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AULA 1 LOGÍSTICA GLOBAL E A SUA IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA Prof. Marcio José das Flores 2 CONVERSA INICIAL Olá, caros alunos! O mundo dos negócios mudou e os profissionais de logística precisam conhecer as diversas opções estratégicas de operação de suas empresas. Hoje é fundamental entender que as cadeias de abastecimento ou de distribuição física não são apenas mais uma função organizacional e sim uma decisão estratégica para tornar as empresas mais produtivas e competitivas. É preciso ter visão sistêmica e alterar as funções da empresa de forma criativa a fim de programar estratégias vencedoras. Atualmente, empresas de sucesso são aquelas que conseguem ser inovadoras e lançar produtos e serviços mais rapidamente, atender à demanda com tempos de espera menores e conquistar maior confiabilidade. A busca incessante por uma vantagem competitiva tem se tornado uma preocupação de todas as empresas atentas às realidades do mercado. Neste módulo vamos falar sobre a logística global e sua importância estratégica para nossas organizações. Nesta primeira aula, vamos trabalhar os seguintes temas: Tema 1 – Forças motrizes da globalização Tema 2 – Mercados globais Tema 3 – Decisão entre comprar ou produzir Tema 4 – Internacionalização de empresas Tema 5 – Regimes aduaneiros no Brasil CONTEXTUALIZANDO No período pós-Segunda Guerra Mundial, em especial na década de 1970, com a ascensão industrial e tecnológica teve início nos Estados Unidos, França, Alemanha e Japão um embrião do processo de globalização como a conhecemos nos dias atuais. Nesse contexto, a indústria automobilística e de tecnologia da informação deram um salto exponencial, o qual propiciou o desenvolvimento de uma cadeia mundial de suprimentos e de distribuição física de bens e produtos por parte das grandes empresas multinacionais, em especial empresas dos países mencionados. Com o início dessa nova ordem econômica mundial, sob a égide da globalização, alguns países, em especial os chamados Tigres Asiáticos e mais recentemente países emergentes e BRICS (grupo formado por Brasil, Índia, 3 Rússia e China), ganharam novos investimentos e competitividade mundial. A China em especial surge nesse cenário mundial de forma extremamente competitiva frente aos países desenvolvidos. As trocas no comércio internacional se acentuam significativamente com a intensificação dos processos de exportação e importação entre esses novos atores. A logística global se ampara então na definição estratégica das empresas, na utilização dos modais de transportes internacionais, nos documentos de aplicabilidade mundial do comércio internacional e na legislação aduaneira de cada país. Para a execução das estratégias empresariais, é fundamental a escolha adequada dos modais de transporte para cada tipo de produto e consequentemente a seleção de um provedor de logística global que traga soluções inteligentes em uma parceria de sucesso no comércio internacional. Aspectos da logística, como o atendimento do prazo de entrega, boas condições na entrega dos produtos, atendimento nos serviços relacionados ao andamento da carga, tornam-se primordiais na manutenção dos clientes e alavancagem de novos negócios, pois criam confiabilidade e assertividade entre exportador e importador. Leandro (2004), no artigo “A logística e o mundo globalizado”, comenta que o desafio para uma organização que pretende ser líder em serviço ao cliente é conhecer as exigências dos diferentes segmentos do mercado em que atua e direcionar os seus processos de logística aos cumprimentos dessas exigências. A disponibilidade do produto de acordo com a conveniência está superando a fidelidade à marca ou a um determinado fornecedor. TEMA 1 – FORÇAS MOTRIZES DA GLOBALIZAÇÃO O processo de globalização, desde sua origem, é impulsionado por quatro grandes forças motrizes: mercado, tecnologia, políticas e custos comparativos de produção. As forças de mercado globais se caracterizam pela competição estrangeira intensa, em que produtos, diferentemente de serviços, são comercializados de forma rápida entre países. Dessa forma, empresas locais não mais competem apenas com empresas locais, e a competitividade configura-se como instrumento fundamental das empresas, pois quanto mais competitiva a empresa for, maior a quantidade de mercados que ela poderá atender. O comércio eletrônico, por sua vez, tem contribuído para tornar o consumidor cada vez mais exigente em termos de prazos e de qualidade, tanto 4 de