Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A T E N Ç Ã O À S A Ú D E D E P E S S O A S C O M S O B R E P E S O E O B E S I D A D E PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | UFSC 2019 A T E N Ç Ã O À S A Ú D E D E P E S S O A S C O M S O B R E P E S O E O B E S I D A D E UFSC 2019 FLORIANÓPOLIS SC PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | SILVIA OZCARIZ | | CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA || CAROLINE BANDEIRA | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | | ROXANA KNOBEL | CRÉDITOS | FICHA TÉCNICA 3 GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS) Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann Pró-Reitor de Pós-Graduação: Cristiane Derani Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Diretor: Celso Spada Vice-Diretor: Fabrício de Souza Neves DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA Chefe do Departamento: Fabrício Augusto Menegon Subchefe do Departamento: Lúcio José Botelho EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição Gestora geral do Projeto Sheila Rubia Lindner Coordenação de Produção de Material Elza Berger Salema Coelho CRÉDITOS | FICHA TÉCNICA 4 Autores Silvia Giselle Ibarra Ozcariz Caroline Bandeira Roxana Knobel Revisores Flávia Henrique Margarete Maria de Lima Equipe Editorial Carolina Carvalho Bolsoni Thays Berger Conceição Deise Warmling Dalvan Antonio de Campos Assessoria Pedagógica Márcia Regina Luz Assessoria de Mídias Marcelo Nogueira Capillé Equipe Executiva Patricia Dia de Castro Gabriel Donadio Costa Eurizon de Oliveira Neto Design Instrucional/Elaboração Soraya Falqueiro das questões avaliativas FICHA CATALOGRÁFICA 5 Identidade Visual/Projeto gráfico Pedro Paulo Delpino Bernardes Diagramação/Esquemáticos/ Laura Martins Rodrigues Infográficos/Finalização Desenvolvedor Web Rodrigo Rodrigues Pires de Mello Fonte para Imagem e Esquemáticos Adobe Stock O99p Ozcariz, Silvia Giselle Ibarra. Promoção do ganho de peso adequado na gestação [recurso eletrônico] / Silvia Giselle Ibarra Ozcariz, Caroline Bandeira, Roxana Knobel -- 1. ed. -- Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2019. 72 p. : il.; color. Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br Conteúdo do módulo: Unidade 1: Gestação: importância do estado nutricional, alimentação e nutrição. – Unidade 2: Avaliação do estado nutricional e recomendações para gestantes em nível individual. - Unidade 3: Ações coletivas para o ganho de peso adequado na gestação. ISBN 978-85-8267-153-5 1. Nutrição. 2. Atenção primária em saúde. 3. Sobrepeso. I. UFSC. II. Obesidade: atenção à saúde de pessoas com sobrepeso e obesidade. III. Bandeira, Franciele. IV. Knobel, Roxana. VI. Título. CDU: 613.24 6 APRESENTAÇÃO 8 1 GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 10 1.1 PAPEL DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL 10 1.2 IMPORTÂNCIA DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO 12 1.3 IMPACTO DO ESTADO NUTRICIONAL DA GESTANTE E O PÓS-PARTO 17 1.4 ALIMENTAÇÃO DA GESTANTE NA PREVENÇÃO DO SOBREPESO E OBESIDADE 18 ENCERRAMENTO DA UNIDADE 21 2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL 23 2.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO 23 2.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL 26 2.3 MONITORAMENTO E ACONSELHAMENTO DO GANHO DE PESO GESTACIONAL 27 2.4 RECOMENDAÇÕES PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTAÇÃO 31 2.5 MICRONUTRIENTES NA GESTAÇÃO 41 2.6 ALIMENTOS QUE DEVEM SER EVITADOS OU CONSUMIDOS MODERADAMENTE DURANTE A GESTAÇÃO 43 2.7 ESTRATÉGIAS PARA INCLUSÃO DAS RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES NA ROTINA DE PRÉ-NATAL DA UBS 45 ENCERRAMENTO DA UNIDADE 48 3 AÇÕES COLETIVAS PARA O GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO 50 3.1 ACOLHIMENTO, AÇÕES EDUCATIVAS E TROCA DE EXPERIÊNCIAS PARA GESTANTES 50 3.2 AÇÕES E PRÁTICAS COLETIVAS DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA UMA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL NA GESTAÇÃO 51 3.3 ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM SINTOMAS COMUNS NA GESTAÇÃO 59 3.4 PLANEJAMENTO EM FAMÍLIA PARA PREVENÇÃO DE SOBREPESO E OBESIDADE 60 ENCERRAMENTO DA UNIDADE 64 ENCERRAMENTO DO CURSO 65 REFERÊNCIAS 66 MINICURRÍCULO DOS AUTORES 71 SUMÁRIO 7 Olá, seja bem-vindo ao curso Promoção do ganho de peso adequado na gestação. Este curso foi elaborado especialmente para você, pensando nas dificuldades encontradas no seu cotidiano de trabalho no que diz respeito ao acompanhamento adequado e à orientação nutricional da gestante para a prevenção e controle do sobrepeso e da obesidade Neste material, você conhecerá a importância da manutenção de um ganho de peso gestacional adequado na saúde da mulher tanto em curto quanto em longo prazo, assim como estratégias im- portantes na avaliação nutricional e orientação de uma alimentação adequada e saudável na garantia de uma gestação saudável, além da prevenção de sobrepeso e obesidade. Esperamos que você tenha um bom estudo! Silvia Ozcariz Caroline Bandeira Roxana Knobel APRESENTAÇÃO 8 CARGA HORÁRIA DE ESTUDO RECOMENDADA Para estudar e apreender todas as informações e conceitos abordados, bem como trilhar todo o processo ativo de aprendizagem, estabelecemos uma carga horária de 30 horas para este curso. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: • Compreender a importância da promoção da alimentação adequada e saudável na gestação. • Reconhecer a estrutura de parâmetros e ferramentas para subsidiar o desenvolvimento de ações individuais e em nível coletivo para a prevenção e controle do sobrepeso e da obesidade durante a gestação. • Estabelecer uma organização de estratégias de avaliação nutricional, orientação para uma alimentação adequada e saudável, monitoramento do ganho de peso gestacional e acolhimento tanto em nível individual como coletivo de gestantes, visando a prevenção do sobrepeso e da obesidade nesse período. APRESENTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 10 1 GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Nesta unidade, abordaremos o papel do estado nutricional pré-gestacional e gestacional na prevenção do sobrepeso e da obesidade, tanto em curto quanto em longo prazo. Outro ponto abordado será a importância de uma alimentação adequada e saudável ao longo da gestação para garantia da manutenção de um ganho de peso adequado. Também vamos acompanhar aspectos importantes do papel do profissional da saúde, da gestante e de sua família na garantia de um pré-natal que contemple os cuidados necessários para o período gestacional. Ao final da leitura dessa unidade, você será capaz de entender e orientar sobre a importância desses fatores na saúde da gestante. Desejamos uma ótima leitura! 1.1 PAPEL DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL A garantia de saúde das mães e dos seus filhos é um temaprioritário para a saúde pública no Brasil e no mundo. As evidências indicam que quando conseguimos manter um estado nutricional adequado na gestante, é possível trazer vantagens de saúde para a mulher e para o filho, não apenas na gestação, mas ao longo da sua vida (RASMUSSEN et al., 2009; GILMORE; REDMAN 2014). As taxas de excesso de peso nas mulheres em idade fértil vêm aumentando com o passar dos anos. A Pesquisa Vigitel, realizada em 2018, avaliou os fatores de risco para doenças crônicas em todo o Brasil (BRASIL, 2018) e indicou que mais da metade das mulheres brasileiras (53,9%) estavam com excesso de peso, sendo que 20,7% das mulheres eram obesas, ou seja, mais da metade da população feminina chegará à gestação com algum nível de excesso de peso. Atualmente, entre as mulheres, há um aumento progressivo da prevalência de obesidade em faixas de idade reprodutiva, confira as taxas na Figura 1. Esses dados nos trazem o alerta sobre a importância de um bom aconselhamento voltado à alimentação adequada e saudável e ao cuidado no acompanhamento e monitoramento do estado nutricional da gestante, não apenas durante a gravidez, 11 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO O cálculo desse indicador deve ser reali- zado em todas as gestantes, já que o estado nutricional pré-gestacional é um forte deter- minante do ganho de peso na gravidez e tem influência direta nos desfechos obstétricos e na probabilidade de retenção de peso pós- parto (DREHMER et al., 2010; ZHANGBIN YU, et al., 2013). Veja a seguir algumas complicações e sua relação com o estado nutricional: 1. mulheres com baixo peso pré- gestacional têm quase o dobro de chance de ter bebês pequenos e 1,5 vezes mais chance de ter bebês com baixo peso ao nascer; 2. mulheres que tinham excesso de peso ou eram obesas antes da gravidez são mais propensas a ter diabetes mellitus e pré-eclâmpsia, durante a gravidez, macrossomia (bebês grandes para a idade gestacional), parto induzido, parto cesáreo, morte fetal tardia, baixos índices de Apgar. Como profissional da Atenção Primária à Saúde (APS), você deve saber que a gestação e o período pós-parto são considerados momentos na vida da mulher que exigem atenção e cuidados específicos, por haver maior exposição a fatores que podem levar nutricional inicial da gestante e entender quais parâmetros são considerados como baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade, como pode ser observado no quadro a seguir. Quadro 1 – Tabela de diagnóstico do estado nutricional pré-gestacional Referência IMC pré-gestacional Baixo peso < 18,5 kg/m² Eutrofia 18,5 a 24,9 kg/m² Sobrepeso 25 a 29,9 kg/m² Obesidade ≥ 30 kg/m² Fonte: WHO (2000). 