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Apostila Prefeitura RIO 2019 Macronutrientes

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O aparelho digestivo ou trato gastrointestinal (TGI), é o 
sistema que é responsável por obter dos alimentos 
ingeridos os nutrientes necessários às diferentes funções 
do organismo, como crescimento, energia para 
reprodução, locomoção, etc. 
 
É composto por um conjunto de órgãos que têm por 
função a realização da digestão. O tubo digestivo é 
composto pelo trato gastrointestinal superior, trato 
gastrointestinal inferior e glândulas acessórias (anexas), o 
trato digestório está representado na figura 01. 
 
O trato gastrointestinal superior é composto pela boca, 
pela faringe, pelo esôfago e pelo estômago. 
 
Na boca, ocorre o processo de mastigação que e ainda 
faz os movimentos impulsionatórios que ajudam a deglutir 
o alimento, fazendo-o passar ao esôfago. 
 
A faringe pertence tanto ao sistema respiratório como 
ao digestório. Ela auxilia no processo de deglutição. O 
esôfago é o canal de passagem para onde o bolo 
alimentar é empurrado por meio de contrações musculares 
(movimentos peristálticos) até o estômago. 
 
No estômago, inicia-se o processo de quimificação. O 
estômago é um órgão em formato de bolsa com o ph em 
torno de 2,0 (muito ácido). O bolo alimentar torna-se mais 
líquido e ácido passando a se chamar quimo e vai sendo, 
aos poucos, encaminhado para o duodeno, via esfíncter 
pilórico.. 
 
O trato gastrointestinal inferior é composto por 4 
órgãos: 
 
intestino delgado 
intestino grosso 
reto 
ânus 
 
Ao tubo digestivo estão associadas glândulas que 
produzem sucos digestivos ricos em enzimas e outras 
substâncias que ajudam a dissolver os alimentos. As 
glândulas/órgãos/estruturas anexas são: 
 
Glândulas salivares 
Glândulas gástricas (na parede interna do estômago) 
Glândulas intestinais (na parede interna do intestino 
delgado) 
Pâncreas 
Fígado 
 
Trato gastrointestinal (TGI) possui funções de: 
 
1. Extrair macronutrientes, água e etanol dos alimentos e 
bebidas ingeridos  a esta função denominamos função 
nutritiva; 
 
2. Absorver micronutrientes e oligoelementos necessários 
 para isto devemos possuir função mínima de digestão, 
pois muitos micronutrientes estão complexados aos 
macronutrientes, por exemplo, a vitamina B12 que está 
complexada à proteínas alimentares de origem animal; 
 
3. Barreira física e imunológica  a esta função temos o 
paradigma da Nutrição Defensiva, uma vez que o muco e a 
integridade epitelial compõem a nossa barreira física 
(primeira barreira frente a microrganismos e toxinas), além 
disso, o microbioma intestinal benéfico (lactobacilos e 
bifidobactérias), o sistema linfóide associado à mucosa 
(produtora de IgA secretória) e as células de Kupfer em 
fígado (reservatórios de células do sistema leucocitário, 
como monócitos, macrófagos e linfócitos) compõe nossa 
barreira imunológica; 
 
4. Funções reguladoras e metabólicas  o TGI secreta 
hormônios e peptídeos que possuem função reguladora ou 
metabólica, como a grelina que é um hormônio produzido 
pelas células gástricas que estimula o ato de se alimentar, 
a colecistoquinina, hormônio produzido por células 
intestinais que possui receptores em cérebro e atua 
promovendo saciedade. 
 
 A digestão dos alimentos é realizada pela hidrólise, por 
ação de enzimas, os cofatores HCl, bile e bicarbonato de 
sódio sustentam o processo digestivo e absortivo. 
 
As enzimas digestivas, primariamente exoenzimas, são 
sintetizadas dentro de células especializadas na boca, 
estômago, pâncreas e intestino delgado, sendo liberadas 
para catalisar a hidrólise de nutrientes nas áreas externas 
à célula e as endoenzimas estão localizadas nas 
membranas das lipoproteínas das células das mucosas e 
se ligam aos substratos conforme entram na célula. 
 
. 
 
Fig. 1: Trato digestório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIGESTÃO, ABSORÇÃO, TRANSPORTE E EXCREÇÃO DE NUTRIENTES 
 
Prof. José Aroldo Filho 
goncalvesfilho@nutmed.com.br 
 
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Tabela 1: Resumo da digestão e absorção enzimática. 
Secreção e fonte de 
secreção 
Enzima Substrato Ação e produtos 
resultantes 
Produtos finais 
absorvidos 
Saliva das glândulas 
salivares na boca 
Ptialina (amilase 
salivar) 
Amido 
Hidrólise para formar 
dissacarídeos, 
dextrinas e 
oligossacarídeos 
ramificados 
- 
Suco gástrico das 
glândulas gástricas 
presentes na mucosa 
estomacal 
Pepsina (pepsinogênio 
ativado) 
Proteína (na presença 
de ácido clorídrico) 
Hidrólise das ligações 
peptídicas para formar 
polipeptidios e 
aminoácidos 
- 
Lipase gástrica 
Gordura 
(especialmente de 
cadeia mais curta) 
Hidrólise para formar 
Ácidos graxos livres 
- 
Secreção exócrina do 
pâncreas (suco 
pancreático) 
Lipase 
Gordura (na presença 
de sais biliares) 
Hidrólise para formar 
monoacilgliceróis e 
ácidos graxos livres, 
incorporados nas 
micelas 
Ácidos graxos nas 
células da mucosa, 
reesterificados como 
triglicerídeos 
Colesterol esterase Colesterol 
Hidrólise para formar 
ésteres de colesterol e 
ácidos graxos livres, 
incorporados nas 
micelas 
Colesterol nas células 
de mucosa; 
transferidos para os 
quilomicrons 
α-amilase Amidos e dextrinas 
Hidrólise para formar 
dextrina e maltose 
- 
Tripsina (tripsinogênio 
ativado) 
Proteínas e 
polipeptídeos 
Hidrólise das ligações 
peptídicas interiores 
para formar 
polipeptídeos 
- 
Quimiotripsina 
(quimiotripsinogênio 
ativado) 
Proteínas e peptídeos 
Hidrólise das ligações 
peptídicas interiores 
para formar 
polipeptídeos 
- 
Carboxipeptidase Polipeptídeos 
Hidrólise das ligações 
peptídicas terminais 
para formar 
aminoácidos 
Aminoácidos 
Ribonuclease e 
desoxirribonuclease 
Ácidos ribonucleicos e 
ácidos 
desoxirribonucleicos 
Hidrólise para formar 
mononucelotídeos 
Mononucleotídeos 
Elastase Proteína fibrosa 
Hidrólise para formar 
peptídeos e 
aminoácidos 
Aminoácidos 
Enzimas do intestino 
delgado 
(principalmente da 
borda em escova) 
Carboxipeptidase, 
aminopeptidase e 
dipeptidase 
Polipeptídeos 
Hidrólise das ligações 
peptídicas terminais 
para formar 
aminoácidos 
Aminoácidos 
Enterocinase Tripsinogênio Ativa a tripsina 
Dipeptídeos e 
tripeptídeos 
Sacarase Sacarose 
Hidrólise para formar 
glicose e frutose 
Glicose e frutose 
α-dextrinase 
(isomaltase) 
Dextrina (isomaltose) 
Hidrólise para formar 
glicose 
Glicose 
Maltase Maltose 
Hidrólise para formar 
glicose 
Glicose 
Lactase Lactose 
Hidrólise para formar 
glicose e galactose 
Glicose e galactose 
Nucleotidase Ácidos nucleicos 
Hidrólise para formar 
nucleotídeos e fosfatos 
Nucleotídeos 
Mucleosidase e 
fosforilase 
Nucleosídeos 
Hidrólise para formar 
purinas, pirimidinas e 
pentose fosfato 
Bases de purinas e 
pirimidinas 
 
A atividade GI é regulada por mecanismos neurais e 
hormonais. O controle neural da atividade secretória e 
contrátil consiste de um sistema localizado na parede 
intestinal – sistema nervoso entérico – e de um sistema 
externo de fibras nervosas (SNA). De acordo com a 
composição do quimo, têm-se estímulos através de 
neurotransmissores. O controle hormonal é dado mediante 
a presença do bolo/quimo ao longo do TGI. 
 
3 
 
 
Tabela 2: Principais Neurotransmissores na Nutrição Humana e suas ações. 
Neurotransmissor Local de liberação Ações primárias 
Ácido α-aminobutírico Sistema nervoso central Relaxa o esfíncter esofágico inferior 
Noradrenalina (noraepinefrina) Sistema nervoso central, medula 
espinhal, nervos simpáticos 
Diminui a motilidade, aumenta a 
contração dos esfíncteres, inibe as 
secreções 
Acetilcolina Sistema nervoso central, sistema 
autônomo, outros tecidos 
Aumenta a motilidade, relaxa os 
esfíncteres, estimula as secreções 
Neurotensina Trato GI, sistema nervoso central Inibe a liberação do esvaziamento 
gástrico e secreção ácida 
Neuropeptídeo Y Sistema nervoso central, sistema 
autônomo 
Estimula o comportamento de 
alimentar-se 
Seretonina (5-TH) Trato GI, medula espinhal Facilita a secreção e peristaltismo 
Óxido nítrico Sistema nervoso
central e trato GI Regula o fluxo sanguíneo, mantém o 
tônus muscular e a atividade motora 
gástrica 
Substância P 
 
 
 
Intestino, sistema nervoso central, pele 
 
 
Aumenta a percepção sensorial 
(principalmente dor) e o peristaltismo 
 
 
Tabela 3: Hormônios TGI e suas funções 
Hormônio Local de liberação Estimulantes para 
liberação 
Órgãos afetados Efeitos nos órgãos 
Gastrina Mucosa gástrica, 
duodeno 
Peptídeos e 
aminoácidos, cafeína, 
distensão do antro, 
algumas bebidas 
alcoólicas, nervo vago 
Estômago, 
esôfago e todo 
TGI 
 
 
 
Vesícula biliar 
 
Pâncreas 
-Estimula a secreção de ácido 
hidroclorídrico e pepsinogênio, 
aumenta a motilidade gástrica 
antral e aumenta o tônus do 
esfíncter esofágico inferior 
-Estimula fracamente a 
contração da vesícula biliar 
-Estimula fracamente a 
secreção pancreática de 
bicarbonato 
Secretina Mucosa duodenal Ácido no intestino 
delgado 
Pâncreas 
 
 
 
 
Duodeno 
-Estimula a eliminação de água 
e bicarbonato e aumenta a 
liberação de insulina e algumas 
secreções de enzimas 
pancreáticas 
-Diminui a motilidade e aumenta 
a eliminação de muco 
Colecistocinina 
(CCK) 
Intestino delgado 
proximal 
Peptídeos, aminoácidos, 
gordura e ácido 
hidroclorídrico 
Pâncreas 
 
Vesícula biliar 
 
Estômago 
 
 
Cólon 
-Estimula a secreção de 
enzimas pancreáticas 
-Causa a contração da vesícula 
biliar 
-Torna mais lento o 
esvaziamento gástrico 
 
-Aumenta a motilidade 
Podem mediar o 
comportamento alimentar 
GIP 
(polipeptídeo 
insulinotrópico 
dependente de 
glicose) 
Intestino delgado Glicose e lipídio Estômago e 
pâncreas 
 
 
-Inibe a secreção de ácido 
gástrico estimulada pela 
gastrina 
GLP-1 
(polipeptídeo 
semelhante ao 
glucagon) 
Intestino delgado Glicose e lipídio Estômago e 
pâncreas 
 
Prolonga o esvaziamento 
gástrico. Inibe a liberação de 
glucagon. Estimula a liberação 
de insulina 
Motilina Estômago, intestinos 
delgado e grosso 
Secreções biliares e 
pancreáticas 
Estômago, 
Intestinos delgado 
e grosso 
-Promove o esvaziamento 
gástrico e a motilidade do TGI 
Somatostatina Estômago, pâncreas e 
porção superior do 
intestino delgado 
Acidez gástrica e 
duodenal e produtos da 
digestão de proteína e 
gordura 
Estômago, 
pâncreas, 
intestino delgado 
e vesícula biliar 
-Inibe a liberação de gastrina, 
motilina e secreções 
pancreáticas, diminui a 
motilidade e as contrações do 
TGI 
 
4 
 
 
MECANISMOS ABSORTIVOS 
 
 A absorção é um processo complexo que combina 
transporte ativo (com gasto energético) e o processo 
relativamente simples da difusão passiva. A difusão 
envolve o movimento ao acaso através das aberturas nas 
membranas das paredes da célula da mucosa, utilizando 
canais de proteína (difusão facilitada). 
 
