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Vícios Redibitórios Fundamentação Jurídica Princípio da GARANTIA – O ALIENTANTE SERÁ O GARANTE DE PLENO DIREITO DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS, assegurado ao adquirente a POSSE ÚTIL da coisa MÓVEL ou IMÓVEL; Tutela do CONTRATANTE => concretização do princípio do EQUILÍBRIO CONTRATUAL => preservação da equivalência material dos contratos; conservação do sinalagma; Tutela da BOA FÉ OBJETIVA=> a parte deve ter uma padrão de conduta que crie legítimas expectativas na contra parte, independente da boa fé subjetiva; DEVER DE INFORMAÇÃO => cabe ao alienante comunicar ao adquirente todas as circunstâncias que permeiam o negócio jurídico; Vícios Redibitórios Conceito: VÍCIO OCULTO que acomete a coisa transferida em CONTRATOS COMUTATIVOS, tornando-a: A) IMPRÓPRIA PARA O USO A QUE SE DESTINA; B) REDUZINDO-LHE O VALOR; Ex.: touro reprodutor estéril: uma pessoa adquiriu um touro reprodutor e depois descobriu que o mesmo era estéril. CONTRATOS COMUTATIVOS => em que há um conhecimento prévio das prestações recíprocas, com relativo equilíbrio entre a prestação e contraprestração. => Quebra da justiça contratual – causando desequilíbrio entre as prestações; Abrange todos os tipos contratuais, principalmente os translativos de propriedade, tais como: CONTRATO DE COMPRA E VENDA; CONTRATO DE PERMUTA; DAÇÃO EM PAGAMENTO; CONTRATO DE SOCIEDADE; Doação DOAÇÃO PURA – Contrato Unilateral e gratuito – ato de pura liberalidade em que o doador experimenta um empobrecimento voluntário. Art. 552; “Cavalo dado, não se olha os dentes” CONTRATO DE DOAÇÃO ONEROSA – há uma contraprestação a ser realizada pelo donatário, decorrente de um encargo que lhe é imposto; Haverá uma redução do benefício do donatário – não mais justificando a preservação do encargo; CONTRATOS ALEATÓRIOS Aplica-se aos contratos COMUTATIVOS => possuem prestações pré –estimadas; Não se aplica aos contratos ALEATÓRIOS; Art. 441 – a coisa recebida em virtude de contrato COMUTATIVO pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem impróprias para o uso a que é destinado ou diminuam o valor; Requisitos =>Demonstração da EFETIVA INCAPACITAÇÃO DO OBJETO ADQUIRIDO, ou seja a GRAVIDADE DO VÍCIO; Nos repertórios de jurisprudência encontram-se alguns exemplos de defeitos considerados graves: a esterilidade de touro adquirido como reprodutor, o excessivo aquecimento do motor de veículo nos aclives, as frequentes inundações em virtude de chuvas de terreno destinado a construção de residência, sacos adquiridos para embalar produtos consumíveis apresentando cheiro intolerável etc. VÍCIO OCULTO Aquele EFETIVAMENTE DESCONHECIDO pelo adquirente ao tempo da contratação; Caso o vício seja de OSTENSIVO E APARENTE presume-se que houve DESÍDIA DO ADQUIRENTE QUANDO DA CONTRATAÇÃO ou RENÚNCIA À GARANTIA POIS ANSIAVA RECEBER O BEM DE QUALQUER MANEIRA; Não pode alegar vício redibitório, por exemplo, o comprador de um veículo com defeito grave no motor, se a falha pudesse ser facilmente verificada com um rápido passeio ao volante, ou a subida de uma rampa, e o adquirente dispensou o test-drive. VÍCIO OCULTO + CONHECIDO PELO ADQUIRENTE => AÇÃO REDIBITÓRIO IMPROCEDENTE; PRÉ –EXISTÊNCIA DO VÍCIO Caberá ao adquirente o ÔNUS PROBATÓRIO da anterioridade do VÍCIO. Aplicando a norma, concluiu o Tribunal do Distrito Federal que “assim, mesmo em se tratando de veículo com quase dez anos de uso, deve o alienante responder pelo defeito oculto no motor, o qual após dois meses da venda veio a fundir, necessitando de retífica completa” (TJDF, Recurso Cível 2007.06.1.004531-8, Acórdão 339.162, 2.ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, Rel. Juiz Jesuíno Rissato, DJDFTE 21.01.2009, p. 170). DESCONHECIMENTO DO DEFEITO PELO ADQUIRENTE => Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente — Presume-se, se os conhecia, que renunciou à garantia. A expressão “vende-se no estado em que se encontra”, comum em anúncios de venda de veículos usados, tem a finalidade de alertar os interessados de que não se acham eles em perfeito estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior. Ações EDILÍCIAS O adquirente da coisa viciada terá duas opções: A) REDIBIR O NEGÓCIO JURÍDICO B) OBTER O ABATIMENTO DA PRESTAÇÃO – AÇÃO ESTIMATÓRIA; AÇÃO REDIBITÓRIA DEVOLUÇÃO DA COISA + RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS AO ALIENANTE; DIREITO POTESTATIVO À RESCISÃO CONTRATUAL; VÍCIO NO OBJETO PERECIMENTO DA COISA Ainda que o adquirente não possa restituir a coisa portadora de defeito, por ter ocorrido o seu perecimento (morte do animal adquirido, p. ex.), a “responsabilidade do alienante subsiste”, se o fato decorrer de “vício oculto, já existente ao tempo da tradição” (CC, art. 444). No exemplo citado, o adquirente terá de provar que o vírus da doença que vitimou o animal, por exemplo, já se encontrava encubado, quando de sua entrega. Não há faculdade da ação => apenas a ação REDIBITÓRIA; - Art. 444: se por causa do vício oculto a coisa perecer, subsiste a responsabilidade do alienatário. Interpretação a contrario sensu. se a coisa perece por outra razão, não subsiste a responsabilidade do alienatário, até pela impossibilidade de provar. TRATAMENTO DA BOA FÉ SUBJETIVA ART 433 VENDEDOR DE BOA FÉ => PREÇO + DESPESAS DO CONTRATO; VENDEDOR DE MÁ FÉ => PREÇO + DESPESAS DO CONTRATO + PERDAS E DANOS; Observações Importantes Cláusula excludente de vício redibitório: essa cláusula será NULA nos contratos de consumo e de adesão; a validade de tais cláusulas ficará restrita aos contratos paritários. - Doação contemplativa de casamento: pessoa que oferece uma doação para que uma certa pessoa case consigo ou com uma terceira pessoa. Nesse caso deverá ser garantida a integridade da coisa doada; art. 552. PRAZOS DECADENCIAIS Vício redibitório de FÁCIL constatação: - se móvel – 30 DIAS; - se imóvel – 01 ano; - contados da tradição. Vício redibitório de DIFÍCIL constatação: - se móvel 180 dias; - se imóvel – 01 ano; - contados da descoberta do vício. Contagem do prazo pela metade Trata da hipótese em que o adquirente já estava na posse do bem e depois se torna dono, hipótese em que o prazo conta-se da alienação reduzido à metade. Quando o sujeito já estava na posse e depois se torna dono, isso é chamado tradição breve manu, quando o possuidor direto consolida a posse indireta em suas mãos e passa a ser possuidor pleno. Um exemplo é o do locatário que compra o imóvel alugado. Nesses casos, a lei prevê um prazo para garantia contra vício redibitório, que é a metade do prazo comum; EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE [CIDADE]/[ESTADO] __________, brasileiro, solteiro, autônomo, portador da Identidade de nº xxxxxxx, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº yyyyyyyy, residente e domiciliado na Rua Rolando Volante, nº 35, bairro Malemolência, na cidade de Boleiros/ST, por meio de sua advogada que esta subscreve, constituída na forma do incluso instrumento de Procuração ad judicia, (doc. Anexo), com escritório profissional na Rua Socorro da Salvação, nº.: 29, bairro Causas Impossíveis, Boleiros/ST; CEP: zzzzzzzz, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 441 e 443 do Código Civil, ajuizar a presente: AÇÃO REDIBITÓRIA C/C PERDAS E DANOS Em face de __________, residente e domiciliado na Rua Deus é Fiel, nº 01, bairro Salmo 23, Município de Boleiros/ST, CEP: zzzzzzz, alicerçando-se para tal mister, nos fatos e fundamentos abaixo elencados: DOS FATOS O Requerente, no dia 12 de fevereiro de 2014, adquiriu um apartamento, no valor de R$150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), na Rua da Raposa, nº 03, bairro Títulos, por meio de contrato comutativo, vendido pelo Requerido. O requerente pagou R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) no ato da compra e financiou o restante em 20 parcelas fixas de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com vencimentos todo dia 19 dos meses subsequentes. Todavia, apóstrês dias de uso, o apartamento começou a apresentar vazamentos no banheiro e na cozinha, sendo avisado o Requerido do ocorrido, que contratou um encanador para resolver o problema. Ocorre que, cerca de menos de um mês após o conserto, os vazamentos voltaram nos mesmos locais e também no quarto do Requerente. Este procurou novamente o Requerido, que, dessa vez, escusou-se de providenciar o conserto, dizendo que não mais era de sua responsabilidade eventuais defeitos apresentados no imóvel. Dessa forma, o Requerente