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Processo e procedimento

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Processo Penal – P1 
· Processo e Procedimento
Processo
É o instrumento através do qual o Estado/Juiz diz o direito (jurisdição) e se inicia com a denúncia/queixa e termina com a manifestação irrecorrível do Estado.
O processo é uma entidade complexa, que pode ser conceituado em sentido amplo (ou formal) e restrito (ou substancial). 
Em sentido amplo, o processo consiste na combinação de atos tendentes a uma finalidade conclusiva. Na segunda acepção, processo é o instrumento por meio do qual o Estado exerce a jurisdição, o autor o direito de ação e o acusado o direito de defesa, havendo entre seus sujeitos (partes e juiz) uma relação jurídica diversa da relação jurídica de direito material, qual seja, a relação jurídica processual, que impõe a todos deveres, direitos, ônus e sujeições.
Procedimento 
Representa o complexo de regras legais a serem adotadas pelo Estado a fim de que possa ser exercida a jurisdição. Modernamente não é adequado dizer que o processo se destina à aplicação da lei penal, isto porque, a manifestação do Estado pode ser condenatória absolutória.
O procedimento é o modo pelo qual os diversos atos se relacionam na série constitutiva do processo, representando o modo do processo atuar em juízo. Assim, enquanto o processo funciona como uma direção no movimento, ou seja, o movimento em sua forma intrínseca, o procedimento é o modo de se mover e a forma em que é movido o ato, isto é, o procedimento é esse mesmo movimento, porém em sua forma extrínseca.
· Sistemas processuais 
a) Inquisitivo 
As atribuições de acusar, defender e julgar são concentradas em uma só pessoa. Não há observância ao contraditório e o agente representante do Estado concentra todos os atos procedimentais em si do início ao término do processo.
Esse processo NÃO é adotado pelo Brasil que admite o contraditório.
Obs: O inquérito policial tem natureza inquisitiva, contudo é peca pré-processual e as provas nele obtidas devem ser repetidas na fase processual.
b) Acusatório 
No sistema acusatório há nítida separação entre as funções acusar, defender e julgar. o Estado/Juiz se coloca de maneira equidistante das partes e recebe as provas por elas produzidas. Importante destacar que o nosso CPP admite a produção de determinadas provas pelo juízo, mas não desqualifica o sistema acusatório.
“Art. 385.  Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada”.
Obs: A maioria da doutrina diz que o Brasil POSSUI o sistema acusatório.
- Nesse sistema existe separação entre acusação, defesa e decisão.
- Há parcialidade entre acusação e defesa.
- O juiz chega a uma imparcialidade. 	
c) Misto 
É defendido por parte da doutrina minoritária e sustenta que a processualística brasileira admite a interferência do juízo na gestão da prova e assegura a possibilidade de desvinculação com a posição do Ministério Público mesmo quando este se alinha com a tese de defesa.
O inquérito policial constitui fase pré-processual e não macula a fase processual (ação penal), tanto é que seus atos precisam ser refeitos em juízo.
· Princípios do Sistema Acusatório (não aguento mais isso)
a) Contraditório (cross examination)
Revela a possibilidade de a parte apresentar oposição a prova produzida pela outra. Isso significa que deve existir o exame cruzado das provas, não se admitindo a existência de prova unilateral, sob pena de nulidade.
b) Oralidade
Por opção do legislador, com ideia de dar celeridade aos atos processuais, o sistema acusatório deve privilegiar a concentração de atos em audiência e a sua realização na forma oral.
c) Verdade real/material
No processo penal o juízo deve investigar com profundidade as provas existentes nos autos e não se admite a imposição de presunções processuais prejudiciais ao acusado. Isso significa que pode até mesmo desconsiderar a confissão do réu quando esta não se sustenta nas provas do processo.
d) Estado de inocência 
No sistema acusatório o réu não pode ser tratado como culpado até que sobrevenha o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
É importante lembrar que para o STF o trânsito em julgado da matéria fática ocorre no segundo grau de jurisdição, logo, é possível o afastamento neste momento do estado de inocência.
e) Oficialidade
De acordo com esse princípio as funções de acusar, defender e julgar são feitos por órgãos distintos e compõe estrutura oficial do Estado. Assim, Ministério Público acusa, Defensoria/advocacia defende e Poder Judiciário julga.
Obs: O réu não pode fazer a sua própria defesa, salvo se possuir capacidade postulatória.
f) Indisponibilidade 
Significa que o Estado tem a obrigação de instaurar os meios necessários para perseguir aquele que infringe a norma penal. Todavia, não significa a obrigatoriedade em oferecer denúncia, mas apenas a de dar uma resposta sobre o exercício do jus puniendi.
g) Publicidade 
No processo penal a regra é a publicidade de todos os seus atos, diferentemente do inquérito, que, como regra, é sigiloso.
