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Módulo 6 - Direito Coletivo do Trabalho. Princípios do Direito Coletivo do Trabalho. Organização Sindical Brasileira. Origens Históricas dos Sindicatos. O sindicalismo tem origem nas corporações de ofício da Europa medieval. No século XVIII, durante a revolução industrial na Inglaterra, os trabalhadores oriundos das indústrias têxteis, doentes e desempregados juntavam-se nas sociedades de socorro mútuos. Esta revolução teve um papel crucial no advento do capitalismo, pois, devido à constante concorrência que os fabricantes capitalistas faziam entre si, as máquinas foram ganhando cada vez mais lugar nas fábricas, tomando assim, o lugar de muitos operários, estes tornaram-se o que é chamado "excedente de mão de obra", logo o capitalista tornou-se dono da situação e tinha o poder de pagar o salário que quisesse ao operário. É neste momento que surgem duas novas classes sociais: o capitalista e o proletário, onde o capitalista é o proprietário dos meios de produção (fábricas, máquinas, matéria-prima) e o proletário era proprietário apenas de sua força de trabalho. As relações sociais nessa época atingiram uma enorme polarização, com a sociedade dividida em duas grandes classes: a burguesia e o proletariado. É nesse momento que fica evidente o antagonismo de interesses entre elas. É através desta situação que o proletariado percebe a necessidade de se associarem e, juntos, tentarem negociar as suas condições de trabalho. Com isso, surgem os sindicatos, associações criadas pelos operários, buscando lhes equiparar de alguma maneira aos capitalistas no momento de negociação de salários e condições de trabalho, e impedir que o operário seja obrigado a aceitar o que lhe for imposto pelo empregador. Durante a revolução francesa surgiram ideias liberais, que estimulavam a aprovação de leis proibitivas à atividade sindical, a exemplo da Lei Chapelier, que, em nome da liberdade dos Direitos do Homem, considerou ilegais as associações de trabalhadores e patrões. As organizações sindicais, contudo, reergueram-se clandestinamente no século XIX. No Reino Unido, em 1871, e na França, em 1884, foi reconhecida a legalidade dos sindicatos e associações. Com a Segunda Guerra Mundial, as ideias comunistas e socialistas predominaram nos movimentos sindicais espanhóis, italianos, americanos e africanos. Com o tempo, trabalhadores passaram a se organizar como meio de confrontar empregadores e questionar a situação da época. Os primeiros indícios de união entre trabalhadores aparecem com a quebra de máquinas fabris como forma de resistência, movimento conhecido como ludismo. A motivação era a visão dos trabalhadores de que estariam sendo substituídos pela maquinaria nas indústrias. Mais tarde, o Parlamento Inglês aprovou em 1824 uma lei estendendo a livre associação aos operários, algo que antes era permitido somente às classes sociais dominantes. Com isso, começam a ser criadas as trade unions, organizações sindicais equivalentes aos atuais sindicatos. As trade unions passam então a negociar em nome do conjunto de trabalhadores, unificando a luta na busca por maiores direitos e salários. A ideia era evitar que os empregadores pudessem exercer pressão sobre trabalhadores individualmente. Outras medidas das trade unions foram a fixação de salário para toda a categoria, inclusive regulamentando-o em função do lucro (assim, o aumento da produtividade industrial resultava também em aumento no salário dos trabalhadores), criação de fundos de ajuda para trabalhadores em momentos de dificuldades, além da reunião das categorias de uma região em uma só federação. Nos Estados Unidos, o sindicalismo nasceu por volta de 1827 e, em 1886, foi constituída a Federação Americana do Trabalho (AFL), contrária à reforma ou mudança da sociedade. Defendia o sindicalismo de resultados e não se vinculava a correntes doutrinárias e políticas. Em resumo: Com o avanço da Revolução Industrial e o desenvolvimento do capitalismo, grandes massas são expulsas do campo e de seus antigos empregos, compondo uma nova classe social: o proletariado. Essa classe encontra condições de vida precárias nas novas cidades e não conta com nenhum tipo de proteção no âmbito do trabalho. As fábricas do século XIX eram um ambiente terrível para os trabalhadores, que cumpriam uma jornada, em média, de 14 a 16 horas diárias a troco de um salário miserável. As condições eram insalubres, havia muitos acidentes de trabalho e era comum o uso de mão de obra infantil (a partir dos 6 anos de idade) e a aplicação de punições físicas aos trabalhadores considerados menos produtivos ou indisciplinados. Nesse contexto, os sindicatos surgem pela necessidade de conquistar melhores condições de trabalho e salários mais justos. De início, os sindicatos foram duramente reprimidos e, até as últimas décadas do século XIX, as atividades sindicais eram proibidas na maioria dos países europeus. Com o passar do tempo, os sindicatos foram se institucionalizando, virando a principal ferramenta de negociação e diálogo entre patrões e empregados. Prevê a Constituição do México de 1917 o direito de coligação para a defesa de interesses, tendo de trabalhadores como de empregador, por meio de sindicatos, associações profissionais, o direito à greve e o locaute. O Tratado de Versalhes prevê o direito de associação para empregados e empregadores (art. 427, 2). Em 1919, a Constituição Weimar da Alemanha admitiu o direito de associação. Foi o primeiro documento jurídico interno a admitir o direito de associação. Na França, em 1884, foi admitida a liberdade de associação. O sistema fascista italiano não proibia a criação de associações de fato, mas entendia que o sindicato estava submetido aos interesses do Estado. Portanto, o Estado moldava o sindicato as suas determinações. Estabelecia a unicidade sindical como base da organização sindical italiana, a qual podia ser reconhecida legalmente para qualquer categoria de empregadores, empregados ou profissionais liberais (Lei Rocco nº 563/1926, art. 6º). A Carta del Lavoro, de 1927, na parte III, determinava que a organização sindical ou profissional era livre. A Constituição da Itália de 1948 dispôs que a organização sindical é livre, impondo a obrigação de seu registro junto a cartórios. Os sindicatos registrados têm personalidade jurídica. