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Cursos Online EDUCA www.CursosOnlineEDUCA.com.br Acredite no seu potencial, bons estudos! Curso Gratuito Treinamento Esportivo Escolar Carga horária: 60 hs Conteúdo programático: História do treinamento esportivo O treinamento total de Raoul Mollet Comissão técnica Preparação técnico-tática Preparação psicológica Preparação complementar Princípios científicos do treinamento esportivo Princípio da Adaptação Princípio da sobrecarga Princípio da Continuidade Princípio da Especificidade Estudo das qualidades físicas Resistência Coordenação Descontração Agilidade Velocidade Periodização de treinamento A periodização do treinamento esportivo O caráter cíclico do treinamento esportivo Treinamento cardiopulmonar Treinamento neuromuscular Referências História do treinamento esportivo O Período da Arte compreende os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga a partir de 776 a.C. até as primeiras olimpíadas da era moderna em Atenas em 1896. Os treinamentos eram conduzidos de uma forma global. Esses treinamentos eram baseados em experiências subjetivas de cada treinador. Os conteúdos eram extenuantes, tinha-se a ideia de que quanto mais difícil for o treino, mais dor o atleta sentir, melhor. Um relato dizia que os gregos usavam algumas poções elaboradas com ervas, para aumentar o rendimento físico de seus atletas. O Período da Improvisação inicia-se com a primeira olimpíada da era moderna em Atenas em 1896 e termina na sétima olimpíada da era moderna em Antuérpia em 1920. Nessa fase, começou a surgir a necessidade de se estruturar o treinamento compreender os resultados que se obtinha através desse treinamento. O Período da Sistematização se caracteriza pela revolução das estruturas da teoria do treinamento que o finlandês Lauri Pihkala propôs, que era o “treinamento intervalado”, onde alternava-se o treino de distâncias curtas com intensidade forte e intervalos longos para recuperação. Os atletas finlandeses chegavam a treinar três vezes por dia, onde o local Paava Nurmi, em 1920, surpreendeu a todos ao correr com um cronômetro para controlar o seu ritmo, e seu treinamento consistia no “treinamento duração”, com marchas, e corridas de longa distância e no “treinamento tempo”, utilizando o trabalho intervalado. E através de seu método de treinamento, Paava Nurmi obteve 22 recordes mundiais, 10 medalhas olímpicas, sendo sete de ouro e três de prata. O alemão Krummel, a partir de 1920, sistematizou o treinamento através de alguns estudos. Finalizando esse período de 1920 a 1930, a escola sueca associou à velocidade, ritmo e o endurance, integrando os treinamentos em uma única sessão. O sueco Bosse Kolmer desenvolveu o sistema fartlek (jogo de velocidade). Esse sistema era feito através de trabalhos de corrida mediante a resistências naturais, como corridas na areia, bosques, ladeiras. O sistema compreende a alternância entre corridas rápidas e lentas, utilizando o descanso ativo e controlando o tempo de treinamento (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002). No Período Pré-científico (1930 a 1950), vários estudos foram feitos a respeito sobre as variáveis envolvidas no desempenho físico. Algumas propostas de Waldemar Gerschller e Waitzer (1933) recomendam a utilização de pistas ao invés de corridas na praia, bosques, como defende o fartlek, e a utilização de sessões mais curtas e da utilização de corridas de velocidade. A partir de 1942, o alemão Toni Nett estabeleceu normas de execução para outras formas de treinamento, sobressaindo- se o “time-trainning”. A maior contribuição desse período é a criação do treinamento intervalado (interval trainning) realizado por Toni Nett junto com o tcheco Kerssenbrac. Esse tipo de treino se caracteriza pelo uso de distâncias entre 200 e 400 metros, com alto volume de treinamento, chegando a 70 repetições, com intervalo de descanso de um minuto, quando o atleta realiza o repouso ativo (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002). As pesquisas científicas realizadas por várias escolas notaram que o trabalho intervalado na década de 50 permitia que outros treinadores confirmassem que o princípio do treinamento intervalado era eficaz no preparo físico dos atletas de alto nível. Neste período, métodos de musculação, diferentes sistemas de treinamento (estabelecimento de diferentes objetivos de treinamento, proposição de tabelas de trabalhos, organização e estruturação de temporadas, preponderância da intensidade sobre o volume de treinamento), pesquisas sobre fisiologia do esforço, se tornaram cada vez mais comuns (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; DANTAS, 1998). O Período Científico começa a partir de 1950 e vai até os dias atuais. Pesquisas científicas realizadas por Gerchller e Herbert Reindell fundamentam e comprovam a eficácia do treinamento intervalado. A hegemonia do treinamento intervalado perdurou até os Jogos Olímpicos de Roma em 1960, onde duas escolas se consagraram: australiana e neozelandesa. A australiana mesclava o time- trainning com o treinamento total, enquanto a neozelandesa criou o “marathon trainning”, cuja característica era um treinamento com altíssima intensidade, onde os atletas para treinarem percorriam até 160 quilômetros por semana (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002) Segundo Mollet, pode-se dizer que não basta apenas ter um excelente treinamento tático, técnico e físico, cabe também ao atleta procurar aperfeiçoar o seu preparo, através de bons hábitos de vida, alimentação adequada. Segundo o treinamento de Raul Mollet, cada pessoa possui uma bagagem genética, que irá determinar suas potencialidades físicas e psicológicas para a prática de determinado exporto. Para que o indivíduo atinja o seu alto rendimento em determinado esporte, é necessário que ele tenha características acima do normal que o destaque dos demais indivíduos. E para treiná-lo é necessário aplicar um treinamento adequado (DANTAS, 1998; HERNANDES JR., 2002). O enorme desenvolvimento tecnológico permitiu e vem permitindo aos treinadores e preparadores físicos o acesso a uma série de informações que o influenciam positivamente, para melhorar o desempenho do atleta. É notável a constante evolução tecnológica no que se refere a métodos de avaliação e controle de treinamento, como, por exemplo, os monitores de frequência cardíaca, que possibilitou aos treinadores e preparadores físicos monitorarem a frequência cardíaca do atleta durante todo o treinamento, e assim obter através do processamento de informações a demonstração do aproveitamento efetivo de cada sessão de treinamento e suas exigências fisiológicas. Outros aparelhos como o esfigmomanômetro (aferidor de P.A.), esteiras, bicicletas ergométricas, transports, elipticons, aparelhos de musculação, ergoespirômetros, aparatos para realização de testes físicos e metabólicos e outros aparelhos que contribuem muito com os profissionais que trabalham com treinamento esportivo (TUBINO, 1979; DANTAS, 1998; HERNANDES JR., 2002). Devido à constante evolução da tecnologia em prol do esporte como um todo, a vitória não é mais suficiente em algumas modalidades esportivas. Hoje em dia o que interessa é a quebra de recordes. Em consequência disso, originou-se os atletas de laboratório, onde várias pesquisas são feitas a fim de se aumentar a capacidade e performance física. Para isso, têm-se as inúmeras pesquisas da Fisiologia do Exercício e dos Recursos Ergogênicos. Para conseguir quebrar recordes, algumas medidas básicas ainda são válidas, como ter uma alimentação adequada, uma assistência médica permanente, um descanso apropriado e claro, um treinamento eficaz. O treinamento total de Raoul Mollet Ao nascer, cada pessoa traz uma bagagem genética (genótipo) que irá determinar suas potencialidadesfísicas e psicológicas para a prática determinados tipos de esporte. A Biometria e a Psicologia já possuem um esboço do perfil desejável do atleta para cada modalidade esportiva. Um indivíduo extrovertido e ectomorfo, por exemplo, não será nunca um campeão mundial de Ginástica Artística, por mais que insista no treinamento. É necessário que o atleta, que se destina ao esporte de alto nível, possua uma predisposição genética para tal. Além de possuir o corpo e mente adequados à prática do esporte visado, é imprescindível que tenha características de superdotação psicomotora, que o destaque dos demais indivíduos também possuidores das mesmas adequações morfológicas, fisiológicas e psicológicas, mas que nem por isso serão campeões. De qualquer forma, se não for dado ao indivíduo certo o treinamento perfeito, também não se conseguirá fazer o recordista mundial. Ao genótipo precisa ser acrescido um conjunto de contribuições dos domínios afetivo, cognitivo e psicomotor (fenótipo), que possibilitarão estabelecer diferenças entre o atleta hábil e o campeão. Num contexto de Treinamento Total, considera-se que o objetivo é alcançar a performance máxima através do treinamento mais completo, fornecido ao indivíduo mais adequado. Pode-se definir Treinamento Esportivo, dentro de uma perspectiva de treinamento total, como: O conjunto de procedimentos e meios utilizados para se conduzir um atleta à sua plenitude física, técnica e psicológica dentro de um planejamento racional, visando executar uma performance máxima num período determinado. O enorme desenvolvimento tecnológico atual permite ao treinador d e ter acesso a uma série de informações e insumos que influenciarão, de maneira poderosa, o desenvolvimento de seu atleta. Diversos centros de pesquisa, trabalhando nas mais diferentes