produtos como de serviços. Essas mudanças estão transformando a visão empresarial sobre a logística, que passou a ser vista não mais como uma atividade operacional, um centro de custos, mas sim como uma atividade estratégica fonte potencial de vantagem competitiva. É importante entender que, devido ao avanço tecnológico na área de produção, os produtos em si tornaram-se muito parecidos em sua composição, independentemente do local em que forem produzidos. Dessa forma, o diferencial da logística ganha um destaque maior. Se a qualidade era o fator principal no campo dos negócios na década de 1980, a logística se tornou, nos últimos anos, a chave da concorrência entre as empresas que atuam em um mercado globalizado (Leandro, 2004). As forças tecnológicas dão suporte à logística global que move todo esse processo de globalização, em especial quanto à disponibilidade de informações na internet e na implantação de ferramentas de rastreabilidade das cargas exportadas ou importadas. Além da tecnologia que podemos ver enquanto consumidores, avanços tecnológicos importantes ocorrem nos processos de manufatura e transporte das empresas, bem como a difusão de conhecimento técnico para especialistas e leigos por meio da internet, permitindo a comparação entre os produtos na tomada de decisão de compra. Importante lembrar também do compartilhamento cada vez mais intenso de tecnologias por meio de parcerias entre empresas e do uso generalizado de componentes especializados. Hoje muitas empresas deixam de “fabricar” integralmente seus produtos, passando a serem “montadoras” de seus produtos; outras nem isso mais fazem, pois passaram a gerenciar suas marcas terceirizando ou licenciando a totalidade de sua produção. Forças de custos globais são importantes de serem destacados, pois foram as primeiras impulsionadoras para a instalação de fábricas nos países da nova ordem mundial. Atualmente, devido ao aumento de capital investido nas instalações de produção e a automatização generalizada na maioria das indústrias do mundo, o custo da mão de obra direta vem perdendo importância para outros fatores estratégicos das empresas, como disponibilidade de recursos e matérias- primas, facilidades logísticas para a distribuição física internacional e a própria gestão da marca, que cria desejo nos consumidores (por exemplo, Ferrari, Harley Davidson etc.). Em muitos casos, a localização das fábricas independe do custo e disponibilidade de mão de obra, pois pouco impacta a comunidade ao seu redor, 5 devido a diferentes vetores estratégicos de custos, como acesso a facilidades logísticas ou benefícios fiscais concedidos pelo governo local. A economia mundial durante a década de 1980 – a chamada década perdida devido à estagnação econômica vivida pela América Latina, incluindo o Brasil, com uma forte retração da produção industrial e baixo crescimento da economia – foi fortemente impactada devido a dois grandes eventos ocorridos em meados da década de 1970: a quebra do acordo de Bretton Woods e a crise internacional do petróleo. A partir da estabilização econômica que se perpetuou ao redor do mundo no final da década de 1980 e que chegou ao Brasil em meados da década de 1990, as forças políticas e macroeconômicas passam a dar importante suporte ao processo de globalização devido aentão possível estabilidade das taxas de câmbio num novo mundo de taxas flutuantes. Nessa época também países nas diferentes regiões do globo passaram a se organizar em blocos econômicos, e acordos de comércio regionais foram negociados sob a égide da organização mundial do comércio. Nesse ambiente, novas formas de proteção comercial dos países se desenvolveram, como as barreiras não tarifárias, cláusulas de comércio e limites de comércio para determinados produtos ou países. Essas forças motrizes que levaram o mundo em direção à globalização fizeram surgir para as empresas do mundo todos os chamados mercados globais. TEMA 2 – MERCADOS GLOBAIS Segundo Coelho (2010), no mercado competitivo e globalizado em que muitas empresas competem, deve-se considerar a dimensão internacional dos negócios e estratégias. Essas empresas, chamadas de multinacionais (em contraste com as empresas locais ou domésticas), têm seu mercado e seu fornecimento em escala global: compram matérias-primas, fabricam e vendem produtos e serviços em diversos países. A maneira como os gestores das multinacionais abordam as oportunidades globais define a estratégia que as empresas utilizarão para comprar, produzir e vender. Enquanto algumas zelam por sua exclusividade e o apelo que a marca produz, outras visam alcançar o maior número possível de consumidores com custos cada vez mais baixos. 