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, determina que todo homem tem direito a ingressar num sindicato (art. XXIII, 4). A Organização Internacional do Trabalho (OIT), com a Convenção nº 87, de 1948, passou a determinar as linhas mestras sobre o direito de livre sindicalização, sem qualquer ingerência ou intervenção par parte do Estado. A Constituiçao de Portugal de 1976 reconhece aos trabalhadores a liberdade sindical, condição e garantia da construção da sua unidade para defesa dos seus direitos e interesses. Garante o direito de greve e proíbe o locaute. O SINDICALISMO NO BRASIL Em 1908 é criada a Confederação Operária Brasileira COB que reunia cerca de 50 associações de classe das principais cidades brasileiras: Rio, São Paulo, Salvador, Recife as com maior números de operários fabris. Realizam campanhas contra as arbitrariedades policiais, organizam fundos e mobilizações de solidariedade às lutas em outros países, a operários em greve, a operários estrangeiros expulsos. Essas lutas se materializam em atos públicos, passeatas e manifestações. Outra concepção importante era a dos comunistas, principalmente após a Revolução Russa de 1917, que influenciou o movimento operário mundial, juntando as ideias de Karl Marx pensador e militante comunista alemão às ideias operárias contra o capitalismo. A fundação do Partido Comunista Brasileiro PCB, em 1922, foi o ponto alto da herança comunista e de sua presença no movimento sindical nas primeiras décadas do capitalismo brasileiro. Os socialistas também foram importantes, pois entendiam que a organização de sindicatos e de greves devia ser associada às lutas pela participação eleitoral e parlamentar, para transformar oEstado numa perspectiva de atender aos interesses históricos e imediatos das massas trabalhadoras. Outra corrente importante no início do século foi a dos trabalhistas, que lutavam na defesa dos interesses dos operários, com objetivos de melhorar as condições de vida dos trabalhadores e de conquista e garantia dos direitos. O período que vai de 1930 a 1945 é conhecido na história brasileira como Era Vargas ou Estado Novo. Uma nova etapa na história do movimento operário, especialmente no que se refere aos sindicatos, com uma crescente integração dos sindicatos ao controle do Estado. Isso se dá mais claramente a partir da criação do Ministério do Trabalho, por Vargas, em novembro de 1930. Em março de 1931 é publicada a Lei da Sindicalização, que tinha como objetivo submeter a atividade sindical ao controle do Estado. A lei proibia, entre outras questões, toda propaganda ideológica no sindicato. O Estado, e a política trabalhista desenvolvida por ele, estimula o corporativismo, isto é, que os sindicatos sejam organizados por categoria profissional e não por ramo de atividade econômica. Em 1932 são promulgadas várias leis sociais e trabalhistas, definindo critérios de aposentadoria, jornada de trabalho de 8 horas e proteção ao trabalho das mulheres. As leis implementadas pelo governo Vargas, na verdade, tinham a intenção de criar uma base social operária para o Estado. Em 1935 ocorre a formação da Aliança Nacional Libertadora ANL e o levante comunista de 1935. No período 1930-45 dá-se uma profunda mudança na composição da classe operária, devido a seu crescimento de 500%. A ampla maioria dos trabalhadores são de origem rural, fruto da migração do campo para a cidade. Nesse período se consolidam várias garantias sociais com a Consolidação das Leis do Trabalho CLT, salário mínimo, aposentadoria, e estabilidade para operários com mais de 10 anos de serviço. Isso leva a um grande apoio dos trabalhadores a Vargas. Na CLT se inserem várias vantagens trabalhistas conquistadas pelos sindicatos e que são, então, estendidas para todas as categorias profissionais, independentemente de estarem organizadas. A CLT também garante a tutela do Estado nas negociações entre empregados e empregadores. Sua estrutura se mantém no corporativismo, que impedia que sindicatos de diferentes categorias de uma mesma localidade se articulassem entre si. Impedia-se, assim, a formação de uma grande organização de trabalhadores, na forma de uma central sindical. A estrutura era vertical e subordinada ao Estado, que dirigia o funcionamento da organização sindical nos três planos: desde o sindicato, federação e confederação. A Constituição de 1937 e a CLT, de 1943, confirmam a Lei de Sindicalização de 1931. Um elemento fundamental da nova estrutura foi o imposto sindical: um dia/ano de salário obrigatoriamente pago por todo operário sindicalizado ou não. Até pouco tempo esse imposto era obrigatório e recolhido pelo Ministério do Trabalho e distribuído aos sindicatos. O imposto permitia um controle direto do Estado sobre as finanças e as atividades da entidade; subvenciona serviços sociais serviços médicos, colônias de férias etc., convertendo-o assim numa instituição de assistência social. Além de manter uma burocracia sindical política e economicamente vinculada ao Ministério do Trabalho. O imposto sindical trazia para o Estado e as corporações quantias enormes de recursos financeiros. Sua destinação específica era cuidar da beneficência e do exercício da função administrativa. Criou-se, assim, uma relação de dependência entre o movimento operário e o Estado. A estrutura sindical construída no Estado Novo se manteve no pós-guerra. Entre 1945 e 1964, período conhecido como nacional desenvolvimentista, em que o Estado se associa ao grande capital internacional para ampliar as bases da industrialização e da expansão ao interior. Um projeto nacional de infra-estrutura para a consolidação do modo de produção capitalista baseado na indústria. Cresce, com isso, a importância da classe operária, principalmente nos grandes centros, tendo o ABC em São Paulo como seu núcleo mais dinâmico. Os sindicatos continuam subordinados ao poder do Estado. O controle se dava principalmente pelo imposto sindical. É corrente entre os estudiosos da história política e social brasileira identificar esse período como o da redemocratização, pois estamos saindo de um período de ditadura, marcada pela repressão policial, cooptação ou atrelamento do movimento sindical, cassação dos direitos políticos e prisão das lideranças que se alinhavam contra Vargas e o Estado Novo. Essa ditadura teve seu auge nos anos 1937-1945. Mesmo com a chamada redemocratização, os instrumentos de controle e repressão permaneceram. O movimento sindical, pelo menos nos seus setores majoritários, permaneceu atrelado ao imposto sindical e ideologicamente não se buscou o rompimento dos laços orgânicos que subordinavam os sindicatos ao Estado. Em 1945 ocorre a tentativa de impulsionar uma ruptura do sindicalismo com o Estado. Essa busca de alternativa se materializa na criação do Movimento Unificador dos Trabalhadores MUP. Eles reivindicam uma reforma sindical, nos aspectos mais importantes da estrutura oficial, como o direito de organizar sindicatos independentes da chancela do Ministério do Trabalho, e uma maior autonomia política para suas ações. A Guerra Fria é a denominação que se dá ao processo de trégua capitaneado pelos EUA e URSS com o fim da Segunda Guerra Mundial, em que se divide o mundo em dois grandes blocos geopolíticos: o bloco comunista, ou o do Leste Europeu, sob liderança da URSS, e o bloco capitalista, na Europa Ocidental e Américas, com hegemonia dos EUA. Em 1947, o Partido Comunista Brasileiro é colocado na ilegalidade e a repressão aos comunistas volta com toda força. Mesmo assim, ao arrepio da legislação trabalhista e sindical, o movimento sindical busca se organizar de forma