áreas, fornecem subsídios para o treinamento. Algumas áreas têm maior importância para o esporte competitivo. Estas contribuições consolidam algumas subáreas no Treinamento Esportivo com as atividades perfeitamente distintas, definidas e hierarquizadas entre si. O treinamento Esportivo passa a ser um conjunto de atividades bastante complexo, compreendendo: • Atividades de medicina preventiva; • Desenvolvimento de capacidade cardiopulmonar; • Desenvolvimento de capacidade neuromuscular; • Aquisição de técnica; • Apreensão da tática; • Mobilização das forças psíquicas; • Atividades de medicina esportiva; • Integração social e • Treinamento invisível ou Preparação complementar (alimentação, hábitos de vida e recuperação) Este programa de constante aperfeiçoamento científico multidisciplinar soterra definitivamente a figura do técnico dos períodos Empírico e Científico. Este normalmente, era um ex-praticante do esporte com algum sucesso como atleta. Nos centros mais adiantados do mundo, ao mesmo tempo que se colocava em funcionamento um sistema de Treinamento Total, percebeu-se que, por melhor que fosse o técnico, ele nunca teria condições de executar todas as atividades, nem teria todos os conhecimentos necessários à consecução do treinamento. A solução encontrada, baseada na teoria geral da administração, foi atribuir cada área de trabalho a um a especialista. Surgia, dessa forma, a comissão técnica. Comissão técnica O embrião da comissão técnica surgiu no período do Empirismo, quando o técnico passou a necessitar da colaboração de um médico. Porém, somente com o advento da filosofia de Treinamento Total é que aparece a comissão técnica para controlar as diversas variáveis introduzidas no processo. As responsabilidades do treinamento passam a ser divididas igualmente entre os membros da comissão técnica, os quais atuam em áreas perfeitamente definidas. Se antes havia o técnico e diversos auxiliares, agora há profissionais trabalhando em conjunto para um mesmo objetivo. A Comissão Técnica é constituída por: TÉCNICO: Responsável pelo treinamento técnico-tático. PREPARADOR FÍSICO: Responsável pela preparação física. MÉDICO: Responsável pelas atividades de medicina. PSICÓLOGO: Responsável pela preparação psicológica. SUPERVISOR: Responsável pelo treinamento invisível e pelos auxiliares. Ela pode, ainda, contar com diversos auxiliares técnicos como, por exemplo: - Coreografo - Acompanhante - Roupeiro - Pianista - Massagista Nutricionista - Enfermeiro - Servente - Técnicos Assistentes - Armeiro - Atividades de treinamento total entre os membros da comissão técnica FUNÇÃO ATIVIDADE RESPONSÁVE L Preparação Física Preparação neuromuscular; Preparação cardiopulmonar; Periodização de treinamento. Preparador Físico Preparação Técnico- Tática Preparação técnica; Preparação tática; Controle direto dos atletas. Técnico Preparação Médica Planejar e fiscalizar a alimentação; Profilaxia e recuperação de doenças e lesões; Prevenir acidentes através da inspeção de locais e materiais de treinamento; Realizar testes, exames e controles; Prevenir a aplicação de cargas de trabalho excessivas. Médico Preparação Psicológica Psicodiagnóstico; Socialização dos atletas; Abordagens psicológicas individuais; Regulagem e controle de stress e de tensões psicológicas; Correção de desvios ou deturpações de comportamento; Orientação da Comissão Técnica quanto ao modo de agir com cada atleta. Psicólogo Preparação Complementa r Providenciar e gerir o alojamento, materiais e locais de treinamento, Transporte, vestuário e concentração; Providenciar atividades para as horas de lazer; Providenciar as solicitações da Comissão Técnica; Supervisionar as atividades dos auxiliares; Verificar o correto cumprimento do Quadro de Trabalho Semanal e do Planejamento de trabalho diário. Supervisor Os objetivos são estabelecidos de comum acordo pela comissão técnica, mas a existência de tantas pessoas trabalhando juntas cria a necessidade de uma perfeita coordenação. A função de coordenação pode pertencer ao técnico, se for criada a figura do Técnico-Chefe (Coordenador) para harmonizar o trabalho dos demais técnicos com o restante da comissão. De acordo com experiências anteriores de trabalho numa comissão técnica, a solução é desmembrar-se a função de coordenação em duas, atribuindo ao preparador físico o planejamento da periodização e o acompanhamento da evolução do treinamento; e ao supervisor o controle formal do trabalho diário e a avaliação do desempenho dos profissionais da comissão técnica. É importante ressaltar que cabe ao técnico o controle direto dos atletas, devendo assumir a liderança dos mesmos e mantê-los sob seu comando técnico, em especial com a do psicólogo. Preparação técnico-tática Ao técnico caberá a responsabilidade pela preparação técnico-tática. Sua maior responsabilidade, no entanto, será a liderança dos atletas. De nada vale um perfeito esquema de treinamento se não houver uma íntima interação técnico/atleta. O treinador, antes de mais nada, é um professor que irá ensinar uma determinada atividade esportiva. Para isso é desejável possuir sólidos conhecimentos de pedagogia e de psicologia. Deve, também, ter as seguintes características comportamentais e qualidades humanas que o indiquem para tal tarefa: Pontualidade; Entusiasmo; Linguagem precisa; Ponderação; Calma; Persuasão; Energia; Capacidade de julgamento de si mesmo e de seus atletas; Atitudes respeitosas com seus atletas; Acessibilidade ao diálogo; Fácil utilização dos princípios pedagógicos da aprendizagem; Capacidade de manter seus atletas atentos, motivados e alegres; Posicionamento sempre aberto à reflexão e à análise crítica; Capacidade de liderar o grupo de atletas. A par desta características, o treinador deve possuir um perfeito conhecimento do seuesporte, estando plenamente familiarizado com as minúcias dos gestos esportivos específicos. A preparação Técnico é o conjunto de atividades e ensinamentos que o atleta assimila, visando à execução do movimento esportivo com um máximo de eficiência e com o mínimo de esforço. Ao se visar à perfeição do gesto esportivo e à obtenção do automatismo na sua execução, estão se fornecendo ao atleta fundamentos técnicos que possibilitarão a ele desenvolver seu estilo pessoal futuramente. Além de liderar o grupo de atletas, mantendo-os convenientemente participantes e atentos, e realizar a preparação técnica, cabe ao treinador se ocupar da parte tática. A tática é a arte de dispor nossos recursos (atletas, técnicos, materiais esportivos, etc.) de maneira a explorar ao máximo os pontos fracos do adversário, ao mesmo tempo que se minimizar as nossa próprias dificuldades. Para isso, é importante possuir u perfeito conhecimento das características e peculiaridades do adversário. A proficiência tática é obtida através da preparação tática, que deve ser realizada paralelamente à preparação técnica. Preparação tática é o conjunto de procedimentos que irá assegurar ao atleta ou a equipe a utilização dos princípios técnicos mais adequados a cada situação da competição ou do adversário. Dependendo do tipo de esporte, a preparação tática terá maior ou menor importância. A diferença entre um jogo de futebol e uma competição de ginástica artística, no tocante à influência tática é óbvia. No entanto, em todos os esportes haverá, obrigatoriamente, uma componente tática que não deve ser descuidada. Sobre os treinadores recaem pesadas responsabilidades porque o espírito e o comportamento do competidor são, amiúde, o fiel reflexo do grau de convicção do treinador a respeito do fair play. O treinador influi poderosamente na formação do caráter do competidor, especialmente do jovem competidor, geralmente impressionável. É fatal, portanto, que o participante, cuja necessidade de aprendizagem técnica o une diretamente a seu treinador, seja por ele influenciado em seu comportamento e em seus valores éticos. Normalmente se tem a ideia de que o treinador só deve preocupar-se coma habilidade e a condição física do competidor: este é um ponto de vista totalmente errôneo. Tanto no esporte profissional como no amador, sua atitude deve estar presidida pelo fair play, devendo esforçar-se, sem descanso, para ele, o fair play é sinônimo de integridade e dignidade. Preparação psicológica Ao encarar o homem como um ser total, percebe-se que somente por submetê-lo à melhor preparação física e técnico-tática não se estará conduzindo-o ao máximo de suas potencialidades. Há que considerá-lo como um indivíduo diverso dos demais, com seus próprios motivos e emoções, sujeitos às exigências do meio e tendo que se relacionar com outros homens dentro da sociedade. Surge a necessidade de se propiciar ao atleta uma perfeita preparação psicológica. A preparação psicológica é a área de atuação da Psicologia Esportiva (um dos mais recentes ramos da Psicologia) que contribui para que o psicólogo esportivo e o técnico implementem de maneira científica as atividades do preparo psicológico. As atividades de preparação psicológica podem ser, num enfoque puramente metodológico, embora sem veleidades de esgotar o assunto, dará indicações sucintas dos componentes desta preparação. Para o treinador, dois aspectos assumem importância primordial: a) O conhecimento de seu atleta; b) Saber como conduzi-lo face ao treinamento e à competição. O primeiro item, a observação pessoal deve ser complementada pelo psicólogo esportivo, através do perfil psicológico. GEORGES RIOX (1980), na introdução da obra Deternantes Psychologiques de La Performance, afirma que quatro exigências fundamentais são básicas para os atletas de alto nível: • Uma