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Resumo de Teoria Geral do Processo - Parte 2

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1 
 
Resumo TGP – 2ª Unidade 
Jasmine Lira Alheiros Dias 
JURISDIÇÃO: FORMAS DE MANIFESTAÇÃO, DIVISIBILIDADE E ESPÉCIES DE TUTELA JURISDICIONAL 
 A palavra “jurisdição” vem do latim – iuris dictio (dizer, declarar o direito). A jurisdição, 
portanto, representa uma função estatal que tem a finalidade de declarar e manter a eficácia do direito 
em última instância, no caso concreto. A jurisdição é, pois, uma das funções do Estado, mediante a qual 
este substitui os titulares dos interesse em conflito, para, imparcialmente, buscar a pacificação do 
conflito que os envolve, com justiça. Tal pacificação, escopo magno da jurisdição, é feito a partir da 
vontade do direito objetivo, isto é, mediante a aplicação do direito objetivo. 
A jurisdição é enquadrada na terceira modalidade dos meios de solução de conflitos, a 
heterocomposição. Juntamente com a arbitragem, a jurisdição é representada pelo processo judicial, 
onde há a heterocomposição estatal dos conflitos, isto é, a solução das lides mediante a provocação do 
Estado-juiz, materializada mediante a atuação do Poder Judiciário, com o intuito de obter deste uma 
tutela jurisdicional. 
Características 
A jurisdição é atividade estatal secundária, pois a primária seria a resolução da lide pelas partes, 
instrumental, pois é veículo para a concretização do direito abstrato consagrado no ordenamento jurídico 
e é, também, uma atividade substitutiva, segundo Chiovenda. Isso porque um terceiro substitui a vontade 
das partes e determina a solução do problema apresentado. Ao exercer a jurisdição, o Estado substitui, 
com uma atividade sua, as atividades daqueles que estão envolvidos no conflito trazido à apreciação. 
Não cumpre a nenhuma das partes interessadas dizer definitivamente se a razão está com ela própria ou 
com a outra, mas ao Estado-juiz. 
A atividade jurisdicional deve ser feita por terceiro imparcial. É da essência da atividade que ela 
seja exercida por quem seja estranho ao conflito (terceiro, aspecto objetivo) e desinteressado dele 
(imparcial, aspecto subjetivo). Importante lembrar, entretanto, que imparcialidade não significa 
neutralidade – “Homo sum, humani nihil a me alienum puto”. 
A jurisdição é atividade que precisa ser provocada. Pelo princípio da inércia, a jurisdição só pode 
ocorrer se devidamente provocada por, pelo menos, uma das partes. É, também, atividade declarativa 
ou executiva – declara o direito aplicável ao caso concreto e concretiza coativamente o comando. 
A jurisdição tem o escopo jurídico de atuação do direito. Ao criar a jurisdição do quadro de suas 
instituições, o Estado visou garantir que as normas de direito substancial contidas no ordenamento 
jurídico efetivamente conduzam os resultados anunciados. 
Imprescindível lembrar que, ao lado da função administrativa e legislativa, a função jurisdicional 
compõe o tripé dos poderes estatais. Embora monopólio do Estado, a função jurisdicional não precisa 
necessariamente ser exercida por ele. O próprio Estado pode autorizar o exercício da jurisdição por 
outros agentes privados, como no caso da arbitragem. 
A jurisdição é uma atividade criadora. Isso porque é através dela que recria-se a norma jurídica. Os 
textos normativos não determinam completamente as decisões dos tribunais e somente aos tribunais 
cabe interpretar, testar e confirmar ou não a sua consistência. A dedução não é suficiente para solucionar 
os problemas jurídicos, e a tarefa de interpretar, construir e, ainda, distinguir os casos para formular 
decisões cabe apenas aos tribunais. Em suma, ao decidir, o tribunal cria. 
2 
 
OBS: a jurisdição cria coisa julgada, atua em situações jurídicas concretas, é técnica de tutela de direitos 
mediante um processo e é insuscetível de controle externo, sendo, nas palavras de Didier, a solução final 
ao problema apresentado. 
Formas de manifestação 
A jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e atividade. 
1) Jurisdição como função: é o encargo que têm os órgãos estatais de promover a pacificação dos 
conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e através do processo. É o 
encargo estatal de promover a pacificação, assumido como consequência do monopólio da 
administração da Justiça Pública. Ao exercer a jurisdição por meio do processo judicial, o Estado-
juiz cumpre um dever perante os jurisdicionados: o dever de toda a vez que for regularmente 
provocado, intervir no conflito para declarar e impor o direito e, ao final, pacificar com justiça. 
2) Jurisdição como poder: é a manifestação do poder estatal, a representação de sua capacidade 
de decidir e impor a decisão coercitivamente, conceituado como capacidade de decidir 
imperativamente e impor decisões. 
3) Jurisdição como atividade: é o complexo de atos do juiz no processo exercendo o poder e 
cumprindo a função que a lei lhe comete. Compreende um complexo de atos materializados pela 
atividade judicante dos magistrados, que exercem o poder e cumprem a função da jurisdição. 
Escopos da Jurisdição: assim como o processo, a jurisdição tem seus escopos. 1) Jurídico – é a atuação 
concreta da lei; 2) político – é a preservação do valor liberdade, oferta de meios de participação nos 
destinos da nação e do Estado para a preservação do ordenamento jurídico e da autoridade deste; 3) 
social – é a educação dos cidadãoes para o exercício dos próprios direitos e respeito aos direitos alheios; 
4) magno – é a pacificação com justiça. 
OBS: Poderes da Jurisdição - são três principais. 
- Decisão: é o poder do Estado-juiz de conhecer a matéria litigiosa mediante a coleta das provas 
disponíveis e, em seguida, decidir qual o direito aplicável ao caso concreto, com a definição do interesse 
a ser sacrificado e do interesse a ser preservado. É por meio da decisão que o Judiciário afirma a 
existência (ou não) da vontade concreta da lei. 
- Coerção: se manifesta mais substancialmente no processo de execução, quando há a imposição, através 
da força, das decisões judiciais; 
- Documentação: decorre, logicamente, do princípio da publicidade dos atos processuais e representa o 
poder-dever que o magistrado possui de determinar o devido registro de todos os atos processuais, 
objetivando documentar toda a tramitação do processo judicial. 
Princípios inerentes à jurisdição 
1) Territorialidade, aderência ao território ou improrrogabilidade: a jurisdição, como manifestação 
da soberania, exerce-se sempre em um dado território. Os juízes somente têm autoridade dentro 
das fronteiras do país, e, ainda, em um âmbito territorial definido por lei. Se preciso realizar um 
ato processual fora da jurisdição do magistrado, este deve solicitar a cooperação do juiz em cuja 
jurisdição deva o ato ser praticado. Carta precatória – de um Estado para outro; carta rogatória 
– de um país para outro; carta de ordem – de um tribunal para ordem inferior. 
2) Indelegabilidade: o exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Não pode o órgão 
jurisdicional delegar funções a outro sujeito. Este postulado veda a qualquer dos poderes delegar 
atribuições, não sendo possível alterar a distribuição a qualquer dos poderes feitos pela 
Constituição. O magistrado não exerce a jurisdição em nome próprio, mas sim como agente do 
Estado, agindo em nome deste e, como consequência, não poderá delegá-la a outrem, mas 
deverá exercê-la pessoalmente. 
3 
 