procurou, por conta própria (documentos anexos), um profissional habilitado para reter o vazamento. Foi quando o Requerente descobriu que o problema era anterior à compra do imóvel, e ocorreu no momento da construção do apartamento, uma vez que não foram utilizados tubos de conexão resistentes e tampouco bem colocados, conforme devidamente comprovado nos documentos anexos. Além disso, ao saber do ocorrido, um vizinho relatou ao Requerente que o mesmo problema já havia ocorrido com o antigo proprietário (é dizer, o Requerido), e por isso ele resolveu vender o apartamento. Portanto, fica comprovada a má-fé do alienante, pois ele tinha ciência do vício e não informou ao Requerente quando este realizou a compra. DO DIREITO Sabendo tratar-se de vício redibitório, é dizer, vício oculto, que não pode ser percebido de maneira aparente pelo homem médio, decorrendo de defeitos que tornem a coisa imprópria ao uso ou lhe diminua o valor, presentes antes ou no momento da tradição (art.441, CC/02). Em se tratando de vício que tornou impossível habitar no apartamento, o Requerente enseja a ação redibitória, para redibir o contrato e, assim, rejeitar a coisa, sendo ressarcido pelo que já pagou. Dessa forma, é cabível ao Requerente, anular judicialmente uma venda ou outro contrato comutativo em que a coisa negociada foi entregue com vícios ou defeitos ocultos, que impossibilita o uso ao qual se destina, que lhe diminuem o valor (FERREIRA: 1986, 1467). Em relação ao assunto, afirma Sílva Sanchez: O propósito do legislador, ao disciplinar esta matéria, é o de aumentar as garantias do adquirente. De fato, ao proceder à aquisição de um objeto, o comprador não pode, em geral, examiná-lo com a profundidade suficiente para descobrir os possíveis defeitos ocultos, tanto mais que, via de regra, não tem a posse da coisa. Por conseguinte, e considerando a necessidade de rodear de segurança as relações jurídicas, o legislador faz o alienante responsável pelos vícios ocultos da coisa alienada. DA TEMPESTIVIDADE Consoante o art. 445, caput, CC/02: O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. Em se tratando de bem imóvel, é possível conferir que o Requerente interpela a ação dentro do prazo referido no art. 445, caput. DO PEDIDO Por todo o exposto, PEDE e REQUER a Vossa Excelência: a)- Que seja citado o réu para propor contestação no prazo determinado ou para pagamento do valor do imóvel, bem como da indenização pelos danos causados; b)- Que seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, condenando o Requerido ao pagamento das custas processuais, bem como ao pagamento dos honorários de sucumbências a ser fixado por esse r. juízo; c)- Requer ainda o Autor os benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei 1060/50, por ser pobre em sentido jurídico, não podendo arcar com as custas e despesas processuais. Provará o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito. Dá-se a presente causa o valor de R$___,__ (valor por extenso). Nesses Termos, Pede Deferimento. Caso Concreto adaptado por Eduardo Madruga (OAB 2010.1) Edson, após se dirigir à oficina mecânica e descobrir que sua moto estava prestes a bater, vendeu o veículo de sua propriedade a Bruna. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referido veículo fundiu. Edson, embora conhecesse o problema , não informou a Bruna e, ainda, vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, que depende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, e ainda o utilizava como renda suplementar para atender demandas de transporte para o aplicativo UBER, procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a(s) medida(s) judicial(is) cabível(is) e aplique esse caso concreto ao modelo de peticão a seguir: GARANTIA CONVENCIONAL Em síntese, haverá cumulação de prazos, fluindo primeiro o da garantia convencional e, após, o da garantia legal. Se, no entanto, o vício surgir no curso do primeiro, o prazo para reclamar se esgota em trinta dias seguintes ao seu descobrimento. Significa dizer que, mesmo havendo ainda prazo para a garantia, o adquirente é obrigado a denunciar o defeito nos trinta dias seguintes ao em que o descobriu, sob pena de decadência do direito.
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