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TRILHANTE - DIREITO CIVIL - DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO CIVIL - DAS OBRIGAÇÕES
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES
O Livro do Direito das Obrigações compõe a parte especial do Código Civil. É composto por dez títulos: modalidades, transmissão, extinção e inadimplemento, teoria geral dos contratos, contratos em espécie, atos unilaterais, responsabilidade civil e títulos de crédito.
Pode-se definir obrigação como sendo a relação jurídica que une dois ou mais sujeitos e cria-se a obrigação de adimplir uma prestação em benefício do outro. A obrigação, portanto, é formada por sujeitos, objeto e vínculo jurídico.
Sujeitos: devedor e credor. O credor é o sujeito ativo, o titular do crédito, cujo interesse é o cumprimento da prestação. E o devedor é o sujeito passivo, o titular do débito, aquele que deve adimplir a prestação.
Objeto: o objeto da obrigação é a prestação que deve ser cumprida. As obrigações podem ser classificadas em positivas (prestação de dar, de fazer) e negativas (de não fazer). A primeira consiste na entrega de uma coisa, a segunda na realização de um serviço e a última no dever de abstenção, de omissão de uma conduta.
Vínculo Jurídico: o vínculo é a relação jurídica, que por sua vez, é a obrigação. A obrigação possui caráter transitório, uma vez que é adimplida, se extingue. 
Uma característica essencial das obrigações é a declaração de vontade dos sujeitos participantes da relação jurídica. Outros elementos essenciais à relação jurídica são: o débito e a responsabilidade.
O débito é um dever jurídico específico, é aquilo que é devido, cujo titular é o devedor, isto é, este tem a obrigação de cumprir a prestação concordada entre ele e o credor. Caso contrário, há o inadimplemento da obrigação, caminhando para a fase de responsabilidade. A responsabilidade é a geração de consequências a uma conduta que evitou o cumprimento da obrigação. Ela se inicia no momento de inadimplemento. Algumas dessas consequências são: perdas e danos, correção monetária, juros, honorários advocatícios. Assim, os efeitos recairão sobre o patrimônio do devedor, conforme o artigo 391 do CC.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
As obrigações podem ser classificadas em perfeitas e imperfeitas. As obrigações perfeitas são aquelas em que o débito e a responsabilidades aplicam-se ao devedor. Já as obrigações imperfeitas são aquelas em que há somente a presença de um dos elementos, como a presença do débito sem a subsequente responsabilidade. Um exemplo de obrigações imperfeitas são as obrigações naturais ou judicialmente inexigíveis, visto que o dever de pagar não decorre de uma obrigação do direito, mas moral, como em apostas ou contratos de jogo.
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
§ 1o Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.
§ 2o O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.
§ 3o Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares.
O Código civil adotou as leis relativas a obrigações de forma sistemática, como se fosse um processo. Isso porque afirma-se que as obrigações são sucessões de atos que visam ao adimplemento. As partes devem, durante esse processo, tomar atitudes honestas, sem violação de direitos de terceiros e dessa forma, respeitar-se-á os princípios da função social do contrato e da boa-fé objetiva. Tais deveres de conduta leal, honesta e colaborativa são chamados pela doutrina moderna de deveres anexos, que são deveres extrapatrimoniais, que dizem respeito ao comportamento das partes. Um exemplo de dever anexo pode ser encontrado no art. 422, do CC:
Art. 422 . Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé.
OBRIGAÇÃO DE DAR, FAZER E NÃO FAZER
OBRIGAÇÃO DE DAR
Consiste no compromisso de entrega ou restituição pelo devedor ao credor. Esse compromisso se divide em:
· Dar coisa certa (ou obrigação específica): prestação estará definida pelo gênero, quantidade e qualidade da coisa a ser entregue. Desta forma, a coisa certa é conhecida e determinada. Por exemplo, o devedor se obriga a entregar um carro de tal marca, com tais especificações. Um detalhe importante é que, quando se está na obrigação de restituir, não há transmissão do direito de propriedade, mas sim devolução da posse direta obtida a partir de um contrato ou direito real sobre coisa alheia (contrato de locação, comodato, arrendamento, depósito, direito de superfície).
· Dar coisa incerta (ou obrigação genérica, ou ainda “dívida de gênero”): faltará o atributo da qualidade ao objeto designado para a prestação. A prestação será definida apenas pelo gênero e pela quantidade. A coisa incerta é indeterminada, mas determinável. Por exemplo, a compra de uma cabeça de gado de um rebanho específico, pode ser qualquer animal daquele determinado rebanho. O art. 244 afirma que a escolha da qualidade na obrigação genérica caberá ao devedor porque facilita o adimplemento da obrigação. Porém, como essa é uma norma dispositiva, o credor, caso assim as partes queiram, pode fazer a escolha da qualidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
	Dar Coisa Certa
	Dar Coisa Incerta
	Coisa conhecida e determinADA
	Coisa indeterminada, mas determinÁVEL
	Exemplo: Iphone 8, 64 GB, Preto 
	Exemplo: Um óculos de sol de uma ótica
Outra importante disposição acerca do tema é que o credor não é obrigado a receber outra coisa senão aquela combinada e o devedor só se desobriga do débito entregando exatamente aquela coisa combinada, e não outra, mesmo que mais valiosa. Nesse sentido: 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
PERDA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
E se acontecer algo com a coisa que deveria ser entregue? As consequências são diferentes com relação a obrigação de dar coisa certa e de dar coisa incerta.
No caso da obrigação de dar coisa certa, a danificação ou perecimento gera consequências específicas. Se houver conduta culposa no Direito Civil, o responsável terá de efetuar o pagamento de perdas e danos. Caso não haja culpa, no entanto, não haverá reparação com perdas e danos.
· Antes da tradição:
1. Perda total (ou perecimento): caso não haja culpa do devedor, o contrato resolve-se para ambas as partes. Devolve-se o que já foi pago pelo credor, regressando as partes ao status quo ante (art. 234, 1ªparte, CC). Caso haja culpa do devedor, resolve-se a obrigação, devolve-se o que já foi pago e há pagamento de perdas e danos pelo culpado (art. 234, 2ª parte, CC).
2. Perda parcial (ou deterioração): caso não haja culpa do devedor, o credor terá o direito potestativo de escolher se fica com o bem, abatido do preço o valor que perdeu ou se resolve a obrigação (art.235, CC). Caso haja culpa do devedor, o mesmo direito potestativo, acrescido em qualquer escolha das devidas perdas e danos (art. 236, CC).
Por exemplo, imaginemos que um cachorro de raça seja vendido e por descuido do vendedor ele morre de fome (perda total ou perecimento) ou, em outro exemplo, por descuido do vendedor, o cachorro pegasse uma doença e ficasse cego (perda parcial ou deterioração). Em ambos os casos, como houve responsabilidade, há indenização equivalente aos prejuízos sofridos pelo credor, que podem ser de ordem patrimonial ou moral. Se não houvesse responsabilidade do devedor, ele estaria obrigadoapenas a restituir ao credor o valor pago, voltando ao estado anterior. No caso da perda parcial (deterioração), há uma outra opção, que seria entregar a coisa deteriorada, com abatimento proporcional no preço - quem faz essa escolha é o credor.
	 
	Com Culpa
	Sem Culpa
	Perecimento
	Resolução do contrato com devolução do equivalente
	Resolução do contrato com devolução do equivalente + indenização
	Deterioração
	Aceita o bem com abatimento do preço ou escolhe a devolução do equivalente
	(Aceita o bem com abatimento do preço ou devolução do equivalente) + indenização
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
· Depois da tradição: se já houve a tradição, a coisa perece para o dono (res perit domino), ou seja, para o atual proprietário. São exceções ao res perit domino, por um princípio geral de garantia concedido ao adquirente: vícios ocultos, também chamdos de redibitórios (art.441, CC), e vícios jurídicos, também conhecidos como evicção (art. 447, CC).
 Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
PERDA NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
As consequências específicas aplicadas à perda da coisa certa só se aplicam à coisa incerta se a perda ocorrer com todos os elementos do conjunto. Pois, se um óculos de sol da ótica se perde, sobram todos os outros para serem entregues. Somente se a ótica inteira pegar fogo, e não sobrar nenhum óculos de sol para ser entregue é que as consequências se aplicam. E se eu já tiver escolhido o óculo de sol que eu quero? Aí já se qualifica como coisa certa e aplicam-se as consequências estudadas.