O transporte ativo envolve o gasto de energia para 
movimentar íons ou outras substâncias, em combinação 
com uma proteína carreadora, contra um gradiente de 
concentração. A absorção de glicose, sódio, galactose, 
potássio, magnésio, fosfato, iodo, cálcio, ferro e 
aminoácidos ocorrem desta maneira. A pinocitose foi 
descrita como engolfar pequenas gotas de conteúdo 
intestinal pela membrana da célula epitelial. 
 
 
 
Fig. 2: Mecanismos de absorção: difusão simples e difusão facilitada (transporte passivo – a favor de um gradiente de 
concentração e sem gasto energético) e transporte ativo (contra um gradiente de concentração e com gasto de 
energia – ATP). 
 
Pacientes podem apresentar situações de absorção 
aumentada de carboidratos com fermentação colônica, 
caso sejam pacientes normais ou após cirurgias, como se 
observa nos exemplos abaixo. 
 
Em indivíduos normais, após o consumo de: 
Lactose, quando há deficiência de lactase; 
Fibra dietética; 
Amido resistente, olestra (poliéster de sacarose); 
Acarbose (inibidor de amilase); 
Pequenas quantidades de sorbitol, manitol, xilitol ou 
lactulose; 
Quantidades significantes de frutose; e 
Quantidades razoavelmente grandes de sacarose. 
 
Em pacientes com má absorção secundária a: 
Ressecção gástrica e ingestão modesta de açúcares e 
carboidratos; 
Insuficiência pancreática; 
Síndrome do Intestino Curto (SIC); 
Doença Inflamatória Intestinal (DII); 
Espru celíaco; e 
Deficiência de disscaridases. 
 
A fermentação de carboidrato e fibra mal absorvidos 
por micro-organismos colônicos promove a produção de: 
Ácidos graxos de cadeia curta (butirato, propionato, 
acetato e lactato); e 
Gases (hidrogênio, gás carbônico, nitrogênio e metano). 
 
A liberação de substratos residuais por meio da 
produção de AGCC (ácidos graxos de cadeia curta) é 
denominada salvamento colônico. 
 
Os ácidos graxos de cadeia curta servem como 
combustível e estimula a proliferação e diferenciação das 
células; reduz a osmolalidade, intensifica a absorção de 
sódio e água. A má absorção significante promove 
inchaço, distensão abdominal, flatulência, acidificação das 
fezes e, possivelmente, diarreia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 3: Sítios de absorção entéricos (duodeno, jejuno e íleo) e colônico de nutrientes. 
 
 
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BIOQUÍMICA E METABOLISMO DE 
CARBOIDRATOS (CHO) 
 
 São compostos extremamente abundantes na natureza, 
superados apenas pela água. Perfazem 50% das 
necessidades energéticas humanas. 
 
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO 
 
1.de acordo com a localização da carbonila: 
- aldose: carbonila no início da cadeia carbônica. Ex.: 
glicose, desoxirribose, galactose, manose e ribose. 
- Cetose: carbonila no segundo carbono. Ex.: frutose, 
ribulose e xilulose. 
 
2. de acordo com o número de carbonos: 
- trioses: 3C – gliceraldeído e diidroxicetona. 
- tetroses: 4C – eritrose e treose. 
- pentoses: 5C – ribose, arabinose, xilose, xilulose e 
ribulose. 
- hexoses: 6C – glicose, manose, galactose, frutose e 
sorbose. 
 
3. de acordo com o grau de polimeralização (número de 
unidades monoméricas): 
 
- monossacarídeos (n=1): os monossacarídeos não 
ocorrem normalmente como moléculas livres na natureza, 
mas como componentes básicos de dissacarídeos e 
polissacarídeos. Possuem baixo peso molecular, podendo 
conter de 3 a 7 carbonos, unidade única, sem conexão 
com outras subunidades. Glicose, galactose, frutose, 
manose, ribose e desoxirribose são os mais comuns. 
 
- D-Glicose é o maior monossacarídeo encontrado no 
organismo. A dextrose é a glicose produzida após hidrólise 
do amido de milho. 
- D-Frutose é chamada de levulose e é encontrada nas 
frutas, mel e no xarope de milho. Dietas com alto teor de 
frutose (em conjunto com outros fatores) poderia 
contribuir para obesidade, diabetes tipo 2 e síndrome 
metabólica. 
- D-Galactose é o último dos monossacarídeos de 
importância nutricional. Ë encontrada em produtos lácteos 
combinada com a glicose na forma de lactose. Alguns 
lactentes nascem com uma incapacidade de 
metabolizar galactose, condição denominada 
galactosemia. 
 A galactose também não depende de insulina para 
entrar nas células e é fosforilada em galactose-1-fosfato e 
convertida a glicose-6-fosfato entrando na glicólise. 
 
 As oses ribose, xilose e arabinose não ocorrem na 
forma livre nos alimentos. São derivados de pentosanas 
das frutas, ácidos nucléicos de produtos cárneos e frutos 
do mar. São raramente encontrados livres na natureza e 
estão tipicamente ligados em formas di- e polissacarídicas. 
Apenas uma fração das muitas estruturas de 
monossacarídeos formados na natureza pode ser 
absorvida e utilizada por seres humanos. 
 
- dissacarídeos (n=2): formados pela ligação glicosídica 
de 2 monossacarídeos com 6 átomos de carbono. 
 
 Precisam ser digeridos para serem absorvidos: 
sacarose, lactose, maltose e isomaltose. Possuem sabor 
adocicado. 
 
 O açúcar invertido também é uma forma natural de 
açúcar (por hidrólise resulta em partes iguais de glicose e 
frutose). Forma cristais menores que a sacarose e possui 
maior poder edulcorante quanto comparado com a 
sacarose. 
 
 O termo invertido decorre de uma característica
física da 
sacarose, que se altera durante o processo de hidrólise: 
originalmente, um raio de luz polarizada que incide sobre a 
D-sacarose. Após o processamento de inversão, a glicose 
(D+) e a frutose (L-) resultantes têm a propriedade 
conjunta de desviarem a luz para a esquerda; ou seja, o 
açúcar invertido é levogiro (L-). 
 
 Parece possuir um efeito sedativo, por estimulação da 
produção de serotonina. O mel é um açúcar invertido. 
 
- oligossacarídeos (2 < n < 10): principais: maltodextrina, 
inulina, oligofrutose, estaquiose, ciclo-hetaamilose. Com 
exceção da maltodextrina, os oligossacarídeos são 
resistentes à digestão. 
 
A rafinose, encontrada no açúcar da beterraba, é um 
trissacarídeo feito de galactose, glicose e frutose. 
 
A estaquiose é um tetrassacarídeo composto por duas 
galactoses, glicose e frutose. É encontrado em 
leguminosas e na abóbora. 
 
O dextrano e o levano são produtos bacterianos estruturais 
derivados de açúcares, inclusive sacarose e maltose. 
 
- polissacarídeo (n>10): também conhecidos como CHO 
complexos. São eles: amido, polissacarídeos não amido 
(fibras alimentares – pectinas, gomas e celulose) e 
glicogênio. 
 
 A ligação glicosídica é a ligação covalente entre as 
unidades de monossacarídeo. É sempre denominada por 
uma letra grega (α ou β) dependendo da posição dos 
átomos de H e da hidroxila (-OH) do carbono 1. È 
essencial para entender a digestibilidade de CHO. 
 
Os polissacarídeos são carboidratos com mais de 10 
unidades de monossacarídeo. As plantas armazenam 
esses carboidratos como grânulos de amido formados pela 
ligação da glicose em cadeias lineares e em cadeias que 
se ramificam em uma complexa estrutura granular. 
 
As plantas produzem dois tipos de amido, a amilose e 
a amilopectina. A amilose é uma pequena molécula, linear, 
que é menos de 1% ramificada, ao passo que a 
amilopectina é muito ramificada. Devido ao seu tamanho 
maior, a amilopectina é mais abundante no abastecimento 
de alimentos, especialmente nos grãos e tubérculos ricos 
em amido. 
 
Os amidos vindos do milho, araruta, arroz, batata, 
tapioca e outras plantas são polímeros de glicose com a 
mesma composição química. Seu caráter, sabor, textura e 
absorvibilidade únicos, são determinados pelos números 
relativos de unidades de glicose nas formações reta 
(amilase) e ramificada (amilopectina) e pelo grau de 
acessibilidade às enzimas digestivas. 
METABOLISMO DOS MACRONUTRIENTES Prof. José Aroldo Filho 
goncalvesfilho@nutmed.com.br 
 
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O amido bruto da batata crua ou de grãos é mal 
digerido. O cozimento a vapor faz com que os grânulos 
inchem, o amido seja gelatinizado, amacie e rompa a 
parede celular, tornando o amido mais digestível pela 
amilase pancreática. O amido que permanece intacto 
durante o cozimento, recristaliza após o resfriamento, 
resiste à repartição enzimática e produz quantidades 
limitadas de glicose para a absorção é conhecido como 
amido resistente. 
 
O amido ceroso, das variedades de milho e arroz, 
criam cadeias de amilopectina mais ramificadas e forma 
uma pasta mais homogênea na água, que gelidifica 
somente em uma concentração elevada. Uma vez que o 
gel tenha se formado, o produto permanece espesso 
durante o congelamento e o descongelamento, fazendo 
dele um espessante ideal para tortas de frutas, molhos e 
caldos congelados e vendidos comercialmente. 
 
O amido alimentar modificado é modificado química ou 
fisicamente para alterar a sua viscosidade, capacidade de 
formar gel, e outras propriedades de textura. O amido pré-
gelatinizado, seco em tambores quentes e transformado 
em um pó poroso, é rapidamente reidratado com líquido 
frio. Esse amido engrossa rapidamente e é útil para pudins 
instantâneos, molhos de salada, recheios de tortas, caldos 
e alimento para bebês. 
 
