Buscar

curso_treinamento_esportivo_escolar_edc__74297

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Cursos Online EDUCA 
www.CursosOnlineEDUCA.com.br 
 
Acredite no seu potencial, bons estudos! 
 
Curso Gratuito Treinamento 
 Esportivo Escolar 
 
Carga horária: 60 hs 
 
 
 
Conteúdo programático: 
História do treinamento esportivo 
O treinamento total de Raoul Mollet 
Comissão técnica 
Preparação técnico-tática 
Preparação psicológica 
Preparação complementar 
Princípios científicos do treinamento esportivo 
Princípio da Adaptação 
Princípio da sobrecarga 
Princípio da Continuidade 
Princípio da Especificidade 
Estudo das qualidades físicas 
Resistência 
Coordenação 
Descontração 
Agilidade 
Velocidade 
Periodização de treinamento 
A periodização do treinamento esportivo 
O caráter cíclico do treinamento esportivo 
Treinamento cardiopulmonar 
Treinamento neuromuscular 
Referências 
História do treinamento esportivo 
 
 
 
O Período da Arte compreende os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga a partir 
de 776 a.C. até as primeiras olimpíadas da era moderna em Atenas em 1896. Os 
treinamentos eram conduzidos de uma forma global. Esses treinamentos eram 
baseados em experiências subjetivas de cada treinador. Os conteúdos eram 
extenuantes, tinha-se a ideia de que quanto mais difícil for o treino, mais dor o 
atleta sentir, melhor. Um relato dizia que os gregos usavam algumas poções 
elaboradas com ervas, para aumentar o rendimento físico de seus atletas. O 
Período da Improvisação inicia-se com a primeira olimpíada da era moderna em 
Atenas em 1896 e termina na sétima olimpíada da era moderna em Antuérpia em 
1920. Nessa fase, começou a surgir a necessidade de se estruturar o treinamento
 compreender os resultados que se obtinha através desse 
treinamento. 
O Período da Sistematização se caracteriza pela revolução das estruturas 
da teoria do treinamento que o finlandês Lauri Pihkala propôs, que era o “treinamento 
intervalado”, onde alternava-se o treino de distâncias curtas com intensidade forte e 
intervalos longos para recuperação. Os atletas finlandeses chegavam a treinar três 
vezes por dia, onde o local Paava Nurmi, em 1920, surpreendeu a todos ao correr 
com um cronômetro para controlar o seu ritmo, e seu treinamento consistia no 
“treinamento duração”, com marchas, e corridas de longa distância e no “treinamento 
tempo”, utilizando o trabalho intervalado. E através de seu método de treinamento, 
Paava Nurmi obteve 22 recordes mundiais, 10 medalhas olímpicas, sendo sete de 
ouro e três de prata. O alemão Krummel, a partir de 1920, sistematizou o treinamento 
através de alguns estudos. Finalizando esse período de 1920 a 1930, a escola sueca 
associou à velocidade, ritmo e o endurance, integrando os treinamentos em uma 
única sessão. O sueco Bosse Kolmer desenvolveu o sistema fartlek (jogo de 
velocidade). Esse sistema era feito através de trabalhos de corrida mediante a 
resistências naturais, como corridas na areia, bosques, ladeiras. O sistema 
compreende a alternância entre corridas rápidas e lentas, utilizando o descanso ativo 
e controlando o tempo de treinamento (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; 
TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002). 
No Período Pré-científico (1930 a 1950), vários estudos foram feitos a 
respeito sobre as variáveis envolvidas no desempenho físico. Algumas propostas de 
Waldemar Gerschller e Waitzer (1933) recomendam a utilização de pistas ao invés 
de corridas na praia, bosques, como defende o fartlek, e a utilização de sessões mais 
curtas e da utilização de corridas de velocidade. A partir de 1942, o alemão Toni Nett 
estabeleceu normas de execução para outras formas de treinamento, sobressaindo-
se o “time-trainning”. A maior contribuição desse período é a criação do treinamento 
intervalado (interval trainning) realizado por Toni Nett junto com o tcheco 
Kerssenbrac. Esse tipo de treino se caracteriza pelo uso de distâncias entre 200 e 
400 metros, com alto volume de treinamento, chegando a 70 repetições, com 
intervalo de descanso de um minuto, quando o atleta realiza o repouso ativo 
(ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002). 
As pesquisas científicas realizadas por várias escolas notaram que o trabalho 
intervalado na década de 50 permitia que outros treinadores confirmassem que o 
princípio do treinamento intervalado era eficaz no preparo físico dos atletas de alto 
nível. Neste período, métodos de musculação, diferentes sistemas de treinamento 
(estabelecimento de diferentes objetivos de treinamento, proposição de tabelas de 
trabalhos, organização e estruturação de temporadas, preponderância da 
intensidade sobre o volume de treinamento), pesquisas sobre fisiologia do esforço, 
se tornaram cada vez mais comuns (ANDRADE, ROCHA, CALDAS, 1978; DANTAS, 
1998). 
O Período Científico começa a partir de 1950 e vai até os dias atuais. 
Pesquisas científicas realizadas por Gerchller e Herbert Reindell fundamentam e 
comprovam a eficácia do treinamento intervalado. A hegemonia do treinamento 
intervalado perdurou até os Jogos Olímpicos de Roma em 1960, onde duas escolas 
se consagraram: australiana e neozelandesa. A australiana mesclava o time- 
trainning com o treinamento total, enquanto a neozelandesa criou o “marathon 
trainning”, cuja característica era um treinamento com altíssima intensidade, onde os 
atletas para treinarem percorriam até 160 quilômetros por semana (ANDRADE, 
ROCHA, CALDAS, 1978; TUBINO, 1979; HERNANDES JR., 2002) 
Segundo Mollet, pode-se dizer que não basta apenas ter um excelente 
treinamento tático, técnico e físico, cabe também ao atleta procurar aperfeiçoar o seu 
preparo, através de bons hábitos de vida, alimentação adequada. Segundo o 
treinamento de Raul Mollet, cada pessoa possui uma bagagem genética, que irá 
determinar suas potencialidades físicas e psicológicas para a prática de determinado 
exporto. Para que o indivíduo atinja o seu alto rendimento em determinado esporte, 
é necessário que ele tenha características acima do normal que o destaque dos 
demais indivíduos. E para treiná-lo é necessário aplicar um treinamento adequado 
(DANTAS, 1998; HERNANDES JR., 2002). 
O enorme desenvolvimento tecnológico permitiu e vem permitindo aos 
treinadores e preparadores físicos o acesso a uma série de informações que o 
influenciam positivamente, para melhorar o desempenho do atleta. É notável a 
constante evolução tecnológica no que se refere a métodos de avaliação e controle 
de treinamento, como, por exemplo, os monitores de frequência cardíaca, que 
possibilitou aos treinadores e preparadores físicos monitorarem a frequência 
cardíaca do atleta durante todo o treinamento, e assim obter através do 
processamento de informações a demonstração do aproveitamento efetivo de cada 
sessão de treinamento e suas exigências fisiológicas. Outros aparelhos como o 
esfigmomanômetro (aferidor de P.A.), esteiras, bicicletas ergométricas, transports, 
elipticons, aparelhos de musculação, ergoespirômetros, aparatos para realização de 
testes físicos e metabólicos e outros aparelhos que contribuem muito com os 
profissionais que trabalham com treinamento esportivo (TUBINO, 1979; DANTAS, 
1998; HERNANDES JR., 2002). 
Devido à constante evolução da tecnologia em prol do esporte como um todo, 
a vitória não é mais suficiente em algumas modalidades esportivas. Hoje em dia o 
que interessa é a quebra de recordes. Em consequência disso, originou-se os atletas 
de laboratório, onde várias pesquisas são feitas a fim de se aumentar a capacidade 
e performance física. Para isso, têm-se as inúmeras pesquisas da Fisiologia do 
Exercício e dos Recursos Ergogênicos. Para conseguir quebrar recordes, algumas 
medidas básicas ainda são válidas, como ter uma alimentação adequada, uma 
assistência médica permanente, um descanso apropriado e claro, um treinamento 
eficaz. 
 
 
O treinamento total de Raoul Mollet 
Ao nascer, cada pessoa traz uma bagagem genética (genótipo) que irá 
determinar suas potencialidadesfísicas e psicológicas para a prática determinados 
tipos de esporte. 
A Biometria e a Psicologia já possuem um esboço do perfil desejável do atleta 
para cada modalidade esportiva. Um indivíduo extrovertido e ectomorfo, por exemplo, 
não será nunca um campeão mundial de Ginástica Artística, por mais que insista no 
treinamento. É necessário que o atleta, que se destina ao esporte de alto nível, 
possua uma predisposição genética para tal. Além de possuir o corpo e mente 
adequados à prática do esporte visado, é imprescindível que tenha características 
de superdotação psicomotora, que o destaque dos demais indivíduos também 
possuidores das mesmas adequações morfológicas, fisiológicas e psicológicas, mas 
que nem por isso serão campeões. 
De qualquer forma, se não for dado ao indivíduo certo o treinamento perfeito, 
também não se conseguirá fazer o recordista mundial. 
Ao genótipo precisa ser acrescido um conjunto de contribuições dos domínios 
afetivo, cognitivo e psicomotor (fenótipo), que possibilitarão estabelecer diferenças 
entre o atleta hábil e o campeão. 
Num contexto de Treinamento Total, considera-se que o objetivo é alcançar a 
performance máxima através do treinamento mais completo, fornecido ao indivíduo 
mais adequado. 
Pode-se definir Treinamento Esportivo, dentro de uma perspectiva de 
treinamento total, como: 
 