autônoma, surgindo vários organizações sindicais independentes, sob forma de plenárias, movimentos horizontais, articulações interestaduais. Criada na década de 1950, a Confederação Geral dos Trabalhadores CGT foi a mais importante. Ela se consolida no início dos anos 1960, já no governo de João Goulart 1961-1964, basicamente formada por sindicatos oficiais e, contraditoriamente, com a participação de sindicalistas de oposição à estrutura oficial. No contexto nacional-desenvolvimentista, nos anos 1950 até início da década de 1960, o movimento sindical se fortalece. Os sindicatos se transformam em interlocutores importantes dos trabalhadores diante dos patrões e do Estado. Essa influência institucional crescente torna o sindicalismo participante da vida política nacional. Mesmo com esse aumento de influência os sindicatos não conseguiram organizar a maioria, e nem superar a dependência do Estado. Com a crescente industrialização e a consequente urbanização, como produto desta, há um processo de declínio do campesinato e do trabalho no setor agrário da economia. A classe operária e o trabalho nas fábricas assumem um protagonismo que tem como desdobramento a maior influência dos sindicatos operários e urbanos como força política de vanguarda nas lutas e movimentos políticos, principalmente no início dos anos 1960. Os fenômenos da industrialização e urbanização e expansão para os estados do interior Centro- Oeste, Norte fortalece outros grupos e camadas sociais, como as classes médias, os empresários industriais, a burocracia estatal, os militares e segmentos da intelectualidade brasileira. Consolida-se uma sociedade civil diferenciada, urbana e incorporada ao espírito da indústria, do comércio e do consumo. A classe dominante, e as classes médias, como acontecem historicamente, se tornam protagonistas dos valores conservadores e individualistas, agora alimentadas pela possibilidade de maior consumo. No governo de João Goulart há um acirramento dos conflitos de interesses entre esses diferentes grupos. Os embates políticos se aguçam na medida em que o espaço público se alarga.Os sindicatos assumem a ponta desse processo de confrontação, intensificando as lutas salariais e em defesa de direitos trabalhistas, e questionando a cresceste dependência econômica do Estado brasileiro aos capitais externos. A classe operária, setores do funcionalismo público, como os professores, e os estudantes o movimento estudantil é, nesse contexto histórico, um importante sujeito político coletivo intensificam as jornadas de lutas e as exigências por reformas de base, principalmente nos campos da educação, saúde, moradia, emprego e reforma agrária. Os comunistas, lideranças independentes vinculadas aos setores progressistas da Igreja, e intelectuais nacionalistas assumem abertamente a defesa das reformas, da ampliação das lutas sociais, da ruptura com a dependência econômica e política externas e, por consequência, a defesa do governo Goulart. Pressionam o Estado para obter ganhos econômicos, sociais e políticos. A correlação de forças, aparentemente, possibilitava o avanço dos movimentos sociais, e o governo sinalizava favoravelmente nessa direção. O movimento sindical busca maior autonomia, formando uniões sindicais independentes, como o Comando Geral dos Trabalhadores CGT, mas não confunda com a outra, que era Confederação, fundado em 1962, no auge das lutas operárias e estudantis. Intensifica-se a participação dos sindicatos na vida política nacional. Perigosamente, essa crescente influência não resultou em maior aprofundamento da autonomia, fortalecimento coletivo e formação política dos trabalhadores. Não se constituíram movimentos independentes e desatrelados do Estado, mas sim vinculado aos interesses deste. O apoio de Goulart aos sindicatos, essa aliança do sindicalismo com o Estado, produziu uma ilusão de poder, uma subestimação das reais forças da classe trabalhadora. A ameaça do comunismo acabou por resultar na ditadura dos militares. Entre 1964 e 1971, a ditadura militar decretou intervenção em 573 sindicatos, federações e confederações sindicais. Policiais e agentes civis do regime se tornaram interventores no movimento sindical. O sindicalismo passou a ser totalmente controlado pelos aparelhos militares. Em 1967, o general Castelo Branco reeditou o atestado ideológico do Estado Novo. Por estes atestados, os aparelhos de repressão política controlavam os candidatos aos cargos de direção da estrutura sindical, fazendo um filtro ideológico, vetando os que tivessem qualquer vínculo, ou mesmo suspeita de vínculo, com a oposição ao regime ou alguma relação com as esquerdas. Após 1965, o movimento sindical praticamente desaparece. Embora continuem existindo, os sindicatos cumprem um papel de prestação de serviços assistenciais, médicos e jurídicos aos seus filiados, funcionando como uma repartição vinculada e controlada pelo Estado, um balcão homologador de rescisões de contratos ou um cartório de ofício burocrático. Não havia mais função política, reivindicatória ou ideológica. Até a metade da década de 70, a estrutura sindical, herdada do Estado Novo, permaneceu intocada. Mudança apenas no final dos anos 70, a partir das mobilizações autônomas e independentes dos trabalhadores, via oposições sindicais, e o início da pressão contra a intervenção e pela liberdade de organização sindical. O aumento do número de assalariados, principalmente em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, conjugado com as péssimas condições de trabalho e baixos salários, faz com que se generalizem as lutas, principalmente na segunda metade da década de 1970. Eram, contudo, lutas fragmentadas e isoladas. Centenas de greves tinham as mesmas reivindicações, a luta contra o arrocho e a busca de autonomia e liberdade sindical. Nos anos de 1977, 78 e 79, no auge da política de arrocho e de controle dos sindicatos, são as oposições sindicais que buscam mobilizar a classe. Na região do ABC Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul incluído D de Diadema e na capital São Paulo eclodem, de forma crescente e unificadas, fortes mobilizações contra a política salarial e o regime militar. O desejo de desatrelar o sindicato dos patrões e do Estado, o fim do imposto sindical e a construção de uma nova estrutura sindical, de combate, de classe, de luta, surgida da base, num sentido antiditadura e anticapitalista. Surge, então, uma proposta de ruptura com o velho sindicalismo, como matrizes de um Novo Sindicalismo. No início da década de 1980 precisamente nos anos 1981 a 1983, o movimento sindical buscou construir um projeto político que unificasse as lutas e superasse a estrutura herdada do Varguismo e aprofundada na ditadura. Depois de passar a maior parte dos anos 1990 enfraquecido, com poucas mobilizações sociais, o movimento sindical voltou a crescer a partir dos anos 2000, especialmente a partir dos anos de 2007 à 2010. Inúmeros fatores são apontados para essa retomada de crescimento, como