As dextrinas resultam do processo digestivo e são 
polissacarídeos de glicose grandes e lineares, de 
comprimentos intermediários, clivados pelo alto teor de 
amilose do amido pela α-amilase. As dextrinas limites são 
clivadas pela amilopectina, que contém pontos de 
ramificação e podem ser subsequentemente digeridas em 
glicose pela enzima isomaltase da mucosa. 
 
Em contraste com os vegetais, os animais usam os 
carboidratos primariamente para manter as concentrações 
séricas de glicose entre as refeições. Para garantir o 
fornecimento prontamente disponível, as células do fígado 
e dos músculos armazenam carboidrato como glicogênio. 
O glicogênio é armazenado hidratado com a água; assim, 
a água torna o glicogênio grande, pesado e inadequado 
para armazenamento de energia em longo prazo. O 
“homem médio” de 70 kg armazena, por apenas 18 horas, 
energia sob a forma de glicogênio, em comparação com o 
suprimento de gordura para dois meses armazenado. 
 
Aproximadamente 150 g de glicogênio são 
armazenados no músculo; essa quantidade pode ser 
aumentada em cinco vezes com o treinamento físico, mas 
não está disponível para manter a glicemia. É o estoque 
de glicogênio no fígado do ser humano (cerca de 90 g) que 
está envolvido no controle hormonal de glicemia. 
 
VALORES DE DOÇURA (KRAUSE) 
 
Tabela 1: Valores de doçura em diferentes tipos de 
CHO segundo KRAUSE. 
Substância Valor de doçura 
Levulose, frutose 173 
Açúcar invertido 130 
Sacarose 100 
Glicose 74 
Sorbitol 60 
Manitol 50 
Galactose 32 
Maltose 32 
Lactose 16 
 
 
Tabela 2: Valores de doçura em diferentes tipos de substitutos de açuúcares segundo KRAUSE. 
 
 
 
DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE CARBOIDRATOS 
 
 A digestão do amido se inicia na boca, com ação da 
amilase salivar que quebra a amilose em maltose e a 
amilopectina em maltose e dextrina. 
 
 A amilase salivar continua sua ação no estômago, a não 
ser quando a acidez alta (pH <4). Com a chegada do 
quimo ácido no duodeno, tem-se estímulo da secreção de 
secretina, para tamponar o pH e a presença de lipídeos e 
resíduos protéicos estimula a secreção de CCK, que 
estimula a secreção de enzimas pancreáticas. 
 
 A amilase pancreática, que digere os produtos de 
digestão da amilase salivar em dextrinas, hidrolisadas 
então por glicoamilases na luz intestinal, liberando maltose 
e isomaltose. 
 
 A maltose e a isomaltose são quebradas por 
dissacaridases presentes na borda em escova (maltase e 
isomaltase, respectivamente), liberando glicose para 
absorção. 
 
 A sacarose presente no alimento é hidrolisada pela 
sacarase na borda em escova, liberando glicose e frutose 
para absorção, ao passo que a lactose é quebrada pela 
lactase no ápice da borda em escova, liberando glicose e 
galactose para serem absorvidas. 
 
 
Enzimas de borda em escova (KRAUSE): 
 Sacarase = cliva a ligação alfa entre C-1 da glicose e 
C-2 da frutose; 
 Maltase = cliva a ligação alfa entre C-1 da glicose e C-
4 da glicose; 
 Isomaltase = cliva a ligação alfa entre C-1 da glicose e 
C-6 da glicose; 
 Lactase = cliva a ligação beta entre C-1 da galactose 
e C-4 da glicose. 
 
 
 
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ABSORÇÃO DE MONOSSACARÍDEOS 
 
 Na primeira porção do duodeno, a amilase pancreática e 
glicosidades sintetizadas pelos enterócitos liberam os 
resíduos de glicose, frutose, maltose, isomaltose e 
dextrinas alfa-limite. 
 
Quanto maior a disponibilidade de CHO na borda em 
escovam maior a síntese de transportadores e enzimas. 
 
 Na borda em escova tem a presença das enzimas 
lactase (LPH), sacarase-isomaltose (SI) e maltase-
glicoamilase (MGA), dispostas respectivamente da região 
apical  criptas. 
 
 Os resíduos de glicose e galactose são transportados 
pelo SGLT-1 (sodium glicose transporter 1), que 
promovem o transporte ativo de glicose e galactose 
mediante presença de sódio e gasto de ATP. 
 
 Os resíduos de frutose são transportados por difusão 
facilitada, via GLUT-5 (com grande dependência de 
absorção mediante outros CHOs na luz intestinal). 
 
 
 
Fig. 1: Mecanismo de absorção de CHO na borda em escova. 
 
FIBRA DIETÉTICA E FIBRA FUNCIONAL 
 
Fibra dietética refere-se aos componentes
vegetais 
intactos que não são digeridos pelas enzimas 
gastrointestinais (GIs), enquanto a fibra funcional refere-se 
a carboidratos não digeridos que foram extraídos ou 
produzidos a partir de vegetais. Ambos os tipos de fibras 
mostraram ter funções fisiológicas benéficas no trato GI e 
na redução do risco de certas doenças. 
 
Os homopolissacarídeos contêm unidades repetidas da 
mesma molécula. Um exemplo é a celulose, que não pode 
ser hidrolisada por enzimas de amilase. A celulose é o 
componente orgânico mais abundante no mundo, 
constituindo 50% ou mais de todo o carbono na vegetação. 
A longa molécula de celulose dobra-se sobre si mesma e é 
mantida em posição pela ligação do hidrogênio, 
fornecendo, assim, às fibrilas de celulose grande força 
mecânica, porém uma flexibilidade limitada. A celulose é 
encontrada em cenouras e muitos outros vegetais. Outros 
homopolímeros conhecidos como betaglucanas 
(glicopiranose) ocorrem com ramificação, o que os torna 
mais solúveis, como a aveia e a cevada. 
 
Os heteropolissacarídeos são produzidos pela 
modificação da estrutura básica da celulose para formar 
compostos com diferentes solubilidades em água. A 
hemicelulose é um polímero de glicose substituído por 
outros açúcares; diferentes moléculas de açúcar possuem 
diferentes solubilidades em água. O açúcar predominante 
é utilizado para nomear a hemicelulose (p. ex., xilana, 
galactana, manana, arabinose, galactose). As pectinas e 
as gomas contêm açúcares e xilitol, que tornam essas 
moléculas ainda mais hidrossolúveis do que a 
hemicelulose. A estrutura de pectina do ácido 
galacturônico absorve a água, formando um gel; que é 
amplamente usado para fazer geleias. A estrutura principal 
do ácido galacturônico possui unidades de ramnose 
inseridas nos intervalos e nas cadeias laterais da 
arabinose e galactose. A pectina é encontrada em maçãs, 
frutas cítricas, morangos e outras frutas. As gomas e as 
mucilagens (p. ex., a goma guar) são similares à pectina, 
exceto pelo fato de suas unidades de galactose serem 
combinadas com outros açúcares (p. ex., a glicose) e 
polissacarídeos. As gomas são encontradas nas 
secreções e sementes de vegetais. As qualidades de 
textura específicas das gomas e mucilagens são 
comercialmente úteis quando adicionadas aos alimentos 
processados como os sorvetes. 
 
Os frutanos incluem fruto-oligossacarídeos (FOS), 
inulina, frutanos tipo inulina e oligofrutose e são compostos 
de polímeros de frutose, frequentemente ligados a uma 
glicose inicial. A inulina abrange um grupo variado de 
polímeros de frutose amplamente distribuídos nos vegetais 
como um carboidrato de armazenamento. A oligofrutose é 
um subgrupo da inulina com menos de 10 unidades de 
frutose. Todas são pouco digeridas no aparelho GI 
superior e, dessa forma, fornecem apenas 1 kcal/g. 
 
Os frutanos contém frutose; possuem um sabor doce, 
puro, e têm a metade da doçura da sacarose. As principais 
fontes de frutanos incluem trigo, cebola, alho, banana e 
chicória; outras fontes incluem tomate, cevada, centeio, 
aspargo e girassol-batateiro. A inulina e os compostos são 
usados amplamente para melhorar o sabor e a doçura 
adicionada dos alimentos de baixo teor calórico e a 
estabilidade e a aceitabilidade dos alimentos com teor de 
gordura reduzido. Como não são absorvidos no intestino, 
os frutanos têm sido utilizados na substituição do açúcar 
para pacientes diabéticos. 
 
 
9 
 
Os prebióticos (fibras prebióticas) são substâncias 
alimentares não digeríveis que estimulam seletivamente o 
crescimento ou a atividade de bactérias presentes no 
cólon (probióticos) que são benéficas para o hospedeiro. 
Vários prebióticos, incluindo a inulina, frutanos do tipo 
inulina e FOS, estimulam o crescimento de bactérias 
intestinais, principalmente as bifidobactérias. Os frutanos 
(sintetizados ou extraídos) têm propriedades prebióticas e 
são considerados como fibras funcionais. 
 
A fibra funcional é comumente adicionada aos 
suplementos nutricionais líquidos e às fórmulas de 
alimentação por sonda. 
 
Os polissacarídeos algáceos (p. ex., a carragenana) 
são extraídos das algas marinhas e utilizados como 
agentes espessantes e estabilizantes em fórmulas para 
bebês, sorvete, pudim de leite e produtos de creme azedo. 
Os polissacarídeos algáceos são usados comercialmente, 
pois formam géis fracos com as proteínas e estabilizam as 
misturas de alimentos, impedindo que os ingredientes 
suspensos fiquem depositados no fundo do recipiente. 
Com o seu uso disseminado em alimentos comerciais e 
com a incerteza sobre a extensão da sensibilidade 
humana, são necessárias mais investigações sobre a 
carragenana. 
 
A polidextrose e outros polióis são polímeros sintéticos 
dos alcoóis açúcar utilizados como substitutos do açúcar 
nos alimentos. Eles não são digeríveis, contribuem para o 
aumento do volume fecal e podem ser fermentados no 
intestino delgado. Estes ainda não foram classificados 
como fibras funcionais. 
 
A lignana é uma fibra alimentar lenhosa encontrada 
nos caules e nas sementes de frutas e vegetais e na 
camada de farelo dos cereais. Ela não é um carboidrato, 
mas é um polímero composto de alcoóis e ácidos 
fenilpropílicos. Os grupos fenil contêm ligações duplas 
conjugadas, que os tornam excelentes antioxidantes. A 
lignana da linhaça também possui atividade de 
fitoestrogênio e pode imitar o estrogênio nos seus 
receptores nos órgãos reprodutores e ossos. 
 
 
 
Fig. 2: Tipos, composições, fontes e funções de fibras. 
 
PAPEL DA FIBRA NA DIGESTÃO E ABSORÇÃO 
 
O papel da fibra no sistema GI varia de acordo com 
sua solubilidade. Os oligossacarídeos e as fibras não 
absorvíveis possuem um efeito importante sobre a 
fisiologia humana. As fibras insolúveis, tais como a 
celulose, aumentam a capacidade de retenção de água do 
material não digerido, levando ao aumento do volume 
fecal, ao aumento da frequência de evacuações diárias e 
ao trânsito intestinal diminuído. Por outro lado, as fibras 
solúveis formam géis, desaceleram o tempo de trânsito 
 
10 
 
gastroinstestinal, ligam outros nutrientes, tais como 
colesterol e sais minerais, e diminuem a sua absorção. 
 
