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Aula Teórica 5, 6 e 7 Animais selvagens

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Medicina de Animais Silvestres – Aula Teórica 5 
Professor Daniel Balthazar 
14.09.2016 
Michelle Lussac 
CLÍNICA DE RÉPTEIS – Manejo Clínico 
Contenção Física 
 Serpentes 
Dependendo da serpente pode ser arriscado. Dependendo do tamanho pode precisar de 2 pessoas (jiboia, sucuri, 
píton). 
 
Tentar ao máximo não colocar a mão na serpente, uso de ganchos para manejar a serpente à distância: 
Suspender o animal pelo terço anterior do corpo, pois pegando pelo terço inferior tem maior chance dela se livrar do 
gancho ou subir nele. Raramente a serpente vai se jogar do gancho, mas dependendo da espécie pode ser muito 
agitada (corn snake) e acabam se jogando do gancho então não se usa gancho com elas. 
Além de suspender pelo terço superior segura a calda, ou em cobras grandes não precisa segurar a cauda. Algumas 
serpentes tem habilidade de andar sobre galhos de árvores, então ela pode subir pelo gancho, se isso acontecer o 
ideal seria ter um gancho menor mas se ela subir deve-se largar o gancho no chão porque ela vai sair do gancho, elas 
geralmente não são muito rápidas. 
Os ganchos tem que ser longos suficiente para evitar o contato da serpente com a pessoa. 
Tem ganchos determinados para cada tamanho da serpente. 
 
Uma serpente de 1m consegue dar um bote de pelo menos 30cm – ou seja, a serpente consegue dar bote de um 
terço do corpo dela. 
 
Pode pegar imobilizando a cabeça da serpente e pegar com as mãos: 
Segurando o ponto entre crânio e mandíbula fazendo pressão lateral, para ela não conseguir girar a cabeça (pode ser 
que ela consiga ainda). Em caso de serpente peçonhenta pode ter compressão da glândula de veneno fazendo com 
que fique uma gota de veneno nos dentes peçonhentos no momento da contenção lateral. 
 
Com cobras peçonhentas sempre ter mais de 1 pessoa caso precise de contenção física sem gancho, diretamente 
com a mão porque ela pode fazer o giro. Tem formas de manejo com animais peçonhentos sem precisa pegar com a 
mão. 
 
Obs: osso quadrado – une maxila ao crânio. No momento da contenção com pressão lateral não consegue fechar a 
boca. Não tem fissura mandibular fundida. Ossos mandibulares não tem ligação com o crânio para poder abrirem 
bem a boca no momento da caça. 
 
Uso de tubos de diferentes diâmetros: 
Tem como objetivo encaixar a cabeça da cobra dentro sem que ela consiga fazer a volta dentro do tubo. Devem ser 
transparentes para ver a serpente lá dentro o tempo inteiro. Para colocá-la lá dentro tem que ter paciência. Vai 
colocar a serpente no chão, coloca o tubo na cara dela, encaixa o tubo na cabeça dela ativamente e a partir do 
momento que encaixar vai tocando ela com o gancho no terço final do corpo. Ao entrar vai segurar a serpente e o 
tubo pelo terço posterior do corpo do animal porque elas podem sair de ré. A partir daí tem acesso a cavidade oral, 
por exemplo deixando ela chegar com a cabeça até o final do tubo. Se ela entrar no tubo com curvaturas no corpo 
ela pode conseguir colocar a cabeça para fora do tubo, então certificar-se de que ela está esticada dentro do tubo 
caso vá mexer na cabeça. Pode ficar agarrada pois ao entrar contrai musculatura e depois relaxa. 
 
Obs: 1 pessoa por metro de cobra para manipulação da cobra. 
Obs: serpentes tem carga bacteriana oral maior causando infecções bacterianas secundárias – importante no caso 
de mordida de serpentes. 
Obs: Cobras constritoras – não passar a cobra pelo próprio pescoço! 
 
 
 Crocodilianos 
Criação zootécnica – couro e carne. 
Contenção em 2 possibilidades: 
Cambão/pau de couro – sempre que for usar esse instrumento rígido, onde o animal não vai conseguir 
rodar, a fita do cambão deve pegar pescoço e axila. Só para animais com até 1,5m, porque é rígido e ao fechar o 
instrumento o animal não gira mais, se pegar um animal com mais de 1,5m e ele girar a pessoa segurando o cambão 
vai girar junto. 
Corda – para animais com mais de 1,5m, pegando pescoço e axila também. Se pegar apenas pescoço, se 
animal girar a corda gira junto não tendo desarticulação da atlanto-occipital. 
 
Pode ter auxílio de uma árvore, arrastando o animal até ela e alguém segura pela cabeça e outra pela cauda contra a 
árvore. Depois fechar os olhos para tirar o estímulo visual (se ele não vê geralmente não ataca) e ao comprimir os 
olhos tem estímulo vagal leve com bradicardia (entrando em estado de estupor – diminui FR e FC, ficando mais 
lentos). Para conseguir chegar a cabeça tem que chegar por trás, sentando em cima dele e pressionar a mandíbula 
para fechá-la (tem pouquíssima força para abrir) e já pressionar os olhos com o polegar (1 a 2 minutos). 
Fechar a boca do animal com corda, fita (silver tape, esparadrapo, elástico resistente) podendo fechar os olhos com 
a fita também (só o ato de fechar o olho estimula o vago porque o animal retrai o olho para dentro da cavidade 
orbitária). 
Cuidado com as caudas. 
 
Obs: nunca manipular esse animal sozinho – incluindo lagartos. 
Obs: crocodilos tem mordida cruzada com dentes superiores e inferiores aparecendo ao fechar a boca. Jacarés tem 
mordida igual do ser humano com apenas dentes superiores aparecendo ao fechar a boca. 
 
Em caso de transporte – prancha, que é uma tábua com ripas na transversal. Ao colocar o animal fazer voltas com a 
corda nas ripas. Facilita manipulação também, pode usar em caso de endoscopia por exemplo. 
Obs: manipulação oral – não tocar a língua, pois é o gatilho para fechar a boca. 
 