Essa publicidade, contudo, não é absoluta e pode sofrer restrições, toda vez que houver exposição da intimidade do autor ou da vítima. 
· Procedimento 
O procedimento é composto de quatro fases distintas: 
a) postulatória: a primeira fase do procedimento abrange não apenas a acusação em si, oferecida pelo Ministério Público ou pelo querelante, mas também, eventualmente, atos de reação defensiva do acusado (v.g., defesa preliminar, quando a defesa tem a oportunidade de ser ouvida pelo juiz antes do recebimento da peça acusatória). Em sede processual penal, é bom lembrar que, antes do início do processo, é costume haver uma fase preliminar de investigações (v.g., inquérito policial, procedimento investigatório criminal), destinada à colheita de elementos informativos acerca da autoria e materialidade do fato delituoso. Essa fase, todavia, não integra o processo, não estando inserida na unidade procedimental;
b) instrutória: é a fase na qual são produzidas as provas requeridas pelas partes ou determinadas, subsidiariamente, pelo juiz. A instrução do processo não se resume à audiência una de instrução e julgamento (CPP, art. 400, caput), quando são ouvidos o ofendido, as testemunhas, os peritos e o acusado. Na verdade, desde a fase postulatória, acusação e defesa já trazem aos autos elementos informativos e provas (v.g., provas cautelares, antecipadas e não repetíveis), que se somarão, posteriormente, à prova produzida em juízo;
c) decisória: nesta fase, objetivando formar a convicção da entidade julgadora no sentido da condenação ou absolvição do acusado, as partes terão a oportunidade de se pronunciar quanto ao material probatório constante dos autos do processo (v.g., alegações orais). Na sequência, deve ser proferida pelo juiz a sentença, ato dotado de eficácia externa que resume todo o procedimento e constitui o seu resultado final, pelo menos na 1ª instância;
d) recursal: às partes o ordenamento jurídico outorga instrumentos para impugnação de decisões judiciais contrárias aos seus interesses, em fiel observância ao princípio do duplo grau de jurisdição, previsto expressamente na Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
O procedimento não pode ser estudado como uma simples ordenação de atos, sem qualquer regramento. Em um Estado Democrático de Direito, que tem como princípio básico o do devido processo legal, o procedimento deve ser realizado em contraditório, dentro de um prazo razoável, e cercado de todas as garantias necessárias para que as partes possam sustentar suas razões, produzir provas, concorrendo para a formação do convencimento do magistrado.
Violação às regras procedimentais
Quanto às consequências decorrentes da inobservância do procedimento fixado em lei, prevalece oentendimento de que eventual inversão de algum ato processual ou a adoção, por exemplo, do procedimento comum ordinário em detrimento de rito especial conduz à nulidade do processo apenas se houver prejuízo à parte. 
Conquanto o princípio do devido processo legal compreenda a garantia ao procedimento tipificado em lei, não se admitindo a inversão da ordem processual ou a adoção de um rito por outro, entende-se que as regras procedimentais não possuem vida própria, servindo ao regular desenvolvimento do processo, possibilitando a aplicação do direito ao caso concreto.
· Classificação do procedimento 
Os procedimentos são divididos em duas classes: os especiais e os comuns (CPP, art. 394, caput).
Procedimento especial é aquele previsto no CPP ou em leis especiais para hipóteses específicas, incorporando regras próprias de tramitação do feito de acordo com as peculiaridades da infração penal. 
Exemplos: procedimento especial dos crimes dolosos contra a vida (CPP, art. 406 a 497); procedimento especial dos “crimes de responsabilidade” dos funcionários públicos (CPP, arts. 513 a 518); procedimento especial da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06); procedimento especial dos crimes contra a honra não submetidos à competência dos Juizados (CPP, arts. 519 a 523); procedimento originário dos Tribunais (Lei nº 8.038/90).
Procedimento comum, por sua vez, é o rito padrão previsto no CPP para ser aplicado subsidiariamente, ou seja, é o procedimento a ser utilizado para as infrações penais que não possuem procedimento especial previsto em lei. 
É nesse sentido, aliás, o teor do art. 394, § 2º, do CPP, que prevê que “aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposição em contrário do CPP ou de lei especial”. 
Subdivide-se em ordinário, sumário e sumaríssimo, de acordo com a quantidade de pena cominada em abstrato ao delito, independentemente de sua natureza (reclusão ou detenção), nos termos do art. 394, § 1º, do CPP.
Notas do professor: O procedimento comum é a regra a ser aplicada no processamento dos feitos criminais. Outra regra de processamento é a especial e esta somente se aplica em caso de previsão expressa da norma. Daí a compreensão de que o procedimento comum é a regra e tanto é assim que em caso de silêncio da norma em seu processamento, se aplica o procedimento comum por ser subsidiário ou supletivo.