Certos oligossacarídeos não digeríveis (OND), que são 
fermentados pelas bactérias intestinais, estimulam a 
absorção intestinal e a retenção de alguns minerais, como 
o cálcio, o magnésio, o zinco e o ferro. 
 
As concentrações de lipídios séricos podem ser 
modificadas tanto pela celulose insolúvel e lignana quanto 
pela pectina solúvel e psilium. Eles se ligam aos ácidos 
biliares fecais e aumentam a excreção do colesterol 
derivado de ácidos biliares, reduzindo assim a absorção de 
lipídios. 
 
Oligossacarídeos fermentáveis e fibras alimentares são 
convertidos por bactérias intestinais para a cadeia curta de 
ácidos graxos (AGCCs), que diminui os lipídios no sangue. 
As evidências são conflitantes para o efeito 
hipocolesterolêmico das fibras solúveis, incluindo FOS, 
polidextrose e polióis sintéticos, pectina viscosa, goma 
guar, farelo de aveia, casca de psílim, feijões, 
leguminosas, frutas e vegetais. Os efeitos variam com o 
tipo de quantidade de fibras. 
 
A modulação prebiótica pela fibra ocorre pela 
fermentação nos AGCC, acetato, butirato e no propionato. 
Os AGCCs são facilmente absorvidas pela mucosa 
intestinal e do cólon. Eles melhoram a absorção de água e 
sódio, o fluxo sanguíneo do cólon, a proliferação de 
colonócito, a produção hormonal GI, a produção de 
energia metabólica e estimulam o sistema nervoso 
autônomo por meio de receptores específicos no cólon. 
 
O AGCC butirato (4C) é a principal fonte de energia 
(mais de 70%) dos colonócitos, derivando principalmente 
do amido. O propionato (3C) é absorvido e depurado pelo 
fígado para o metabolismo de lipídios hepáticos ou da 
glicose. O acetato (2C), produzido a partir do carboidrato 
não digerido, é rapidamente metabolizado em dióxido de 
carbono pelos tecidos periféricos, e pode servir como 
substrato para a síntese
de lipídios e colesterol. 
O papel da fibra na fisiologia do sistema GI é 
complexo. A ingestão adequada da fibra total é de 38 g/dia 
para homens e 25 g/dia para mulheres. A ingestão média 
de fibra dos norte-americanos é atualmente a metade da 
recomendada. 
 
Além das fibras, outros compostos vegetais não 
nutrientes, incluindo taninos, saponinas, lectinas e fitatos 
interagem com os macronutrientes, e podem reduzir sua 
absorção. O ácido fítico ou fitato, um anel de seis carbonos 
com uma ligação de fosfato a cada carbono, é encontrado 
na cobertura da semente de grãos e leguminosas e pode 
se ligar a íons metálicos, especialmente cálcio, cobre, ferro 
e zinco. O fitato em excesso pode reduzir a hidrólise do 
amido caso este se una ao cálcio, o qual catalisa a ação 
da amilase. 
 
ÍNDICE GLICÊMICO 
 
 Índice glicêmico (IG) é definido como o aumento da área 
sob a curva da glicemia em resposta a uma dose 
padronizada de carboidrato (50g, em um período de 2h 
após consumo), isto é, a resposta da curva de glicemia 
acima do nível de glicose sangüínea em jejum. 
 
 Acredita-se que dietas que monitoram o IG sejam 
aplicáveis em indivíduos saudáveis, obesos, DM e 
hiperlipidêmicos, uma vez que sabe-se que o consumo de 
dietas de alto IG provocariam maior liberação de insulina 
pelas células beta pancreáticas, com funções de estímulo 
de enzimas como acetil-CoA e HMG-CoA redutase, 
envolvidas na síntese de AG e colesterol, respectivamente, 
além de inibir a enzima lípase hormônio sensível, 
responsável pela lipólise tecidual. 
 
 Além do preparo, processamento e armazenamento, 
são fatores que influenciam o IG: 
Concentração de frutose do alimento; 
Concentração de galactose do alimento; 
Presença de fibras viscosas (goma guar, β-glicanos); 
Presença de inibidores de amilase: lectinas e fitatos; 
Adição de proteínas e lipídeos à refeição; 
Relação amilopectina/amilose. 
 
As cadeias de amilopectina são mais rapidamente 
digeridas que as de amilose. 
 
De acordo com a OMS classifica-se: 
- baixo IG – IG <60; 
- moderado IG – 60 < IG < 85; 
- alto IG: IG >85. 
 
A carga glicêmica (CG) é definida como a medida de 
elevação da glicose diante do consumo de uma alimento 
específico em uma refeição. 
 
Assim, a CG ajusta o valor do IG com base no TAMANHO 
DA PORÇÃO do alimento CONSUMIDA. 
 
CG = g de CHO x IG / 100 
 
Exemplo: cenoura: IG alto (92); a CG de uma porção de 
meia xícara é baixa (6). 
 
Tabela 3: IG e CG de alimentos selecionados da tabela 
internacional de IG: 
 IG CC 
Maça 40 6 
Batata assada 85 26 
Arroz integral 50 16 
Cenouras 92 5 
Cereal de milho 92 24 
Suco de laranja 50 13 
Pão puro 72 25 
Batata chips 54 11 
Bolo 
industrializado 
54 15 
Açúcar refinado 
(sucrose) 
58 6 
 
 Aplicabilidade do IG  devem ser considerados três 
princípios: 
A dieta deve conter conteúdo de moderado a alto em 
CHO; 
Ter baixo teor de lipídeos saturados; 
A cada refeição escolher 1 alimento de baixo IG em 
detrimento de um de alto IG, ex.: maçã no lugar de 
banana. 
 
Como fazer: 
Para isso, deve-se determinar a porcentagem que cada 
alimento fornece em relação ao total de CHO da refeição 
(E1); 
Multiplicar o valor obtido anteriormente pelo IG de cada 
alimento da refeição (E2); e 
Somar os valores obtidos de cada alimento na etapa 
anterior. 
 
 
 
 
11 
 
ARMAZENAMENTO DA GLICOSE (GLICOGÊNESE) 
 
 Assim que são captadas pelas células, as moléculas de 
glicose são convertidas em glicose-6-fosfato (Gli6P), 
mecanismo que mantém a permanência deste nutriente no 
espaço intracelular. 
 
 As moléculas de Gli6P podem seguir dois caminhos: 
armazenada ou utilizada. 
 
 O armazenamento de glicose em humanos é feito na 
forma de glicogênio em dois lugares: muscular e hepático. 
O glicogênio muscular é fonte de energia apenas para 
contração muscular, já o glicogênio hepático é responsável 
por manter glicemia em estado de jejum ou entre 
refeições, uma vez que o fígado é o único que possui a 
enzima glicose-6-fosfatase, capaz de retirar o fosfato da 
Gli6P, liberando glicose para a corrente sanguinea 
(glicogenólise). 
 
 A glicogênese é considerado um dos mecanismos 
responsáveis pelo controle da glicemia. A síntese de 
glicogênio é estimulada pela insulina. 
 
GLICOGÊNIO 
 
 O glicogênio corresponde a cadeias ramificadas de 
glicose e é armazenado nos músculos e fígado. 
 
 O “homem médio” de 70kg armazena um suprimento de 
apenas 18h de combustível na forma de glicogênio, 
comparado a um suprimento na forma de gordura de 2 
meses. 
 
 Cerca de 150g de glicogênio são armazenados nos 
músculos (que pode ser aumentada em até 5 vezes com o 
treinamento físico). Já o fígado estoca até 90g de 
glicogênio. 
 
MOBILIZAÇÃO DE GLICOGÊNIO (GLICOGENÓLISE) 
 
 No período pós-absortivo, aproximadamente 2h após a 
refeição, a gradativa redução da glicemia induz o 
organismo a buscar mecanismos capazes de reverter esse 
quadro e evitar a hipoglicemia. Um dos primeiros 
mecanismos é a quebra do glicogênio hepático 
(glicogenólise hepática). 
 
 Os hormônios contra-regulatórios responsáveis pelo 
estímulo da quebra de glicogênio hepático é a adrenalina e 
o glucagon. Além de atuar sobre as células musculares, a 
adrenalina regula a glicemia indiretamente, por inibir a 
produção de insulina pelas células beta-pancreáticas. 
 
MOBILIZAÇÃO DA GICOSE (GLICÓLISE) 
 
 A degradação de glicose pode ser iniciada logo após a 
sua captação celular, quando é fosforilada à Gli6P ou a 
partir de suas reservas. Em seguida, as moléculas podem 
ser degradadas, em processo denominado glicólise. O 
processo de formação de energia (ATP) envolve glicólise 
(citoplasma), ciclo de Krebs e cadeia respiratória 
(mitocôndria). 
 
 Degradação citossólica 
 
 Tem sido descrita como glicólise anaeróbica (sem O2) 
que na ausência do O2 tem como produto final o lactato. 
 
 Na degradação citossólica, pode-se observar a síntese 
de 4 moléculas de ATP, a partir da fosforilação do ADP, 
porém são gastos duas moléculas de ATP logo no início 
da glicólise, considerando saldo energético da glicólise 2 
ATPs de energia. 
 
 A degradação citossólica, embora tenha pouco saldo 
energético, pode ser indispensável para algumas células, 
como as hemácias, pois estas não possuem mitocôndrias, 
e para as células do músculo esquelético, quando em alta 
atividade. 
 
 Atenção: pacientes com deficiência de piruvato quinase 
(converte piruvato em lactato) pode ser risco para anemia 
hemolítica, pois o excesso de piruvato formado impediria a 
ressíntese de NAD, provocando sobrecarga metabólica e 
morte celular. 
 
 A produção de lactato (embora tóxico) é essencial para 
ressíntese do NAD e manutenção do processo de glicólise. 
Sabe-se que o acúmulo de lactato pode ser prevenido ou 
postergado pela remoção hepática do lactato, sendo 
convertido em piruvato (Ciclo de Cori) e de piruvato à 
glicose (gliconeogênese hepática). 
 
 A velocidade da glicólise é regulada por ação de três 
enzimas: hexoquinase, fosfofrutoquinase-1 e piruvato 
quinase. 
 
- Ativação de glicólise: elevação de AMP que estimularia 
fosfofrutoquinase-1 e piruvato quinase. 
 
- Inibição da glicólise: altas concentrações de Gli6P que 
inibiria a hexoquinase; altas concentrações de citrato que 
inibiriam a fosfofrutoquinase-1 e altas concentrações de 
Acetil-CoA que inibiria a piruvato quinase. 
 
Oxidação do Piruvato 
 
 Na presença de oxigênio, as moléculas de piruvatoi 
devem convertidas em Acetil-CoA, pela ação da enzima 
piruvato desidrogenase, para que isso ocorra, o piruvato 
deve ser transportada para a matriz mitocondrial. Na 
mitocôndria, o piruvato é oxidado em Acetil-CoA e desta 
forma o Acetil-CoA é condensado com o oxaloacetato e 
entra no Ciclo de Krebs. 
 
A partir desta reação, forma-se citrato pela enzima citrato 
sintetase. O citrato é oxidado por diversas etapas até 
oxaloacetato novamente. A cada volta do Ciclo de Krebs, 
forma-se agentes redutores (NADH e FADH2) que
serão 
levados à cadeia respiratória para síntese de ATP. 
 
