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Direito Civil (FICHAMENTO ATOS UNILATERAIS E CONTRATOS BANCÁRIOS)

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FICHAMENTO: ATOS UNILATERAIS E CONTRATOS BANCÁRIOS.
ATOS UNILATERAIS
Os atos unilaterais, assim como os contratos e os atos ilícitos, constituem fontes de obrigações. Como o termo já sugere, resultam da manifestação de vontade de uma pessoa. O Código disciplina os seguintes assuntos:
Promessa de recompensa (artigos 854 a 860 do Código Civil); 
Gestão de negócios (artigos 861 a 875 do Código Civil);
Pagamento indevido (artigos 876 a 883 do Código Civil);
Enriquecimento sem causa (artigos 884 a 886 do Código Civil).
PROMESSA DE RECOMPENSA
Dentre as possibilidades de atos unilaterais, está a promessa de recompensa, enunciada pelo artigo 854 do Código Civil. Refere-se à promessa, através de anúncios públicos, de recompensar ou gratificar aquele que preencher determinada condição ou desempenhe certo serviço. Assim, o anunciante se compromete a cumprir com o prometido, ainda que a pessoa que cumpra a condição ou desempenhe a tarefa merecedora da recompensa não o faça movida pelo interesse da promessa, podendo ela exigir do primeiro o prêmio devido.
A promessa poderá ser revogada, caso feita com a mesma publicidade e antes da concretização da condição ou prestação do serviço. Se a promessa foi feita com prazo determinado para fazer jus à recompensa, ter-se-á a renúncia ao direito de revogação na vigência desse prazo.
Todavia, mesmo que tenha sido revogada a promessa, se uma pessoa de boa-fé teve despesas, terá direito ao reembolso dos valores gastos. E, tendo o candidato realizado a condição ou prestado o serviço sem saber da revogação, pela valoração da boa-fé, deverá receber a recompensa, conforme pensamento doutrinário.
Entram nesses casos os concursos de mérito, quando um sujeito de direito privado se dispõe a premiar alguém em função de um trabalho. Para serem válidos, devem ser estabelecidos com prazo, dessa forma, irrevogáveis. Também são enquadrados como promessa de recompensa os concursos promocionais, como os vales-brindes e sorteios. Só podem ser realizados com autorização prévia (Lei nº 5.768/71) para um melhor controle da arrecadação de tributos.
GESTÃO DE NEGÓCIOS
Outro ato unilateral contemplado pelo Código Civil é a gestão de negócios, na qual há prática de atos por uma pessoa em nome de outra sem o investimento de poderes. A pessoa atua sem que tenha recebido a incumbência de forma expressa. O gestor, dessa forma, fica diretamente responsável perante o dono do negócio e terceiros contratados. Essa gestão não tem natureza contratual, podendo ser provada por qualquer modo, por se tratar de negócio jurídico informal.
O gestor, todavia, não tem direito a qualquer remuneração e deve agir conforme a vontade presumível do dono do negócio, sob pena de responsabilização civil. Se a gestão for iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do dono, o gestor responderá, ainda, por caso fortuito e força maior, conforme preconizado pelo Código Civil. Em seus atos, o gestor responde subjetivamente, porém, se contratado terceiro para agir em seu lugar, a responsabilidade será objetiva.
PAGAMENTO INDEVIDO
Quem recebe o que não lhe cabe é obrigado a restituir, obrigação também cabível a quem recebe dívida condicional antes que a condição seja cumprida. É o estabelecido pelo Código Civil, tratando o pagamento indevido como fonte obrigacional. Poderá ser o pagamento objetivamente indevido – quando a dívida paga não existe ou o pagamento não foi justo – e o pagamento subjetivamente indevido – quando feito à pessoa errada.