a conjuntura econômica favorável e a boa interlocução com o governo federal. Apesar dos motivos, não se pode negar que os sindicatos retomaram parte da importância política que possuíam em períodos anteriores. Em 1988 após 20 anos de ditadura militar veio a declaração da liberdade de associação profissional, não podendo a lei exigir autorização do Estado para seu funcionamento, ressalvando o registro no órgão competente A Constituição Federal de 1988, art. 8º, prevê uma liberdade sindical com restrições, não plena, apesar impor sobre a não intervenção e interferência do Estado na organização sindical, porque impõe a unicidade sindical em todos os graus da organização sindical, permitindo a criação de sindicato somente por categoria profissional e econômica, com representação em uma base territorial não inferior a de um município. Portanto, veda a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, impondo, assim, uma limitação à liberdade sindical. Essa restrição contraria o princípio da liberdade sindical da Convenção nº 87 da OIT pelo qual é assegurada a criação de entidades sindicais sem limites impostos pela lei. A proibição da lei brasileira da criação de mais de um sindicato da mesma categoria na mesma base territorial e a criação de sindicato em extensão menor do a Municipal, o que impede que empregados de uma empresa tenham o seu sindicato específico, são entraves sérios à liberdade sindical em nosso País. Por esse motivo, o desenvolvimento da organização sindical brasileira é semi-corporativista. Conceito de Direito Coletivo. Sujeitos na relação coletiva de trabalho. Categorias econômica, profissional e diferenciada. Gustavo Felipe Barbosa Garcia assim o conceitua: “Segmento do direito do trabalho que regula a organização sindical, a negociação coletiva, os instrumentos normativos decorrentes, a representação dos trabalhadores na empresa e a greve.” (Garcia, Gustavo Filipe Barbosa, Curso de Direito do Trabalho, 3. ed. rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro : Forense; São Paulo : MÉTODO, 2009). Amauri Mascaro Nascimento entende o Direito Coletivo do Trabalho como: “Ramo do direito do trabalho que tem por objetivo o estudo das normas e das relações jurídicas que dão forma ao modelo sindical.” (Nascimento, Amauri Mascaro – Compêndio de Direito Sindical – 6ª Ed.- São Paulo : LTr, 2009.) Por fim, Maurício Godinho Delgado tem como conceito: “Complexo de institutos, princípios e regras jurídicas que regulam as relações laborais de empregados e empregadores e outros grupos jurídicos normativamente especificados, considerada sua atuação coletiva realizada autonomamente ou através das respectivas entidades sindicais.” (Delgado, Mauricio Godinho – Direito Coletivo do Trabalho – 3ª Ed. – São Paulo : LTr 2008.) Portanto, o Direito Coletivo é o segmento do Direito do Trabalho que regula a organização sindical, a negociação coletiva e os instrumentos normativos decorrentes, bem como a representação dos trabalhadores na empresa e a greve. Ele é construído por relações jurídicas entre pessoas teoricamenteequivalentes, já que envolve os empregadores – diretamente ou por meio de seus sindicatos – e os empregados, sempre representados pelos sindicatos da categoria profissional. O direito coletivo do trabalho não tem autonomia é um segmento do direito do trabalho. O direito do trabalho está dividido em dois segmentos : O direito individual do trabalho, que trata das relações entre trabalhadores e empregadores individualmente considerados e o direito coletivo do trabalho que trata das organizações coletivas de trabalhadores e empregadores. O sistema sindical brasileiro é organizado por categorias, que podem ser definidas como o conjunto de pessoas com interesses profissionais ou econômicos em comum, decorrentes da identidade de condições ligadas ao trabalho ou à própria atividade econômica desempenhada. Os trabalhadores são separados por categorias profissionais e para que um empregado integra a categoria profissional, basta prestar serviços a empregador cuja atividade esteja 374. NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA. Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria. inserida em certo setor da economia, independentemente da função por ele especificamente desempenhada. EX: faxineira que trabalha em metalúrgica. Já os empregadores são separados em categorias econômicas e para que ume empregador integre determinada categoria econômica é analisada a atividade preponderante do mesmo. Quanto às categorias profissionais diferenciadas, com previsão expressa no art. 511, §3º, da CLT, são as mesmas formadas por empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto ou em virtude das próprias peculiaridades da profissão. Assim, para a existência de uma categoria diferenciada, há necessidade de existência de estatuto profissional especial que preveja a existência da categoria (secretárias) ou a existência de condições de vida diferenciadas dos demais profissionais (motoristas). Assim, em um mesmo empregador pode existir o sindicato da categoria PREPONDERANTE, que é justamente aquele em que a maioria dos trabalhadores estão enquadrados, já que este é o sindicato da atividade econômica fim da empresa; bem como os sindicatos de categorias diferenciadas, que devem EXPRESSAMENTE ANUNCIAR A SUA EXISTÊNCIA e convocar a empresa para participação em sua negociação coletiva, sob pena de suas normas NÃO SEREM APLICÁVEIS aos trabalhadores enquadrados em sua categoria. Neste sentido é a Súmula 374, do TST: As categorias são formadas por trabalhadores ou empregadores que exerçam atividade idêntica, similar ou conexa. Exercem atividades idênticas aqueles empregados ou empregadores que se prestem às mesmas atividades econômicas, ou que prestem serviços no mesmo setor da atividade econômica. A categoria de atividade similar reúne atividades parecidas, semelhantes entre si (hotéis e restaurantes); já a categoria de atividade conexas é integrada por atividades que se complementam, exercidas com o mesmo fim (construção civil). Conceitos de Liberdade Sindical: 1) “é o direito dos trabalhadores e empregadores de se organizarem e constituírem livremente as agremiações que desejarem, no número por eles idealizados, sem que sofram qualquer interferência ou intervenção do Estado, nem uns em relação aos outros, visando a promoção de seus interesses ou dos grupos que irão representar.” 