8,1% 18 a 24 anos Aumento da prevalência de obesidade em idade reprodutiva 17,9% 25 a 34 anos 21,1% 35 a 44 anos mas no processo de planejamento dessa gestação e em mulheres em idade fértil. Você deverá avaliar o estado nutricional pré-gestacional através do cálculo do Índice de Massa Corporal, que é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura (em metros) ao quadrado, como você pode conferir abaixo: Índice de Massa Corporal (IMC): Peso (kg) Estatura² (m) Com o IMC pré-gestacional calculado, você será capaz de realizar o diagnóstico Figura 1 – Aumento da prevalência de obesidade em idade reprodutiva. Fonte: BRASIL (2018). 12 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO necessidades do feto (BRASIL, 2012a). Os com- ponentes fisiológicos do ganho de peso na gestação podem ser observados no quadro 2. Quadro 2 – Componentes fisiológicos associados ao ganho de peso corporal ao longo da gestação, por trimestre Componentes fisiológicos Ganho 1º trimestre Ganho 2º trimestre Ganho 3º trimestre Feto Desprezível 1,0 2,4 Placenta Desprezível 0,3 0,6 Líquido amniótico Desprezível 0,4 1,0 Subtotal ovular Desprezível 1,7 4,0 Útero 0,3 0,8 1,0 Mamas 0,1 0,3 0,5 Volume sanguíneo 0,3 1,3 1,5 Subtotal materno 0,7 2,4 3,0 Total 0,7 4,1 7,0 ou obesidade podem ser utilizadas para abordar os efeitos que a obesidade pode ter na fertilidade, assim como relatar os riscos associados com sobrepeso e obesidade no período gestacional e puerperal. Tanto a mulher e sua família quanto os profissionais de saúde devem considerar que uma perda de peso saudável e gradativa antes da gestação será mais benéfica e diminuirá riscos para a mulher e seu bebê. Dessa forma, se evitará complicações futuras ao longo do pré-natal. Lembre-se de que devemos encorajar a perda de peso saudável, realizada através de modificações de hábitos de vida, alimentação adequada e exercícios físicos. Um cuidado empático e sem preconceitos é essencial nesse processo. 1.2 IMPORTÂNCIA DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO O aumento de peso na gravidez é um processo único e biologicamente complexo que suporta as funções de crescimento e desenvolvimento do feto. Esse ganho de peso na gestação é influenciado não só por mudanças na fisiologia e no metabolismo da gestante, mas também da placenta e das à obesidade. As gestantes constituem o foco do processo de pré-natal; porém, não se pode deixar de atuar, também, entre companheiros e familiares na conscientização do cuidado da gestante para prevenção de complicações futuras. A posição do homem na sociedade está mudando tanto quanto os papéis tradicio- nalmente atribuídos às mulheres. Portanto, os serviços devem promover o envolvimento dos homens (adultos e adolescentes), discutindo a sua participação responsável nas questões da saúde sexual e reprodutiva – eles poderão incentivar e participar ativamente do cuidado da gestante em relação à alimentação e prá- ticas saudáveis na prevenção do sobrepeso e da obesidade (BRASIL, 2012a). Sabendo dos efeitos negativos de iniciar uma gestação com IMC ina- dequado, recomenda-se que sejam realizadas ações de conscientiza- ção do cuidado e da manutenção de um peso adequado e saudável para prevenção de sobrepeso e obesida- de ao planejar uma futura gestação. As consultas de rotina de mulheres em idade fértil que apresentam sobrepeso 13 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Observe no quadro 3, a partir do IMC pré- gestacional, as recomendações de ganho de peso no primeiro trimestre gestacional, de ganho de peso total, e as recomendações de ganho de peso por semana, considerando o segundo e terceiro trimestres gestacionais. Lembre-se de registrar as informações no prontuário, na caderneta da gestante, e informe a mesma sobre o seu estado nutricional atual. Esse procedimento deve ser realizado em todas as consultas. No entanto, este aumento de peso varia consideravelmente entre as mulheres e, quando não controlado adequadamente, pode mesmo representar um risco potencial para o desenvolvimento de excesso de peso, seja devido a fatores biológicos (como idade e história familiar de obesidade), comportamentais (alimentação, prática de atividade física, tabagismo e consumo de álcool) ou sociais (nível de escolaridade, renda familiar, acesso a alimentação saudável, dentre outros) (DREHMER et al., 2010). O ganho de peso pode ser dividido em três categorias, considerando-se o estado nutricional pré-gestacional ou do primeiro trimestre gestacional, confira ao lado! Quando o peso adquirido ao longo da gestação está dentro dos parâmetros recomendados Adequado Quando a gestante ganha peso abaixo das recomendações Inadequado Quando o ganho de peso excede as recomedações Excessivo Quando a gestante ganha peso Quadro 3 – IMC pré-gestacional e ganho de peso gestacional para adultos e adolescentes IMC pré-gestacional (kg/m²) Ganho de peso (kg) até a 13ª semana Ganho de peso (kg) semanal no 2º e 3º trimestres (a partir da 14ª semana) Ganho de peso total (kg)Baixo peso (< 18,5) 2,0 0,51 (0,44 – 0,58) 12,5 – 18,0 Eutrofia (18,5-24,9) 1,5 0,42 (0,35 – 0,50) 11,5 – 16,0 Sobrepeso (25-29,9) 1,0 0,28 (0,23 – 0,33) 7,0 – 11,5 Obesidade (≥30) 0,5 0,22 (0,17 – 0,27) 5,0 – 9,0 Fonte: Khanolkar et al. (2017); Institute of medicine (1990); WHO (1995b). 14 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • Gestante gemelar: requer maior ganho de peso, que é de 18 kg – 23,4 kg ou 680g/semana durante o segundo e terceiro trimestre. O ganho de peso materno abaixo dos níveis recomendados está associado ao baixo peso ao nascer, prematuridade, maior tempo de internação e, consequentemente, maiores custos relacionados à saúde. O ganho de peso excessivo, por outro lado, está associado a uma maior incidência de macrossomia, cirurgia cesariana, obesidade materna e infantil. Os impactos da obesidade materna na gestação, no parto, na saúde da mulher e no bebê tendem a ser maiores quanto maior for a obesidade (CATALANO; SHANKAR, 2017). A saúde das gestantes e de seus bebês depende de uma nutrição adequada. Portanto, a literatura é consensual ao reconhecer que o estado nutricional materno é indicador de saúde e qualidade de vida tanto para a mulher quanto para o crescimento do seu filho, sobretudo no peso ao nascer, uma vez que a única fonte de nutrientes do bebê é constituída pelas reservas nutricionais e ingestão alimentar materna (CATALANO; SHANKAR, 2017). As gestações gemelares apresentam demandas nutricionais e fisiológicas aumentadas quando comparadas a gestações únicas (BRASIL, 2012a). Veja no quadro 4 as recomendações de ganho de peso em gestantes gemelares. Quadro 4 – IMC pré-gestacional e ganho de peso gestacional gemelar Estado Nutricional (kg/m²) Ganho de Peso (kg) semanal Ganho de peso total (kg)0-20 semanas 20-28 semanas 28 semanas ao parto Baixo Peso (< 18,5) 0,560 – 0,790 0,680 – 0,790 0,560 22,5 – 27,9 Adequado (18,5 a 24,4) 0,450 – 0,680 0,560 – 0,790 0,450 18 – 24,3 Sobrepeso (25 a 29,9) 0,450 – 0,560 0,450 – 0,680 0,450 17,1 – 21,2 Obesidade (≥ 30) 0,340 – 0,450 0,340 – 0,560 0,340 13 – 17,1 Fonte: Luke (2005). Em resumo, a recomendação de ganho de peso gestacional ocorre por trimestre em que: • Primeiro trimestre (1 a 12 semanas gestacionais): são situações previstas que não comprometem a saúde mãe/ filho. Permite-se perda de peso de até 3 kg, ou a manutenção do peso pré- gestacional ou um ganho de peso de até 2 kg. • Segundo e terceiro trimestre (13 a 40 semanas gestacionais): o ganho de peso adequado vai depender do estado nutricional da gestante. De maneira simplificada, recomenda-se que gestantes com baixo peso ganhem em torno de 15 kg, as eutróficas, entre 11,5 – 16 kg; e aquelas com sobrepeso entre 7 e 11,5 kg e obesas 5 a 9 kg, durante todo o período gestacional. 15 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO O ganho de peso gestacional excessivo pode ainda aumentar o risco de (LISONKOVA, 2017; SILVA et al., 2014): • perda gestacional precoce e mais de um aborto; • diabetes gestacional e diabetes prévio diagnosticado na gestação; • quadros hipertensivos relacionados com a gestação; • tromboembolismo; • parto prematuro (espontâneo e por indicação médica); • gestação pós-termo; • gemelaridade dizigótica; • apneia obstrutiva; • síndrome do túnel do carpo; • dor pélvica no final da gestação. Riscos no processo de trabalho de parto, parto e cirurgia cesariana Embora o atendimento ao trabalho de parto e parto ou cirurgia cesariana não faça parte do cotidiano dos profissionais da APS, é importante que você conheça algumas complicações que as mulheres com sobrepeso e obesidade podem enfrentar nessa parte do processo para informá-las e providenciar encaminhamento para o Impactos da obesidade e do ganho de peso gestacional excessivo na gestação e no parto O pior desfecho na gestação é a morte materna. O risco composto pela morte materna e morbidade materna grave aumenta conforme aumenta o grau de obesidade. Dentre as morbidades maternas graves associadas ao ganho de peso excessivo na gestação podemos citar a necessidade de transfusão sanguínea por hemorragia, complicações cardíacas, respiratórias, cerebrais ou hematológicas graves, sepse, choque, falência renal ou hepática, complicações anestésicas e rotura uterina (LISONKOVA, 2017). Segundo pesquisas, o risco de morbidade materna grave corresponde aos valores a seguir. Sem excesso de peso 143/10.000 Com sobrepeso 160/10.000 Com obesidade grau I 168/10.000 Com obesidade grau II 178/10.000 Com obesidade grau III 203/10.000 Figura 2 – A nutrição adequada é importante tanto para a mãe quanto para o bebê. Fonte: lordn/Adobe Stock O seu papel, como profissional de saúde, é entender que a avaliação do estado nutricio- nal, antes e durante a gestação, serve como mecanismo de prevenção do ganho de peso excessivo, que levará em conta fatores como o peso pré-gestacional, hábitos alimentares da mãe e prática de atividade física regular. É muito importante que o processo de monitoramento e aconselhamento quanto ao estado nutricional e ganho de peso seja realizado com empatia e acolhimento. Expli- que para as gestantes que elas devem ficar tranquilas, pois ganhar peso é esperado e é possível fazê-lo de maneira saudável, para que tudo volte ao normal no tempo certo e seu bebê se desenvolva adequadamente. 