Quem paga indevidamente pode, então, pedir restituição a quem recebeu, contanto que prove que o valor pago foi indevido. Caso advenham frutos e benfeitorias desse pagamento indevido – como o recebimento de um imóvel – aquele que recebeu a quantia de boa-fé, terá direito a esses frutos. Se o pagamento foi recebido de má-fé, não terá direito aos frutos.
A boa-fé contará também, se houver o devedor alienado o imóvel a título oneroso para terceiro. Se a alienação foi feita de boa-fé, responderá apenas pela quantia recebida, enquanto, no caso de má-fé, deverá responder pelo valor da coisa alienada e por perdas e danos.
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
Por fim, o enriquecimento sem causa é vedado pelo Código Civil de 2002, diferentemente do antigo código. Assim, quem, sem justa causa, auferir vantagem patrimonial à custa de outra pessoa, deverá, a depender do caso, restituir o bem, partilhar os lucros ou compor os prejuízos que causou.
Classicamente, para haver o enriquecimento sem causa, deverá haver o enriquecimento do accipiens (o que recebe), o empobrecimento do solvens (o que paga), relação de causalidade entre o enriquecimento e o empobrecimento e a inexistência de causa jurídica prevista por convenção das partes ou pela lei. Porém, a doutrina tem entendido que não há necessariamente o empobrecimento do solvens, como o uso de um imóvel pelo accipiens que não seria utilizado pelo dono. Há o enriquecimento sem haver empobrecimento.
Ressalte-se, ainda, que enriquecimento sem causa não é o mesmo que enriquecimento ilícito. Para o primeiro, falta uma causa jurídica para o enriquecimento, enquanto o segundo está fundado em causa ilícita. Pode-se afirmar que todo enriquecimento ilícito é sem causa, mas nem todo enriquecimento sem causa é ilícito.
CONTRATOS BANCÁRIOS
Por atividade bancária entende-se, juridicamente, a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros em moeda nacional ou estrangeira. Este conceito, que se conclui da definição legal de instituições financeiras (LRB, art.17), abarca uma gama considerável de operações econômicas, ligadas direta ou indiretamente à concessão, circulação ou administração do crédito. Estabelecendo-se um paralelo com a atividade industrial, poder-se-ia dizer que a matéria-prima do banco e o produto por ele oferecido ao mercado é o crédito. O conceito de atividade bancária apresenta algumas dificuldades na sua aplicação a situações-limite, o que tem gerado dúvidas quanto à natureza bancária de determinados contratos. Para se exercer atividade bancária, é necessária a autorização governamental. O órgão competente para expedi-la é o Banco Central do Brasil, autarquia da União integrante do Sistema Financeiro Nacional, a quem a lei atribuiu, entre outras, as funções de emitir a moeda, executar os serviços do meio circulante, controlar o capital estrangeiro e realizar as operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras. Para os estrangeiros, a autorização é dada por decreto do Presidente da República. A lei estabelece pena de reclusão de um a quatro anos para o exercício de atividade bancária sem autorização (Lei n. 7.492/86, art.16).
As instituições financeiras adotam sempre a forma de uma sociedade anônima. A sua administração, no entanto, submete-se a regras específicas e é controlada pelo Banco Central. Esse controle compreende, entre outros mecanismos, a aprovação do nome dos administradores eleitos pelos órgãos societários, a fiscalização das operações realizadas, a autorização para a alienação do controle acionário ou para a transformação, fusão, cisão ou incorporação, bem como a decretação do regime de administração especial temporária, intervenção ou liquidação extrajudicial, se presentes os seus pressupostos.
Contratos bancários são aqueles em que uma das partes é, necessariamente, um banco. Isto é, se a função econômica do contrato está relacionada ao exercício da atividade bancária, ou seja, se o contrato configura ato de coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, então somente uma instituição financeira devidamente autorizada pelo governo poderá praticá-lo. Neste caso, o contrato será definido como bancário.