 
O conjunto de procedimentos e 
meios utilizados para se 
conduzir um atleta à sua 
plenitude física, técnica e 
psicológica dentro de um 
planejamento racional, visando 
executar uma performance 
máxima num período 
determinado. 
O enorme desenvolvimento tecnológico atual permite ao treinador d e ter 
acesso a uma série de informações e insumos que influenciarão, de maneira 
poderosa, o desenvolvimento de seu atleta. 
Diversos centros de pesquisa, trabalhando nas mais diferentes áreas, 
fornecem subsídios para o treinamento. Algumas áreas têm maior importância para 
o esporte competitivo. 
Estas contribuições consolidam algumas subáreas no Treinamento Esportivo 
com as atividades perfeitamente distintas, definidas e hierarquizadas entre si. 
O treinamento Esportivo passa a ser um conjunto de atividades bastante 
complexo, compreendendo: 
• Atividades de medicina preventiva; 
• Desenvolvimento de capacidade cardiopulmonar; 
• Desenvolvimento de capacidade neuromuscular; 
• Aquisição de técnica; 
• Apreensão da tática; 
• Mobilização das forças psíquicas; 
• Atividades de medicina esportiva; 
• Integração social e 
• Treinamento invisível ou Preparação complementar (alimentação, 
hábitos de vida e recuperação) 
Este programa de constante aperfeiçoamento científico multidisciplinar soterra 
definitivamente a figura do técnico dos períodos Empírico e Científico. Este 
normalmente, era um ex-praticante do esporte com algum sucesso como atleta. 
Nos centros mais adiantados do mundo, ao mesmo tempo que se colocava 
em funcionamento um sistema de Treinamento Total, percebeu-se que, por melhor 
que fosse o técnico, ele nunca teria condições de executar todas as atividades, nem 
teria todos os conhecimentos necessários à consecução do treinamento. 
A solução encontrada, baseada na teoria geral da administração, foi atribuir 
cada área de trabalho a um a especialista. Surgia, dessa forma, a comissão técnica. 
Comissão técnica 
 
 
O embrião da comissão técnica surgiu no período do Empirismo, quando o 
técnico passou a necessitar da colaboração de um médico. Porém, somente com o 
advento da filosofia de Treinamento Total é que aparece a comissão técnica para 
controlar as diversas variáveis introduzidas no processo. 
As responsabilidades do treinamento passam a ser divididas igualmente 
entre os membros da comissão técnica, os quais atuam em áreas perfeitamente 
definidas. Se antes havia o técnico e diversos auxiliares, agora há profissionais 
trabalhando em conjunto para um mesmo objetivo. 
 
A Comissão Técnica é constituída por: 
 
 
TÉCNICO: Responsável pelo treinamento técnico-tático. 
 
PREPARADOR FÍSICO: Responsável pela preparação física. 
 
MÉDICO: Responsável pelas atividades de medicina. 
 
PSICÓLOGO: Responsável pela preparação psicológica. 
 
SUPERVISOR: Responsável pelo treinamento invisível e pelos auxiliares. 
 
 
 
 
Ela pode, ainda, contar com diversos auxiliares técnicos como, por 
exemplo: 
 
- Coreografo - Acompanhante - Roupeiro - 
Pianista 
- Massagista 
Nutricionista 
- Enfermeiro 
- Servente 
- Técnicos Assistentes 
 
- Armeiro 
 
- 
 
 
Atividades de treinamento total entre os membros da comissão técnica 
 
FUNÇÃO ATIVIDADE RESPONSÁVE 
L 
Preparação 
Física 
Preparação neuromuscular; Preparação 
cardiopulmonar; Periodização de treinamento. 
Preparador 
Físico 
Preparação 
Técnico- 
Tática 
Preparação técnica; Preparação tática; 
Controle direto dos atletas. 
 
Técnico 
 
 
Preparação 
Médica 
Planejar e fiscalizar a alimentação; Profilaxia e 
recuperação de doenças e lesões; Prevenir 
acidentes através da inspeção de locais e 
materiais de treinamento; Realizar testes, 
exames e controles; Prevenir a aplicação de 
cargas de trabalho excessivas. 
 
 
 
 
Médico 
 
Preparação 
Psicológica 
Psicodiagnóstico; Socialização dos atletas; 
Abordagens psicológicas individuais; 
Regulagem e controle de stress e de tensões 
psicológicas; 
Correção de desvios ou deturpações de 
comportamento; Orientação da Comissão 
Técnica quanto ao modo de agir com cada 
atleta. 
 
Psicólogo 
 
 
 
Preparação 
Complementa 
r 
Providenciar e gerir o alojamento, materiais e 
locais de treinamento, Transporte, vestuário e 
concentração; Providenciar atividades para as 
horas de lazer; Providenciar as solicitações da 
Comissão Técnica; Supervisionar as atividades 
dos auxiliares; Verificar o correto cumprimento 
do Quadro de Trabalho Semanal 
e do Planejamento de trabalho diário. 
 
 
Supervisor 
 
Os objetivos são estabelecidos de comum acordo pela comissão técnica, mas 
a existência de tantas pessoas trabalhando juntas cria a necessidade de uma perfeita 
coordenação. 
A função de coordenação pode pertencer ao técnico, se for criada a figura do 
Técnico-Chefe (Coordenador) para harmonizar o trabalho dos demais técnicos com 
o restante da comissão. 
De acordo com experiências anteriores de trabalho numa comissão técnica, a 
solução é desmembrar-se a função de coordenação em duas, atribuindo ao 
preparador físico o planejamento da periodização e o acompanhamento da evolução 
do treinamento; e ao supervisor o controle formal do trabalho diário e a avaliação do 
desempenho dos profissionais da comissão técnica. 
É importante ressaltar que cabe ao técnico o controle direto dos atletas, 
devendo assumir a liderança dos mesmos e mantê-los sob seu comando técnico, em 
especial com a do psicólogo. 
 
 
 
 
Preparação técnico-tática 
 
Ao técnico caberá a responsabilidade pela preparação técnico-tática. Sua 
maior responsabilidade, no entanto, será a liderança dos atletas. De nada vale um 
perfeito esquema de treinamento se não houver uma íntima interação técnico/atleta. 
O treinador, antes de mais nada, é um professor que irá ensinar uma 
determinada atividade esportiva. Para isso é desejável possuir sólidos 
conhecimentos de pedagogia e de psicologia. Deve, também, ter as seguintes 
características comportamentais e qualidades humanas que o indiquem para tal 
tarefa: 
 Pontualidade; 
 Entusiasmo; 
 Linguagem precisa; 
 Ponderação; 
 Calma; 
 Persuasão; 
 Energia; 
 Capacidade de julgamento de si mesmo e de seus atletas; 
 Atitudes respeitosas com seus atletas; 
 Acessibilidade ao diálogo; 
 Fácil utilização dos princípios pedagógicos da aprendizagem; 
 Capacidade de manter seus atletas atentos, motivados e alegres; 
 Posicionamento sempre aberto à reflexão e à análise crítica; 
 Capacidade de liderar o grupo de atletas. 
A par desta características, o treinador deve possuir um perfeito conhecimento 
do seuesporte, estando plenamente familiarizado com as minúcias dos gestos 
esportivos específicos. 
A preparação Técnico é o conjunto de atividades e ensinamentos que o atleta 
assimila, visando à execução do movimento esportivo com um máximo de eficiência 
e com o mínimo de esforço. 
 
 
Ao se visar à perfeição do gesto esportivo e à obtenção do automatismo na 
sua execução, estão se fornecendo ao atleta fundamentos técnicos que possibilitarão 
a ele desenvolver seu estilo pessoal futuramente. 
 
 
 
 
Além de liderar o grupo de atletas, mantendo-os convenientemente 
participantes e atentos, e realizar a preparação técnica, cabe ao treinador se ocupar 
da parte tática. 
A tática é a arte de dispor nossos recursos (atletas, técnicos, materiais 
esportivos, etc.) de maneira a explorar ao máximo os pontos fracos do adversário, 
ao mesmo tempo que se minimizar as nossa próprias dificuldades. 
 
Para isso, é importante possuir u perfeito conhecimento das características e 
peculiaridades do adversário. 
A proficiência tática é obtida através da preparação tática, que deve ser 
realizada paralelamente à preparação técnica. 
 
Preparação tática é o conjunto de procedimentos que irá assegurar ao atleta 
ou a equipe a utilização dos princípios técnicos mais adequados a cada situação da 
competição ou do adversário. 
 
Dependendo do tipo de esporte, a preparação tática terá maior ou menor 
importância. A diferença entre um jogo de futebol e uma competição de ginástica 
artística, no tocante à influência tática é óbvia. No entanto, em todos os esportes 
haverá, obrigatoriamente, uma componente tática que não deve ser descuidada. 
Sobre os treinadores recaem pesadas responsabilidades porque o espírito e 
o comportamento do competidor são, amiúde, o fiel reflexo do grau de convicção do 
treinador a respeito do fair play. 
O treinador influi poderosamente na formação do caráter do competidor, 
especialmente do jovem competidor, geralmente impressionável. É fatal, portanto, 
que o participante, cuja necessidade de aprendizagem técnica o une diretamente a 
seu treinador, seja por ele influenciado em seu comportamento e em seus valores 
éticos. 
Normalmente se tem a ideia de que o treinador só deve preocupar-se coma 
habilidade e a condição física do competidor: este é um ponto de vista totalmente 
errôneo. Tanto no esporte profissional como no amador, sua atitude deve estar 
presidida pelo fair play, devendo esforçar-se, sem descanso, para ele, o fair play é 
sinônimo de integridade e dignidade. 
 
Preparação psicológica 
 
Ao encarar o homem como um ser total, percebe-se que somente por 
submetê-lo à melhor preparação física e técnico-tática não se estará conduzindo-o 
ao máximo de suas potencialidades. Há que considerá-lo como um indivíduo diverso 
dos demais, com seus próprios motivos e emoções, sujeitos às exigências do meio 
e tendo que se relacionar com outros homens dentro da sociedade. Surge a 
necessidade de se propiciar ao atleta uma perfeita preparação psicológica. 
A preparação psicológica é a área de atuação da Psicologia Esportiva (um dos 
mais recentes ramos da Psicologia) que contribui para que o psicólogo esportivo e o 
técnico implementem de maneira científica as atividades do preparo psicológico. 
As atividades de preparação psicológica podem ser, num enfoque puramente 
metodológico, embora sem veleidades de esgotar o assunto, dará indicações 
sucintas dos componentes desta preparação. 
 