16 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Há muitos impulsionadores do crescimento durante essa fase complexa da vida, entre eles os que estão expostos a seguir, confira! Alguns impulsionadores do crescimento nos primeiros 1.000 dias Nutrição Regulação hormonal Fatores genéticos e epigenéticos O desafio envolve, portanto, maximizar o potencial de crescimento normal sem aumentar o risco de distúrbios associados. Nota-se que o alto índice de massa corporal pré-gestacional, o ganho de peso gestacional excessivo, diabetes gestacional e exposição ao tabaco proporcionam um aumento no risco de obesidade infantil. complicações durante o parto, como a distócia de ombros e também têm uma predisposição maior a serem obesos na idade adulta; • obesidade na infância e na vida adulta; • asma; • outras patologias na idade adulta (cardíacas, metabólicas). Você já ouviu falar nos primeiros 1.000 dias de vida e sobre o impacto positivo de se manter uma alimen- tação saudável e adequada na ges- tação na prevenção de sobrepeso e obesidade no bebê para o resto da sua vida? O desajuste alimentar intra-útero pode levar a disfunções tanto ao nascimento quanto na fase adulta, como a maior tendência à obesidade, hipertensão, diabetes, etc. Os primeiros 1.000 dias de vida começam com a gravidez da mulher e seguem até os dois anos de vida do bebê, representando o melhor momento para a prevenção da obesidade e suas consequências adversas (PIETROBELLI; AGOSTI, 2017). serviço de referência, quando necessário. Acompanhe: • tendem a ter um trabalho de parto mais longo independente do peso do bebê; • quando é necessário realizar uma indução de parto (provocar modificações no colo do útero e/ou contrações uterinas de maneira artificial, geralmente com medicamentos) esta indução tem mais chance de funcionar quando a mulher tem estado nutricional e ganho de peso gestacional adequado; • apresentam mais probabilidade de serem submetidas à cirurgia cesariana. Riscos do ganho de peso excessivo para o bebê Os filhos de mães obesas têm risco aumentado para (RAMSEY; SHENKEN, 2019; O´REILLY; REYNOLDS, 2012; ZAMBRANO et al., 2016): • anomalias congênitas; • asfixia perinatal e óbito fetal; • prematuridade; • feto grande para a idade gestacional – fetos grandes para a idade gestacional aumentam o risco de cesariana, de 17 PROMOÇÃO DOGANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO infecciosos no pós-parto. Independente da via de parto e apesar do uso de antibióticos profiláticos na cesariana. Depressão pós-parto As desordens psíquicas não são raras nessa fase da vida, para todas as mulheres. Para adultos em geral, a obesidade está associada com distúrbios mentais como depressão, transtornos alimentares e transtorno bipolar. Uma revisão sistemática de 2014 encontrou uma possibilidade maior de distúrbios depressivos na gestação e no pós-parto entre mulheres com obesidade (MOLYNEAUX et al., 2014). É necessário um olhar humanizado na prática do profissional de saúde. O conhecimento dos riscos em saú- de aumentados para mulheres com sobrepeso e obesidade deve orientar os profissionais de saúde para esta- rem mais atentos a esses problemas e patologias. Lembre-se de que é necessário um cuidado empático e centrado na pessoa. O objetivo não deve ser focado na perda de peso durante a gestação para diminuir pós-parto, que, por sua vez, pode perpetuar um quadro de obesidade e de comorbidades associadas para o resto da vida da mulher. Esses dados reforçam a importância da atuação no monitoramento e na orientação à gestante quanto ao ganho de peso adequado e saudável ao longo da gravidez. Tromboembolismo venoso A obesidade em si e o período puerperal são fatores de risco para o tromboembolismo venoso. Se o nascimento ocorreu por cesariana, soma-se mais um fator de risco. As chances de ter um evento trom- boembólico no pós-parto são maiores quanto maior for a magnitude do excesso de peso. Aumentando 2,5, 2,9 e 4,6 vezes para mulheres com obesidade classe I, II e III respectivamente em comparação com as mulheres sem obesidade. O ganho de peso excessivo durante a gestação (mais de 22 quilos) também aumenta o risco para eventos tromboembólicos em 1,5 vezes (LI- SONKOVA et al., 2017). Infecção As mulheres com obesidade têm um risco aumentado de apresentarem quadros 1.3 IMPACTO DO ESTADO NUTRICIONAL DA GESTANTE E O PÓS-PARTO O acompanhamento contínuo do estado nutricional, durante a gestação, contribui para o ganho de peso ideal durante esse período, evitando o excesso e a retenção de peso no pós-parto, que são determinantes importantes do excesso de peso para a mulher. O pós- parto de mulheres obesas apresenta alguns riscos clínicos para os quais as equipes de saúde da APS devem estar atentas. Retenção de peso pós-parto O número de mulheres que iniciam a gestação com excesso de peso ou que ganham peso excessivo durante a gravidez é cada vez mais expressivo. Um estudo realizado em seis capitais brasileiras, com 5.564 gestantes, encontrou uma prevalência de 19,2% de sobrepeso e de 5,5% de obesi- dade entre as gestantes (NUCCI et al., 2001). A retenção do peso ganho se mostrou um fator determinante da obesidade em mulheres, e seu desenvolvimento. Sabe-se que o efeito do ganho de peso gestacional elevado assim como do estado nutricional pré-gestacional inadequado, no aumento da retenção de peso 18 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO atividades coletivas realizados na Unidade Básica de Saúde. A adoção de uma alimentação saudável diz respeito à ingestão de alimentos que possuem sua composição nutricional balanceada; mas, é importante lembrar que a combinação dos alimentos entre si e como são preparados diz também respeito a características do modo de comer e às dimensões culturais e sociais das práticas alimentares, contribuindo de maneira essencial para a boa saúde da gestante. A alimentação saudável proporciona o sentimento de pertencimento social das pessoas, favorece a autonomia nas escolhas alimentares, na redescoberta de novas formas de colocar à mesa alimentos saudáveis, de preparar sua própria refeição, com o prazer propiciado pela alimentação e, consequentemente, com o seu estado de bem-estar. Mas essa autonomia só pode ser adquirida por meio de informação de qualidade, que deve ser repassada por você, profissional da rede, nas consultas e esses fatores de risco. A perda de peso não é alcançada pela maioria das mulheres e não há conhecimento na literatura suficiente para afirmar se a perda de peso durante a gestação modifica ou não esses fatores de risco. Essa população precisa de atenção redobrada para o diagnóstico e tratamento de possíveis complicações como diabetes, hipertensão e tromboembolismo. 1.4 ALIMENTAÇÃO DA GESTANTE NA PREVENÇÃO DO SOBREPESO E OBESIDADE Antes de abordarmos os aspectos voltados à alimentação na gestação, precisamos definir o que é uma alimentação adequada e saudável, e qual é a nossa função enquanto profissionais da saúde na sua promoção dentro da APS. No Brasil, a alimentação adequada e saudável “é um direito humano básico que envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo” (BRASIL, 2013a). Figura 3 – A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico em todas as fases da vida. Fonte: Rawpixel/Adobe Stock 19 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ainda maior nas orientações voltadas a uma alimentação saudável e redução do consumo de alimentos ultraprocessados entre gestantes adolescentes. O estilo de vida atual favorece um maior número de refeições realizadas fora do domicílio. O padrão de alimentação entre pessoas que fazem refeições fora do domi- cílio, na maioria dos casos, está constituído por alimentos industrializados e ultrapro- cessados como refrigerantes, sanduíches, salgados e salgadinhos industrializados, imprimindo um padrão de alimentação que, muitas vezes, é repetido no domicílio. uma combinação de uma dieta “tradicional” (baseada no arroz com feijão) em conjunto com alimentos classificados como ultraprocessados, com altos teores de gorduras, sódio e açúcar e com baixo teor de micronutrientes e alto conteúdo calórico. O consumo médio de frutas e hortaliças ainda é metade do valor recomendado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014) e