 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS BANCÁRIOS
As operações bancárias são costumeiramente divididas pela doutrina em típicas e atípicas. São típicas as relacionadas com o crédito e atípicas as prestações de serviços acessórios aos clientes, como a locação de cofres ou a custódia de valores. As operações típicas, por sua vez, se subdividem em passivas (em queo banco assume a posição de devedor da obrigação principal) e ativas (em que o banco assume a posição de credor da obrigação principal). Os contratos típicos (de crédito) podem ser classificados em públicos ou privados. 
Duas espécies de obrigações costumam permear os contratos dos bancos múltiplos: de dar e de fazer. Os contratos típicos, isto é, de crédito, armam-se em estabelecer obrigações de dar dinheiro (moeda). Já os contratos atípicos, isto é, de mera prestação de serviços, contêm obrigação de fazer que vinculasse o banco. E nos contratos mistos, que envolvem créditos e serviços, como intermediação bancária no pagamento (pagamento e cobrança), intermediação bancária na emissão e venda de valores mobiliários, e no crédito documentário, assume o banco obrigações de fazer (prestação de serviço no recebimento e/ou pagamento de terceiro), as quais têm inerentes obrigações de dar, sendo a obrigação primeira e principal a de fazer.
Características dos contratos bancários
Principais características do contrato bancário são as seguintes:
Comutatividade, formais e sigilosos, ser instrumento de crédito, submete-se a um sistema rígido de contabilidade, tem complexidade estrutural, tem caráter profissional e comercial, é informal, massa, recebe interpretação específica.
Instrumento de Crédito
O contrato bancário é instrumento de operação de crédito. O contrato bancário, em sua grande maioria, é de crédito, e daí assume várias outras características, decorrentes desta, 1) envolve confiança, pois de um lado o banco averigua a vida do cliente, e de outro deve haver rígido controle do Poder Público sobre a instituição financeira, vindo esta a inspirar a confiança da coletividade; 2) envolve prazo, que é o tempo que medeia prestação e contraprestação (esta é diferida, e não imediata); 3) envolve juro ou interesse, que é o preço de cada unidade de tempo em que se dilata o pagamento de um crédito; 4) envolve risco, inseparável da operação de crédito, seja risco particular (relativo a uma pessoa ou operação), geral (relativo a acontecimentos gerais que envolvem toda a nação ou até várias nações) ou corporativo ou profissional (relativo a um setor, uma classe ou uma profissão qualquer);
Rígida Contabilidade
     O contrato bancário exige rígida contabilidade. Todos os contratos bancários, em função de em sua maioria lidarem com o crédito, são contabilizados rigorosamente, o que permite o controle da atividade bancária. A rígida contabilidade caracteriza a contabilização de todos os valores que entram e saem do banco, com a escrituração, de modo a não permitir margem de dúvidas quanto ao seu montante, vencimento, encargos inerentes e extinção de uma dívida.
Os assentos de contabilidade são anotações que permitem comprovação imediata da operação realizada, porque os contratos bancários não podem ficar restritos aos esquemas seguidos nas matérias civis e comerciais. Essas anotações possuem valor probatório indiscutível, dada a minuciosa contabilidade bancária e a provável imparcialidade.
Algumas Jurisprudências Sumuladas pelo STJ
Súmula 288 - A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indedador de correção monetária nos contratos bancários. (Obs. - “Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP foi instituída pela Medida Provisória nº 684, de 31.10.94, publicada no Diário Oficial da União em 03.11.94, sendo definida como o custo básico dos financiamentos concedidos pelo BNDES. Posteriores alterações ocorreram através das Medida Provisória nº 1.790, de 29.12.98 e da Medida Provisória nº 1.921, de 30.09.99, convertida na lei nº 10.183 de 12.02.2001. A Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP tem período de vigência de um trimestre-calendário e é calculada a partir dos seguintes parâmetros:
I - meta de inflação calculada pro rata para os doze meses seguintes ao primeiro mês de vigência da taxa, inclusive, baseada nas metas anuais fixadas pelo Conselho Monetário Nacional;
II - prêmio de risco. A TJLP é fixada pelo Conselho Monetário Nacional e divulgada até o último dia útil do trimestre imediatamente anterior ao de sua vigência. Em moedas contratuais, a TJLP, expressa em percentual ao ano, tem o código 311”). (Obs. Fundamentação da súmula: A TJLP possui as mesmas características da TR não sendo possível vedar a sua cobrança quando pactuada - Resp 337.957. Os princípios informadores da TR e da TJLP são, basicamente, os mesmos).