· Antes da tradição: Ganus non perit, isto é, o gênero não perece. Mesmo em caso fortuito ou de força maior, não poderá o devedor alegar a perda do bem (art. 246, CC), já que ao menos o gênero existirá, sendo impensável a sua perda por completo. Por exemplo, o devedor se compromete a entregar 10 cães ao credor. Não poderá alegar perda do objeto antes da tradição, pois o gênero cão não pereceu, quaisquer outros 10 cães poderão ser entregues. 
· Após a tradição: Após escolha da qualidade e respectiva tradição da coisa, o tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação de dar coisa certa, ou seja, perece para o dono. Isso porque a coisa deixou de ser incerta no momento em que sua qualidade foi escolhida. 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
Apesar de ser subespécie da obrigação de dar, ela terá um regramento próprio no que diz respeito à perda da coisa, conforme os arts. 238 a 240, CC. Lembrando que não há transmissão do direito de propriedade, mas sim devolução da posse direta do bem. Antes ou depois da restituição, quem sofre a perda é o credor, já que ele nunca deixou de ser proprietário da coisa (res perit domino).
· Antes da restituição:
1.Perda total (ou perecimento): caso não haja culpa do devedor, o credor sofrerá a perda e o contrato resolve-se (art.238, CC). Caso haja culpa do devedor, o credor sofrerá a perda, mas o devedor responderá pelo equivalente, mais perdas e danos (art.239, CC).
2.Perda parcial (art. 240): caso não haja culpa do devedor, o credor receberá a coisa tal qual se ache, sem direito a indenização. Caso haja culpa do devedor, o devedor responderá pelo equivalente, mais perdas e danos.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
· Depois da restituição: após a devolução da coisa ao credor, o tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação de dar coisa certa.
Obrigação de Fazer
A obrigação de fazer consiste no compromisso do devedor de realizar uma atividade ou trabalho em favor do credor, como o contrato de prestação de serviço de um pedreiro, marceneiro, pintor etc. Se classificam em:
· Obrigação de fazer fungível: aquela em que a atividade ou serviço pode ser realizada por qualquer devedor. Nâo se exige qualidades especiais do devedor, que pode ser substituído. Por exemplo: pintar uma parede ou construir uma casa. O descumprimento dessa obrigação só ocorre se ninguém cumpri-la, por exemplo, não só o José da Silva deixou de construir minha casa, como não mandou ninguém em seu lugar. Nesse caso, surgem três opções para o credor: indenização por perdas e danos; cumprimento específico e a execução por terceiro às custas do devedor. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
· Obrigação de fazer infungível (obrigação intuitu personae ou personalíssima): aquela em que se exige qualidades especiais do devedor, devendo ser adimplida por determinado devedor. A infugibilidade pode decorrer da natureza do devedor ou de disposição de cláusula contratual. Por exemplo, ter uma parede pintada pelo Pablo Picasso, ter uma casa construída pelo José da Silva (ele pode não ser famoso, mas foi convencionado entre as partes, por contrato, que ele seja o construtor da casa), assistir à um show da Anitta. Nesses casos não serve outra pessoa para desempenhar a obrigação, o devedor é insubstituível, portanto, em caso de descumprimento cabe o art. 247, do Código Civil:
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
Obrigação de Não Fazer
Também chamada de obrigação negativa, consiste no compromisso de abstenção por parte do devedor de realizar alguma atividade que em tese seria lícito a ele realizar. Nesse tipo de obrigação, a inércia do devedor conduz ao adimplemento. Em outras palavras, não fazer nada equivale ao cumprimento da obrigação. Por exemplo, o dever de sigilo presente em alguns contratos ( = dever de não falar determinados assuntos previstos no contrato).
As obrigações de não fazer serão sempre infungíveis, uma vez que em tese seria lícito ao devedor realizar a atividade e logo, somente poderá exigir o cumprimento da abstenção daquele devedor determinado. Essa infungibilidade será contratual, partindo da livre manifestação da vontade do devedor, que decide se abster da atividade.
Importante ressaltar que, quanto ao inadimplemento, esse tipo de obrigação não comporta a figura da mora. Isso porque essa figura intermediária relativa ao cumprimento imperfeito da obrigação não coadunaria com a abstenção exigida na obrigação de não fazer. Ou, se permanece inerte, adimplindo assim a obrigação negativa, ou se age minimamente adimplindo a obrigação. É por isso que o art.390, CC estabelece que, nas obrigações negativas, o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedoré havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS E FACULTATIVAS
Existem duas formas de prestação no direito, a chamada prestação simples, quando existe somente uma pessoa que presta a obrigação e que recebe, e também há apenas uma prestação a ser cumprida. Enquanto que são chamadas de prestações compostas aquelas que são mais complexas e têm mais pessoas envolvidas no polo ativo ou passivo, ou em ambos, ou simplesmente, possui mais de uma obrigação a ser cumprida. Dentre elas se dividem em obrigação:
Cumulativa ou conjuntiva: Existe o acúmulo de mais de uma prestação e, a partir disso, todas elas devem ser devidamente cumpridas para que se dissolva a obrigação. Quando apenas uma dentre as prestações não é cumprida, pode gerar consequências, como a pena. O que define a obrigação é o fato de que as prestações se acumulam, por exemplo, João deve entregar a moto E o capacete para Cláudio, ou seja, João só vai adimplir a sua obrigação após cumprir as duas prestações. Porém, pode ser acorado que a entrega não precisa, necessariamente, ser simultânea.
Alternativa ou disjuntiva: Nesse tipo, também existe mais de uma obrigação para ser cumprida, no entanto o devedor tem a alternativa de entregar uma coisa OU outra para o credor. Para que haja a dissolução da obrigação é necessário que apenas uma prestação seja cumprida pelo devedor. Em regra, a escolha da obrigação é feita pelo devedor. Além disso, as alternativas podem ser mais de uma, como por exemplo, Marina pode pagar Carla em 1kg de arroz, ou em 1kg de açúcar ou ainda em 1kg de café.
Facultativa: Na obrigação facultativa apenas uma prestação é devida ao credor, o que a torna, de certa forma, mais simples do que a cumulativa e a alternativa. Nela o devedor tem a faculdade de prestar a obrigação ou desobrigar-se dela, se este cumprir com outra obrigação predeterminada entre os acordantes. Como por exemplo, a do arrendatário, obrigado a pagar o aluguel, que pode exonerar-se entregando frutos ao credor em vez de dinheiro.
Conceito de Obrigação Alternativa
Também chamada de obrigação disjuntiva, é aquela que tem dois ou mais objetos, e que se extingue com a prestação de um deles. Aqui, o devedor se exonera cumprindo apenas uma das obrigações.
A escolha compete, em regra, ao devedor, conforme art. 252, caput, do Código Civil – mas isso não impede que as partes estipulem que a escolha seja do credor ou de um terceiro. A escolha só se considera feita mediante a comunicação no prazo de cumprimento à parte contrária. Se o terceiro estipulado para efetivar a escolha não quiser ou não puder escolher, as partes deverão decidir em conjunto, mas se não houver acordo, a decisão fica para o juiz, nos termos do art. 252, §4º, do Código Civil. Existe também a possibilidade de se eleger um colegiado para efetivar a escolha da prestação a ser cumprida pelo devedor, mas caso não se alcance a unanimidade, haverá intervenção do Judiciário, para estipular um prazo para o acordo ou para tomara a decisão, conforme art. 231, §3º.
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
No caso de impossibilidade de uma das prestações, subsiste o débito em relação à outra. Na hipótese de haver culpa do devedor, na impossibilidade de uma das prestações, e a escolha couber ao credor, se este escolher a prestação impossível, ele terá direito a seu valor com perdas e danos.
Art. 253 - Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Caso a impossibilidade ocorra para ambas as prestações sem culpa do devedor, a obrigação será extinta. Se houver culpa do devedor e couber a este a escolha, ele deverá pagar o valor da prestação que se impossibilitou por último mais perdas e danos. Se competir ao credor a escolha, este poderá reclamar ao devedor o valor de qualquer uma das prestações mais perdas e danos.