· Classificação do procedimento comum
De acordo com o art. 394, § 1º, do CPP, o procedimento comum será:
I – ordinário: quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II – sumário: quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) e superior a 2 (dois) anos de pena privativa de liberdade;
III – sumaríssimo: para as infrações penais de menor potencial ofensivo, assim compreendidas as contravenções penais e crimes com pena máxima não superior a 02 (dois) anos, cumulada ou não com multa, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher. Cuida-se do procedimento destinado à apuração das infrações penais de competência dos Juizados Especiais Criminais, consoante disposto no art. 61 da Lei nº 9.099/95.
Portanto, se determinada infração penal não estiver sujeita a algum procedimento especial, seu procedimento será o comum ordinário, sumário ou sumaríssimo, a depender do quantum de pena cominado ao delito. 
Por exemplo, se se tratar do crime de furto simples (CP, art. 155, caput), cuja pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, o procedimento será o comum ordinário. 
Na hipótese do crime de homicídio culposo previsto no art. 121, § 3º, do CP, cuja pena é de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, o procedimento será o comum sumário.
Por derradeiro, em se tratando de desacato (CP, art. 331), o procedimento será o comum sumaríssimo, visto que a pena cominada a tal delito é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Crime qualificado? Agravantes? 
A forma qualificada pode alterar a regra do processamento da ação penal, pois é aplicada na terceira fase da dosimetria e permite ultrapassar a pena máxima prevista em lei.
Contudo, as agravantes não alteram a regra ou procedimento, ao passo que não podem ultrapassar os parâmetros mínimo e máximo previstos, nos termos da súmula 231/STJ.
Súmula 231/STJ: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.”.
Procedimento adequado no caso de conexão e/ou continência envolvendo infrações penais sujeitos a ritos distintos
Havendo cumulação de crimes com procedimento diverso é possível que seja tudo processado por um único procedimento, desde que o juízo seja competente para conhecer de todas as matérias.
Neste caso, será processado naquele procedimento que comporta MAIOR possibilidade probatória e possibilite ao juiz maior verticalização das partes dos autos.
Importante lembrar que se os fatos revelarem competências jurisdicionais distintas é imprescindível o desmembramento dos feitos. 
Obs: Tribunal do Júri (juízo de atração)
“Art. 5, XXXVIII, CF - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
 a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações;  c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.
“Art. 74, CPP.  A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri”.
Nos termos do art. 74 do CPP o tribunal do júri é foro de atração e faz com que ilícitos praticados, mesmo que de procedimento diverso, seja julgado em conjunto com crime doloso contra a vida.
Destaca-se que se a autoridade com prerrogativa de foro exclusiva da Constituição Estadual cometer crime doloso contra vida, nos termos da súmula 721/STF, será submetido ao tribunal do Júri. Todavia, se a prerrogativa de foro for prevista na constituição Federal, prevalece esta em detrimento do tribunal do júri.
Súmula 721/STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual”.
· Procedimento comum ORDINÁRIO
Art. 394, CPP.  O procedimento será comum ou especial. 
Pena máxima: = ou + 4 anos
Etapas: 
1. Oferecimento da denúncia ou queixa 
De acordo com o art. 41 do CPP, “a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”.
a) Exposição do fato criminoso (com todas suas circunstâncias);
b) Qualificação do acusado (detalhadamente);
c) Definição jurídica do crime (indispensável – não vincula o juiz)
d) Rol de testemunhas (Art. 401, CPP.  Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa).
Obs: Os itens a, b e c, são OBRIGATÓRIOS. 
Para além dos requisitos aí inseridos – exposição do fato criminoso, qualificação do acusado, classificação do crime e rol de testemunhas, quando necessário –, a doutrina acrescenta outros, tais como o endereçamento da peça acusatória, sua redação em vernáculo, a citação das razões de convicção ou presunção da delinquência, assim como a subscrição da peça pelo Ministério Público ou pelo advogado do querelante, sem olvidar da procuração com poderes especiais, e do recolhimento de custas, no caso de queixa-crime.
Prazo: “Art. 46, CPP.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo dadata em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos”.
Sob pena de, art. 100, § 3º, do CP,  § 3º - “A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal”. 
Nesse caso, caso o MP não ofereça denúncia no prazo legal, o ofendido pode ingressar com uma ação penal privada subsidiaria da pública.
Se a ação for privada, o prazo para o ofendido ingressar com a ação será de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime (art. 103 do CP).
2. Rejeição da peça acusatória 
“Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando:            
 I - for manifestamente inepta;           
 II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou            
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal”.
Causas de rejeição:
2.1 Inépcia da peça acusatória
De acordo com o art. 41 do CPP, a peça acusatória deve conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas.
Nem sempre a inobservância de um dos requisitos do art. 41 do CPP autoriza a rejeição da peça acusatória. 