3) Inafastabilidade da jurisdição (da Ubiquidade e do Acesso à Jurisdição): esse princípio diz 
respeito à ideia de garantia do acesso à justiça sob quaisquer circunstâncias. Assim, assegura o 
pleno acesso ao judiciário, impedindo a criação de obstáculos legais capazes de impedir o 
ingresso em juízo. O princípio também veda o non liquet, isto é, o magistrado não pode deixar 
de atender a regular de tutela jurisdicional, não pode alegar lacuna ou obscuridade da lei para 
escusar-se de prolatar decisão. Está no art. 5º da CF/88 que a lei não excluirá da apreciaçãojurisdicional lesão ou ameaça à direito. 
4) Investidura legal na jurisdição: diz respeito ao fato de a função jurisdicional só poder ser exercida 
por pessoa que tenha sido regular e legitimamente investida na autoridade de juiz/a, em 
conformidade com as normas legais, através de ingresso regular. 
5) Juiz natural: não se pode escolher o julgador, que será escolhido por critérios pré-existentes, de 
forma a minimizar a possibilidade de influência de resultados e ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente. Assim, veda os chamados tribunais de exceção, 
criados sem previsão constitucional, para o julgamento de certos casos ou pessoas. 
6) Inércia: a função jurisdicional só pode ser iniciada após a provocação de uma das partes, vedando 
a atuação ex officio do juiz na instauração da relação processual e assegurando a imparcialidade 
do magistrado. 
7) Inevitabilidade: significa a impossibilidade de se evitar a incidência da tutela jurisdicional, uma 
vez devidamente provocada. A autoridade dos órgãos jurisdicionais, por emanarem poder 
soberano do Estado, impõe-se independentemente da vontade das partes. 
8) Perpetuatio Iurisdicionais: este princípio afirma que, no momento da propositura da demanda, é 
definida a competência absoluta do juízo, de forma que qualquer alteração posterior não afetará 
tal quadro. A exceção ocorre quando for alterada a legislação acerca da competência ou quando 
for suprimido o órgão jurisdicional. Esse princípio existe para impedir que ocorram flutuações 
dos órgãos competentes ao longo do processo. 
Prestação Jurisdicional VS Tutela Jurisdicional 
~ Prestação jurisdicional é o ato pelo qual se cumpre um dever ou se satisfaz uma obrigação, ato 
pelo qual o juiz cumpre o seu ofício judicante, compondo o conflito submetido à sua apreciação. É, 
sobretudo, a satisfação do direito à resolução da lide, a concretização da norma abstrata tendo em 
face da contenda. O direito à prestação jurisdicional está inserido dentro do direito de ação – 
representa o direito de submeter uma questão litigiosa à apreciação do Estado-juiz e obter dele 
uma resposta. Assim, tanto o vencedor como o vencido têm direito à prestação jurisdicional. 
~ Tutela jurisdicional: a tutela, por outro lado, representa a proteção a direitos proporcionada pelo 
Estado. Pode ser representada em dois planos: a definição de normas disciplinadoras da convivência 
social (estabelecimento do direito material ou substancial) e através das atividades dedicadas a 
assegurar a efetividade de tais normas (direito processual, através da tutela jurisdicional). A tutela 
jurisdicional é, portanto, a responsável por reconhecer e resguardar o direito material da parte 
vencedora. Assim, enquanto toda à toda a parte processual é garantida a prestação jurisdicional, a 
tutela jurisdicional é proporcionada apenas ao vencedor, àquele que teve o seu direito reconhecido 
pela decisão judicial. 
Prestação – dada aos litigantes em geral; Tutela – dada ao vencedor. A tutela representa o resultado 
produzido pela decisão judicial que reconhece e resguarda concretamente o direito material da parte 
vencedora. 
Espécies de Tutela Jurisdicional 
A doutrina clássica construiu três possíveis tipos de tutela jurisdicional – a cognitiva, a executiva e a 
cautelar. A doutrina moderna inovou, acrescentando mais dois outros tipos de tutela – mandamental e 
executiva em sentido lado. Portanto, temos: 
4 
 
1) Tutela cognitiva: objetiva reconhecer o direito. Protege a partir do reconhecimento; 
2) Tutela executiva: protege materialmente o direito e, através da execução, procura tornar efetivo 
o reconhecimento dele; 
3) Tutela cautelar: busca proteger o processe, visando prevenir um dano ao próprio processo; 
4) Tutela mandamental: tem por objetivo a obtenção de uma sentença em que o juiz emite uma 
ordem, cujo descumprimento caracteriza desobediência à autoridade estatal, sendo passível de 
sanções; 
5) Tutela executiva em sentido lato: é o conjunto de medidas que visa satisfazer o direito de uma 
pessoa à custa do patrimônio da outra. 
Marinoni também tem uma classificação notória das tutelas, que se baseia na natureza dos resultados 
jurídico-materiais oferecidos. A classificação toma por base como a tutela vai influenciar o contexto 
individual de quem a recebe, tomando como parâmetro as lesões ou ameaças sofridas. De acordo com 
ele, a tutela jurisdicional se ramifica em três. 
Classificação de Marinoni 
1) Tutela reparatória: como o nome sugere, o dano já foi vivenciado. Subdivide-se em específica 
ou inespecífica. Específica é quando o evento lesivo já ocorreu, resta reparar a situação criada, 
fazendo, conforme a lei, a recondução dos sujeitos, na medida do possível, ao estado precedente 
à transgressão. A tutela reparatória específica tem o escopo de restabelecer situações e é o tipo 
mais comum. Contudo, existe, ainda, a tutela reparatória inespecífica. Ela vai incidir sempre 
que for jurídica ou materialmente impossível a tutela específica. Quando não for possível 
restabelecer situações, o direito vai propor que se ofereça dinheiro em lugar do bem ou da 
situação subtraída ao demandante (ressarcitória) ou procurar meios de restabelecer uma situação 
parecida (equivalência). 
Em suma, reparatória direta – tenta restabelecer a situação de forma idêntica; reparatória indireta 
ressarcitória – dá dinheiro (indenização); reparatória indireta de equivalência – quer resolver a 
situação através do estabelecimento de uma situação equivalente, parecida. 
2) Tutela preventiva: consiste em evitar a violação de direitos e criação ou agravamento de 
situações desfavoráveis. Se a situação lamentada na demanda é o perigo ou iminência de que 
essas situações venham a ocorrer e se consumem danos ou agravamentos, há hipóteses em que 
a lei material predispõe meios de evitá-los. Subdivide-se em inibitória e cautelar. A tutela 
preventiva cautelar visa evitar perigo ou iminência de que determinadas situações venham a 
ocorrer e se consumem danos ou agravamentos – exemplo: se um indivíduo vai construir uma 
indústria, a tutela preventiva cautelar vai agir com vistas a condicionar o sujeito a fazê-lo com 
cautelas suficientes a evitar a dispersão de partículas nocivas ao meio-ambiente. A inibitória é 
quando a prevenção do dano é feita mediante o veto a alguma conduta e condenação do sujeito 
a abster-se – exemplo: no caso da construção da indústria, a tutela preventiva inibitória poderia 
impedir a construção, em vez de instituir que o faça cautelosamente. 
3) Tutela sancionatória: caracterizada pela imposição de medias de repressão, verdadeiros castigos 
a certas condutas indevidas. 
Divisibilidade da Jurisdição 
De forma abstrata, a jurisdição é apresentada como una. Pelo fato de a jurisdição ser vista como 
a expressão do poder soberano, não comporta divisões. Falar de diversas jurisdições seria o mesmo que 
falar de diversas soberanias. A jurisdição é, pois, una e indivisível, ao mesmo modo do poder soberano. 
Porém, a doutrina a divide em espécies, como sendo categorias de uma mesma jurisdição. Tal separação 
está mais conectada ao problema da competência e não da jurisdição em si, realizando a distribuição de 
processos entre as justiças. 
5 
 