 Lagartos 
Mordida poderosa. 
Tem que evitar – mordida, arranhaduras (pp arborícolas, como iguanas) e cauda (fina e rígida, cuidado com olho da 
pessoa). 
 
Obs: teiús são agressivos quando não tem pra onde correr – cauda e mordida. Iguanas – arranhaduras (fungos 
patogênicos nas unhas; maior mobilidade nos membros posteriores). 
 
Estímulo ocular vagal – funciona bastante. 
Cuidado para não tocar na mucosa da cavidade oral pois é gatilho para fechar a boca. 
 
 Quelônios 
Lento – apenas os jabuti! Os outros quelônios são mordedores – bico córneo afiado. 
Quelônios aquáticos – sempre tentam morder. Acesso lateral ou por trás. Enganam muito em relação a tamanho do 
pescoço, então ao pegar pela lateral pode ter pescoço longo suficiente para morder. Se tem dúvida pegar por trás. 
Luva escorrega e na maioria das vezes eles tem micro ou macro vegetação recobrindo casco sendo escorregadios, o 
membro posterior pode empurrar sua mão e ele vai cair no chão. 
 
Cuidado: toda vez que um quelônio cair de frente no chão ele coloca a cabeça para fora do casco e a deixa paralela 
ao chão e o casco vai comprimir medula, pode matar ou deixar sequelas. 
 
Boias – usadas para humano sentar. Ou macarrão de piscina enrolados. Colocar de cabeça para baixo, mas jabuti não 
consegue sair, quelônios aquáticos conseguem girar então fazer compressão pelo plastrão. Usado em caso de USG. 
De hora em hora colocar animal na posição anatômica para não comprimir pulmão. 
 
Tartaruga mordedora – estratégias de caça de senta e espera, vivendo em águas rasas ficam deitadas no fundo, no 
substrato, altamente camufladas esperando peixe passar na frente dela, para respirar ela estica o enorme pescoço 
para respirar, a velocidade da mordida é muito alta. Contenção pela cauda, que é grande. Não coloca cabeça para 
região ventral, mas ela consegue chegar com a cabeça até metade do seu casco. Não segurar pela lateral e não 
segurar próximo a perna. Pode segurar pela cauda e suspender pelo plastrão. 
 
Obs: animais caçadores de peixe tem mordida forte porque não é fácil segurar peixes. 
 
Cuidados: quebra, mordeduras (não conhece, não pegar pela lateral), pode causar lesão na cauda. 
 
Obs: mamíferos de grande porte – não girar o animal com abdômen voltado para cima, apenas para baixo. Pois pode 
ter torção gástrica. 
 
Sexagem (IMPORTANTE) 
 Serpentes 
Cobra é lagarto que perdeu as pernas – algumas serpentes se olhar ventralmente (bolídeos) na porção final da 
cauda, ao lado da cloaca tem 2 unhas/garras e se radiografar essa região tem vestígio de osso pélvico. 
 
Bolídeos – olhar otamanho dessas garras. Machos tem essas garras mais avantajadas, geralmente. 
 
Hemi-pênis (são 2) se encontra invertido para dentro da cauda, quando não ereto. Quando ereto ele se inverte e se 
posiciona cranialmente. Linfa faz a ereção das serpentes. Machos tem cauda maior porque alojam esses 2 hemi-
pênis, com parte inicial (base da cauda) um pouco mais grossa e depois afina. Cauda é a partir da cloaca. 
Fêmea com cauda mais curta e mais fina, sem alargamento na base. 
 
Técnicas: 
Visualmente – bólideos suspeitando que é macho olhando o esporão (garras) e olhando diâmetro da cauda e 
da sua base. Não deve-se confirmar sexo assim. 
Pode massagear base da cauda expondo hemi-pênis através da inversão. Se não expor significa que não conseguiu 
ou realmente não tem o hemi-pênis? 
Sonda – metálicas com ponta abaulada que são inseridas na cloaca em direção caudal. Objetivo é fazer a 
sonda penetrar no canal do hemi-pênis, então inserir a sonda lateralmente na cloaca e empurrar delicadamente sem 
fazer força para pentrar o canal. Do macho a sonda vai entrar muito e no da fêmea a sonda vai entrar pouco. Pode 
usar lubrificante (KY, vaselina). 
 
 Quelônios 
Jabuti – olhar o plastrão. Macho tem plastrão abaulado (côncavo/cavado) para montar na fêmea. Fêmea tem 
plastrão reto. Cauda dos machos é longa com cloaca posicionada no terço final da cauda (distal/caudal). Fêmeas com 
cauda curta e cloaca próxima ao corpo do animal (proximal). 
 
Quelonios aquáticos tem casco achatado com plastrão reto, tanto macho quanto em fêmea. 
Traquenis – o macho é sempre menor que a fêmea. Durante uma cópula, sem instabilidade, os machos se prendem 
com o membro posterior na fêmea na região posterior delas, e os membros anteriores não chegam na frente da 
fêmea, tendo unhas longas para fixa-los na porção anterior da fêmea. 
 
 Lagartos 
Machos tem glândula femural desenvolvida e com hemi-pênis alojado na base da cauda, sendo possível ver 
(Geckos). Na dúvida usar sexador. 
Iguanas – glândula femural ativa e secretiva. Crista e barbela maior, escama angular maior. Se estiver na dúvida usar 
o sexador. 
Pogona – glândulas femurais ativas em machos. Hemi-pênis na base da cauda. Na dúvida introduzir sexador. 
Obs: testosterona ativa as glândulas femurais. 
 
 Crocodilianos 
Introduzir dedo encurvado na cloaca deles em direção cranial e lá dentro encontra falo reprodutivo (estrutura rígida 
como se sempre estivesse rígido) se for macho. Se for fêmea encontra pequeno clitóris. 
Falo reprodutivo é responsável somente pela cópula e não para micção. Sêmen escorre por dentro dele. Tem uma 
fenda que se abre. 
 
Obs: A cada contenção dos répteis pode machucar o animal dependendo do solo. Lesão de pele pode não precisar 
de analgesia, ou seja, não é necessária toda uma contenção para cuidar de lesão leve de pele. Pesar o quanto vale a 
pena manipular. 
 
