenção dada a cada criança contribuem para o desenvolvimento das aprendizagens. Na Educação Infantil é muito importante a avaliação processual, pois as crianças são compostas por diversidades que exigem um acompanhamento que preze pela perspectiva mediadora, de forma que as intervenções necessárias sejam realizadas, tendo como objetivo a aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Para Jussara Hoffmann (2015) um dos grandes objetivos da avaliação mediadora é promover o desenvolvimento máximo possível de todas as crianças, para isso a observação, a reflexão e a mediação são fundamentais. Para saber mais Jussara Hoffmann tem título de mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em linha de pesquisa sobre Avaliação Educacional. Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades130/189 Há duas modalidades de avaliação na Educação Infantil que precisam ser conhecidas pelos educadores: uma é a avaliação do desenvolvimento e aprendizagem das crianças, e a outra é a avaliação institucional. Pode-se falar inclusive em avaliação na educação infantil que tem como foco a criança, o seu desenvolvimento e aprendizagem, e avaliação da educação infantil, que avalia a proposta pedagógica institucional, tendo em vista educação e cuidados que são ofertados às crianças. A avaliação na Educação Infantil pede prioridade para o acompanhamento e registro do processo educacional, tendo como foco as múltiplas linguagens de bebês e crianças que são avaliados em relação a si mesmos, evitando comparativos de uma criança com a outra. Em vez de avaliar o que as crianças não sabem, procura-se avaliar as potencialidades que cada uma tem e como desenvolvê-las por meio de mediações e intervenções necessárias. Para avaliar o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, tornam-se fundamentais o registro das experiências vividas, a articulação entre o que se pretende avaliar e o planejamento do professor e a sistematização dos registros avaliativos de forma a compor documentação pedagógica de todo o processo. A avaliação da Educação Infantil, também conhecida como avaliação institucional, Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades131/189 abrange o olhar avaliativo para a instituição educativa e seu contexto, sendo um potente instrumento de avaliação da instituição. É interessante que seja realizada em conjunto pelos profissionais da unidade educacional e pelos familiares das crianças, tendo em vista a qualidade social da educação ofertada. Instrumento importante é a avaliação que, por meio de observações e reflexões, possibilita a mediação do processo de ensino e aprendizagem e também avalia a instituição, pois todas as crianças podem aprender, mas não sob qualquer condição. As concepções de avaliação definem se queremos apenas classificar crianças ou mediar suas aprendizagens para que cada vez mais desenvolvam potencialidades. 1. Concepção de Avaliação A concepção mediadora de avaliação dialoga com a ideia de criança potente, criativa e produtora de cultura, pois entende que todas podem aprender, mas que para isso mediações e intervenções pedagógicas são necessárias. Para o acompanhamento processual do desenvolvimento e aprendizagem de meninos e meninas, são fundamentais os registros do processo, que constituem a chamada documentação pedagógica. Entenda um pouco mais sobre o assunto lendo o artigo Avaliação na Educação Infantil. Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades132/189 Dessa maneira, ao realizar uma avaliação, os registros do processo são importantes instrumentos para acompanhar o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e também são úteis na avaliação institucional para que haja posteriormente a reflexão sobre a educação ofertada na unidade educacional. A documentação pedagógica criada a partir dos registros precisa ser compartilhada, a fim de possibilitar maiores momentos de discussão e reflexão sobre quais as intervenções e mediações necessárias. Essa documentação pode servir para indagarmos o conhecimento construído pelas crianças e a prática educacional que vem sendo realizada. Por ela, você pode perceber quais são os maiores interesses das crianças, o que pensam, como desafiá-los a aprender cada vez mais. Também ajudam a refletir sobre como propiciar a ampliação de repertórios com as múltiplas linguagens. Deve servir também para sabermos a opinião da família sobre o trabalho que vem sendo realizado. A avaliação ajuda a entender a maneira própria que as crianças têm de entender Link Avaliação na Educação Infantil. Disponível em: <http://revista.fct.unesp.br/index.php/ Nuances/article/viewFile/3048/2711>. Acesso em: 4 ago. 2016. http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3048/2711 http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3048/2711 Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades133/189 o mundo, o que pode contribuir para que o professor elabore seus planejamentos a partir do que as crianças trazem. Isso só é possível com o acompanhamento das crianças por meio de diferentes registros, que enfatizem as descobertas, as vivências e experiências que as crianças possam ter. A autoavaliação institucional é um caminho que complementa a avaliação de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, pois o foco estará na instituição e seu contexto, de maneira que possa ser avaliado como cada unidade educacional tem ofertado educação e cuidados para bebês e crianças. Dessa maneira podem ser avaliados os espaços e tempos, como são trabalhadas as múltiplas linguagens, a valorização do brincar, as condições de trabalho. Quando conta com a participação dos profissionais da instituição e de familiares das crianças, o processo se torna mais rico e com maiores possibilidades de beneficiar a qualidade de oferta de boas experiências e vivências para meninos e meninas na Educação Infantil. 