6 Essas estratégias podem ser classificadas em quatro grupos: internacional, multidoméstica, global e transnacional (Coelho, 2010). Vejamos algumas características de cada uma destas alternativas. A estratégia internacional caracteriza-se por atuar normalmente via importação/exportação do produto final, e em algumas ocasiões usa-se o licenciamento de um produto existente. A redução de custo do produto não é uma das principais preocupações da empresa que utiliza esta estratégia. Servem como exemplos produtos com alto apelo emocional devido à marca, como as motos Harley Davidson. A estratégia multidoméstica é definida por sua ágil resposta às necessidades dos clientes com alguma diferenciação. Utiliza o seu modelo de sucesso em escala global, por meio de franquias, subsidiárias ou joint ventures. Coelho (2010) comenta que a estratégia global tem seus produtos altamente padronizados e utiliza um sistema produtivo que explora economias de escala. Normalmente são empresas que aprenderam a aproveitar os conhecimentos de diferentes culturas e métodos. Na estratégia transnacional as empresas atuam localmente, com rápidas respostas para os problemas que enfrentam nos diferentes mercados. Elas movem materiais, pessoas e ideias entre diferentes países e mesmo entre continentes. Exemplos de empresas que atuam com esta estratégia são a Coca- Cola e a Nestlé. Para o desenvolvimento dessas diferentes estratégias as empresas precisam entender o processo de compra de seus consumidores, chamado de comportamento do consumidor. Este pode ser definido como o processo em que indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer às suas necessidades ou desejos. Podemos adicionar ainda a essa visão o fator “processo decisório”, que tem extrema importância no entendimento desse comportamento. Na medida em que o mundo globalizado se desenvolve, podemos observar que com ele cresce também uma cultura global, em que pessoas do mundo inteiro encontram-se unidas por sua devoção comum a produtos de uma marca e, ao mesmo tempo, as culturas locais também diferenciam a cada dia mais suas características, passando a exigir foco dos profissionais de marketing. Nesse ambiente competitivo, o papel da logística mais uma vez ganha destaque pelo 7 suporte fornecido às estratégias de internacionalização das empresas, importação, exportação e outros arranjos. TEMA 3 – DECISÃO COMPRAR X PRODUZIR Conforme vimos anteriormente, cada vez mais as empresas deixam de fabricar seus produtos, passando muitas vezes a montá-los a partir de diferentes componentes. Este fato nos traz a importante decisão sobre em quais itens a empresa deve concentrar seus esforços de diferenciação e de tecnologia em seu desenvolvimento e quais componentes ela deve comprar. Numa referência ao mercado automobilístico, as chamadas montadoras têm terceirizado a maior parte da fabricação de seus componentes, mas em geral não abrem mão do desenvolvimento de seus motores. Neste contexto, tem evoluído também o conceito de terceirização, mudando de uma visão tradicional, em que a terceirização era focada na redução de custos a partir de contratos de curto prazo com muitos fornecedores, para uma visão de parceria duradoura com poucos fornecedores, selecionados a partir de critérios múltiplos como qualidade, confiabilidade e opções estratégicas. Dessa forma, a terceirização se torna uma decisão estratégica para as organizações, pois por meio dela as empresas podem melhorar o foco em seu negócio (core business) sem desperdiçar esforços e energia em obter acesso a capacidades de nível mundial em todos os componentes de seus produtos. Essa abordagem favorece a reestruturação das organizações atuais por semelhança na sua forma de atuação (isomorfismo mimético) e acelera os benefícios da reengenharia de seus processos, compartilhando os riscos do desenvolvimento das novas tecnologias e inovações. Em um nível tático de atuação das organizações atuais, a terceirização ainda suporta a redução ou a melhor gestão de custos operacionais em funções básicas ou de difícil controle, liberando fundos de capital para a empresa investir em outras oportunidades de negócio ou mesmo compensar a falta de recurso para investimento. Dentre todas essas decisões estratégicas a que as empresas atuais precisam se dedicar, a atuação no mercado internacional merece grande destaque, como veremos a seguir. 