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Doença de Lyme Esporotricose

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Aula 8 - Doença de Lyme & Esporotricose
1. Doença de Lyme
• Doença multissistêmica com manifestações cutâneas, articulares, neurológicas e cárdicas em humanos e animais
- Primeiro caso no Brasil: 1992
♦ Distribuição
• Presente na América do Norte, Europa e Ásia
• Brasil: Doença de lyme-símile brasileira ou síndrome baggioyoshinari
- Não se identifica o carrapato nas áreas dos casos,
- Bactéria não foi isolada,
- Quadros clínicos diferentes (recorrência e distúrbios imuno-alérgicos),
- Amblyomma e/ou Rhipicephalus
• Espiroquetas Gram-negativas - Borrelia burgdorferi sensu lato:
• 17 genoespécie
• Associadas a quadros clínicos: B. burgdorferi sensu stricto, B. afzelli, B. bavariensis, B. garinii e B. spielmani
♦ Transmissão
- Transmitida – pela picada de carrapatos do gênero Ixodes spp.
- Carrapatos transmitem entre si (transovariano e transestadial) Outros carrapatos como Rhupicephalus sanguineus e Dermatocentor – podem estar envolvidos na transmissão da doença;
- Se multiplicam no intestino do carrapato e posteriormente migram para a glândula salivar – transmissão durante o repasto sanguíneo.
- Não sobrevive no ambiente ou fora de seus hospedeiros;
• Reservatórios – Cães, bovinos, equinos, caprinos, ovinos, gatos, roedores, marsupiais, cervídeos, entre outros
♦ Sinais Clínicos
• Aguda – eritema migratório, febre baixa, mialgia, artralgia, cefaleia e elevação de enzimas hepáticas.
- Pode haver também novas lesões menos expansivas e disseminadas – eritema anular secundário 
(O eritema expansivo em anel é a característica mais marcante dessa doença.)
- À medida em que a área de rubor se expande até 15cm – a lesão assume característica anelar, quente e raramente dolorosa.
• Secundário (Fase Tardia da Doença) – dias ou meses depois
- Complicações articulares, cardíacas e neurológicas
- Mialgia, artralgia, dor radicular, sintomas neurocognitivos, encefalite, intensa fadiga, meningite asséptica, encefalite, neurite de pares craneanos (incluindo a paralisia facial bilateral), miocardite, pericardite, tendinite, bursites.
	Tipos
	Sintomas e Sinais Clínicos
	
Acometimento Articular Agudo
(mais frequente)
	- Febre (41ºC) - Inapeteência/Anorexia
- Claudicação súbita, letargia, Linfadenopatia (pré escapular e poplítea)
- Dor articular localizada
	
Acometimento Articular Crônico
	- TºC Normal ou levemente alterada - Inapetência/Anorexia, letargia
- Claudicação Intermitente - Ausência de dor ou volume articular
- Võmito/dor abdominal/ abortamento (raro)
- Glomerulonefrite por Imunocomplexos (raro)
	
