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DIRETORIA DA FEBRASGO 2016 / 2019 Alex Bortotto Garcia Vice-Presidente Região Centro-Oeste Flavio Lucio Pontes Ibiapina Vice-Presidente Região Nordeste Hilka Flávia Barra do E. Santo Vice-Presidente Região Norte Agnaldo Lopes da Silva Filho Vice-Presidente Região Sudeste Maria Celeste Osório Wender Vice-Presidente Região Sul César Eduardo Fernandes Presidente Corintio Mariani Neto Diretor Administrativo/Financeiro Marcos Felipe Silva de Sá Diretor Cientí� co Juvenal Barreto B. de Andrade Diretor de Defesa e Valorização Pro� ssional Imagem de capa e miolo: foxie/Shutterstock.com COMISSÃO NACIONAL ESPECIALIZADA EMDOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS - 2016 / 2019 Presidente José Eleutério Junior Vice-Presidente Paulo César Giraldo Secretária Ana Katherine da Silveira Gonçalves Membros Cláudia Márcia de Azevedo Jacyntho Geraldo Duarte Iara Moreno Linhares Maria Luiza Bezerra Menezes Mario Cezar Pires Mauro Romero Leal Passos Newton Sérgio de Carvalho Plínio Trabasso Regis Kreitchmann Rosane Ribeiro Figueiredo Alves Rose Luce Gomes do Amaral Victor Hugo de Melo Vulvovaginites na gestação Paulo César Giraldo1 Rose Luce Gomes do Amaral1 Ana Katherine Gonçalves2 José Eleutério Júnior3 Descritores Vulvovaginite; Gravidez; Microbiota vaginal; Corrimento vaginal; Candidíase vaginal; Vaginose bacteriana Como citar? Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J. Vulvovaginites na gestação. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 95/ Comissão Nacional Especializada em Doenças Infecto-Contagiosas. Introdução As modi� cações do organismo feminino durante a gravidez devem- se a uma série de fatores hormonais e mecânicos e podem ser sistê- micos ou apenas localmente na região genital. Modi� cações genitais Em decorrência do aumento da vascularização do útero, vagina e vulva e da vasodilatação venosa, observam-se mudanças na colo- ração da região genital, edema e amolecimento vulvovaginal que propiciam maior transudação para interior da luz vaginal. Essas modi� cações favorecem a manutenção da umidade vulvar e facili- 1Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil. 2Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. 3Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. *Este protocolo foi validado pelos membros da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infecto- Contagiosas e referendado pela Diretoria Executiva como Documento O� cial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de Obstetrícia nº 95, acesse: https://www.febrasgo.org.br/protocolos 4 Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 tam as mudanças do ecossistema do trato genital. (1) O crescimento do útero, órgão que mais sofre alterações durante a gestação, é res- ponsável por di� cultar a drenagem venosa do segmento corporal inferior com consequente aumento do acúmulo de sangue pouco oxigenado na região genital. (2) Modi� cações imunológicas A área genital feminina reveste-se de características próprias em relação à resposta imune, uma vez que, se tivesse os mesmos me- canismos da cavidade bucal ou intestinal, não haveria a concepção. Portanto, o canal cervicovaginal apresenta uma tolerância muito maior às proteínas estranhas e depende muito mais do equilíbrio do ecossistema para manter a homeostase do meio.(1-3) Na gravi- dez, há uma imunomodulação signi� cativa que pode favorecer a aceitação do concepto, mas pode, também, predispor o organismo materno às infecções virais e fúngicas.(3) Parece haver quatro hipó- teses para a não rejeição do feto:(3) 1. O feto imunologicamente neutro. 2. O útero imunologicamente privilegiado. 