Exemplificando, se ausente o rol de testemunhas da denúncia, por entender o órgão ministerial que a autoria e a materialidade do fato delituoso estão comprovadas por vasta prova documental, a peça acusatória deve ser recebida. A incorreta classificação do crime também pode ser objeto de posterior emendatio libelli, independentemente de posterior aditamento, nos termos do art. 383 do CPP. Logo, também não pode dar ensejo à rejeição da peça acusatória. 
Todavia, se ausente a qualificação do acusado, ou se a peça acusatória não descrever o fato delituoso, deve o magistrado rejeitar a peça acusatória.
A inépcia da peça acusatória pode ser formal ou material: 
Inépcia formal ocorre quando a peça acusatória não preenche os requisitos obrigatórios do art. 41 do CPP (v.g., denúncia com narrativa defeituosa do fato delituoso), dando ensejo à rejeição com base no art. 395, I, do CPP.
 Por outro lado, a inépcia material se dá quando não há justa causa para a ação penal, ou seja, quando a peça acusatória não está respaldada por aquele lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal, hipótese em que a rejeição da peça acusatória terá como fundamento o inciso III do art. 395.
A rejeição da peça acusatória com fundamento no art. 395, inciso I, do CPP, só faz coisa julgada formal, na medida em que não há análise do mérito da imputação. Diante dela, a parte acusadora tem a opção de recorrer em sentido estrito (CPP, art. 581, I), ou oferecer nova peça acusatória, desta vez com fiel observância dos requisitos do art. 41 do CPP.
2.2 Falta de pressuposto processual 
Os pressupostos processuais subdividem-se em pressupostos processuais de existência e de validade da relação processual.
São três os pressupostos de existência:
a) demanda veiculada pela peça acusatória, onde se exteriorize uma pretensão punitiva: para que surja a relação processual penal, a pretensão punitiva deve ser deduzida perante o Poder Judiciário através da denúncia ou da queixa. Ao tratarmos dos princípios da ação penal, foi visto que ao juiz não é dado iniciar um processo de ofício (ne procedat iudex ex officio). Portanto, diante da adoção do sistema acusatório pela Constituição Federal (art. 129, I), distinguindo as funções de acusar, defender e julgar, é necessária a iniciativa da parte para que se instaure a atividade jurisdicional. Logo, figurando a necessidade de demanda como pressuposto processual de existência, conclui-se que a falta de denúncia ou queixa não caracteriza, tecnicamente, uma nulidade, como prevê o art. 564, II, alínea “a”, do CPP, mas sim verdadeira inexistência do processo.
b) órgão investido de jurisdição: o órgão jurisdicional em que se origina e se desenvolve o processo deve ser dotado de jurisdição, sob pena de verdadeira inexistência do processo. Supondo, assim, que um não juiz (v.g., juiz aposentado) profira decisões em vários processos, tais feitos devem ser tidos por inexistentes;
c) presença de partes que possam estar em juízo: a capacidade de ser parte também é exigida como pressuposto de existência de um processo. A capacidade de ser parte deriva da personalidade, consistindo na capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (CC, art. 1º). No âmbito processual penal, além de pessoas físicas e jurídicas, é interessante perceber que alguns “entes” também são considerados como pessoas formais. É o que ocorre, por exemplo, com as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos pelo Código de Defesa do Consumidor, a quem o CDC atribui legitimidade não só para figurar como assistente do Ministério Público, como também para ajuizar queixa-crime subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal (Lei nº 8.078/90, art. 82, III, c/c art. 80).
De outro lado, os pressupostos processuais de validade dizem respeito, sobretudo, à inexistência de vício ou defeito de atos processuais e à questão da originalidade da demanda. Como exemplos de falta de pressupostos de validade, é comum se referir à perempção, à litispendência ou à coisa julgada. Também costumam ser apontados como pressupostos de validade a necessidade de se ter um juiz competente e imparcial (ausência de causas de suspeição, impedimento ou incompatibilidade), legitimidade ad processum, capacidade postulatória, citação válida, observância das exigências legais atinentes aos requisitos da denúncia ou queixa (CPP, art. 41), e outros elementos cuja inobservância possa conduzir à nulidade do feito.
2.3 Falta de condições para o exercício da ação penal
A ausência das condições da ação penal, sejam elas genéricas, sejam elas específicas (v.g., representação do ofendido, requisição do Ministro da Justiça), enseja a rejeição da peça acusatória.
A título de exemplo, a peça acusatória pode ser rejeitada com base no art. 395, II, 2ª parte, tanto nos casos de ilegitimidade ad causam ativa, quando, por exemplo, o Promotor de Justiça oferece denúncia em crime de ação penal privada, como também na hipótese de ilegitimidade ad causam passiva, quando o MP, após descrever conduta delituosa praticada por uma pessoa, imputa o referido delito, equivocadamente, a outra pessoa (v.g., testemunha).