PRINCIPAIS DOENÇAS DOS RÉPTEIS EM CATIVEIRO 
Emergências 
São raras. 
As enfermidades manifestam-se lentamente e do mesmo modo ocorrerá a recuperação do animal. 
 Trauma; 
 Manifestações agudas de problemas crônicos – emergências mais comuns. Osteodistrofia por deficiência de 
cálcio com retenção de ovo, por exemplo. O prop demora para perceber que tá com problema. 
 
Colocar o animal em ambiente com temperatura e umidade controladas – de acordo com cada animal. 
Raramente iremos começar uma terapêutica antes de 24hr – problemas crônicos não pedindo medicação imediata. 
A não ser se a hipocalcemia causar tetania. Analgesia pode fazer. 
Medicações, alimentação e fluidoterapias enterais possuem pouco efeito – raramente pensa em alimentação, pois 
pode matar, em caso de animais a 1 ano sem comer por exemplo. Cobras quando não comem por tempo prolongado 
tem parênquima hepática diminuído e também ficam com metabolismo baixo, não precisando de muito oxigênio, 
coração diminuindo de tamanho, pâncreas não funcional, o alimento pode apodrecer e não ser digerido. Trato 
digestório não ativo então fluido enteral não funciona. 
 
O principal cuidado inicial deve ser o aquecimento do animal – 28-30⁰C e umidade relativa do ar a 60% (réptil 
brasileiro). UTA ou caixa de papelão com lâmpada e pote com água dentro, além de termômetro para avaliar a 
temperatura, usar lâmpada de cerâmica ou incandescente, e não desligar a noite. 
 
Diagnóstico 
Exame clínico: 
 Histórico e anamnese – perguntas importantes como nome científico e nome comum, individualização 
(IBAMA e CFMV pedem isso, marcar o animal), idade só se o prop souber, origem (difícil arrancar do prop, 
não pressionar demais o prop – cativeiro, nacional, importado, selvagem), instalações (tipo, iluminação, 
aquecimento, substrato, abrigos, etc), dieta, fornecimento de água, doenças, outros detalhes; 
 Auscultação; 
 Palpação; 
 Percussão. 
Aula Teórica 6 
21.09.2016 
Exames complementares: 
 Coletas anatômicas – sem possibilidade de observar o vaso (exceto no caso da jugular dos jabutis). Sabe que 
o seio venoso está ali devido à posição anatômica. Sempre falar ao prop que vai tentar coletar, exceto o seio 
usado para coletar de crocodilianos (pode afirmar nesse caso). Não fazer o procedimento de coleta na frente 
do prop porque na maioria das vezes tem que ficar entrando e saindo com a agulha várias vezes. A coleta é 
demorada, então encher a seringa com heparina, mesmo no caso desses animais que tem o tempo de 
coagulação maior; 
 Hemograma, bioquímica, análise de hemoparasitas – lembrando das particularidades. Dosar ácido úrico para 
verificar função renal. Répteis não tem neutrófilos e sim heterofilos. Poucos laboratórios que analisam 
amostras de répteis para formulação de laudo; 
 Coproparasitológico – muitas das vezes sem relevância clínica. Répteis existem há muito tempo na Terra e 
esses parasitos convivem com eles há muito tempo também, tendo menor patogenicidade. Mas quando o 
animal apresentar carga parasitária grande, o ideal é tratar; 
 Citologia – simples, rápido e requer o mínimo de equipamento; 
 Microbiologia – culturas de lesões; teste de sensibilidade a antibióticos, importante porque esses animais 
tem tempo de recuperação prolongado, então o ideal, para não perder tempo, é já utilizar antibiótico que 
sabe que vai eliminar o microrganismo; hemocultura; 
 RX – carapaça óssea de quelônios atrapalha; bom para casos de fraturas*, retenção de ovos (distocia); 
*Sempre fazer RX porque pode ter fratura interna, pp no caso de quelônios (partes dos membros dentro da carapaça 
não possibilitando a visualização externa e consequente avaliação). 
 USG – tem suas limitações, pois esses animais costumam ter peles grossas (precisando de muito gel) e 
poucos acessos em quelônios (flanco e pouco na região cranial porque tem pulmão que impede a formação 
de imagem). 
 
Obs: não usar equipamento abrasivo para limpar lesões desses animais para que não haja a retirada do tecido de 
granulação. A limpeza das feridas desses animais é feita a cada 72 horas e não todo dia. De preferência utilizando 
solução a base de clorexidine a 0,12%, e não polvidine. 
 
Doenças Nutricionais 
1. Osteodistrofias 
Comum pp em quelônios – muito dependentes de cálcio*, vitamina D e irradiação solar (para ter o metabolismo do 
cálcio). 
*Além da estrutura óssea tem a carapaça para sustentar. 
 
Metabolismo do cálcio – vitamina D ingerida inativada e para ativá-la (transformando em vitamina D3) precisa de 
irradiação solar na pele (raios UVB pp, lembrando que vidro filtra raios UV), mas se possível a exposição solar deve 
ser voluntária (ou usar lâmpadas que transmitem radiação UV). Vão haver 2 hidroxilações, sendo a primeira no 
fígado e a segunda nos rins. Então é formada a vitamina D3 que é a forma ativada da vitamina D. A vitamina D3 vai 
para o intestino, estimulando os enterócitos à absorver cálcio vindo do alimento. 
 
Obs: insuficiência renal crônica osteodistrofia porque não transforma vitamina D em D3, pois não há a segunda 
hidroxilação. 
 
Etiologia: 
Falta de exposição solar ou falta de cálcio na alimentação,essa última é a principal causa devido à falta de 
informação dos prop que oferecem uma alimentação pobre a esses animais. 
 
Dieta ideal para quelônios – com vegetais escuros constituindo 75% da dieta desses animais; 25% da dieta deve ser 
constituída por frutas, legumes cozidos (amarelo e vermelho são as cores que os estimulam a comer); e precisam de 
proteína animal 2 a 3 vezes por semana (insetos, ovo cozido, camundongo picado, carnes suplementadas com 
minerais, peixe inteiro, queijo branco), se for usar ração dar preferência a de cachorro e lights (não usar de gato 
porque tem muita proteína) e apenas usar em caso de última opção; se for utilizar rações para jabutis, introduzir a 
ração de forma que ela complete a dieta apenas em 25% (tendem a não comer a ração). sempre variar os 
alimentos a cada dia. 
 