É percebida também a diferença entre a obrigação alternativa e obrigação de dar coisa incerta, visto que, no primeiro caso, os acordantes pré estabeleceram o que seria o objeto de pagamento da obrigação, ou seja, coisas ou fatos já escolhidos. Já na obrigação de dar coisa incerta, os acordantes decidem o gênero do que será oferecido como prestação, podendo ser qualquer coisa que se encaixe naquele perfil, como por exemplo, se os acordantes tivessem decidido que o pagamento seria em uma garrafa de 1L de vinho argentino, o devedor teria a liberdade em escolher qualquer vinho de qualquer safra, desde que este seja argentino. No entanto, se a obrigação fosse alternativa, o que seria acordado é que o pagamento poderia ser entre o vinho Y ou o vinho K. Isso é definido porque na obrigação alternativa a escolha recai sobre um dos objetos previamente acordados.
Também não se deve confundir a obrigação alternativa com a condicional. Na condicional o devedor não tem certeza se deve realizar a prestação, pois pode liberar-se pelo não implemento da condição. E na alternativa apenas o objeto da prestação é, de certa forma, indeterminado no momento do acordo, mas ele não deixa dúvida de que a obrigação existe.
E por último, existe diferença entre cláusula penal e a obrigação alternativa, visto que, a primeira existe como forma subsidiária forçando o cumprimento da obrigação sob o devedor. Nela o credor não têm opção e torna-se nula caso seja nula a obrigação principal.
Conceito de Obrigação Facultativa
É obrigação com faculdade de substituição: existe a faculdade para o devedor de substituir o objeto da prestação. Na obrigação facultativa são estipuladas duas prestações: uma principal e uma subsidiária. Eventualmente, o devedor pode se utilizar na prestação subsidiária para adimplir a obrigação. Entretanto, o credor só tem direito à prestação principal, pois para ele a obrigação é simples. A obrigação é composta apenas sob a ótica do devedor, sendo a prestação subsidiária um direito potestativo do devedor, que se desobriga cumprindo qualquer uma delas. 
Alguns artigos que se relacionam com esse tipo de obrigação são os art.157 e art.1.382 do Código Civil:
Art. 157 - Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
   § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
   § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
Art. 1.382 - Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio serviente, este poderá exonerar-se, abandonando, total ou parcialmente, a propriedade ao dono do dominante.
Parágrafo único. Se o proprietário do prédio dominante se recusar a receber a propriedade do serviente, ou parte dela, caber-lhe-á custear as obras.
Como exemplo de obrigação facultativa, temos o caso de um financiamento de um carro, no qual o devedor deve pagar em dinheiro para a financiadora e assim obter o carro, porém se ele não consegue pagar o veículo, o mesmo é dado como pagamento de sua dívida, ou seja, a prestação foi cumprida, porém de forma facultativa ao acordo principal. 
Essa situação não é tratada no Código Civil Brasileiro, pois é considerada uma forma de obrigação alternativa, visto que o devedor tem a alternativa de escolher com o que vai cumprir sua prestação (quando há um acordo prévio) e o credor só pode exigir que uma das alternativas seja cumprida,o que torna a obrigação, basicamente, alternativa facultativa, como é reconhecida por algumas doutrinas do Direito Brasileiro.
Com relação a perda do objeto nas obrigações facultativas, é importante fazer as devidas distinções entre o objeto principal e o subsidiário. Se a perda for do objeto subsidiário com ou sem culpa do devedor, a única coisa que acontecerá é a perda do direito potestativo do devedor de optar entre uma das prestações, restando a obrigação com relação o objeto principal. Porém, se a perda for do objeto principal, deve-se analisar a culpa do devedor. Se for sem culpa, a obrigação restará extinta, já que ele não é obrigado a cumprir com relação ao objeto subsidiário e nem pode ser forçado a tanto. Mas, se a perda do objeto principal se der mediante culpa do devedor, ele poderá optar por pagar o equivalente mais perdas e danos ou entregar o objeto subsidiário. Importante notar que, mesmo nesse caso, o credor apenas pode cobrar o equivalente mais perdas e danos relativo ao objeto principal, não tendo qualquer direito de exigir o objeto subsidiário. 
OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS
As obrigações divisíveis e indivisíveis são classificadas de acordo com a possibilidade ou não de fracionamento do objeto da prestação.
A obrigação divisível ou fracionária trata-se da modalidade em que cada um dos devedores só está obrigado a cumprir com a sua quota parte da dívida, ou em que cada um dos credores só pode exigir sua parte equivalente. Em regra, a obrigação composta é divisível, porque seu objeto será dividido segundo o número de credores e devedores presentes. Por exemplo, cinco devedores têm uma dívida de 1000 reais, cada um deles só será obrigado a pagar a sua parte na dívida, ou seja, 200 reais. 
De acordo com o artigo 257 Código Civil:
Art. 257 - Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Já obrigação indivisível é aquela em que, por conta da impossibilidade de divisão do objeto, cada devedor está obrigado pela totalidade da prestação da obrigação, e cada credor pode exigi-la por inteiro. Há aqui a obrigatoriedade do pagamento integral, já que é impossível fracionar o objeto. 
Art. 258 - A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
Em caso de pluralidade de devedores na obrigação indivisível, qualquer um deles pode ser demandado a pagar a dívida por inteiro, tendo em vista que o objeto não pode ser fracionado. Sendo assim, aquele que cumprir a obrigação sub-roga-se no direito de credor em relação aos outros coobrigados, conforme art. 259, do Código Civil:
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Em caso de pluralidade de credores na obrigação indivisível, a dívida inteira podera ser exigida por qualquer um deles. Aqueles que não receberam nada, poderão exigir do cocredor a cota que lhe caiba no total (art. 261, do Código Civil). E se um dos credores perdoar o devedor quanto à dívida inteira? Mesmo que um dos credores perdoe o devedor quanto à totalidade da dívida, isso não impede que os outros credores exijam do devedor a prestação. Nessa caso, o devedor pode exercer o direito de retenção e descontar a cota do credor que perdoou a dívida, conforme art. 262, do Código Civil:
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.
Espécies de indivisibilidade
A indivisibilidade pode ser:
1. Natural ou física: como já citado acima, a indivisibilidade da obrigação pode ter relação com o caráter do objeto em questão, se naturalmente este for indivisível não é possível que a obrigação seja divisível sem que comprometa a substância da coisa. São assim naturalmente indivisíveis as obrigações de entregar um animal vivo, um relógio, um documento, uma obra literária, entre outras.
2. Legal: nesse caso, mesmo que substancialmente a coisa possa ser dividida sem gerar prejuízo, existe alguma lei que impede que isso ocorra, seja por motivos de interesse social ou público. Alguns exemplos são a divisão de direitos reais, como o penhor, ou também a divisão da dívida de alimentos.
3. Convencional: mesmo que naturalmente e legalmente a divisão da coisa seja possível, existem alguns casos nos quais as próprias partes decidem que o objeto em negócio não é divisível. A intenção das partes, nesses casos, mostra-se decisiva para a conversão da obrigação em indivisível. Essa estipulação pode se dar por contrato ou testamento.
4. Judicial: ocorre em casos do pagamento de indenizações, como por exemplo em acidentes de trabalho.
Perda da indivisibilidade
A indivisibilidade em si, não foi criada por uma lei específica para que haja a efetivação da obrigação entre as partes, garantindo o cumprimento da prestação, porém sua origem se deve à própria natureza da prestação. Portanto, a indivisibilidade só pode cessar se extinta a causa que lhe dá existência. Caso essa unidade infracionável/indivisível da prestação seja substituída por outra passível de divisão, a indivisibilidade está cessada e a prestação pode ser cumprida por partes. 