2) “é o direito dos trabalhadores e empregadores de não sofrer interferências nem dos poderes públicos, nem de uns em relação aos outros, no processo de se organizarem, bem como o de promover interesses próprios ou dos grupos que pertençam.” A Convenção n. 87 da OIT (Organismo Internacional criado pelo tratado de Versalhes, destinado à realização da Justiça Social, composto por todos os países membros da ONU) protege o “direito à organização, sem interferências estranhas”, consagrando o princípio da liberdade de associação profissional ou sindical. Assegura algumas garantias básicas universais, como a seguir: a) direito de constituição ou de organização: trabalhadores e empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão direito a constituir, sem autorização prévia do Estado, organização de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, sob a única condição de observar os estatutos; b) direito de administração: as organizações de trabalhadores e empregadores terão o direito de elaborar seus estatutos e regulamentos administrativos, de eleger livremente seus representantes, organizando sua gestão e sua atividade e formulando programas de ação, inclusive no que diz respeito às federações e confederações; c) direito de não-intervenção do Estado: O Estado não poderá interferir ou intervir no sindicato, de maneira a impedir o exercício do direito sindical, não estando sujeitos a dissolução ou suspensão por via administrativa. O Estado não deve exercer controle, de modo arbitrário ou autoritário, sobre a atividade sindical, de maneira a dissolver ou suspender administrativamente as atividades de agremiação; d) direito de filiação: ninguém é obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato. Possui duas faces: positiva ou quanto ao direito de agremiação, com a possibilidade de aderir aos quadros respectivos, de coletar contribuições e participar das assembleias gerais; negativo ou na possibilidade de não aderir ou no de dele desligar-se. Cabe salientar que, o Brasil não ratificou a Convenção nº 87 da OIT, que dispõe sobre a liberdade sindical, porque esta prever a pluralidade sindical, enquanto que a nossa Constituição Federal manteve a unicidade sindical. No Brasil, a liberdade sindical é concebida em três dimensões: 1) Sindicalização Livre: - Conceito: é o direito de constituir sindicato, assim como o de nele associar-se, ou não (liberdade sindical positiva ou negativa). - A CF, art. 8º, II manteve a unicidade sindical, restringindo assim a criação de uma organização, em qualquer grau, representante da mesma categoria. - A CF, art. 8º, I impede a intervenção ou interferência estatal em entidade sindical, porém exige o seu registro (depósito) de criação do sindicato perante órgão competente. Logo, a lei não poderá exigir autorização estatal para a criação ou fundação de entidade sindical. - É obrigatória a participação do sindicato nas negociações coletiva como representante dos interesses da categoria profissional e econômica, considerando a base territorial de no mínimo a de um Município. 2) Autonomia Sindical ou liberdade sindical coletiva: - Conceito: indica a possibilidade de atuação não dos indivíduos singularmente, mas do grupo por ele organizado. Manifesta-se de várias formas: Tipo de organização: sindicatos de empresa; de categoria; de profissão, de âmbito municipal, estadual, nacional, etc. No Brasil, não existe a liberdade quanto à organização, pois é imposta a criação de sindicatos por categoria, profissional ou econômica, e em uma base territorial de no mínimo a de um município (CF, art. 8º, II). Liberdade de organização interna: a) redigir seus estatutos, sem condicionar a autorização do Estado, não existindo incompatibilidade a exigência de registro dos atos constitutivos desde que não implique em autorização para funcionamento; dispositivo de lei que dá a atribuição à assembleia geral o poder de decisão sobre a fusão com outros sindicatos; fixa quorum para decisões importantes; b) eleição de seus membros, sem interferência de qualquer pessoa, não existindo incompatibilidade a lei fixar quais são os órgão de um sindicato, assim como faz a lei brasileira. c) formulação de programas de ações, recomendando-se que sua atividade fique restrita às questões profissionais e econômicas, deixando de fora questões políticas. 3)Unicidade e Pluralidade Sindical: A Convenção 87 da OIT estabelece que os trabalhadores têm direito de constituir as organizações que julgarem convenientes, o que implica a possibilidade de constituírem tantos sindicatos quanto desejem, no âmbito de uma mesma profissão. Entretanto, nosso ordenamento jurídico, contrário à Convenção, adotou o critério da unidade sindical. Diante das exigências da unicidade sindical e criação de entidade sindical por categoria com representação em uma base territorial de no mínimo um município, conclui-se que entre nós não há liberdade sindical plena. O CONCEITO DE CATEGORIA Direito Coletivo do Trabalho: estuda as relações coletivas de trabalho, o Direito Sindical, além das relações coletivas de trabalho, estuda as organizações sindicais. O Direito Sindical, hoje, está contido no Direito Coletivo do Trabalho. Considera-se que o Direito Sindical é anterior ao Direito do Trabalho pois, nos primórdios das relações trabalhistas, os trabalhadores oprimidos se organizaram em sindicatos.Com a criação do conceito de categoria houve a pulverização das organizações sindicais. Os trabalhadores só poderiam integrar as entidades de sua categoria, o que foi realizado para evitar um conflito de grandes proporções. As entidades sindicais no direito coletivo, representam a coletividade como um todo. Que tipo de coletividade, quando signatária de um instrumento de ajuste coletivo. O artigo 8º em seu inciso III da Constituição cria a faculdade das referidas atribuições; “... III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas...”. Não pode o Estado intervir no sentido de impor formas coercitivas de sistemas de negociação, isso decorre dos princípios da autonomia e liberdade sindical. Tal inspiração ao Constituinte deriva do Estado que se pretendeu construir em 1988, um Estado onde a sociedade civil pudesse se organizar livremente, dentre essas formas de organização, encontram-se as organizações sindicais O Título V da CLT, mais precisamente no seu artigo 511, encontra-se a definição de categoria profissional e econômica, que expressam suas respectivas vontades através dos Sindicatos, importante alicerce do direito coletivo, pois são os signatários dos instrumentos negociais coletivos e atores principais do processo de construção do Contrato Coletivo. No parágrafo primeiro encontramos a definição de categoria econômica como sendo a expressão de solidariedade de interesses que os une. Interesses são afinidades, obviamente que essas derivam do empreendimento. A atividade empresária, quando comparada com outras e quando reunida em um conjunto, que produza bens e serviços que sejam afins, similares ou conexos, produz um vínculo social, este é o que identifica a categoria econômica. A afinidade de interesses não representa exclusivamente a dimensão em sua grandiosidade econômica, mas interesses afins. Bancos vendem dinheiro, grosseiramente falando, e considerando o dinheiro como uma mercadoria que possui um valor universal de troca, um banco gigantesco tem afinidades com uma cooperativa de crédito. Mas os interesses não são os mesmos, se comparado aos de um grande magazine. Assim, o interesse de uma indústria metalúrgica com outra, para que se possa identificar a