Serpentes – em geral oferecem alimentação seletiva, sendo que o ideal é variar, pp no caso de serpentes arborícolas 
(ex. jiboia) que tem alimentação mais variada. Não utilizar apenas filhotes/neonatos para alimentar as serpentes 
pois tem baixa quantidade de cálcio (ainda tem muita cartilagem no lugar de ossos), então suplementar*. Não tem 
problema oferecer camundongos congelados. 
*Cálcio com vitamina D3 -> injetar no subcutâneo do camundongo! 
 
Serpentes diurnas podem precisar de sol, mas existem as noturas – em geral são predadores, então suas presas já 
fornecem a vitamina D3 (já ativada). Assim como no caso dos felinos que não tem a capacidade de produzir vitamina 
A, mas se alimentam de fígado de animais que conseguem sintetizar vitamina A. 
 
Fatores: 
 Deficiência prolongada de cálcio e vitamina D (também vem da ingestão de vegetais); 
 Inadequação Ca:P – normal é 2:1. Os quelônios aquáticos são as maiores vítimas, pois costuma-se oferecer 
apenas carne moída para esses animais que apresenta a relação Ca:P igual a 1:18; 
 Patologias que envolvam órgãos relacionados com o metabolismo do cálcio (fígado, rins, intestino). 
 
Calcitonina deposita cálcio nos ossos e o PTH faz a retirada do cálcio dos ossos. 
O sistema ósseo tem como funções sustentação e reserva mineral. 
 
Sem cálcio entrado pela alimentação* -> aumento do PTH hiperparatireoidismo nutricional secundário (mais 
comum em répteis). 
*Resulta em osteomalácia nos adultos e raquitismo nos jovens (deficiência do cresciemento). 
Rim lesionado com baixa absorção de cálcio -> aumento do PTH hiperparatireoidismo renal secundário. 
 
Sintomas: 
Aumento do volume dos ossos e articulações devido à deposição de tecido fibroso; 
Fraturam em galho verde/dobraduras ósseas ou completas; 
Deformações ósseas; 
Perda de dentes devido à desestruturação de mandíbula/maxila; 
Paraplegia devido a deformação da colune com estreitamento do canal medular; 
Anorexia por causa da dor, da perda de dente, param de andar, apatia. 
 
O que observar nos jabutis: 
Casco achatado de jabutis + casco piramidal (exceto em jabutis panquecas que tem casco achatado normalmente); 
Patas abduzidas para andar pisando com lateral do membro + unha grande pois não há desgaste das mesmas (piso 
liso leva a isso também); 
Região dianteira mais alta que a traseira – resultado de anos de má alimentação com remodelamento ósseo, cada 
contração pélvica tem tração muscular puxando casco para baixo e com o remodelamento ósseo, essa região fica 
mais abaixada. 
 
O que observar em outros répteis: 
Deformação de coluna; 
Mobilidade de mandíbula; 
Aumento do volume ósseo das mandíbulas em lagartos + mandíbula de borracha + remodelamento puxando 
mandíbula para trás deixando maxila mais projetada; 
Podem ter deformação de cauda ficando espiralada com encurtamento das vértebras (cauda em “S”); 
Braços “fortes”. 
 
Diagnóstico: 
Exame clínico com histórico, anamnese e exame físico; 
RX com 40% de perda de massa óssea (não é regra e é difícil determinas essa porcentagem), decréscimo da 
densidade cortical e presença de fraturas. sempre associar. 
 
Obs: Membros esticados no momento da radiografia. 
Obs: deve-se corrigir a alimentação e depois as fraturas. 
 
Obs: Possivelmente, os quelônios vão ter deficiência pulmonar porque a região pulmonar diminui por causa da 
deformação da carapaça. 
 
Patologia: 
Não adianta avaliar cálcio sérico porque vai estar normal – isso porque o organismo vai retirar do osso para colocar 
no sangue; 
Pode ter Falc aumentada; 
Quando animal com cálcio e fósforo diminuídos – animal vai apresentar clínica de tetania (hipocalcemia). É uma 
situação emergencial. 
 
Tratamento: 
Ajuste da dieta; 
Calcitonina usando dose de 50UI/kg a cada 2 semanas – Daniel não faz porque é caro e como o animal tem níveis 
séricos normais de cálcio no sangue, haverá diminuição nesse valor ao aplicar a calcitonina, podendo o animal entrar 
em quadro de tetania; 
Quando com clínica de tetania – vai-se aplicar 100mg/kg de glucanato de cálcio a cada 6h até sair do quadro de 
tetania (SC ou IM). Ao resolver essa clínica fazer o glucanato de cálcio a cada 72h (SC) e só suplementar com 
vitamina D3 após sair do quadro de tetania; 
Analgesias – dipirona e/ou tramal em dose mais elevada. 
 
Obs: grau leve de osteodistrofia = sol + dieta!!! *Sol para animais que dependem do sol* 
Obs: animais muito apáticos = aplicar glucanato de cálcio via parenteral a cada 72h (100mg/kg) e vitamina D3 1x a 
cada 7 dias durante 4 semanas (4 aplicações). 
 
2. Deficiência de vitamina A 
Comum em quelônios aquáticos pois também são onívoros e grande parte do substrato necessário para vitamina A 
vem de vegetais e as pessoas tendem a oferecer apenas carne moída (vão apresentar osteodistrofia também). 
 
Sinais oculares e respiratórios -> são os primeiros sinais a aparecerem. Essa doença leva a metaplasia escamosa, que 
é a substituição do epitélio mucoso por epitélio queratinizado. Sendo que o epitélio desses sistemas produzem 
imunoglobulinas, além de lágrima com antibactericida no caso do sistema ocular. Há, então, escarificações com 
entupimento do canal lacrimal desenvolvendo infecção ocular (ficam com edema de pálpebra - blefarite), ou seja, 
conjuntivite secundária à deficiência de vitamina A. 
 