 
 
 
 
Para o treinador, dois aspectos assumem importância primordial: 
a) O conhecimento de seu atleta; 
b) Saber como conduzi-lo face ao treinamento e à competição. 
O primeiro item, a observação pessoal deve ser complementada pelo 
psicólogo esportivo, através do perfil psicológico. 
GEORGES RIOX (1980), na introdução da obra Deternantes 
Psychologiques de La Performance, afirma que quatro exigências fundamentais são 
básicas para os atletas de alto nível: 
• Uma personalidade sã e equilibrada, ávida para aprender; 
• Um potencial energético grande, possuindo uma ponderável 
necessidade da afirmação de si mesmo. 
• Uma resistência excepcional às frustrações multiformes; 
• Uma grande estabilidade emocional, capaz, quando necessário, de 
adaptações as modulações situacionais. 
BARRETO (1976), SALMELA (1976), SUIN (1980), RIOUX(1980) e outros 
consideram que os atletas de alto nível devem possuir características elevadas de: 
ambição, organização mental, resistência, agressividade, maturidade emocional, 
autocontrole, autoconfiança, segurança, inteligência, baixos níveis de tensão, 
introversão para esportes individuais e extroversão para esportes coletivos ou de 
equipe. 
Já de posse de um diagnóstico psicológico do atleta (realizado na fase do 
psicodiagnóstico) e baseado nas suas características psicológicas ideais, o psicólogo 
preparará toda a estratégia de trabalho, considerando 
Quatro aspectos básicos fundamentais para o seu desenvolvimento técnico: 
os processos cognitivos, emocionais, psicomotores e sociais. Esses processos serão 
integrados nos quatro períodos de preparação psicológica, que são os seguintes: 
 
O 
 Preparo psicológico de treinamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Durante o período do preparo psicológico de treinamento, o psicólogo e o 
treinador serão sensíveis e cuidadosos na maneira de conduzir a equipe numa 
dinâmica de grupo. O treinador tentará obter maior coesão na nova estrutura social 
formada. 
Para sintetizar, as considerações durante este primeiro período incluirão: 
a) Avaliação dos níveis motivacionais dos atletas; 
b) Avaliações e acomodações à dinâmica social da nova equipe; 
c) Desenvolvimento das habilidades básicas (aprendizagem da técnica); 
d) Manutenção da sanidade física e psicológica do atleta. 
Antes da competição, durante o período de tensão pré-competitivo, 
deverão ser desenvolvidos treinamentos específicos de concentração e controle 
mental, normalmente, a cargo do psicólogo. Nesta fase, a presença do treinador no 
local da competição, apoiando e incentivando seu atleta é fundamental. 
Este período ocorre entre um e dois dias, antes da competição. Cuidados 
especiais devem ser tomadas para que a curva de tensão do atleta não chegue ao 
pico máximo precocemente ou que este seja ultrapassado. 
Toda a atenção deve estar voltada para acalmar o atleta, preenchendo seu 
tempo livre, para que ele não se preocupe com a competição iminente, sua dieta ou 
o seu sono. Níveis altos de ansiedade ou tensão podem ser controlados por técnicas 
de relaxamento ou mesmo por certos calmantes de ação curta. O treinador deve 
fazer referências positivas aos esforços do atleta nas sessões de treinamento ou 
mesmo dos recentes sucessos competitivos. 
Logo após a competição surge o período de tensão pós-competição. Todo 
cuidado deve ser tomado na tentativa de entender os níveis individuais de frustração, 
depressão, euforia e agressão experimentados pelos vários atletas que perderam ou 
ganharam. Cada atleta interpretará seu papel de responsabilidade na vitória ou 
derrota de diferentes modos. É necessário que o treinador pense e aja 
Preparo psicológico de competição 
a) Período de tensão a longo prazo 
 
b) Período pré-competitivo 
PERÍODOS DE TENSÃ 
c) Período competitivo 
 
d) Período pós-competitivo 
Preparo psicológico de pós-competição 
corretamente, a fim de ajudá-los a interpretar adequadamente seus próprios 
esforços, e assinalar os motivos pelos quais o sucesso ou a derrota estiveram 
relacionados ou não com o ganhar ou o perder. 
Existem, às vezes, algumas diferenças entre os sexos na maneira de 
interpretar a vitória ou a derrota. Frequentemente, a mulher atleta tem menos 
tolerância para perder e se engaja em comportamento intrapunitivos (vergonha, 
culpa) após a derrota. 
 
PREPARAÇÃO MÉDICAA preparação médica consiste nas atividades profiláticas e terapêuticas de medicina 
geral, e nos procedimentos específicos da medicina esportiva. 
 
Ao médico esportivo, como integrante da comissão técnica, caberá: 
 
a) Planejar e fiscalizar a alimentação dos atletas, contando para isso com 
a assessoria de um nutricionista. 
b) Profilaxia e recuperação de doenças e lesões provocadas ou não pela 
prática esportiva. 
c) Prevenção de acidentes esportivos através da inspeção de locais e 
materiais de treinamento. 
d) Realizar testes, exames e controles necessários para a quantificação do 
treinamento, contando para isso com a participação de laboratórios especializados 
(clínicos, fisiologia do esforço etc.). 
e) Acompanhamento dos atletas, visando prevenir a aplicação de cargas 
excessivas de trabalho. 
f) Fazer a supervisão técnica do pessoal auxiliar de sua área 
(fisioterapeuta, massagista, enfermeiro etc.). 
g) Realizar outras tarefas de medicina esportiva. 
Preparação complementar 
 
Chamada por MOLLET de treinamento invisível, a preparação complementar 
é o conjunto de medidas administrativas que permitem que o treinamento total se 
desenvolva sem solução de continuidade, nem quebra do ritmo. 
Normalmente, fica a cargo do supervisor que, além das medidas logísticas, é 
o responsável pelo controle dos membros da comissão técnica. 
Num trabalho de dois anos com ginástica artística feminina, realizando um 
treinamento total, dentro dos ditames do treinamento esportivo científico, 
estabeleceu-se o fluxo de informações mostrado abaixo, com excelentes resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Princípios científicos do treinamento esportivo 
Diversos autores vêm escrevendo já há bastante tempo sobre os princípios 
básicos ou princípios científicos do treinamento esportivo. O rol destes princípios é, 
portanto, bastante volumoso. 
Sem menosprezar os demais, será adotado o elenco preconizado por TUBINO 
(1979) atualizado com a inclusão de um sexto princípio, que, além de praticamente 
esgotar o assunto, permite uma correta abordagem pedagógica. 
 
o Princípio da individualidade biológica 
o Princípio da Adaptação 
o Princípio da sobrecarga 
o Princípio da continuidade 
o Princípio da interdependência volume intensidade 
o Princípio da especificidade 
 
Estes seis princípios são a pedra angular da preparação física. Uma vez bem 
assimilados permitem que o preparador crie seus próprios métodos e técnicas de 
preparação, baseados nos processos já existentes. 
 
Princípios da Individualidade Biológica 
 
De acordo com Tubino, “chama-se 
individualidade biológica o fenômeno que explica a 
variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que 
faz que com que não existam pessoas iguais entre si.” 
(TUBINO, 1984, p. 100). Cada ser humano possui uma 
estrutura e formação física e psíquica própria, neste 
sentido, o treinamento individual tem melhores 
resultados, pois obedeceria as características e 
necessidades do indivíduo. Grupos homogêneos também 
facilitam o treinamento esportivo. Cabe ao treinador 
verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de 
seu atleta para o treinamento ter um real 
desenvolvimento. Há vários meios para isso, além da 
experiência do treinador, que conta muito, os testes 
específicos são primordiais. 
+ = 
 
 
 
Para interesse deste estudo, deve-se entender o genótipo como a carga 
genética transmitida à pessoa e que determinará diversos fatores, tais como: 
a) Composição corporal; 
b) Biotipo; 
c) Altura máxima esperada; 
d) Força máxima possível; 
e) Aptidões físicas e intelectuais (potencialidades, tais como: maior VO2 
possível, percentual de tipos de fibras musculares etc.) 
O fenótipo, enfeixado tudo que é acrescido ou somado ao indivíduo a partir 
do nascimento, será responsável por outras características como: 
a) Habilidades esportivas; 
b) VO2 max 
c) Tipo real dos tipos de fibras musculares; 
d) As potencialidades expressas (altura do indivíduo, força máxima etc.). 
Para melhor compreensão, tornar-se-á como base o caso da proporção entre 
os tipos de fibras musculares existentes numa pessoa. 
Resumindo, para facilitar a compreensão do assunto, pode-se dizer que os 
potenciais são determinados geneticamente, e as capacidades ou habilidades 
expressas são decorrentes do fenótipo. 
Além destes caracteres individuais, algumas características coletivas 
influenciam a formação da individualidade. Assim, o sexo, a idade e a raça 
determinam fatores comuns para grupos de pessoas. 
Como foi dito anteriormente, o campeão é aquele que nasceu com um “dom 
da natureza” e que, aproveitando esse dom totalmente, o desenvolve através de um 
perfeito treinamento. 
Genótipo Fenótipo Individuo 
Para melhor compreensão, tornar-se-á 
como base o caso da proporção entre os tipos de 
fibras musculares existentes numa pessoa. 
Resumindo, para facilitar a 
compreensão do assunto, pode-se dizer que os 
potenciais são determinados geneticamente, e as 
capacidades ou habilidades expressas são 
decorrentes do fenótipo. 
Além destes caracteres individuais, 
algumas características coletivas influenciam a 
formação da individualidade. Assim, o sexo, a idade 
e a raça determinam fatores comuns para grupos 
de pessoas. 
Como foi dito anteriormente, o 
 
 
Princípio da Adaptação 
 
Para que este princípio seja entendido é preciso se compreender o conceito 
de homeostase. 
O conhecimento da individualidade biológica do adversário, que é feito através dos princípios da 
preparação tática, propiciará a exploração dos pontos fracos dos oponentes ao mesmo tempo 
 que o treinador se acautelará com os pontos fortes destes. 
 
Princípio da Adaptação 
 
Para que este princípio seja entendido é preciso se compreender o conceito 
 de homeostase. 
 
Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do 
organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente. 
 
