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Unicidade x Pluralidade Sindical

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Unidade: Três Corações
Curso: Direito
Período: 3o
Disciplina: Direito do Trabalho
Aluno (a): Daniela Cristina Matoso e Silva
DIREITO COLETIVO DE TRABALHO E OS PRINCÍPIOS DA PLURALIDADE SINDICAL E UNICIDADE SINDICAL
1. INTRODUÇÃO
Leciona Maurício Godinho Delgado que o Direito do Trabalho é o ramo jurídico especializado com vistas a reger as relações jurídicas entre empregados e empregadores. Embora seja um ramo jurídico especializado e unitário, integra-se de dois segmentos diferentes, o individual e o coletivo que se estruturam a partir de relações jurídicas distintas.
No Direito do Trabalho Individual a relação de emprego envolve: empregado e empregador, com diferenciação social, econômica e política dos dois sujeitos desta relação. Nesse segmento, empregado se apresenta como pessoa física e empregador como pessoa jurídica.
No Direito do Trabalho Coletivo as relações laborais têm de um lado o empregador e do outro lado os trabalhadores, representados pelos sindicatos; sendo ambos os sujeitos desta relação pessoas jurídicas.
Os sindicatos são instituições sociais espontâneas, que reúnem pessoas pelo que apresentam em comum, pelo exercício da mesma atividade econômica e/ou por interesses profissionais. 
Leonardo de Azevedo Bemvenuti elucida a clara distinção entre o sindicato e um clube; deste último alguém se torna sócio a partir da sua opinião pessoal, simpatias e laços afetivos; já o sindicato se organiza com base no interesse do grupo e com o objetivo de resolver problemas de índole coletiva, na defesa de interesses profissionais ou econômicos de um conjunto de trabalhadores.
É de extrema importância mencionar os acontecimentos históricos que levaram a discussão a cerca da unicidade e da pluralidade sindical. Nas palavras de Bemvenuti temos um breve esclarecimento destes acontecimentos:
Em 1948, a Organização Internacional do Trabalho – OIT aprovou a Convenção no 87, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito de sindicalização.
Encaminhada ao Congresso em maio de 1949, para ratificação indispensável a sua vigência no País, a Convenção no 87 da OIT permaneceu 35 anos em tramitação até que 29 de agosto de 1984 foi inesperadamente aprovada pela Câmara dos Deputados. A partir deste momento histórico, a ratificação e posterior vigência no ordenamento interno do país dependiam apenas do Senado Federal e posterior sanção do Presidente, porém o texto da Convenção não foi colocado para apreciação do Senado e, portanto, jamais ingressou no ordenamento jurídico interno até os dias de hoje. 
A Convenção no 87 da OIT proclama a autonomia sindical, dispondo, através de seus artigos, que: 
“Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas.
Art. 3 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de elaborar seus estatutos e regulamentos administrativos, de eleger livremente seus representantes, de organizar a gestão e a atividade dos mesmos e de formular seu programa de ação.
2. As autoridades públicas deverão abster-se de qualquer intervenção que possa limitar esse direito ou entravar o seu exercício legal.
Art. 8 — 1. No exercício dos direitos que lhe são reconhecidos pela presente convenção, os trabalhadores, os empregadores e suas respectivas organizações deverão da mesma forma que outras pessoas ou coletividades organizadas, respeitar a lei.
		 2. A legislação nacional não deverá prejudicar nem ser aplicada de modo a prejudicar as garantias previstas pela presente Convenção.”
Assim, pela ratificação da Convenção no 87 da OIT, seriam exercidos os direitos dos sindicatos de elaborar seus estatutos; eleger seus representantes; organizar seus programas de ação e suas atividades e, também, o desatrelamento do Estado, não mais sendo necessário ou exigível a aprovação de sua instituição ou dissolução. 
Se ratificada à época, revogaria por completo o sistema da CLT e em seu lugar os trabalhadores e empregadores poderiam criar diversas organizações sindicais na mesma base territorial, instituindo a pluralidade sindical.
2. PLURALIDADE SINDICAL x UNICIDADE SINDICAL
Em um nível básico, a pluralidade sindical é um sistema que admite a existência de diversos sindicatos representando legalmente à mesma categoria profissional ou econômica em uma mesma base territorial.
Desde a perspectiva de aprovação da Convenção no 87 com sua aprovação pela Câmara dos Deputados em 1984 até os dias de hoje, a pluralidade sindical é discutida e apresenta muitas manifestações contrárias de grande parte da classe trabalhadora. 
A Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RS manifestou sua opinião do artigo “SÉRIE PLANO DE LUTAS – CONVENÇÃO 87 DA OIT: PLURALISMO OU DESAGREGAÇÃO?”1 publicado na página da instituição:
“A Fecosul em seu princípio fundamental e em seu plano de luta defende que os trabalhadores têm direito a autonomia e a liberdade de sindicalização. Por isso é contra a Convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que prega uma liberdade que enfraquece e pulveriza a unidade de representação.