Divide-se, portanto, a jurisdição segundo vários critérios, tanto para fins didáticos como para 
fins operacionais. 
1) Quanto à matéria: a jurisdição, quanto à matéria, se divide em penal e civil. Em todo processo, 
as atividades jurisdicionais exercidas têm um objeto como pretensão, a qual varia de acordo com 
a natureza do direito material que a fundamenta. Desse modo, há uma divisão do exercício da 
jurisdição, dando competência a uns para apreciar pretensão de natureza penal e a outros, as 
demais (jurisdição civil). A distribuição dos processos atende, todavia, apenas uma conveniência 
de trabalho, pois, na prática, não é possível isolar uma relação jurídicada outra; sendo, por 
exemplo, o ilícito penal semelhante em substancia ao civil, diferindo apenas a sanção destes. 
Há, portanto, na própria lei, dispositivos que estabelecem uma conexão/interação entre as duas 
searas. 
2) Quanto ao organismo: a CF instituiu vários organismos judiciários. Cada um deles constitui uma 
unidade administrativa autônoma, e recebem da própria lei maior os limites de sua competência, 
limites os quais permitem à doutrina diferenciar justiças que exercem jurisdição especial 
daquelas que exercem jurisdição comum. As justiças especiais ostentam competência para 
causas de determinada natureza e conteúdo jurídico substancial (cabe a tais justiças a apreciação 
de litígios fundados em ramos específicos do direito material). Já a justiça comum conhece de 
qualquer matéria não contida nas competências reservadas às especiais. 
3) Quanto à posição hierárquica do órgão: pelo princípio do duplo grau de jurisdição, há a 
possibilidade de, num mesmo processo, após o julgamento pelo juiz inferior perante o qual teve 
início, pode o processo voltar a ser objeto de julgamento por órgão superior. 
4) Quanto ao critério da fonte do direito: pode ser de direito ou de equidade. 
5) Quanto ao critério objetivo: pode ser contenciosa ou voluntária. 
OBS: o próprio legislador vai dividir a jurisdição de acordo com dois critérios, mesmo ela sendo una. São 
os critérios: 
1. Quanto à natureza da atividade jurisdicional – de acordo com esse critério, a jurisdição pode ser 
contenciosa ou voluntária. A jurisdição contenciosa é a mais comum porque é a que soluciona as 
lides, envolve o escopo magno da jurisdição, que é o de pacificar com justiça. A voluntária, por 
sua vez, diz respeito a determinados interesses privados que têm profunda relevância para o 
Estado. Esse tipo de jurisdição não pressupõe a existência de um conflito, mas tem função 
preventiva e constitutiva. Não há, dessa forma, lide ou partes litigantes, mas só um negócio 
jurídico envolvendo Estado-juiz e partes. 
2. Quanto ao seu exercício - refere-se à distribuição do seu exercício (mesma que do organismo). A 
jurisdição é dividida quanto à definição do âmbito de seu exercício pelos diversos órgãos que 
integram o Poder Judiciário. A jurisdição não é exercida por um único órgão estatal, mas sim por 
uma pluralidade de órgãos que integram a estrutura do Judiciário. 
 
Jurisdição voluntária 
Foi uma divisão adotada pelo legislador. O novo CPC consagra a atividade da jurisdição 
voluntária, que seria uma administração pública de interesses privados. Existem atos jurídicos da vida 
dos particulares que devem ser tutelados pelo Estado pelo fato de a importância deles transcender os 
limites da esfera de interesses das pessoas diretamente empenhadas, passando a interessar a própria 
coletividade (ex.: casamento interessa ao corpo coletivo). Logo, para que determinados atos da vida 
particular sejam válidos, deve haver a presença do órgão público. O Estado se insere naqueles atos, que 
são tipicamente privados, e vai realizar o ato emitindo declaração, ocorrendo a administração pública 
de interesses privados. 
6 
 