A homeostase pode ser rompida por fatores internos (geralmente oriundos do 
córtex cerebral) ou externos, tais como: calor, frio, situações inusitadas (provocadas 
por emoções), variação de pressão, esforço físico, traumatismo etc. 
Sempre que a homeostase é perturbada, o organismo dispara um mecanismo 
compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, quer dizer, todo estímulo 
provoca uma reação no organismo acarretando uma resposta adequada. 
Se por exemplo, a temperatura baixar, de repente, o organismo sofrerá uma 
vasoconstrição periférica e uma vasodilatação esplênica, acompanhada de um 
aumento do metabolismo (reação); em decorrência disto, o corpo mantém sua 
temperatura estável pela maior produção de calor interno e pela diminuição do calor 
removido através da pele (resposta). 
O conhecimento da individualidade biológica do adversário, que é feito através dos 
princípios da preparação tática, propiciará a exploração dos pontos fracos dos 
oponentes ao mesmo tempo que o treinador se acautelará com os pontos fortes 
destes. 
Os estímulos provocarão uma resposta de importância diretamente 
proporcional à sua intensidade. 
HUSSAY (1956), citado por CALDAS & ROCHA (1978), relata que todos os 
estímulos externos produzirão efeitos no organismo e estabelece uma diferenciação 
entre a intensidade destes estímulos, que pode ser resumida no quadro abaixo. 
 
 
INTENSIDADE RESPOSTAS 
DO ESTÍMULO 
Débil Não acarretam consequências. 
Média Apenas excitam 
Forte Provocam adaptações 
Muito forte Provocam danos 
 
HANS SEYLE (1956) concentrou seus estudos nos estímulos fortes e muito 
fortes, denominando-os stresses, que seriam os estímulos capazes de provocar 
adaptações ou danos no organismo desencadeando uma Síndrome de Adaptação 
Geral (SAG). 
Os tipos de stress foram estudados por VON EULER (1969) que os 
classificou em: 
a) Stresses Físicos; 
b) Stresses Bioquímicos; 
c) Stresses Mentais. 
O stress físico é o causado por um aumento da atividade física, provocando 
um incremento da secreçãode adrenalina e noradrenalina, diretamente 
proporcional à intensidade do esforço, sendo preponderantemente o aumento da 
taxa de noradrenalina. 
O stress bioquímico é provocado pela introdução no organismo de qualquer 
substância química. Exemplos de agentes estressantes bioquímicos: 
a) Insulina – provoca hipoglicemia. 
b) Hormônios – com efeitos específicos conforme tipo ministrado. 
c) Álcool – provocando entre outros, uma vasodilatação. 
d) Fumo – com efeitos prejudiciais sobre os sistemas circulatórios, 
respiratórios e digestivo. 
Além desses, podem ser citados diversos outros como: alimentos, os 
calmantes, os excitantes etc. 
No stress mental, provocado pela ansiedade, pela angústia ou por outro fator 
estressante oriundo, geralmente, do córtex cerebral, observa-se, a exemplo do 
constatado no stress bioquímico, uma predominância da segregação de adrenalina. 
Embora, durante o treinamento e a competição, o atleta esteja submetido aos 
três tipos de stress, é o stress físico que interessará diretamente, pois este associado 
ao princípio da adaptação é que permitirá a existência do treinamento esportivo. 
Para uma melhor compreensão da Síndrome de Adaptação Geral (SAG), 
esta será dividida em três fases: 
1ª fase: fase da excitação – provoca uma reação de alarme. 
2ª fase: fase da resistência – provoca uma adaptação. 
3ª fase: fase da exaustão – provoca danos temporários ou permanentes. 
Os meios de comunicação social utilizam-se geralmente, da palavra stress 
associada unicamente à terceira fase da SAG, atribuindo-lhe um significado 
pejorativo. 
No entanto, durante a segunda fase do SAG, o stress, principalmente o 
físico, pode ter efeito benéfico ao organismo. 
O treinador dependerá de parâmetros fisiológicos e de seu feeling para situar 
a intensidade do treinamento dentro de uma faixa que provoque adaptações no 
organismo. Se for utilizado uma intensidade fraca ou média, não haverá efeito de 
treinamento; se, por outro lado, o treinamento for feito com a utilização de estímulos 
muito fortes, estar-se-á provocando o surgimento de exaustão. 
É natural, e desejável, que o atleta, após uma sessão de treinamento, esteja 
cansado. Porém, é imprescindível que após um período de repouso, ele consiga 
recuperar-se totalmente e esteja em perfeitas condições para o treino seguinte. Se, 
no entanto, se estiver aplicando estímulos muitos fortes, em um período de 
recuperação ou alimentação insuficiente, ou na presença de estados patológicos, 
não haverá esta recuperação e o atleta entrará num processo de exaustão que 
CARLYLE (1967) e diversos autores denominam de strain. 
Cabe aqui, uma melhor definição dos termos utilizados para descrever o 
desgaste orgânico provocado pela atividade física: 
CANSAÇO: Sensação subjetiva de desgaste provocado por atividade física 
ou somatização. 
FADIGA: Depredação das reservas energéticas associada ao acúmulos de 
catabólicos no organismo, que dificulta a continuação da atividade física, podendo 
provocar até a incapacidade temporária para o exercício. 
SOBRETREINO: Termo que denota uma recuperação incompleta antes da 
aplicação de uma nova carga de treinamento, dando origem à exaustão e 
provocando um declínio da capacidade de trabalho. 
EXAUSTÃO: Estado do organismo que, submetido a uma carga de trabalho 
muito forte, não se recupera convenientemente, quer por insuficiência de tempo de 
repouso, quer por alimentação inadequada ou em condição patológica. A exaustão 
tem um caráter progressivo e exponencial. 
A identificação precoce da exaustão possibilita que se continue a treinar, 
embora com uma drástica redução da carga de trabalho. Tal procedimento, apesar 
de ter consequência funestas sobre a performance, sempre será preferível que a 
parada total. 
O strain poderá ser detectado precocemente pela observação de diversos 
sintomas, tais como: 
a) Aumento da frequência cardíaca basal; 
b) Diarreia; 
c) Inapetência; 
d) Irritabilidade; 
e) Perda de peso; 
f) Insônia; 
g) Lesões musculares constantes; 
h) Diminuição da capacidade de concentração e aprendizagem; 
i) Lassidão etc. 
 
 
Princípio da sobrecarga 
 
 
Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho há uma 
recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase. Normalmente, um 
treinamento de alta intensidade provocará depredação das reservas energéticas 
orgânicas e o acúmulo de ácido lático e outros exsudatos, tais como: CO2, H2O. A 
reposição destas reservas se faz a nível muscular, quase que integralmente durante 
os primeiros 3 ou 5 minutos de recuperação (MATHEWS & FOX – 1979). No entanto, 
a nível orgânico somente o repouso prolongado e alimentação suficiente 
possibilitarão a reposição total. 
O tempo necessário para a recuperação é proporcional à intensidade do 
trabalho realizado. Se a carga for demasiadamente forte, o organismo será capaz de 
compensá-la, quase totalmente, com quatro horas de repouso, e, além disso, se 
preparar para sofrer uma novo desgaste mais forte do que o anterior. HEGEDUS 
(1969) chamou este fenômeno de assimilação compensatória, que seria composta 
de um período de recuperação – na qual seriam recompostas as energias perdidas; 
um período de restauração ampliada – na qual seria assimilada uma overdose 
energética. 
Na figura 5 colocam-se estes princípios num esquema que permite uma 
melhor visualização. Se no esquema da figura 5 a carga for muito forte (ou seja 
passar da linha C D) ter-se-á o início da terceira fase da SAG (exaustão). Em 
consequência, não ocorrerá o fenômeno da assimilação compensatória, nem mesmo 
a recuperação metabólica em espaço de tempo normal. Como decorrência deste 
fato, a próxima carga deverá ser menor que a inicial. 
Caso não haja a aplicação de cargas de intensidade crescentes, ou seja, as 
cargas 1, 2, 4, 5, 7 – 8 e 10 – 11 forem da mesma intensidade, só ocorrerá o período 
de recuperação ampliada no primeiro período de recuperação, deixando de haver 
progresso na aquisição de uma melhor forma. Este fenômeno aclarado na figura 6. 
Como se pode observar, não ocorrendo efeito de treinamento; pelo contrário 
o organismo tende e assimilar a carga aplicada, havendo, inclusive, uma discreta 
regressão na capacidade física, se esta for comparada com o nível alcançado logo 
no início do trabalho. 
Desta forma, o sedentário que todos os dias corre 1.500m em 10 minutos, 
estará em relação ao nível obtido após as primeiras semanas, se descondicionando 
fisicamente de forma progressiva, apesar de estar se exercitando com regularidade. 
O aproveitamento do fenômeno da assimilação compensatória ou super 
compensação, que permite a aplicação progressiva do princípio da sobrecarga, pode 
ainda ser severamente comprometida por uma incorreta disposição do tempo de 
aplicação das cargas. 
O equilíbrio entre carga aplicada e tempo de recuperação é que garantirá a 
existência de supercompensação de forma permanente. Podem surgir dois 
problemas nesta área: 
1º) Fase de recuperação excessiva para a compensação da carga aplicada. 
2º) Fase de recuperação insuficiente para a compensação de carga aplicada. 
No primeiro caso, a aplicação de uma nova carga de trabalho ocorre após a 
fase da supercompensação, acarretando um aumento da capacidade de trabalho 
inferior ao possível, ou seja, desperdiçando uma parcela do treino anterior. 
No segundo, tende-se a conduzir o atleta a um estado de strain por não se 
propiciar ao organismo condições de recuperação antes da aplicação de nova carga. 
Para que isto não ocorra, deve-se ter sempre em mente que a cargas maiores 
exigem maior tempo de recuperação e cargas menores exigem menor tempo de 
compensação. 
Há portanto, um ponto correto de curva de supercompensação para a 
aplicação de uma nova carga de trabalho, conforme mostrado na figura a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A aplicação do princípio da sobrecarga deve ser realizado em todas as 
componentes do treinamento e não apenas à preparaçãofísica. Assim, como 
exemplo ter-se-ia: 
a) Preparação técnico-tática 
1) Sobrecarga no volume: 
Aumento do número de repetições do movimento (gesto esportivo). 
Aumento da duração do treinamento (número de horas). 
Aumento da carga horária semanal de treino etc. 
2) Sobrecarga na intensidade: 
Crescente dificuldade dos movimentos realizados 
Aumento de velocidade de execução. 
Diminuição do tempo de repouso etc. 
b) Preparação psicológica 
1) Sobrecarga no volume: 
Aumento do tempo dedicado ao treinamento mental. 
Aumento do tempo dedicado ao relaxamento etc. 
2) Sobrecarga na intensidade: 
Treinamento sob condições estressantes. 
o volume e quando será devido à quando este aumento se fará por conta d 
É bom lembrar que um organismo 
submetido a trabalho muito intenso só poderá 
executá-lo por curto espaço de tempo. Por outro 
lado, se há necessidade de realizar um esforço de 
longa duração a carga será necessariamente 
moderada. 
Utilização de técnicas de ativação e motivação. 
 