personalidade sã e equilibrada, ávida para aprender; • Um potencial energético grande, possuindo uma ponderável necessidade da afirmação de si mesmo. • Uma resistência excepcional às frustrações multiformes; • Uma grande estabilidade emocional, capaz, quando necessário, de adaptações as modulações situacionais. BARRETO (1976), SALMELA (1976), SUIN (1980), RIOUX(1980) e outros consideram que os atletas de alto nível devem possuir características elevadas de: ambição, organização mental, resistência, agressividade, maturidade emocional, autocontrole, autoconfiança, segurança, inteligência, baixos níveis de tensão, introversão para esportes individuais e extroversão para esportes coletivos ou de equipe. Já de posse de um diagnóstico psicológico do atleta (realizado na fase do psicodiagnóstico) e baseado nas suas características psicológicas ideais, o psicólogo preparará toda a estratégia de trabalho, considerando Quatro aspectos básicos fundamentais para o seu desenvolvimento técnico: os processos cognitivos, emocionais, psicomotores e sociais. Esses processos serão integrados nos quatro períodos de preparação psicológica, que são os seguintes: O Preparo psicológico de treinamento Durante o período do preparo psicológico de treinamento, o psicólogo e o treinador serão sensíveis e cuidadosos na maneira de conduzir a equipe numa dinâmica de grupo. O treinador tentará obter maior coesão na nova estrutura social formada. Para sintetizar, as considerações durante este primeiro período incluirão: a) Avaliação dos níveis motivacionais dos atletas; b) Avaliações e acomodações à dinâmica social da nova equipe; c) Desenvolvimento das habilidades básicas (aprendizagem da técnica); d) Manutenção da sanidade física e psicológica do atleta. Antes da competição, durante o período de tensão pré-competitivo, deverão ser desenvolvidos treinamentos específicos de concentração e controle mental, normalmente, a cargo do psicólogo. Nesta fase, a presença do treinador no local da competição, apoiando e incentivando seu atleta é fundamental. Este período ocorre entre um e dois dias, antes da competição. Cuidados especiais devem ser tomadas para que a curva de tensão do atleta não chegue ao pico máximo precocemente ou que este seja ultrapassado. Toda a atenção deve estar voltada para acalmar o atleta, preenchendo seu tempo livre, para que ele não se preocupe com a competição iminente, sua dieta ou o seu sono. Níveis altos de ansiedade ou tensão podem ser controlados por técnicas de relaxamento ou mesmo por certos calmantes de ação curta. O treinador deve fazer referências positivas aos esforços do atleta nas sessões de treinamento ou mesmo dos recentes sucessos competitivos. Logo após a competição surge o período de tensão pós-competição. Todo cuidado deve ser tomado na tentativa de entender os níveis individuais de frustração, depressão, euforia e agressão experimentados pelos vários atletas que perderam ou ganharam. Cada atleta interpretará seu papel de responsabilidade na vitória ou derrota de diferentes modos. É necessário que o treinador pense e aja Preparo psicológico de competição a) Período de tensão a longo prazo b) Período pré-competitivo PERÍODOS DE TENSÃ c) Período competitivo d) Período pós-competitivo Preparo psicológico de pós-competição corretamente, a fim de ajudá-los a interpretar adequadamente seus próprios esforços, e assinalar os motivos pelos quais o sucesso ou a derrota estiveram relacionados ou não com o ganhar ou o perder. Existem, às vezes, algumas diferenças entre os sexos na maneira de interpretar a vitória ou a derrota. Frequentemente, a mulher atleta tem menos tolerância para perder e se engaja em comportamento intrapunitivos (vergonha, culpa) após a derrota. PREPARAÇÃO MÉDICAA preparação médica consiste nas atividades profiláticas e terapêuticas de medicina geral, e nos procedimentos específicos da medicina esportiva. Ao médico esportivo, como integrante da comissão técnica, caberá: a) Planejar e fiscalizar a alimentação dos atletas, contando para isso com a assessoria de um nutricionista. b) Profilaxia e recuperação de doenças e lesões provocadas ou não pela prática esportiva. c) Prevenção de acidentes esportivos através da inspeção de locais e materiais de treinamento. d) Realizar testes, exames e controles necessários para a quantificação do treinamento, contando para isso com a participação de laboratórios especializados (clínicos, fisiologia do esforço etc.). e) Acompanhamento dos atletas, visando prevenir a aplicação de cargas excessivas de trabalho. f) Fazer a supervisão técnica do pessoal auxiliar de sua área (fisioterapeuta, massagista, enfermeiro etc.). g) Realizar outras tarefas de medicina esportiva. Preparação complementar Chamada por MOLLET de treinamento invisível, a preparação complementar é o conjunto de medidas administrativas que permitem que o treinamento total se desenvolva sem solução de continuidade, nem quebra do ritmo. Normalmente, fica a cargo do supervisor que, além das medidas logísticas, é o responsável pelo controle dos membros da comissão técnica. Num trabalho de dois anos com ginástica artística feminina, realizando um treinamento total, dentro dos ditames do treinamento esportivo científico, estabeleceu-se o fluxo de informações mostrado abaixo, com excelentes resultados. Princípios científicos do treinamento esportivo Diversos autores vêm escrevendo já há bastante tempo sobre os princípios básicos ou princípios científicos do treinamento esportivo. O rol destes princípios é, portanto, bastante volumoso. Sem menosprezar os demais, será adotado o elenco preconizado por TUBINO (1979) atualizado com a inclusão de um sexto princípio, que, além de praticamente esgotar o assunto, permite uma correta abordagem pedagógica. o Princípio da individualidade biológica o Princípio da Adaptação o Princípio da sobrecarga o Princípio da continuidade o Princípio da interdependência volume intensidade o Princípio da especificidade Estes seis princípios são a pedra angular da preparação física. Uma vez bem assimilados permitem que o preparador crie seus próprios métodos e técnicas de preparação, baseados nos processos já existentes. Princípios da Individualidade Biológica De acordo com Tubino, “chama-se individualidade biológica o fenômeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas iguais entre si.” (TUBINO, 1984, p. 100). Cada ser humano possui uma estrutura e formação física e psíquica própria, neste sentido, o treinamento individual tem melhores resultados, pois obedeceria as características e necessidades do indivíduo. Grupos homogêneos também facilitam o treinamento esportivo. Cabe ao treinador verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de seu atleta para o treinamento ter um real desenvolvimento. Há vários meios para isso, além da experiência do treinador, que conta muito, os testes específicos são primordiais. + = Para interesse deste estudo, deve-se entender o genótipo como a carga genética transmitida à pessoa e que determinará diversos fatores, tais como: a) Composição corporal; b) Biotipo; c) Altura máxima esperada; d) Força máxima possível; e) Aptidões físicas e intelectuais (potencialidades, tais como: maior VO2 possível, percentual de tipos de fibras musculares etc.) O fenótipo, enfeixado tudo que é acrescido ou somado ao indivíduo a partir do nascimento, será responsável por outras características como: a) Habilidades esportivas; b) VO2 max c) Tipo real dos tipos de fibras musculares; d) As potencialidades expressas (altura do indivíduo, força máxima etc.). Para melhor compreensão, tornar-se-á como base o caso da proporção entre os tipos de fibras musculares existentes numa pessoa. Resumindo, para facilitar a compreensão do assunto, pode-se dizer que os potenciais são determinados geneticamente, e as capacidades ou habilidades expressas são decorrentes do fenótipo. Além destes caracteres individuais, algumas características coletivas influenciam a formação da individualidade. Assim, o sexo, a idade e a raça determinam fatores comuns para grupos de pessoas. Como foi dito anteriormente, o campeão é aquele que nasceu com um “dom da natureza” e que, aproveitando esse dom totalmente, o desenvolve através de um perfeito treinamento. Genótipo Fenótipo Individuo Para melhor compreensão, tornar-se-á como base o caso da proporção entre os tipos de fibras musculares existentes numa pessoa. Resumindo, para facilitar a compreensão do assunto, pode-se dizer que os potenciais são determinados geneticamente, e as capacidades ou habilidades expressas são decorrentes do fenótipo. Além destes caracteres individuais, algumas características coletivas influenciam a formação da individualidade. Assim, o sexo, a idade e a raça determinam fatores comuns para grupos de pessoas. Como foi dito anteriormente, o Princípio da Adaptação Para que este princípio seja entendido é preciso se compreender o conceito de homeostase. O conhecimento da individualidade biológica do adversário, que é feito através dos princípios da preparação tática, propiciará a exploração dos pontos fracos dos oponentes ao mesmo tempo que o treinador se acautelará com os pontos fortes destes. Princípio da Adaptação Para que este princípio seja entendido é preciso se compreender o conceito de homeostase. Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente. A homeostase pode ser rompida por fatores internos (geralmente oriundos do córtex cerebral) ou externos, tais como: calor, frio, situações inusitadas (provocadas por emoções), variação de pressão, esforço físico, traumatismo etc. Sempre que a homeostase é perturbada, o organismo dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, quer dizer, todo estímulo provoca uma reação no organismo acarretando uma resposta adequada. Se por exemplo, a temperatura baixar, de repente, o organismo sofrerá uma vasoconstrição periférica e uma vasodilatação esplênica, acompanhada de um aumento do metabolismo (reação); em decorrência disto, o corpo mantém sua temperatura estável pela maior produção de calor interno e pela diminuição do calor removido através da pele (resposta). O conhecimento da individualidade biológica do adversário, que é feito através dos princípios da preparação tática, propiciará a exploração dos pontos fracos dos oponentes ao mesmo tempo que o treinador se acautelará com os pontos fortes destes. Os estímulos provocarão uma resposta de importância diretamente proporcional à sua intensidade. HUSSAY (1956), citado por CALDAS & ROCHA (1978), relata que todos os estímulos externos produzirão efeitos no organismo e estabelece uma diferenciação entre a intensidade destes estímulos, que pode ser resumida no quadro abaixo. INTENSIDADE RESPOSTAS DO ESTÍMULO Débil Não acarretam consequências. Média Apenas excitam Forte Provocam adaptações Muito forte Provocam danos HANS SEYLE (1956) concentrou seus estudos nos estímulos fortes e muito fortes, denominando-os stresses, que seriam os estímulos capazes de provocar adaptações ou danos no organismo desencadeando uma Síndrome de Adaptação Geral (SAG). Os tipos de stress foram estudados por VON EULER (1969) que os classificou em: a) Stresses Físicos; b) Stresses Bioquímicos; c) Stresses Mentais. O stress físico é o causado por um aumento da atividade física, provocando um incremento da secreçãode adrenalina e noradrenalina, diretamente proporcional à intensidade do esforço, sendo preponderantemente o aumento da taxa de noradrenalina. O stress bioquímico é provocado pela introdução no organismo de qualquer substância química. Exemplos de agentes estressantes bioquímicos: a) Insulina – provoca hipoglicemia. b) Hormônios – com efeitos específicos conforme tipo ministrado. c) Álcool – provocando entre outros, uma vasodilatação. d) Fumo – com efeitos prejudiciais sobre os sistemas circulatórios, respiratórios e digestivo. Além desses, podem ser citados diversos outros como: alimentos, os calmantes, os excitantes etc. No stress mental, provocado pela ansiedade, pela angústia ou por outro fator estressante oriundo, geralmente, do córtex cerebral, observa-se, a exemplo do constatado no stress bioquímico, uma predominância da segregação de adrenalina. Embora, durante o treinamento e a competição, o atleta esteja submetido aos três tipos de stress, é o stress físico que interessará diretamente, pois este associado ao princípio da adaptação é que permitirá a existência do treinamento esportivo. Para uma melhor compreensão da Síndrome de Adaptação Geral (SAG), esta será dividida em três fases: 1ª fase: fase da excitação – provoca uma reação de alarme. 2ª fase: fase da resistência – provoca uma adaptação. 3ª fase: fase da exaustão – provoca danos temporários ou permanentes. Os meios de comunicação social utilizam-se geralmente, da palavra stress associada unicamente à terceira fase da SAG, atribuindo-lhe um significado pejorativo. No entanto, durante a segunda fase do SAG, o stress, principalmente o físico, pode ter efeito benéfico ao organismo. O treinador dependerá de parâmetros fisiológicos e de seu feeling para situar a intensidade do treinamento dentro de uma faixa que provoque adaptações no organismo. Se for utilizado uma intensidade fraca ou média, não haverá efeito de treinamento; se, por outro lado, o treinamento for feito com a utilização de estímulos muito fortes, estar-se-á provocando o surgimento de exaustão. É natural, e desejável, que o atleta, após uma sessão de treinamento, esteja cansado. Porém, é imprescindível que após um período de repouso, ele consiga recuperar-se totalmente e esteja em perfeitas condições para o treino seguinte. Se, no entanto, se estiver aplicando estímulos muitos fortes, em um período de recuperação ou alimentação insuficiente, ou na presença de estados patológicos, não haverá esta recuperação e o atleta entrará num processo de exaustão que CARLYLE (1967) e diversos autores denominam de strain. Cabe aqui, uma melhor definição dos termos utilizados para descrever o desgaste orgânico provocado pela atividade física: CANSAÇO: Sensação subjetiva de desgaste provocado por atividade física ou somatização. FADIGA: Depredação das reservas energéticas associada ao acúmulos de catabólicos no organismo, que dificulta a continuação da atividade física, podendo provocar até a incapacidade temporária para o exercício. SOBRETREINO: Termo que denota uma recuperação incompleta antes da aplicação de uma nova carga de treinamento, dando origem à exaustão e provocando um declínio da capacidade de trabalho. EXAUSTÃO: Estado do organismo que, submetido a uma carga de trabalho muito forte, não se recupera convenientemente, quer por insuficiência de tempo de repouso, quer por alimentação inadequada ou em condição patológica. A exaustão tem um caráter progressivo e exponencial. A identificação precoce da exaustão possibilita que se continue a treinar, embora com uma drástica redução da carga de trabalho. Tal procedimento, apesar de ter consequência funestas sobre a performance, sempre será preferível que a parada total. O strain poderá ser detectado precocemente pela observação de diversos sintomas, tais como: a) Aumento da frequência cardíaca basal; b) Diarreia; c) Inapetência; d) Irritabilidade; e) Perda de peso; f) Insônia; g) Lesões musculares constantes; h) Diminuição da capacidade de concentração e aprendizagem; i) Lassidão etc. Princípio da sobrecarga Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho há uma recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase. Normalmente, um treinamento de alta intensidade provocará depredação das reservas energéticas orgânicas e o acúmulo de ácido lático e outros exsudatos, tais como: CO2, H2O. A reposição destas reservas se faz a nível muscular, quase que integralmente durante os primeiros 3 ou 5 minutos de recuperação (MATHEWS & FOX – 1979). No entanto, a nível orgânico somente o repouso prolongado e alimentação suficiente possibilitarão a reposição total. O tempo necessário para a recuperação é proporcional à intensidade do trabalho realizado. Se a carga for demasiadamente forte, o organismo será capaz de compensá-la, quase totalmente, com quatro horas de repouso, e, além disso, se preparar para sofrer uma novo desgaste mais forte do que o anterior. HEGEDUS (1969) chamou este fenômeno de assimilação compensatória, que seria composta de um período de recuperação – na qual seriam recompostas as energias perdidas; um período de restauração ampliada – na qual seria assimilada uma overdose energética. Na figura 5 colocam-se estes princípios num esquema que permite uma melhor visualização. Se no esquema da figura 5 a carga for muito forte (ou seja passar da linha C D) ter-se-á o início da terceira fase da SAG (exaustão). Em consequência, não ocorrerá o fenômeno da assimilação compensatória, nem mesmo a recuperação metabólica em espaço de tempo normal. Como decorrência deste fato, a próxima carga deverá ser menor que a inicial. Caso não haja a aplicação de cargas de intensidade crescentes, ou seja, as cargas 1, 2, 4, 5, 7 – 8 e 10 – 11 forem da mesma intensidade, só ocorrerá o período de recuperação ampliada no primeiro período de recuperação, deixando de haver progresso na aquisição de uma melhor forma. Este fenômeno aclarado na figura 6. Como se pode observar, não ocorrendo efeito de treinamento; pelo contrário o organismo tende e assimilar a carga aplicada, havendo, inclusive, uma discreta regressão na capacidade física, se esta for comparada com o nível alcançado logo no início do trabalho. Desta forma, o sedentário que todos os dias corre 1.500m em 10 minutos, estará em relação ao nível obtido após as primeiras semanas, se descondicionando fisicamente de forma progressiva, apesar de estar se exercitando com regularidade. O aproveitamento do fenômeno da assimilação compensatória ou super compensação, que permite a aplicação progressiva do princípio da sobrecarga, pode ainda ser severamente comprometida por uma incorreta disposição do tempo de aplicação das cargas. O equilíbrio entre carga aplicada e tempo de recuperação é que garantirá a existência de supercompensação de forma permanente. Podem surgir dois problemas nesta área: 1º) Fase de recuperação excessiva para a compensação da carga aplicada. 