manteve-se estável na última década, enquanto alimentos ultraprocessados, como doces e refrigerantes, têm o seu consumo aumentado a cada ano. Percebe-se que o padrão de consumo também varia de acordo com a idade. Entre as pessoas mais jovens, é maior o consumo de alimentos ultraprocessados, o que tende a diminuir com o aumento da idade, acontecendo o inverso, ou seja, pessoas com mais idade tendem a consumir mais frutas e hortaliças. Adolescentes são o grupo com pior perfil da dieta, com as menores frequências de consumo de feijão, saladas e verduras em geral, apontando para um prognóstico de aumento do excesso de peso e doenças crônicas (BRASIL, 2013b). Essas informações devem ser levadas em consideração, dando um enfoque A alimentação adequada e saudável ao longo do período gestacional exerce um papel ainda mais importante, pois é capaz de determinar os desfechos relacionados à mãe e ao bebê (CHEN et al., 2016). Contribui para prevenção de uma série de ocorrências negativas Assegura reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto Garante o substrato para o período da lactação Favorece o ganho de peso adequado de acordo com o estado nutricional pré-gestacional Alimentação adequada e saudável Com uma alimentação equilibrada, a mãe pode diminuir os riscos de complicações na gravidez, além de modular a presença de outros desconfortos típicos desse período (enjoos, constipação intestinal, etc.). A dieta habitual dos brasileiros é composta por diversas influências e na atualidade é fortemente caracterizada por Alimentos ultraprocessados São alimentos produzidos com a adição de muitos ingredientes comosal, açúcar, óleos, gorduras, proteínas de soja, do lei- te, extratos de carne, além de substâncias sintetizadas em laboratório a partir de ali- mentos e de outras fontes orgânicas como petróleo e carvão. Assim, tais alimentos têm prazo de validade maior, alteração de cor, sabor, aroma e textura. São exemplos de ultraprocessados: biscoitos recheados, salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo”. 20 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO a contribuir no processo de prevenção de sobrepeso e obesidade nessa fase da vida, e consequentemente, de diversas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). O encorajamento ao consumo de frutas e vegetais na alimentação da gestante deve ser uma prática constante, pois são ótimas fontes de vitaminas, minerais e fibras e, no caso das gestantes, são essenciais para a formação saudável do feto e a proteção da saúde materna (BRASIL, 2012). Associa- se o consumo diário de frutas e vegetais na gestação com uma redução do risco de diabetes gestacional e uma melhor adequação do ganho de peso ao longo da gestação (SCHOENAKER et al., 2016). Em relação aos sucos de fruta, apesar de naturais, existe uma controversa entre a sua relação com o ganho de peso gestacional, fato pelo qual devemos incentivar a priorizar o consumo da fruta in natura ao invés dos sucos. A gestante não deve nem precisa “comer por dois”, as recomendações alimentares devem seguir os princí- pios da população brasileira. Por isso, o consumo desses alimentos pela gestante deve ser desencorajado. A gravidez é um dos melhores momentos para se pensar em alimentação saudável, pois não só a mãe se beneficiará, como, também, o bebê. Uma mãe bem nutrida é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários e pode proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento de seu filho. A alimentação adequada e saudável durante a gestação conseguirá garantir os nutrientes necessários para um estado nutricional adequado da mulher nas semanas iniciais de puerpério e na garantia das reservas nutricionais da mesma. A orientação da gestante quanto à adoção de uma alimentação adequada e saudável, que supra suas necessidades nutricionais e garanta o ganho de peso adequado e saudável, são os principais objetivos dos cuidados dos profissionais da APS. Dessa forma, é importante que você e sua equipe utilizem estratégias de educação alimentar e nutricional e de promoção da alimentação saudável para valorizar as referências presentes na cultura alimentar da gestante e/ou de sua família, de modo Figura 4 – Convide a gestante a refletir sobre seus padrões alimentares e buscar uma alimentação saudável. Fonte: J-Mel/Adobe Stock Nota-se uma relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados com maiores riscos de diabetes, hipertensão, obesidade, câncer, dentre outras doenças crônicas não transmissíveis. Em gestantes, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está associado a um maior ganho de peso gestacional e com um percentual de gordura corporal elevado no neonato, o que serve de alerta para orientarmos as gestantes quanto aos possíveis perigos desses alimentos na sua rotina alimentar (ROHATGI et al., 2017). 21 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL, ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ENCERRAMENTO DA UNIDADE Nesta unidade, aprendemos sobre a importância da garantia de um estado nutricional adequado, tanto na fase pré- gestacional como ao longo da gestação para a prevenção de sobrepeso e obesidade ao longo da vida da mulher. Verificamos que o impacto da má alimentação da gestante pode ser decisivo em relação aos desfechos no parto, na maior retenção de peso no pós-parto, e na manutenção do sobrepeso e da obesidade ao longo da vida, trazendo consigo um aumento no risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), tanto para a mãe quanto para o bebê. Esperamos que as informações aqui encontradas tenham sido relevantes para atualizá-lo e sensibilizá-lo quanto à importância do seu papel na orientação e no cuidado da gestante ao longo do acompanhamento de pré-natal para prevenção do sobrepeso e da obesidade e garantia de uma alimentação adequada e saudável. É importante, também, entender a diferença entre restrição alimentar e alimentação adequada e saudável durante a gestação. Ao longo da gestação, a sua atuação deve centrar-se na orientação de uma alimentação adequada e saudável, com base em alimentos in natura ou minimamente processados, preparações culinárias realizadas no âmbito familiar, com predomínio de frutas, verduras, vegetais, tubérculos, leguminosas, carnes, ovos, leite e derivados, evitando o consumo de alimentos ultraprocessados. No entanto, não devemos restringir a alimentação nem o consumo de calorias visando uma perda de peso nesse período, já que o objetivo principal é o ganho de peso adequado. Já sabemos que, durante a gravidez, uma alimentação saudável é essencial para asse- gurar as necessidades nutricionais da mãe e do bebê. No entanto, a mãe não deve ser encorajada a “comer por dois” e, sim, a manter uma alimentação equilibrada e sem excessos. Desta forma, recomenda-se adoção de um estilo de vida saudável, que deve iniciar- se mesmo antes da gravidez, para otimizar a saúde da mãe e reduzir o risco de sobrepeso e obesidade, de complicações durante a gravidez e de algumas doenças no bebê. As recomendações alimentares, de maneira geral, seguem as recomendações alimentares para toda a população e o profissional de saúde deve basear-se nas diretrizes e nos princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014). As recomendações alimentares e nutricionais devem adaptar-se a cada mulher, considerando-se: as diferenças individuais os padrões alimentares a cultura alimentar AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL 23 2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL Nesta unidade, conheceremos os instru- mentos de avaliação nutricional, as formas de monitoramento e acompanhamento do ganho de peso gestacional, assim como as principais recomendações alimentares vol- tadas para as gestantes. Ao final da leitura dessa unidade, você será capaz de conhecer e aplicar as recomendações de avaliação e monitoramento do estado nutricional gesta- cional, além de orientar à gestante quanto aos cuidados na alimentação e nutrição no contexto da APS para prevenção do sobrepe- so e da obesidade. 2.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL NA GESTAÇÃO Mediante as consultas de pré-natal, conseguiremos acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando o acompa- nhamento contínuo do estado nutricional e contribuindo para o ganho de peso ideal durante a gestação. Assim, conseguiremos dar uma melhor qualidade de vida à gestante e evitar a retenção de peso no pós-parto, que é um dos fatores determinantes do excesso de peso para a mulher em curto e longo prazo. A avaliação do estado nutricional da gestante tem por objetivo acom- panhar o aumento de peso durante toda a gestação, assim como iden- tificar e providenciar intervenções adequadas nesta fase. Antes de conseguirmos avaliar e definir as recomendações de ganho de peso gestacional para cada gestante é preciso que identifiquemos as gestantes em risco nutricional no início da gestação, considerando as categorias: baixo peso, sobrepeso ou obesidade pré-gestacional. A avaliação nutricional é realizada em duas etapas: a. Diagnóstico nutricional, que inclui a avaliação do estado nutricional pré- gestacional e gestacional por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). b. Estimativa do ganho de peso de acordo com o estadonutricional pré- gestacional e/ou gestacional. 