2. MODALIDADES DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL A avaliação pode ter foco no desenvolvimento e aprendizagemdas crianças, mas também deve ter um olhar para a instituição e sua proposta pedagógica. Uma avaliação complementa e auxilia a outra, sendo o objetivo principal promover as aprendizagens e desenvolver as Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades134/189 potencialidades das crianças. A professora Dra. Sandra Maria Zákia Lian Sousa foi consultora do Ministério da Educação na criação do documento Educação Infantil: Subsídios para a construção de uma sistemática de avaliação, que muito pode auxiliar você no processo avaliativo em Educação Infantil. Conheça o documento que pode auxiliar o processo avaliativo. Link Educação Infantil: Subsídios para a construção de uma sistemática de avaliação (MEC). Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=11990- educacao-infantil-sitematica-avaliacao- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 5 ago. 2016. Para saber mais Sandra Maria Zákia Lian Sousa é doutora em Educação pela Universidade de São Paulo e atua nas temáticas de Avaliação Educacional, Avaliação Escolar, Política Educacional e Ensino. A avaliação do desenvolvimento e aprendizagem das crianças precisa ser realizada durante todo o processo educativo, com o registro das experiências e vivências proporcionadas às crianças no dia a dia. A ênfase deve estar nas aprendizagens, potencialidades, necessidades e interesses de meninos e meninas. Registros sistemáticos dão mais visibilidade ao que tem sido realizado. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11990-educacao-infantil-sitematica-avaliacao-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11990-educacao-infantil-sitematica-avaliacao-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11990-educacao-infantil-sitematica-avaliacao-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11990-educacao-infantil-sitematica-avaliacao-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11990-educacao-infantil-sitematica-avaliacao-pdf&Itemid=30192 Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades135/189 Quando se fala em avaliação institucional você deve observar que a participação e escuta dos profissionais da unidade educacional e da família são fundamentais. Dessa forma, ter um bom instrumento avaliativo pode auxiliar muito nessa tarefa. Um bom exemplo de avaliação institucional são os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Conheça o instrumento que pode ser uma boa possibilidade de avaliação institucional. Link Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil. pdf>. Acesso em: 5 ago. 2016. Avaliação da instituição pode abranger diversas dimensões do trabalho educativo que vão desde a organização de tempos e espaços até as condições de trabalho. Nos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (MEC, 2009), você deve ter observado que são avaliadas sete dimensões, sendo elas: planejamento institucional, multiplicidade de experiências e linguagens, interações, promoção da saúde, espaços, materiais e mobiliários, formação e condições de trabalho das professoras e demais profissionais. O instrumento se constitui em uma autoavaliação participativa. Essa maneira de avaliar o trabalho da instituição promove a perspectiva formativa e valoriza práticas que são http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades136/189 dão no contexto da unidade educacional, além de auxiliar na promoção dos ajustes necessários para propiciarmos uma educação de qualidade social a todas as crianças. Dessa maneira é possível olhar para o cotidiano da instituição e perceber o que precisa ser melhorado, quais as potencialidades, o que tem sido bem feito, que caminho se pretende trilhar. Autoavaliar a instituição ajuda a realizar a comparação entre o que havia sido previsto como metas na instituição e se elas foram cumpridas, quais foram as barreiras encontradas para a realização e de que maneira elas podem ser realizadas. Possibilita avaliar a proposta pedagógica e fortalecer o trabalho pedagógico desenvolvido. Tanto a avaliação da aprendizagem e desenvolvimento das crianças quanto a avaliação institucional precisam estar presentes como processos que auxiliam e sistematizam por meio de registros as vivências e experiências que são ofertadas às crianças no cotidiano, nas práticas pedagógicas de cada instituição. Unidade 6 • Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Concepções e Modalidades137/189 Glossário Intervenção: ato de intervir, intercessão, mediação. Mediação: intervenção, intermediação. Potencialidades: capacidades, potencialidades, talentos. Questão reflexão ? para 138/189 As concepções de criança e educação devem dialogar com a concepção de avaliação, entendendo-se que as crianças são produtoras de cultura, plenas de possibilidades, a avaliação processual mediadora será uma boa opção em termos avaliativos. Reflita sobre de que maneira a avaliação mediadora pode ser concretizada na Educação Infantil. 139/189 Considerações Finais • As avaliações classificatórias e mediadoras possuem perspectivas diferentes. • A avaliação mediadora preza o acompanhamento do processo educativo, a atenção dada a cada criança, de forma a contribuir para o desenvolvimento das aprendizagens. • As avaliações na educação infantil são importantes, pois por meio de observações e reflexões é possível mediar o processo de aprendizagem. • Em termos de modalidades, podemos falar em avaliação do desenvolvimento e aprendizagem das crianças e avaliação da instituição. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 140/189 Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Indicadores da Qualidade na Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2009. ______. Educação Infantil: Subsídios para construção de uma sistemática de avaliação. Brasília: MEC/SEB, 2012. FARIA, Ana Paula; BESSELER, Lais Helena. A avaliação na educação infantil: fundamentos, instrumentos e práticas pedagógicas. Nuances: estudos sobre Educação, v. 25, n. 3, p. 155-169, 2014. Disponível em: <http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/ viewFile/3048/2711>. Acesso em: 4 ago. 2016. HOFFMANN. J. Avaliação e educação infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2015. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2002. http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3048/2711 http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3048/2711 141/189 Assista a suas aulas Aula 6 - Tema: Avaliação da aprendizagem na educação infantil: concepções e modalidades - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c8ca56037960831a9fae25cce095b79a>. Aula 6 - Tema: Avaliação da aprendizagem na educação infantil: concepções e modalidades - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ df24542a6ed02e03ae2f00d05a170ee4>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c8ca56037960831a9fae25cce095b79a http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c8ca56037960831a9fae25cce095b79a http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/c8ca56037960831a9fae25cce095b79ahttp://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/df24542a6ed02e03ae2f00d05a170ee4 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/df24542a6ed02e03ae2f00d05a170ee4 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/df24542a6ed02e03ae2f00d05a170ee4 142/189 1. Pode-se dizer que a avaliação classificatória e a mediadora: Questão 1 a) têm a mesma perspectiva. b) são semelhantes. c) possuem perspectivas diferentes. d) são processuais. e) focam intervenção e mediação. 143/189 2. É característico do sistema classificatório de avaliação: Questão 2 a) apontar potencialidades. b) refletir sobre intervenções. c) mediar as aprendizagens. d) discriminar e selecionar. e) acompanhar o processo educacional. 144/189 3. A avaliação mediadora: Questão 3 a) discrimina e seleciona. b) reforça a ideia de escola para poucos. c) pauta-se na verificação da aprendizagem. d) aponta falhas e congela a avaliação. e) entende a intervenção pedagógica como fundamental. 145/189 4. A avaliação na Educação Infantil tem foco: Questão 4 a) no desenvolvimento e aprendizagem das crianças. b) na proposta pedagógica da instituição. c) na autoavaliação participativa realizada por profissionais da educação e pais. d) na avaliação do contexto institucional. e) na avaliação de tempos e espaços da instituição. 146/189 5. A avaliação da Educação Infantil prioriza: Questão 5 a) o processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças. b) avaliação de potencialidades de cada bebê e criança. c) intervenções no processo de desenvolvimento e aprendizagens dos educandos. d) acompanhamento de cada bebê e cada criança. e) avaliar a instituição e sua proposta pedagógica. 147/189 Gabarito 1. Resposta: C. Avaliação classificatória e avaliacão mediadora possuem perspectivas diferentes, enquanto a primeira tem foco apenas na verificação, a segunda tem como objetivo acompanhar, mediar e intervir no processo de ensino e aprendizagem. 2. Resposta: D. O sistema classificatório, por sua própria característica de classificação, discrimina e seleciona os alunos. 3. Resposta: E. Para a avaliação mediadora, a intervenção no processo de aprendizagem das crianças é fundamental. 4. Resposta: A. A avaliação na Educação Infantil, diferente da avaliação da Educação Infantil, tem como foco o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. 5. Resposta: E. A avaliação da Educação Infantil prioriza avaliar o contexto da instituição e sua proposta pedagógica, enquanto a avaliação na tem como foco o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. 148/189 Unidade 7 A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil Objetivos 1. Perceber a importância dos instrumentos avaliativos no trabalho desenvolvido na Educação Infantil. 2. Considerar os instrumentos avaliativos enquanto documentação pedagógica. 3. Entender a utilização de portfólios na Educação Infantil. Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil149/189 Introdução Os instrumentos avaliativos utilizados na Educação Infantil para acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem das crianças são diversos e devem ser entendidos como documentação pedagógica. Dentre esses instrumentos se destacam os portfólios, que podem ser construídos para compilar registros processuais das vivências e experiências que acontecem nas instituições de Educação Infantil. Durante o processo de acompanhamento das aprendizagens, os instrumentos avaliativos são relevantes, pois consideram as crianças em suas diversidades, mostrando enquanto documentação o que acontece com a criança no processo pedagógico. Por meio dos instrumentos avaliativos, é possível realizar observações, registros, reflexões e mediações que levem em conta as diversidades e singularidades de bebês e crianças. A documentação pedagógica tem a característica de sistematizar registros significativos, identificando potencialidades, realizando a reflexão permanente para a ressignificação de práticas. Documentar é relatar o momento histórico vivido, que dependerá de nossas concepções de educação e criança e da visão que se tem do trabalho pedagógico. O uso de documentação pedagógica auxilia o processo de formação dos educadores, possibilitando crescimento profissional, por conta das reflexões que podem ser geradas na equipe de Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil150/189 educadores. Ela não deve ser considerada apenas como uma simples coleta de dados, pois exige observação e escuta atenta, com registros realizados em uma diversidade de formas que permitem conhecer melhor as crianças. Essa observação e reflexão só pode existir a partir do exame de registros diversos que passam a compor a documentação pedagógica. Há uma diversidade de objetos de registros quando se pensa na composição de instrumentos avaliativos, tais como: fichas, relatórios individuais e do grupo, pareceres, anotações, fotos e imagens, produções das crianças e portfólios. Todos esses instrumentos pedem observação para a realização dos registros. A realização da prática de observar e registrar indica a necessidade de algumas reflexões sobre: o que observar? Para quê? Quem serão os interlocutores? Que recursos e com que regularidade serão utilizados? Que reflexões serão feitas a partir dos registros? Documentar exige planejamento. Dependendo do número de crianças que você tenha em sua turma, o planejamento pode indicar que se observe mais atentamente um pequeno grupo de cada vez ao decorrer da semana. Conheça um pouco mais sobre a documentação pedagógica: Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil151/189 Cada instrumento de avaliação tem seu potencial e sua limitação, por isso a necessidade de variedade de instrumentos. As observações advindas dos registros precisam ser compartilhadas, discutidas e interpretadas. As fotografias e vídeos precisam ser selecionados, buscando