3. A placenta como barreira separando a mãe e o feto. 4. O estado de imunossupressão � siológica da gestante. Apesar dessas possibilidades, sabe-se que ocorre um fenôme- no muito mais complexo, por isso, essas quatro possibilidades não, obrigatoriamente, satisfazem as perguntas em relação à fecunda- ção, ao desenvolvimento do feto nem ao completo entendimento da instalação de comorbidades. (3) Manuseio do corrimento vaginal na gestação Embora as infecções vaginais como candidíase vaginal e vaginose bacteriana sejam alvo de inúmeros estudos, fato que ajuda muito 5 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 na elaboração do diagnóstico, na prática, a maioria dos ginecologis- tas e outros pré-natalistas não fazem o diagnóstico do corrimento vaginal baseado em avaliação microbiológica. A grande maioria faz o diagnóstico baseado na queixa e nos achados do exame especular. As queixas e os sinais, principalmente durante as gestações, não são característicos e induzem erros diagnósticos. O uso indiscriminado de antifúngicos e/ou antibióticos pode desencadear resistência aos medicamentos e desequilíbrio na � ora vaginal. Deve-se considerar, ainda, a possibilidade de distúrbios endócrinos, autoimunes e alér- gicos aumentarem o conteúdo vaginal e que a terapêutica inade- quada pode agravar os sintomas e selecionar germes resistentes. As endocervicites, quase sempre esquecidas pelos ginecologistas, também poderão interferir no quadro clínico e serem as únicas ou principais responsáveis pelo corrimento vaginal. Neste caso, a falta de atenção médica ou mesmo a abordagem clínica isolada do corrimento vaginal, além de não o resolver, poderá ignorar uma situação mais grave e com maiores consequências para a saúde da mulher. Além disso, nos casos em que o diagnóstico não é realizado de forma precisa, corre-se o risco de instituir terapêutica inadequa- da com consequente agravamento do quadro orgânico, tornando o processo mais oneroso tanto do ponto de vista econômico quanto social. O excesso de automedicação, a existência de problemas não infecciosos que cursam com o corrimento vaginal e a inadequação para fazer o exame clínico especular são fatores que transformam o corrimento vaginal em uma afecção de difícil manuseio nos dias atuais.(1-6) Uma abordagem investigatória mínima deve ser empregada na diferenciação da � ora vaginal normal e patológica(2,3,5,6) O equilí- brio da � ora vaginal representa uma complexa e dinâmica intera- 6 Vulvovaginites na gestação Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 ção do meio ambiente e a resposta imunológica do hospedeiro.(1,2,6) O conhecimento da � ora normal e os mecanismos envolvidos com a sua manutenção são indispensáveis para o diagnóstico etiológico das vulvovaginites.(2,6) A investigação dos corrimentos vaginais implica a utilização de métodos de baixo custo e fácil execução, porém ainda não incorpo- rados de forma rotineira na avaliação ginecológica. A banalização do diagnóstico e o uso de tratamentos polivalentes colaboram para a alteração da � ora vaginal e perpetuam a peregrinação de algumas pacientes por diversos ginecologistas.(2,6) A anamnese benfeita as- sociada ao exame clínico ginecológico e a exames complementares, tais como pH vaginal, teste das aminas, citologia a fresco e corada pelo Gram são capazes de diagnosticar corretamente o corrimento vaginal, podendo, ainda, colaborar no diagnóstico diferencial de amniorexe prematura ou perda urinária no período gestacional.(2-8) O risco das infecções vaginais na gestação vem sendo ampla- mente discutido na literatura médica. Diversos estudos associam a presença dos corrimentos genitais com desfechos obstétricos des- favoráveis como o trabalho de parto pré-termo e corioamniorexe prematura, baixo peso ao nascimento e infecções puerperais, além do aumento do risco da transmissão do vírus da imunode� ciên- cia adquirida (HIV) e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST).(7-11) O conhecimento da � ora vaginal, suas modi� cações e o impacto das vulvovaginites para o binômio materno-fetal são de grande valia na individualização do atendimento à gestante.(1,2,10,11) A argumentação de que o tratamento das vulvovaginites não altera o desfechoobstétrico deveria ser visto com cautela, uma vez que os estudos que tentam avaliar isso, quase sempre, estão cheios de erros metodológicos ou, mesmo quando bem-desenhados, não 7 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 permitem conclusões sobre o tema. Dessa forma, acredita-se que o ecossistema vaginal deveria ser investigado rotineiramente nos três trimestres da gestação, usando microscopia óptica e, em al- guns casos, culturas especí� cas (Figura 1). Avaliar: • Cor • Quantidade • Textura • Odor • Inflamação • Prurido • Fissuras Estudo da microbiota vaginal • pH vaginal • Bacterioscopia (corada) • Cultura específica (eventual) Corrimento vaginal e gestação Microscopia TricomoníaseVaginose Bacteriana Candidíase Clue Cells Flora 3 (sem LB) Raros leucócitos T vaginalis Leucócitos Hifas Muitos leucócitos Flora 1 (LB) Figura 1. Fluxograma de abordagem de corrimento vaginal na gestação 8 Vulvovaginites na gestação Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 A colonização vaginal por lactobacilos sofre in� uência da ação estrogênica nestes tecidos, portanto, sua concentração modi� ca-se de acordo com as diferentes fases da vida da mulher, especialmente na gestação. Nas recém-nascidas que adquiriram estrogênio trans- placentário, a colonização é abundante, reduzindo durante a infân- cia até a menarca. Durante a vida reprodutiva e particularmente na gravidez, a concentração desses se eleva, declinando novamen- te após a menopausa. (3,6) Na mulher menopausada, a presença de lactobacilos é da ordem de 62%, sendo mais prevalente naquelas submetidas à terapia de reposição hormonal.(3,5-7,12) O trato genital inferior, devido às suas peculiaridades, encon- tra-se vulnerável à ação dos microrganismos patógenos. A reposta imune local especí� ca representa um mecanismo protetor impor- tante na defesa às agressões teciduais. A membrana basal do epitélio vaginal contém canais interce- lulares que facilitam a migração das células de defesa imunológica, como macrófagos, linfócitos, plasmócitos, células de Langerhans, eosinó� los e mastócitos. Os macrófagos e as células de Langerhans funcionam como células apresentadoras de antígeno e represen- tam a primeira linha na defesa contra os patógenos. Após o pro- cesso de fagocitose, essas células transportam antígenos para os linfonodos regionais, de forma a acionar o sistema imunológico humoral e ampli� car os mecanismos de defesa locais. (1,3) As células de defesa controlam o crescimento bacteriano e fún- gico, mediante ativação de mecanismos de fagocitose. Na falha da imunidade celular, com a exposição ao antígeno, ocorre predomí- nio de resposta humoral e produção de anticorpos do tipo IgE pelos mastócitos presentes na membrana basal. A presença de alérgenos no lúmen vaginal e seu transporte através dos canais interepiteliais 9 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 propiciam a produção de IgE especí� ca que induz degranulação dos mastócitos com liberação de histamina e mediadores in� amatórios culminando com episódios de candidíase recorrente. (12-15) A existência de linfócitos e plasmócitos produtores de IgA e IgG na membrana basal e a presença dos canais intercelulares que desembocam no lúmen vaginal sugerem fortemente a possibilida- de de que, na vagina, possa existir uma resposta humoral localiza- da.(1) A IgA secretória (IgAs) é a mais conhecida imunoglobulina, presente nas secreções das mucosas, exercendo atividade anti-in- � amatória protetora, inibindo a fagocitose e a resposta pró-in� a- matória, evitando, dessa forma, os danos provenientes da reação in� amatória exacerbada. Essa propriedade anti-in� amatória é de grande importância para manutenção da integridade da superfície das mucosas, nesse sentido, servindo de barreira física entre o hos- pedeiro e os microrganismos patogênicos.