 Essa função, embora exercida por juízes, é tida como função administrativa, não sendo 
jurisdicionais e teriam tais atos a finalidade constitutiva, isto é, de formar situações jurídicas novas. 
Esses são os atos compreendidos pela jurisdição voluntária. 
 O termo “jurisdição voluntária” é muito criticado. Primeiramente, porque não há uma lide a ser 
solucionada, se baseando na constituição de uma ação nova, e não na atuação do direito. Não há, 
portanto, litigantes, mas interessados. Não há o caráter substitutivo, pois o juiz se insere entre as partes 
do negócio jurídico, numa intervenção necessária para a consecução dos objetivos necessários. Há um 
interesse a ser tutelado, não uma pretensão em jogo. Não há, ainda, a produção de coisa julgada, mas 
as decisões são mutáveis. 
 Cabe dizer, por fim, que a jurisdição voluntária não é, de fato, voluntária. Isso porque ela 
também obedece à regra da inércia, devendo haver provocação para que se obtenha os efeitos desejados. 
Assim, apesar das diferenças, ambas as jurisdições (contenciosa e voluntária) visam à pacificação social 
mediante a eliminação de situações incertas ou conflituosas. 
Jurisdição contenciosa (resolve lide, as partes são litigantes, há o contraditório em sua plenitude, produz 
coisa julgada material, magistrado tem função ativa/substitutiva). Jurisdição voluntária (tutela 
interesses, as partes são interessados, o contraditório é mitigado, as decisões são mutáveis, magistrado 
com função passiva). 
AÇÃO: NATUREZA, ELEMENTOS E CONDIÇÕES 
A palavra “ação” deriva do latim e traz a ideia de provocação da ordem natural das coisas, traz 
para a língua portuguesa o verbo “agir”. Juridicamente falando, a palavra ganha campo para diversos 
debates que dão corpo a várias conexões semânticas distintas. 
Leonardo Greco traz, em sua obra, que a ação tem várias acepções – ação no sentido cívico, ação 
como demanda (que é o que vai ser usado aqui), ação como direito a um processo justo, dentre outras. 
Aqui, entretanto, importará o conceito traduzido por Celso Neves, quando ele fala de ação exercida. A 
ação exercida nada mais é do que o direito público subjetivo de provocar a atuação judicial do Estado- 
juiz e obter uma satisfação jurisdicional. É, portanto, a ação no sentido de ato jurídico. É um conceito 
distinto, apesar de ter relação, com a ideia de direito de ação – a ação exercida é, justamente, quando 
o cidadão decide pôr em prática o seu direito. 
Obs: assim, tem-se que fazer uma distinção pertinente de como a ação se enquadra institucionalmente: 
1) ação material – é uma noção mais objetiva da ação. É a ação do sentido de direito a uma tutela 
material, específica, que leva em consideração o tipo de proteção pleiteada; 2) ação processual – é algo 
mais subjetivo, é o direito abstrato a uma proteção jurisdicional. 
Obs 2: o direito de ação se liga com o princípio da inafastabilidade. Ação como ato jurídico X ação como 
direito. 
NATUREZA DA AÇÃO 
Após a consagração, na segunda metade do século XIX, da ideia de que o direito de ação é um 
direito autônomo (vide evolução das noções processuais na parte de instrumentalidade e efetividade do 
processo), duas questões importantes foram levantadas. A primeira procura definir se a ação é um direito 
subjetivo em face do Estado ou em face do adversário. Muther e Wach diziam que é um direito exercido 
contra o Estado, enquanto Chiovenda achava que era um direito exercido contra o adversário. Essa 
questão é quase consensual hoje: a ação é um direito público exercido contra o Estado, em razão de ser 
um direito do cidadão que decorre do dever do Estado de oferecer a prestação jurisdicional. 
 A segunda questão diz respeito a se o direito de ação é concreto ou abstrato. Isso já é algo mais 
polêmico, alvo de discussão intensa entre juristas alemães. 
7 
 
1) Teorias Imanentistas: também chamada de civilista. Ainda nega a autonomia do direito de ação 
ao afirmar que ação e processo eram simples capítulos do direito substancial. A ação, portanto, 
seria imanente ao próprio direito material, sendo estudada dentro do ramo do direito civil. 
Savigny era um expoente dessa corrente. 
2) Teorias autonomistas: sustentam a autonomia do direito de ação, defendendo que o direito de 
ação se distingue do direito público. A polêmica de Windscheid e Muther foi o que deu início à 
construção doutrinária acerca do direito de ação, em 1857. Windscheid, grande civilista e um 
dos principais autores do primeiro projeto do Código Civil alemão, travou calorosas discussões 
com Muther, um estudioso do direito romano e história do direito de menor projeção. Apesar da 
controvérsia entre os dois juristas, ambos chegaram a importantes conclusões. A principal delas 
é a de que a ação é outro direito, não é o mesmo direito subjetivomaterial, tendo, portanto, 
características e conteúdo próprios. O direito subjetivo material é o direito do seu titular exigir 
de outrem determinados comportamentos, enquanto o direito de ação não é o direito de exigir 
o comportamento assegurado pelo direito material, mas o direito de obter a prestação 
jurisdicional, de obter o exercício da jurisdição. Assim sendo, o conteúdo do direito de ação não 
é o mesmo conteúdo do direito subjetivo material. 
Obs: a partir dessa conclusão começa a nascer o direito processual como ramo autônomo da ciência 
jurídica, pois, até então, o processo era apenas um complemento do próprio direito material. A 
autonomia do direito processual, como ramo científico do direito público, é fortalecida com a edição 
do livro de Oskar von Bullow. Nesse livro, o autor demonstra que, se a ação é outro direito, o processo 
é também outra relação jurídica. O processo é uma relação jurídica própria, que cria seus próprios 
direitos subjetivos, seus próprios deveres, ônus, poderes, enfim, com conteúdo totalmente diverso 
do conteúdo da relação jurídica de direito material. 
3) Teorias concretistas: a partir daqui, percebe-se a segunda polêmica supracitada: seria o direito 
de ação um direito concreto ou abstrato? Os concretistas aceitam que o direito de ação é 
autônomo, porém vão dizer que a ação tem por pressuposto o direito material e sua violação. 
Em outras palavras, o direito material seria pressuposto ao direito de ação. Só existe o direito 
de ação se existe o direito material. Os partidários da ação como direito concreto, como Wach, 
Chiovenda e Muther sustentam que o direito de ação pressupõe a existência do direito subjetivo 
material e, por isso, costumam afirmar que esse direito se realiza, atinge o seu fim, com a 
obtenção de uma sentença favorável. 
Obs: Chiovenda – o direito de ação é um direito potestativo; ação é um direito autônomo, mas não 
contra o Estado, sendo um direito potestativo, ou seja, o poder jurídico de realizar a condição 
necessária para a atuação da vontade concreta da lei. 
4) Teorias Abstrativistas: entendem que o direito de ação provoca o exercício da jurisdição sobre a 
pretensão de direito material do autor, mas que esse direito se realiza pela entrega da prestação 
jurisdicional, seja ela favorável ou não ao autor, porque o seu conteúdo é apenas o exercício da 
jurisdição sobre aquela pretensão, não necessariamente em benefício ao autor. Ugo Rocco, 
Alfredo Rocco, Carnelutti e Liebman são alguns do que abraçaram essa teoria. Em suma, a tese 
dos abstrativistas consiste no ponto de que o direito de ação é um direito autônomo e abstrato, 
ou seja, um direito que existe mesmo que seja declarado inexistente o direito material. 
Obs: as teorias abstrativistas tiveram o mérito de desvincular o direito de ação da existência do 
direito material, determinando que as condições da ação, na qualidade de pressupostos da ação 
como direito à jurisdição, fossem examinadas através de uma cognição superficial, num juízo prima 
facie da admissibilidade da pretensão do direito material. Qualquer indagação mais profunda sobre 
a existência dessas condições poderia vir a constituir um obstáculo ilegítimo ao acesso à tutela 
jurisdicional sobre o próprio direito material, constitucionalmente assegurado. Os concretistas, por 
outro lado, criticam nas teorias abstrativistas a autolegitimação, que decorre da verificação das 
8 
 