os que são mais significativos e representem o processo e não apenas o produto final das atividades. Link A documentação pedagógica na abordagem de Reggio Emilia. Disponível em: <http:// periodicos.unisantos.br/index.php/ pesquiseduca/article/download/155/pdf_1>. Acesso em: 10 ago. 2016. O uso de portfólios como instrumentos avaliativos auxilia a aprendizagem centrada nas crianças, documenta o processo de ensino e aprendizagem, colabora no desenvolvimento profissional dos professores e pode envolver as famílias quando estas são chamadas a participar de sua produção e ou quando se dá visibilidade a elas do que tem sido realizado com as crianças por meio dos portfólios. Os portfólios podem ser um excelente meio para se registrar avaliações significativas de experiências vivenciadas pelas crianças no cotidiano da Educação Infantil. Como suporte para os portfólios, tem-se grandes pastas, cadernos, fichários, mídias digitais. São excelentes para documentar projetos de trabalho. http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/download/155/pdf_1 http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/download/155/pdf_1 http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/download/155/pdf_1 Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil152/189 A partir do que foi documentado, por meio de diferentes instrumentos de registro, cabe refletir sobre como se dará a comunicação de toda essa documentação. Ela pode ocorrer por meio de painéis, panfletos, cartas, cadernos, livros, portfólios, blogs e outros meios que permitam a comunicação. Ter momentos em que se possa rever a documentação junto com as crianças auxilia para que percebam suas próprias aprendizagens, elas também podem participar da escolha do que vai ser documentado, quais atividades irão para o portfólioe assim por diante. Como você pode ter notado, há uma infinidade de instrumentos que podem auxiliar a compor registros que farão parte da documentação pedagógica, e os portfólios são um ótimo instrumento avaliativo, quando queremos documentar aprendizagens significativas das crianças. 1. IMPORTÂNCIA DOS INSTRUMENTOS AVALIATIVOS Os diferentes instrumentos avaliativos são importantes porque possibilitam a observação atenta das experiências vivenciadas pelas crianças no processo de desenvolvimento e aprendizagem. Para Madalena Freire (1996), o olhar da observação envolve atenção e presença, de certa maneira, é um sair de si mesmo para ver e ouvir o outro. Dessa forma, o olhar e a escuta envolvem ação, reflexão e estudo. Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil153/189 Há necessidade da criação de pautas de observação, o educador aprende ao olhar, por isso não pode invadir o espaço do outro sem pauta, sem planejamento. Aquele que a partir do olhar sensível pensa e reflete, consegue interpretar e avaliar melhor. A autora também nos diz que o ato de refletir é libertador, instrumentaliza o pensar, sendo que a reflexão é que conduz à ação transformada. Para saber mais Madalena Freire é pedagoga formada pela Universidade de São Paulo, filha de Paulo Freire, seguidora do seu legado. Atua na formação de professores. Refletir sobre os registros força distanciamento e possibilita rever, ampliar e aprofundar as próprias ideias e o próprio pensar. O ato de observar exige reflexão, avaliação e planejamento com base no contexto real. A observação vai apurando o olhar de forma a ter maior compreensão do que ocorre nas situações pedagógicas, pois amplia a memória, historiciza o processo e traz novas informações sobre a realidade, possibilitando assim transformações. Por meio dos registros também se pode expressar inquietações, de maneira a refletir sobre possíveis intervenções e encaminhamentos. Perceba que a avaliação de que estamos tratando é “para” a aprendizagem, o que implica em reconhecer que a avaliação Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil154/189 é inerente ao processo de aprendizado e desenvolvimento da criança, e por isso não serve para realizar classificações ou seleções, como ocorria no passado. Isso está registrado no marco legal que trata da Educação Infantil. A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, instituiu que as crianças com 4 anos completos devem estar matriculadas nas unidades escolares, bem como estabeleceu, em seu art. 31, que a avaliação na Educação Infantil deveria ocorrer “mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (BRASIL, 2013). Portanto, a finalidade da avaliação é instrumentalizar o professor sobre o desenvolvimento da criança, mas como já apresentado anteriormente nós a assumimos também como uma rica fonte de ação, reflexão e planejamento sobre a constituição cultural da criança enquanto sujeito, bem como a própria trajetória do educador e sua atuação profissional. 2. A DIVERSIDADE DE INSTRUMENTOS AVALIATIVOS A diversidade de instrumentos avaliativos traz a necessidade de organização dos registros. Analisar e observar quais serão os melhores instrumentos para determinadas situações fazem parte de um processo de planejamento prévio. Os registros são formas de conhecer melhor as práticas Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil155/189 educativas e entender o pensamento das crianças, as hipóteses que elas levantam, suas ideias, saberes e linguagens. Isso tudo é revelado por meio de fotos, vídeos, anotações, gravações de fala, criações das crianças. Os instrumentos avaliativos tornam a documentação pedagógica algo a ser revisitado constantemente. Para Luciana Ostetto (2008), quando a experiência é escrita ela ganha visibilidade e torna-se documento em que se pode rever o vivido. A partir dos registros, amplia-se a compreensão da prática, pode-se repensar o que foi feito, percebendo limites e possibilidades. Para saber mais Luciana Esmeralda Ostetto é professora da Universidade Federal Fluminense, possui doutorado em Educação. Temáticas desenvolvidas: Educação Infantil, Arte E Infância e Formação de Professores. As memórias, vivências e experiências da turma podem ser documentas com diferentes instrumentos, tais como: murais, planilhas, livros da turma, diários, semanários, fotografias, relatórios, filmagens, gravações de áudio, portfólios, entre outros. Será sempre bom perguntar se os instrumentos escolhidos para