expressão social que se traduz em categoria econômica. Portanto, o que é uma categoria econômica ? é a solidariedade de interesses, das afinidades. É um tipo de interesse que gera identidade de propósitos, dificuldades comuns na atividade realizada, ainda que em dimensões distintas, fundamentalmente a afinidade pelo que se exige de seus empregados. Se considerando que empreende no mesmo mercado, ou mercados similares ou conexos entre si, àquele que com ele se identifica; se tem sistemas, problemas similares aos processos respectivos, processos produtivos de bens ou serviços similares ou idênticos, estamos diante de uma categoria econômica. Quando encontrados tais elementos de semelhança pode-se supor que se trata da mesma categoria econômica. O conceito de categoria profissional, também presente na CLT, no segundo parágrafo do artigo 511, se apresenta como sendo a similitude de condições de vida e trabalho em comum em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Os empreendimentos, que compõem a atividade econômica precisam de empregados que possuam habilidades específicas. Portanto as condições e o trabalho, em si, se desenvolvem em absoluta identidade nos propósitos e formas, seja na execução, seja na elaboração anterior, seja em sua concepção. Se todas se desenvolvem em situação de emprego, a expressão social elementar que definimos como sendo categoria profissional emergirá. Como o trabalho em comum, em situação de emprego deve se dar na mesma atividade econômica, ou a ela similar ou conexa, em situação de emprego, a forma da expressão social que constituirá as representações sindicais de empregados é aquela que nasce no interior de uma atividade econômica é ela quem determina quais serão os sindicatos representativos de empregados. Pode-se afirmar, dessa forma, que a organização sindical das empresas determina a organização sindical dos empregados. Definidos tais parâmetros passamos para a organização sindical brasileira em sentido estrito. ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRA Sindicatos representam a voz e organicidade das categorias profissionais e econômicas O primeiro conceito a observar é o de base territorial. Consiste na área territorial de atuação do sindicato, a qual pode ser nacional, estadual, interestadual, municipal e intermunicipal. Vale ressaltar que a base territorial mínima, definida pela Constituição Federal, em virtude da adoção do princípio da Unicidade Sindical que consiste na proibição legal de mais de um sindicato da mesma categoria profissional ou econômica em uma mesma base territorial de qualquer grau, sendo que a área mínima tolerada é a de um munícipio. É a previsão constitucional: Art. 8° CF: É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; Em antagonismo ao preceito da unicidade, espelhado acima, existe a ideia da pluralidade sindical, a qual dá a liberdade da criação de sindicato aos trabalhadores, e não os obriga a constituírem mais de um sindicato (os trabalhadores criam os sindicatos onde, quando e se quiserem). Entretanto, a Unicidade é cláusula pétrea, segundo entendemos, passível de alteração apenas pelo poder constituinte originário. No mais prevalece a ampla liberdade e autonomia sindicais, sendo vedado ao poder público qualquer interferência seja para admitir a existência deste ou daquele sindicato, seja para determinar sua forma de organização. Os Sindicatos apenas devem obediência, em seus estatutos, as previsões do Código Civil, válidas para a constituição de qualquer pessoa Jurídica, como também devem registrar seus atos constitutivos com a delimitação da base territorial e categoria ou categorias representadas. Assim, além da aquisição do respectivo registro em Cartório, que lhe dá personalidade jurídica, os sindicatos devem levar a registro no Ministério do Trabalho, seus atos constitutivos para a preservação de sua personalidade sindical. É o que entende o Supremo Tribunal Federal, entendimento este expresso na Súmula 677: Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade. Fixadas as premissas iniciais, a organização sindical aindase estrutura em Federações, Confederações, Centrais Sindicais(quando representativas de Categorias Profissionais). Tal sistema não hierarquiza, sobretudo trata-se de um sistema de coordenação, onde o ente supostamente superior realiza as funções do supostamente inferior apenas em situações de absoluta inexistência. A Confederação corresponde a entidade de 3º grau ou entidade de cúpula. Formada pela união de 3 ou mais federações. Existe para oferecer uma coordenação nacional para as categorias profissionais e econômicas. Entenda-se que coordenar não significa subordinar, o que aliás é vedado pela Constituição. A Federação, entidade de 2º grau ou ente intermediário, é formada pela união de 5 ou mais sindicatos da mesma categoria. Necessariamente não é estadual, pode ser interestadual. Os Sindicato são as entidades de base ou de 1º grau, apenas eles representam a categoria profissional ou econômica e são eles os responsáveis pela celebração de ajustes coletivos, substituição processual da categoria(art. 8º, III, da CF), propositura de dissídios e lides coletivas. Estas atribuições podem ser delegadas as Federações e Confederações, desde que a categoria, representada por um sindicato de Base, assim delibere. A delegação se dá através de procuração e ata que aprovou a procuração. Anteriormente a Constituição de 1988, os sindicatos, como dito acima, necessitavam de autorização expressa nas chamadas Cartas Sindicais para o seu funcionamento. Hoje isso não mais persiste. Apenas o Poder Judiciário pode determinar o não funcionamento de uma entidade sindical. As únicas hipóteses são o desmembramento territorial e o desmembramento de categoria ou dissociação. Territorial é simples. Suponha que um grupo de empregados, de um município, representados por uma entidade sindical que represente empregados em vários municípios, resolva construir um sindicato nesta Cidade. Poderá ocorrer o desmembramento territorial e a fundação de um novo Sindicato. Tal desmembramento também pode acontecer nos casos de representação de diversas categorias em um mesmo Sindicato. Se isso ocorrer, é possível, a se examinar o caso, o desmembramento e a fundação de um sindicato de categoria específica. Evidentemente que sindicatos que representam simultaneamente categorias econômicas e profissionais, não podem existir. Sindicato representa apenas uma categoria, é vedado o ecletismo sindical. As Centrais Sindicais foram introduzidas no sistema sindical, através da Lei n° 11.648 de 31 de março de 2008. Tal texto dispôs sobre o registro de uma Central Sindical e suas atribuições. A central sindical é definida legalmente como entidade de representação geral dos trabalhadores, constituída em âmbito nacional, possuindo as atribuições e prerrogativas de coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais a ela filiadas; e participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores. Para