2º) Fase de recuperação insuficiente para a compensação de carga aplicada. No primeiro caso, a aplicação de uma nova carga de trabalho ocorre após a fase da supercompensação, acarretando um aumento da capacidade de trabalho inferior ao possível, ou seja, desperdiçando uma parcela do treino anterior. No segundo, tende-se a conduzir o atleta a um estado de strain por não se propiciar ao organismo condições de recuperação antes da aplicação de nova carga. Para que isto não ocorra, deve-se ter sempre em mente que a cargas maiores exigem maior tempo de recuperação e cargas menores exigem menor tempo de compensação. Há portanto, um ponto correto de curva de supercompensação para a aplicação de uma nova carga de trabalho, conforme mostrado na figura a seguir. A aplicação do princípio da sobrecarga deve ser realizado em todas as componentes do treinamento e não apenas à preparaçãofísica. Assim, como exemplo ter-se-ia: a) Preparação técnico-tática 1) Sobrecarga no volume: Aumento do número de repetições do movimento (gesto esportivo). Aumento da duração do treinamento (número de horas). Aumento da carga horária semanal de treino etc. 2) Sobrecarga na intensidade: Crescente dificuldade dos movimentos realizados Aumento de velocidade de execução. Diminuição do tempo de repouso etc. b) Preparação psicológica 1) Sobrecarga no volume: Aumento do tempo dedicado ao treinamento mental. Aumento do tempo dedicado ao relaxamento etc. 2) Sobrecarga na intensidade: Treinamento sob condições estressantes. o volume e quando será devido à quando este aumento se fará por conta d É bom lembrar que um organismo submetido a trabalho muito intenso só poderá executá-lo por curto espaço de tempo. Por outro lado, se há necessidade de realizar um esforço de longa duração a carga será necessariamente moderada. Utilização de técnicas de ativação e motivação. Princípio de Interdependência volume-intensidade Como foi visto anteriormente, o aumento das cargas de trabalho é uma imposição para se obter uma melhora da performance. Será estudado, agora, intensidade. A escolha de incidência da sobrecarga na intensidade ou no volume respeitará dois critérios c) Qualidade física visada; d) Período de treinamento. Qualidades físicas de utilização por curto espaço de tempo requerem, durante seu treinamento, uma grande ênfase sobre a intensidade do treinamento em detrimento da quantidade. O fenômeno inverso ocorre com as qualidades físicas de emprego prolongado. Aumenta a ênfase sobre o VOLUME nos treinamentos Aumenta a ênfase sobre a INTENSIDADE nos treinamentos RESIST ENCIA AERÓB ICA ML FLEXIBIL IDADE RESIST ENCIA ANAERÓBICA R ITMO F ORÇA Embora o peak seja individualizado e requeira certa intuição por parte do treinador, na manipulação das variáveis volume-intensidade, algumas regras básicas devem ser seguidas. É como se tivesse uma fórmula para maiores ajustes Além desse critério, o treinador deverá observar em que fase e em que período se encontra no macrociclo. Durante a fase básica do período preparatório a curva de volume de treinamento tem uma grande preponderância sobre a intensidade. Ao se iniciar o período específico, a intensidade adquire preponderância sobre o volume. Esta preponderância se acentua durante o período de competição e se inverte no período de transição. Na figura ao lado está exemplificando o balanceamento entre volume e a intensidade do trabalho de um treinamento, para ginastas femininas na faixa de 12 a 13 anos, realizado em 1981. O jogo de variações do volume e da intensidade do trabalho durante um período de treinamento é que possibilitará ao treinador levar seu atleta ao máximo de sua forma física, num período determinado, coincidente com as competições alvo. A observação do peak durante as competições é o único assunto que não pode ser ensinado, pois ele se baseia mais no feeling do treinador do que em qualquer parâmetro fisiológico. Na prática, a sobrecarga sobre o volume ou a intensidade se faz das seguintes formas: a) Sobrecarga no volume 1 – Quilometragem percorrida 2 – Número de repetições 3 – Duração do trabalho (tempo) 4 – Número de séries b) Sobrecarga na intensidade 1 – Quilagem utilizada 2 – Velocidade 3 – Ritmo 4 – Redução dos intervalos 5 – Amplitude de movimento Princípio da Continuidade Foi visto anteriormente que o treinamento esportivo se baseia na aplicação de cargas crescentes que vão sendo progressivamente assimiladas pelo organismo, graças ao princípio da adaptação. Pode-se esquematizar esta alternância entre stress crescente e proporcional recuperação. Da observação da figura ao lado pode-se compreender por que é importante se ter uma continuidade de trabalho ao longo do tempo. Este é o princípio da continuidade. Dois aspectos ressaltam imediatamente deste princípio. 1. Interrupção do treinamento 2. Duração do período de treinamento. A interrupção controlada do treinamento para fins de recuperação é benéfica e imprescindível para o sucesso do programa. Ela pode variar de poucos minutos até 48 horas. Após as 48 horas já há uma diminuta perda no estado físico, se não houver um Estímulo. Num treinamento de alto nível, isto pode comprometer seriamente o sucesso. Cabe aqui explicar por que as 48 horas são consideradas como limite máximo de repouso. MATVEIV (1981) ensina que a progressão pedagógica do treinamento tem como regra geral começar o treino seguinte durante um estado de recuperação da sessão anterior. Buscando qual é este tempo médio de recuperação, verifica-se que o repouso, o sono e o metabolismo da nutrição fazem restauração das reservas energéticas do organismo em sua quase totalidade em 48 horas, embora haja fator exponencial da recuperação que irá se prolongar por até 12 dias. O grande segredo do princípio da continuidade é a aplicação de nova carga de trabalho durante o período de recuperação ampliada, ou seja, antes que o organismo, ao se recuperar totalmente, retorne ao nível de homeostase inicial. Além disso, deve-se fazer uma correta distribuição temporal da aplicação de carga, pois num treinamento de alto nível procura-se dar dois ou três dias de estímulos crescentes antes de propiciar um dia de recuperação. Desta forma, consegue-se um efeito multiplicador do stress aplicado. O fenômeno da supercompensação num contexto de treinamento total de alto nível não ocorrerá, forçosamente, após cada treino, mas sim após uma série de treinos sucessivos. De um modo geral, pode-se dizer que frequência semanais ou treinos inferiores a três dias alternados de trabalho por semana tornam inócuo qualquer treinamento de alto nível, embora frequências maiores que doze sessões por semana, distribuídas na razão de duas por dia, conduzem inevitavelmente ao strain. Pausas maiores que 48 horas só serão recomendadas face ao surgimento de um quadro de sob treino. Atletas de níveis inferiores, no entanto, fazem, algumas vezes, pausas superiores a 48 horas. Nestes casos, o treinador deve se lembrar da aplicação de cargas de trabalho no reinício do treinamento; não se utiliza da última carga, mas sim da carga correspondente ao período de interrupção. Por exemplo, se o atleta parou uma semana, a carga aplicada deverá ser a de duas semanas atrás, uma semana antes da interrupção. Caso a interrupção seja igual ou superior a quatro semanas deve-se partir da estaca zero, embora a progressão subsequente seja mais rápida que a observada originalmente. É claro que em ambos os casos tudo irá depender da individualidade biológica e da qualidade física visada. A resistência aeróbica e a flexibilidade, por exemplo, tem uma permanência muito maior que a velocidade ou força máxima face a uma interrupção do treinamento. O segundo aspecto a considerar no princípio da continuidade é o referente a duração mínima do treinamento. Para se obter os primeiros resultados no desenvolvimento das qualidades físicas visadas, é necessário um mínimo de persistência no treinamento, com o intuito de propiciar uma duração que permita ocorrerem as alterações bioquímicas e morfológicas necessárias. Passado este estágio inicial, a constatação da melhora irá fornecer um feedback que incentivará a persistência do atleta. Este período crítico inicial pode ser bem observado em sedentários que iniciam o trabalho físico. Normalmente, aqueles que conseguem vencer a barreira do terceiro mês incorporam o exercício como um hábito de vida. O treinamento de qualidades físicas específicas necessitam de uma duração mínima do período de treinamento para que os primeiros efeitos se façam sentir. A bibliografia existente sobreo assunto aponta os mais diversos períodos, o que já era de se esperar, pois o desenvolvimento das qualidades físicas pelo treinamento é um fator eminentemente individual. Como base de raciocínio, a partir de observações empíricas realizadas com atletas juvenis brasileiros, pode-se citar como exemplos de períodos de treinamentos mínimo necessário os seguintes: QUALIDADES FÍSICAS PERÍODO Força Máxima Obtida após 12 e 18 meses de treinamento Força Explosiva Resultados observáveis após 5 e 6 meses de treinamento Resistência Anaeróbica Primeiros resultados após 7 semanas de treinamento Resistência aeróbica Primeiros resultados após 3 meses de treinamento Hipertrofia Muscular Primeiros resultados após 3 meses de treinamento Princípio da Especificidade A partir do surgimento do conceito de treinamento total, quando todo o trabalho de preparação passou a ser feito de forma sistêmica, integrada e voltada para objetivos claramente enunciados, a orientação do treinamento por meio dos métodos de trabalho veio paulatinamente perdendo razão de ser. Hoje em dia, nos grandes centros esportivos, esta forma de orientação do treinamento foi totalmente abandonada em proveito da designação da forma de trabalho pela qualidade física que se pretende atingir. O princípio da especificidade pode ser enunciado como aquele que impõe como ponto essencial que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance esportiva em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal utilizado e coordenações psicomotoras utilizadas. Este princípio refletir-se á em duas amplas categorias de fundamentos fisiológicos: a) Aspectos metabólicos; b) Aspectos neuromusculares. Inicia-se pelo estudo dos aspectos metabólicos, que também compreenderão dois componentes que são os sistemas energéticos e o sistema cardiorrespiratório. Sobre o assunto, MATTHEWS & FOX (1983) detectaram o seguinte: “Os sistemas energéticos, como já foi enfatizado repetidamente, possuem capacidades e potências diferentes. Devido a essas diferenças, a intensidade e a duração do exercício determinam o sistema energético predominante solicitado (estressado) durante qualquer