 
 
Princípio de Interdependência volume-intensidade 
Como foi visto anteriormente, o aumento das cargas de trabalho é uma 
imposição para se obter uma melhora da performance. Será estudado, agora, 
 
intensidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A escolha de incidência da sobrecarga na intensidade ou no volume 
respeitará dois critérios 
c) Qualidade física visada; 
d) Período de treinamento. 
Qualidades físicas de utilização por curto espaço de tempo requerem, durante 
seu treinamento, uma grande ênfase sobre a intensidade do treinamento em 
detrimento da quantidade. O fenômeno inverso ocorre com as qualidades físicas de 
emprego prolongado. 
 
 
 
 
Aumenta a ênfase sobre o VOLUME nos treinamentos 
 
Aumenta a ênfase sobre a INTENSIDADE nos treinamentos 
RESIST 
ENCIA 
AERÓB 
ICA 
 
 
ML 
 
FLEXIBIL 
IDADE 
RESIST 
ENCIA 
ANAERÓBICA 
 
R 
ITMO 
 
F 
ORÇA 
Embora o peak seja individualizado e requeira certa intuição por 
parte do treinador, na manipulação das variáveis volume-intensidade, algumas 
regras básicas devem ser seguidas. É como se tivesse uma fórmula para maiores 
ajustes 
 
 
Além desse critério, o treinador deverá observar em que fase e em que 
período se encontra no macrociclo. Durante a fase básica do período preparatório a 
curva de volume de treinamento tem uma grande preponderância sobre a intensidade. 
Ao se iniciar o período específico, a intensidade adquire preponderância 
sobre o volume. Esta preponderância se acentua durante o período de competição e 
se inverte no período de transição. Na figura ao lado está exemplificando o 
balanceamento entre volume e a intensidade do trabalho de um treinamento, para 
ginastas femininas na faixa de 12 a 13 anos, realizado em 1981. 
O jogo de variações do volume e da intensidade do trabalho durante um 
período de treinamento é que possibilitará ao treinador levar seu atleta ao máximo de 
sua forma física, num período determinado, coincidente com as competições alvo. 
A observação do peak durante as competições é o único assunto que não 
pode ser ensinado, pois ele se baseia mais no feeling do treinador do que em qualquer 
parâmetro fisiológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na prática, a sobrecarga sobre o volume ou a intensidade se faz das 
seguintes formas: 
a) Sobrecarga no volume 
1 – Quilometragem percorrida 
2 – Número de repetições 
3 – Duração do trabalho (tempo) 
4 – Número de séries 
b) Sobrecarga na intensidade 
1 – Quilagem utilizada 
2 – Velocidade 
3 – Ritmo 
4 – Redução dos intervalos 
5 – Amplitude de movimento 
 
 
Princípio da Continuidade 
 
Foi visto anteriormente que o treinamento esportivo se baseia na aplicação de 
cargas crescentes que vão sendo progressivamente assimiladas pelo organismo, 
graças ao princípio da adaptação. Pode-se esquematizar esta alternância entre 
stress crescente e proporcional recuperação. 
Da observação da figura ao lado pode-se compreender por que é importante 
se ter uma continuidade de trabalho ao longo do tempo. Este é o princípio da 
continuidade. 
Dois aspectos ressaltam imediatamente deste princípio. 
1. Interrupção do treinamento 
2. Duração do período de treinamento. 
A interrupção controlada do treinamento para fins de recuperação é benéfica 
e imprescindível para o sucesso do programa. Ela pode variar de poucos minutos até 
48 horas. Após as 48 horas já há uma diminuta perda no estado físico, se não 
houver um Estímulo. Num treinamento de alto nível, isto pode comprometer 
seriamente o sucesso. 
Cabe aqui explicar por que as 48 horas são consideradas como limite 
máximo de repouso. 
MATVEIV (1981) ensina que a progressão pedagógica do treinamento tem 
como regra geral começar o treino seguinte durante um estado de recuperação da 
sessão anterior. Buscando qual é este tempo médio de recuperação, verifica-se que 
o repouso, o sono e o metabolismo da nutrição fazem restauração das 
reservas energéticas do organismo em sua quase totalidade em 48 horas, embora 
haja fator exponencial da recuperação que irá se prolongar por até 12 dias. 
O grande segredo do princípio da continuidade é a aplicação de nova carga 
de trabalho durante o período de recuperação ampliada, ou seja, antes que o 
organismo, ao se recuperar totalmente, retorne ao nível de homeostase inicial. 
Além disso, deve-se fazer uma correta distribuição temporal da aplicação de 
carga, pois num treinamento de alto nível procura-se dar dois ou três dias de 
estímulos crescentes antes de propiciar um dia de recuperação. Desta forma, 
consegue-se um efeito multiplicador do stress aplicado. O fenômeno da 
supercompensação num contexto de treinamento total de alto nível não ocorrerá, 
forçosamente, após cada treino, mas sim após uma série de treinos sucessivos. 
De um modo geral, pode-se dizer que frequência semanais ou treinos 
inferiores a três dias alternados de trabalho por semana tornam inócuo qualquer 
treinamento de alto nível, embora frequências maiores que doze sessões por 
semana, distribuídas na razão de duas por dia, conduzem inevitavelmente ao strain. 
Pausas maiores que 48 horas só serão recomendadas face ao surgimento de 
um quadro de sob treino. 
Atletas de níveis inferiores, no entanto, fazem, algumas vezes, pausas 
superiores a 48 horas. Nestes casos, o treinador deve se lembrar da aplicação de 
cargas de trabalho no reinício do treinamento; não se utiliza da última carga, mas sim 
da carga correspondente ao período de interrupção. Por exemplo, se o atleta parou 
uma semana, a carga aplicada deverá ser a de duas semanas atrás, uma semana 
antes da interrupção. 
Caso a interrupção seja igual ou superior a quatro semanas deve-se partir da 
estaca zero, embora a progressão subsequente seja mais rápida que a observada 
originalmente. 
É claro que em ambos os casos tudo irá depender da individualidade biológica 
e da qualidade física visada. A resistência aeróbica e a flexibilidade, por exemplo, 
tem uma permanência muito maior que a velocidade ou força máxima face a uma 
interrupção do treinamento. 
O segundo aspecto a considerar no princípio da continuidade é o referente a 
duração mínima do treinamento. 
Para se obter os primeiros resultados no desenvolvimento das qualidades 
físicas visadas, é necessário um mínimo de persistência no treinamento, com o intuito 
de propiciar uma duração que permita ocorrerem as alterações bioquímicas e 
morfológicas necessárias. 
Passado este estágio inicial, a constatação da melhora irá fornecer um 
feedback que incentivará a persistência do atleta. Este período crítico inicial pode ser 
bem observado em sedentários que iniciam o trabalho físico. Normalmente, aqueles 
que conseguem vencer a barreira do terceiro mês incorporam o exercício como um 
hábito de vida. 
O treinamento de qualidades físicas específicas necessitam de uma duração 
mínima do período de treinamento para que os primeiros efeitos se façam sentir. A 
bibliografia existente sobreo assunto aponta os mais diversos períodos, o que já era 
de se esperar, pois o desenvolvimento das qualidades físicas pelo treinamento é um 
fator eminentemente individual. 
Como base de raciocínio, a partir de observações empíricas realizadas com 
atletas juvenis brasileiros, pode-se citar como exemplos de períodos de treinamentos 
mínimo necessário os seguintes: 
 
 
QUALIDADES FÍSICAS PERÍODO 
Força Máxima Obtida após 12 e 18 meses de treinamento 
Força Explosiva Resultados observáveis após 5 e 6 meses 
de treinamento 
Resistência Anaeróbica Primeiros resultados após 7 semanas de 
treinamento 
Resistência aeróbica Primeiros resultados após 3 meses de 
treinamento 
Hipertrofia Muscular Primeiros resultados após 3 meses de 
treinamento 
 