registro documentam as vozes, desejos, vontades, expressões, dúvidas, hipóteses e interesses Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil156/189 de bebês e crianças, de maneira que elas sejam vistas como autoras e protagonistas da sua aprendizagem. Os registros que compõem a documentação pedagógica só terão sentido se tiverem a criança como protagonista, conhecendo-a, propondo reflexões com questões desafiadoras e que promovam autoria e autonomia. Que as crianças possam por meio dos registros expressar ideias, levantar suas questões, ou seja, serem ouvidas em suas falas, gestos, expressões, choros e produções. Maria Carmem Barbosa e Susana Beatriz Fernandes (2012) entendem que a documentação pedagógica produz sentidos, não é uma tarefa simples, exige (auto)formação e abertura para a mudança. As crianças não devem ser classificadas nem categorizadas; documentar implica acreditar que crianças são competentes, ricas em possibilidades. Veja um pouco mais sobre documentação pedagógica: Link Uma ferramenta para educar-se e educar de outro modo. Disponível em: <http://loja. grupoa.com.br/revista-patio/artigo/6243/ uma-ferramenta-para-educar-se-e-educar- de-outro-modo.aspx>. Acesso: 15 ago. 2016. http://loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/6243/uma-ferramenta-para-educar-se-e-educar-de-outro-modo.aspx http://loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/6243/uma-ferramenta-para-educar-se-e-educar-de-outro-modo.aspx http://loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/6243/uma-ferramenta-para-educar-se-e-educar-de-outro-modo.aspx http://loja.grupoa.com.br/revista-patio/artigo/6243/uma-ferramenta-para-educar-se-e-educar-de-outro-modo.aspx Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil157/189 A multiplicidade de instrumentos de registro potencializa pensar em uma documentação pedagógica que leve em conta as singularidades e diversidades de crianças e instituições, que documente o processo e não apenas produtos finais de aprendizagem, que dê visibilidade a protagonismos e autorias de crianças, bebês, educadores e famílias que adentram todos os dias as instituições de Educação Infantil. Para saber mais Maria Carmem Barbosa é professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Temáticas de atuação: Educação Básica, Educação Infantil, Infância e Formação de Professores. 3. OS PORTFÓLIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Os portfólios constituem-se em uma forma de avaliação significativa, com o registro de experiências únicas, de maneira que as aprendizagens tenham as crianças como protagonistas. Documentam o processo com os registros de experiências vivenciadas por meninos e meninas no cotidiano das instituições. Como instrumento reflexivo que documenta o cotidiano, torna-se importante para o crescimento profissional dos educadores, pois a reflexão conjunta traz aprendizagens para todos. Conheça um pouco mais sobre o portfólio na Educação Infantil. Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil158/189 Os portfólios podem ser de características diversas, podem ser portfólio do grupo, portfólios particulares, portfólio de projetos, entre outros. Dependerá da intencionalidade e planejamentodo professor o tipo escolhido. Os portfólios são um instrumento avaliativo singular ao documentar projetos e as aprendizagens das crianças. Permitem análise de experiências, as crianças podem participar opinando, Link Portfólio na Educação Infantil. Disponível em: <http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/ pdf/revista43/artigo15.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2016. questionando, selecionando materiais e revisando o que foi escolhido para compor a documentação. As produções das crianças devem se fazer presentes. Em sua elaboração, podem ter a participação dos familiares ou responsáveis pelas crianças, sendo assim um processo de autoria coletiva. Os portfólios dão visibilidade às aprendizagens desenvolvidas com as crianças, comunicam projetos. Quando as crianças também participam de sua elaboração, tornam-se autoras e protagonistas de suas vivências e experiências. http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo15.pdf http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo15.pdf Unidade 7 • A Diversificação dos Instrumentos Avaliativos na Educação Infantil159/189 Glossário Mídias digitais: veículos ou meios de comunicação que utilizam o meio digital. Portfólios: coleção ou agrupamento de trabalhos e/ou produções. Suporte: aquilo que auxilia ou reforça; reforço, apoio. Questão reflexão ? para 160/189 A documentação pedagógica auxilia na compreensão das aprendizagens das crianças. Faça uma síntese sobre o papel dessa documentação na Educação Infantil. 161/189 Considerações Finais • Na Educação Infantil, os instrumentos de avaliação podem contribuir muito para a aprendizagem das crianças. • Os instrumentos avaliativos, enquanto documentação pedagógica, auxiliam na maior reflexão e mediação das aprendizagens. • Há uma diversidade de instrumentos avaliativos na Educação Infantil que compõe os registros que fazem parte da chamada documentação pedagógica. • Os portfólios são um ótimo instrumento avaliativo na Educação Infantil, pois documentam as aprendizagens das crianças e o trabalho pedagógico. Unidade 4 • O Objeto de Estudo das Diferentes Áreas de Conhecimento que Compõem o Currículo da Educação Infantil e a Criança como Protagonista do Processo 162/189 Referências BARBOSA, M. C.; FERNANDES, S. B. Uma ferramenta para educar-se e educar de outro modo. Pátio. n. 30, jan./mar. 2012. BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da Educação e dar outras providências. DOU, 5 abr. 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em: 15 ago. 2016. FREIRE, M. Observação, registro e reflexão: Instrumentos Metodológicos I. 2. ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996. FRISON, L. M. B. Portfólio na educação infantil. Ciências e Letras, n. 43, p. 213-227, 2008. Disponível em: <http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo15.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2016. MARQUES, A. C. T. L.; ALMEIDA, M. I. A Documentação Pedagógica na abordagem de Reggio Emilia. Revista Eletrônica Pesquiseduca, v. 3, n. 5, p. 102-128, 2015. Disponível em: <http:// periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/download/155/pdf_1>. Acesso em: 10 ago. 2016. OSTETTO, L. E. Educação infantil. Campinas: Papirus, 2008. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista43/artigo15.pdf http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/download/155/pdf_1 http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/download/155/pdf_1 163/189 Assista a suas aulas Aula 7 - Tema: A diversificação dos instrumentos avaliativos na educação infantil - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 57905fe0ba0dfb4a8f4768ac025a1fa2>. Aula 7 - Tema: A diversificação dos instrumentos avaliativos na educação infantil - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e964b4247347d82e06da6b0f258e263a>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/57905fe0ba0dfb4a8f4768ac025a1fa2 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/57905fe0ba0dfb4a8f4768ac025a1fa2 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/57905fe0ba0dfb4a8f4768ac025a1fa2 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e964b4247347d82e06da6b0f258e263a http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e964b4247347d82e06da6b0f258e263a http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/e964b4247347d82e06da6b0f258e263a 164/189 1. Um instrumento de registro que se destaca é o: Questão 1 a) caderno de lição de casa. b) caderno de classe. c) portfólio. d) pasta de guardar atividades. e) caderno de desenho. 165/189 2. Por meio do registro avaliativo é possível realizar observações, reflexões e mediações que levem em conta: Questão 2 a) as diversidades e singularidades de bebês e crianças. b) somente algumas crianças da turma. c) crianças fora da escola. d) só o que for igual e homogêneo. e) as provas orais e escritas. 166/189 3. São instrumentos importantes para avaliação das crianças na Educação Infantil: Questão 3 a) cartão de saída, calendário, identificação das pastas. b) fotos, vídeos, portfólios. c) cartão de entrada, receituário, lista de funcionários. d) cardápios, controle de frequência, fotos. e) controle de verbas, vídeos, lista de tarefas. 167/189 4. Documentar aprendizagens exige: Questão 4 a) espontaneísmo. b) individualismo. c) planejamento. d) trabalho solitário. e) competição. 168/189 5. As observações dos registros devem ser: Questão 5 a) guardadas. b) compartilhadas. c) arquivadas. d) retomadas só no final do ano. e) retomadas no final do primeiro semestre. 169/189 Gabarito 1. Resposta: C. O portfólio se destaca como instrumento de registro por documentar de forma potencial as aprendizagens das crianças e o trabalho pedagógico. 2. Resposta: A. Pelo registro avaliativo é possível observar, refletir e mediar as diversidades e singularidades de bebês e crianças. 3. Resposta: B. Fotos, vídeos e portfólios constituem-se como instrumentos avaliativos. 4. Resposta: C. Documentar as aprendizagens exige planejamento, não cabem espontaneímos e falta de intencionalidade. 5. Resposta: B. As observações dos registros precisam ser compartilhadas para que gerem reflexões. 170/189 Unidade 8 O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender Objetivos 1. Compreender o papel do professor na Educação Infantil. 2. Perceber que o professor deve ser um observador participativo que atua mediando aprendizagens das crianças. 3. Entender que o professor tem um papel relevante na escuta de bebês e crianças. Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender171/189 Introdução O papel do professor na Educação Infantil envolve cuidar, educar e avaliar aprendizagens. O cuidar e educar como binômio indissociável é ponto forte no seu trabalho. A avaliação do desenvolvimento e aprendizagem das crianças exige uma escuta atenta e sensível. Toda educação cuida, todo cuidado educa. Cuidar e educar bebês e crianças significa dar acolhimento em momentos difíceis, garantir vivências e experiências com as múltiplas linguagens, partir do que já sabem para ampliar repertórios de conhecimentos, respeitar e valorizar as diversidades culturais, raciais e de gênero, eliminando qualquer forma de preconceito e discriminação. Você vai conhecer um documento interessante que traz práticas promotoras de igualdaderacial na Educação Infantil: Link Educação Infantil: práticas promotoras de igualdade racial. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=11284- revistadeeducacaoinfantil- 2012&Itemid=30192>. Acesso em: 20 ago. 2016. Ações práticas de cuidado e educação envolvem acreditar nas potencialidades de todas as crianças, escutá-las, planejar atividades com intencionalidade, organizar diferentes tipos de experiências e vivências, cuidar para que conquistem autonomia e http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11284-revistadeeducacaoinfantil-2012&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11284-revistadeeducacaoinfantil-2012&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11284-revistadeeducacaoinfantil-2012&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11284-revistadeeducacaoinfantil-2012&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11284-revistadeeducacaoinfantil-2012&Itemid=30192 Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender172/189 segurança, ter contato permanente com os familiares e responsáveis por elas. O papel do professor no processo de avaliação é o da escuta atenta, curiosa e sensível, realizando observações e registros que propiciem diálogo e reflexão sobre as aprendizagens das crianças. Os educadores são acima de tudo mediadores, que cuidam, educam e avaliam as crianças, pautados em escuta atenta e sensível. O professor na Educação Infantil atua mediando as aprendizagens das crianças, tendo um papel relevante na escuta de meninos e meninas. Como observador participativo, organiza ambientes, espaços, tempos e materiais de forma a desafiar e promover interações entre as crianças, escuta suas falas, gestos, expressões e manifestações, documenta aprendizagens e possibilita que as crianças construam as chamadas culturas infantis. Promove, ainda, a fala e o protagonismo das crianças. Entende também que as crianças têm um jeito próprio de ver o mundo, assim potencializa vivências e experiências para meninos e meninas ampliando repertórios nas múltiplas