se concluir este tópico, uma última análise do artigo 8º do Texto Constitucional: Art. 8°: É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - e vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. O caput além de democrático, consagrando o princípio da liberdade sindical, é complementado pelo primeiro inciso que além de reforçar a liberdade, também assinala a autonomia da organizações sindicais em relação ao Estado. No inciso II, encontramos o princípio da unicidade sindical. Já tratado anteriormente. No inciso III encontra-se a expressão das finalidades constitucionais dos sindicatos. Aqui se verifica a real extensão e deveres que a organização sindical assume. Os demais, afora o VIII são de fácil verificação, a temática das contribuições receberá um tópico específico. Aqui, no VIII, se fornece uma garantia fundamental ao exercício da atividade sindical, estabelece a estabilidade do dirigente sindical, a qual serve para resguardar a atuação do dirigente, para que ele atue sem ameaças. A estabilidade busca proteger a ação sindical. Tal estabilidade começa no momento da inscrição da chapa para concorrer à eleição do sindicato e seu término pode se dar em 2 momentos: se a chapa perdeu a eleição ou na hipótese de se vencer a eleição, um ano após o término do mandato. Importante entender que a estabilidade é uma garantia da categoria, não do dirigente, é a categoria quem dela se beneficia. De outra sorte, é sempre provisória, pois dependente do exercício do mandato. A Constituição assegura um tempo superior, mais um ano, para que se dissipe a atuação sindical e o antigo dirigente retorne a condição de empregado. Obviamente que isso apresenta certas dificuldades, notadamente quanto a eventuais incompatibilidades que surjam durante a intervenção do dirigente. Compete a sociedade, aos empregados e empregadores, exercitarem com maturidade tais direitos, compreendendo que o Estado Democrático se constrói no cotidiano de nossas divergências e que é possível a vida social na convivência com nossas diferenças. DO CUSTEIO DAS ENTIDADES SINDICAIS E OUTRAS FUNÇÕES SOCIAIS E CONSTITUCIONAIS As contribuições devidas aos sindicatos A entidade sindical deve definir a forma de custeio, posto que está descartada a intervenção e ingerência estatal na forma da Constituição Federal, “Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; Deve ser esclarecido que, internacionalmente, a OIT, tem posicionamento que vai de encontro com o artigo 8º da Constituição Federal e contrário a decisão do STF. Entende a Organização Internacional do Trabalho que: As disposições referentes à administração financeira das organizações de trabalhadores não devem ser de natureza que as autoridades públicas possam ter faculdades arbitrárias sobre elas. O posicionamento expresso pelos Tribunais brasileiros é diferente. Tal posicionamento será tratado a frente. Fato é que temos uma entidade de direito privado, desempenhando atribuições públicas não estatais, que necessita custear suas despesas para que possa cumprir seus deveres legais. Inicialmente, existe a contribuição sindical, acerca da qual não restava a menor dúvida quanto asua obrigatoriedade. Tal situação foi alterada com o advento da Lei da reforma trabalhista. Em regra, o valor arrecadado com a contribuição sindical, para a representação profissional, é de um dia de trabalho para todos os empregados, ou, em se tratando de representação de categoria econômica, um certo percentual sobre o capital social da empresa, estabelecido em lei, ambos na forma do artigo 580 da CLT. Em apertada síntese, se pode afirmar que a única contribuição obrigatória para toda a categoria, no presente momento, é a contribuição sindical. As outras, serão instituídas apenas aos associados. Isso para qualquer modalidade de organizações sindicais, sejam as representativas de categoria econômica ou profissional. A contribuição sindical serve ao custeio do sistema sindical, e tinha por sua natureza carater compulsório. A repartição da contribuição dar-se-á da seguinte forma: Conforme estabelece a Lei 11.648, de 31/03/2008, assim é a distribuição: I – para os trabalhadores: a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente; b) 10% (dez por cento) para a central sindical; c) 15% (quinze por cento) para a federação; d) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e e) 10% (dez por cento) para a ‘Conta Especial Emprego e Salário’; II – para os empregadores: a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente; b) 15% (quinze por cento) para a federação; c) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e d) 20% (vinte por cento) para a ‘Conta Especial Emprego e Salário’; Alguns desses encargos se apresentam enquanto obrigações legais, na forma da lei. O fornecimento de assessoria jurídica é um desses exemplos, a atribuição negocial, outro. Percebe- se uma inversão na pirâmide de representação, afinal as entidade superiores aqui mencionadas acabam por abocanhar uma parcela alta da contribuição, exemplificando, uma central sindical fica com 10% de todas as contribuições sindicais de categorias representadas por sindicatos a ela associados. Antes da Reforma Trabalhista, o desconto da contribuição sindical em folha de pagamento (1 dia de salário) pela empresa era obrigatório para todos os empregados no mês de março de cada ano, sindicalizados ou não, sem direito a oposição e ponto final. Feito o desconto, a empresa recolhia o valor total para o respectivo sindicato da categoria. A Lei n° 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) alterou o art. 582 da CLT condicionando este desconto a uma autorização prévia e expressa do empregado, conforme demonstrado abaixo: Texto anterior à reforma trabalhista: Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar, da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano, a contribuição sindical por estes devida aos respectivos sindicatos. Novo texto alterado pela reforma: Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos. (Nova Redação dada pela Lei 13.467/2017). Da mesma forma, a Lei da Reforma Trabalhista deu nova redação ao art. 545 da CLT: Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados. Diante da não obrigatoriedade do desconto por parte das empresas, os sindicatos representativos ingressaram com milhares de ações judiciais (com pedidos liminares) exigindo que as empresas descontassem e depositassem o valor da contribuição sindical ao respectivo sindicato representativo, alegando que a lei da reforma era inconstitucional, sob o fundamento de que a contribuição é um tributo e que sua não obrigatoriedade só poderia ocorrer por meio de lei complementar e não por lei ordinária. No entanto, o STF dirimiu a insegurança jurídica com relação ao tema e entendeu pela constitucionalidade das alterações que tornaram facultativa a contribuição sindical. A decisão foi tomada durante o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.794 – ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (Conttmaf) em 16 de outubro de 2017 –, da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 55 e de outras dezoito ADIs com o mesmo objeto. https://www.guiatrabalhista.com.br/guia/folha_pagamento.htm https://www.guiatrabalhista.com.br/guia/contr_sindical_empregados.htm https://www.guiatrabalhista.com.br/guia/folha_pagamento.htm https://www.guiatrabalhista.com.br/guia/contr_sindical_empregados.htm https://www.guiatrabalhista.com.br/guia/contr_sindical_empregados.htm Outra contribuição existente é a mensalidade cobrada dos associados, denominada de contribuição associativa. Trata-se de contribuição paga mensalmente pelos que se associam voluntariamente e passam a fazer parte da vida das entidades sindicais, seja nas assembleias, benefícios em convênios mantidos para os associados, ser votados e votarem para a direção sindical. A aparente disjuntiva por ventura existente entre sócios e categoria profissional, não representa um grande problema interpretativo, quando a matéria for afeta a associação, tipo adquirir uma sede nova, comprar um carro, dentre outros, os sócios devem ser convocados. Quando se está diante de um processo de negociação coletiva, aí então, toda a categoria, o mesmo, para o ajuizamento de ação civil pública com o objetivo de compelir empresa a fornecer meio ambiente de trabalho seguro de igual forma toda a categoria será convocada.. Presentes ainda estão, a contribuição confederativa, cujo objetivo é o custeio do sistema confederativo - do qual fazem parte os sindicatos, federações e confederações, tanto da categoria profissional como da econômica - é fixada em assembleia geral. Tem como fundamento legal o art. 8º, IV, da Constituição. Após marchas e contramarchas, o Supremo Tribunal Federal cria a súmula vinculante nº 40 que expressamente assinala: “A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.” Em se tratando de súmula vinculante, evidente sua incidência sobre todas as discussões judiciais ou administrativas. Assim, só pode ser exigida dos sócios da entidade sindical. Os não sócios pagam se assim o desejar, como contribuições voluntárias. Se imagina, do ponto de vista do custeio das entidades sindicais brasileiras, que a contribuição para o sistema confederativo, ou simplesmente contribuição confederativa, está com os dias contados. Isso porque nenhum sindicato, de categoria econômica ou profissional, instituirá um aglomerado de contribuições aos sócios, sob pena de perdê-los. A contribuição assistencial é prevista na alínea "e", do art. 513, da CLT. É aprovada pela assembleia geral da categoria, fixada em convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa e é devida quando da vigência de tais normas, porque sua cobrança está relacionada com o exercício do poder de representação da entidade sindical no processo de negociação coletiva. Verdadeiramente, custeia esse processo e cria uma reserva. Todavia, embora só contribuam com uma parcela do valor arrecadado pelo sindicato, beneficiam- se de todas as garantias asseguradas pela norma coletiva, o que cria uma situação inusitada de benefício sem contrapartida, o que significa uma situação contraditória acerca das organizações https://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/clt.htm sindicais, sejam de empregadores ou de empregados. Isso também porque vige a Unicidade Sindical, enquanto princípio de organização da estrutura sindical brasileira. O Supremo Tribunal Federal confirmou a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho que veda o desconto da contribuição assistencial de trabalhadores não filiados ao sindicato. A decisão foi tomada noRecurso Extraordinário com Agravo (ARE 1018459), interposto contra decisão da Justiça do Trabalho que, em ação civil pública, determinou que o Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba (PR) se abstivesse de instituir, em acordos ou convenções coletivas, contribuições obrigando trabalhadores não sindicalizados, fixando multa em caso de descumprimento. O entendimento, adotado em recurso com repercussão geral reconhecida, deve ser aplicado a todos os demais processos que tratem da mesma matéria. Também em função da decisão, os recursos extraordinários que se encontravam sobrestados no TST à espera da definição do chamado leading case pelo STF terão sua tramitação retomada. A decisão robustece o precedente normativo do TST, de nº 119, cujo teor é o seguinte: Contribuições sindicais - inobservância de preceitos constitucionais - Nova redação dada pela SDC em Sessão de 02.06.1998 - homologação Res. 82/1998 - DJ 20.08.1998 "A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados." Atribuições sindicais O sindicato tem numerosas e amplas atribuições. Dentre as atribuições dos sindicatos temos três modalidades específicas: As de representação negocial; econômica e assistencial do sindicato. a) A Função de representação é assegurada na alínea a do art. 513 da CLT, em que se verifica a prerrogativa do sindicato de representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses da categoria ou os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida. Outras prerrogativas são conferidas aos sindicatos nas alíneas b, c, d, e, que completam o artigo retro. b) A Função negocial é a que se observa na prática das convenções e acordos coletivos de trabalho. O sindicato participa das negociações coletivas que irão culminar com a concretização de normas coletivas (acordos ou convenções coletivas de trabalho) a serem aplicadas à categoria. c) A Função política compreende o dever do sindicato na participação da vida social da região onde atua. O sindicato deve representar a categoria, participar dos conselhos locais; interagir com os debates que antecedem a fixação do plano diretor urbano; participar das sessões do legislativo, enfim, se fazer presente onde assuntos de interesse da categoria representada possa intervir e se beneficiar com sua intervenção. Além disso deve interagir com outras categorias. É verdade que o art. 521, d, da CLT mostra a proibição de o sindicato exercer qualquer das atividades não compreendidas nas finalidades elencadas no Capítulo I, Titulo V da CLT, em especial aquelas na ordem político-partidárias mesmo que de cessão gratuita, ocorre que sua interpretação deve ser compatível com o texto constitucional e os princípios por ele edificados. d) A Função assistencial que mostra o dever do sindicato de, nos termos do art. 514 e alíneas, manter assistência judiciária aos associados, independentemente do salário que recebam; de manter em seu quadro de pessoal, em convênios com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente social com as atribuições especificas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na classe; promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito; fundar e manter escolas de alfabetização e pré- vocacionais, promover os direitos sociais gerais, não apenas os específicos .
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