condições da ação in statu assertionis. O direito de ação nasce das próprias afirmações do autor, 
ainda que totalmente inverídicas ou até absurdas. Assim, as chamadas “condições da ação”, 
atualmente, vão servir justamente para tentar extrair das duas correntes os seus aspectos positivos, 
minimizando os inconvenientes. 
Existem, ainda, ramificações dentro das teorias abstrativistas que merecem ser explanadas. 
a) Teoria Abstrativista Original: aqui, o direito de ação se encontra completamente desvinculado 
de qualquer pressuposto ou condição, sendo o simples direito de demandar. Essa não é a teoria 
admitida em nosso direito. 
b) Teoria Eclética: é a adotada por Liebman. Aqui, o direito de ação se encontra vinculado às 
condições da ação, de forma que somente existe o direito de ação se as condições estiverem 
presentes no respectivo caso concreto – ou seja, é preciso provar a legitimidade da ação. 
c) Teoria reelaborada abstrata do direito de ação (ou teoria da asserção): essa teoria acredita que 
as condições da ação são pressupostos de apreciação do mérito da causa, não pressupostos da 
existência da ação – isto é, a mera alegação dá a legitimidade de propor a ação. As condições da 
ação seriam, pois, requisitos para um exercício regular da ação no âmbito processual, 
possibilitando, se satisfeitos, o exame do mérito pelo juiz. As condições da ação são satisfeitas 
no plano lógico e da mera asserção do direito, procedendo o juiz a um simples confronto entre 
o afirmado pelo autor e o esquema abstrato da lei – em outras palavras, são aferidas com base 
nas afirmações do autor num exame abstrato realizado pelo juiz e não de acordo com o que vier 
a ser efetivamente provado durante o processo. Com isso, as condições da ação funcionam como 
ponto de conexão lógica (e não prática) e abstrata entre o plano material e o plano processual. 
A função metodológica das condições da ação é, assim, examinar, definir, ainda que 
hipoteticamente, se a ação é admissível. 
ESTRUTURA DA AÇÃO 
Em primeira instância, é válido dizer que a pretensão origina a ação. A pretensão, elemento 
analisado dentro da propedêutica processual, consiste na exigência da subordinação do interesse 
alheio ao interesse próprio. É a partir da pretensão que o cidadão vai exercer o seu direito de ação, 
gerando a ação exercida (como Celso Neves denomina ação na acepção de ato jurídico). A pretensão 
é, assim, o pressuposto da ação. 
Existem dois tipos de pretensão: 1) pretensão material – é a pretensão que se dirige ao seu 
adversário em uma Lide. É a pretensão que traduz a realidade de querer ver o seu direito 
prevalecendo frente ao de outrem. 2) pretensão processual – é a pretensão dirigida ao Estado. Diz 
respeito ao interesse em obter pronunciamento do Estado. 
LEMBRAR: AÇÃO NO SENTIDO DE DEMANDA!!! 
 Satisfeita a “fase zero” da ação, que é traduzida pelo pressuposto, a pretensão, parte-se para 
os elementos da ação propriamente ditos. Obviamente, existem alguns elementos que são considerados 
como individualizadores da demanda. No Brasil, esses elementos são chamados de “tríplice identidade”, 
pois o CPC considerou que duas ações são idênticas quando possuem as mesmas partes, o mesmo pedido 
e a mesma causa de pedir. Esses, portanto, são os elementos individualizadores da ação como demanda 
e delimitadores do objeto da jurisdição. 
ELEMENTOS DA AÇÃO 
1) Causa de pedir: primeiro elemento objetivo da demanda. É o fato e o fundamento jurídico do 
pedido. A petição inicial tem que conter a exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos do 
pedido, que formam a denominada causa de pedir. Os fatos são realidades da vida cotidiana. Se 
sobre algum fato incide a regra jurídica, torna-os fatos jurídicos, ou seja, importantes ao direito. 
Assim, o autor tem que expor todo o quadro fático necessário à obtenção do efeito jurídico 
9 
 
perseguido, bem como demonstrar como os fatos narrados autorizam a produção desse mesmo 
efeito (deverá o autor demonstrar a incidência da hipótese normativa no suporte fático 
concreto). O nosso CPC adotou a teoria da substanciação da causa de pedir, o que indica que o 
demandante deve indicar qual o fato jurídico e qual a relação jurídica dele decorrente. CAUSA 
E EFEITO! A causa e o efeito têm que constar na petição. Não basta a indicação da relação 
jurídica, efeito do fato jurídico, sem que se indique qual o fato jurídico que lhe deu causa – que 
é o que prega a teoria da individualização. A pluralidade de fatos vai gerar uma pluralidadede 
demandas, portanto. 
OBS: a causa de pedir revela o nexo existente entre o direito material e o processo. A causa de pedir 
constitui o meio pelo qual o demandante introduz o seu direito subjetivo (substancial) no processo. 
OBS 2: a causa de pedir, como elemento individualizador da demanda, é regida por duas teorias: a 
teoria da substanciação e a teoria da individuação. A primeira diz que a causa de pedir se compõe 
conjuntamente dos fatos e do direito. A doutrina brasileira sustenta que o legislador adotou-a 
expressamente, tendo em vista que o CPC prevê que não basta o direito para identificar a ação, mas 
é necessário alegar o direito decorrente de determinados fatos. A segunda teoria, por outro lado, 
diz que o que identifica a demanda é apenas o direito resultante de qualquer fato fato, e não 
necessariamente aquele resultante dos fatos que o autor relatou. 
Debate: juria novit curia (o juiz conhece o direito – o juiz poderia variar a qualificação jurídica dos 
fatos?) e da mihi factum, dabo tibi jus (dê-me os fatos, que lhe darei o direito). 
IMPORTANTE! A causa de pedir se subdivide em próxima e remota. A causa de pedir próxima são os 
fundamentos jurídicos, o direito material do autor que resulta dos fatos; é o que justifica o pedido, 
o que justifica a providência jurisdicional para a apropriação do bem da vida. A causa de pedir remota 
são os acontecimentos do mundo ou da vida geradores do direito material do autor. 
2) Pedido (objeto): é outro elemento objetivo da demanda, tem que estar constante na petição 
inicial. É um requisito elementar, já que é o objeto da jurisdição, conforme afirmação de 
Leonardo Greco. Em suma, o pedido consiste no efeito jurídico pretendido pelo ato jurídico da 
ação. Petição sem pedido é inepta, a ensejar o seu indeferimento. Está subdividido nas seguintes 
categorias; pedido imediato – a pretensão enseja a demanda, conforme já explicitado. Aqui, o 
pedido imediato corresponde à pretensão processual, que é a exercida em face do Estado-juiz. 
O pedido imediato, portanto, é a providência jurisdicional. O pedido mediato, por outro lado, 
decorre da pretensão material. Corresponde, assim, à pretensão exercida em face do réu. 
3) Partes: quando se fala em partes como elemento da ação, tem que ter em mente que se está 
falando de parte processual. Isso porque existem partes processuais, partes materiais (sujeitos 
da situação jurídica discutida em juízo) e partes legítimas (têm autorização legal para estarem 
em juízo discutindo determinada situação jurídica). A parte processual é a que está na relação 
jurídica processual, faz parte do contraditório, assumindo qualquer das situações jurídicas 
processuais, atuando das situações jurídicas processuais, atuando com parcialidade e podendo 
sofrer alguma consequência com a decisão. São partes processuais – autor, réu e terceiro 
interveniente. 
Importante: a ação, dentro da concepção de direito de ação, pode ser exercida: a) pelo autor; b) 
pelo réu, em caso de reconvenção; c) pelo MP; d) pelo terceiro interveniente (que participa do 
processo em uma posição análoga à da parte). 
Importante 2: os sujeitos passivos da ação – primeiramente, o sujeito da ação é o Estado, em face 
de quem é exercida a pretensão processual; depois, tem-se que o sujeito da ação é o réu, em face 
de quem é exercida a pretensão material. 
 