OBS.: a oxidação de AA e Ácidos graxos também tem 
como produto final Acetil-CoA e, deste modo, a formação e 
oxidação de Acetil-CoA é o ponto chave da integração 
metabólica dos compostos alimentares. 
 
GLICONEOGÊNESE 
 
 Gliconeogênese  formação de nova glicose por fontes 
não CHO. 
 
 Essa conversão possui 3 obstáculos: 
 
- conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato; 
- conversão de frutose 1,6 difosfato em frutose-6-fosfato; 
- conversão de glicose-6-fosfato em glicose livre. 
 
 Esses obstáculos podem ser facilmente ultrapassados 
no fígado e, em menor magnitude nos rins. 
 
Nutrientes gliconeogênicos: AA glicogênicos, glicerol e 
lactato. 
 
 
12 
 
Principais vias de gliconeogênese a partir de aminoácidos: 
 
1.síntese de glicose a partir de alanina: 
 
 
Fig 3: Gliconeogênese a partir da ALANINA. 
 
2. síntese de glicose a partir de glutamina: 
 
 A síntese de glicose a partir de glutamina é similar à 
síntese pela alanina, pois a glutamina também pode ser 
convertida em piruvato. A via de oxidação do Lactato é 
descrita como segue abaixo: 
 
 
Fig 4: Gliconeogênese a partir da LACTATO. 
 
 A oxidação do glicerol em nova glicose ocorre pela 
formação de gliceraldeído-3-fosfato pela quebra do glicerol 
e deste modo, subindo pela via glicolítica até glicose. 
 
 Acredita-se que o organismo seja capaz de sintetizar 
diariamente 130g de glicose pela gliconeogênese, 
entretanto o consumo pelo SNC é de aproximadamente 
150g, sendo 120g para cérebro e 30g para os eritrócitos e, 
que, em períodos de inanição, a gliconeogênese não seria 
capaz de suprir as necessidade isoladamente, logo, após 2 
a 3 dias de jejum, o cérebro se adapta ao uso de corpos 
cetônicos como fonte de energia. 
 
 Por este motivo, a National Academy of Science 
determinou a DRI de CHO, como ingestão mínima diária 
de 130g para indivíduos acima de 1 ano de idade, 175g 
para gestantes e 210g para nutrizes. 
 
CARBOIDRATOS E BIOSSÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 
 
 O Ciclo de Krebs é considerado um dos principais 
motivos de integração entre o metabolismo dos 
macronutrientes. 
 
 A formação de Acetil-CoA no início deste ciclo pode ser 
a chave para a biossíntese de ácidos graxos e 
triglicerídeos. A síntese de AG a partir de Acetil-CoA 
envolve: 
- carboxilação da Acetil-CoA em malonilCoA; 
- síntese de AG a partir de malonilCoA. 
 
 Em humanos, o consumo excessivo de CHO e calorias, 
simultaneamente, parece promover ganho de peso 
corporal, principalmente por meio da redução da lipólise, e 
não por meio de uma significativa elevação na síntese de 
ácidos graxos a partir da cadeia carbônica de CHO 
ingeridos em excesso. 
 
POLIÁLCOOIS 
 
 Formas alcoólicas da sacarose (sorbitol), manose 
(manitol) e xilose (xilitol). Possuem alto poder edulcorante 
e menor resposta insulínica. Além disso, por terem uma 
baixa absorção, provocam o amolecimento das fezes e até 
mesmo diarréia. O sorbitol possui a mesma quantidade de 
calorias que a glicose, ao passo que o manitol possui 
metade das calorias. 
 
BIOQUÍMICA E METABOLISMO DE LIPÍDEOS 
 
TIPOS DE LIPÍDEOS 
 
Os lipídios podem ser classificados em lipídios simples, 
lipídios compostos ou lipídio variados. 
 
Lipídios simples: ácidos graxos, gorduras neutras 
(monoglicerídeos, diglicerídeos e triglicerídeos – estes de 
ácidos graxos com glicerol) e as ceras (ésteres de ácidos 
graxos com alcoóis de alto peso molecular, como os 
ésteres de esterol). 
 
Lipídios compostos: lipídios complexados a um radical 
não lipídico, por exemplo, os fosfolipídios, os glicolipídios e 
as lipoproteínas. 
 
Lipídios variados: são os derivados lipídicos, como os 
esteróis (colesterol, vitamina D e sais biliares) e as 
vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, E e K). 
 
 
 
 
 
13 
 
ÁCIDOS GRAXOS (AG) 
 
Os ácidos graxos são raramente encontrados livres na 
natureza e quase sempre estão ligados a outras moléculas 
pelo seu grupo principal de ácido carboxílico hidrofílico. Os 
ácidos graxos ocorrem principalmente como cadeias de 
hidrocarboneto não ramificadas com um número par de 
carbonos e são classificados de acordo com o número de 
carbonos, o número de ligações duplas e a posição das 
ligações duplas na cadeia. 
 
O comprimento da cadeia e a extensão de saturação 
contribuem para a temperatura de derretimento de uma 
gordura. Em geral, as gorduras com ácidos graxos de 
cadeia mais curta ou mais duplas ligações são líquidas à 
temperatura ambiente. 
 
As gorduras saturadas, especialmente as com cadeias 
longas, são sólidas à temperatura ambiente. O óleo de 
coco, que também é altamente saturado, é semilíquido à 
temperatura ambiente, por causa da predominância de 
cadeia curta (8 a 14 carbonos). Alguns fabricantes resfriam 
o óleo e realizam a filtragem para remover as partículas de 
lipídios solidificadas antes da venda; o óleo resfriado 
resultante permanece claro quando refrigerado. 
 
Em geral, considera-se que os AGCC têm entre 4 e 6 
carbonos, os ácidos graxos, de cadeia média de 8 a 14, e 
os ácidos graxos de cadeia longa (AGCL), de 16 a 20 ou 
mais. 
 
No ácido graxo saturado (AGS), todos os locais de 
ligação de carbono não ligados a outro carbono são 
ligados ao hidrogênio, sendo, portanto, saturados. Não há 
ligações duplas entre os carbonos. Os ácidos graxos 
monoinsaturados (AGMI) contêm apenas uma ligação 
dupla e ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) contêm 
duas ou mais ligações duplas. Nos AGMI e AGPI, um ou 
mais pares de hidrogênio foram removidos, e as ligações 
duplas formam-se entre os carbonos adjacentes. Como os 
ácidos graxos com ligações duplas são vulneráveis ao 
dano oxidativo, os seres humanos e outros organismos de 
sangue quente armazenam a gordura predominantemente 
como ácido graxo palmítico saturado (C16:0) e ácido graxo 
esteárico (C18:0). As membranas celulares devem ser 
estáveis e flexíveis. Para cumprir essa exigência, os 
fosfolipídios da membrana contêm um GSA e um ácido 
graxo poli-insaturado, sendo o ácido araquidônico o mais 
abundante (C20:4). 
 
- Classificação de acordo com o grau de saturação: 
 
 Saturados – não possuem dupla ligação; 
 
 Monoinsaturados – possuem uma dupla ligação e 
apenas AG contendo 14 ou mais carbonos podem 
existir como MUFAS; 
 
 Poliinsaturados – possuem duas ou mais dupla 
ligações. Apenas AG contendo 18 ou mais carbonos 
podem existir como PUFAS. 
 
 
Fig 5: Tipos de AG segundo KRAUSE. 
 
 
14 
 
- Sistema ômega de nomenclatura dos AG 
 
 Facilita a identificação de essencialidade dos AG. 
Baseia-se na posição da dupla ligação contada a partir do 
grupo metil (-CH3) e não do carboxila (COOH). Utiliza-se a 
letra grega ômega (w). 
 W-3  linolênico, EPA e DHA; 
 W-6  linoléico, araquidônico; 
 W-7  palmitoléico; 
 W-9  oléico. 
 
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS 
 
 Apenas as plantas (incluindo o fitoplâncton marinho) 
podem sintetizar ácidos graxos ω-6 e ω-3. Os seres 
humanos e outros animais só podem inserir duplas 
ligações tão baixas quanto o carbono ω-9 e não podem 
produzir seus próprios ácidos graxos ω-6 e ω-3. Mas os 
seres humanos podem dessaturar e aumentar o ácido 
linoleico (18:2 n-6) para o ácido araquidônico (20:4 n-6) e o 
ácido alfalinoleico (ALA) (C18:3 ω-3) para EPA (C20:5 ω-
3) e DHA (C22:6 ω-3). Portanto, tanto o ácido linoleico 
(18:2 n-6) quanto o ALA (C18:3 ω-3) são essenciais na 
dieta. 
 
O termo ácido graxo essencial refere-se às famílias dos 
ácidos graxos ω-6 e ω-3. Porém, os ácidos graxos de 
cadeia longa criados a partir dessas famílias são 
componentes importantes das membranas celulares e 
precursores de eicosanoides, tais como as 
prostaglandinas, os tromboxanos e os leucotrienos. Os 
eicosanoides atuam como hormônios localizados 
(parácrinos) e possuem múltiplas funções locais. Eles 
podem alterar o tamanho e a permeabilidade dos vasos 
sanguíneos, a atividade das plaquetas e contribuir para a 
coagulação sanguínea. Além disso, os eicosanoides
podem modificar os processos de inflamação. Os 
derivados de ácidos graxos n-3 a partir de fontes dietéticas 
ou do óleo de peixe, podem ter efeitos benéficos em uma 
série de doenças, incluindo um funcionamento cerebral 
melhorado durante o envelhecimento. 
 
Um desequilíbrio alimentar entre os ácidos graxos ω-3 
e ω-6 contribui para uma grande variedade de doenças. 
Quantidades excessivas de ácidos graxos ω-6 na 
alimentação saturam as enzimas que dessaturam e 
alongan os ácidos graxos ω-3 e ω-6; isso impede a 
conversão do ALA em EPA e DHA. 
 
A proporção ideal de ω-6/ω-3 foi estimada como 
sendo 2 : 1 a 3 : 1, portanto, recomenda-se uma 
alimentação com mais ácidos graxos ω-3 provenientes 
de vegetais e fontes marinhas. 
 
O ALA pode ser obtido a partir dos óleos de linhaça 
(57%), canola (8%) e soja (7%) e de folhas verdes em 
alguns vegetais como beldroega. 
 
 
 
Fig 6: Metabolismo de AGPI e formação de eicosanóides. 
 
 
 
 
15 
 
 
Tab. 4: Fontes de W3 segundo KRAUSE. 
 
 
TRIGLICERÍDEOS (TG) 
 
 São ésteres formados por uma molécula de glicerol 
(álcool) ligado a três moléculas de AG. Nos humanos, os 
TG estão armazenados no tecido adiposo, possuem 
função de reserva de energia, e independente do tipo de 
AG presente possuem a relação de 9kcal/g. 
 
ÓLEOS E GORDURAS 
 
 Os TG presentes na dieta são ingeridos como óleos e 
gorduras. A definição de óleos e gorduras está baseada na 
consistência e depende do tipo de AG presente no TG. 
 
Óleos são líquidos à temperatura ambiente (25°C) e 
compostos por AG contendo um grande número de 
MUFAS e PUFAS. Podem ser de origem vegetal (soja etc) 
ou animal (óleo de peixe). 
 
Gorduras são sólidas à temperatura ambiente e 
compostas por AG saturados ou insaturados trans. 
 