Tratamento: 
Quadro ocular apenas – quando com infecção aplicar vitamina A + colírio antibiótico (sem corticoide quando com 
úlcera de córnea); quando com blefarite aplicar vitamina A e fazer limpeza com solução fisiológica; 
Pneumonia – diagnóstico com RX e tratamento na aula de pneumonia. 
 
Obs: vitamina A em excesso também dá problema – é tóxica! 
 
3. Desidratação 
Ambientes inadequados (quentes e secos – perdem liquido pela respiração); 
Fornecimento inadequado de água (tem os que não tomam água em vasilhas, como as iguanas); 
Lesões de pele extensas. 
 
Sinais: 
Perdem elasticidade da pele (difícil avaliar); 
Maior viscosidade de saliva e/ou ressecamento de mucosa oral; 
Jabutis ficam com olhos ressecados – não possuem ducto nasolacrimal e se produzirem muita lágrima vai pingar, 
normalmente evapora; 
Serpentes tem aumento de pregueamento – Ficam opacas, com aspecto eriçado e com muito pregueamento de pele 
ao dobrá-la (quando normais vão ter 1 ou 2 pregueamentos); 
Elevação de hematócrito e do ácido úrico – normal de 10-12 mg/dL; 
Olhos fundos. 
 
Obs: as serpentes não peçonhentas tem escama lisa e pupilas redondas e as peçonhentas tem quilha na escama e 
pupilas afiladas. 
 
Fluidoterapia: 
Usando ringer com lactato ou solução fisiológica em dose de 10-30mL/kg dependendo da desidratação; 
- Vias: 
 Enteral por sonda gástrica – mensuração da sonda em serpentes tem dividir a serpente em 3, o estômago vai 
estar no final do terço anterior. Não usar em animais moribundos porque a cabeça vai estar na altura do 
estômago e o animal pode regurgitar e broncoaspirar. Aspiração lenta; 
 Endovenosa podendo dissecar a veia – utilizar gelcro plástico e bomba porque vai avisar quando o animal se 
mexer e houver impedimento da continuação na administração. Pinga-pinga em animal moribundo. 
Utilização da jugular direita, em geral, pois é maior que a esquerda; 
 Subcutânea com absorçãolenta – pelo flanco (em serpente administrar mais acima da cloaca). Tentar aplicar 
até 15mL/kg/ponto; 
 Intracelomática – muito usado em jabuti porque não tem SC nessa espécie. Puxar o membro posterior para 
trás abrindo o flanco -> administrar do lado esquerdo porque o fígado é muito grande pegando lado direito. 
Aspirar para ver se não pegou vaso/intestino/vesícula urinária/fígado/pulmão, se pegou algum desses então 
descartar tudo e refazer a seringa com fluido pois quase tudo irrita peritônio (peritonite). Ideal que a fluido 
esteja amornada e seja estéril; 
 Intraóssea em mamíferos se usa em neonatos – utilizar em comatosos/moribundos. Daniel prefere em tíbia 
e ulna porque são melhores devido ao acesso. Sabe que entrou pela prática e para ter certeza só com RX (2 
posições). A antissepsia é a mais importante nessa via, em relação às outras, devido a possibilidade de 
osteomielite. O que pode ocorrer de errado, além da osteomielite, é fratura. 
 
4. Gota úrica 
Comum em répteis e aves, mas em geral são achados post-mortem. 
São uricotélicos naturalmente (excretam ácido úrico). 
Proteínas da alimentação -> amônia -> fígado -> ácido úrico -> rim -> excreção. 
Em caso de insuficiência renal há aumento de ácido úrico no sangue, levando a sua deposição em alguns sítios 
insuficiência pré-renal, como a desidratação, ou a insuficiência renal que levam à gota úrica. A insuficiência pós-
renal por obstrução o Daniel nunca viu causar gota-úrica. 
 
Causas: 
Proteínas de baixo valor biológico – organismo só vai metabolizar e excretar, porque não tem finalidade de uso. 
 
Obs: A gota nesses animais é articular com claudicação ou visceral. A visceral é mais comum, há presença de 
conteúdo branco principalmente no saco pericárdio, na superfície do rim, no parênquima renal e na superfície do 
fígado. 
 
Diagnóstico: 
Dosar ácido úrico no sangue 
RX – onde vai-se observar substancia sólida nos órgãos citados, isso quando a deposição for grande, quando for leve 
não é possível observar por essa técnica. Não confundir com deposição de tiopental, principalmente em caso de 
eutanásia. 
 
Aula Teórica 7 
28.09.2016 
MEDICINA VETERINÁRIA DE RÉPTEIS – Cont. 
5. Disecdise 
Extremamente comum em serpentes 
É uma muda de pele alterada. 
 
Obs: ecdise é a muda de pele – somente a epiderme é trocada. Primeiramente elas produzem uma pele nova 
embaixo da pele velha, ficando as duas aderidas uma a outra. A serpente vai secretar uma substância, parecida com 
a linfa, que é secretada entre as duas peles e é responsável pela separação delas. 
 
As escamas epidérmicas são compostas de queratina (é uma proteína “pobre”). 
Os répteis possuem uma camada espessa de queratina para manter a água no corpo. A pele nova tem maior 
capacidade de retenção de água e a pele velha perde (não totalmente) essa capacidade de reter água permitindo 
que essa água passe facilmente para o ambiente. 
 
As serpentes se esfregam sobre superfícies ásperas para ajudar no processo de troca de pele – então, tem que ter no 
terráreo uma estrutura para a serpente fazer isso, como troncos de árvore, pedras, etc. 
Obs: na pré-troca de pele as serpentes vão apresentar – olhos brancos, pele leitosa. Associar isso ao ato de se 
esfregar em objetos ásperos para diferenciar de prurido. A troca de pele ocorre à noite porque ela fica vulnerável. 
 
