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Os cinco cultos e suas interferências na ética e moral do mundo contemporâneo, segundo Yves de La Taille

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Os cinco cultos e suas interferências na ética e moral do mundo contemporâneo, 
segundo Yves de La Taille 
 Em nossa sociedade pós-moderna e contemporânea, a vaidade raramente se associa a moral. 
Não é possível agir moralmente por vaidade. O vaidoso tem como lei a heteronomia, ele se 
atenta ao valor das aparências e superficialidades, por isso muitas vezes associamos a vaidade 
como algo negativo. O vaidoso tem a necessidade de atenção para si mesmo, para ele o olhar 
alheio é tudo. O vaidoso “vive uma vida imaginária no pensamento dos outros”, Blaise Pascal 
(1972). 
 A vaidade pode ser um problema? Pode ser que a mesma leve o indivíduo a realizar coisas 
importantes, na ciência, tecnologia, artes, mas raramente a vaidade é um estímulo para 
grandes feitos. 
 Avaliemos os traços da vaidade em nossa sociedade: Um deles é a sociedade do espetáculo. 
Quem são as pessoas que ficam em destaque na nossa contemporaneidade? Aquele que é 
chamado de vencedor. Chamar alguém de perdedor hoje em dia é algo de extremo peso. Ser 
vencedor não é simplesmente ser alguém que venceu na vida, e sim alguém que se deu melhor 
do que os outros, há competitividade presente em sua personalidade, logo se anula qualquer 
ato de reciprocidade com o próximo. Portanto o vencedor é o centro das atenções, ele se 
destaca e acredita ser diferente perante a sua plateia que são os outros. 
 O conceito de ser diferente aos outros mudou. Antes o ser diferente vinha acompanhado do 
sentimento de vergonha, então na busca de esconder esse sentimento negativo ele procura se 
misturar, padronizando-se para se igualar aos outros e participar do grupo. Já em nossa 
sociedade contemporânea, o ser diferente torna-se destaque, logo, trazendo um sentimento 
de orgulho. A vergonha mora no indivíduo quando ele se iguala ao outro, tornando-o inferior e 
não participativo do espetáculo onde esse sentimento não ganha visibilidade. Quando venço, 
ganho destaque, portanto o vencedor é uma espécie de celebridade, deixando evidente a 
existência do culto à celebridade. 
 O vencedor sendo visto como uma celebridade faz com que os outros busquem se igualar a 
ele. Vencedores e não vencedores associam-se á marcas vencedoras, valorizando a estética 
para que aqueles que não são vencedores pelo menos tenham a aparência de um. Essa soma 
resulta no consumo. 
 Essa soma pode resultar em consequências graves? Essas dimensões interferem em vários 
aspectos citados anteriormente, e também interferem na moral. Podemos analisar que nos 
fenômenos contemporâneos trágicos, encontramos a busca pelo destaque. Trágicos, pois 
aqueles que não conseguem comprar destaque tornam-se invisíveis, e a invisibilidade trás 
sofrimento. Trágico, pois o único lugar que esse indivíduo acredita que vá ganhar visibilidade é 
fazendo o uso da violência parte do seu espetáculo. Essa não é uma violência revolucionária, o 
violento é um ser conservador querendo apenas possuir aquilo que o vencedor possui. O 
invisível vendo que a única possibilidade de ser visto, é fazendo com que os outros tenham 
medo dele, faz com que o mesmo utilize da violência como uma ferramenta para que a plateia 
lhe dê atenção. 
 Vimos que a cultura da vaidade anda contra a construção de uma personalidade ética. Não há 
motivação na busca pela moralidade em um indivíduo que acredita ter uma vida sem sentido, 
pois a moral é rara em uma cultura do tédio. O tédio na maioria das vezes vem carregado de 
um sentimento de vazio, onde só há lugar para a raiva, desespero e também o suicídio. Na 
busca implacável para se tornar parte da sociedade do espetáculo, encontram-se valores que 
não se associam à moral, valores esses que podem andar de mãos dadas com a criminalidade. 
 Basicamente, podemos entender assim a forma com que os cinco cultos se interligam, 
interferindo diretamente, e indiretamente no conceito de ética e moral em nossa sociedade 
contemporânea.

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