 
Princípio da Especificidade 
 
A partir do surgimento do conceito de treinamento total, quando todo o trabalho 
de preparação passou a ser feito de forma sistêmica, integrada e voltada para 
objetivos claramente enunciados, a orientação do treinamento por meio dos 
métodos de trabalho veio paulatinamente perdendo razão de ser. Hoje em dia, nos 
grandes centros esportivos, esta forma de orientação do treinamento foi totalmente 
abandonada em proveito da designação da forma de trabalho pela qualidade física 
que se pretende atingir. 
O princípio da especificidade pode ser enunciado como aquele que impõe 
como ponto essencial que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos 
específicos da performance esportiva em termos de qualidade física interveniente, 
sistema energético preponderante, segmento corporal utilizado e coordenações 
psicomotoras utilizadas. 
Este princípio refletir-se á em duas amplas categorias de fundamentos 
fisiológicos: 
a) Aspectos metabólicos; 
b) Aspectos neuromusculares. 
Inicia-se pelo estudo dos aspectos metabólicos, que também compreenderão 
dois componentes que são os sistemas energéticos e o sistema cardiorrespiratório. 
Sobre o assunto, MATTHEWS & FOX (1983) detectaram o seguinte: 
“Os sistemas energéticos, como já foi enfatizado repetidamente, possuem 
capacidades e potências diferentes. Devido a essas diferenças, a intensidade e a 
duração do exercício determinam o sistema energético predominante solicitado 
(estressado) durante qualquer exercício determinado. Os exercícios de baixa 
intensidade e longa duração dependem maciçamente do sistema aeróbico, e os 
exercícios de alta intensidade e curta duração, dos sistemas anaeróbicos. Quanto 
mais solicitado for determinado sistema energético, maior será o potencial de 
aprimoramento na execução das atividades que dependem desse sistema. Assim 
sendo, com os programas de treinamento é essencial utilizar o tipo de exercício que 
solicita o sistema ou os sistemas energéticos primários utilizados durante a 
realização da atividade para qual o atleta está sendo treinado”. 
Desta forma, o princípio da especificidade irá impor que o treinador, ciente do 
tempo de duração da performance e de sua intensidade, determine com precisão a 
via energética preponderante. 
Sobre a base bioquímica da bioenergética atuará o sistema cárdio- respiratório 
que se integrará, principalmente, no sistema aeróbico. Obviamente, num programa 
de treinamento da resistência aeróbica, os efeitos desejáveis sobre 
o sistema cardiorrespiratório serão aqueles que otimizem sua função transportadora 
de oxigênio. 
O princípio da especificidade preconiza no entanto, que se deve além de treinar 
o sistema energético e o cardiorrespiratório dentro dos parâmetros da prova que se 
irá realizar, fazê-lo com o mesmo tipo de atividade da performance. 
Poder-se-ia pensar que um atleta treinado aerobiamente na esteira rolante 
estaria capacitando a competir em uma maratona, por realizar no treino a mesma 
atividade da competição. No entanto, as diferenças na energia dissipada por kg de 
peso corporal e a postura psicológica diversa fariam-no, certamente, fracassar. 
Na fase próxima à competição, o treinamento deve ser estritamente específico 
e a realização de atividades diferentes das executadas durante a performance com 
a finalidade de preparação física só se justifica ao ser realizado para evitar a inibição 
reativa (saturação de aprendizagem). 
A dosagem certa entre o treinamento específico e o não especifico só poderá 
ser dado pelo feeling do treinador, que deverá balancear entre a necessidade de se 
realizar um trabalho idêntico ao da performance pelo maior tempo possível e a 
saturação proveniente de fazer sempre a mesma atividade. 
Sob o ponto de vista dos aspectos neuromusculares do princípio da 
especificidade também ter-se-á dois componentes: o tipo de fibra muscular adequado 
à performance e o padrão de recrutamento das unidades motoras para a realização 
do gesto esportivo. 
Existem dois tipos de fibras musculares (I e II) que têm características 
próprias, que se tornam diferencialmente hábeis para a realização de esforços 
predominantemente aeróbico ou anaeróbico. Assim, a fibra do tipo I, ou oxidativa se 
presta para esforços aeróbicos por sua grande capacidade oxidativa e pequena 
capacidade glicolítica. Por outro lado, a fibra do tipo II, é a típica fibra glicolítica, 
atuará perfeitamente à vontade em intensos exercícios anaeróbicos. 
O segundo componente dos aspectos neuromusculares é controlado pelo 
sistema nervoso central a nível de cérebro, bulbo e medula espinhal e pressupõe que 
todos os gestos esportivos, realizados durante a performance, já estejam 
perfeitamente aprendidos de forma a permitir que durante a performance não se 
tenha que criar coordenações neuromusculares novas, mas tão somente lembrar- se 
de um movimento já assimilado e executá-lo. 
Geral 
A psicologia da aprendizagem ensina que o conhecimento, ou movimento, 
 
 
 
1ª) Qualidades físicas preponderantemente desenvolvidas ou obtidas por 
meio de treinamento, chamadas qualidades da forma física. 
2ª) Qualidades físicas inatas e que seriam tão somente aperfeiçoadas pelo 
treinamento, denominadas qualidades das habilidades motoras. 
 
 
 
 
 
Força 
Dinâmica 
Estática 
Explosiva 
Coordenação 
 
Descontração 
 
 
Resistência Muscular Localizada 
Agilidade 
Velocidade 
 
Equilíbrio 
 
Reação 
Movimento 
Deslocamento 
Estática 
Dinâmico 
Recuperado 
HABILIDADES MOTORAS FORMA FÍSICA 
 
 
 
Força 
 
Pode ser de três tipos: 
1. Força Dinâmica – É o tipo de força que envolve as forças dos músculos em 
movimento ou então suportando o peso do corpo em movimento repetidos, durante 
um período. Em outras palavras, é a força em movimento. Muitas vezes chamadas 
de força pura, força máxima ou força isotônica. 
Para um entendimento melhor e conhecimento de aspectos 
característicos da força dinâmica, apresentam-se aqui estudos e indicações: 
1º) BUEHRLE (1971) preconiza no treinamento de força dinâmica o sistema 
de repetições com pesos (6 a 10), com aplicação de cargas submáximas, de modo 
que na última o esforço seja realizado com dificuldade. Estabelece ainda 3 a 4 séries 
de exercícios. 
2º) Segundo WAZNY (1974) o valor da força dinâmica depende da 
coordenação das excitações nervosas relacionadas com o freio da atividade dos 
antagonistas, com a influência do sistema neurovegetativo, assim como a regulação 
da atividade vegetativa do corpo inteiro (circulação, respiração etc.). Essas são as 
variáveis que provocam diferenças nos registros eletromiograficos de distintos 
atletas. 
3º) ZIMKIM (1965) e WAZNY (1974) concordam quando afirmam que no 
treinamento de força dinâmica, o aperfeiçoamento dos processos de coordenação 
neuromuscular contribui decisivamente para a economia de trabalho, permitindo 
alcançar as mesmas metas com uma dose menor de esforço. 
Flexibilidade 
 
 
A força dinâmica pode ser dividida em dois subtipos: 
 
 
FORÇA ABSOLUTA FORÇA RELATIVA 
Valor máximo de força que 
pode desenvolver uma pessoa num 
determinado movimento. 
Cociente entre a força 
absoluta e o peso corporal dapessoa. 
 
3ª) Força Explosiva – É o tipo de força que pode ser explicada pela 
capacidade de exercer o máximo de energia num ato explosivo. Também conhecida 
como potência muscular, permite ser ainda mais explicado, saindo-se da fórmula de 
potência física. 
 
 
 
 
 
Observa-se pela fórmula acima que potência muscular (força explosiva) deve 
ser considerada em treinamento esportivo como “força em velocidade”. Logo, de 
saída conclui-se que os treinos de força explosiva exigem que os movimentos de 
força sejam feitos com o máximo de velocidade. Outra conclusão lógica é observação 
de que o grau que se pode alcançar nos chamados explosivos, no treinamento de 
potência muscular, dependerá da força obtida em função da velocidade básica do 
atleta. 
A força explosiva, é uma Valencia física presente na maioria das modalidades 
esportivas. No atletismo e na natação, somente os fundistas não necessitam dessa 
qualidade em termos prioritários. Nas lutas e nos esportes coletivos, os movimentos 
explosivos praticamente caracterizam os grandes atletas. 
Sobre a força explosiva foram coletados estudos e indicações importantes: 
1º) Também no desenvolvimento da força explosiva, MULAK (1972) 
preconizou um trabalho precedente de coordenação e no domínio do corpo. Após 
esse trabalho, esse estudioso estabelece o emprego de cargas pequenas 
(medicinebol, sacos de areia, pesos leves etc.). Este procedimento, em forma 
metodológica, pode ser explicado: 
P = F x V 
a) Pela necessidade de não se perder velocidade nos movimentos; 
b) Porque o trabalho com pequenas cargas possibilita um aumento no 
número de repetições do exercício. 
Como por exemplo dessa indicação de MULAK, pode-se citar os 
arremessadores de atletismo, que realizam muitos lançamentos com aparelhos de 
menor kilagem, mas com a técnica aplicada corretamente. 
2º) No desenvolvimento da força explosiva dos membros inferiores, a escola 
socialista de treinamento esportivo tem utilizado com bastante ênfase o “trabalho 
excêntrico-concêntrico”. Nesse tipo de trabalho de força, o exemplo mais comum 
ocorre com a utilização de plintos de altura variadas, onde os atletas saltam no 
sentido de cima para baixo de um plinto (trabalho isotônico excêntrico) e ao tocar no 
solo, imediatamente saltam para cima num movimento explosivo para alcançar a 
superfície do outro plinto (trabalho isotônico concêntrico). 
3º) HOSTER (1973) mostra em SUS estudos procedimentos diferentes de 
renomados treinadores e estudiosos do treinamento esportivo, quanto ao 
desenvolvimento da força explosiva. De um lado, mostra as colocações de 
LETZELTER e do outro as suas próprias pontuações contrárias. Na página seguinte, 
apresentam-se os preceitos desses dois autores, dentro de uma terceira, que é a de 
TONI NETT. 
 
 
ESTUDIOSOS QUE 
APRESENTARAM 
CONCEPÇÕES 
METODOLOGICAS 
PARA O 
DESENVOLVIMENTO 
DA FORÇA 
EXPLOSIVA 
 
 
 
ORIENTAÇÃO 
METODOLOGICA 
INDICADA 
 
 
JUSTIFICATIV 
A DOS 
AUTORES DAS 
CONCEPÇÕES 
ESCOLAS DE 
TREINAMENTO 
ESPORTIVO, 
NA QUAL É 
MAIS SEGUIDA 
A 
ORIENTAÇÃO 
 
LETZELTER 
(reforçado por TONI 
NETT) 
Método Direto 
Treinamento 
específico de 
força rápida, com 
o uso de pesos 
Nessa 
orientação não 
há perdas por 
transferência. 
 
 
Escola 
Socialista 
 
 ligeiros, e 
empregando 
formas mistas de 
treinos, isto é, 
com utilização de 
exercícios de 
força e 
velocidade. 
 
 
 
 
 
HOSTER 
Método Indireto 
Treinamento 
de força 
máxima 
 
+ 
 
Treinamento 
puro de 
velocidade 
Nessa 
orientação são 
alcançados 
níveis mais 
elevados de 
força e 
velocidade. 
 