A perda da indivisibilidade pode acontecer em razão de uma escolha de uma coisa divisível em alternativa à coisa indivisível, ou em razão de uma novação, ou mesmo em razão do inadimplemento da obrigação, transformando-a em perdas e danos. Importante ressaltar que se a obrigação indivisível se perder sem culpa do devedor, a obrigação restará extinta. Mas, se a perda se der com culpa do devedor, este incorrerá em perdas e danos. Dessa forma, ao ser convertida em perdas e danos, a obrigação se torna divisível, perdendo sua indivisibilidade. Se na hipótese houver mais de um devedor, somente o culpado deverá pagar o valor corresponder às perdas e danos, conforme art. 263, do Código Civil
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
Em caso de contrato benéfico ou oneroso, fica estabelecido pelo art. 392 do Código Civil:
Art. 392 - Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
A obrigação solidária é definida pela pluralidade de credores e devedores, ou por apenas mais de um credor ou mais de um devedor, porém ela é diferenciada, pois cada devedor tem obrigação total de prestação da dívida e cada credor age como se fosse único, ou seja, tem direito a receber a totalidade da prestação. Isso está de acordo com o Código Civil no art. 264:
Art. 264 - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
É direito do credor pedir o cumprimento completo da obrigação assumida para qualquer um dos codevedores. Porém, a partir do momento em que a obrigação é cumprida, ela passa a ser extinta para todos os devedores, mesmo que apenas um tenha cumprido com a obrigação total, previsto no art. 275 do Código Civil:
Art. 275 - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Em casos nos quais apenas um devedor cumpre com a obrigação, os demais que são solidários passam a dever para esse e não mais para o credor original, ou seja, quem fica com o prejuízo é apenas o devedor que cumpriu com a dívida e não recai a responsabilidade do pagamento sob o credor original. Por isso, acredita-se que o número de obrigações em uma solidariedade é proporcional à quantidade de titulares. Cada devedor passará a responder não só pela sua quota, como também pela dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a prestação, poderá recobrar dos outros as respectivas partes.
As principais características das obrigações solidárias são:
1. Multiplicidade de sujeitos ativos ou passivos;
2. Pluralidade de vínculos entre cocredores e codevedores
3. Unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro, de acordo com o art.876 do Código Civil:
Art. 876 - Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
4. Corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento da prestação efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um.
5. Sempre decorrerá da lei ou da vontade das partes, jamais será presumida (art. 265, do Código Civil)
A função principal da solidariedade é impelir que os agentes, tanto passivos quanto ativos, cumpram a obrigação tornando uma forma de negociação de obrigações mais segura do que outras. É mais vantajoso para um credor que possui devedores solidários, visto que diminui o seu risco de insolvência e facilita o recebimento de créditos.
Há uma semelhança marcante entre a obrigação solidária e a obrigação indivisível que é o fato de que o credor tem o direito de cobrar apenas um devedor, dentre vários, o pagamento completo da obrigação. Porém há algumas diferenças, como por exemplo: enquanto o devedor solidário é obrigado a pagar a parte total, o credor indivisível apenas paga a dívida total, porque não é possível que a obrigação seja dividida, entrentanto só teria o dever de pagar sua quota-parte. Em caso de perdas e danos, está previsto pela legislação brasileira que na solidariedade todos os cocredores e codevedores são responsáveis pela totalidade da obrigação, enquanto que tal disposição caracteriza a extinção da indivisibilidade, conforme art. 263 do Código Civil. Dentre outras funções, também diferencia que as obrigações solidárias reforçam a segurança do credor, já as obrigações indivisíveis visam tornar possível a realização unitária da obrigação.
Espécies de obrigação solidária
1.  De credores (ativa): refere-se a pluralidade de credores, no qual se apenas um receber a quota total da obrigação tem o dever de distribuir entre todos os credores solidários e, a partir disso, o(s) devedor(es) estão livres dessa obrigação. Além disso, de acordo com o art. 268 do Código Civil:
Art. 268 - Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Regras: 
· qualquer um dos credores poderá cobrar a totalidade da dívida na data de seu vendimento. Em regra, é facultado ao devedor o pagamento a qualquer um dos credores solidários. Entretanto, se um dos credores acionar o devedor comum primeiro, essa faculdade deixa de existir. 
· qualquer um dos credores pode perdoar a totalidade da dívida, da mesma forma como pode novar, compensar ou cobrar essa totalidade (art. 272, Código Civil). Entretanto, este cocredor deverá se acertar com os demais. 
· com relação as exceções - que são as defesas do devedor diante da cobrança do credor - estas podem ser divididas em pessoais e comuns. Exeções pessoais são aqueles oponíveis perante apenas um credor específico, ou seja, o devedor não pode usar a exceção pessoal que teria contra um credor em relação a outro (art. 273, CC). Um exeplo de exceção pessoal é a compensação. E exceções comuns são aquelas que podem ser usadas contra qualquer credor, como por exemplo o pagamento, a remissão, a novação. 
· em caso de ação proposta por um credor solidário contra o devedor comum, a regra do art. 274, do Código Civil, é que os demais credores solidários serão beneficiados por um eventual julgamento favorável, mas não serão prejudicados caso o julgamento seja desfavorável. Portanto, os efeitos da coisa julgada dependerão do resultado do julgamento: se for favorável, a coisa julgada terá efeito ultra partes (por beneficiar os credores que não fizeram parte da lide), se contrário, os efeitos da coisa julgada serão inter partes (somente autor e réu sofrerão as consequências). 
2. De devedores (passiva): quando há mais de um devedor na obrigação. O credor tem o direito de cobrar a totalidade da obrigação para qualquer credor solidário, que deve pagar e depois tem o direito de receber de todos os outros devedores a quota-parte de cada um, restituindo o que foi gasto com a parte total.
Regras:
· em caso de exoneração ou renúncia da solidariedade do devedor solidário pelo credor, o devedor continua sendo devedor, entretanto ele passa a dever apenas sua cota-parte e não mais a totalidade da dívida, pois a exoneração foi apenas em relação à solidariedade e não à condição de devedor. Nesse caso, abate-se a cota do devedor exonerado e a solidariedade continua em relação aos demais. Entretanto, quando houver a remissão de um dos devedores solidários, este deixa de ser devedor, ou seja, se livra completamente do vínculo obrigacional, mantendo-se a solidariedade quanto aos demais devedores e abatendo-se a parte do devedor remitido (art. 388, CC). Os codevedores não contemplados pelo perdão só poderão ser demandados com abatimento da cota relativa ao devedor relevado, e não pela totalidade da dívida.
· em caso de insolvência declarada de um dos devedores, sua cota sera dividida igualmente entre os demais codevedores (art. 283, do CC), inclusive entre o devedor exonerado, pois ele não deixou de ser devedor, apenas deixou de ser devedor solidário. Somente o devedor remitido não participará deste rateio, pois está totalmente liberado da dívida.
· o devedor solidário que for demandado a pagar a totalidade da dívida pode chamar ao processo os demais codevedores solidários para exercer o direito de credor subrogado (art. 130, do CPC e art. 346, do CC), exigindo de cada um dos outros devedores sua cota-parte.
3. Recíproca ou mista: acontece no caso de quando há, ao mesmo tempo, mais de um credor e mais de um devedor para a mesma obrigação. Como não há nenhuma norma reguladora específica para obrigação solidária mista, são aplicadas as mesmas das obrigações passivas e ativas.
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
As obrigações são relações compostas por conteúdo e sujeitos. Dentro delas é possível que se faça a alteração do objeto, que acontece com a com a sub-rogação real e com a transação, mas também é possível fazer a modificação das pessoas envolvidas, sejam elas do polo passivo ou ativo.
A transmissão das obrigações é um ato simples e facultativo, que pode acontecer em qualquer um dos polos da obrigação, visto que a obrigação é um valor que faz parte do patrimônio, e a partir disso, o credor pode dispor dela da maneira que preferir. Ela pode ocorrer em algumas relações obrigações e ocasiona a substituição dos agentes originais. Isso significa que por meio de um novo negócio jurídico, o credor ou o devedor podem "transferir" suas posições na relação obrigacional para terceiros que não faziam parte do negócio original.
A transmissão acontece via título gratuito ou oneroso, de um direito, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens e é também conhecida como cessão.
 O adquirente recebe o nomede cessionário e o antecessor cedente, sendo que o primeiro exercerá a mesma função do cedente a partir da transmissão da obrigação.
Espécies
1. Cessão de crédito: credor transmite seus direitos a outra pessoa;
2. Cessão de débito: sem precisar do uso de novação ou extinção da obrigação, o devedor transmite a outra pessoa sua obrigação na relação jurídica;
3. Cessão de contrato: transmite-se ao cessionário a inteira posição contratual do cedente, como sucede na transferência a terceiro, feita pelo promitente comprador.