exercício determinado. Os exercícios de baixa intensidade e longa duração dependem maciçamente do sistema aeróbico, e os exercícios de alta intensidade e curta duração, dos sistemas anaeróbicos. Quanto mais solicitado for determinado sistema energético, maior será o potencial de aprimoramento na execução das atividades que dependem desse sistema. Assim sendo, com os programas de treinamento é essencial utilizar o tipo de exercício que solicita o sistema ou os sistemas energéticos primários utilizados durante a realização da atividade para qual o atleta está sendo treinado”. Desta forma, o princípio da especificidade irá impor que o treinador, ciente do tempo de duração da performance e de sua intensidade, determine com precisão a via energética preponderante. Sobre a base bioquímica da bioenergética atuará o sistema cárdio- respiratório que se integrará, principalmente, no sistema aeróbico. Obviamente, num programa de treinamento da resistência aeróbica, os efeitos desejáveis sobre o sistema cardiorrespiratório serão aqueles que otimizem sua função transportadora de oxigênio. O princípio da especificidade preconiza no entanto, que se deve além de treinar o sistema energético e o cardiorrespiratório dentro dos parâmetros da prova que se irá realizar, fazê-lo com o mesmo tipo de atividade da performance. Poder-se-ia pensar que um atleta treinado aerobiamente na esteira rolante estaria capacitando a competir em uma maratona, por realizar no treino a mesma atividade da competição. No entanto, as diferenças na energia dissipada por kg de peso corporal e a postura psicológica diversa fariam-no, certamente, fracassar. Na fase próxima à competição, o treinamento deve ser estritamente específico e a realização de atividades diferentes das executadas durante a performance com a finalidade de preparação física só se justifica ao ser realizado para evitar a inibição reativa (saturação de aprendizagem). A dosagem certa entre o treinamento específico e o não especifico só poderá ser dado pelo feeling do treinador, que deverá balancear entre a necessidade de se realizar um trabalho idêntico ao da performance pelo maior tempo possível e a saturação proveniente de fazer sempre a mesma atividade. Sob o ponto de vista dos aspectos neuromusculares do princípio da especificidade também ter-se-á dois componentes: o tipo de fibra muscular adequado à performance e o padrão de recrutamento das unidades motoras para a realização do gesto esportivo. Existem dois tipos de fibras musculares (I e II) que têm características próprias, que se tornam diferencialmente hábeis para a realização de esforços predominantemente aeróbico ou anaeróbico. Assim, a fibra do tipo I, ou oxidativa se presta para esforços aeróbicos por sua grande capacidade oxidativa e pequena capacidade glicolítica. Por outro lado, a fibra do tipo II, é a típica fibra glicolítica, atuará perfeitamente à vontade em intensos exercícios anaeróbicos. O segundo componente dos aspectos neuromusculares é controlado pelo sistema nervoso central a nível de cérebro, bulbo e medula espinhal e pressupõe que todos os gestos esportivos, realizados durante a performance, já estejam perfeitamente aprendidos de forma a permitir que durante a performance não se tenha que criar coordenações neuromusculares novas, mas tão somente lembrar- se de um movimento já assimilado e executá-lo. Geral A psicologia da aprendizagem ensina que o conhecimento, ou movimento, 1ª) Qualidades físicas preponderantemente desenvolvidas ou obtidas por meio de treinamento, chamadas qualidades da forma física. 2ª) Qualidades físicas inatas e que seriam tão somente aperfeiçoadas pelo treinamento, denominadas qualidades das habilidades motoras. Força Dinâmica Estática Explosiva Coordenação Descontração Resistência Muscular Localizada Agilidade Velocidade Equilíbrio Reação Movimento Deslocamento Estática Dinâmico Recuperado HABILIDADES MOTORAS FORMA FÍSICA Força Pode ser de três tipos: 1. Força Dinâmica – É o tipo de força que envolve as forças dos músculos em movimento ou então suportando o peso do corpo em movimento repetidos, durante um período. Em outras palavras, é a força em movimento. Muitas vezes chamadas de força pura, força máxima ou força isotônica. Para um entendimento melhor e conhecimento de aspectos característicos da força dinâmica, apresentam-se aqui estudos e indicações: 1º) BUEHRLE (1971) preconiza no treinamento de força dinâmica o sistema de repetições com pesos (6 a 10), com aplicação de cargas submáximas, de modo que na última o esforço seja realizado com dificuldade. Estabelece ainda 3 a 4 séries de exercícios. 2º) Segundo WAZNY (1974) o valor da força dinâmica depende da coordenação das excitações nervosas relacionadas com o freio da atividade dos antagonistas, com a influência do sistema neurovegetativo, assim como a regulação da atividade vegetativa do corpo inteiro (circulação, respiração etc.). Essas são as variáveis que provocam diferenças nos registros eletromiograficos de distintos atletas. 3º) ZIMKIM (1965) e WAZNY (1974) concordam quando afirmam que no treinamento de força dinâmica, o aperfeiçoamento dos processos de coordenação neuromuscular contribui decisivamente para a economia de trabalho, permitindo alcançar as mesmas metas com uma dose menor de esforço. Flexibilidade A força dinâmica pode ser dividida em dois subtipos: FORÇA ABSOLUTA FORÇA RELATIVA Valor máximo de força que pode desenvolver uma pessoa num determinado movimento. Cociente entre a força absoluta e o peso corporal dapessoa. 3ª) Força Explosiva – É o tipo de força que pode ser explicada pela capacidade de exercer o máximo de energia num ato explosivo. Também conhecida como potência muscular, permite ser ainda mais explicado, saindo-se da fórmula de potência física. Observa-se pela fórmula acima que potência muscular (força explosiva) deve ser considerada em treinamento esportivo como “força em velocidade”. Logo, de saída conclui-se que os treinos de força explosiva exigem que os movimentos de força sejam feitos com o máximo de velocidade. Outra conclusão lógica é observação de que o grau que se pode alcançar nos chamados explosivos, no treinamento de potência muscular, dependerá da força obtida em função da velocidade básica do atleta. A força explosiva, é uma Valencia física presente na maioria das modalidades esportivas. No atletismo e na natação, somente os fundistas não necessitam dessa qualidade em termos prioritários. Nas lutas e nos esportes coletivos, os movimentos explosivos praticamente caracterizam os grandes atletas. Sobre a força explosiva foram coletados estudos e indicações importantes: 1º) Também no desenvolvimento da força explosiva, MULAK (1972) preconizou um trabalho precedente de coordenação e no domínio do corpo. Após esse trabalho, esse estudioso estabelece o emprego de cargas pequenas (medicinebol, sacos de areia, pesos leves etc.). Este procedimento, em forma metodológica, pode ser explicado: P = F x V a) Pela necessidade de não se perder velocidade nos movimentos; b) Porque o trabalho com pequenas cargas possibilita um aumento no número de repetições do exercício. Como por exemplo dessa indicação de MULAK, pode-se citar os arremessadores de atletismo, que realizam muitos lançamentos com aparelhos de menor kilagem, mas com a técnica aplicada corretamente. 2º) No desenvolvimento da força explosiva dos membros inferiores, a escola socialista de treinamento esportivo tem utilizado com bastante ênfase o “trabalho excêntrico-concêntrico”. Nesse tipo de trabalho de força, o exemplo mais comum ocorre com a utilização de plintos de altura variadas, onde os atletas saltam no sentido de cima para baixo de um plinto (trabalho isotônico excêntrico) e ao tocar no solo, imediatamente saltam para cima num movimento explosivo para alcançar a superfície do outro plinto (trabalho isotônico concêntrico). 3º) HOSTER (1973) mostra em SUS estudos procedimentos diferentes de renomados treinadores e estudiosos do treinamento esportivo, quanto ao desenvolvimento da força explosiva. De um lado, mostra as colocações de LETZELTER e do outro as suas próprias pontuações contrárias. Na página seguinte, apresentam-se os preceitos desses dois autores, dentro de uma terceira, que é a de TONI NETT. ESTUDIOSOS QUE APRESENTARAM CONCEPÇÕES METODOLOGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA FORÇA EXPLOSIVA ORIENTAÇÃO METODOLOGICA INDICADA JUSTIFICATIV A DOS AUTORES DAS CONCEPÇÕES ESCOLAS DE TREINAMENTO ESPORTIVO, NA QUAL É MAIS SEGUIDA A ORIENTAÇÃO LETZELTER (reforçado por TONI NETT) Método Direto Treinamento específico de força rápida, com o uso de pesos Nessa orientação não há perdas por transferência. Escola Socialista ligeiros, e empregando formas mistas de treinos, isto é, com utilização de exercícios de força e velocidade. HOSTER Método Indireto Treinamento de força máxima + Treinamento puro de velocidade Nessa orientação são alcançados níveis mais elevados de força e velocidade. Escola Saxônica 3. Força estática – É o tipo de força que explica o fato de haver força produzindo calor, mas não ocorrendo produção de trabalho em forma de movimento. É também chamada força isométrica. A força estática não é um tipo de força muito evidente nos diversos esportes, mas está presente em situações especiais de disputas, em que ocorrem oposições específicos na modalidade. Por este motivo, é enfocado no treinamento de natação, judô e outras especializações esportivas. No estudo dessa Valencia física, apresentam-se algumas colocações: 1º) A força estática é desenvolvida diretamente pela aplicação de exercícios isométricos. 