 
 
Escola 
Saxônica 
 
3. Força estática – É o tipo de força que explica o fato de haver força 
produzindo calor, mas não ocorrendo produção de trabalho em forma de movimento. 
É também chamada força isométrica. 
A força estática não é um tipo de força muito evidente nos diversos esportes, 
mas está presente em situações especiais de disputas, em que ocorrem oposições 
específicos na modalidade. Por este motivo, é enfocado no treinamento de natação, 
judô e outras especializações esportivas. 
No estudo dessa Valencia física, apresentam-se algumas colocações: 
1º) A força estática é desenvolvida diretamente pela aplicação de exercícios 
isométricos. 
2º) KUZNIECOV, segundo WAZNY (1974), ao falar da força estática, 
distinguiu dois tipos de tensões: as tensões ativas e as tensões passivas. As 
primeiras são aquelas em que não existe o fenômeno da distensão muscular, 
enquanto as tensões passivas as forças externas atuam sobre o músculo em esforço 
na forma de distensão. Esse autor ainda conclui que os esforços passivos são muito 
mais eficazes no desenvolvimento da força estática do que os esforços ativos. 
É a qualidade física que permite um continuado esforço, proveniente de 
exercícios prolongados, durante um determinado tempo. 
3º) A força estática pode ser medida pelo tempo que uma pessoa pode 
permanecer numa situação de contração isométrica, suportando uma determinada 
carga. As variações de avaliação serão a carga e o tempo de sustentação. 
 
 
Resistência 
 
 
 
 
 
A resistência apresenta-se de três formas: 
1. Resistência aeróbica - É a qualidade física que permite a um atleta 
sustentar por um período longo uma atividade física relativamente generalizada em 
condições aeróbicas. A resistência aeróbica também recebe outras denominações: 
• Endurance 
• Capacidade aeróbica 
• Endurance extensiva 
• Potência aeróbica 
• Círculo endurance 
• Endurance cardiorrespiratório 
• Endurance orgânica 
• Estâmina 
 
As variáveis fisiológicas que atuam diretamente no treinamento da 
resistência aeróbica são: 
a) O desenvolvimento da capacidade funcional do coração; 
b) Melhoria do transporte de oxigênio pelo aparelho circulatório e uma 
consequente situação de boas condições para as trocas gasosas; 
c) Aumento da capacidade das fibras musculares de oxidar os açucares 
e as graxas. 
Para o estudo da resistência aeróbica, apresentam-se algumas 
indicações e considerações, produtos de um grande número de investigações: 
1º) O grau de endurance de um atleta será sempre em função da capacidade 
do mesmo em absorver o mais rápido possível o oxigênio ao nível dos pulmões e 
transportá-lo na maior quantidade possível por unidade de tempo, até chegar aos 
grupos musculares envolvidos na atividade física em execução, assegurando as 
trocas gasosas a nível celular. 
2º) A capacidade aeróbica é medida pelo consumo de oxigênio (VO2max), cujo 
resultado pode ser fornecido em ml/kg/min ou l/min. Os investigadores 
MELLEROWICZ, FRIC e HANSEN (1971), atestam que os diversos tipos de testes 
utilizados para medir a resistência aeróbica não apresentam resultados totalmente 
coincidentes. A resistência aeróbica pode ser medida em laboratórios ou por testes 
de campo. 
3º) ASTRAND e RODAHL (1970) contribuíram para o entendimento do estudo 
energético do esforço, concluindo que durante o esforço de intensidade moderada, 
o processo anaeróbico contribuindo no início do exercício até que a oxidação 
aeróbica atenda a energia necessitada. 
4º) A frequência cardíaca é um dos meios mais eficazes para orientação do 
treinamento que visa a melhoria da capacidade aeróbica. Existem indicações para 
uma adequação da frequência cardíaca ao treino que objetiva especificamente o 
desenvolvimento da resistência aeróbica, que são: 
a) Para melhoria da eficácia do transporte de oxigênio, o trabalho deve ser 
efetuado a uma frequência cardíaca entre 120 e 150 bat/min. 
b) A existência de relação entre frequência cardíaca, consumo máximo de 
oxigênio, velocidade de corridas. A frequência nesses estudos oscilou na faixa entre 
130 e 180 bat/min. Com base nessas pesquisas, DUREYAKOV e FRUTKOV (1973) 
concluíram que um treinamento para constituir-se predominante de processos 
aeróbicos não deverá permitir que os atletas ultrapassem os 150 bat/min durante o 
esforço. 
5º) Para o desenvolvimentoda capacidade aeróbica de atletas, são usados o 
treinamento continuo, o treinamento intervalado e o treinamento em circuito, embora 
os métodos ou formas de trabalho identificados como treinamento continuo sejam 
reconhecidos como os que apresentam melhores condições para um melhor 
rendimento e sejam consequentemente os mais preconizados e usados pelos 
treinadores de um modo geral. 
O fundamental no treinamento para a obtenção da resistência aeróbica é que 
haja uma busca constante no aumento de esforço em steady-state, pois qualquer 
exercício que seja realizado fora desse equilíbrio fisiológico terá resultado 
diferente dos objetivados. Por exemplo, se os atletas submetidos ao treinamento 
realizarem os esforços exigidos em débito de oxigênio, e não em Steady State, 
desenvolverão a resistência anaeróbica em vez da resistência aeróbica. 
6º) A progressão (sobrecarga) do trabalho de desenvolvimento da resistência 
aeróbica deve ser feita fundamentalmente na variável volume de treinamento. A 
observação sobre a adaptação ou assimilação dos atletas às novas cargas impostas 
é o critério aconselhável para que os preparadores possam aplicar novas 
sobrecargas ao treinamento. 
7º) O desenvolvimento da capacidade aeróbica é essencial no treinamento 
esportivo de alto nível de qualquer modalidade, pois mesmos esportes em que a 
capacidade anaeróbica é solicitada prioritariamente, os investigadores concluem que 
no potencial aeróbico estão as maiores ou menores possibilidades de rendimento no 
treinamento anaeróbico (VOLKOV, GORDON e IVANOV – 1969). 
8º) A melhoria da resistência aeróbica provoca os seguintes efeitos 
específicos nos atletas: 
a) Aumento do volume do coração; 
b) Aumento do número de glóbulos vermelhos e da taxa de oxigênio 
transportado pelo sangue; 
c) Uma capilarização melhorada nos tecidos, o que resulta uma melhor 
difusão de oxigênio; 
d) Redução da massa corporal; 
e) Redução da frequência cardíaca no repouso e no esforço; 
f) Diminuição do tempo de recuperação após o esforço; 
g) Predisposição para um ótimo rendimento no treinamento de resistência 
anaeróbico a ser desenvolvido a seguir; 
h) Aumento da capacidade dos atletas para suportar uma maior duração 
nas sessões de treinamento de um modo geral. 
9º) Estudos de ASTRAND e RODAHL (1970) evidenciaram que antes da 
puberdade não existem diferenças significativas na capacidade máxima aeróbica 
entre homens e mulheres, para depois dessa fase do crescimento humano o sexo 
feminino apresentar 70 a 75% das possibilidades do sexo masculino. Em ambos os 
sexos aparece uma trajetória crescente dos 18 aos 20 anos de idade na melhoria da 
resistência aeróbica, para após esta faixa etária surgir um declínio gradativo na 
aceleração das possibilidade de um melhor consumo máximo de oxigênio. Aos 65 
anos, a capacidade aeróbica apresenta-se próxima aos 70% dos valores que 
poderiam ser encontrados aos 25 anos. Foi observado que na faixa etária dos 65 
anos, o consumo máximo de oxigênio aproxima-se em ambos os sexos. 
Evidentemente, estas afirmações compreendem generalizações extraídas de 
tendências nas investigações científicas, inclusive podendo-se citar as pesquisas de 
SPRYNAROVA (1964) realizadas durante 8 anos com 39 meninos, confirmado 
ASTRAND e RODHAL, ao constatar maior crescimento na capacidade aeróbica no 
período pubertário. 
 
2. Resistência anaeróbica – É a qualidade física que permite a um atleta 
sustentar, o maior tempo possível, a uma atividade física em condições anaeróbicas, 
isto é, numa situação de débito de oxigênio. A resistência anaeróbica também recebe 
outras denominações: 
• Capacidade anaeróbica; 
• Potência anaeróbica; 
• Endurance intensiva 
Um esforço anaeróbico pode ser explicado pelas solicitações fisiológicas de 
oxigênio de uma atleta no esforço, em condições superiores à sua capacidade de 
consumo, provocando um acúmulo de débito de oxigênio, o qual deverá ser reparado 
após o término desse esforço. Sabendo-se que o trabalho em débito de oxigênio tem 
como fator principal o desenvolvimento da resistência anaeróbica, faz- se necessário 
algumas considerações sobre esse fenômeno fisiológico. Para calcular o débito de 
oxigênio total de um esforço será preciso medir o consumo de oxigênio na 
recuperação do atleta por um tempo determinado, e diminuir do consumo de oxigênio 
no repouso também calculado na mesma duração. 
No estudo da resistência anaeróbica existem pesquisas as quais resultam 
em indicações e conclusões, que têm facilitado o entendimento dessa Valencia física, 
que são: 
1º) O desenvolvimento da resistência anaeróbica em atletas de alto 
rendimento possibilita aos mesmos prolongar esforços máximos mantendo a 
velocidade e o ritmo de movimento, apesar do crescente débito de oxigênio, da 
consequente fadiga muscular. 
2º) A variável principal na medição da capacidade anaeróbica é o tempo que 
os atletas conseguem suportar o esforço anaeróbico. 
3º) Um grande número de estudos mostram que o desenvolvimento da 
resistência anaeróbica num atleta está condicionado por duas variáveis: 
a) O desenvolvimento precedente da capacidade aeróbica do atleta; 
b) A capacidade psicológica do atleta de resistir às exigências do trabalho 
anaeróbico. 
4º) No desenvolvimento da capacidade anaeróbica de atletas são usadas 
diferentes formas de preparação, embora haja um consenso na literatura 
especializada de treinamento esportivo que o treinamento intervalado é o meio mais 
eficaz para o aperfeiçoamento dessa valência física. A premissa substantiva no 
treinamento anaeróbico é que os atletas sejam submetidos a estímulos que 
provoquem esforços em débito de oxigênio, isto é, que os atletas treinem a resistir 
ao débito de oxigênio. 
5º) QUIRION e METHOT (1975) explicaram a fadiga fisiológica que pode 
limitar o trabalho anaeróbico por uma divisão em dois tipos de fadiga: 
a) Fadiga Bioquímica – determinada pelo rápido declínio do ATP 
(Adenosino-Triphosphato) e CP (Fosfato Creatina), por uma acumulação metabólica 
de detritos (lactato) e ainda pela decomposição do glicogênio em glicose, em ácido 
pirúvico em ácido lático. 
b) Fadiga Neuromuscular – Causada por uma deficiência acumulativa e 
por uma sobrecarga no fluxo nervoso ao nível das placas motoras do sistema 
nervoso central. 
6 º) A melhoria da resistência anaeróbica está correlacionada aos seguintes 
efeitos e características nos atletas: 
a) Aumento da massa corporal; 
b) Melhoria na capacidade psicológica para suportar esforços intensos; 
c) Melhores possibilidades para os atletas apresentarem variações de 
ritmos durante a performance. 
 