8 TEMA 4 – INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS O processo de internacionalização das empresas se dá num primeiro momento com o acesso e a disponibilização de seus produtos em novos mercados além das fronteiras do seu país de origem. Esse acesso a novos mercados se dá por meio dos canais de distribuição internacional, que podem ser diretos ou indiretos. Nos canais de distribuição internacional diretos temos: Vendas pelo correio: muitas exportações de pouco volume são realizadas por correios ou por serviço de courrier, isto é, remessa de encomendas expressas para o exterior. Consórcio de exportação: é uma das formas mais práticas e baratas para atuar no mercado internacional, juntando sinergias com outros produtores. Agente no exterior: é uma das formas mais utilizadas para entrar no mercado externo. Uma pessoa física ou jurídica que, por um acordo, vende e representa seu contratante e é paga com uma comissão. Distribuidor ou vendedor direto: a empresa possui um funcionário que reside no país do importador, promovendo e realizando as vendas. Distribuidor: é uma empresa que compra o produto em seu próprio nome, estoca a mercadoria e a vende a um terceiro aplicando uma margem. Rick jobbing: o exportador administra por sua própria conta um espaço de uma loja ou armazém de um comerciante local, contatando consumidores locais e vendendo diretamente a eles. Filial de vendas: trata-se de uma loja de vendas que é gerenciada por funcionários da empresa exportadora. O produto é enviado pelo exportador diretamente para sua filial, que o entregará ao cliente final. Joint venture: de acordo com Minervini (2001), “é conceituado como um contrato entre duas partes para criar uma associação entre empresas com objetivo comum, para a realização um ou mais negócios”. Normalmente, em uma joint venture a firma estrangeira fornece a tecnologia e a supervisão técnica, e a firma local fornece os meios materiais para a execução da produção e colocaçãodo produto no mercado. Muitas vezes a joint venture pode ser a única forma de entrar em um país ou região onde as práticas governamentais de concessão de contratos são restritas. 9 Na mesma linha, fusões e aquisições (M&A – Merges and Acquisitions) remetem às operações empresariais de compra de empresas. Essas operações permitem que as empresas sejam vendidas, compradas e agrupadas. A fusão é uma forma de reorganização empresarial, caracterizada pela união de duas ou mais empresas. Nas aquisições, ocorre a compra de uma empresa por outra. Nesse caso, isso significa necessariamente que uma das empresas permanece. Licenciamento: Keegan e Green (1999) conceituam licenciamento como um acordo contratual pelo qual o licenciador permite que o licenciado use patentes, marcas, tecnologia ou outros bens intangíveis mediante o pagamento de royalties ou outra forma de pagamento. De acordo com Hitt, Ireland e Roskisson (2003, p. 339), “um acordo de licenciamento permite que uma firma estrangeira compre o direito de manufaturar e vender os produtos da firma dentro de um país anfitrião ou conjunto de países”. O licenciamento é uma das formas de redes que está se tornando comum, pois tem provado ser um meio rentável de penetração em mercados estrangeiros por não usar muitos recursos da empresa licenciadora, favorecendo assim as firmas menores que não possuem os recursos e as possibilidades de instalação no exterior (Keegan e Green, 1999). Nos canais de distribuição internacional indiretos temos: Buyer agent: atua no país do exportador, em nome e por conta do importador, levando oportunidades de negócios e mantendo-o bem informado a respeito do mercado exportador. Broker: é um intermediário que atua em setores muito específicos, como os de matérias-primas, e tem uma relevante especialização no setor de mercado. Piggy back: são empresas conhecidas no mercado de destino da mercadoria e que atuam no mesmo segmento do exportador. Jobber: é um atacadista que compra, estoca e revende para outros atacadistas ou para o grande distribuidor. Sua comissão é paga em parte pelo comprador e em parte pelo vendedor. 