Também se admite a rejeição da peça acusatória com base na ilegitimidade ad processum, quando, a título de exemplo, uma pessoa com menos de 18 (dezoito) anos oferecer queixa-crime, já que, segundo o próprio art. 395, inciso II, 1ª parte, do CPP, a ausência de pressuposto processual de validade também enseja a rejeição da inicial.
Em ambas as hipóteses – ilegitimidade ad causam e ad processum –, a rejeição da peça acusatória só fará coisa julgada formal. Corrigida a falha, a ação poderá ser novamente intentada.
2.4 Falta de justa causa (suporte probatório mínimo) para o exercício da ação penal
Para os fins do art. 395, inciso III, a expressão justa causa deve ser entendida como um lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal (prova da materialidade e indícios de autoria), funcionando como uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar. Em regra, esse lastro probatório é conferido pelo inquérito policial, o qual, no entanto, não é o único instrumento investigatório.
A rejeição da peça acusatória com base na ausência de justa causa também só faz coisa julgada formal, significandoque, uma vez removido o vício que deu causa à rejeição, nada impede o oferecimento de nova peça acusatória, enquanto não extinta a punibilidade.
Rejeição parcial da peça acusatória
É perfeitamente possível a rejeição parcial da peça acusatória. A título de exemplo, suponha-se que o Ministério Público ofereça denúncia em relação a dois delitos. É possível que haja lastro probatório suficiente quanto a um deles, não havendo justa causa quanto à outra imputação. Em tal hipótese, deve o juiz receber a denúncia quanto à imputação cujas condições da ação estão presentes, rejeitando-a quanto à outra.
Todavia, se acaso novos elementos probatórios quanto à imputação que foi objeto de rejeição venham à tona no curso da instrução processual, nada impede o aditamento da peça acusatória ou o oferecimento de nova denúncia ou queixa. Caberá recurso em sentido estrito contra a rejeição parcial da peça acusatória (CPP, art. 581, I).
Recurso cabível contra a rejeição da peça acusatória
De acordo com o art. 581, inciso I, do CPP, caberá recurso em sentido estrito contra a decisão que não receber a denúncia ou a queixa. Especial atenção deve ser dispensada à Lei nº 9.099/95, que prevê que caberá apelação da decisão de rejeição da denúncia ou queixa (art. 82, caput), apelação esta que deve ser interposta no prazo de 10 (dez) dias.
3. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA
Oferecida a denúncia pelo Ministério Público (ou a queixa-crime pelo querelante), incumbe ao juiz analisar se a peça acusatória deve ser recebida, ou se se trata de hipótese de rejeição.
A peça acusatória deve ser recebida quando estiver formalmente em ordem, quando presentes os pressupostos processuais e as condições da ação penal, e quando houver um lastro probatório mínimo para a instauração do processo penal.
O recebimento da denúncia é ato formal.
Decisão fundamentada? Grande parte da doutrina entende que o recebimento da peça acusatória deve ser fundamentado pela autoridade judiciária. 
Afinal, considerando que essa decisão representa o marco deflagrador da persecutio criminis in iudicio, além de ser causa de interrupção da prescrição e de possível fixação da competência por prevenção, elevando o status do agente de indiciado a acusado.
Logicamente, não deve haver um excesso de fundamentação, até mesmo para que não haja um pré-julgamento do acusado. Porém, deve o juiz manifestar-se quanto à regularidade da peça acusatória, quanto à presença dos pressupostos processuais e das condições da ação.
Notas do professor: A decisão de recebimento da denúncia é ato judicial onde o réu passa a ser formalmente processado e que determina sua cientificação a respeito da existência da ação penal. A jurisprudência dos tribunais superiores entende que essa decisão deve ser fundamentada, mesmo que de forma sucinta, nos termos do art. 93, IX, CF.
3.1 Consequências do recebimento da peça acusatória 
Além de ser possível causa de fixação da competência por prevenção (CPP, art. 83), o curso da prescrição é interrompido pelo recebimento da denúncia ou da queixa (CP, art. 117, I).
O recebimento da denúncia por órgão judiciário incompetente não interrompe a prescrição penal.
O recebimento da peça acusatória também é tido, por grande parte da doutrina, como o marco inicial do processo.
3.2 Recurso cabível contra o recebimento da peça acusatória
Em regra, não há recurso contra a decisão de recebimento da peça acusatória. Se não há previsão legal de recurso contra a decisão de recebimento da peça acusatória, não se pode perder de vista que a jurisprudência tem admitido a impetração de habeas corpus objetivando o trancamento do processo penal. 
Esse trancamento do processo é tido como uma medida de natureza excepcional, que só pode ser admitido quando evidente o constrangimento ilegal sofrido pelo investigado, nas seguintes hipóteses: a) manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa; b) presença de causa extintiva da punibilidade; c) ausência de pressupostos processuais ou de condições da ação penal; d) ausência de justa causa para o exercício da ação penal.