10 
 
CONDIÇÕES DA AÇÃO 
Histórico 
Sobre as condições da ação, é importante, primeiramente, versar sobre o contexto em que elas foram 
debatidas no campo doutrinário. 
Importante deixar claro, primeiramente, que as condições da ação, embora expressamente 
previstas no Código de Processo Civil de 1973, nunca foram matéria doutrinariamente pacífica ou 
unânime. Contudo, apesar das controvérsias o antigo CPC adotou a teoria eclética da ação de Liebman. 
Segundo essa teoria, a ação estaria sujeita a certas condições, sem as quais há a extinção do processo 
sem a resolução de mérito. Atualmente, interesse processual e legitimidade ad causam são as condições 
da ação que integram, em conjunto com os pressupostos processuais, os pressupostos de admissibilidade 
ao julgamento do mérito. Sem elas, o demandante será considerado carecedor da ação. 
A referida teoria sustentava a sua presença no ordenamento jurídico tal como era preconizado 
inicialmente por seu idealizador, Liebman. É importante ressaltar que Liebman, a partir da terceira 
edição de seu Manual de Direito Processual Civil, afasta a possibilidade jurídica do pedido como condição 
da ação no momento em que o ordenamento jurídico italiano passa a aceitar o divórcio. Outras situações 
de provimentos jurisdicionais não admitidos pela lei passaram a ser tidas como ausência do interesse de 
agir. Nessa visão, as condições da ação podem ser aferidas a qualquer tempo no processo e impedem 
efetivamente o exame do mérito da causa, viabilizando a repropositura da ação. 
A teoria eclética potencializava, no ordenamento brasileiro, as condições da ação, quando a 
realidade era que elas estavam a ser relativizadas. Assim, dentro do contexto do novo CPC, ocorreu uma 
revolução que se baseou na Teoria da Asserção. Segundo essa particular visão, as condições da ação 
somente podem ser aferidas a partir das afirmações (asserções) feitas pelo demandante. Se, a partir dos 
elementos constantes da petição inicial, o juiz constatar a ausência de uma das condições da ação, 
deverá extinguir o processo sem resolução do mérito. 
Em verdade, para o entendimento da celeuma estabelecida sobre as condições da ação, é 
importante pontuar que o juiz vai realizar dois juízos dentro do curso do processo: juízo de 
admissibilidade e juízo de mérito. Apesar disso, no plano do CPC/73, quando constatado pelo juiz a 
ausência de qualquer uma das condições da ação, teríamos a carência da ação (art. 267). Dessa forma, 
questionou-se por muitos anos se ao analisar as "condições da ação" o Estado-Juiz rompia o plano da 
validade para analisar propriamente a existência, ou seja, o direito material lesionado ou o próprio 
mérito da ação. 
Diante de tamanha polêmica apresentada, o Código de Processo Civil de 2015 extinguiu, como 
categoria, as condições da ação. Portanto, o instituto foi extinto, mas seus requisitos permaneceram 
intactos. 
Levando-se em conta que o magistrado ainda realiza dois juízos (de admissibilidade e mérito), o novo 
CPC separou os requisitos das condições da ação alocando-os em pressupostos processuais (relativos 
ao juízo de admissibilidade da ação) e como questão de mérito. 
Verifica-se, portanto, que o interesse de agir e a legitimidade passaram a ser tratados como 
pressupostos processuais, nos termos do art. 17, do NCPC, de tal forma que constatando o juiz, ao 
receber a inicial, a ausência do interesse de agir ou legitimidade, indeferirá a petição inicial, 
consoante art. 330, II e III, do NCPC. 
11 
 
No que tange à possibilidade jurídica do pedido, esse requisito passou a integrar a questão de mérito. 
Isto porquê quando o juiz analisa o interesse de alguém em romper a inércia do judiciário, por certo 
esse verdadeiramente avalia a pertinência e legalidade do pedido, ou seja, o direito material e o 
mérito, nos termos do art. 487 do NCPC. 
 
Conceito 
As condições da ação são, em suma, requisitos básicos para que se profira uma decisão de mérito. 
No CPC antigo, o processo era extinto sem resolução de mérito quando as três condições do art. 267 não 
estavam presentes. A Teoria Geral do Processo costuma compreender as condições da ação como uma 
categoria fundamental do processo moderno, localizada entre os pressupostos processuais e o mérito da 
causa. 
No que tange o processo civil, o tema das condições da ação era entendido como um feixe 
composto por três institutos, quais sejam: legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade 
jurídica do pedido. 
 
1) Legitimidade ad causam: nada mais é do a pertinência subjetiva da ação, ou seja, qualidade 
expressa em lei que autorizao sujeito (autor) a invocar a tutela jurisdicional. Nessa lógica, será 
réu aquele contra qual o autor pretender algo. A legitimidade ad causam é a idoneidade do 
sujeito, como atributo do sistema jurídico, para a prática de determinado ato ou para suportar 
seus efeitos. É uma qualidade do sujeito aferida em função do ato jurídico, realizado ou a ser 
praticado. É a relação de pertinência subjetiva ou objetiva (decorrente de lei) com a causa de 
pedir apresentada pelo demandante. 
 
2) Interesse de agir (interesse processual): refere-se à utilidade que o provimento jurisdicional pode 
trazer ao demandante. É, conforme afirmação de Liebman, a relação de utilidade entre a 
afirmada lesão de um direito e o provimento de tutela jurisdicional do pedido. Para a 
compreensão do interesse de agir (artigo 3° CPC/73), devemos cingir o conceito do binômio 
necessidade-utilidade: 
a) Necessidade: traduz-se na ideia de que somente o processo é o meio hábil à obtenção do 
bem da vida almejado pela parte. É preciso demonstrar que, sem o exercício da jurisdição, a 
pretensão não poderia ser satisfeita; 
b) Utilidade: significa que o processo deve propiciar, ao menos em tese, algum proveito ao 
demandante; 
c) Adequação: por ele, entende-se que a parte deve escolher a via processual adequada aos 
fins que almeja. 
Significativa parte da doutrina critica esta última acepção (a adequação) do interesse de agir, vez que, 
nas palavras de Fredie Didier Jr.[1]: 
“O procedimento é a espinha dorsal da relação jurídica processual. O processo, em 
seu aspecto formal, é procedimento. O exame da adequação do procedimento é um 
exame de sua validade. Nada diz respeito ao exercício do direito de ação. 
“Não há erro na escolha do procedimento que não possa ser corrigido, por mais 
discrepantes que sejam o procedimento indevidamente escolhido e aquele que se 
reputa correto. Um exemplo talvez sirva para expor o problema: se o caso não é de 
mandado de segurança, pode o magistrado determinar a emenda da petição inicial, 
para que o autor providencie a adequação do instrumento da demanda ao 
procedimento correto. Não existisse o inciso V do art. 295, que expressamente 
http://www.conjur.com.br/2015-nov-30/otavio-fonseca-cpc-quebra-paradigma-condicoes-acao#_ftn1
12 
 