Causas: 
Desidratação – não consegue secretar esse liquido necessário, então as duas peles nunca se descolam. 
Desnutrição – não tem proteína para produzir uma pele nova. 
Ambiental – réptil de ambiente tropical onde geralmente a umidade está em torno de 80% e a temperatura em 
28⁰C, se colocá-lo em uma umidade de 40% e temperatura de 35⁰C vai facilitar desidratação e a serpente vai perder 
a capacidade de retenção do líquido que ajuda na separação da pele velha da pele nova, então ele é perdido para o 
ambiente. Ambientes com baixa umidade e altas temperaturas propiciam retenção da troca de pele (Cuidado: tem 
animais desérticos adaptados a isso!). 
Parasitas – ao observar a serpente se esfregando sobre superfície áspera ou é tentativa de troca de pele ou é prurido 
devido a ectoparasitas. Os parasitas podem prender mecanicamente essa pele velha (serpente tem carrapato, que 
costuma se fixar no pescoço, e pode prender a pele velha nessa região, por exemplo). 
Lesões extensas – levam a desidratação; o ato da serpente se esfregar em objetos ásperos quando a lesão encosta 
na superfície áspera vai doer e ela vai parar de se esfregar. 
 
Obs: cicatriz de réptil é sempre branca por mais que a pele seja enegrecida. Com o tempo há pigmentação dessa 
cicatriz (marrom, preto, etc). 
 
A quantidade de ecdises vai variar com a espécie – jovens fazem mais do que adultos; corn snake (metabolismo mais 
rapido) faz mais do que uma jiboia (metabolismo mais lento). 
Objetivos da ecdise: para crescimento e por “lesões” na pele. 
 
Como identificar a disecdise: a pele pode ficar fragmentada, isso não é normal em serpentes (trocam de pele de 
uma vez só), mas pode ser normal em lagartos. 
 
O que fazer: 
Resolver o problema da serpente no momento (a disecdise) – mas não esquecer de ver a causa primária. 
Por que está desidratado? Se for o ambiente, melhorar o ambiente; 
Feridas extensas? Tratar, mas pode ser que até completar a cicatrização da ferida o animal tenha disecdise de novo, 
isso porque as cicatrizações são lentas; 
Parasitas? Tratar com Frontline®, coleira anti-pulga (Amblyomma spp é o gênero do carrapato das serpentes). 
Para resolver o problema da disecdise – banho morno para auxiliar na remoção da pele velha, isso porque vai 
amolecer a queratina. Por 15-20 minutos. Retirar a serpente da água, e ajudar com delicadeza a retirar essa pele 
velha. Se colocar a glicerina na água pode ajudar. Tem que mergulhar a cabeça ou colocar gaze na cabeça, pois tem 
pele velha sobre a cabeça também. Tem animais que retém a lente do olho, cuidado para não retirar a lente debaixo 
(a nova). Pode colocar a cobra dentro de um pano de chão, amarrar (como um saco) e colocar em um local com água 
morna bem rasinha, o pano vai chupar a água e mantê-la em contato com a pele velha, ao se arrastar dentro do 
pano a serpente já vai tirando a pele (pano àspero). 
Pode ter problema ocular junto com disecdise por retenção da lente. 
Pode ter estomatite junto com o problema ocular – sempre que tiver problema ocular abrir a boca do animal para 
examinar. A bactéria presente na boca pode subir para o olho pelo ducto que liga olho e boca. 
 
Obs: a lente fica à frente da córnea, diferente dos mamíferos, onde a córnea fica em contato com o ambiente! Tem 
uma câmara (entre lente e córnea) e há produção de lágrima deixando a córnea sempre hidratada. Essa lágrima é 
drenada para a boca por um ducto. 
 
6. Prolapso de pênis 
Em quelônios e pp nos terrestres (jabuti). 
Machos pequenos tentam copular com fêmeas grandes e elas não estão a fim – macho monta na fêmea, expõe o 
falo e a fêmea se movimenta para frente, o falo vai arrastar no chão causando processo inflamatório, ele vai 
continuar em cima e a fêmea vai continuar saindo, então o falo vai continuar no chão sendo arrastado, vai 
edemaciar e o animal não consegue colocar para dentro de novo (parafimose). 
Ideal é ter machos grandes com fêmeas menores pois eles vão segurar a fêmea e elas não vão dar um passo para 
frente. 
É um processo emergencial pois pode necrosar! 
Pode ser que tenha prolapso de falo com prolapso de cloaca junto! 
 
 
 
 
Passos na clínica: 
Primeira coisa a observar clinicamente – a viabilidade da estrutura para saber se vale a pena reposicionar, ou seja, se 
tem áreas de necrose extensa, se tem viabilidade para permanecer no animal. A mucosa quando viável 
aparentemente está hidratada e com circulação. 
Falo reprodutivo tem mucosa escura – a glande é enegrecida, diferente da mucosa da cloaca que é avermelhada. 
Pode ter necrose superficial – pode debridar com gaze com solução fisiológica, mas não deixar sangrando então não 
forçar e colocar para dentro de novo queo animal vai absorver. 
 
A. Quando viável 
Controle de dor – tem que manipular muito e só o prolapso já causa dor. Fazer peridural. O saco dural que é onde é 
feita a peridural, nos quelônios, vai até a cauda, possibilitando a peridural nas vertebras coccígenas. Vai buscar 
ponto entre as vértebras (o mais próximo da carapaça), vai introduzir uma agulha e vai infundir o anestésico local. 
Sabe que está no local correto (dentro do saco dural) quando não tem mais resistência da seringa e consegue 
infundir o anestésico local. Pode fazer a peridural sem fazer anestesia geral antes (e dor?). Volume – mensurar com 
fita métrica da cauda até a cabeça fazendo a curva da carapaça (coluna também faz a curva). Quer analgesia de 
cauda e cloaca então usar a dose de 0,1mL de lidocaína para cada 5cm de carapaça, vai avaliar que a cauda fica 
mole. 
Se quiser analgesia pegando pelve vai usar a dose de 0,2mL de lidocaína para cada 5cm de carapaça, vai perceber 
que cauda e membros posteriores ficam moles. 
 
Reduzir o edema – com solução fisiológica gelada. Fazer a limpeza da estrutura: tentar ou tirar a necrose superficial, 
retirar sujidades que podem estar grudadas. E vai reduzir o edema com vasoconstricção. Lavar por 20 minutos antes 
de reposicioná-la. O edema se reduz rapidamente. 
 