ÁCIDOS GRAXOS TRANS 
 
Nos ácidos graxos insaturados, os dois carbonos que 
participam de uma ligação dupla ligam-se cada um a um 
hidrogênio do mesmo lado da ligação (a forma de isômero 
cis), fazendo com que o ácido graxo se curve. Quanto 
mais ligações duplas por ácido graxo, mais inclina-se a 
molécula. 
 
A hidrogenação de ácidos graxos insaturados adiciona 
hidrogênio aos óleos líquidos, originando uma gordura 
estável e sólida, como a margarina. O hidrogênio pode ser 
adicionado tanto na posição natural cis (com dois 
hidrogênios do mesmo lado da ligação dupla) como na 
posição trans (com um hidrogênio em lados opostos da 
ligação dupla). 
 
A função da membrana depende da configuração 
tridimensional dos ácidos graxos da membrana 
encontrados nos fosfolipídios. 
 
As ligações duplas cis na membrana curvam-se, 
permitindo que os ácidos graxos se agrupem de modo 
mais frouxo, tornando, assim, a membrana fluída. Como as 
proteínas embebidas em uma membrana flutuam ou 
afundam, dependendo da fluidez desta, a viscosidade da 
membrana é importante para a função de proteção da 
membrana. 
 
Os ácidos graxos trans não se curvam; eles 
comprimem-se na membrana tão firmemente quanto se 
estivessem completamente saturados. Os ácidos graxos 
trans inibem a dessaturação e o alongamento do ácido 
linoleico e ALA, que são críticos para o cérebro fetal e 
desenvolvimento do órgão. 
 
As principais fontes de ácidos graxos trans na dieta dos 
Estados Unidos são margarina quimicamente hidrogenada, 
gordura vegetal, gorduras comerciais para frituras, 
produtos assados com alto teor de gordura e lanches 
salgados que contenham essas gorduras. A manteiga e a 
gordura animal também podem conter ácidos graxos trans 
provenientes da fermentação bacteriana do rúmen das 
vacas e ovelhas. 
 
Ingestões maiores de ácidos graxos trans estão 
associadas ao aumento do risco de cardiopatia 
coronariana, câncer, diabetes melito tipo 2 e alergias, 
provavelmente devido à sua capacidade de influenciar a 
fluidez da membrana. 
 
 
 
 
 
16 
 
ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO 
 
Os ácidos linoleicos conjugados (CLAs) são isômeros 
posicionais e geométricos do ácido linoleico, e não 
separados por um grupo metileno como ocorre com o 
ácido linoleico. Esses isômeros são componentes menores 
dos lipídios da carne e produtos lácteos. 
 
Os isômeros de CLAs são metabolizados no corpo 
através de diferentes vias metabólicas com diferentes 
desfechos fisiológicos. Oitenta por cento dos CLAs é o 
isômero cis -9, trans-11. Outro isômero notável é o trans-
10, cis-12, que é oxidado de forma mais eficiente e tem 
diferentes resultados biológicos. 
 
O isômero cis-9, trans-11parece ser o responsável pelo 
efeito anticancerígeno dos CLAs; o isômero trans-10, cis-
12 reduz a gordura corporal e altera os lipídios 
sanguíneos. Ambos os isômeros parecem ser 
responsáveis pela resistência à insulina em seres 
humanos. 
 
Os CLAs são importantes devido aos efeitos 
anticarcinogênicos, antidiabetogênicos e antiaterogênicos. 
Os estudos sobre a suplementação com CLAs 
demonstraram redução no percentual de gordura e massa 
corporal. 
 
FOSFOLIPÍDEOS 
 
 São lipídeos alipáticos, contendo glicerol, 2 moléculas 
de AG e um radical fosfato. A função do fosfolipídeo é 
formar a bicamada lipídica das membranas plasmáticas 
das células animais. Atuam como emulsificantes, tanto que 
estão presentes na bile. 
 
 O tipo de ácido graxo interfere na fluidez da membrana, 
que deve ter a consistência de gel. Uma baixa proporção 
de PUFAS na membrana plasmática, quando comparada 
com o teor de saturados, pode tornar a membrana mais 
sólida e menos fluida, o que compromete a sinalização 
celular. 
 
 Sabe-se que os fosfolipídeos presentes nas membranas 
da retina e dos neurônios são ricos em W3, em especial 
EPA e DHA. Estes podem ser introduzidos pela ingestão 
de ácido alfa-linolênico ou pela ingestão de EPA e DHA. 
 
 A lecitina (fosfatidilcolina) é o principal fosfolipídio, 
sendo o componente principal dos lipídios na 
membrana de camada dupla de lipídios. É o principal 
componente das lipoproteínas. Produtos de origem 
vegetal (leguminosas) também são fontes ricas. 
 
A lecitina também é o principal componente das 
lipoproteínas utilizadas para transportar gorduras e 
colesterol. A lecitina é produzida pelo corpo com o ácido 
araquidônico. Pelo fato de todas as células possuírem 
lecitina como um componente da camada dupla de lipídios, 
os produtos de origem animal, especialmente fígado e 
gema de ovos, são fontes ricas em lecitina. 
 
Os produtos de origem vegetal, tais como feijão de 
soja, amendoins, leguminosas, espinafre e germe de trigo, 
também são fontes ricas. A lecitina é amplamente 
distribuída no fornecimento de alimentos e é adicionada a 
produtos alimentares como margarina, sorvete, bolachas e 
doces como estabilizante. 
 
ESFINGOLIPÍDIOS, ALCOÓIS, CERAS, ISOPRENOIDES 
E ESTEROIDES 
 
Todos os organismos produzem pequenas quantidades 
de lipídios complexos com funções especializadas. Muitos 
desses lipídios não contêm glicerol e são constituídos por 
unidades de dois carbonos de acetil coenzima A (acetil 
CoA). 
 
Os esfingolipídios são ésteres de lipídios ligados a uma 
base de esfingosina, e não de glicerol. Eles são 
amplamente distribuídos no sistema nervoso dos animais e 
nas membranas dos vegetais e de eucariotas inferiores, 
tais como a levedura. A esfingomielina inclui a base 
nitrogenada colina e constitui mais de 25% da bainha de 
mielina, a estrutura rica em lipídios que protege e isola as 
células do sistema nervoso central. Além da 
fosfatidilcolina, a esfingomielina é encontrada em todas as 
membranas. As esfingolipidoses compreendem um grupo 
de doenças genéticas de armazenamento de lipídios nas 
quais é bloqueada a degradação normal dos 
esfingolipídios. A doença de Tay-Sachs é um exemplo de 
doença de armazenamento de lipídios. 
 
Os alcoóis de cadeia longa são subprodutos 
metabólicos dos lipídios. As fezes contêm álcool cetílico, 
um subproduto do ácido palmítico. A cera de abelhas é 
rica em álcool miricil palmitato. As ceras consistem em 
ácidos graxos de cadeia longa ligados a alcoóis de cadeias 
longas. Essas
moléculas são quase completamente 
insolúveis e, frequentemente, são utilizadas como 
repelentes de água, como nas plumagens de pássaros e 
nas folhas de plantas. 
 
Os isoprenoides, derivados ativados do isopreno, são 
um grupo grande e diversificado de lipídios constituídos 
por uma ou mais unidades de cinco carbonos. O isopreno 
contém ligações simples e duplas (conjugadas) alternadas, 
um arranjo que pode extinguir os radicais livres pela 
aceitação ou doação de elétrons. Terpeno é um termo 
genérico para todos os compostos sintetizados a partir de 
precursores de isopreno e inclui óleos essenciais de 
vegetais (p. ex., terebentina das árvores e limoneno dos 
limões). Os pigmentos vegetais que transferem elétrons na 
fotossíntese também são isoprenoides e incluem o 
licopeno (o pigmento vermelho dos tomates), os 
carotenoides (os pigmentos amarelo e laranja de abóbora 
e cenoura) e o grupo clorofila amarelo e verde. As 
vitaminas lipossolúveis A, D, E e K e a coenzima Q 
transmissora de elétrons possuem estruturas de 
isoprenoides. A vitamina E, o licopeno e o β-caroteno são 
antioxidantes eficazes; os fitoquímicos não nutritivos com 
função antioxidante também têm uma estrutura 
isoprenoide. 
 
Os esteroides constituem uma classe de lipídios 
derivados de um anel saturado de quatro membros. O 
colesterol é a base para todos os derivados esteroides 
produzidos no corpo, inclusive os glicocorticoides 
(cortisona) e mineralocorticoides (aldosterona), que são 
produzidos na glândula suprarrenal, andrógenos 
(testosterona) e estrogênios (estradiol) produzidos nos 
testículos e nos ovários, respectivamente, e ácidos 
biliares, produzidos no fígado. O hormônio vitamina D é 
formado quando os raios ultravioleta do Sol clivam o 
colesterol na gordura subcutânea para formar o 
colecalciferol (D3). A vitamina D sintética é produzida pela 
irradiação do esteroide vegetal ergosterol para formar 
ergocalciferol (D2). O colesterol também desempenha 
papel importante na função da membrana. A molécula 
rígida de quatro anéis está ligada na membrana 
hidrofóbica pelo seu grupo hidroxila. Os anéis planares 
rígidos espalham-se a distância e imobilizam parcialmente 
as cadeias de ácido graxo próximas à região polar. Ao 
mesmo tempo, a extremidade de hidrocarboneto não polar 
 
17 
 
contribui para a maior fluidez no interior da membrana. As 
membranas plasmáticas contêm grande quantidade de 
colesterol – até uma molécula para cada molécula de 
fosfolipídio. 
 
Os glicolipídios incluem os cerebrosídeos e os 
ganglosídeos, que são compostos de uma base de 
esfingosina e ácidos graxos de cadeia muito longa (C22). 
 
Os cerebrosídeos contêm galactose; os ganglosídeos 
também contêm glicose e um composto complexo que 
contém um aminoaçúcar. Estruturalmente, ambos os 
compostos são componentes do tecido nervoso e de 
membranas celulares nas quais desempenham papel no 
transporte de lipídios. 
 
LIPÍDIOS SINTÉTICOS 
 
Os triglicerídeos de cadeia média (TCM) são AGS com 
um comprimento de cadeia entre 6 e 12 carbonos. Apesar 
de os TCMs ocorrerem naturalmente na gordura do leite, 
no óleo de coco e no óleo de palmeira, eles também são 
produzidos comercialmente (óleo TCM) como um 
subproduto da produção de margarina. 
 
Os óleos de TCM fornecem 8,25 kcal/g e são 
importantes em uma série de situações clínicas, pois são 
curtos o suficiente para serem hidrossolúveis, necessitam 
de menos sal biliar para a solubilização, não são 
reesterificados nos enterócitos e são transportados como 
ácidos graxos livres, ligados à albumina, através do 
sistema portal. 
 
Como a taxa do fluxo sanguíneo portal é cerca de 250 
vezes mais rápida do que o fluxo da linfa, os TCMs são 
digeridos rapidamente e não são afetados pelos fatores 
intestinais que inibem a absorção de gordura. 
 
Eles não são armazenados no tecido adiposo, mas são 
oxidados em ácido acético. 
 