linguagens. Sabe que a escuta vai além das falas, está presente nos olhares, gestos, expressões, choros, sorrisos, silêncios, gritos, movimentos, desenhos e criações. Dá voz às expressões e culturas infantis. A escuta não é um ato fácil, como diria Carla Rinaldi (2012) exige do educador competências como conhecimento da chamada Pedagogia da Escuta, Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender173/189 entendimento da sua importância, mas também sensibilidade. Para saber mais Carla Rinaldi é uma educadora italiana, presidente da Fundação Reggio Children, que se configura como um centro internacional de defesa e promoção das potencialidades de meninos e meninas. Fonte: <http://www. reggiochildren.it/identita/>. Acesso em: 15 ago. 2016. Conheça, então, um pouco mais sobre a Pedagogia da Escuta: Link Pedagogia da Escuta: currículos e projetos em Reggio Emilia. Disponível em: <http://periodi- cos.uniso.br/ojs/index.php?journal=qua- estio&page=article&op=view&path%5B%- 5D=182&path%5B%5D=182>. Acesso: 21 ago. 2016. O papel do educador da infância requer planejamento realizado com intencionalidade e compromisso, que encoraja e desafia as crianças a desenvolverem potencialidades, acreditando que todas podem aprender, entende que as condições da instituição também devem ser avaliadas para ofertar às crianças educação de qualidade social. http://www.reggiochildren.it/identita/ http://www.reggiochildren.it/identita/ http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php?journal=quaestio&page=article&op=view&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182 http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php?journal=quaestio&page=article&op=view&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182 http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php?journal=quaestio&page=article&op=view&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182 http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php?journal=quaestio&page=article&op=view&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182 Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender174/189 1. PROFESSOR QUE CUIDA, EDUCA E AVALIA O educador da infância cuida, educa, avalia aprendizagens mediando as vivências e experiências que são proporcionadas às crianças, valorizando as culturas infantis. É alguém que vê a criança como protagonista de suas ações, entende o cuidar e educar como um binômio indissociável, entende também que as crianças são sujeitos de direitos, reconhece e valoriza a diversidade, entende o brincar como principal linguagem da infância, sabe da importância de organizar tempos e espaços, é parceiro das famílias. Esse profissional acredita que as crianças são potentes, ricas em potencialidades e que possuem uma maneira própria de enxergar o mundo. Compreende que as interações têm grande importância para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Entenda um pouco mais sobre o binômio cuidar-educar. Link O binômio cuidar-educar na Educação Infantil e a formação inicial de seus professores. Disponível em: <http://www.unimep. br/~rpschnet/binomio-criar-educar.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2016. Na elaboração de seu planejamento, esse profissional contempla os jogos, brincadeiras e as múltiplas linguagens. Avalia o percurso das crianças por meio http://www.unimep.br/~rpschnet/binomio-criar-educar.pdf http://www.unimep.br/~rpschnet/binomio-criar-educar.pdf Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender175/189 de diversos registros que constituem a chamada documentação pedagógica que auxilia as intervenções e mediações que se fazem necessárias. Os projetos que desenvolve são centrados nas crianças. Sistematiza registros para reflexão sobre avanços e potencialidades, tendo como propósito realizar as devidas mediações e intervenções. Os registros entendidos como documentação pedagógica dão visibilidade a indivíduos e grupos, podem ser compostos por notas escritas, vídeos, gravações de áudio, fotografias, entre outros instrumentos. Torna visível o processo de aprendizado, possibilitando refletir e revisitar o material documentado. Possui caráter reflexivo, que gera conhecimento e uma didática participativa em que conhecimentos são comunicados e compartilhados. A documentação é uma forma de narrativa em que os acontecimentos são descritos pelo olhar pessoal de quem se pôs a documentar. 2. PROFESSOR OBSERVADOR PARTICIPATIVO Um observador participativo é entendido como um educador da infância que procura mediar aprendizagens, realizar as intervenções necessárias, desafiar as crianças com propostas instigantes. Amplia seu próprio repertório e o das crianças partindo sempre do que elas já sabem. Faz indagações que contribuem para despertar a curiosidade de meninos Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender176/189 e meninas sobre o mundo que as rodeia. Incentiva as crianças a construírem culturas infantis. Potencializa registros referentes aos momentos de brincadeira e também sobre as múltiplas linguagens. Observa as produções das crianças, suas criações e entende que por meio delas elas se expressam. Acolhe e valoriza as brincadeiras trazidas pelas crianças, procura conhecer a comunidade em que as crianças vivem e estabelecem contatos amigáveis e de parceria com as famílias. Para Monção (2015), refletir sobre possibilidades e limites do compartilhamento da educação de bebês e crianças entre educadores e famílias é tema prioritário e de grande necessidade. Para saber mais Maria Aparecida Monção Guedes tem doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo. Atua com as temáticas: Políticas Públicas, Educação Infantil e Formação deProfessores. 