determina uma postura do magistrado no sentido aqui apontado, sobraria a regra da 
instrumentalidade das formas, prevista nos arts. 244 e 250 do CPC, que impõe o 
aproveitamento dos atos processuais, quando houver erro de forma.” 
Nessa toada, podemos conceituar interesse de agir como o binômio necessidade/utilidade. 
3) Possibilidade jurídica do pedido: A possibilidade jurídica do pedido, por fim, terceiro e último 
instituto da classificação clássica das condições da ação, consubstancia a aptidão — implícita ou 
explícita — no ordenamento jurídico, de que a demanda do autor possui para ser julgada 
procedente. Não consta mais no CPC, mas ainda integra a ação quando há o juízo de mérito. 
Exemplo: carece de possibilidade jurídica do pedido aquele que busca ajuizar ação de divórcio 
em país que expressamente o veda em seu ordenamento legal. 
Adendo 
 
Teoria Eclética da Ação e suas controvérsias 
 
Considera citada teoria que, para o exercício regular do direito de ação, imprescindível o preenchimento 
de certos requisitos (legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido), que 
formariam a categoria denominada “condições da ação”. Não preenchidas estas condições, estaríamos 
diante da carência da ação. 
Ocorre que, na realidade processual, o magistrado não realiza um juízo específico de análise das 
condições da ação, e sim um juízo de admissibilidade e um juízo de mérito. 
Nessa toada, verifica-se que as condições da ação não são analisadas autonomamente, recaindo, portanto 
em um desses dois juízos. Dessa forma, tem-se que as condições da ação ou seriam questões de 
admissibilidade ou questões de mérito. 
Diante desse problema, duas correntes se formaram. 
A primeira é a Teoria da Apresentação, capitaneada por Cândido Rangel Dinamarco. Sustenta, na linha 
do disposto no §3°, artigo 267, CPC, que “o juiz conhecerá a qualquer tempo ou grau de jurisdição, 
enquanto não proferida sentença de mérito, as matérias constantes nos incisos VI (...)”. O inciso VI, por 
sua vez, trata justamente da extinção do processo sem resolução de mérito por ausência de 
“possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual”. 
A segunda corrente consubstancia-se na adoção da chamada Teoria da Asserção. 
Tal teoria cinge o momento e os efeitos do reconhecimento de ausência de qualquer das condições da 
ação. 
Primeiramente, o magistrado verificará, abstratamente, a presença das condições da ação na fase 
postulatória. Caso averigue a ausência de qualquer uma delas, extinguirá o feito sem resolução de 
mérito, nos termos do artigo 267, VI, CPC. 
Se, contudo, a ausência de uma das condições da ação for averiguada após o início da fase instrutória, 
extinguirá o feito com resolução do mérito, julgando improcedente o pedido. 
Os efeitos de tais decisões, como podemos imaginar, são absolutamente distintos. No primeiro caso 
teremos carência da ação, permitindo-se sua repropositura, não sendo apta, tal decisão, a gerar coisa 
julgada. O exato oposto ocorre no segundo caso. Estaremos diante sentença que resolve o mérito, apta, 
portanto, à coisa julgada. Do mesmo modo, incabível a repropositura da ação, devendo o autor 
irresignado perseguir a procedência de sua demanda pelas vias recursais. 
13 
 
De fato, parece-nos correta a aplicação da Teoria da Asserção, inclusive por privilegiar os princípios da 
efetividade e da celeridade. 
Verifica-se, contudo, que com o surgimento do novo Código de Processo Civil, tal teoria perdeu a razão 
de ser. 
Adendo 2 
É importante falar, também, que as condições da ação e pressupostos processuais são coisas 
distintas. Os pressupostos dizem respeito à validade do processo, ao meio de exercício da jurisdição, 
enquanto destinados a assegurar no caso concreto o respeito formal à justiça que o Estado dever observar 
em relação a quaisquer cidadãos, independentemente de qualquer consideração sobre a existência real 
ou hipotética do direito material. Já as condições da ação são os requisitos da existência do direito a 
uma providência judicial sobre o direito material das partes, ainda que essa providência seja desfavorável 
a quem a postula, que se verificam em face da possibilidade de acolhimento da hipótese formulada pelo 
autor no ato introdutório do processo. 
OBS: aos pressupostos processuais é totalmente estranha qualquer consideração a respeito do direito 
material das partes ao bem jurídico almejado. Já às condições é totalmente estranha a forma ou o meio 
de exercício da jurisdição. O que interessa é saber se a hipótese fática e jurídica de direito material, 
abstratamente considerada e consistentemente fundamentada, tem a aptidão, de acordo com esse 
mesmo direito material, a propiciar ao autor, se comprovada, a obtenção de um pronunciamento 
favorável sobre esse mesmo direito material. 
OBS 2: se o juiz extingue o processo por falta de pressuposto processual, ele não chegou a pronunciar-se 
sobre o direito material das partes e sobre a própria existência do direito de ação. Já se, preenchidos os 
pressupostos processuais, faltar uma condição da ação, o juiz não se pronunciará sobre o direito material 
das partes, mas sim sobre a existência do direito de ação, sobre a viabilidade hipotética do seu 
acolhimento, para o autor carecedor da ação. 
Em suma, pressupostos processuais = requisitos de validade e regularidade da atividade-meio, que é o 
processo. Em qualquer momento em que lhe couber tomar qualquer decisão, o juiz deve verificar, 
primeiramente, se se encontra diante de um processo válido, que preencha todos os pressupostos 
processuais. Depois, se avalia sobre as condições da ação. 
OBS: carência da ação é a situação processual da parteque não reúne de forma concomitante todas as 
condições da ação. No juízo de admissibilidade da ação, que ocorre antes da apreciação do mérito da 
causa, vai haver a aferição in statu assertionis (com base na assertiva, ou seja, no estado afirmado) e 
prima facie (à primeira vista, análise de logo), sem ingressar na matéria meritória. A consequência para 
o processo é a extinção prematura da relação processual, sem apreciação do mérito da causa. A depender 
da teoria adotada, a ação vai ter existido ou não. Se teoria eclética - a ação não existiu; se teoria da 
asserção - ação existiu, mas não foi exercida de modo adequada. 
 