Reposicionar – usar os dedos e não instrumentos (podem lacerar a estrutura que pode estar friável). Colocar o 
animal em decúbito dorsal. O tempo para conseguir vai depender do animal e da experiência. 
 
Após reposição – se fez peridural o esfíncter da cloaca está aberto e a chance de ter outro prolapso é grande porque 
ainda está edemaciado, então fazer bolsa de tabaco ao redor da cloaca, antes de apertar o ponto introduzir capa de 
agulha (por exemplo) para ficar com orifício aberto para o animal urinar e defecar. Retirar o ponto 7 dias depois. 
 
Pós – lavagens diárias com clorexidine líquido no orifício da cloaca. Estrutura está danificado, se deixar nesse 
ambiente contaminado pode infeccionar. Pode associar com pomada a base de clorexidine, encher a seringa (5mL) e 
colocar lá dentro. Usar anti-inflamatório para diminuir tamanho da estrutura reprodutiva, podendo usar maxicam 
(0,2mg/kg depois diminui), corticoide, durante 5 dias. 
 
B. Quando não viável 
Controle da dor – peridural. 
 
Para amputar o pênis – 2 corpos cavernosos e um sulco no meio. Fazer limpeza da estrutura. Pegar fio absorvível 0 
(vicryl). Entrar com agulha no sulco e fazer um ponto envolvendo 1 corpo cavernoso e depois entrar com a agulha no 
sulco e envolver o outro corpo cavernoso, formando uma sutura em 8. Vai estrangular os dois corpos cavernosos e 
vai seccionar o pênis, o mais próximo da base possível. O coto vai entrar de volto para o animal, por isso tem que ser 
fio absorvível. 
 
Pós – analgesia com anti-inflamatório associado a tramal a cada 12 horas nos 3 primeiros dias. Lavagem com 
clorexidine + pomada com clorexidine. 
 
O animal vai continuar urinando normal, a única coisa que ele não vai fazer é reproduzir. 
 
Obs: oviduto é parecido com intestino – cirurgia. 
 
7. Prolapso de oviduto 
Fazer castração quando oviduto não viável. 
Quando cloaca viável e oviduto não viável, tem que retirar o oviduto. Cirurgia mais complexa. 
 
Se oviduto viável – mesmo procedimento de prolapso de falo viável em macho. 
Causas: 
Distocias pp 
 
8. Distocias – retenções de ovos 
Pp em quelônios. 
 
Causas: 
Ovos excessivamente grandes; 
Animais com osteodistrofia – estreitamento de pelve; 
Causas hormonais – ocitocina, que causa contração de oviduto; 
Deficiência de cálcio – oviduto não contrai; 
Falta de ambiente para colocarem os ovos – causa mais frequente! Quelônios em apartamentos. 
 
Comportamento relatado pelos props: 
Agitação na fêmea; 
Ficam patinando no chão; 
Passando rabo no chão; 
Isso porque está procurando local para colocar os ovos; 
Podem estar extremamente apáticos, sem comer – podem ficar com retenção por anos. 
 
Fêmea de jabuti – fazer radiografia dorso-ventral para verificar se há retenção. Vai diferenciar retenção de gestação 
normal, quando observar ovos normais, com histórico (local onde vive, comportamento). Quando animal gestante, 
em processo fisiológico, e mora em apartamento, intervir pois pode se tornar um processo patológico. 
 
Ovo retido tem deposição de cálcio ao redor do ovo – hipercalcificação. 
 
Tratamento conservador/clínico: 
Não submeter animal a cirurgia em caso de ter passagem, não ter fratura de ovo, etc. 
Tratamento clinico com ocitocina, para contração de oviduto, e glucanato de cálcio em única aplicação 
Ocitocina – aplicação de 5-10UI/kg. Daniel faz 10UI/kg 
Glucanato de cálcio – 100mg/kg IM 
Recomendar internação – pode demorar a colocar os ovos, geralmente coloca em 1 hora. Esperar pelo menos 24hr 
para esperar colocar os ovos. Vai depender da resposta do animal, ambiente. Se não tiver internação, prop leva para 
casa e observa se não vai ter prolapso de oviduto, e colocar dentro de uma caixa para não ficar andando pela casa e 
talvez colocando ovo pela casa e prop não saber quantos ovos colocou e vai ter que repetir o RX. 
Ter certeza da contagem – se colocar todos os ovos retidos, então não precisa mais de RX e pode receber alta. 
Após aplicação da ocitocina e do glucanato – não colocou os ovos. Esperar 15 dias e refazer o procedimento. Se não 
colocou os ovos de novo, então fazer o procedimento cirúrgico. 
 
Obs: para saber se tem passagem pélvica para o ovo – medir da porção lateral do forame obturador esquerdo até a 
lateral do forame obturados do forame obturador direito, e verificar se é do tamanho do ovo. Há 
subdimensionamento do forame, porque ele vai ficar localizado mais longe do filme do RX, fica mais dorsal no 
animal e a posição é dorso-ventral, já a dimensão do ovo é ideal porque estão mais próximos do filme de RX. O ovo 
pode ser 5mm maior do que essa distância entre os forames. 
 
O que avaliar no RX, em relação os ovos: 
Deformidade dos ovos; 
Se estão muito fraturados. 
 
Obs: anamnese completa! Às vezes só a colocação do ambiente já resolve – a não ser que animal esta prostrado já. 
 
Tratamento cirúrgico: 
Ovos muito grandes, sem passagem; 
Síndrome da descompressão – compressão de víscera contra osso, compressão de vasos hipotensão; 
Pode fazer transfusão sanguínea antes – passar sangue de um animal para outro, sem medo de incompatibilidade 
Incisão em formato de janela (com certa inclinação para não cair a janela dentro da cavidade quando for recolocar) 
na região ventral no plastrão nas placas abdominais e inguinais/femurais com cerra oscilatória. 
Dependendo da quantidade de ovos e da quantidade de tempo com os ovos dentro – compressão extrema pode 
acontecer e animal pode morrer no trans ou no pós. Órgãos muito comprimidos. Pode levar à infecção de oviduto 
também. 
A janela do plastrão é colocar em solução fisiológica para osso não ter morte celular – recolocar a janela e colocar 
resina para fechar a cavidade e a partir daqui tem cicatrização óssea. 
 