Os lipídios estruturados incluem o óleo de TCM 
esterificado com um ácido graxo desejado, tal como o 
ácido linoleico, ou um lipídio ω-3. O produto combinado é 
absorvido mais rapidamente do que o triglicerídeo de 
cadeia longa sozinho. Clinicamente, os lipídios 
estruturados desempenham seu papel nas fórmulas 
parenterais, como no aumento da função imunológica ou 
no desempenho de atletas. 
 
Os substitutos de gorduras são estruturalmente 
diferentes das gorduras e não fornecem nutrientes 
prontamente absorvíveis. A sua importância comercial é 
que imitam a textura e outras sensações da gordura, 
especialmente na boca. 
 
Os substitutos de gordura diferem em sua base de 
macronutrientes e na extensão na qual imitam as 
características da gordura. O valor calórico desses 
substitutos varia entre 5 kcal/g (p. ex., caprenina) e 0 
kcal/g (p. ex., olestra, carragenina). A maior parte dos 
substitutos de gordura deriva de polissacarídeos de 
plantas, tais como gomas, celulose, dextrina, fibras, 
maltodextrinas, amidos e polidextrose. 
 
O olestra é um poliéster de sacarose no qual a 
sacarose é esterificada com 6 a 8 ácidos graxos para 
formar os ésteres. As cadeias de ácidos graxos variam em 
comprimento de 12 a 24 carbonos e são derivadas de 
óleos comestíveis, tais como os óleos de soja, de algodão 
e de milho. O produto possui as propriedades físicas das 
gorduras dietéticas naturais. Como não são absorvíveis, os 
poliésteres da sacarose não contribuem com calorias para 
a dieta. 
 
As fontes de gordura podem ser modificadas para 
reduzir a absorção GI e a disponibilidade calórica. 
 
Os monoacilglicerídeos (monogliceróis) e diacilgliceróis 
(diglicerídeos) são utilizados como emulsificantes e 
contribuem para as propriedades sensoriais da gordura, 
mas possuem menos calorias (aproximadamente 5 
kcal/g). O Salatrim tem moléculas de triglicerídeo de AGS 
e ácido graxo de cadeia longa e contém 5 kcal/g devido à 
reduzida absorção. As preocupações sobre os efeitos em 
longo prazo dos substitutos de gordura são que estes 
podem ligar os ácidos graxos essenciais às vitaminas 
lipossolúveis e contribuem para a má absorção dessas 
ligações ou têm efeitos negativos sobre os mecanismos 
reguladores de ingestão de energia fundamental. 
 
DIGESTÃO DOS LIPÍDEOS 
 
 O processo digestório de lipídios se inicia no estômago 
por ação FÍSICA (propulsão, retropropulsão e mistura), 
importante para e emulsificação, e por ação ENZIMÁTICA 
(ação das lipases lingual e gástrica). 
 
 As lipases lingual e gástrica promovem a 
emulsificação e quebra dos TCCs e TCMs. 
 
 Após ingeridos, os lipídeos, ao alcançarem o duodeno, 
estimulam a liberação de CCK, hormônio que promove o 
estímulo à liberação de suco pancreáticas (rico em lipase) 
e ejeção de bile, após contração da vesícula biliar. A bile 
promove emulsificação das gorduras, em gotículas 
menores, permitindo assim a ação da lipase pancreática 
na camada aquosa da borda em escova. 
 
 A lipase pancreática promove hidrólise dos triglicerídeos 
presentes nestas gotículas de gordura. Ela hidrolisa 
apenas as ligações SN1 e SN3 da molécula de 
triglicerídeos, permitindo a formação de pequenas micelas, 
ricas em AG e monoglicerídeos (glicerol ligado a molécula 
de ácido graxo na posição SN2), desta forma, os lipídeos 
podem ser absorvidos pela membrana basal da borda em 
escova (em íleo). 
 
 O colesterol livre não sofre ação de nenhuma enzima, e 
é absorvido como tal, já o colesterol esterificado sofre a 
ação da enzima colesterol hidrolase que libera AG e 
colesterol livre para absorção. 
 
 
 
 
18 
 
 
Fig. 7: Digestão de lipídeos. 
 
LIPOPROTEÍNAS 
 
 As lipoproteínas são as moléculas de transporte de 
lipídeos pelo organismo, de forma que quilomícrons 
transportam os lipídeos dietéticos, o VLDL, rico em 
triglicerídeos, transporta lipídeos endógenos. O IDL é 
remanescente do metabolismo de VLDL. Ao passo que o 
LDL e o HDL transportam colesterol. 
 
Tabela 5: Tipos de lipoproteínas. 
LIPOPROTEÍNA APOPROTEÍNA 
QM A1, B48, C2, E 
VLDL B100, C1, C2, C3, E 
IDL B100, C1,
C2, C3, E 
LDL B100 
HDL2 A1, E, A4 
HDL3 A1, A2, A4, C1, C2, C3, D, E 
Lp(a) B100, (a), C3, E 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS 
 
 Hipertrigliceridemia: aumento de triglicerídeos; 
 Hipercolesterolemia: aumento de colesterol e LDL; 
 Hiperlipidemia mista: aumento de triglicerídeos, 
colesterol e LDL e diminuição da HDL. 
 
METABOLISMO DOS TG 
 
- Lipólise do tecido adiposo: Os TG do tecido adiposo são 
mobilizados para produção de energia em diferentes 
situações fisiológicas. A enzima lípase hormônio sensível, 
presente nos adipócitos, é estimulada por glucagon, 
adrenalina, GH e cortisol, hidrolisando o TG e liberando 
AG livres que serão transportados pela albumina até 
fígado, coração e musculatura esquelética para sofrerem 
oxidação e gerarem energia. 
 
- Oxidação dos AG: A oxidação completa dos AG envolve 
a beta-oxidação para a formação de Acetil-CoA, ciclo de 
Krebs e cadeia respiratória. Para ocorrer beta-oxidação 
devem ocorrer as seguintes etapas: 
1.ativação no citoplasma; 
2. passagem do AG ativado do citoplasma para a matriz da 
mitocôndria, carreado pela carnitina; 
3. oxidação do acilCoA em Acetil-CoA. 
 
 O rendimento energético para que um ácido graxo de 16 
carbonos tenha completa formação de Acetil-CoA, são 
necessária sete voltas no ciclo, gerando como saldo 129 
ATPs. 
 
- Biossíntese de AG 
A síntese de AG ocorre principalmente no tecido adiposo, 
fígado e glândula mamária, estimulada pelo excesso de 
Acetil-CoA proveniente da oxidação de CHO e AA. 
 
CORPOS CETÔNICOS 
 
 Nos mamíferos, o Acetil-CoA produzido pela oxidação 
de AG e pela quebra de AA cetogênicos pode ser 
 
19 
 
convertido em corpos cetônicos, que serão utilizados como 
fonte de energia via ciclo de Krebs e cadeia respiratória em 
outros tecidos. 
 
 O termo corpos cetônicos refere-se a 3 compostos: 
acetona, beta-hidrobutirato e acetoacetato. 
 
 A produção de corpos cetônicos pelo fígado ocorre em 
casos de jejum prolongado (superior a 12h), inanição, dieta 
com redução de CHO e DM1 não tratado. 
 
 É uma via alternativa para fornecimento de energia. No 
jejum prolongado, a produção de corpos cetônicos é igual 
ao seu gasto. O excesso de corpos cetônicos pode levar à 
acidose, como acontece na cetoacidose diabética. 
 
 Os corpos cetônicos economizam glicose obtida da 
gliconeogênese, privilegiando o gasto de gordura em 
relação à proteínas do corpo. Eles provêm da beta-
oxidação dos ácidos graxos e ocorre na mitocôndria dos 
hepatócitos. 
 
 São carreados pelo sangue e utilizados como fonte de 
energia pelo coração, musculatura esquelética, cérebro 
(passam a barreira hematoencefálica) e produzem 26 
moléculas de ATP por corpo cetônico oxidado, saldo 
semelhante à glicose (32 ATPs). 
 
METABOLISMO DO COLESTEROL 
 
 
 A síntese do colesterol ocorre principalmente no fígado 
(70% do colesterol endógeno), também ocorre no intestino, 
nas adrenais, ovários, testículos e placenta. A síntese 
ocorre a partir do excesso de Acetil-CoA proveniente do 
metabolismo de CHO e a insulina estimula a ação da 
HMG-CoA redutase (enzima que controla a primeira etapa 
da síntese de colesterol) 
 
 A principal via de excreção de colesterol é a biliar. Fibras 
solúveis como pectina e medicações como a colestiramina 
diminuem a reabsorção de sais biliares (chamado ciclo 
entero-hepático) e aumentando a excreção de sais biliares 
nas fezes, deste modo, utiliza-se colesterol endógeno para 
a produção de novos sais biliares e tem-se a redução do 
colesterol. 
 
 O fígado passa a expressar mais receptores de LDL-C e 
deste modo reduz o LDL-C sérico, reduzindo o risco de 
DCV. 
 
NECESSIDADES NUTRICIONAIS 
 
As recomendações para a ingestão de lipídios devem 
levar em consideração os efeitos documentados dos vários 
componentes de lipídios na saúde, assim como na 
epidemia de obesidade mundial. Por exemplo, é sabido 
que os AGS aumentam as concentrações séricas de LDL, 
enquanto os ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) 
diminuem as “boas“ e as “más” lipoproteínas. 
 
Em 2005, a Dietary Guidelines for Americans (USDA) 
recomendou o consumo de menos de 10% das calorias 
como AGS. Os AGS e os AGMIs, especialmente aqueles 
presentes no azeite de oliva, quando submetidos ao 
estresse térmico, não produzem esses produtos tóxicos. A 
gordura saturada e os óleos parcialmente hidrogenados 
possuem menos locais de ligação de oxigênio e, portanto, 
possuem estabilidade aumentada e um prazo de validade 
maior. Contudo, a sua ingestão está associada a um maior 
risco de doença cardiovascular. Por outro lado, o consumo 
elevado de AGPI também pode ser prejudicial. As ligações 
duplas são altamente reativas e ligam-se ao oxigênio para 
formar peróxidos quando expostas ao ar ou ao calor. 
 
Quando submetidos à fritura ou ao cozimento de rotina, 
os AGPIs podem gerar concentrações elevadas de 
produtos de aldeído tóxicos que estão associadas às 
doenças cardiovasculares e ao câncer. 
 
BIOQUÍMICA E METABOLISMO DO ÁLCOOL (ÁLCOOL 
ETÍLICO ou ETANOL) 
 
O álcool tem 7 kcal/g e nenhum valor nutricional. Ele é 
capaz de permear todas as membranas, sendo 
rapidamente absorvido. 
 
É metabolizado primariamente pela enzima hepática 
álcool desidrogenase (ADH) em acetaldeído e, então, em 
acetil coenzima A, que pode ser utilizada para a síntese de 
gordura ou entrar no ciclo do ácido tricarboxílico (TCA). A 
enzima ADH necessita de tiamina e niacina para que 
possa atuar. 
 
Quando a quantidade de álcool na célula exceder a 
capacidade da enzima álcool desidrogenase de 
metabolizar o álcool ou quando a niacina (como NAD+) 
estiver depletada, o sistema microssomal de oxidação do 
etanol (SMOE) também irá metabolizar o álcool em 
acetaldeído. 
 
O consumo crônico de álcool induz tanto a ADH como 
certas enzimas no sistema SMOE. Como o sistema SMOE 
também é responsável pelo metabolismo de muitas 
substâncias, a ingestão crônica de grande quantidade de 
álcool (alcoolismo) pode alterar as respostas da substância 
de maneira imprevisível. 
 