24 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL a data de início dos movimentos fetais, que habitualmente ocorrem entre 16 e 20 sema- nas. idade gestacional pode ser calculada, também, por um ultrassom ou ecografia. Ultrassom O ideal, para esse fim, é que a ecografia seja feita antes das 24 semanas. Após essa idade gestacional, é mais provável que o estado nutricional do feto influencie nas medidas do bebê e, por isso, no cálculo da idade gestacional. Ao saber a idade gestacional pelo ultrassom, basta contar o número de dias desde o exame até a consulta e dividir por sete. Depois é só somar o resultado da idade gestacional dada pelo exame. Exemplo: • Uma mulher fez um ultrassom há 23 dias que mostrou uma gestação de 20 semanas e 4 dias. • 23 dias desde o exame até a consulta = 3 semanas + 2 dias. • Então: 3 semanas e 2 dias + 20 semanas e 4 dias = 23 semanas e 6 dias (idade gestacional no momento da consulta). os dias 5, 15 e 25, respectivamente. Proceda, então, à utilização do calendário ou do gestograma. Existem situações em que a data e o período da última menstruação são desco- nhecidos pela gestante. Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a idade gestacional e a data provável do parto serão, inicialmente, determinadas por apro- ximação, basicamente pela medida da altura do fundo do útero, além da informação sobre O primeiro passo para avaliar o estado nutricional da gestante é realizar o cálculo da idade gestacional. Para estimar a idade gestacional você precisa saber a data da última menstruação (DUM) da mãe. A DUM corresponde ao primeiro dia de sangramento do último ciclo menstrual referido pela mulher. É o método de escolha para se calcular a idade gestacional em mulheres com ciclos menstruais regulares e que não fazem uso de métodos anticoncepcionais hormonais. Você pode calcular a DUM: • Usando um calendário: some o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por sete, e terá o resultado em semanas; • Usando o disco (gestograma): coloque a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao primeiro dia e mês do último ciclo menstrual e observe o número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual. Quando a gestante desconhece a data da última menstruação, mas se conhece o período do mês em que ela ocorreu, pergunte se o período foi no início, meio ou fim do mês e considere como data da última menstruação Figura 5 – Gestograma. Fonte: calcuworld 25 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL Peso: Estatura: • antes de cada pesagem, a balança deve ser destravada, zerada e calibrada; • a gestante, descalça e vestida apenas com avental ou roupas leves, deve subir na plataforma e ficar em pé, de costas para o medidor, com os braços estendidos ao longo do corpo e sem qualquer outro apoio; • se estiver utilizando a balança mecânica, mova o marcador maior (kg) do zero da esca- la até o ponto em que o braço da balança se incline para baixo; volte-o, então, para o nível imediatamente anterior (o braço da balança inclina-se para cima); • mova o marcador menor (g) do zero da escala até o ponto em que haja equilíbrio entre o peso da escala e o peso da gestante (o braço da balança fica em linha reta, e o cursor aponta para o ponto médio da escala); • leia o peso em quilogramas na escala maior e em gramas na escala menor. No caso de valores intermediários (entre os traços da escala), considere o menor valor. Por exem- plo: se o cursor estiver entre 200g e 300g, considere 200g; • anote o peso encontrado no prontuário e no Cartão da Gestante. • a gestante deve estar em pé e descalça, no centro da plataforma da balança, com os braços estendidos ao longo do corpo. Quando disponível, poderá ser utilizado o antropômetro vertical; • calcanhares, nádegas e espáduas devem se aproximar da haste vertical da balança; • a cabeça deve estar erguida de maneira que a borda inferior da órbita fique no mesmo plano horizontal que o meato do ouvido externo; • o encarregado de realizar a medida deverá baixar lentamente a haste vertical, pressionando suavemente os cabelos da gestante até que a haste encoste-se ao couro cabeludo; • faça a leitura da escala da haste. No caso de valores intermediários (entre os traços da escala), considere o menor valor. Anote o resultado no prontuário. DUM Sempre considerar a idade gestacional pela Data da Última Mestruação (DUM) se for conhecida e confiável ou pela ecografia mais precoce (com menor idade gestacional). Em cada consulta gestacional, o peso deve ser aferido, e a altura deve ser medida na primeira consulta. Recomenda-se a utilização de uma balança eletrônica ou mecânica, certificando-se de que essas se encontram calibradas e em bom funcionamento, a fim de garantir a qualidade das medidas coletadas. Ao aferir o peso e a estatura, considere os procedimento do SISVAN (BRASIL, 2008), conforme quadro ao lado. Realizados esses procedimentos, você terá as informações necessárias para avaliação do estado nutricional da gestante. 26 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL De acordo com o estado nutricional inicial da gestante (baixo peso, adequado, sobrepeso ou obesidade) há uma faixa de ganho de peso recomendada por trimestre. É importante que na primeira consulta a gestante seja informada sobre o peso que deve ganhar. Figura 6 – Informe a gestante desde a primeira consulta sobre o peso. Fonte: Ministério da Saúde uma curva de referência brasileira de valores de IMC por idade gestacional. Mas, como calcular Índice de massa corporal (IMC)? Acompanhe, a seguir, algumas recomendações. Primeiro você precisa coletar os dados de peso corporal pré-gestacional e de altura da gestante. O peso pré-gestacional pode ser obtido de diversas formas. A mais recomendada é utilizar o peso e altura contidos no registro médico no período de até dois meses anteriores à gestação ou realizar a aferição da mulher logo após a concepção. Caso nenhuma destas opções tenha sido possível, realize a aferição de peso e altura durante o primeiro trimestre gestacional. Entretanto, caso isso não seja possível, como terceira opção você pode obter as informações do estado nutricional pré-gesta- cional através do relato da gestante com relação ao seu peso e altura até dois meses antes da gestação (lembrando que a informa- ção está sujeita à memória da gestante). Primeiro você precisa coletar os dados de peso corporal pré-gestacional e de altura da gestante. O peso pré-gestacional pode ser obtido de diversas formas. A mais recomendada é utilizar o peso e altura contidos no registro médico no período de até dois meses anteriores à gestação ou realizar a aferição da mulher logo após a concepção. Entretanto, caso isso não seja possível, como terceira opção você pode obter as informações do estado nutricional pré-gesta cional através do relato da gestante com relação ao seu peso e altura até dois meses antes da gestação (lembrando que a informa ção está sujeita à memória da gestante). 2.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL PRÉ-GESTACIONAL Ao avaliar o estado nutricional pré- gestacional você será capaz de conhecer qual era o estado nutricional da gestante antes da gravidez. Com essa informação você poderá ajudá-la a programar o ganho de peso adequado durante a evolução da gestação. O estado nutricional pré-gestacional é avaliado através do Índice de massa corporal (IMC). O IMC pré-gestacional deve ser calculado na primeira consulta de pré-natal. O peso pré-gestacional influenciará dire- tamente no tamanho do bebê ao nascimento,assim como no estado nutricional da mãe no pós-parto. O ideal é que o IMC considerado no diagnóstico inicial da gestante seja o IMC pré-gestacional referido, ou o IMC calculado a partir de medição realizada até a 13ª semana gestacional (calculada por meio da data da última menstruação – DUM). Caso isso não seja possível, inicie a avaliação da gestante com os dados da primeira consulta de pré-natal, mesmo que essa ocorra após a 13ª semana gestacional. Uma das limitações para a utilização do IMC durante a gestação é que não existe ainda 27 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL Você deverá calcular o IMC em cada consulta de pré-natal e ir registrando no gráfico de acompanhamento do estado nutricional da gestante, conforme o quadro 5. Confira. • nas colunas seguintes, encontram-se os diagnósticos de estado nutricional para cada semana gestacional, levando em consideração as faixas de IMC. 2.3 MONITORAMENTO E ACONSELHAMENTO DO GANHO DE PESO GESTACIONAL Após obtido o valor do IMC, será a hora de realizar o diagnóstico do estado nutricional. Lembre também que a recomendação do ganho de peso durante a gestação deve ser diferenciada de acordo com a classificação do IMC pré-gestacional, o estágio de vida da gestante (adulta ou adolescente) e se a gestação é única ou gemelar. Devemos realizar o acompanhamento e monitoramento do estado nutricional ao longo de todas as consultas de pré- natal. Para realização do registro do IMC gestacional e acompanhamento da evolução do ganho de peso a cada consulta, são utilizadas duas ferramentas: o quadro com os dados necessários para avaliação do estado nutricional da gestante segundo o IMC e o gráfico de acompanhamento do estado nutricional encontrado na caderneta da gestante, expostos a seguir, acompanhe. No quadro, você pode observar: • na primeira coluna, a idade gestacional da mulher, Quadro 5 – Avaliação do