2º) KUZNIECOV, segundo WAZNY (1974), ao falar da força estática, distinguiu dois tipos de tensões: as tensões ativas e as tensões passivas. As primeiras são aquelas em que não existe o fenômeno da distensão muscular, enquanto as tensões passivas as forças externas atuam sobre o músculo em esforço na forma de distensão. Esse autor ainda conclui que os esforços passivos são muito mais eficazes no desenvolvimento da força estática do que os esforços ativos. É a qualidade física que permite um continuado esforço, proveniente de exercícios prolongados, durante um determinado tempo. 3º) A força estática pode ser medida pelo tempo que uma pessoa pode permanecer numa situação de contração isométrica, suportando uma determinada carga. As variações de avaliação serão a carga e o tempo de sustentação. Resistência A resistência apresenta-se de três formas: 1. Resistência aeróbica - É a qualidade física que permite a um atleta sustentar por um período longo uma atividade física relativamente generalizada em condições aeróbicas. A resistência aeróbica também recebe outras denominações: • Endurance • Capacidade aeróbica • Endurance extensiva • Potência aeróbica • Círculo endurance • Endurance cardiorrespiratório • Endurance orgânica • Estâmina As variáveis fisiológicas que atuam diretamente no treinamento da resistência aeróbica são: a) O desenvolvimento da capacidade funcional do coração; b) Melhoria do transporte de oxigênio pelo aparelho circulatório e uma consequente situação de boas condições para as trocas gasosas; c) Aumento da capacidade das fibras musculares de oxidar os açucares e as graxas. Para o estudo da resistência aeróbica, apresentam-se algumas indicações e considerações, produtos de um grande número de investigações: 1º) O grau de endurance de um atleta será sempre em função da capacidade do mesmo em absorver o mais rápido possível o oxigênio ao nível dos pulmões e transportá-lo na maior quantidade possível por unidade de tempo, até chegar aos grupos musculares envolvidos na atividade física em execução, assegurando as trocas gasosas a nível celular. 2º) A capacidade aeróbica é medida pelo consumo de oxigênio (VO2max), cujo resultado pode ser fornecido em ml/kg/min ou l/min. Os investigadores MELLEROWICZ, FRIC e HANSEN (1971), atestam que os diversos tipos de testes utilizados para medir a resistência aeróbica não apresentam resultados totalmente coincidentes. A resistência aeróbica pode ser medida em laboratórios ou por testes de campo. 3º) ASTRAND e RODAHL (1970) contribuíram para o entendimento do estudo energético do esforço, concluindo que durante o esforço de intensidade moderada, o processo anaeróbico contribuindo no início do exercício até que a oxidação aeróbica atenda a energia necessitada. 4º) A frequência cardíaca é um dos meios mais eficazes para orientação do treinamento que visa a melhoria da capacidade aeróbica. Existem indicações para uma adequação da frequência cardíaca ao treino que objetiva especificamente o desenvolvimento da resistência aeróbica, que são: a) Para melhoria da eficácia do transporte de oxigênio, o trabalho deve ser efetuado a uma frequência cardíaca entre 120 e 150 bat/min. b) A existência de relação entre frequência cardíaca, consumo máximo de oxigênio, velocidade de corridas. A frequência nesses estudos oscilou na faixa entre 130 e 180 bat/min. Com base nessas pesquisas, DUREYAKOV e FRUTKOV (1973) concluíram que um treinamento para constituir-se predominante de processos aeróbicos não deverá permitir que os atletas ultrapassem os 150 bat/min durante o esforço. 5º) Para o desenvolvimentoda capacidade aeróbica de atletas, são usados o treinamento continuo, o treinamento intervalado e o treinamento em circuito, embora os métodos ou formas de trabalho identificados como treinamento continuo sejam reconhecidos como os que apresentam melhores condições para um melhor rendimento e sejam consequentemente os mais preconizados e usados pelos treinadores de um modo geral. O fundamental no treinamento para a obtenção da resistência aeróbica é que haja uma busca constante no aumento de esforço em steady-state, pois qualquer exercício que seja realizado fora desse equilíbrio fisiológico terá resultado diferente dos objetivados. Por exemplo, se os atletas submetidos ao treinamento realizarem os esforços exigidos em débito de oxigênio, e não em Steady State, desenvolverão a resistência anaeróbica em vez da resistência aeróbica. 6º) A progressão (sobrecarga) do trabalho de desenvolvimento da resistência aeróbica deve ser feita fundamentalmente na variável volume de treinamento. A observação sobre a adaptação ou assimilação dos atletas às novas cargas impostas é o critério aconselhável para que os preparadores possam aplicar novas sobrecargas ao treinamento. 7º) O desenvolvimento da capacidade aeróbica é essencial no treinamento esportivo de alto nível de qualquer modalidade, pois mesmos esportes em que a capacidade anaeróbica é solicitada prioritariamente, os investigadores concluem que no potencial aeróbico estão as maiores ou menores possibilidades de rendimento no treinamento anaeróbico (VOLKOV, GORDON e IVANOV – 1969). 8º) A melhoria da resistência aeróbica provoca os seguintes efeitos específicos nos atletas: a) Aumento do volume do coração; b) Aumento do número de glóbulos vermelhos e da taxa de oxigênio transportado pelo sangue; c) Uma capilarização melhorada nos tecidos, o que resulta uma melhor difusão de oxigênio; d) Redução da massa corporal; e) Redução da frequência cardíaca no repouso e no esforço; f) Diminuição do tempo de recuperação após o esforço; g) Predisposição para um ótimo rendimento no treinamento de resistência anaeróbico a ser desenvolvido a seguir; h) Aumento da capacidade dos atletas para suportar uma maior duração nas sessões de treinamento de um modo geral. 9º) Estudos de ASTRAND e RODAHL (1970) evidenciaram que antes da puberdade não existem diferenças significativas na capacidade máxima aeróbica entre homens e mulheres, para depois dessa fase do crescimento humano o sexo feminino apresentar 70 a 75% das possibilidades do sexo masculino. Em ambos os sexos aparece uma trajetória crescente dos 18 aos 20 anos de idade na melhoria da resistência aeróbica, para após esta faixa etária surgir um declínio gradativo na aceleração das possibilidade de um melhor consumo máximo de oxigênio. Aos 65 anos, a capacidade aeróbica apresenta-se próxima aos 70% dos valores que poderiam ser encontrados aos 25 anos. Foi observado que na faixa etária dos 65 anos, o consumo máximo de oxigênio aproxima-se em ambos os sexos. Evidentemente, estas afirmações compreendem generalizações extraídas de tendências nas investigações científicas, inclusive podendo-se citar as pesquisas de SPRYNAROVA (1964) realizadas durante 8 anos com 39 meninos, confirmado ASTRAND e RODHAL, ao constatar maior crescimento na capacidade aeróbica no período pubertário. 2. Resistência anaeróbica – É a qualidade física que permite a um atleta sustentar, o maior tempo possível, a uma atividade física em condições anaeróbicas, isto é, numa situação de débito de oxigênio. A resistência anaeróbica também recebe outras denominações: • Capacidade anaeróbica; • Potência anaeróbica; • Endurance intensiva Um esforço anaeróbico pode ser explicado pelas solicitações fisiológicas de oxigênio de uma atleta no esforço, em condições superiores à sua capacidade de consumo, provocando um acúmulo de débito de oxigênio, o qual deverá ser reparado após o término desse esforço. Sabendo-se que o trabalho em débito de oxigênio tem como fator principal o desenvolvimento da resistência anaeróbica, faz- se necessário algumas considerações sobre esse fenômeno fisiológico. Para calcular o débito de oxigênio total de um esforço será preciso medir o consumo de oxigênio na recuperação do atleta por um tempo determinado, e diminuir do consumo de oxigênio no repouso também calculado na mesma duração. No estudo da resistência anaeróbica existem pesquisas as quais resultam em indicações e conclusões, que têm facilitado o entendimento dessa Valencia física, que são: 1º) O desenvolvimento da resistência anaeróbica em atletas de alto rendimento possibilita aos mesmos prolongar esforços máximos mantendo a velocidade e o ritmo de movimento, apesar do crescente débito de oxigênio, da consequente fadiga muscular. 2º) A variável principal na medição da capacidade anaeróbica é o tempo que os atletas conseguem suportar o esforço anaeróbico. 3º) Um grande número de estudos mostram que o desenvolvimento da resistência anaeróbica num atleta está condicionado por duas variáveis: a) O desenvolvimento precedente da capacidade aeróbica do atleta; b) A capacidade psicológica do atleta de resistir às exigências do trabalho anaeróbico. 4º) No desenvolvimento da capacidade anaeróbica de atletas são usadas diferentes formas de preparação, embora haja um consenso na literatura especializada de treinamento esportivo que o treinamento intervalado é o meio mais eficaz para o aperfeiçoamento dessa valência física. A premissa substantiva no treinamento anaeróbico é que os atletas sejam submetidos a estímulos que provoquem esforços em débito de oxigênio, isto é, que os atletas treinem a resistir ao débito de oxigênio. 5º) QUIRION e METHOT (1975) explicaram a fadiga fisiológica que pode limitar o trabalho anaeróbico por uma divisão em dois tipos de fadiga: a) Fadiga Bioquímica – determinada pelo rápido declínio do ATP (Adenosino-Triphosphato) e CP (Fosfato Creatina), por uma acumulação metabólica de detritos (lactato) e ainda pela decomposição do glicogênio em glicose, em ácido pirúvico em ácido lático. b) Fadiga Neuromuscular – Causada por uma deficiência acumulativa e por uma sobrecarga no fluxo nervoso ao nível das placas motoras do sistema nervoso central. 