3. Resistência muscular localizada – É a qualidade física que permite a um 
atleta realizar num maior tempo possível a repetição de um determinado movimento 
com a mesma eficiência. Essa Valencia física é conhecida por outra denominações 
na literatura internacional: 
• Resistência local; 
• Resistência de força; 
• Resistência muscular; 
• Endurance local; 
• Endurance muscular; 
• Capacidade muscular local 
A resistência muscular localizada é uma valência física que 
permite condições para que os movimentos sejam continuados, mesmo que a 
intensidade das contrações sejam elevadas, e possam influir negativamente no 
transporte de oxigênio e na eliminação rápida dos produtos tóxicos musculares 
resultantes. Quando se conceitua resistência muscular localizada, é essencial 
ressaltar que a mesma é uma qualidade física que abrange continuação de esforços 
musculares, tanto em condições anaeróbicas como aeróbicas. Essa colocação 
explica o fato de o autor optar por uma qualidade física mais genérica, em vez de 
optar por 2 valências com conotações parecidas. O importante quando se estuda a 
resistência muscular localizada é colocar esta qualidade física sempre como uma 
função da duração de esforço com grupos musculares determinados. 
A RML tem sido alvo de um grande número de colocações 
cientificas, as quais favorecemuma série de indicações e outros estudos. Para uma 
melhor discussão dessa Valencia física apresenta-se a seguir indicações e 
conclusões cientificas da literatura especializada. 
1º) O desenvolvimento da RML está diretamente condicionada por algumas 
variáveis de ordem fisiológica e psicológica: 
a) As condições favoráveis de circulação sanguínea local. Esta primeira 
variável abrange uma série de características fisiológicas, como a capilarização 
muscular, o volume sanguíneo disponível localizado, os tempos de circulação. 
(QUIRION / 1977); 
b) A capacidade de consumo de oxigênio durante o esforço; 
c) A capacidade psicológica de resistir a uma repetição de esforços no 
mesmo grupo muscular. 
2º) No treinamento da RML, encontram-se meios diretos e meios indiretos 
para o desenvolvimento dessa Valencia física. Os meios diretos são aqueles que 
podem ser selecionados para o treinamento especializado da RML, enquanto 
os meios indiretos são aqueles que são utilizados para o aperfeiçoamento de outras 
qualidades físicas e paralelamente desenvolvem RML. 
3º) WAZNY (1971), em seus estudos sobre o treinamento de musculação, 
quando este tipo de treino objetiva o desenvolvimento da RML, indica a aplicação de 
cargas baixas com um número de repetições inicial em 30, para depois subir esse 
número de acordo com a evolução do treinamento. 
 
4º) Estudos de BEAUDRY, BRODEUR, CLOUTER, DUBUC e ROY (1975) 
mostram que a impossibilidade da repetição de movimentos com os mesmos 
grupos musculares, isto é, a falta de RML, pode ser explicada por 3 tipos de fadiga: 
a) Fadiga periférica circulatória – é originada pela vasoconstrição; 
diminuição do armazenamento de sangue; aumento de trabalho; aumento e não 
eliminação dos detritos metabólicos. 
b) Fadiga periférica neuromotriz – ocorre pela superatividade da placa 
motora. 
c) Fadiga nervosa – é causada por uma superatividade de trabalho 
córtex. 
5º) BEAUDY, MICHAUD e ROY (1975) – O desenvolvimento da RML 
apresenta como resultado os seguintes efeitos favoráveis: 
a) Capacidade para a execução de um número elevado de repetições 
dos gestos específicos esportivos; 
b) Melhor capilarização nos músculos treinados; 
c) Melhor utilização da energia; 
d) Acumulação mais lenta de metabólitos nos músculos; 
e) Maiores possibilidades para um trabalho posterior de desenvolvimento 
de qualquer tipo de força. 
 
Flexibilidade 
 
É uma qualidade física que pode ser evidenciada pela amplitude dos 
movimentos das diferentes partes do corpo num determinado sentido. É 
dependente da mobilidade articular e da elasticidade muscular. 
A mobilidade articular é expressa pelas propriedades anatômicas das 
articulações e a elasticidade muscular é projetada pelo grau de estiramento dos 
músculos envolvidos. A flexibilidade limita para mais ou para menos as possibilidades 
de movimentos de uma articulação, conforme as conformações articulares e a 
elasticidade dos músculos e ligamentos que envolvem essas articulações. 
MOSSTON (1968), em seus estudos sobre a flexibilidade afirma que essa Valencia 
física capacita as pessoas a aumentar a extensão do movimento numa articulação 
determinada. Para o estudo da flexibilidade, que é uma qualidade física 
imprescindível em todos os esportes, há uma quantidade bastante elevada de 
considerações, indicações e conclusões de investigações, as quais em parte, são 
expostas abaixo: 
1º) Os exercícios de flexibilidade devem exigir um estiramento muscular. Um 
músculo estirado, ou em extensão, deve apresentar-se com uma extensão máxima 
entre sua origem e o ponto de inserção final. Nos exercícios de flexibilidade há 
necessidade de constatar-se sua resistência ao final do mesmo, isto é, quando 
alcança o limite do movimento, independente do grau de flexibilidade do atleta. 
Quanto mais lentos forem os exercícios, as resistências serão menores e haverá uma 
menor possibilidade de lesões nas fibras, que geralmente são ocasionadas em 
movimentos rápidos. 
2º) Uma propriedade muscular importante no estudo da flexibilidade é a 
elasticidade. HURTON (1971), explica que existem vários fatores que podem 
influenciar a elasticidade muscular, como: 
a) O sistema nervoso central, o qual atua na coordenação dos músculos 
antagonistas e no tônus muscular; 
b) Aspecto bioquímico, como a integridade da recomposição do ATP entre 
as contrações musculares; 
c) As características musculares, uma vez que a elasticidade muscular é 
variável durante o dia, apresentando-se reduzida pela manhã, o que é confirmado 
por PIOREK (1971), aumentando a seguir, para mais tarde voltar a diminuir. Também 
a idade influi na diminuição da elasticidade e na capacidade de aumentá- la. 
3º) As pessoas do sexo feminino são mais flexíveis do que as do sexo 
masculino. 
4º) As crianças são mais flexíveis do que os adultos. Por esse motivo, é que 
existe a imperiosa da aplicação de exercícios de flexibilidade desde a pequena idade 
para que as crianças não sejam limitadas a um progresso físico com o crescimento. 
Uma das vantagens da escola asiática de treinamento esportivo é justamente o fato 
de que os povos dessa escola se utilizam de posturas especiais para orar, conversar, 
fazer as refeições, etc., as quais solicitam mobilidade articular e estiramento 
muscular, favorecendo a manutenção e o desenvolvimento da flexibilidade desde 
criança. Esse costume explica em parte as tendências dessa escola para alguns 
esportes em que a flexibilidade tem uma ponderabilidade considerável, como a 
ginástica, judô, natação e voleibol. 
5º) MORO explica que existem fatores constitucionais que pré-determinam a 
tendência de as pessoas classificarem-se em flexíveis e não flexíveis. Observou 
pessoas que nunca foram submetidos a programas de atividades físicas e que 
demonstraram aptidões nos exercícios de flexibilidade, e ainda constatou outros 
resultados negativos nesses exercícios. Esse autor ainda opina que a flexibilidade é 
uma caraterística corporal, onde flexíveis e os não flexíveis extremos apresentam 
essa característica em todos os níveis do aparelho locomotor. MORO ainda observa 
casos de hipermobilidade localizada em determinadas zonas musculares, devido à 
repetição sistemática de gestos específicos; 
6º) Estudos de OZOLIN, SERMIEJEV reforçam PIOREK (1971), quando esse 
investigador preconizou que os melhores resultados no treinamento da flexibilidade 
ocorre na faixa etária entre 10 e 16 anos. Devido a essa conclusão, é que se 
aconselha a inclusão de exercícios de flexibilidade durante o período de crescimento 
das pessoas. Essa indicação de treinamento de flexibilidade visa fundamentalmente 
ampliar o limite de flexibilidade, que está relacionado com o crescimento ósseo e 
muscular dos indivíduos. 
7º) O trabalho de musculação pode limitar a flexibilidade. Esse prejuízo pode 
ser evitado, combinando-se o trabalho de força com sessões de flexibilidade. Há um 
consenso entre ao estudiosos que exercícios de soltura devem completar as sessões 
de musculação. Sabe-se que não há impedimentos para a coexistência entre a 
flexibilidade e a hipertrofia musculares nas mesmas zonas corporais. Apenas é 
importante ressaltar que existem tipos de trabalho de musculação que causam 
prejuízos sérios à flexibilidade dos setores do corpo envolvidos nos exercícios, fato 
esse que exige uma atenção especial. Os exercícios de 
descontração indicados após as sessões de musculação visam restabelecer a 
extensão dos movimentos das articulações e músculos forçados. 
8º) Deve-se evitar a aplicação, logo após as sessões de musculação, de 
exercícios de flexibilidade que impliquem em estiramentos musculares fortes, pois 
haverá um grande risco de lesões nas fibras musculares. 
9º) PIOREK (1971), diz que a flexibilidade depende muito da temperatura 
ambiente, apresentando melhores condições com o calor. 
10º) Para o desenvolvimento da flexibilidade, PIOREK (1971) sugere 3 etapas: 
1ª etapa - Com o objetivo de fortalecer

Continue navegando