(13,16-18) Os lactobacilos desempenham um papel crítico na defesa local da vagina, pois competem com microrganismos exógenos e endó- genos por sítios de ligação celular e por nutrientes, reduzindo o pH vaginal.(19) Dessa forma, limitam o crescimento de microrganismos potencialmente nocivos ao equilíbrio do ecossistema, tais como es- treptococos, anaeróbios e Gardenerella.(16) Embora seja considerada patogênica, a Gardenerella vaginalis pode ser isolada em 5%-60% da � ora vaginal endógena de mulheres saudáveis e o Mycoplasma hominis está presente de forma não patogênica em 15%-30% das mulheres sexualmente ativas.(20,21) A simples presença de um microrganismo patogênico não de- termina a ocorrência de infecção, pois, como já apontado, o equilí- brio do ambiente vaginal depende de um conjunto de fatores, tais como o metabolismo microbiano, o estado hormonal e a resposta 10 Vulvovaginites na gestação Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 imune do hospedeiro, e de alguns cofatores como o muco cervical, transudatos e células epiteliais. (22) A observação clínica isolada é pouco especí� ca no diagnóstico etiológico dos corrimentos vaginais de causa infecciosa ou vulvo- vaginites. A citologia corada pelo método de Gram é atualmente considerada o padrão-ouro para o diagnóstico da � ora vaginal. (21) Propedêutica para o diagnóstico das vulvovaginites • pH vaginal – � ta colorimétrica de pH com valores aferíveis entre 3 e 7. As medidas normais de pH vaginal situam-se entre 3,8 e 4,5. • Teste das aminas – uma gota de hidróxido de potássio a 10% na secreção vaginal. • Citologia a fresco - Em uma lâmina de vidro com conteúdo va- ginal, aplicar 1 gota de soro � siológico. Em outra lâmina com conteúdo vaginal, aplicar uma gota de hidróxido de potássio a 10%. Observar ao microscópio no aumento de 10x. Além da busca de elementos patogênicos, também é importante avaliar a concentração de células in� amatórias e de lactobaci- los, que modi� cam a � ora vaginal, assim, contribuindo para o diagnóstico especí� co das vulvovaginites. • Citologia corada pelo Gram – Após a coleta da secreção vaginal, realiza-se um esfregaço a seco, que pode secar à temperatura ambiente ou com auxílio do Bico de Bunsen. Em seguida, apli- ca-se a coloração de Gram. Sua avaliação está pautada na quan- tidade de lactobacilos e bactérias anaeróbias identi� cadas, e seus resultados seguem os critérios de Nugent. • Citologia Oncológica – A proposta deste exame é a avaliação diagnóstica do câncer de colo uterino e suas lesões precurso- 11 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 ras, sendo de pouca valia para os corrimentos vaginais. A pre- sença de Gardnerella vaginalis ou Candida sp, na ausência de sintomas, não indica tratamento. • Cultura – Não existe indicação de cultura de secreção vaginal inespecí� ca frente à grande variação de espécies que com- põem o ecossistema vaginal. A cultura em meio especí� co (Sabourrand) com antibiograma pode ter utilidade no esclare- cimento diagnóstico da candidíase recorrente. Corrimentos vaginais e gestação As infecções genitais vêm-se tornando preocupação frequente na ges- tação em face da possibilidade de associação com o aumento do risco de desfechos obstétricos e perinatais desfavoráveis. O parto pré-termo (PPT) é responsável por 60% a 80% das mortes neonatais e os sobre- viventes podem manifestar sequelas em seu desenvolvimento. O risco de PPT aumenta entre 30% e 50% na presença de infecções genitais. (9) Os mecanismos patogênicos envolvidos na infecção ascendente são complexos e variados. A presença de enzimas bacterianas denomi- nadas