3. PAPEL DO PROFESSOR NA ESCUTA DAS CRIANÇAS Escutar as crianças implica em ouvir não somente com as orelhas, mas com todos os sentidos. Escutar suas múltiplas linguagens exige curiosidade sobre como os pequenos pensam, suspensão de julgamentos e abertura à mudança. A escuta dá visibilidade, pois de acordo com Rinaldi (2012) enriquece tanto Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender177/189 quem escuta quanto os que produzem as mensagens, sendo que as crianças não suportam ser anônimas. Escutar se entende como premissa de qualquer relação de aprendizado. As crianças são grandes ouvintes da realidade que as cercam, escutam observando, cheirando, sentindo gosto, ou seja, escutam com todos os sentidos. Sentem atração pelas diversas linguagens. Os educadores devem propiciar às crianças contextos múltiplos de escuta, em que muitas interações sejam possíveis. A documentação pedagógica é uma espécie de escuta visível das aprendizagens das crianças. Perceba que a escuta das crianças também é um instrumento de preocupação com a qualidade da educação e do desenvolvimento das crianças. Portanto, escutar as crianças implica utilizar os vários sentidos, observando atentamente suas produções em suas múltiplas linguagens. A escuta ativa das crianças dará um direcionamento ao planejamento do professor. Como diria Manoel de Barros (2010, p. 187): “então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina”. Para saber mais Manoel de Barros (1916-2014), poeta aclamado pela qualidade de seus escritos, ganhou muitos prêmios literários, entre eles dois Prêmios Jabuti de Literatura. Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender178/189 Glossário Preconceito: qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. Sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância. Discriminação: distinguir, diferenciar, adotar práticas que efetivam o preconceito. Instigante: algo que provoca interesse. Questão reflexão ? para 179/189 O papel do educador da primeira infância envolve cuidar, educar e avaliar. Faça uma síntese descrevendo aspectos centrais desse profissional. 180/189 Considerações Finais • O professor na Educação Infantil cuida, educa e faz a avaliação do processo educativo. • O processo de avaliação pede um professor mediador. • A mediação deve ser realizada na perspectiva de observador participativo. • A escuta das crianças requer um profissional atento às falas, gestos, choros, expressões e criações dos meninos e meninas. Unidade 8 • O Papel do Professor Diante de uma Avaliação que Ajude o Aluno a Aprender181/189 Referências AZEVEDO, H. de; SCHNETZLER, R. P. O binômio cuidar-educar na educação infantil e a formação inicial de seus profissionais. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 28., 2005. Anais eletrônicos... Caxambu, 2005. Disponível em: <http://www.unimep.br/~rpschnet/binomio-criar-educar.pdf>. Acesso: 20 ago. 2016. BARROS. M. Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. FORTUNATO, Ivan. Pedagogia da Escuta: Currículo e Projetos. Quaestio: revista de estudos em educação, v. 12, n. 1, 2010. Disponível em: <http://periodicos.uniso.br/ojs/index. php?journal=quaestio&page=article&op=download&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182> Acesso: 21 ago. 2016. MONÇÃO, Maria Aparecida Guedes. O compartilhamento da educação das crianças pequenas nas instituições de educação infantil. Cadernos de Pesquisa, v. 45, n. 157, p. 652-679, 2015. RINALDI, C. Diálogos com Reggio Emilia. São Paulo: Paz e Terra, 2012. SILVA JR, Hédio; BENTO, Maria A. S.; CARVALHO, Silvia P. Educação infantil e práticas promotoras de igualdade racial. São Paulo: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades- CEERT: Instituto Avisa lá-Formação Continuada de Educadores, 2012. http://www.unimep.br/~rpschnet/binomio-criar-educar.pdf/ http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php?journal=quaestio&page=article&op=download&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182 http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php?journal=quaestio&page=article&op=download&path%5B%5D=182&path%5B%5D=182 182/189 Assista a suas aulas Aula 8 - Tema: O papel do professor diante de uma avaliação que ajude o aluno a aprender - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/68b3381a6f3f6a0d819b64fefb1c91ac>. Aula 8 - Tema: O papel do professor diante de uma avaliação que ajude o aluno a aprender - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d1d07e30f266b2cf4198bb5c8283c09d>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/68b3381a6f3f6a0d819b64fefb1c91ac http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/68b3381a6f3f6a0d819b64fefb1c91ac http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/68b3381a6f3f6a0d819b64fefb1c91ac http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d1d07e30f266b2cf4198bb5c8283c09d http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d1d07e30f266b2cf4198bb5c8283c09d http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/d1d07e30f266b2cf4198bb5c8283c09d 183/189 1. O papel do professor na Educação Infantil envolve o binômio: a) Cuidar e ensinar. b) Cuidar e educar. c) Cuidar e disciplinar. d) Cuidar e limitar. e) Cuidar e alimentar. Questão 1 184/189 2. O professor deve eliminar no trabalho com a diversidade: Questão 2 a) cooperação e amizade. b) companheirismo e autonomia. c) preconceito e discriminação. d) apreciação e afetividade. e) cuidado e educação. 185/189 3. A escuta do professor deve ser: Questão 3 a) atenta, curiosa e sensível. b) atenta, incomum e insensível. c) atenta, curiosa e insensível. d) atenta, sensível e desordenada. e) atenta, curiosa e inflexível. 186/189 4. O professor observador participativo: Questão 4 a) evita escutar as crianças. b) desconsidera culturas infantis. c) desestimula interações entre as crianças. d) escuta as crianças e documenta aprendizagens. e) dá pouca atenção à organização de tempos e espaços. 187/189 5. No ato de cuidar e educar, os educadores devem ver as famílias como potencialmente: Questão 5 a) ausentes. b) parceiras. c) distantes. d) desestruturadas. e) pouco presentes. 188/189 Gabarito 1. Resposta: B. O binômio cuidar e educar faz parte do papel exercido pelo professor da infância, que deve observá-lo nos mais diversos momentos. 2. Resposta: C. Atitudes de preconceito e discriminação devem ser eliminadas, sendo valorizada e respeitada a diversidade. 3. Resposta: A. A escuta do professor precisa ser atenta, curiosa e sensível para entender o jeito de pensar das crianças. 4. Resposta: D. O professor observador participativo precisa escutar as crianças e documentar suas aprendizagens para realizar as intervenções e mediações necessárias. 5. Resposta: B. As famílias devem ser vistas potencialmente como parceiras, uma vez que na instituição a educação das crianças é compartilhada com elas.