Obs: infecção pode levar a retenção, e a retenção pode levar a infecção (ooforite) 
 
9. Fraturas de carapaça 
Devem ser corrigidas, mas não existe uma emergência, mas sim uma urgência porque geralmente são fraturas 
expostas 
 
Fraturas simples: 
Reposicionar a fratura e fazer estabilização – com cerclagem, com resina clínica. 
 
Daniel não gosta de fazer hoje em dia – cobrir com resina clínica. Ele prefere estabilizar a fratura, mas fazendo 
pontes com o acrílico até, porque pode propiciar crescimento de bactérias anaeróbias pp quando cobre totalmente, 
não tem acesso para limpeza. 
 
Fazer analgesia! 
 
Fraturas graves: 
Geralmente quando tem descontinuidade da carapaça pode ter secção de medula – animal paralisado 
Paralisia, evisceração, estado comatoso – eutanásia 
Animal de prop – conseguiu estabilizar e reposicionar, mas com paralisia, pode colocar rodinha. 
 
10. Corpo estranho 
Jacaré e jabutis. 
 
No caso de jacarés geralmente é anzol. 
 
Quando no estômago – endoscopia. 
 
11. Queimaduras 
Repteissão muito vítimas de queimaduras porque procuram superfícies quentes. 
Jabutis são mais atingidos – porque é o réptil que as pessoas mais tem. 
 
Clínica: 
Queda das placas dérmicas que cobrem o casco – necrose do tecido conjuntivo que compõe essas placas. Logo 
abaixo dessas placas tem osso, mas raramente vão apresentar osteomielite. Eles conseguem cicatrizar essas placas 
dérmicas e vão cobrir o tecido ósseo. 
Cuidado com desidratação – as placas dérmicas são feitas de queratina e mantem água no corpo do animal. 
 
Tratamento quando osso vivo: 
Antibioticoterapia – ele faz local. 
Limpeza diária das lesões com clorexidine e proteger as lesões com sulfadiazina de prata para todos os repteis 
com lesões extensas. 
Controle da dor, pp dentro das 72hr – evitar usar AINE porque tem tendência a estar desidratado e pode causar 
problema renal, usar opióide mesmo (tramadol é mais fraco para dor intensa, mas pode usar morfina, pode usar 
tramadol com dipirona). 
Tecido cicatricial branco vão se multiplicando sobre o osso – depois vai queratinizar e pigmentar. Demora um total 
de 8 meses/1 ano/2 anos para cicatrização total, em jabuti pp. 
 
Tratamento quando osso necrosado: 
O organismo do animal vai cicatrizar por baixo do tecido ósseo necrosado e o osso necrosado vai cair; 
Pode cicatrizar formando novo tecido ósseo até no local onde tem medula. 
 
Enfermidades bacterianas 
1. Dermatites 
Bactéria precisa de água e temperatura – na pele de répteis não tem isso, por isso é raro nesses animais. 
Em sucuri pode ver (animais aquáticos no geral) – vive dentro d’água, geralmente são aguas aquecidas. 
 
Não confundir com lesões provocadas por camundongo – se a cobra não comer o roedor, ele vai comer a cobra. 
Colocar comida pro roedor quando oferecer para a cobra. 
 
Clinica: 
Fazer cultura – pode não ser bactéria, mas sim fungo. 
 
2. Estomatite ulcerativa 
Infecção de cavidade oral que acomete pp serpentes 
 
Agentes: 
Aeromonas hydrophila, Pseudomonas spp, Klebsiella spp, E. coli 
 
São normais em cavidade oral e estão esperando porta de entrada para poder agir 
 
Causas possíveis: 
Carência de vitamina C – falta de colágeno, distúrbio na formação de colágeno; vit C também envolvida com o 
sistema imunológico; 
Stress – liberação de cortisol, levando a imunossupressão. Stress agudo quando animal começa a dar bote em 
superfícies abrasivas que fazem lesões na cavidade oral abrindo porta para as bactérias oportunistas 
Parasitas. 
 
Sinais: 
Para de comer – inapetência; 
Espessamento de saliva – pode observar até antes do aparecimento da estomatite ulcerativa; 
Lesões ulceradas em cavidade oral; 
Anorexia; 
Necrose; 
Perda de dentes. 
 
Tratamento: 
Local ou sistêmico – dependendo da extensão das lesões; 
Local – com limpeza diária com solução de clorexidine, durante 1 semana pelo menos pode usar pomada Oncilon 
Orobase® (atb + anti-inflamatório) só cuidado pois ele gruda na mucosa e não fechar a traqueia do animal então não 
fazer o prop fazer pois vai fechar a traqueia do animal. Pode ter resolução da maioria dos casos. Depois de 1 semana, 
quando persiste pode usar pomada de metronidazol (somente atb, é creme vaginal então explicar ao prop). Ou pode 
usar pomada oftálmica com gentamicina. Limpar e passar a pomada; 
Alimentação por sonda – AD, rato no liquidificador (sem pelo para não entupir). 1x/semana. 
 
Pode evoluir para celulite (infecção do subcutâneo) – terapia sistêmica. 
 
Pode acometer lagarto, iguana. 
 
3. Papilomatose 
Papilomavirus ou papilomavirus com herpesvirus. 
 
Remoção cirúrgica – retirar maiores pois os menores podem involuir. 
 
Tartarugas marinhas apenas! 
 
Cativeiro pelo resto da vida pois a etiologia é viral. 
 
 
Ectoparasitas 
Amblyoma sp – carrapato de serpente. 
Ophioyssus natricis – ácaro de serpente. Observa animal se coçando, ou ao manejar vai ver andando na sua pele 
(redondinho e pretinho). 
 
Frontline® no corpo do animal e sem problema pegar em olho. 
Retirada mecânica do carrapato. 
Coleira antipulga para o ácaro – cortar e jogar dentro do terráreo. Pode usar como prevenção. 
 
Neoplasias 
Osteossarcoma; 
Fibroma; 
Carcinoma.

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