sialidases é responsável pela adesão e quebra da mucina presen- te no tampão mucoso. As mucinases facilitam a ascensão das bactérias para o canal cervical e cavidade uterina. Essas enzimas proteolíticas podem, ainda, agir diretamente no colágeno cervical e nas membranas materno-fetais, desse modo, estabelecendo pontos de fraqueza e pre- dispondo à sua rotura. Os microrganismosainda são capazes de acio- nar a resposta in� amatória do hospedeiro, liberando prostaglandinas e citocinas que atuam estimulando a contratilidade uterina. Alguns autores sugerem que a resposta imunológica desencadeada no trato genital inferior e a modi� cação da � ora imputada pela cadeia de reação in� amatória secundária são determinadas geneticamente. (8,9) 12 Vulvovaginites na gestação Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 O uso de probióticos, isto é, microrganismos vivos com objetivo de combater patógenos e modular a resposta imunológica interferindo na cascata in� amatória vem sendo estudado como forma de prevenir a pre- maturidade. Em metanálise recente publicada no Cochrane, foi estuda- do o uso de probióticos em gestantes para a redução da prematuridade. Os resultados mostraram que os probióticos podem ser utilizados para prevenção e tratamento de vaginose bacteriana, principalmente, por via vaginal, com 81% de redução no risco de infecção genital. Porém essa intervenção não se mostrou e� caz para redução da prematuridade. (10) Da mesma forma, quando o uso de antibioticoterapia pro� lática foi estudado em gestantes com alto risco de prematuridade, não foi observada redução no risco de prematuridade subsequente. (11) Esses fatos reforçam a necessidade de diagnóstico adequado e tratamento especí� co das infecções vaginais. Vaginose bacteriana e gestação Vaginose bacteriana representa um desequilíbrio da � ora vaginal evidenciado por redução acentuada de lactobacilos, com conse- quente aumento do pH e crescimento da � ora anaeróbia. É consi- derada a infecção vaginal de maior frequência. Sua prevalência mé- dia alcança 40% (8-75%). (7) Na gestação, a infecção foi registrada em 20% de mulheres assintomáticas. (11) Apesar de não ser considerada doença de transmissão sexual, sua prevalência pode estar associada a determinados hábitos sexu- ais. Fatores associados ao aumento do risco de vaginose bacteriana incluem: uso de ducha vaginal, (23-29) maior número de parceiros se- xuais, (30) uso de dispositivo intrauterino e tabagismo. (30) Já o uso de preservativos e anticoncepcionais orais parece conferir maior prote- ção à � ora vaginal. (31) 13 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 O desequilíbrio da flora nem sempre será traduzido em corrimento vaginal, mas pode haver queixa de secreção acin- zentada, bolhosa e com odor fétido. A liberação de cheiro desa- gradável durante a menstruação ou após o ato sexual sugere o diagnóstico. O exame especular alcançou sensibilidade de 44% e especificidade de 76,6% com baixa concordância entre três ob- servadores experientes. (21) Os critérios de Amsel são utilizados para o diagnóstico de va- ginose bacteriana, estabelecendo a necessidade de pelo menos três entre quatro as seguintes características: � uxo homogêneo, pH >4,5, teste de aminas positivo ou presença de mais de 20% de células guias em campo de maior aumento. A sensibilidade e especi� cidade desse teste diagnóstico alcançam 85% e 86% respectivamente. (32) A citologia corada pelo método de Gram, segundo os critérios de Nugent, é referida como o padrão-ouro para o diagnóstico de vaginose bacteriana, considerando-se positivo um escore ≥ 7. (32) Os derivados imidazólicos são drogas de primeira linha no tratamento da vaginose bacteriana. Outra opção terapêutica é a clindamicina 300 mg, por via oral, a cada 12 horas, ou em creme a 2%, uma vez à noite, por 3 dias. Os