Cessão de crédito
É feita por meio de contratos, principalmente em relação de comerciante com uma instituição financeira, no qual o primeiro transmite seus créditos para a segunda. Ou seja, trata-se de um negócio jurídico bilateral, que admite a forma gratuita ou onerosa, baseado na transferência de direitos entre o credor e o devedor. O credor originário se denominará cedente e o novo credor será o cessionário. O negócio é realizado entre essas duas figuras, sem qualquer participação do devedor. Entretanto, ele deve ser notificado da ocorrência da cessão, pois é necessário que saiba para quem deverá pagar na data do vencimento.
Mas e se o devedor não for notificado? Nesse caso, a cessão de crédito não terá eficácia perante o devedor, sendo inoponível:
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
REQUISITOS DA CESSÃO DE CRÉDITO
Objeto: em regra, todos os créditos podem ser objetos de cessão, mas há algumas exceções:
· Pela natureza do crédito: créditos alimentares e créditos trabalhistas, por exemplo, não podem ser objeto de cessão por serem personalíssimos. 
· Por uma proibição legal: alguns créditos são proibidos por lei de serem cedidos, como por exemplo, a cessão de crédito já penhorado, que visa a evitar fraude à execução (art. 298, do CC); o direito à herança de pessoa viva (art. 426, do CC); o benefício da justiça gratuita (art. 10, da Lei n. 1.060/50)
· Por disposição expressa em contrato: as partes originárias da relação podem dispor em contrato a impossibilidade da cessão de crédito.
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Admite-se, porém, a cessão do direito do autor de obras intelectuais (Lei n. 9.610/98, art. 49) e do exercício do usufruto (CC, art. 1.393).
A cessão pode ser total ou parcial, de acordo com o art. 287 do Código Civil:
Art. 287 - Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
Capacidade: para que a cessão seja válida o cedente e o cessionário devem ser pessoas capazes, visto que a transferência poderá causar alienação para o cedente ou aquisição de direitos para o cessionário.
Legitimação: não é necessária apenas a capacidade, em determinados casos, é também necessária a legitimação para a efetivação da cessão, como por exemplo os tutores e os curadores, os testamenteiros e administradores ou os pais, no exercício da administração dos bens dos filhos menores, não conseguem efetivar a cessão sem a aprovação de um terceiro, que é o real dono do bem, ou sem a autorização do juiz.
CESSÃO PRO SOLUTO E CESSÃO PRO SOLVENDO
A cessão de crédito pode ocorrer de duas formas distintas:
Cessão pro soluto: é a regra geral. Nessa modalidade o cedente deve garantir ao cessionário ao menos a existência do crédito cedido.
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Cessão pro solvendo: é a exceção, deve ser pactuada entre as partes. Nessa modalidade o cedente deve garantir não só a existência do crédito, mas também a solvência do devedor.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
Nesse caso, se eventualmente o cessionário demandar judicialmente o cedente, ele somente poderá cobrar o valor que pagou pelo crédito, acrescido de juros de mora e de possíveis despesas que incorrer com a cobrança.
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
Cessão de débito
Também conhecida como assunção da dívida, é um negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui, a obrigação, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com os seus acessórios. A principal característica da cessão de débito é que a pessoa, seja física ou jurídica, adquire a obrigação de outra para si. A dívida é a mesma, o devedor é que muda. Quem assume a dívida é chamado de assuntor. 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
ESPÉCIES DE ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
1. Expromissão: nesse caso, o novo devedor assume a dívida diretamente com o credor, sem qualquer acordo com o devedor primitivo.
2. Delegação: nesse caso, é o devedor primitivo que delega sua dívida ao novo devedor. A delegação pode ocorrer em razão de uma relação entre os devedores ou em virtude de um negócio jurídico que justifique a assunção da dívida. Por exemplo, em um contrato de compra e venda que exige que o comprador assuma uma dívida como parte do pagamento. 
3. Liberatória: é a assunção de dívida como prevista nos artigos 299 a 303, do Código Civil. Nesse caso, o assuntor vai substituir o devedor originário, que ficará liberado da obrigação. Entretanto são necessários alguns requisitos: o consentimento expresso do credor, a validade da assunção e a solvência do assuntor no momento da assunção.
4. Simples: não libera o antigo devedor, apenas acrescenta o novo. Criam-se codevedores. 
Cessão de contrato
Apesar de não estar no Código Civil de 2002, possui grande aplicação principalmente em contratos de cessão de locação, fornecimento, empreitada, financiamento e, especialmente, no mútuo hipotecário para aquisição da casa própria.
 A cessão do contrato ou da posição contratual envolve três figuras:
· o cedente (que transfere a sua posição contratual);
· o cessionário (que adquire a posição transmitida ou cedida);
· o cedido (o outro contraente, que deve consentir na cessão feita pelo cedente)
Segundo Silvio Rodrigues:
“A cessão de contrato, ou melhor, a cessão de posições contratuais, consiste na transferência da inteira posição ativa e passiva do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída”.
O que diferencia os três tipos de cessão já citados é o fato de que a cessão de contrato abrange a transmissão de todas as obrigações, sejam elas ativas ou passivas, enquanto a cessão de crédito abrange apenas as transmissões de crédito e a cessão de débitos apenas as transmissões de débito.
CARACTERÍSTICAS DA CESSÃO CONTRATUAL
É um ato prático, pois não é necessário que haja a exclusão de um contrato e a elaboração de outro, o simples fato de transferir créditos e débitos para um terceiro já diminui toda a burocracia do processo. Serve, portanto, para tornar possível a circulação do contrato em sua integridade.
É necessário que tenha a concordância do cedido para acontecer a transferência. Como pode se tratar também de uma transferência de dívidas, a pessoa do cessionário tem importância para o outro contratante cedido, que passa a ser seu credor. Dessa forma, o cedidoprecisa, necessariamente, concordar para o negócio ser válido e eficaz.
Para o cedente, ocorre a perda dos créditos e das expectativas integrados na posição contratual cedida, bem como a exoneração dos deveres e obrigações nela compreendidos.
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES – I
Introdução ao Adimplemento
O caminho "natural" ou esperado de uma obrigação é seu adimplemento, ou seja, o devedor ou titular da obrigação cumprir aquilo que a obrigação estipulava. Vale ressaltar ainda que no sentido técnico-jurídico o Código Civil usa o termo "pagamento" para designar toda e qualquer extinção de um vínculo obrigacional.
Princípios do Pagamento
O pagamento tem dois princípios: a boa-fé ou diligência normal e a pontualidade.
Sobre a boa-fé, cumpre dizer que esta propõe retidão nas ações, uma vez que o direito tem como princípio que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
Art. 422 - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Pagar com pontualidade significa simplesmente pagar na data estipulada, uma vez que o atraso no pagamento (mora) pode incutir em perdas econômicas para o credor. Ademais, não basta pagar na data, mas também deve-se fazê-lo integralmente, mesmo que a prestação seja divisível, a menos assim que tenha sido estipulado. Entretanto, é possível pagar parcialmente e ser desonerado da obrigação em caso de oneração excessiva reconhecida em sentença nos termos dos artigos 478 a 480 do Código Civil.
Classificação do Pagamento
Existem dois tipos de pagamento: o direto e o indireto. O primeiro consiste no pagamento simples, da forma como foi acordada, enquanto o outro trata-se das outras formas de pagamento que não a acordada no primeiro momento, quais sejam:
1. Consignação em pagamento: é o pagamento por depósito judicial. Ocorre diante da recusa injustificada do credor em receber, da dúvida justificada do devedor sobre quem pagar ou da dificuldade real em realizar esse pagamento. Nesses casos a lei permite que o devedor se utilize do procedimento de consignação.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
2. Pagamento com sub-rogação: é o pagamento efetuado por terceiro. Um terceiro realiza o pagamento e satisfaz os interesses do credor, transferindo-se para a posição de credor originário para exercer contra o devedor o direito de regresso. Ou seja, o terceiro que pagou a dívida, passa a assumir a posição de credor para que possa cobrar do devedor que nada desembolsou. A sub-rogação ocorre por força de lei ou por manifestação de vontade. São três as hipóteses de sub-rogação legal, previstas no art. 346:
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Já as hipóteses de sub-rogação convencional são duas:
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
3. Imputação em pagamento: ocorre quando há mais de uma dívida, de igual natureza, entre os mesmos credores e devedores. Nesse caso, será necessário que o devedor, ao oferecer a prestação em pagamento, identifique qual dívida está sendo paga naquele momento. Esse direito de imputar é do devedor. Entretando, se ele não for exercido passa a ser do credor, que o exercerá por meio de declaração na quitação. E se o credor não escolher? 
