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AKIM NICOLAU VALENTE FRANCIELLE NOGUEIRA GONÇALVES MATHEUS AUGUSTO BACHEGA A HISTÓRIA DE ALÉM-MAR Trabalho proposto pelo Prof. Douglas Nassif Cardoso — 1º Ano, Período Matutino, do Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista — Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo — Outubro de 2019 O termo Além-Mar é usado quando a história contada se passa fora do país em que o escritor vive. “Parafraseando uma expressão francesa bem conhecida: a história de todo mundo e história de Além-Mar para alguém de fora. ” (p.97) A história de Além-Mar passa por várias mudanças, tanto de nomenclatura, tipo de abordagem e de interesse. Pois de início se tratava da história colonial, mas ela é muito mais ampla que isso. “Trata não somente dos sistemas coloniais e do encontro entre europeus e não europeus em geral, mas também da história econômica, social, política e cultural dos povos não europeus. ” (p.98). Por isso temos um grande problema. Devido a proporção que toma, é impossível identificá-la. Existem duas fontes principais para essa história, de um lado as fontes europeias, e do outro não-europeias, como por exemplo a africana. “Por essa razão os historiadores de Além-Mar são com frequência encontrados em departamentos orientalistas ou africanistas, pelo menos na Europa (a situação nos Estados Unidos e diferente). Mesmo quando estão alocados em departamentos de história, os historiadores de Além-Mar sentem a necessidade de colaborar com outros especialistas da mesma área, como linguistas, antropólogos ou historiadores de arte. ” (p.98) Por esse motivo era estritamente necessário que os historiadores de Além-Mar estudassem outras culturas diferentes de sua cultura de origem. A quem diga que a História de Além-Mar inclui a história de todos os povos e nações de fora da Europa, mas como dito anteriormente, ela é muito mais ampla que isso. Se tornou tão ampla e variada que até passou a incluir relatos dos chamados “povos sem história”. Evoluindo de um campo especifico da história para um conceito de história. A partir de 1945, houve uma grande mudança na maneira de estudar a história. Devido, principalmente, ao declínio da Europa após a grande guerra. “Mas além das razoes políticas e ideológicas, houve também desenvolvimentos internos, modificações na maneira como a história era estudada. O período pós- guerra testemunhou a ascensão da história social e econômica. Os historiadores tornaram-se menos interessados na história política e militar e mais interessados em questões como civilização material, mentalités, vida cotidiana, o homem comum etc. Nesse aspecto, pelo menos até o século dezoito, a história europeia não era tão diferente da história não-europeia. ” (p. 102) Mesmo com o crescimento do estudo histórico na Ásia e África, a Europa continua sendo a principal referencia, fazendo com que muitos historiadores de outros continentes fossem se especializar nas escolas europeias. “Assim, o desenvolvimento da história de Além-Mar após 1945 foi um processo dialético. Primeiro, houve um movimento de emancipação na historiografia não ocidental, que resultou em uma significativa explosão de pesquisa e produção histórica na Ásia e na África. Os países não- europeus descobriram seu próprio passado e apresentaram sua própria interpretação dele, mas foi exatamente então que o problema da história de Além-Mar se manifestou sob uma nova forma. Hoje em dia todo mundo aceita que os africanos e os asiáticos possuem sua própria história, tão rica e interessante quanto a da Europa. A questão, entretanto, e se podemos nos deter aqui e simplesmente considerar a história mundial como a soma de um grande número de histórias regionais autônomas. ” (p.104) A diferença cultural entre os continentes incentivou a criação de novas técnicas de pesquisa histórica, já que os meios tradicionais eram escassos. “Por razoes culturais, os africanos produziram menos material escrito sobre história africana, que os europeus, e, por razoes climáticas, pouco desse material chegou até nossas mãos. Isto significa que a maioria das fontes e exógena. Elas provem de estrangeiros, sejam eles viajantes Gregos, romanos ou árabes, geógrafos, comerciantes ou administradores europeus. Tecnicamente falando, a maior parte da história africana e pré ou proto-história (ou etno- história, como tem sido as vezes chamada). ” (p.110) A História de Além-Mar influenciou também a descolonização dos países não-europeus. Devido ao declínio do Imperialismo durante a Revolução Industrial. “As questões discutidas são basicamente muito simples. Porque a descolonização ocorreu naquele momento, e por que assumiu aquelas várias formas? A descolonização não é mais exclusivamente descrita como a história dos atos de líderes políticos em um curto período de tempo (1947-62). Seus aspectos de longo prazo, estruturais e conjunturais, também tem de ser levados em conta. A análise das várias formas de descolonização centraliza-se em torno das três forças que estavam em atividade: o poder colonial, a situação na colônia e o fator internacional. A interação dessas forças decidiu as formas, mas não o resultado do processo, porque, apesar das diferenças, o resultado foi sempre o mesmo: a independência. “ (p.126) A chamada Teoria da dependência, e o conceito de Império informal foram muito valiosas para a descoberta de “hipóteses fundamentais da história de Além-Mar e assim mudaram sua interpretação. Concluímos que a História de Além-Mar é um conceito muito mais amplo do que a história da expansão europeia, pois não trata apenas dos encontros entre europeus e não-europeus, mas também dos sistemas econômicos, sociais, políticos e culturais dos próprios não-europeus. Existindo duas principais abordagens, um mais relacionado a ciência social, destacando um fenômeno social, assim como a formação, revolução ou a ditadura, analisando em diversos contextos históricos. Já a outra abordagem, mais tradicional, distingue certo padrão no desenvolvimento da história moderna, considerando a escrita da história como a descrição de processos e acontecimentos históricos. “Ambas as abordagens são caracterizadas por um forte desejo de transcender os limites tradicionais, os pontos de vista provincianos e as tendências viciosas nacionalistas. No fim, elas têm o mesmo objetivo, ou seja, tornar a disciplina ocidental especifica da história aplicável a história mundial [...]. Essas palavras foram escritas por Huizinga há mais de meio século atrás. O desafio de se extrair em suas consequências e algo que ainda hoje estamos enfrentando. ” (p.131)
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