diferentes esquemas para tra- tamento de vaginose bacteriana podem ser observados na tabela 1. Tabela 1. Esquemas posológicos para tratamento da vaginose bacteriana Esquema posológico CURA (%) Metronidazol 800 – 1200 mg/7 dias 90 Metronidazol 2000 mg/dose única 90 Metronidazol 0,75% creme7 dias 90 Clindamicina 2% creme/7 dias 90 Fonte: McDonald HM, Brocklehurst P, Gordon A. Antibiotics for treating bacterial vaginosis in pregnancy. Cochrane Database Syst Rev. 2007 Jan;1(1):CD000262.33) 14 Vulvovaginites na gestação Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 Alguns estudos apontam que a vaginose bacteriana está as- sociada ao aumento dos riscos maternos fetais, tais como aborta- mento espontâneo, prematuridade, rotura prematura de mem- branas e infecções puerperais. Porém a efetividade do tratamento da vaginose bacteriana na redução desses desfechos ainda é con- traditória.(33) Larson et al. avaliaram a possiblidade de encontrar marcadores antenatais para o desenvolvimento de vaginose bacte- rina, todavia nenhum marcador estudado mostrou-se e� caz para o rastreio dessa infecção na gestação. Observou-se que mulheres tabagistas ou que interromperam o hábito de fumar imediatamen- te antes da gravidez apresentaram maior prevalência de vaginose bacteriana. (10) Candidíase e gestação A candidíase é uma causa frequente de vulvovaginite, acredita-se que 75% das mulheres irão experimentar pelo menos um episó- dio durante a vida. A taxa de prevalência pode variar entre 2,2% a 30%(10) e, na gestação, pode-se observar mais de 40% das mulheres colonizadas por cândida.(27,34,35) Parven registrou 38% de mulheres com candidíase, sendo 27% sintomáticas e 11% assintomáticas, não existindo diferença na prevalência quando avaliado o trimes- tre gestacional.(36) Fora da gravidez, Gamarra et al. (37) registraram que as espé- cies de fungo mais comumente isoladas foram: C. albicans (85,2%) seguida por C. glabrata (5%), Saccharomyces cerevisiae (3,3%) e C. dubliniensis (2,5%). A gestação propicia a candidíase em virtude das alterações hormonais, da maior umidade local e das alterações imunológicas imputadas pelo estado gravídico.(36,38) 15 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 O diagnóstico de candidíase pode ser facilmente realizado pela observação de hifas e esporos na lâmina a fresco, pH abaixo de 4,5 e teste das aminas negativo. A classi� cação pelo Gram evidencia � ora vaginal do tipo 1. A cultura está indicada na recorrência de infecção ou na falha terapêutica, assim, devendo ser realizada em meio especí� co. (38) O tratamento da candidíase na gravidez deve ser realizado preferencialmente com imidazólico tópico, não sendo identi� cada diferença quanto à superioridade entre eles. A taxa de cura alcança 90% com tratamento por sete dias (Tabela 2).(39) Tabela 2. Opções terapêuticas tópicas na candidíase Droga Posologia Butoconazol Clotrimazol Miconazol Tioconazol creme 2% creme 1% creme 2% creme 2% 5 g por 3 dias 5 g 7 -14 dias 5 g por 7 dias 5g por 3 dias Terconazol creme 0,4 5 g por 7 dias Terconazol creme 0,8 5 g por 3 dias Nistatina 10.000 U 14 dias Fonte: Saporiti AM, Gómez D, Levalle S, Galeano M, Davel G, Vivot W, et al. [Vaginal candidiasis: etiology and sensitivity pro� le to antifungal agents in clinical use]. Rev Argent Microbiol. 2001;33(4):217–22. Spanish.39) Apesar de o � uconazol, por via oral, não ser a droga de pri- meira escolha no tratamento da candidíase durante a gestação, não foi evidenciado aumento do risco de má-formação em fetos de gestantes expostas à droga no primeiro trimestre.