estado nutricional da gestante segundo o índice de massa corporal por semana gestacional Semana gestacional Baixo peso IMC menor do que Adequado IMC entre Sobrepeso IMC entre Obesidade IMC maior que 6 19,9 20,0 — 24,9 25,0 — 30,0 30,1 7 20,0 20,1 — 25,0 25,1 — 30,1 30,2 8 20,1 20,2 — 25,0 25,1 — 30,1 30,2 9 20,2 20,3 — 25,2 25,3 — 30,2 30,3 10 20,2 20,3 — 25,2 25,3 — 30,2 30,3 11 20,3 20,4 — 25,3 25,4 — 30,3 30,4 12 20,4 20,5 — 25,4 25,5 — 30,3 30,4 13 20,6 20,7 — 25,6 25,7 — 30,4 30,5 14 20,7 20,8 — 25,7 25,8 — 30,5 30,6 15 20,8 20,9 — 25,8 25,9 — 30,6 30,7 16 21,0 21,1 — 25,9 26,0 — 30,7 30,8 17 21,1 21,2 — 26,0 26,1 — 30,8 30,9 18 21,2 21,3 — 26,1 26,2 — 30,9 31,0 19 21,4 21,5 — 26,2 26,3 — 30,9 31,0 20 21,5 21,6 — 26,3 26,4 — 31,0 31,1 28 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL Semana gestacional Baixo peso IMC menor do que Adequado IMC entre Sobrepeso IMC entre Obesidade IMC maior que 21 21,7 21,8 — 26,4 26,5 — 31,1 31,2 22 21,8 21,9 — 26,6 26,7 — 31,2 31,3 23 22,0 22,1 — 26,8 26,9 — 31,3 31,4 24 22,2 22,3 — 26,9 27,0 — 31,5 31,6 25 22,4 22,5 — 27,0 27,1 — 31,6 31,7 26 22,6 22,7 — 27,2 27,3 — 31,7 31,8 27 22,7 22,8 — 27,3 27,4 — 31,8 31,9 28 22,9 23,0 — 27,5 27,6 — 31,9 32,0 29 23,1 23,2 — 27,6 27,7 — 32,0 32,1 30 23,3 23,4 — 27,8 27,9 — 32,1 32,2 3 23,4 23,5 — 27,9 28,0 — 32,2 32,3 32 23,6 23,7 — 28,0 28,1 — 32,3 32,4 33 23,8 23,9 — 28,1 28,2 — 32,4 32,5 34 23,9 24,0 — 28,3 28,4 — 32,5 32,6 35 24,1 24,2 — 28,4 28,5 — 32,6 32,7 36 24,2 24,3 — 28,5 28,6 — 32,7 32,8 37 24,4 24,5 — 28,7 28,8 — 32,8 32,9 38 24,5 24,6 — 28,8 28,9 — 32,9 33,0 39 24,7 24,8 — 28,9 29,0 — 33,0 33,1 40 24,9 25,0 — 29,1 29,2 — 33,1 33,2 41 25,0 25,1 — 29,2 29,3 — 33,2 33,3 42 25,0 25,1 — 29,2 29,3 — 33,2 33,3 Fonte: BRASIL, 2013, p. 75-76 É de extrema importância que você realize o registro do estado nutricional tanto no prontuário quanto no Cartão da Gestante, marcando a informação no gráfico de acompanhamento nutricional, conforme a figura 7, para poder realizar as intervenções necessárias no tempo certo, visando prevenir o ganho de peso excessivo ao longo da gestação. Contudo, vale ressaltar a importância da realização de outros procedimentos que possam complementar o diagnóstico nutricional ou alterar a interpretação deste, conforme a necessidade de cada gestante. É necessário atentar-se à possibilidade de diagnóstico de diabetes gestacional, observar se há presença de edemas que podem acarretar o aumento do peso sem indicar um ganho de peso excessivo e verificar o padrão de alimentação da gestante, questionando o consumo de alimentos como refrigerantes, doces, frituras, achocolatados e doces industrializados, frequência de consumo de água, frutas e vegetais. Todos esses fatores precisam ser avaliados em conjunto para a tomada de decisão quanto às orientações que serão realizadas. 29 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL história alimentar. Pergunte se a gestante vem sofrendo náuseas ou vômitos, qual o nú- mero de refeições realizadas, quantas horas de sono tem dormido por noite, se prepara as refeições ou alimenta-se fora de casa. Com base nas respostas, será possível viabilizar o encaminhamento necessário para adequar o ganho de peso dela ao longo da gestação. A gestante que inicia as consultas de pré-natal com IMC adequado para a idade gestacional deve mesmo assim ter o estado nutricional avaliado em cada consulta. É importante que esse monitoramento seja realizado a fim de evitar um ganho de peso excessivo ao longo da gestação. Em situações em que a mulher inicia a gestação com sobrepeso ou obesidade, os cuidados devem ser redobrados. Outra situação à qual devemos estar atentos são os casos em que a gestante iniciou a gestação com peso adequado, mas passou a ganhar peso excessivo ao longo das consultas. Essas situações aumentam o risco de retenção de peso no pós-parto, diabetes gestacional, pré- eclâmpsia e complicações no parto. Confira as recomendações para gestan- tes segundo estado nutricional a seguir. Nos casos em que o manejo exigir cuidado especializado, deve-se contar com o apoio do nutricionista do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) ou, em caso de ausência desse profissional na equipe, utilizar a Rede de Atenção à Saúde (RAS). Veja um exemplo: se a gestante chega à consulta da semana 8 com 59kg e medindo 1,59m de altura, você calculará o IMC da seguinte forma: 59/(1,59)² = 23,3 kg/m2. Com esse resultado, você verificará que a gestante se encontra com peso adequado para a idade gestacional. Logo em seguida, registrará essa informação no gráfico de acompanhamento do estado nutricional da gestante. Agora que sabemos como fazer esses procedimentos e registros, vamos conhecer sua operacionalização em cada estado nutricional pré-gestacional. 2.3.1 Monitoramento e acompanhamento da gestante segundo estado nutricional pré-gestacional Ao monitorar o estado nutricional da gestante que iniciou a gravidez com baixo IMC, é necessário que você investigue a sua Semana de Gestação Baixo peso Adequado Sobrepeso Obesidade Figura 7 – Gráfico de acompanhamento nutricional pelo Índice de Massa Corporal (IMC) da gestante segundo a semana gestacional Fonte: BRASIL, 2011. 30 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL • Sempre registre o IMC no gráfico de acompanhamento e mostre para a gestante a sua evolução. Recomendações para gestante com peso elevado ou ganho excessivo • Adicionalmente, avalie a presença de edema, polidrâmnio, macrossomia, gravidez múltipla e doenças associa- das (diabetes, pré-eclâmpsia, etc.). Nesses casos, é importante o envol- vimento da equipe multidisciplinarda ESF e NASF-AB para acompanhamento do caso. • Em todas as situações, ofereça apoio e escuta. • Avalie os hábitos alimentares da gestante; verifique se o consumo de ali- mentos ultraprocessados é frequente. Você pode perguntar se a gestante faz consumo frequente de pães, embutidos, bolachas, doces e refrigerantes. Oriente a gestante a realizar caminhadas leves, hidratar-se adequadamente, e realizar consumo rotineiro de frutas e vegetais. • Remarque as consultas em intervalo me- nor que o fixado no calendário habitual para monitoramento do ganho de peso. • Lembre-se de que o acolhimento e a informação são muito importantes. Evitemos o julgamento e apenas dar ordens para a gestante. É muito impor- tante conhecer o contexto em que essa mãe vive e, em caso de incapacidade financeira, verifique a possibilidade de encaminhá-la para a assistência social. • Caso sinta necessidade de um acompanhamento individualizado para a gestante, você pode solicitar apoio ao nutricionista da equipe NASF-AB ou, ainda, encaminhar para atenção especializada. Recomendações para gestante com peso adequado • Siga o calendário habitual de pré- natal, avaliando o peso e IMC a cada consulta. • Explique à gestante que seu peso está adequado para a idade gestacional, e encoraje-a a manter uma alimentação equilibrada e saudável, conforme recomendações já estudadas, visando à manutenção do peso adequado e à promoção de hábitos alimentares saudáveis. Recomendações para gestante com baixo peso • Verifique a existência de hiperêmese gravídica, infecções, parasitoses, anemias e doenças debilitantes. Em caso positivo, direcione a gestante para o profissional de saúde indicado. Em casos de hiperêmese oriente-a a comer de maneira mais fracionada e em pequenas quantidades, evitando alimentos gordurosos. • Forneça orientação nutricional, visando à promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis. • Remarque a consulta em um intervalo menor que o calendário habitual para monitoramento. • Converse com a gestante sobre a importância de ganhar peso adequada- mente, explique que o ganho de peso deve ocorrer para garantir o desenvol- vimento do bebê, formação de placenta e manutenção do líquido amniótico, e que com uma alimentação adequada esse peso será naturalmente eliminado nos primeiros meses pós-parto. Muitas mães têm medo de ganhar peso e não voltar à antiga forma física. 31 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL e açúcares estão associados ao aumento do ganho de peso gestacional excessivo e a uma maior adiposidade durante a primeira infância da criança. Portanto, é importante garantir uma boa qualidade da dieta na gestação. Os alimentos ultraprocessados, além de apresentarem altas concentrações de gordura, açúcar e sal, têm uma alta densi- dade energética, baixa densidade nutricional e escassez de fibras, tornando o padrão de alimentação favorável ao ganho de peso excessivo e prejudicial à saúde da gestante e do seu bebê (ROHATGI, 2017). Mas, o que é alta densidade energética e densidade nutricional? Acompanhe as definições a seguir! O que importa na orientação nutricional da gestante não é o consumo de calorias, já que as necessidades aumentam em apenas 300 calorias a partir do segundo trimestre gestacional. Para exemplificar, alguns alimentos que possuem cerca de 300 calorias são: uma porção pequena de castanha + 1 fruta, ou 1 iogurte + 1 fruta ou 1 sanduíche natural. Nas consultas, foque em orientar sobre a qualidade das escolhas alimentares, que devem priorizar o consumo de frutas, vegetais, leguminosas, tubérculos, cereais e carnes magras, evitando ao máximo o consumo de alimentos ultraprocessados. Maiores frequências de consumo de ali- mentos como gorduras hidrogenadas (trans) • Ofereça orientação nutricional, visan- do à promoção do peso adequado e de hábitos alimentares saudáveis, ressal- tando que, no período gestacional, não se deve perder peso, mas que o ganho de peso até o final da gestação não deve ultrapassar os 7 kg em situações de obesidade pré-gestacional ou os 11,5 kg em casos de sobrepeso pré- -gestacional. 