O instrumento a ser utilizado para o trancamento do processo é, em regra, o habeas corpus. Para que seja cabível o habeas corpus, porém, é necessário que haja uma ameaça, ainda que potencial, à liberdade de locomoção.
4. CITAÇÃO DO ACUSADO
Recebida a peça acusatória, deve o juiz determinar a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Em regra, a citação deve ser feita pessoalmente. No entanto, se o acusado não for encontrado, deve ser citado por edital.
Não apresentada a resposta à acusação, deve ser determinada a suspensão do processo e da prescrição, nos termos do art. 366 do CPP. 
 Por outro lado, verificando-se que o acusado se oculta para não ser citado, sua citação deve ser feita por hora certa, nos termos do art. 362 do CPP, hipótese em que, após a nomeação de defensor dativo, o processo retomará seu curso normal.
Notas do professor: No processo penal a regra é a citação pessoa/real do réu e que se dá mediante oficial de justiça. Todavia, uma vez EXAURIDOS todos os atos para localização do réu e este não for encontrado é possível citação ficta (edital ou por hora certa).
5. REVELIA
Uma vez concretizada a citação, o acusado fica vinculado ao processo, com todos os ônus daí decorrentes. Logo, se o acusado tiver sido citado pessoalmente e deixar de apresentar resposta à acusação, o processo correrá a sua revelia, o que também irá ocorrer caso mude de endereço sem comunicar ao juízo seu novo endereço.
O art. 367 do CPP estabelece que “o processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo”.
No processo penal, os efeitos da revelia não são semelhantes aos do processo civil. Não há falar em confissão ficta ou presumida no processo penal, com a consequente presunção da veracidade dos fatos narrados na peça acusatória. Ainda que se trate de acusado revel, o órgão ministerial deverá desincumbir-se a contento de seu ônus probatório, sob pena de o pedido condenatório ser julgado improcedente.
Por isso, a única consequência da revelia no processo penal é a desnecessidade de intimação do acusado para a prática dos demais atos processuais, exceção feita à intimação da sentença, que deve ser realizada sob quaisquer circunstâncias (CPP, art. 392).
6. APRESENTAR resposta à acusação
Recebida a peça acusatória, o acusado será citado para “responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias” (CPP, art. 396, caput).
A peça a ser apresentada pela defesa deve ser denominada de resposta à acusação, a qual não se confunde com a extinta defesa prévia (antiga redação do art. 395), nem tampouco com a chamada defesa preliminar.
Enquanto a defesa preliminar é apresentada entre o oferecimento e o recebimento da peça acusatória, a resposta à acusação introduzida no art. 396-A do CPP pela Lei nº 11.719/08 deve ser oferecida após o recebimento da peça acusatória, imediatamente depois da citação do acusado. 
De fato, como prevê o art. 396, caput, do CPP, nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Na resposta à acusação, como a peça acusatória já foi recebida pela autoridade judiciária, seu escopo principal é uma eventual absolvição sumária, nas hipóteses de atipicidade, excludentes da ilicitude ou da culpabilidade, salvo inimputabilidade, ou causa extintiva da punibilidade (CPP, art. 397). Caso não seja possível a absolvição sumária, deve o defensor arguir,desde já, preliminares, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas, e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
A resposta à acusação não pode ser apresentada pelo próprio acusado, a não ser que este seja advogado.
O que alegar? O art. 396-A, caput, do CPP, aduz: “na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário”.
Após a apresentação desta peça, os autos serão conclusos ao juiz para análise de possível absolvição sumária (CPP, art. 397), é evidente que o grau de aprofundamento da defesa de mérito da resposta à acusação depende do caso concreto.
Testemunhas? Por força do disposto no art. 396-A, as testemunhas da defesa devem ser arroladas na resposta à acusação, sob pena de preclusão. Assim, se a defesa deixar de apresentar o rol de testemunhas por ocasião da apresentação da referida peça, a produção de sua prova testemunhal ficará prejudicada pela preclusão temporal.
Podem ser arroladas 8 testemunhas por fato.
Prazo? A resposta à acusação deve ser oferecida pelo defensor técnico dentro do prazo de 10 (dez) dias da citação. Este prazo processual de 10 (dez) dias começa a fluir a partir da efetiva citação, e não da data da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória.
Em se tratando de Defensores Públicos, o prazo para apresentação da resposta à acusação será de 20 (vinte) dias, já que tais profissionais têm todos os prazos contados em dobro.
Se não oferecer? Se a pessoa foi citada e não apresentou resposta, o juiz irá encaminhar os autos para defensoria pública ou advogado dativo. Se não a peça não for oferecida ocorrerá NULIDADE, pois é peça OBRIGATÓRIA.