Para algumas centrais sindicais, sindicatos e federações, como a Fecosul, essa convenção além de enfraquecer a unidade também toma partido do patronato e dificulta a luta dos trabalhadores.
Esse tema é recorrente e polêmico, pois das oito convenções fundamentais da OIT, esta é a única que ainda não foi ratificada pelo Brasil.”
	O principal argumento apresentado pela FECOSUL e outras classes trabalhadoras é que os efeitos da pluralidade permitiriam a criação de sindicatos ideológicos, desviados da função trabalhista, enfraquecendo pela desunião o movimento sindical.
	Já a unicidade sindical é o princípio pelo qual a norma impõe a criação de um sindicato por categoria e encontra-se disposta no art. 8o, inciso II, da Constituição da República Federativa do Brasil: 
“Art. 8o - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
II. é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;”
	Raimundo N. B. Muniz & Francisco C. A.de Paiva, esclarecem que:
“(...)há que se observar que o modelo hoje vigente não impede a criação de novas entidades associativas. Sem embargo, o que a unicidade sindical estabelece é que cada categoria será representada por um único sindicato, ou seja, apenas uma entidade possuirá a personalidade gremial que autoriza a utilização do termo “sindicato”, com as consectárias prerrogativas daí decorrentes. No entanto, a constituição de associações profissionais é livre e, por outro lado, é assegurado a estas ingressar em juízo postulado o reconhecimento da qualidade de sindicato, em detrimento da entidade que originalmente a detenha, desde que, para tanto, comprove ser a entidade mais representativa dos verdadeiros anseios da categoria.”
3. CONCLUSÃO
Diante dos estudos direcionados para elaboração deste texto, foi possível observar a extensa discussão acerca dos pontos positivos e negativos existentes nos dois princípios abordados, tanto na pluralidade sindical como na unicidade sindical.
Porém, ficou claro, nas palavras de Muniz & Paiva que, apesar da unicidade sindical defendida pela Constituição expressar a existência de um único sindicato, é possível a competição entre entidades para que uma destas assuma a posição representativa da categoria, desde que seja a mais representativa dos anseios da categoria. 
	Apesar de não ter sido ratificada a Convenção no 87 da OIT, a Constituição Federal também preza liberdade sindical dando a autonomia necessária para que os sindicatos exerçam suas atividades, sendo restrita a pluralidade sindical, mas dando liberdade ao empregado de associar-seao sindicato que lhe convém.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. PINHEIRO, Marina. Assessoria de Comunicação Fecosul. “Série Plano de Lutas – Convenção 87 da OIT: Pluralismo ou Desagregação. Disponível em: http://fecosul.com.br/noticias/single/serie_plano_de_lutas_-_convencao_87_da_oit_pluralismo_ou_desagregacao . Acesso em 01/04/2020
2. ROSSES, José Pedro Oliveira. “Plena Liberdade Sindical da Convenção no 87 da OIT contra o Princípio da Unicidade Sindical do Art. 8o, II, da CF/88. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/26319/plena-liberdade-sindical-da-convencao-n-87-da-oit-contra-o-principio-da-unicidade-sindical-do-art-8-ii-da-cf-88 . Acesso em 01/04/2020
3. BEMBENUTI, Leandro de Azevedo. “Unicidade Sindical Versus Pluralidade Sindical”. Disponível em: http://lindenmeyer.adv.br/arquivos/artigo/unicidade_versus_pluralidade.pdf . Acesso em 30/03/2020.
4. “C087 - Liberdade Sindical e Proteção ao Direito de Sindicalização” Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/temas/normas/WCMS_239608/lang--pt/index.htm . Acesso em 01/04/2020.
5. RIZ, Valquíria Aquino. “Direito Coletivo do Trabalho”. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/59899/direito-coletivo-do-trabalho . Acesso em 01/04/2020
6. MACHACZEK, Maria Cristina Cintra. “Liberdade Sindical no Brasil: a Convenção 87 da OIT e a Constituição de 1988”. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp117779.pdf . Acesso em 01/04/2020.
7. NOGUEIRA, Juliane. “Pluralidade Sindical: Cenário Nacional”. 2017. Disponível em: http://repositorio.ufjf.br:8080/jspui/handle/ufjf/6420 . Acesso em 01/04/2020.
8. CONCEIÇÃO, Marcela dos Santos. “O princípio da unicidade sindical”. Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/31671/o-principio-da-unicidade-sindical . Acesso em 30/03/2020.
9. DELGADO, Mauricio Godinho. “Direito Coletivo do Trabalho e seus Princípios Informadores”. Disponível em: https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/52335/007_delgado.pdf?s . Acesso em 30/03/2020.
10. MUNIZ, Raimundo Nonato Braga. “A Unicidade Sindical”. Disponível em: http://www.arcos.org.br/artigos/a-unicidade-sindical/ . Acesso em 30/03/2020.

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