2.4 RECOMENDAÇÕES PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTAÇÃO A gestação é uma fase muito importante na vida da mulher e requer alguns cuidados especiais na alimentação. Os níveis de nutrientes nos tecidos e líquidos disponíveis para sua manutenção estão modificados por alterações fisiológicas (expansão do volume sanguíneo, alterações cardiovasculares, distúrbios gastrintestinais e variação da função renal) e por alterações químicas. Por tais motivos é necessário que realizemos uma adequação na alimentação da gestante, visto que seu estado nutricional pode afetar o resultado da gravidez, parto e pós-parto. A densidade nutricional significa que quanto maior for a densidade nutricional do alimento, maior será a variedade de nutrientes benéficos para a saúde. Frutas e vegetais têm uma alta densidade nutricional e uma baixa densidade energética, o que os torna alimentos perfeitos para a nossa saúde e que devem ser indicados na alimentação da gestante diariamente. Densidade energética Alimentos com alta densidade energética são aqueles que em uma pequena quantidade de alimento têm uma elevada concentração de calorias, aumentando o risco de obesidade. Normalmente os alimentos ultraprocessados apresentam alta densidade energética e, por isso, o seu consumo deve ser desencorajado. Densidade nutricional 32 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL 2. Explique para a gestante e sua família sobre a importância de comer em companhia: segundo o nosso guia alimentar, seres humanos são seres sociais e o hábito de comer em companhia está impregnado em nossa história, assim como a divisão da responsabilidade por encontrar ou adquirir, preparar e cozinhar alimentos. Converse com a gestante e sua família sobre a importância de compartilhar o comer e as atividades envolvidas neste ato, explique que esse é um modo simples e profundo de criar e desenvolver relações entre as pessoas e que, ao comer em companhia, ela será capaz de se alimentar com mais tranquilidade e menos pressa. Refeições compartilhadas demandam mesas e utensílios apropriados e compartilhar com outra pessoa o prazer que sentimos quando apreciamos uma receita favorita redobra esse prazer. 3. Oriente à gestante e sua família sobre a importância de manter os telefones celulares e aparelhos de televisão des- ligados na hora das refeições: já que esses dificultam a percepção dos sinais quilo ou com pratos feitos sem alimentos ultraprocessados. Oriente a gestante a evitar frequentar locais com fast-foods e lanches, já que estes não suprem as necessidades nutricionais e aumentam o risco de ganho de peso excessivo. Ao comer fora de casa, lugares como bufês ou aqueles onde se oferecem segundas ou terceiras porções sem custo devem ser limitados a ocasiões especiais. Também é importante orientar a ges- tante a evitar comer na mesa de trabalho, comer em pé ou andando ou comer dentro do carro ou de transportes públicos, embora, infelizmente, essas práticas possam ser comuns nos dias de hoje. Figura 8 – Oriente que as refeições sejam compartilhadas quando possível. Fonte: pixs4u/ Adobe Stock 2.4.1 Hábitos relacionados a alimentação na gestação Normalmente, as pessoas esquecem que a forma e o local em que se alimentam pode fazer toda a diferença nas suas escolhas alimentares. O consumo em locais inadequados, com a presença de televisão ligada ou o uso de outros aparelhos eletrônicos, como celulares e tablets, estão associados com um consumo alimentar inadequado e que favorece a incidência de sobrepeso e obesidade (BRASIL, 2014). Como profissionais da saúde, devemosorientar as gestantes quanto ao modo de se alimentar. Agora, vamos abordar brevemente alguns pontos que podem ser orientados ao longo das consultas de pré-natal: 1. Dar preferência para locais tranquilos, limpos e agradáveis: o guia alimentar para a população brasileira reforça a importância de a gestante e sua família se alimentarem em casa ou em ambientes limpos e agradáveis, caso a refeição seja realizada fora do domicílio. É importante, também, que quando não for possível realizar as refeições em casa, a gestante escolha restaurantes a 33 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL o resto do dia também teriam maior chance de ser mais saudáveis. As orientações para as gestantes devem focar na qualidade dos ali- mentos, já que normalmente uma alimentação saudável e variada será capaz de suprir todas as necessida- des nutricionais. A seguir, estão as orientações que você deve problematizar com a gestante nas consultas de pré-natal em relação às suas escolhas alimentares, acompanhe. Figura 9 – Oriente a gestante a fazer dos alimentos in natura e preparações caseiras a base de ingredientes naturais ou minimamente processados a base de sua alimentação. Fonte: Anatta_Tan/Adobe Stock 2.4.2 Escolhas alimentares na gestação As escolhas alimentares são fundamentais para a saúde da gestante, fase da vida em que as demandas nutricionais, ou seja, do consumo de nutrientes e não tanto do consumo de calorias, são essenciais, já que é preciso garantir um adequado estado nutricional para a gestante e para o bebê. É importante que você oriente as gestantes quanto à realização de escolhas alimentares baseadas em uma classificação que considera o nível de processamento industrial dos alimentos, já que as escolhas alimentares não são feitas pelas pessoas com base nos nutrientes (pois é difícil de quantificar no momento de escolher o que será consumido). Pense em quando você vai a um restaurante ou ao supermercado. Quando você escolhe uma pizza congelada para o seu jantar, provavelmente irá comprar um refrigerante ou suco de caixinha para acompanhar a sua escolha, isso conforma um padrão de alimentação não saudável e baseado em alimentos industrializados. No entanto, se você comprasse um pedaço de frango, feijão, arroz e vegetais para assar no forno, provavelmente as suas escolhas para de saciedade pelo corpo. Explique que ao ter esse tipo de distrações dividimos a atenção do nosso cérebro entre o que comemos e o que estamos assistindo nas telinhas, comendo mais do que deveríamos, propiciando o ganho de peso excessivo. 4. Estimule a mulher a ter consciência em relação às quantidades colocadas no prato: as pessoas tendem a comer mais que o necessário quando estão diante de grandes quantidades de alimentos ou quando há oferta de grandes porções. Nesses casos as escolhas são feitas sem pensar muito. Oriente a gestante a pensar em cada alimento que colocará no prato e na quantidade que será colocada. Lembre-a de que não é preciso nem recomendado “comer por dois”. Oriente a servir-se apenas uma vez ou, pelo menos, aguardar algum tempo para se servir uma segunda vez. Frequentemente, a segunda porção excede às nossas necessidades. 34 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL • cravo, canela, especiarias em geral e ervas frescas ou secas; • farinhas de mandioca, de milho ou de trigo e macarrão ou massas frescas ou secas feitas com essas farinhas e água; • carnes de gado, de porco e de aves e pescados frescos, resfriados ou congelados; • leite pasteurizado, ultrapasteurizado (“longa vida”) ou em pó, iogurte (sem adição de açúcar); • ovos; • água potável. No momento de orientar a gestante quanto à escolha dos alimentos, lembre que nas refeições principais o prato deve conter: alimentos de origem animal como carnes, peixes e ovos (em pequenas proporções); alimentos de origem vegetal como leguminosas (essenciais no prato da gestante), tubérculos e cereais (que serão a principal fonte de energia, dando preferência para os cereais inte- grais e tubérculos como mandioca, ba- tata doce, batata salsa, dentre outros); Alimentos in natura ou minimamente processados fornecerão toda a qualidade nutricional que a gestante necessita para a manutenção de um estado nutricional adequado tanto do bebê quanto da mulher. Oriente a gestante a escolher frutas, vegetais, tubérculos e leguminosas da época, já que serão mais saborosos, acessíveis economicamente e conterão menos agrotóxicos. Veja alguns exemplos de alimentos in natura ou minimamente processados: • legumes, verduras, frutas, batata, mandioca e outras raízes e tubérculos in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados. • arroz branco, integral ou parboilizado, a granel ou embalado; • milho em grão ou na espiga, grãos de trigo e de outros cereais; • feijão de todas as cores, lentilhas, grão de bico e outras leguminosas; • frutas secas, sucos de frutas e sucos de frutas pasteurizados e sem adição de açúcar ou outras substâncias; • castanhas, nozes, amendoim e outras oleaginosas sem sal ou açúcar; Segundo o Guia Alimentar para População Brasileira (BRASIL, 2017), os alimentos in natura ou minimamente processados são a base para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Alimentos in natura São obtidos diretamente de plantas ou de animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. Alimentos minimamente processados Correspondem a alimentos in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indese- jáveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteuriza- ção, refrigeração, congelamento e processos similares que não envol- vam agregação de sal, açúcar óleos, gorduras ou outras substân- cias ao alimento original. 