Como a apresentação dessa peça é obrigatória, parece-nos que, de modo a se evitar dilações indevidas, o juiz deve determinar ao oficial de justiça que, por ocasião da citação, indague ao acusado se possui condições de constituir um advogado. Caso o acusado declare que não tem recursos suficientes para tanto, poderá o juiz, desde logo, nomear advogado dativo ou solicitar a atuação da Defensoria Pública para a apresentação da resposta à acusação.
Notas do professor: Resposta à acusação é obrigatória e se o réu, embora citado, não constituir defesa os autos serão encaminhados para defensor público ou advogado dativo, sob pena de NULIDADE.
É possível retratação da denúncia? Se for verificado ausência de requerimento formal da denúncia é possível o juízo fazer a retratação e rejeitar a denúncia.
O STJ já decidiu que “é possível ao Juiz reconsiderar a decisão de recebimento da denúncia, para rejeitá-la, quando acolhe matéria suscitada na resposta preliminar defensiva relativamente às hipóteses previstas nos incisos do art. 395 do Código de Processo Penal” (STJ, Quinta Turma, AgRg no REsp 1.291.039/ES 2011/0263983-6, Relator ministro Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/9/13).
O STJ também já decidiu que “o recebimento da denúncia não impede que, após o oferecimento da resposta do acusado (arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal), o Juízo reconsidere a decisão prolatada e, se for o caso, impeça o prosseguimento da ação penal” (STJ, Quinta Turma, HC 294.518/TO, relator ministro Felix Fischer, julgado em 2/6/15).
7. POSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Apresentada a resposta à acusação pelo defensor do acusado, e ouvido o órgão ministerial caso tenham sido juntados documentos dos quais o Parquet não tinha prévia ciência, o próximo passo do procedimento é a análise de possível absolvição sumária (CPP, art. 397).
“Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:            
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;            
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou           
IV - extinta a punibilidade do agente”. 
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato: o acusado deve ser absolvido sumariamente quando o juiz estiver convencido que o crime foi praticado sob o amparo de causa excludente da ilicitude, ou seja, em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e no exercício regular de direito. Também é possível a absolvição sumária com fundamento nas causas excludentes da ilicitude (justificantes) previstas na Parte Especial do Código Penal e em leis especiais (CP, arts. 128, I e II, 142, I, II e III, 146, § 3º, 150, § 3º, I e II, etc.), assim como nas causas supralegais de exclusão da ilicitude, como, por exemplo, o consentimento do ofendido;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade: como exemplos de causas excludentes da culpabilidade que autorizam a absolvição sumária, podemos citar a coação moral irresistível, obediência hierárquica ou a inexigibilidade de conduta diversa, que funciona como causa supralegal de exclusão da culpabilidade.
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime: reconhecida a atipicidade formal ou material da conduta delituosa, é possível a absolvição sumária do agente. A título de exemplo, se o juiz verificar a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância, porquanto presentes seus 4 (quatro) requisitos – mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e relativa inexpressividade da lesão jurídica –, deverá absolver sumariamente o agente;
IV – extinta a punibilidade do agente: dentre as causas de absolvição sumária, o legislador elencou a hipótese em que o magistrado verificar a presença de causa extintiva da punibilidade (v.g., morte do agente, prescrição, decadência, etc.). Tecnicamente, pode-se dizer que houve um equívoco, porquanto prevalece o entendimento de que a sentença que declara extinta a punibilidade não é absolutória, pois o magistrado declara simplesmente que o Estado não tem mais a possibilidade de aplicar sanção penal ao acusado, ou seja, não analisa se ele é inocente ou culpado. Nesse sentido, aliás, eis o teor da súmula nº 18 do STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
8. FASE INSTRUTÓRIA
Caso o acusado não seja absolvido sumariamente, o procedimento seguirá seu curso normal.
A) audiência 
“Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.           
 § 1o  O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação.           
§ 2o  O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.”
No procedimento comum ordinário, a audiência una de instrução e julgamento deverá ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias (CPP, art. 400).
Todos os atos da instrução processual serão concentrados em uma única audiência, na qual as partes deverão apresentar alegações orais, proferindo o juiz, a seguir, sentença. Optou, assim, pela adoção do princípio da oralidade, em razão do qual deve ser dada preponderância à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída.
Da instrução probatória em audiência
De acordo com o art. 400, caput, do CPP, “na audiência una de instrução e julgamento, a ser realizada no prazomáximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado”.
Exceção: oitiva da testemunha quando esta residir fora da terra (jurisdição onde tramita o processo)
“Art. 222.  A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes”.