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.
4. Dação em pagamento: é o pagamento de prestação diferente da devida. Nesse caso o credor aceita receber prestação diferente da devida, pois em regra, ele não é obrigado a receber objeto diverso do que foi pactuado (art. 313, do CC). Mas, se o credor aceita receber coisa diversa, ocorre a dação em pagamento. Por exemplo: João deve 20 mil reais a José e José concorda em receber um carro como pagamento ao invés do valor em dinheiro.
O pagamento, ainda, pode ser voluntário, quando é motivado pela livre vontade do devedor, ou por meio de execução forçada, quando é executado através de sentença judicial.
Estes tipos de pagamento consistem no que é chamado de modo normal de extinção da obrigação, que se contrapõe ao modo anormal de extinção da obrigação. Este, por sua vez, trata-se de casos em que não há pagamento e mesmo assim ocorre a extinção da obrigação. Isto se dá em casos de impossibilidade do pagamento sem que haja culpa do devedor, de advento do termo, de prescrição, de nulidade ou anulação, de novação ou de compensação.
Formas especiais de extinção das obrigações
Nesses casos a extinção da obrigação se dá sem pagamento, ou seja, não há a satisfação do interesse patrimonial do credor, apesar de haver a extinção da dívida. A novação pressupõe alteração de pelo menos um dos elementos fundamentais da obrigação, para que não seja idêntica e portanto a mesma obrigação. A alteração pode ser no elemento subjetivo (matém se o objeto, mas o credor ou o devedor são alterados) ou no objetivo (as partes se mantém, mas o objeto é alterado).
NOVAÇÃO (ARTS. 360 A 367, DO CC)
Acontece quando há a criação de uma nova obrigação que extingue a anterior. Há a substituição da dívida antiga pela dívida nova.
Há quatro requisitos para que a novação possa ocorrer:
1. Consentimento: em regra, é necessário o consentimento das partes para que ocorra a novação. Entretanto, é possível ocorrer a novação passiva por expromissão, ou seja, a obrigação anterior é extinta, com a substituição do devedor, sem que haja o consentimento deste (arts. 360 a 367, do CC)
2. Obrigação primitiva não pode ser nula: é necessário que a obrigação anterior seja válida para que possa ser novada:
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.
3. Obrigação nova deve ser válida
4. Animus Novandi: é preciso ter vontade de novar, que pode ser expressa ou tácita. Novação não se confunde com renegociação de dívida. Se há novação o contrato anterior está extinto e todos os seus acessórios também. Já a renegociação confirma o contrato anterior e modifica alguns aspectos. 
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
COMPENSAÇÃO (ARTS. 368 A 380, DO CC)
Na compensação há o encontro de créditos e débitos, há a extinção da obrigação por ocorrer uma atração de direitos opostos, que se extinguem na medida em que se encontram. Nesse caso, credor e devedor têm ao mesmo tempo créditos e débitos um para  com o outro. Por exemplo: Maria é credora e devedora de Joana. Se Maria deve 200 reais para Joana e Joana deve 200 reais para Maria, as dívidas se extinguem. A compensação é automática, não precisa ser decretada judicialmente.
Certas dívidas não podem ser compensadas, tanto por convenção das partes quanto por disposição legal. As partes podem estabelecer a incompensabilidade de uma dívida, determinando que ela seja paga. As hipóteseslegais estão previstas no art. 373, do Código Civil.
Para que a compensação aconteça, são necessários três requisitos:
1. Reciprocidade de partes: credor e devedor são credores e devedores recíprocos. As partes da relação obrigacional são as mesmas. Mas, há uma exceção: o fiador, que pode alegar o crédito do devedor contra o credor. 
2. Reciprocidade de prestações: as dívidas devem ser de mesma natureza e devem ser fungíveis entre si. Obrigações infungíveis e personalíssimas não podem ser compensadas. 
3. Validade da dívida: se uma da dívidas for inválida, seja por nulidade ou por anulabilidade, não pode ser compensada.
CONFUSÃO (ARTS. 381 A 384, DO CC)
Configura-se quando o polo ativo e o polo passivo de uma relação obrigacional tornam-se o mesmo. Só há uma pessoa na relação jurídica. Por exemplo: Alberto casa-se em comunhão universal de bens com a mulher que o devia. Segundo esse regime de bens, tudo que é dele é dela, e vice-versa, inclusive o crédito que ele tinha contra ela. Dessa forma, sendo impossível a cobrança, a obrigação restará extinta. 
REMISSÃO (ART. 385 A 388, DO CC)
É o perdão da dívida. É um ato de renúncia ao crédito por parte do credor. Para ter eficácia, a remissão deve ser aceita pelo devedor.
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.
Requisitos para a Validade Formal do Pagamento
Para ser capaz de extinguir uma obrigação o pagamento deve atender a alguns requisitos formais. São estes a existência de um vínculo obrigacional, a intenção de extingui-lo e resolvê-lo, o cumprimento da prestação devida, a pessoa que efetua o pagamento e a pessoa que o recebe.
Sobre a vontade de extinguir a obrigação, vale ressaltar que não é necessário que esta tenha de fato a intenção de acabar com o vínculo obrigacional, basta que haja de fato uma vontade para efetuar o pagamento. Quanto ao cumprimento da obrigação, este deve ser feito pelo titular da obrigação, seu sucessor ou por terceiro e se feito por erro dá fundamento à repetição por indébito.
Condições Subjetivas do Pagamento
Para ter validade e efetivamente extinguir a obrigação o pagamento deve ainda atender a algumas condições subjetivas, ou seja, estar de acordo em relação a quem deve pagar e a quem se deve pagar.
PAGAMENTO EFETUADO POR PESSOA INTERESSADA
Considera-se interessado juridicamente na extinção da obrigação o devedor e seus herdeiros e outros a ela por contrato, como o fiador, o solidariamente obrigado, o adquirente de imóvel hipotecado, o sublocatário, entre outros. Estes outros podem ser equiparados ao devedor principal em termos de direitos, garantias e privilégios através da sub-rogação.
Existe, entretanto, uma outra hipótese na qual um terceiro pode efetuar o pagamento se que tenha interesse jurídico neste. É o caso das pessoas que têm interesse moral na obrigação, tal como parentes do devedor, seus amigos ou pessoas com quem tenha relacionamento amoroso. Estes podem ainda beneficiar o devedor com a consignação, caso o credor recuse-se em receber o pagamento. A relação destes com o devedor é referendada pelo parágrafo único do artigo 304 do Código Civil:
Art. 304 - Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Na hipótese de o devedor se opor ao pagamento efetuado pelo terceiro, o credor tem justo motivo para não recebê-lo, sem temer a consignação. Apesar disso, este último pode ainda aceitar o pagamento e de nada valerá a oposição do devedor em relação a este, tendo utilidade somente para o devedor resignar da obrigação de reembolsar o terceiro.
Vale ressaltar ainda que o terceiro não interessado tem direito a pedir reembolso do devedor, caso o pagamento tenha sido efetuado em nome próprio, nos termos do artigo 305 do Código Civil. Além disso, para evitar que este terceiro use seu direito de forma mal-intencionada contra o devedor, este não pode cobrar reembolso antes do vencimento da dívida, caso ela tenha sido paga antes deste, nem tampouco sujeitar o devedor a exigências mais rigorosas do que havia na obrigação original.
Sobre este assunto ainda, é notável que o terceiro que pagar a obrigação em nome do devedor não tem direito a reembolso, pois é considerado que sua intenção era caridosa, ou seja, pretendia uma liberalidade sem fins lucrativos.
PAGAMENTO EFETUADO MEDIANTE TRANSMISSÃO DE PROPRIEDADE
Outro requisito para a validade do pagamento é que o devedor transfira algo que ele podia efetivamente transferir pois era de sua propriedade (CC, art. 307). Entretanto, não se pode reclamar do credor que tenha recebido e consumido de boa-fé coisa fungível de quem não tinha direito de aliená-la. Neste caso, resta somente ao verdadeiro proprietário voltar-se contra o devedor, uma vez que a relação devedor-credor cessou de existir.