35 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL à massa de farinha de trigo e água usada no preparo culinário de tortas e pães caseiros. Uma forma interessante de reduzir o consumo de sal é adicionar ervas aromáticas desidratadas como orégano, sálvia, cebolinha, cúrcuma e salsinha ao sal de mesa – ervas aromáticas possuem propriedades anti-inflamatórias e trazem um sabor adicional às preparações. Óleos, gorduras, sal e açúcar não substituem alimentos in natura ou minimamente processados. Esses são produtos alimentícios com alto teor de calorias, gorduras saturadas (presentes em óleos e gorduras, em particular nessas últimas), sódio (componente básico do sal de cozi- nha) e açúcar livre (presente no açú- car de mesa). O consumo excessivo de sódio e de gorduras saturadas aumenta o risco de doenças do coração, enquanto o consumo excessivo de açúcar aumenta o risco de cárie dental, de obesidade e de várias outras doenças crônicas. Óleos e gorduras têm seis vezes mais calorias por grama do que grãos cozidos e Desde que utilizados com moderação em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados, os óleos, as gorduras, o sal e o açúcar contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem que fique nutricionalmente desbalanceada. Você pode explicar para a gestante que óleos ou gorduras, por exemplo, serão utilizados para cozinhar arroz e feijão, para refogar legumes, verdu- ras e carnes, para fritar ovos e tubér- culos e no preparo de caldos e so- pas. Óleos são também adicionados em saladas de verduras e legumes como forma de tempero. Mas orien- te-as a utilizá-los com moderação. Existem pessoas que têm o costume de adicionar óleo no arroz e macar- rão após o seupreparo, ultrapassan- do as necessidades nutricionais e favorecendo o ganho de peso exces- sivo. Por isso, desencoraje esse tipo de prática. O sal pode ser usado como tempero em todas essas preparações. Ele também é usado no preparo culinário de conservas de legumes feitas em casa e é adicionado vegetais e folhosos (como alface, es- pinafre, couve, tomate, abóbora, ce- noura, beterraba, dentre outros); frutas, que podem ser consumidas nas saladas ou como sobremesa, preferin- do sempre as que estão na safra. Dessa forma, a gestante será capaz de atingir todos os nutrientes necessários de maneira saborosa, acessível e completa no seu dia a dia. Lembre-se de respeitar e considerar o padrão cultural da região no momento de orientar a gestante quanto ao consumo alimentar. A preservação e o respeito da cultura alimentar é um dos princípios do guia alimentar (BRASIL, 2017). Os ingredientes culinários como óleos, sal e açúcar devem ser utilizados com moderação no preparo dos alimentos. Consideramos como ingredientes culinários todos os ingredientes utilizados para o preparo de uma refeição: você pode orientar a gestante e sua família a utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias como bolos caseiros, pães e biscoitos. 36 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL Na consulta de pré-natal, você pode explicar para a gestante que alimentos processados, como no caso do queijo, podem ser usados com moderação, adicionado ao macarrão ou salada, por exemplo. Outro alimento comum são as carnes salgadas adicionadas ao feijão. Em outras vezes, como no caso de pães e peixes enlatados, alimentos processados podem compor refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. Mas, deixe bem claro para a gestante, que sozinhos ou em combinação com outros alimentos processados ou ultraprocessados, eles podem ser prejudiciais à saúde, pelo seu elevado conteúdo de sal, açúcar e/ou gordura, não sendo recomendados, segundo o guia alimentar (BRASIL, 2017). Estimule a gestante e sua família a evitarem os alimentos ultraproces- sados na rotina alimentar. Explique a eles os seus malefícios para a saúde da gestante. Nas consultas de pré-natal avalie sempre a frequência de consumo de bis- coitos recheados, cream cracker, chips e usados como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições basea- das em alimentos in natura ou minimamente processados, já que embora o alimento pro- cessado mantenha a identidade básica e a maioria dos nutrientes do alimento do qual deriva, os ingredientes e os métodos de pro- cessamento alteram de modo desfavorável a sua composição nutricional. Em função do seu elevado conteúdo de sal ou açúcar, geralmente muito superior ao utilizado em preparações culinárias, o seu consumo excessivo está associado a doenças cardía- cas, obesidade ou outras doenças crônicas. Figura 10 – Alimentos processados podem ser usados com moderação quando adicionados à salada. Fonte: FomaA/Adobe Stock 20 vezes mais do que legumes e verduras após cozimento. O açúcar tem cinco a dez vezes mais calorias por grama do que a maioria das frutas. Entretanto, seu impacto sobre a qualidade nutricional da alimentação dependerá essencialmente da quantidade utilizada nas preparações culinárias. Por isso, oriente o uso desses produtos com moderação e equilíbrio! Alimentos processados devem ser consumidos pela gestante com moderação e combinados a preparações caseiras. Sabe aquele pepino ou vegetal em conserva, o pêssego em calda, o queijo feito de leite e sal ou aquele pãozinho feito de forma tradicional (a base de farinha de trigo, água, sal e leveduras usadas para fermentar a farinha)? Esses são os alimentos processados, os quais são produtos relativamente simples e antigos, fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar (ou outra substância de uso culinário, como óleo ou vinagre) a um alimento in natura ou minimamente processado. O consumo de alimentos processados na gestação (assim como em outras fases da vida) deve ser limitado, consumindo-os em pequenas quantidades. Eles podem ser 37 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL Como reconhecer alimentos ultraprocessados? • Eles têm um número elevado de ingredientes (frequentemente cinco ou mais); • apresentam ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias, ingredientes que provavelmente você não teria na prateleira de sua casa (gordura vegetal hidrogenada, óleos interesterificados, xarope de frutose, isolados proteicos, agentes de massa, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de aditivos); • diferentemente dos alimentos processados, a imensa maioria dos ultraprocessados é consumida, ao longo do dia, substituindo alimentos como frutas, leite e água ou, nas refeições principais, no lugar de preparações culinárias; • alimentos ultraprocessados costu- mam vir em embalagens coloridas, com marketing bastante intenso e pro- pagandas na televisão e redes sociais. bebidas adoçadas com açúcar ou adoçantes artificiais, pós para refrescos, embutidos e outros produtos derivados de carne e gor- dura animal, produtos congelados prontos para aquecer, produtos desidratados (como misturas para bolo, sopas em pó, “macarrão” instantâneo e “tempero“ pronto), e uma infinidade de novos produtos que chegam ao mercado todos os anos, incluindo vários tipos de salgadinhos “de pacote”, cereais matinais, barras de cereal, bebidas energéti- cas, entre muitos outros. Pães e produtos panificados tornam-se alimentos ultraprocessados quando, além da farinha de trigo, leveduras, água e sal, seus ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos. Uma forma prática para ajudar a gestante a distinguir alimentos ultraprocessados de alimentos processados é ensinando-as a consultar a lista de ingredientes que, por lei, deve constar dos rótulos de alimentos embalados que possuem mais de um ingrediente. outros salgadinhos, macarrão instantâneo, refrigerantes, dentre outros alimentos ultra- processados. Devido a seus ingredientes (gorduras trans, açúcar de adição, sal, aditivos químicos e corantes), são nutricio- nalmente desbalanceados e prejudiciais à saúde da gestante e do bebê. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente proces- sados. Lembre, por exemplo, que: O problema principal com alimen- tos ultraprocessados reformulados é o risco de serem vistos como produtos saudáveis, cujo consumo não precisaria mais ser limitado. A publicidade desses produtos explo- ra suas alegadas vantagens diante dos produtos regulares (‘menos ca- lorias’, ‘adicionado de vitaminas e minerais’), aumentando as chances de que sejam vistos como saudáveis pelas pessoas. (BRASIL, 2014) Classificamos como alimentos ultra- processados vários tipos de guloseimas, 38 PROMOÇÃO DO GANHO DE PESO ADEQUADO NA GESTAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E RECOMENDAÇÕES PARA GESTANTES EM NÍVEL INDIVIDUAL rias em pequenas quantidades do produto, são hiperpalatáveis, encontram-se em todo lugar e apresentam custo baixo, induzindo o consumo excessivo de calorias pelas ges- tantes. Fique atento e oriente quanto aos malefícios desse tipo de bebida na rotina alimentar. Estimule o consumo adequado de água na gestação. A hidratação adequada é fundamental durante a gestação, veja a seguir alguns benefícios. Estabiliza a pressão arterial Elimina as toxinas Melhora a circulação sanguínea Necessária para garantir a circulação
Compartilhar