 
PROCESSO E PROCEDIMENTO 
“O procedimento é a espinha dorsal do formalismo processual” Carlos Alberto Alvaro de Oliveira 
“O processo é uma direção no movimento” João Mendes de Almeida Jr. 
 O processo, como instrumento do exercício da jurisdição, é uma relação jurídica complexa e 
dinâmica, composta de uma série de atos coordenados, praticados pelos diversos sujeitos processuais em 
14 
 
decorrência da multiplicidade de vínculos que os une no seu curso, através dos quais se prepara e se 
exerce a função jurisdicional. 
 O processo é, portanto, uma relação dinâmica, na qual há uma grande alternância entre as 
posições dos seus sujeitos, e em que cada momento surgem e desaparecem inúmeros vínculos entre eles. 
Essa alternância de posições e vínculos somente se finda com a prestação jurisdicional ou com a extinção 
da relação jurídica processual por qualquer motivo ou vício que impeça o juiz de exercer a prestação 
jurisdicional sobre o mérito. 
 Assim, apesar de existir um feixe de relações jurídicas constituídas através do processo, elas vão 
gravitar em torno dos três sujeitos principais – as partes e o juiz. Portanto, o processo como instrumento 
do exercício da jurisdição é uma relação jurídica complexa e dinâmica, composta de uma série de atos 
coordenados, praticados pelos diversos sujeitos processuais em decorrência da multiplicidade de vínculos 
que os une no seu curso, através dos quais se prepara e se exerce a função jurisdicional. 
Quando se pensa no que é o processo, há constante confusão conceitual de tal instituto para com 
o que seja o procedimento e os autos. A origem da palavra “processo” remonta ao latim, e significa 
marchar adiante, movimento para adiante. Por isso, pode haver uma confusão do que seja o processo 
com o procedimento – logo, há quem pense o processo como sucessão de atos processuais. Contudo, o 
processo não se limita à sucessão de tais atos, mas há uma força que motiva e justifica a prática dos atos 
procedimentais, interligando os sujeitos processuais. 
 O procedimento é o meio extrínseco pelo qual se instaura, se desenvolve e termina o processo; 
é a manifestação extrínseca, a sua realidade fenomenológica perceptível. A análise da noção do processo 
é teleológica, ou seja, ele se caracteriza por sua finalidade de exercício do poder jurisdicional. Por outro 
lado, a noção de procedimento é puramente formal, se restringindo à coordenação de atos que se 
sucedem. O processo é indispensável à função jurisdicional exercida com vistas ao objetivo eliminar 
conflitos e fazer justiça mediante atuação da vontade concreta da lei, sendo instrumento através do qual 
a jurisdição opera. 
 Em suma, o processo é instrumento da jurisdição e o procedimento, o modo pelo qual o processo 
se materializa. No nosso ordenamento, há vários procedimentos. O processo é um conceito transcendente 
do direito processual, sendo visto como um instrumento legítimo de exercício do poder, estando presente 
em todas as atividades estatais e não estatais. 
PROCEDIMENTO: mero aspecto formal, é a forma do processo. Coordenação de atos processuais que se 
sucedem. Em razão do princípio da legalidade, que rege a atuação do Estado e de seus agentes, dentre 
eles os magistrados, todo processo judicial, como relação jurídica de direito público, tem o seu 
procedimento previsto em lei. 
PROCESSO: instrumento para a realização efetiva da atividade jurisdicional do Estado. É a relação 
jurídica formada para o exercício da jurisdição sobre uma determinada causa e, por outro lado, o 
procedimento como o rito ou o conjunto de requisitos extrínsecos que devem ser observados na prática 
dos atos de cada processo e a série ou modo de encadeamento desses atos e os prazos em que devem 
ser praticados. 
AUTOS: materialidade do procedimento. Amaterializa os documentos nos quais se corporificam os atos 
do procedimento. 
Objeto do processo: no aspecto material, o objeto do processo é a pretensão do autor. No aspecto formal, 
é o próprio processo. 
Funções do processo: existem três funções principais do processo. Processo de cognição – explicita a 
função do processo de verificar a efetiva situação jurídica das partes. Processo de execução – explicita 
a função do processo de realizar efetivamente a situação jurídica apurada. Processo cautelar – explicita 
15 
 
a função do processo de estabelecer as condições necessárias para que se possa, num ou noutro caso, 
assegurar a prestação jurisdicional. 
Natureza jurídica do processo 
Oskar von Bullow: o processo é uma relação jurídica complexa e dinâmica, através da qual se exerce a 
função jurisdicional. 
O processo já foi concebido de diversas formas. Primeiramente, foi entendido como contrato, 
estando no mesmo plano da doutrina política do contrato social. Depois, disse-se que era um quase 
contrato – já que não resulta da vontade livre, mas da litis contestatio, vai ser admitido como quase 
contrato. Posteriormente, foi concebido como serviço público – normas processuais são prescrições para 
se conseguir o máximo de resultado com o mínimo de dispêndios, constitui-se a serviço público. Teoria 
da situação jurídica – processo como relação dinâmica, em que várias possibilidades são cabíveis, que 
vão variar de acordo com o posicionamento das partes diante da situação jurídica dinâmica. Teoria do 
processo como instituição – o processo seria importante para a sociedade ao ponto de poder ser 
considerado instituição. 
 Por fim, com o processualismo científico, o processo vai ser enquadrado como relação jurídica. 
Bullow não criou a ideia de relação jurídica entre as partes e o juiz (mas sistematizou), mas fez a conexão 
e ganhou notoriedade com a definição de que o processo seria uma relação jurídica complexa e dinâmica, 
através da qual se exerce a função jurisdicional. Essa relação vai ser triangular – juiz, autor e réu. Em 
que pese outras opiniões, predomina na doutrina a concepção de Bullow, que considerava o processo 
uma relação triangular, pela qual se formavam múltiplos laços, múltiplos vínculos jurídicos. 
Procedimento 
“Soma dos atos do processo, vistos pelo aspecto de sua interligação e combinação e de sua unidade 
teleológica; é o meio extrínseco pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo; é a 
manifestação extrínseca deste, a sua realidade fenomenológica perceptível” (Ada Pellegrini). 
“Procedimento é sinônimo de rito do processo; é a forma material com que o processo se realiza em cada 
caso concreto; modo próprio de desenvolver-se o processo, conforme as exigências de cada caso; forma 
de agir em juízo, cujo conteúdo sistemático é o processo; enquanto o processo é uma unidade, como 
relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação 
e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser;”. (Humberto Theodoro Jr.) 
“Modo e forma por que se movem os atos no processo; enquanto o processo é uma direção no movimento, 
o procedimento é o modo e a forma em que é movido o ato; o procedimento indica mais propriamente o 
aspecto exterior do fenômeno processual" (Moacyr Amaral Santos). 
Normas Procedimentais 
São as normas que regulam como devem-se conduzir as partes e o juiz, no processo, e, inclusive, a 
coordenação dos atos que compõem o processo.Pluralismo procedimental – vem para facilitar os mecanismos de resolução de casos, com o intuito de 
promover a pacificação tão procurada pelo direito processual.