Sinais Menos Frequente
	- Febre (41ºC) - Inapeteência/Anorexi, letargia
- Linfadenopatia - Dor súbita não Localizada
 Principais Manifestações em Cães
Principais Manifestações em Outras Espécies
Espécies
Sintomas/Sinais Clínicos
Ovinos/Caprinos
↑ de vol. Articular, mialgia, febre
Bovinos
↑ de vol. Articular, mialgia, febre
Abortamento, Laminite, Dermatite Digital, Redução da Produção
Equinos
- Emagrecimento - Artrite
- Febre - Edema Ascendente
- Claudicação - Sinais Neurológicos
-Laminite (depressão, incoordenação, encefalite)
Gatos
- Não há descrição de sinais
♦ Diagnóstico
• Imunoistoquimica				• Cultura – raramente bem sucedida,
• ELISA 						• RIFI ou RIFD
• Western-Blot 					• PCR
♦ Tratamento
• Antibioticoterapia – Doxiciclina 100mg ou amoxicilina 500mg por 15 dias;
- Lesões disseminadas - prolongar o tratamento por 3 a 4 semanas.
- Quadros neurológicos (meningites) – Penicilina G cristalina 20 milhões UI/dia.
♦ Profilaxia e Controle
• Não contato com carrapatos;
• Uso de carrapaticidas;
• Manejo ambiental; 
• Vacinação de cães (EUA - Não tem vacina comercial no Brasil.
♦ Vigilância epidemiológica
• Objetivos: Detecção de casos suspeitos ou confirmados, instituição de tratamento precoce para evitar as complicações; Identificação de focos; Medidas de educação em saúde, com vistas a impedir a ocorrência de novas infecções.
• Notificação - Por ser doença rara em território brasileiro, caracteriza-se como agravo inusitado, sendo portanto, de notificação compulsória e investigação obrigatória.
• Controle – Verificação da extensão da área onde os carrapatos transmissores estão presentes; - Ações de educação em saúde; 
- Roupas claras de mangas compridas, uso de repelentes
2. Esporotricose
• Primeiro surto em humanos: 1940 na África do Sul em que 3.000 trabalhadores de minas de ouro se infectaram – encontrado nas madeiras de sustenção (o fungo foi encontrado nas madeiras dentro das minas).
** "Muitos proprietários que são infectados pelos animais temem outros casos no domicílio e abandonam seus gatos longe das residências, favorecendo ainda mais a disseminação da doença. Outros sacrificam os animais, jogando os corpos em terrenos baldios ou enterrando-os nos quintais, favorecendo a perpetuação do fungo no meio ambiente” (Isabella Dib, pesquisadora do Ipec/Fiocruz) – (O enterramento permite que o fungo fique no ambiente)
- Gatos sadios apresentaram baixa importância;
- Gatos doentes grande importância, principalmente através da colonização da cavidade oral e nasal; 
- Endêmica e a transmissão depende apenas do contato
- Relacionada com brigas ou momentos da roprodução 
♦ Agente Etiológico
Fungo dimórfico – Sporothrix schenckii
Apresenta-se filamentoso no ambiente (ou a 25ºC) e como levedura em parasitismo (ou 37ºC) - aspectos das colônias
- Fungo filamentoso – pluricelular
- Forma de levedura = unicelular
♦ A Doença
• A doença era comum em jardineiros, agricultores ou pessoas que tivessem contato com plantas e solo em ambientes naturais onde o fungo pudesse estar presente em materiais orgânicos;
• Acredita-se que os felinos sejam as únicas espécies capaz de atuar como reservatório, mesmo sendo já relatado em outras espécies (equídeos, suínos, caprinos, raposas, camelos, ratos, golfinhos..)
- Grande quantidade de levedura nas lesões
** Gatos possuem grande importância epidemiológica na transmissão por carregarem uma grande quantidade do agente quando se compara com as demais espécies em que já foi relatado
• A forma clínica depende do tamanho do inoculo,a profundidade da inoculação traumática, a tolerância térmica da cepa e o estado imunológico do hospedeiro.
- Fungo incapaz de penetrar na pele intacta – a transmissão entre felinos está relacionada com brigas ou momentos da reprodução.
• Raras ocasiões - disseminar-se para outros órgãos, ou ainda ser primariamente sistêmica, resultante da inalação de esporos.
(após penetrar pela pele pode se disseminar sistemicamente ou já se iniciar numa forma sistêmica quando ocorre inalação dos esporos.)
- Formas Extracutâneas – pulmões, articulações, ossos, globo ocular, SNC e outros órgãos
♦ Transmissão
• A transmissão entre animais e na forma zoonotica tem ocorrido através de arranhaduras, mordeduras ou contato com as secreções de lesões de gatos doentes.
• Cães – não desempenham um papel importante (não foi comprovada a transmissão ao ser humano por esses animais).
- Provavelmente, os poucos casos de infecção em cachorros foram devido ao contato desses com gatos doentes.
♦ Patogenia
• Os fatores de virulência parecem estar ligados à produção de melanina e de proteinases extracelulares, à termo tolerância e componentes de parede celular;
• Produção de melanina – necessária para sobrevivência às condições adversas do ambiente
- Determina maior infiltração em infecções e resistência à fagocitose, e acredita-se que diminui sensibilidade a antifúngicos;
• Após inoculação – pode ocorrer disseminação linfática
• Cães e gatos: lesões normalmente em segmento cefálico, pavilhões auriculares, porção distal de membros e base da cauda e do tronco. 
- Lesões ulceradas (solitárias ou múltiplas), exsudativas, de bordas elevadas, recoberta geralmente por crostas sanguinolentas;
- Pode haver lesões papularesou nodulares ou de aspecto tumoral, que podem evoluir para necrose de liquefação; 
- Múltiplos nódulos quando há disseminação linfática.
♦ Diagnostico
• Isolamento em Agar Saboraud;			• Isolamento em Agar Mycosel;
• Histopatologico; 					• PCR;
• Aglutinação em látex; 					• Fixação do complemento;
• Imunofluorescência indireta
 Tratamento
• Pode requerer antibótico (infecções secundárias);
• Manter tratamento por 1 a 2 meses após cura clinica;
• Cães
- Iodeto de potássio 20% - 40 mg/kg/VO/TID
- Cetoconazol 5 a 10 mg/kg/VO/SID
- Itroconazol 10 a 30 mg/kg/VO/SID
• Gatos
- Iodeto de potássio cápsula, 10 – 20 mg/kg/VO/BID
- Cetoconazol 5 – 10 mg/kg/VO/SID
- Itroconazol 10 – 30 mg/kg/VO/SID
- Terbinafina 30 – 40 mg/kg/VO/SID
♦ Controle
• Recomendações Iniciais Caso o Gato Esteja com Alguma Suspeita:
- Isolar o gato de outros animais;
- Use luva de látex para manipular o animal e, depois lave as mãos com água e sabão;
- Desinfete o ambiente onde o gato se encontrar com H2O sanitária ou Cloro;
- Evite que o animal tenha acesso à rua;
- Procure um médico veterinário;
- Não abandone ou tenha medo do gato – INFORME-SE sobre como tratar a doença.

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