10 Agente de vendas: é um executivo que desenvolve contatos de venda, tendo como sede principal o país do próprio exportador. Sua remuneração é baseada em comissão sobre o volume de negócios realizados. Trading company: é uma sociedade mercantil, cujas atividades são de compra e venda, intermediação, financiamento, comercialização e, inclusive, industrialização. As modalidades de atuação no mercado internacional podem fazer referência ao grau de maturidade das empresas quanto à sua internacionalização. De qualquer forma, o melhor indicador refere-se à estratégia competitiva da empresa e seu real interesse no mercado externo. TEMA 5 – REGIMES ADUANEIROS NO BRASIL Conforme a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), chama-se regime aduaneiro o tratamento tributário e administrativo aplicável às mercadorias submetidas a controle aduaneiro conforme a natureza e objetivos da operação, e de acordo com as leis e regulamentos aduaneiros. O regime aduaneiro geral ou comum, como o nome já indica, caracteriza- se pela generalidade das importações, com pagamento de direitos aduaneiros devidos. Consiste na importação de bens a título definitivo, permitindo o seu consumo no país após a sua nacionalização. A SRFB comenta que os regimes especiais são as exceções ao regime geral, visam atender a situações de temporariedade dos bens no território aduaneiro ou à concessão de benefícios fiscais. Devido à importância econômica significativa para o país, são denominados também de Regimes Econômicos ou Regimes Suspensivos, porque suspendem o pagamento dos direitos aduaneiros durante sua vigência. A importância econômica dos regimes aduaneiros especiais não se restringe à desoneração de impostos, mas também age sobre a importação de bens e componentes estrangeiros destinados à industrialização no país do produto final com objetivo de ser exportado, trazendo efeitos positivos sobre a balança comercial decorrentes de maior competitividade do produto nacional no mercado internacional. 11 A utilização de regimes aduaneiros especiais, tendo em vista a natureza de cada uma de suas espécies e respectivas aplicações, também traz outros efeitos importantes na atividade econômica, tais como: armazenamento, no país, de mercadorias estrangeiras por prazo determinado, permitindo ao importador manutenção de estoques estratégicos com pagamento de tributos no momento do consumo; transporte de mercadorias estrangeiras com suspensão de impostos entre locais sob controle aduaneiro; e realização de feiras e exposições comerciais. Ao permitir a realização de eventos de natureza cultural, esportiva e científica, com a utilização de bens estrangeiros, os regimes aduaneiros especiais possibilitam maior integração do país com o exterior. 5.1 Modalidades de regimes aduaneiros especiais Segundo a SRFB, regimes aduaneiros especiais são regras ou procedimentos que visam regular situação especiais no comércio de importação e exportação de um país. Visam auferir vantagens financeiras ou operacionais às empresas, principalmente vantagens fiscais ao suspender ou impedir a cobrança de tributos. De acordo com o Regulamento Aduaneiro (Decreto n. 4.543/2002), são determinadas pelas características de suspensão de créditos tributários; permanência das mercadorias por prazo determinado em território nacional e a exigência de garantia (real ou pessoal) dos tributos em termo de responsabilidade: os bens ingressam no país, mas não se integram à riqueza nacional, podendo ser ou não desembaraçados para consumo. As modalidades de regimes aduaneiros especiais são as seguintes: Trânsito Aduaneiro (arts. 267 a 305): permite o transporte de mercadorias de um ponto a outro do território aduaneiro com suspensão de tributos. Admissão Temporária (arts. 306 a 323): permite a entrada de produtos estrangeiros com suspensão de tributos no prazo de um (1) ano, prorrogável por mais um (1) ano para feiras, congressos, exposições etc. conforme Instrução Normativa n. 285/2003 da SRFB. Admissão Temporária para Utilização Econômica (arts. 324 a 331). Admissão Temporária para Aperfeiçoamento Ativo (arts. 332 a 334). 12 Exportação Temporária (arts. 385 a 401): permite a saída e o futuro regresso de produtos nacionais ou nacionalizados, não havendo incidência de impostos no prazo um (1) ano, prorrogável por mais um (1) ano para feiras, congressos, exposições etc. conforme Instrução Normativa n. 319/2003 da SRFB. Exportação Temporária para Aperfeiçoamento Passivo (arts. 402 a 410). Drawback: suspensão, isenção e restituição (arts. 335 a 355): permite a importação de insumos para industrialização de bens destinados à exportação, sem incidência de tributos. Com a edição da Lei n. 10.833, de 29 de dezembro de 2003, consolidou-se uma prática que já era comum. Entreposto Aduaneiro de Importação e de Exportação (arts. 356 a 371): permite o depósito de mercadorias em local determinado do território aduaneiro, com suspensão de tributos, pelo prazo de um (1) ano, prorrogável até três (3) anos. Recof – Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (arts. 