Etapas da audiência:
1. tomada de declarações do ofendido;
2. inquirição das testemunhas arroladas pela acusação. A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas ou insistir na oitiva da testemunha ausente, na qual será conduzida coercitivamente. Caberá primeiramente à parte que arrolou a testemunha realizar as perguntas e não ao juiz (cross-examination). Caberá, ainda, ao magistrado, complementar a inquirição sobre pontos não esclarecidos;
3. inquirição das testemunhas arroladas pela defesa (mesmas regras da acusação);
4. interrogatório, em seguida, do acusado;
5. “Art. 402.  Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução”;
6. Ausência de requerimento de diligência: alegações orais (regra) e sentença.
Obs (professor falou em sala):
1. Importante esclarecer que quem trás a testemunha começa perguntando. Assim, o rol de testemunhas feito pelo MP, o promotor de justiça começa com as perguntas e do mesmo modo as testemunhas arrolados pelo advogado/defensor. Pode haver a mudança da ordem de testemunhas, caso haja concordância expressa das partes;
2. A testemunha intimada NÃO pode ser substituída;
3. A testemunha que não foi intimada, há possibilidade de substituição; 
4. Caso haja depoimentos conflitantes, é possível haver acareação.
5. “Art. 217.  Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor”;
B) alegações FINAIS 
As alegações orais – se apresentadas por escrito, memoriais – consistem em ato postulatório das partes que precede a sentença final, no qual o Ministério Público, o querelante, o advogado do assistente e o defensor devem realizar minuciosa análise dos elementos probatórios constantes dos autos do processo (e do inquérito policial, subsidiariamente), valendo-se da doutrina e da jurisprudência, com o objetivo de influenciar o convencimento do juiz no sentido da procedência ou improcedência de eventual pedido de condenação do acusado, fornecendo-lhe subsídios para a sentença.
A s alegações finais devem ser apresentadas oralmente, pelo menos em regra.
As alegações orais representam o último ato postulatório das partes antes da prolação da sentença.
Alegações orais - “Art. 403.  Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença”. 
Quanto à apresentação das alegações orais, primeiro fala a acusação (Ministério Público ou querelante), no prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez). Depois, pronuncia-se o Defensor, pelo prazo de 20 (vinte) minutos prorrogáveis por mais 10 (dez). Caso haja assistente da acusação, seu advogado deverá se manifestar após o Ministério Público, sendo-lhe concedido, para tanto, 10 (dez) minutos, prorrogando-se por 10 (dez) minutos o tempo de manifestação da defesa. 
De acordo com o art. 403, § 1º, do CPP, “havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual”.
Alegações por memorias escritos – “§ 3o  O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença”.
Em virtude da complexidade da causa ou do número de acusados, é possível que o juiz conceda às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. As alegações orais também poderão ser substituídas por memoriais caso tenha sido deferido o requerimento de diligências (CPP, art. 404).
Ademais, se o interrogatório, último ato da instrução probatória, for feito mediante carta precatória, uma vez apensado aos autos a deprecata, deverá o juiz abrir vista às partes no prazo de 5 (cinco) dias para que se manifestem quanto ao interesse na realização de diligências.
Apresentado os memorias por ambas as partes, os autos vão para sentença.
Não apresentação de alegações orais ou memoriais pelas partes? 
Sob a ótica do Ministério Público, a não apresentação de memoriais pode ser tratada pelo magistrado como tentativa de desistência do processo, o que se apresenta incompatível com o princípio da indisponibilidade da ação penal pública (CP, art. 42). Como o órgão do Ministério Público tem o dever legal de agir e sua intervenção é obrigatória na ação penal pública, cabe ao juiz, diante da recusa de manifestação, dar vista dos autos ao Promotor de Justiça substituto automático, sem prejuízo de, aplicando-se subsidiariamente o art. 28 do CPP, determinar a remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça.
Quanto à não apresentação de alegações orais (ou memoriais) por parte do advogado do assistente, não há qualquer mácula. Afinal, cuida-se, o assistente, de sujeito secundário, acessório ou colateral, o qual pode, eventualmente, vir a intervir no processo, a fim de deduzir uma determinada pretensão, mas cuja ausência não afeta a validade da relação processual.
Sob a ótica da defesa, como se trata da última oportunidade para se manifestar antes da sentença, não há dúvidas quanto à imprescindibilidade de sua apresentação, sob pena de evidente violação à ampla defesa. Portanto, se o advogado constituído deixar de apresentar as alegações finais, apesar de ser regularmente intimado por duas vezes, essa circunstância não justifica que o acusado suporte as consequências danosas da desídia de seu defensor. Logo, verificada a negligência ou a má-fé do defensor, cabe ao juiz intimar o acusado para constituir novo advogado para a apresentação dos memoriais, sob pena de nomeação de defensor dativo.
C) Sentença 
Caso as alegações orais sejam substituídas por memoriais, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença (CPP, art. 403, § 3º). Neste caso, como a sentença não será proferida na própria audiência, é importante lembrar que, por força da introdução do princípio da identidade física do juiz, cabe ao magistrado que chamou os autos à conclusão proferir a sentença.
A sentença pode ser penal absolutória ou condenaria. Proferida a sentença, esgota-se a 1 fase.

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