Súmula 287 - A Taxa Básica Financeira (TBF) nãopode ser utilizada como indexador de correção monetária nos contratos bancários. (OBS. T B F - “Sigla para Taxa Básica Financeira. Criada pelo Banco Central em junho/95 com o objetivo de alongar o perfil das aplicações em títulos com uma taxa de juros de remuneração superior à TR - Taxa Referencial. A TBF é utilizada exclusivamente como base de remuneração de operações realizadas no mercado financeiro, de prazo de duração igual ou superior a 60 dias. Sua metodologia de cálculo é idêntica à da TR, com a diferença fundamental de que não se aplica nela o redutor. Está baseada na amostra estatística das 30 maiores instituições financeiras escolhida em função do volume de captação de depósitos a prazo (Certificados de Depósitos Bancários - CDB e Recibos de Depósitos Bancários - RDB prefixados com prazos variando de 30 a 35 dias). Diariamente, para cada uma das instituições financeiras da Amostra, é calculada a Taxa média ponderada em valor da seguinte forma: - Multiplica-se a taxa de cada CDB/RDB emitido pelo seu valor de emissão;  - Soma-se todos os produtos anteriormente obtidos; - Divide-se o resultado pela soma de todos os valores de emissão; e  - O resultado é a taxa média ponderada em valor dos depósitos a prazo da instituição. Para compor uma amostra final mais ajustada do ponto de vista estatístico, do conjunto das 30 instituições da amostra inicial acima referida, o BACEN retira as duas instituições cm as menores taxas médias ponderadas e as duas maiores taxas. Assim, a TBF é uma taxa diária representativa da média ponderada em valor, ajustada, dos CDB/RDB emitidos pelas instituições mais ativas do mercado financeiro do país. A base de cálculo é o dia de referência, sendo calculada no dia útil imediatamente posterior. O prazo mínimo das operações ativas e passivas do mercado financeiro com remuneração pela TBF foi fixado a partir de 01/08/99, como sendo de 2 meses. Legislação básica: Medida Provisória 1053, de 30/06/95; Resoluções CMN 2171 e 2172, de 30/06/95 e 2437, de 30/10/97; Circulares do BACEN 2587, de 30/06/95 e 2588, de 05/07/95”) .
Súmula 286 - A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
Súmula 285 - Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa nele prevista.
Súmula 295 - A Taxa Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91, desde que pactuada.
Súmula 296 - O juro remuneratório não cumulava com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado.
Súmula 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições Financeiras.
Súmula 298 - O alongamento de dívida originada de crédito rural não constitui faculdade da instituição financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei.
Súmula 299 - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
Súmula 300 - O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito constitui título executivo extrajudicial.
Súmula 322 - Para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta corrente, não se exige a prova do erro.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a vontade seja essencial para a existência de um contrato bancário, outros princípios devem ser rigorosamente satisfeitos para a legitimidade do pacto. Aludidos princípios, que coexistem juntamente com o da autonomia da vontade, estão presentes no Código de Defesa do Consumidore no Código Civil, regendo os negócios jurídicos bancários seja nas relações de consumo, seja nas relações civis e/ou comerciais.