PAGAMENTO EFETUADO DIRETAMENTE AO CREDOR
Para cumprir a obrigação, uma condição fundamental é que esta seja paga ao credor ou a alguém que a ele represente. Nesta segunda categoria estão os herdeiros do credor, desde que seguida sua quota hereditária, o legatário, o cessionário, outro sub-rogado ou qualquer outro portador legítimo do título de crédito.
PAGAMENTO EFETUADO A REPRESENTANTE DO CREDOR
A lei enumera três categorias de pessoas que se equiparam ao credor quanto ao direito a receber o pagamento do devedor. É o caso dos representantes legais, judiciais e convencionais.
Legais são os representantes especificados como tal na lei, como é o caso dos pais, tutores e curadores, e tutorados e curatelados. Já os representantes judiciais precisam ser determinados como tal por sentença judicial, como o inventariante, o síndico da falência e o administrador de empresa penhorada. Por fim, o representante convencional pode ser estabelecido no contrato entre credor e devedor, a fim de facilitar o pagamento pelo devedor. Este último, como nasce do consenso entre as partes, pode ter seu direito de receber revogado por um novo consenso entre credor e devedor a qualquer tempo.
Caso o pagamento for feito a um terceiro que não seja representante do credor ele perde sua validade e não extingue o vínculo obrigacional, a menos que este seja ratificado pelo credor e seu recebimento seja confirmado por este.
Uma exceção a isso é o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo (CC, art. 309), ou seja, alguém que aparenta ser o credor mas depois se verifica que ele não o é. Exemplo disso é o caso de alguém cujo único herdeiro é o seu sobrinho. Neste caso, qualquer pagamento feito ao sobrinho de boa-fé é válido, mesmo que posteriormente o testamento do credor principal venha a nomear outro herdeiro.
PAGAMENTO EFETUADO A CREDOR CAPAZ
O artigo 310 do Código Civil impõe que, para ter validade, o pagamento deve ser feito a credor capaz.
Art. 310 - Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Sendo assim, a princípio o pagamento feito a credor absolutamente incapaz é nulo enquanto o feito a credor relativamente incapaz deve ser confirmada pelo seu representante legal. Apesar disso, o Código diz ainda que caso o pagamento tenha revertido em benefício próprio cessa a invalidade deste.
PAGAMENTO EFETUADO A CREDOR CUJO CRÉDITO FOI PENHORADO
Caso o crédito do credor tenha sido penhorado e o devedor tenha sido intimado respeito disso, mesmo que o pagamento tenha sido feito efetivamente ao credor ele é inválido e portanto não extingue o laço obrigacional, conforme dispõe o artigo 312 do Código Civil:
Art. 312 - Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
Nesse caso, o devedor deve depositar a quantia em juízo ao invés de pagá-la diretamente aocredor. Caso o devedor, mesmo notificado, tenha pago a quantia mesmo assim, ele deve depositar o valor em juízo novamente para livrar-se da obrigação (CPC, art.672 § 2º), apesar de manter seu direito de regresso contra o credor. Outra formas de defesa processual ao devedor é a impugnação feita por terceiro, cujos efeitos a lei equipara à penhora.
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES – II
Objeto do Pagamento
O objeto de um pagamento deve necessariamente ser o conteúdo de uma prestação determinada pela sua respectiva obrigação. Assim sendo, pagar uma prestação de conteúdo diverso da sua respectiva obrigação não libera o devedor de seu pagamento, nem tampouco o devedor ou o credor pode ser obrigado a pagar qualquer coisa diversa do conteúdo da prestação da que lhe é devida (CC, art. 313).
Apesar disso, existe no direito brasileiro a hipótese de efetuar um pagamento diverso do acordado inicialmente e mesmo assim extinguir o vínculo obrigacional. É o caso da dação em pagamento, que consiste no comum acordo entre as partes em quitar a dívida através de um pagamento diferente daquilo que havia sido combinado, geralmente através de mercadorias.
PAGAMENTO EM DINHEIRO
Sendo esta a mais importante forma de pagamento, o Código Civil deu-lhe uma atenção especial. O artigo 316 do Código Civil, por exemplo, permite a utilização do sistema de aumento progressivo das parcelas (correção monetária), garantindo que o valor da dívida esteja corrigido após transcorrido o tempo entre a aquisição da obrigação e seu pagamento, não incutindo em perdas econômicas ao credor.
Além da dívida em dinheiro, equivalente ao valor nominal das cédulas, o Código ainda prevê outro regime de dívida: a dívida de valor. Neste caso, a dívida corresponde a um objeto que por sua vez corresponde a um valor em dinheiro. A título de exemplo, uma indenização decorrente de danificação ilícita de um objeto é uma dívida em valor, pois o objeto da dívida é a perda material causada pelo dano, e não o valor em dinheiro que este representa em si. Vale ressaltar ainda que toda dívida de valor, a princípio, também está sujeita a correção monetária, assegurando que o credor não tenha perdas materiais.
Outra diferença importante para o direito é aquela que se faz entre moedas de curso legal e de curso forçado. A primeira consiste numa moeda cuja circulação é permitida, mas não exigida para o uso rotineiro, sendo autorizado o uso de outras moedas. A outra trata-se de uma moeda cujo uso é imposto pela autoridade nacional como moeda única nas transações, tornando os usos de qualquer outra moeda juridicamente nulos, como é o caso do real (CC, art. 318) no Brasil, salvo os casos especiais descritos na Lei nº 9.069 de 29 de junho de 1995.
Aprofundando-se no dispositivo correção monetária, é importante citar que esse instituto nasceu da necessidade dos credores de evitar as perdas monetárias trazidas pela inflação. Num primeiro momento, esta tendência levou a criação de diversos índices de custo de vida, movimento que foi inicialmente freado com a regra de que é vetada a utilização de correção monetária para obrigações de prazo menor que um ano (Lei nº 10.192, art. 2º, § 1º).
Posteriormente, foi instituído que a correção monetária seria permitida somente se usado um índice previamente estabelecido a partir do uso da cláusula de escala móvel. A isto foi acrescido, baseando-se na teoria da imprevisão, que se posteriormente se observar que fatos extraordinários e imprevisíveis tornaram a correção excessivamente onerosa um dos contratantes pode solicitar a revisão do índice de corretagem, conforme o artigo 317 do Código Civil.
Prova do Pagamento
Provar o pagamento e o adimplemento é uma etapa importante, principalmente se o devedor quiser garantir que irá livrar-se dos prejuízos trazidos pela mora e pelo inadimplemento. Considera-se que a prova cabal do adimplemento é a quitação da dívida, a qual é direito do devedor exigi-la do credor, tendo resguardado seu direito de retenção do pagamento caso o credor recuse-se a fornecê-la (CC, art. 319).
QUITAÇÃO
Quitação corresponde àquilo que se chama usualmente de "recibo" e consiste na declaração unilateral escrita do credor de que o devedor de fato pagou o que devia e libera este da obrigação. Cabe ainda dizer que na recusa ou na impossibilidade do credor de fornecer a devida quitação o devedor tem direito à consignação do pagamento nos termos do artigo 335.
O conteúdo mínimo para uma quitação ser considerada válida, como está descrito no artigo 320, é o valor da e a espécie da dívida, o nome do devedor ou de quem pagou por ele, o tempo e o lugar do pagamento e a assinatura do credor ou de seu representante.
Entretanto, o parágrafo único desse artigo abre uma exceção: a partir do princípio da relativização da quitação da dívida, se a partir das circunstâncias do caso o juiz decidir que a dívida foi paga e extinguir a obrigação, independente da não emissão de recibo ou de recibo inadequado. Segundo o mesmo princípio, não é válido o recibo em que constar valor menor que o realmente pago, uma vez que isso levaria a um enriquecimento sem causa do devedor.
PRESUNÇÕES DE PAGAMENTO
Apesar da quitação ser o meio normal para a prova da extinção de uma obrigação, o Código Civil prevê ainda outros meios de se prová-la em casos especiais. Este dependerá do formato da dívida, por exemplo, se a dívida for representada por título de crédito, a dívida pode ser presumida como paga simplesmente através da entrega do título ao devedor. Neste caso, o portador do título é considerado como o titular do crédito e portanto tem direito de cobrá-lo ao devedor, mesmo que não seja o credor inicialmente. Além disso, se o título estiver em posse do devedor, assume-se com uma presunção relativa que a dívida foi paga.