(40,41) Com re- lação aos desfechos gestacionais da gravidez, não é reconhecido o valor da colonização fetal por cândida. O tratamento é indicado em pacientes sintomáticas para minimizar os riscos de � ssuras e a irritação local. Dados de 2012 sugerem uma diferença signi� ca- tiva dos episódios de candidíase vaginal nos diferentes trimestres. Fardiazar et al. reportaram um aumento signi� cativo de candidí- 16 Vulvovaginites na gestação Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 ase vaginal no 3º trimestre (2,16 +/- 0,63) em comparação ao 1º trimestre (0,17 +/- 0,48) e 2º trimestres (0,92 +/- 0,76) (42). Já em 2017, Sangaré et al. pesquisando 229 grávidas na rotina de pré- natal, encontraram uma prevalência de colonização vaginal por fungos de 22,71% (95% CI [17,45-28,69]). A Candida albicans esta- va presente em 40,39%das culturas; e as espécies não albicans em 59,61% dos isolamentos (C. glabrata-32,69%, C. tropicalis-15,38% e C. krusei-11,54%).(43), Tricomoníase e gestação O Trichomonas vaginalis é um protozoário de transmissão sexual com tropismo para o trato urogenital. Estima-se a ocorrência de 120 milhões de casos em mulheres por ano. Na gestação é a ter- ceira causa mais frequente de vulvovaginite, com prevalência de 4% em gestantes assintomáticas no curso do segundo trimestre de gestação.(28) A colonização vaginal por tricomonas pode apresentar-se sem sintomas, mas, frequentemente, manifesta-se por vaginite sinto- mática intensa, com a presença de corrimento amarelo-esverdeado, irritação vulvar e uretral e dispareunia profunda. O diagnóstico é realizado facilmente pela identi� cação do parasita móvel e � agelado na lâmina a fresco. O teste das aminas pode ser positivo, e o pH al- cança valores maiores que 4,5. Técnicas mais sensíveis como cultura, imuno� uorescência ou imunoensaio não se mostram mais efetivas em função do custo e tempo dispendidos para sua realização.(2) A droga de escolha para o tratamento da tricomoníase é o me- tronidazol, que deve ser administrado preferencialmente por via oral. Não foi demostrada diferença na efetividade terapêutica do metronidazol quanto ao esquema em dose única ou por sete dias. 17 Giraldo PC, Amaral RL, Gonçalves AK, Eleutério Júnior J Protocolos Febrasgo | Nº95 | 2018 Outros imidazólicos como tinidazol, ornidazol e nimorazol tam- bém mostraram-se efetivos no tratamento da tricomoníase, não havendo diferença entre eles. O uso do metronidazol, por via oral, está contraindicado no primeiro trimestre de gestação, podendo ser prescrito o metronidazol em uso tópico por sete dias.(34-36) Estudos sugerem a associação da tricomoníase com prematuri- dade e baixo peso ao nascimento, porém o tratamento de gestantes assintomáticas não foi e� caz para redução desses desfechos, sendo que o uso de metronidazol evidenciou aumento da taxa de prema- turidade. Tal fato ainda não foi explicado, mas sugere-se que a mu- dança da � ora promovida pelo uso de antibióticos ou a produção de substâncias tóxicas derivadas da morte do parasita possam ser os responsáveis pelo fato. (36) O tratamento de gestantes sintomáticas justi� ca-se devido ao fato de que a quebra da barreira mucosa da vagina aumenta o ris- co de transmissão do vírus da imunode� ciência adquirida e outras ISTs.(1,2,18) As taxas de cura aumentam com o tratamento do par- ceiro, sendo esta uma excelente oportunidade para rastrear outras ISTs e preconizar medidas de prevenção.(44) Referências 1. Gonçalves AK, Giraldo PC, Cornetta MC, Linhares IM, Amaral RL. Mecanismos de defesa vaginal. In: Martins NV, Ribalta JC. Patologia do trato genital inferior: diagnóstico e tratamento. 2a ed. São Paulo: Roca; 2014. p.59-62. 2. Giraldo PC. Gonçalves AK, linhares IM, Cornetta MC, Giraldo HP. Corrimento genital: Diagnóstico clínico e laboratorial. In: Martins NV, Ribalta JC. Patologia do trato genital inferior: diagnóstico e tratamento. 2a ed. São Paulo: Roca; 2014. p.80-83. 3. Witkin SS. Vaginal microbiome studies in pregnancy must also analyse host factors. BJOG. 2019;126(3):359. 4. Faro S. 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