372 a 380). Recom – Regime Aduaneiro Especial de Importação de Insumos (arts. 381 a 384). Repetro – Regime Aduaneiro Especial de exportação e importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural (arts. 411 a 415). Repex – Regime Aduaneiro Especial de importação de petróleo bruto e seus derivados (arts. 416 a 423). Reporto – Regime Tributário para incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (novo regime criado pela Medida Provisória n. 206/2004, art. 12). Loja franca ou free shop (arts. 424 a 427). Depósito Especial (arts. 428 a 435) (antigo DEA e DAD). DAF – Depósito Afiançado (arts. 436 a 440). DAC – Depósito Alfandegado Certificado (arts. 441 a 446). Depósito Franco (arts. 447 a 451). Zona Franca – áreas de livre comércio de importação e exportação e com isenção de tributos, visam promover o desenvolvimento econômico e social de certas regiões. 13 FINALIZANDO Vimos que estamos vivendo em uma época de constantes e imprevisíveis mudanças. A cada dia que passa, os avanços tecnológicos mudam as perspectivas e concepções de mundo existentes. Hoje, milhares de pessoas e produtos cruzam o Atlântico e chegam a seu destino no mesmo dia de partida, e uma comunicação em texto, voz ou imagem chega em um pressionar de teclas de um telefone móvel. Tendo em vista este cenário, em que as barreiras deixaram de existir ou ao menos tornaram-se muito mais permeáveis, notamos também uma mudança nas operações industriais e relações comerciais entre os mais diversos povos, línguas e nações. Fronteiras foram pulverizadas para constituírem grandes blocos. As organizações não competem mais somente num mercado local, não importando se o negócio da organização é grande ou pequeno. Nesta primeira aula, discutimos o ambiente no qual a internacionalização dos mercados se desenvolve, suas forças impulsionadoras e as formas das empresas se posicionarem neste ambiente de negócios. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica NÓBREGA, D. G. A.; BARRETO, M. L. G.; SILVA, R. M. A globalização e a evolução do comportamento organizacional. IN: - XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP, 22., 2002, Curitiba. Anais..., Curitiba: ABEPRO, 2002. Texto de abordagem prática BRAND, F. C.; KRONMEYER FILHO, O. R.; KLIEMANN NETO, F. J. O processo de terceirização no contexto de uma cadeia produtiva: o caso da cadeia eletroeletrônica . IN: XXV Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP, 25., 2005, Porto Alegre. Anais..., Porto Alegre: ABEPRO, 2005. 14 Saiba mais AMORIM, D. F. B. de. Gestão Estratégica da Cadeia Logística. Administradores, 26 dez. 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/academico/gestao-estrategica-da- cadeia-logistica/83612/>. Acesso em: 23 maio 2018. MANTOVANI, F. Logística estratégica em alta. Exame.com, 24 fev. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/blog/sua-carreira-sua- gestao/logistica-estrategica-em-alta-2/>. Acesso em: 23 maio 2018. 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n. 4.543, de 26 de dezembro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 dez. 2002. _____. Medida Provisória n. 206, de 6 de agosto de 2004. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 ago. 2004. BRASIL. Secretaria da Receita Federal do Brasil. Instrução Normativa SRF n. 285, de 14 de janeiro de 2003. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=15168&vis ao=anotado>. Acesso em: 23 maio 2018. _____. Regimes aduaneiros especiais. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/historico/srf/boaspraticas/aduana/Regimes.ht m>. Acesso em: 23 maio 2018. CARNIER, L. R. Marketing internacional para brasileiros. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras,1996. Hitt, Ireland e Roskisson (2003, p. 339). COELHO, L. C. Opções para estratégias de operações globais. Logística Descomplicada, 04 jan. 2010. Disponível em: <https://www.logisticadescomplicada.com/opcoes-para-estrategias-de- operacoes-globais/>. Acesso em: 23 maio 2018. KEEGAN, W. J.; GREEN, M. C. Princípios de marketing global. São Paulo: Saraiva, 1999. LEANDRO, J. A logística e o mundo globalizado. Administradores, 21 set. 2004. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/a-logistica- e-o-mundo-globalizado/10163/>. Acesso em: 23 maio 2018. MINERVINI, N. O exportador: ferramentas para atuar com sucesso nos mercados internacionais. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2001. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.
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