Caso o título seja perdido o devedor pode exigir do credor uma declaração que inutilize o título perdido (CC, art. 321). Essa declaração, entretanto, não é oponível a um detentor de boa-fé, tornando mais interessante a utilização do procedimento descrito no artigo 907 do Código de Processo Civil, a partir do qual se anula o título de crédito em juízo.
Outro caso é o do pagamento por quotas sucessivas, no qual se a última parcela for paga presume-se que todas as outras tenham sido pagas também (CC, art. 322). Isso tem como base de que não seria coerente por parte do credor aceitar o pagamento da última prestação sendo que as outras não foram pagas. Apesar disso, esta situação admite prova em contrário.
Por fim, o artigo 323 do Código Civil enuncia que ao demonstrar-se que o capital de uma dívida foi pago, presume-se que os juros da dívida também foi pago, a menos que existam provas em contrário.
Lugar do Pagamento
O artigo 327 dispõe que o lugar em que se deve dar o pagamento é, via de regra, o domicílio do devedor, a menos que as partes acordarem que deve ser diferente.
Art. 327 - Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Dá-se preferência ao devedor baseando-se no princípio do favor debitoris, uma vez que se considera que o recebimento da dívida é desejável, desse modo o credor deve ir atrás dela. Entretanto, esse princípio não exclue a liberdade das partes em decidir o local do pagamento, uma vez que o Código assim o estabelece. Em outras palavras, a lei só se aplica no silêncio das partes, ou seja, é complementar à vontade expressa das partes.
No caso de o local do pagamento ser definido pela livre vontade das partes denomina-se esse tipo de dívida como dívida portável. Por outro lado, quando o local do pagamento é definido por lei chama-se a esse tipo de dívida como dívida quesível. Ademais, vale ainda destacar que esse conceitos são "fluidos", uma vez que uma dívida quesível pode tornar-se portável e vice-versa de acordo com o passar do tempo.
Existem ainda casos em que o local do pagamento é pré-definido por lei. É o caso,por exemplo, do pagamento de determinados tributos, os quais a lei pode definir que sejam pagos no guichê da entidade ligada ao tributo ou num banco conveniado. Outro exemplo é dado pelo próprio Código Civil nos artigos 328 e 329. O artigo 328 enuncia que no caso de o pagamento consistir na tradição de um bem imóvel o pagamento deve se situar no próprio lugar onde o bem se encontra. Por fim, o artigo 329 dispõe que se houver motivo grave para que se efetue o pagamento em outro lugar, se o devedor assim quiser, sem que haja prejuízo para o credor.
Outras exceções à regra geral podem surgir ainda conforme a natureza da obrigação ou ainda em circunstâncias especiais, tal como é o caso do pagamento de um frete ou de uma empreitada e devem ser analisados caso a caso.
Finalmente, o parágrafo único do artgo 327 prevê que na estipulação de dois lugares para que ocorra o pagamento cabe ao credor escolhê-lo, sob pena de permitir que o devedor o faça. Por sua vez, caberá a parte que escolher o local do pagamento notificar a outra em tempo hábil.
Tempo do Pagamento
Saber o momento exato de pagar interessa tanto ao credor, para saber a partir de que momento pode cobrar a dívida, como ao devedor, para evitar o inadimplemento. Em tese, o devedor tem até o último dia do prazo por inteiro para efetuar o pagamento, mas esse pagamento pode estar sujeito a limitações práticas como o horário comercial e bancário da região ou ainda o horário de funcionamento da entidade pública responsável por recolhê-lo. Se o motivo do atraso no pagamento for o não atendimento a esses horários a obrigação é, mesmo assim, considerada inadimplida e o devedor sofrerá as consequências da mora.
Sobre as obrigações, o Código as diferencia entre obrigações condicionais e puras, as quais, por sua vez,  ele divide entre aquelas em que há prazo estipulado no contrato (a termo) e aquelas que não o tem. A respeito das obrigações puras a termo, a lei define que não é necessário que a proximidade do vencimento seja interpelada (avisada) ao devedor, uma vez que se considera que o próprio prazo interpela por si mesmo. Assim sendo, a interpelação só é necessária em contratos sem prazo definido.
Quanto às obrigações condicionais, estas são definidas pelo artigo 332 do Código, de acordo com este, se consideram cumpridas na data do implemento da condição.
Art. 332 - As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.
Ainda, a lei abre duas exceções a regra geral de que a obrigação pura deve ser cumprida na data de vencimento: em casos em que a lei define o adiantamento do vencimento desta e quando o devedor paga antecipadamente. Quanto às obrigações do primeiro caso, estas estão definidas no artigo 333 do Código Civil:
Art. 333 - Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
As três hipóteses previstas na lei versam a respeito de casos em que há uma considerável redução na possibilidade do credor receber aquilo a que tem direito, evidenciando uma tentativa de proteger os direitos deste.
Já quanto a segunda exceção à regra geral supracitada tem-se duas possibilidades: o devedor pode ter abrido mão de sua proteção legal conferida pelo prazo ou ele pretende evitar o pagamento de juros, caso eles existam. Em ambos os casos, o credor é obrigado a aceitar o pagamento antecipado, sendo que no segundo ele é ainda deve reduzir o montante dos juros proporcionalmente ao tempo antecipado, considerando que o contrato foi feito nos termos do Código de Defesa do Consumidor.
Outro princípio importante em questão de prazos é o princípio da satisfação imediata. Este versa que, caso não tenha sido estipulado prazo específico para a quitação da dívida, o credor pode exigir seu pagamento imediatamente, exceto em casos especiais em que o Código define prazo específico.
INADIMPLEMENTO
O inadimplemento obrigacional é tratado nos artigos 389 a 420, do CC e se trata do não cumprimento de uma prestação por culpa do devedor. É necessário que haja uma conduta imputável ao devedor para que os efeitos do inadimplemento sejam surtidos. A primeira identificação importante que devemos fazer em relação ao inadimplemento é se houve ou não uma conduta culposa do devedor. A impossibilidade do cumprimento da prestação, sem culpa do devedor, não gera os efeitos do inadimplemento, gera apenas a resolução da obrigação.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
Se houver uma conduta culposa, o não cumprimento da obrigação ocasionará a resolução da obrigação e a incidência dos efeitos do inadimplemento: perdas e danos, juros moratórios, correção monetária e honorários advocatícios.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
A responsabilidade civil contratual decorre do inadimplemento culposo e gera para a parte prejudicada o direito de exigir o cumprimento específico da obrigação, conforme art. 475, do CC.
 Como regra, uma vez que o indivíduo firma um contrato, ele deve cumpri-lo, de acordo com o princípio do pacta sunt servanda ("os pactos devem ser mantidos"), sob pena de se configurar inadimplemento obrigacional.  Como exceção a este princípio temos a Teoria da Imprevisão, que trata da possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da obrigação contratual, fazendo com que a prestação se torne excessivamente onerosa para uma das partes gerando extrema vantagem para a outra. Nesse sentido, temos o art. 478, do CC. 
Espécies de inadimplemento
MORA OU INADIMPLEMENTO RELATIVO
A mora do devedor ocorre quando há o cumprimento imperfeito da obrigação, com inobservância do tempo, lugar e forma convencionados, desde que aquela prestação ainda seja viável e útil para o credor.
Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
A mora não se confunde com o simples atraso do devedor no cumprimento da prestação. O atraso configura a mora, mas ela não se limita a ele. A mora se relaciona com o tempo, o lugar e a forma da prestação. Por exemplo, se me comprometi a pagar uma dívida de 10 mil reais em dinheiro e ao invés disso entrego uma bicleta, estarei em mora. Se me compromir a fazer um show no parque e faço na praia, estarei em mora. Portanto, se as partes elegem um local para o cumprimento da prestação e ela é cumprida em local diverso ou se as partes elegem uma forma específica de pagamento e ele é feito de forma diversa, configura-se a mora. 
É importante ter em mente também que o inadimplemento só será relativo, ou seja, somente configurará a mora, se a prestação ainda for viável e útil para o credor, caso contrato configura-se inadimplemento absoluto. Por exemplo, se contrato uma banda para o meu casamento, marcando o show para as 19h e a banda chega às 23h, essa prestação deixa de ser útil para mim. Mesmo que tenha sido apenas algumas

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