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Regulação emocional e depressão As crianças ou adolescentes deprimidos apresentam um conjunto de dificuldades no processamento e regulação de respostas emocionais. Segundo a teoria cognitiva da depressão, as tendências afetivas (affective biases) estão relacionadas com o início e manutenção da depressão. Deste modo o desenvolvimento da atenção é um processo importante na regulação emocional ajudando, por exemplo a “desviar a atenção de um estímulo emocionalmente angustiante”, sendo por isso importante na auto perceção do individuo, na visão que este tem do futuro e do mundo (John & Gross, 2007; Gotlib & Joormann, 2010; Mathews & MacLeod, 2005 cit in Rice et al., 2017). Segundo Cruvinel & Boruchovitch1 (2011) as crianças com sintomatologia depressiva “tendem a ter pouco controlo de suas emoções e normalmente usam estratégias de regulação das emoções ineficazes” podendo, deste modo, a forma como a criança administra as emoções estar diretamente relacionada com a propensão para a depressão (Asarnow, Carlson, & Guthrie, 1987; Borges et al, 2006; Burwell & Shirk; 2007; Li, DiGiuseppe, & Froh, 2006; Miller, 2003 cit in Cruvinel & Boruchovitch1, 2011). Através de diversos estudos foi possível concluir que as crianças e adolescentes têm uma preferência por estímulos positivos evitando os negativos ou com características infelizes pois estes, tendem a ser mais sensíveis e a detetarem com mais facilidade rostos tristes. No caso de ocorrer uma preferência por estímulos positivos por parte dos jovens deprimidos, existe possibilidade de haver uma forma rudimentar de regulação emocional (Gibb, Benas, Grassia e McGeary, 2009; Joormann, Talbot e Gotlib, 2007b; Kyte, Goodyer e Sahakian, 2005; Schepman, Taylor, Collishaw, & Fombonne, 2012; Cohn & Tronick, 1983 cit in Rice et al., 2017). Funcionamento executivo e regulação emocional Segundo Rice et al. (2012) o funcionamento executivo inicia nos primeiros anos de vida da criança continuando até a idade adulta e está envolvido no processamento e no controlo das emoções, existindo evidencias de que as crianças e adolescentes com depressão padronizam operações cognitivas como a atenção, a memória, a tomada de decisão e atitudes que podem assim dificultar o acesso entre as emoções negativas e positivas (Best & Miller, 2010 cit in Rice et al., 2017). As funções executivas são um conjunto de processos mentais que possibilitam direcionar comportamentos para objetivos, realizando atos voluntários. Deste modo, o controlo inibitório, a memória de trabalho e a flexibilidade mental, que são as principais funções executivas, têm um papel importante na regulação emocional podendo estar envolvidas na depressão (Diamond, 2013; Hughes, Graham & Grayson, 2004; cit in Rice et al., 2017). Existem pesquisas que mostraram que crianças e adolescentes diagnosticados com perturbação depressiva possuem um desempenho deficitário no funcionamento executivo, sendo o controlo emocional um fator de risco para o desenvolvimento da depressão. Desse modo as emoções negativas e as dificuldades de regulação do humor característicos das crianças e adolescentes deprimidos podem ser justificados pelo deficit de funcionamento das funções executivas (Wagner, Müller, Helmreich, Huss & Tadić, 2014; Davidovich et al., 2015; Joormann, Talbot & Gotlib, 2007a; Kilford et al., 2015; Harmer, Goodwin, & Cowen, 2009; Roiser et al., 2012 cit in Rice et al., 2017). A reavaliação e a analise de um problema através de um ponto de vista diferente com o objetivo de mudar ou interpretar outras perspetivas constitui uma estratégia eficaz de regulação do humor, tendo por base a flexibilidade mental. Pesquisas indicam que a capacidade de reavaliar cognitivamente uma situação através de uma estratégia de regulação emocional está diretamente associado ao “funcionamento executivo, como memória de trabalho” (Kross, Ayduk, & Mischel, 2005; McRae, Jacobs, Ray, John, & Gross, 2012; Ochsner & Gross, 2008 cit in Rice et al., 2017). Bibliografia extra Cruvinel, M., & Boruchovitch, E. (2011). Regulação emocional em crianças com e sem sintomas de depressão. Estudos de Psicologia, 16(3), 219–226. Acedido a 10 de dezembro de 19 em http://www.scielo.br/pdf/epsic/v16n3/03.pdf
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