6 º) A melhoria da resistência anaeróbica está correlacionada aos seguintes efeitos e características nos atletas: a) Aumento da massa corporal; b) Melhoria na capacidade psicológica para suportar esforços intensos; c) Melhores possibilidades para os atletas apresentarem variações de ritmos durante a performance. 3. Resistência muscular localizada – É a qualidade física que permite a um atleta realizar num maior tempo possível a repetição de um determinado movimento com a mesma eficiência. Essa Valencia física é conhecida por outra denominações na literatura internacional: • Resistência local; • Resistência de força; • Resistência muscular; • Endurance local; • Endurance muscular; • Capacidade muscular local A resistência muscular localizada é uma valência física que permite condições para que os movimentos sejam continuados, mesmo que a intensidade das contrações sejam elevadas, e possam influir negativamente no transporte de oxigênio e na eliminação rápida dos produtos tóxicos musculares resultantes. Quando se conceitua resistência muscular localizada, é essencial ressaltar que a mesma é uma qualidade física que abrange continuação de esforços musculares, tanto em condições anaeróbicas como aeróbicas. Essa colocação explica o fato de o autor optar por uma qualidade física mais genérica, em vez de optar por 2 valências com conotações parecidas. O importante quando se estuda a resistência muscular localizada é colocar esta qualidade física sempre como uma função da duração de esforço com grupos musculares determinados. A RML tem sido alvo de um grande número de colocações cientificas, as quais favorecemuma série de indicações e outros estudos. Para uma melhor discussão dessa Valencia física apresenta-se a seguir indicações e conclusões cientificas da literatura especializada. 1º) O desenvolvimento da RML está diretamente condicionada por algumas variáveis de ordem fisiológica e psicológica: a) As condições favoráveis de circulação sanguínea local. Esta primeira variável abrange uma série de características fisiológicas, como a capilarização muscular, o volume sanguíneo disponível localizado, os tempos de circulação. (QUIRION / 1977); b) A capacidade de consumo de oxigênio durante o esforço; c) A capacidade psicológica de resistir a uma repetição de esforços no mesmo grupo muscular. 2º) No treinamento da RML, encontram-se meios diretos e meios indiretos para o desenvolvimento dessa Valencia física. Os meios diretos são aqueles que podem ser selecionados para o treinamento especializado da RML, enquanto os meios indiretos são aqueles que são utilizados para o aperfeiçoamento de outras qualidades físicas e paralelamente desenvolvem RML. 3º) WAZNY (1971), em seus estudos sobre o treinamento de musculação, quando este tipo de treino objetiva o desenvolvimento da RML, indica a aplicação de cargas baixas com um número de repetições inicial em 30, para depois subir esse número de acordo com a evolução do treinamento. 4º) Estudos de BEAUDRY, BRODEUR, CLOUTER, DUBUC e ROY (1975) mostram que a impossibilidade da repetição de movimentos com os mesmos grupos musculares, isto é, a falta de RML, pode ser explicada por 3 tipos de fadiga: a) Fadiga periférica circulatória – é originada pela vasoconstrição; diminuição do armazenamento de sangue; aumento de trabalho; aumento e não eliminação dos detritos metabólicos. b) Fadiga periférica neuromotriz – ocorre pela superatividade da placa motora. c) Fadiga nervosa – é causada por uma superatividade de trabalho córtex. 5º) BEAUDY, MICHAUD e ROY (1975) – O desenvolvimento da RML apresenta como resultado os seguintes efeitos favoráveis: a) Capacidade para a execução de um número elevado de repetições dos gestos específicos esportivos; b) Melhor capilarização nos músculos treinados; c) Melhor utilização da energia; d) Acumulação mais lenta de metabólitos nos músculos; e) Maiores possibilidades para um trabalho posterior de desenvolvimento de qualquer tipo de força. Flexibilidade É uma qualidade física que pode ser evidenciada pela amplitude dos movimentos das diferentes partes do corpo num determinado sentido. É dependente da mobilidade articular e da elasticidade muscular. A mobilidade articular é expressa pelas propriedades anatômicas das articulações e a elasticidade muscular é projetada pelo grau de estiramento dos músculos envolvidos. A flexibilidade limita para mais ou para menos as possibilidades de movimentos de uma articulação, conforme as conformações articulares e a elasticidade dos músculos e ligamentos que envolvem essas articulações. MOSSTON (1968), em seus estudos sobre a flexibilidade afirma que essa Valencia física capacita as pessoas a aumentar a extensão do movimento numa articulação determinada. Para o estudo da flexibilidade, que é uma qualidade física imprescindível em todos os esportes, há uma quantidade bastante elevada de considerações, indicações e conclusões de investigações, as quais em parte, são expostas abaixo: 1º) Os exercícios de flexibilidade devem exigir um estiramento muscular. Um músculo estirado, ou em extensão, deve apresentar-se com uma extensão máxima entre sua origem e o ponto de inserção final. Nos exercícios de flexibilidade há necessidade de constatar-se sua resistência ao final do mesmo, isto é, quando alcança o limite do movimento, independente do grau de flexibilidade do atleta. Quanto mais lentos forem os exercícios, as resistências serão menores e haverá uma menor possibilidade de lesões nas fibras, que geralmente são ocasionadas em movimentos rápidos. 2º) Uma propriedade muscular importante no estudo da flexibilidade é a elasticidade. HURTON (1971), explica que existem vários fatores que podem influenciar a elasticidade muscular, como: a) O sistema nervoso central, o qual atua na coordenação dos músculos antagonistas e no tônus muscular; b) Aspecto bioquímico, como a integridade da recomposição do ATP entre as contrações musculares; c) As características musculares, uma vez que a elasticidade muscular é variável durante o dia, apresentando-se reduzida pela manhã, o que é confirmado por PIOREK (1971), aumentando a seguir, para mais tarde voltar a diminuir. Também a idade influi na diminuição da elasticidade e na capacidade de aumentá- la. 3º) As pessoas do sexo feminino são mais flexíveis do que as do sexo masculino. 4º) As crianças são mais flexíveis do que os adultos. Por esse motivo, é que existe a imperiosa da aplicação de exercícios de flexibilidade desde a pequena idade para que as crianças não sejam limitadas a um progresso físico com o crescimento. Uma das vantagens da escola asiática de treinamento esportivo é justamente o fato de que os povos dessa escola se utilizam de posturas especiais para orar, conversar, fazer as refeições, etc., as quais solicitam mobilidade articular e estiramento muscular, favorecendo a manutenção e o desenvolvimento da flexibilidade desde criança. Esse costume explica em parte as tendências dessa escola para alguns esportes em que a flexibilidade tem uma ponderabilidade considerável, como a ginástica, judô, natação e voleibol. 5º) MORO explica que existem fatores constitucionais que pré-determinam a tendência de as pessoas classificarem-se em flexíveis e não flexíveis. Observou pessoas que nunca foram submetidos a programas de atividades físicas e que demonstraram aptidões nos exercícios de flexibilidade, e ainda constatou outros resultados negativos nesses exercícios. Esse autor ainda opina que a flexibilidade é uma caraterística corporal, onde flexíveis e os não flexíveis extremos apresentam essa característica em todos os níveis do aparelho locomotor. MORO ainda observa casos de hipermobilidade localizada em determinadas zonas musculares, devido à repetição sistemática de gestos específicos; 6º) Estudos de OZOLIN, SERMIEJEV reforçam PIOREK (1971), quando esse investigador preconizou que os melhores resultados no treinamento da flexibilidade ocorre na faixa etária entre 10 e 16 anos. Devido a essa conclusão, é que se aconselha a inclusão de exercícios de flexibilidade durante o período de crescimento das pessoas. Essa indicação de treinamento de flexibilidade visa fundamentalmente ampliar o limite de flexibilidade, que está relacionado com o crescimento ósseo e muscular dos indivíduos. 7º) O trabalho de musculação pode limitar a flexibilidade. Esse prejuízo pode ser evitado, combinando-se o trabalho de força com sessões de flexibilidade. Há um consenso entre ao estudiosos que exercícios de soltura devem completar as sessões de musculação. Sabe-se que não há impedimentos para a coexistência entre a flexibilidade e a hipertrofia musculares nas mesmas zonas corporais. Apenas é importante ressaltar que existem tipos de trabalho de musculação que causam prejuízos sérios à flexibilidade dos setores do corpo envolvidos nos exercícios, fato esse que exige uma atenção especial. Os exercícios de descontração indicados após as sessões de musculação visam restabelecer a extensão dos movimentos das articulações e músculos forçados. 8º) Deve-se evitar a aplicação, logo após as sessões de musculação, de exercícios de flexibilidade que impliquem em estiramentos musculares fortes, pois haverá um grande risco de lesões nas fibras musculares. 9º) PIOREK (1971), diz que a flexibilidade depende muito da temperatura ambiente, apresentando melhores condições com o calor. 10º) Para o desenvolvimento da flexibilidade, PIOREK (1971) sugere 3 etapas: 1ª etapa - Com o objetivo de fortalecer
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