Por exemplo, o alcoolismo, ao levar à indução de 
SMOE, faz com que a pessoa fique tolerante não apenas 
ao álcool como também a outras drogas. Porém, se, em 
determinado momento, o SMOES ficar saturado com o 
álcool, as drogas não são metabolizadas na taxa esperada 
e pode ocorrer uma superdosagem da droga. Além da 
produção de acetaldeído nessas vias, o álcool pode 
contribuir para o desenvolvimento de cirrose hepática. 
 
BIOQUÍMICA E METABOLISMO DE PROTEÍNAS 
(PTN) E AMINOÁCIDOS (AA) 
 
 É o principal componente estrutural e funcional de 
células do organismo. Quase 50% do conteúdo protéico 
está presente em: actina, miosina, colágeno e 
hemoglobina. 
 Colágeno corresponde 25% do total e em desnutridos 
pode representar até 50% do total (devido ao catabolismo 
protéico). 
 
 CLASSIFICAÇÃO 
 
1. de acordo com a solubilidade: albuminas, globulinas e 
histonas. 
 
2. de acordo com a função biológica: 
- enzimas: quinases, desidrogenases; 
- ptns de estoque: mioglobina e ferritina; 
- ptns regulatórias: ligadas ao DNA, hormônios; 
- ptns estruturais: colágeno e proteoglicanos; 
- ptns de proteção: Ig; fatores de coagulação; 
- ptns de transporte: hemoglobinas e lipoproteínas; 
- ptns contráteis: actina e tubulina. 
 
3. segundo a forma geral: 
 
20 
 
- globulares: função dinâmica; razão axial (comprimento: 
largura) <10, alta solubilidade. Ex: caseína, plasma e 
hemoglobina. 
 
- fibrosas: razão axial > 10, função estrutural, baixa 
solubilidade. Ex: colágeno, queratina e miosina. 
 
ATIVIDADE BIOLÓGICA DAS PROTEÍNAS 
 
 Os AA estão ligados covalentemente por ligações 
peptídicas, gerando estruturas primárias, secundárias, 
terciárias e quaternárias. 
 
 Atividade biológica: ptns nativas (estrutura secundária, 
terciária e quaternária). A estrutura quaternária refere-se a 
ligações não covalentes de diferentes cadeias 
polipeptídicas. Ex.: hemoglobina. 
 
 
 
Fig. 8: Estruturas e conformações da proteína. 
 
AMINOÁCIDOS
Os AA são precursores de hormônios, ácidos nucléicos 
e subunidades monoméricas, desse modo, são as 
unidades básicas das ptns. 
 
 Apenas 20 AA (L-alfa-AA) são constituintes de ptns de 
mamíferos. Os processos de transdução e tradução 
gênicas resultam na polimerização de AA em cadeia linear 
(estrutura primária da ptn). 
 
 O único AA que é um L-alfa-iminoácido é a prolina (sua 
estrutura resulta da ligação do terminal alfa-amina; -NH2; à 
cadeia variável alifática). 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO NUTRICIONAL E METABÓLICA 
 
1.de acordo com a cadeia lateral / grupamento funcional: 
 
Todos os aminoácidos têm a mesma estrutura geral, 
mas o grupo R é diferente para cada um. Os aminoácidos 
são abreviados pelo uso de um código de três letras e de 
uma única letra. Os aminoácidos marcados com um 
asterisco (*) são essenciais. Aqueles marcados com dois 
asteriscos (**) são essenciais para os lactentes e aqueles 
com certas doenças crônicas. 
 
- apolar: glicina, alanina, valina, leucina, isoleucina, 
fenilalanina, triptofano, metionina e prolina. 
- neutra: serina, treonina, tirosina, asparagina, cisteína e 
glutamina. 
- ácida: ácido aspártico e ácido glutâmico. 
- básica: histidina, lisina e arginina. 
 
 
21 
 
 
Fig. 9: Estruturas e funções dos 20 aminoácidos necessários para os humanos. 
 
2. nutricionalmente: 
 
A síntese de proteínas exige a presença de todos os 
aminoácidos necessários durante o processo. 
Quimicamente, os aminoácidos são ácidos carboxílicos 
com um grupo amino ligado ao carbono α. Todos os 
aminoácidos possuem essa mesma estrutura geral; a 
cadeia lateral também é ligada ao carbono α (o grupo R), o 
que determina a identidade e a função de cada 
aminoácido. 
 
Observe que o carbono α é um carbono quiral e que 
isômeros podem ser formados. O isômero L é funcional no 
corpo humano. 
 
Muitos aminoácidos podem ser sintetizados a partir dos 
esqueletos de carbono produzidos como intermediários 
nas principais vias metabólicas por um processo chamado 
transaminação, que adiciona um grupo amino a um outro 
aminoácido, sem realmente produzir um grupo amino livre. 
 
A transaminação é um processo importante, pois 
permite a produção de aminoácidos não essenciais a partir 
dos intermediários metabólicos enquanto utiliza grupos 
amino livres, não estando, portanto, disponíveis para a 
produção de amônia tóxica. Por exemplo, o piruvato 
formado durante a glicólise é facilmente convertido no 
aminoácido alanina pela adição do grupo amino através da 
enzima alanina aminotransaminase. Por outro lado, os 
aminoácidos essenciais possuem esqueletos de carbono 
que os seres humanos não são capazes de sintetizar (ou 
não podem sintetizar o suficiente), devendo ser obtidos 
pela dieta. 
 
A proteína também pode ser uma fonte de energia. As 
proteínas contém 5 kcal/g; a remoção do grupo amino e a 
formação e a excreção de ureia (desaminação) tem um 
custo metabólico de 1 kcal/g. Assim, o produto resultante 
do esqueleto de carbono pode ser utilizado para 
produzir energia a uma taxa de 4 kcal/g. 
 
Indispensáveis 
Histidina 
Isoleucina 
Leucina 
 
22 
 
Lisina 
Metionina 
Fenilalanina 
Treonina 
Triptofano 
Valina 
 
Dispensáveis 
Alanina 
Ácido aspártico 
Asparagina 
Ácido glutâmico 
Serina 
 
Condicionalmente Indispensáveis 
Arginina 
Cisteína 
Glutamina 
Glicina 
Prolina 
Tirosina 
 
VALOR BIOLÓGICO DE PROTEÍNAS 
 
 Proteínas tem bom valor biológico quando elas 
possuem todos os aminoácidos essenciais em proporções 
apropriadas. Produtos animais (carne, leite e ovos) são 
fontes de proteína de bom valor biológico. 
 
 Proteínas de mau valor biológico são proteínas 
deficientes em um ou mais aminoácidos essenciais. 
Produtos vegetais, em geral, contem proteínas de mau 
valor biológico. 
 
 Leguminosas com soja, feijões, grão-de-bico, ervilha, 
lentilha, são deficientes metionina, embora as proteínas de 
leguminosas oleaginosas (soja, amendoim e etc.) se 
aproximem mais dos produtos animais. Nos cereais o 
aminoácido limitante é lisina. A complementaridade é 
realizada por combinações de proteínas de diferentes 
teores de AA essenciais, por exemplo, arroz pobre em 
lisina e rico em metionina e feijão, pobre em metionina e 
rico em lisina. A introdução de alimentos protéicos de 
origem animal (ricos em todos os AA essenciais) com 
cereais ou leguminosas é outra forma de complementação. 
 
Conforme observado, se o perfil de aminoácidos de um 
alimento não suprir as necessidades do ser humano, os 
aminoácidos que estão em deficiência serão considerados 
limitantes. A qualidade da proteína dietética pode ser 
melhorada pela combinação de fontes de proteínas com 
diferentes aminoácidos limitantes. As dietas com base em 
um único gênero alimentício de origem vegetal não 
promovem um crescimento adequado, pois a dieta não 
possui a quantidade adequada de aminoácidos limitantes 
capaz de fornecer substratos para a síntese de proteína. 
Se outra proteína vegetal, que contém um excesso do 
aminoácido limitante, for adicionada à dieta, a combinação 
da proteína é complementada; os aminoácidos essenciais 
são adequados para o suporte da síntese de proteína 
humana. O conceito de proteínas complementares é 
importante para as populações que não ingerem proteína 
animal ou em risco de insuficiência na diversificação 
alimentar. 
 
Considera-se desnecessário consumir aminoácidos 
complementares durante uma única refeição, mas eles 
devem ser consumidos no mesmo dia. As crianças, 
mulheres grávidas e mães que estejam amamentando e 
que consomem dietas veganas precisam planejá-las 
cuidadosamente para incluir uma mistura de alimentos que 
contenha aminoácidos. 
 
 
Fig. 10: Complementaridade proteica 
 
DIGESTÃO PROTÉICA 
 
 Cerca de 70 a 100g são provenientes da dieta e 35 a 
200g por síntese endógena (turnover endógeno). A perda 
fecal é de 1 a 2g de N2 diários. 
a). 
 A digestão protéica possui 3 fases: gástrica, pancreática 
e intestinal: 
 
- fase gástrica (pH ácido): o suco gástrico (HCl e 
pepsinogênio) é secretado pelas células principais, e o pH 
de ação (1 a 3) permite a ativação do pepsinogênio em 
pepsina. O pepsinogênio pode sofrer ativação pelas 
pepsinas já ativadas (processo de autocatálise). A pepsina 
é desnaturada em pH superior a 5. 
 
- fase pancreática (pH alcalino): no suco pancreático, as 
principais proteases são tripsinogênio, quimiotripsinogênio, 
elastase e carboxipeptidases. O tripsinogênio, após 
secretado, na luz intestinal, é quebrado pela enterocinase 
(presente na borda em escova) sendo ativado em tripsina. 
 
- fase intestinal (pH alcalino): ocorre término da digestão – 
40% AA e 60% di e tripeptídeos. 
 
ABSORÇÃO DE RESÍDUOS PROTÉICOS 
 
 Os peptídeos menores (2 a 8 AA) são digeridos na luz 
intestinal por aminopeptidases, dipeptil aminopeptidases e 
dipeptidases, liberando AA livres, di e tripeptídeos. 
 
 Os resíduos podem ser absorvidos por transporte ativo 
ou por difusão facilitada. 
 
 Certos AA competem entre si, durante a absorção, 
pelos transportadores de membrana, deste modo a 
absorção de di e tripeptídeos torna-se importante para 
manter balanço nitrogenado positivo. 
 
 Este transporte é realizado pela PepT-1, presente na 
membrana apical do enterócito, que possui ampla 
especificidade e transportam por transporte ativo, di e 
tripeptídeos. 
 
 Os di e tripeptídeos absorvidos são digeridos no 
citossol dos enterócitos liberando AA na circulação portal, 
ou utilizados pelo enterócito. 
 
A proteína de transporte de peptídeos na membrana 
basolateral permite o transporte por difusão facilitada. 
 
 
 
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Fig. 11: Absorção de resíduos proteicos. 
 
BALANÇO NITROGENADO 
 
 O pool metabólico de AA é necessário para 
manutenção do equilíbrio dinâmico protéico. 
 
 
 
Fig. 12: Turnover protéico – processo normal, 
essencial, denominado balanço nitrogenado (BN) que 
corresponde à diferença entre nitrogênio ingerido e 
excretado.

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