Já o princípio da transparência traz inúmeros deveres a serem observados pelo banco. Este deverá informar seus serviços no mercado de consumo com clareza e correção, bem como deverá ser leal à sua oferta e ao contrato. A instituição financeira não pode valer-se meramente do princípio da autonomia da vontade, uma vez que este está orientado pelo princípio da transparência, que conclama todos os deveres a que a vontade está sujeita. Sob o primado desse princípio, a oferta feita pela instituição financeira integrará o conteúdo do contrato, mesmo que este não o faça, não podendo o banco socorrer-se da mera vontade contida no instrumento. Ademais, a publicidade não pode ser enganosa ou abusiva. Ainda, caso o cliente não tenha tido conhecimento prévio das cláusulas contratuais, estas não o obrigarão, mesmo que ele tenha firmado o contrato, já que houve violação ao dever de informar, que é inerente ao princípio da transparência. E, também, se as cláusulas forem obscuras, de difícil compreensão, a mesma sorte terá o negócio: não obrigará o tomador de serviços, pois, embora tenha havido um mínimo de vontade, esta foi viciada pelo desrespeito ao princípio da transparência. Já pelo princípio da confiança, o banco deve prestar um serviço de qualidade, consumando as legítimas expectativas que foram geradas no tomador de serviços. O serviço bancário deve atingir a finalidade que dele razoavelmente se espera, deve obedecer às exigências regulamentares e deve ser igual às condições previstas na oferta ou mensagem publicitária. Quaisquer cláusulas contratuais que firam essas exigências, consolidadas no princípio da confiança, são nulas.
Se o serviço prestado não for de qualidade, o tomador de serviços pode exigir a ré execução dos serviços, sem custo adicional; ou o ressarcimento da quantia paga monetariamente atualizada, com as eventuais perdas e danos; ou a diminuição proporcional do preço, de acordo com o vício demonstrado. Ademais, o cliente pode pedir a execução dos serviços indicados na oferta ou mensagem publicitária. Todas as cláusulas que visem a subtrair esses direitos dos consumidores serão nulas, não se podendo invocar o princípio da autonomia da vontade para conferir-lhes legalidade. Pelo princípio da equidade, o contrato bancário deve conter apenas cláusulas que estabeleçam obrigações equivalentes, sendo vedadas as prestações desproporcionais, ainda que pactuadas, já que tal princípio não admite revogação pela mera vontade das partes.
Ainda pelo princípio da equidade, as cláusulas contratuais serão interpretadas de modo mais favorável ao tomador de serviços bancários. Por fim, mesmo que as cláusulas contratuais desproporcionadas tenham sido redigidas de maneira inconsciente pelo banco, as mesmas deverão sujeitar-se à revisão judicial, já que o princípio da equidade é cogente, não admitindo convenção que lhe seja contrário. De outra vista, o Código Civil também trouxe deveres semelhantes aos já consolidados no Código de Defesa do Consumidor. Assim, positivou-se naquele código a função social dos contratos, a probidade e boa-fé, bem como a interpretação mais favorável ao tomador de serviços bancários. Nesse norte, sendo certo que a autonomia da vontade tem aptidão para gerar um contrato, o qual obrigará, em regra, as partes, não menos certo é o seu exercício em razão e nos limites da função social do contrato, o que é uma norma de ordem pública e de interesse social, conforme preleciona o artigo 2.035, parágrafo único, do Código Civil.
E também no Código Civil a vontade do banco, a qual se manifesta quase que de maneira unilateral, é orientada pelo princípio da boa-fé, o qual age desde o nascimento do negócio jurídico até o seu fim, sendo que o referido princípio está intrinsecamente ligado ao dever de probidade, já que uma conduta de boa-fé é uma conduta proba, honesta e leal. A vontade que não se harmonize com a boa-fé é inválida. Na interpretação do contrato bancário, o magistrado deverá analisar se as cláusulas contratuais compatibilizam-se com o princípio da boa-fé. Não havendo a aludida compatibilização, o magistrado deverá invalidar as cláusulas maculadas, não tendo a simples manifestação de vontade a aptidão para legalizá-las.

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