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Pratica Interdisciplinar IV Reggio Emilia (Paper)

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21
A CRIANÇA NÃO É UMA, E SIM CEM
Ana Rita Garcia Nunes¹
Cristiane Lima Laitano¹
Eliza Maria Bastos Martins¹
Mariana Guimarães Podestá¹
Carla Bianca G. Munhoz²
RESUMO
Este artigo objetiva-se na compreensão da abordagem educacional Reggio Emilia, considerada como a melhor educação da primeira infância no mundo.
O que lhe garante esse título é o incentivo direto dos professores, ao desenvolvimento cognitivo das crianças, alicerçados sobre uma forte cultura e desejo popular de efetivamente construir uma sociedade melhor para suas presentes e futuras gerações. Abordaremos as cem linguagens da criança, como tema principal, portanto não serão aprofundados dados como documentação, ateliers, projetos, currículo e outros assuntos correlatos, mesmo percebendo sua vital importância para o sucesso dessa abordagem. 
 
Palavras-chave: Educação. Família. Sociedade.
1 INTRODUÇÃO
Caros leitores, com intuito de expandir nosso conhecimento a cerca, de uma das melhores abordagens educacionais do mundo, trabalhamos arduamente em busca de desvendar os mistérios sobre o que seria as cem linguagens da criança, mencionada pelo brilhante professor e pensador contemporâneo, Loris Malaguzzi, italiano, nascido em Corregio, aos 23 de fevereiro de 1920 e de cujos em 30 de janeiro de 1994, na cidade de Reggio Emilia.
Neste estudo, pudemos conhecer o quão transformador é, o interesse genuíno de toda uma sociedade, acerca da educação de suas crianças, bem como o poder da união entre população, escola e Estado, que desta próspera relação, faz de Reggio Emilia, uma das melhores cidades da Itália, e do mundo.
O potencial, do relacionamento Estatal, social e educacional, é algo que em muito nos chamou a atenção, por que pudemos notar, que toda e qualquer sociedade, trabalhando com seriedade, solidariedade e empatia pelos seus congêneres, podem fazer maravilhas em prol da humanidade.
O carinho, respeito e humanidade deste povo, nos deixou maravilhadas, em vários quesitos, não só no campo educacional, como principalmente no campo social, que acreditamos, ser campos diversos, porém altamente interligados entre si, a ponto de serem indissociáveis.
Por esse motivo, nesta pesquisa cientifica de cunho educacional, ficou claro que não há como falarmos de educação, sem falar de sociedade, e, Estado.
 Visto que a principal função da escola é a socialização, o quanto mais integral possível de sua comunidade, com amparo estatal em suas esferas públicas e também privadas.
Sob esse prisma, nos tópicos a seguir, procuramos elucidar questionamentos pertinentes, para que então faça sentido, o que o professor Malaguzzi carinhosamente chamou de cem linguagens da criança, inclusive através de um poema romântico sobre a temática, apresentado ao decorrer deste artigo.
Ensejamos que a leitura deste estudo, seja para vocês leitores, tão especial e enriquecedora, assim como foi para nós, acadêmicas do curso de pedagogia.
2 CONTEXTO HISTÓRICO E FILOSOFICO
Após a segunda guerra mundial, com a cidade completamente destruída materialmente e, abalada emocionalmente, um grupo de pais, decidiram que era hora de recomeçar a vida, e arregaçaram as mangas para pôr novamente a cidade de pé.
Uniram forças, e em meios aos escombros, de uma cidade devastada pela violência trazida pela guerra, o sentimento de unidade prevalecia, e se fortificava a cada tijolo que passava de mãos em mãos, na ânsia de devolver a dignidade para seus filhos, e sabiam que isso só se daria através da educação.
Por esse motivo, de comum acordo decidiram construir com suas próprias mãos, em terras doadas por um fazendeiro local, uma nova escola para as crianças pequenas, que pudesse acolher seus filhos, para que todos pudessem retomar a vida normalmente.
Na cidade vizinha, de Reggio Emilia, chamada Corregio, na província da Emilia Romagna, um jovem professor, maravilhado, com o que ouvira falar, foi conferir, se era mesmo verdade, que existia esse grupo de pais, no vilarejo de Villa Cella, poucos quilômetros de Reggio Emilia, afoitos por recomeçar a linear os rumos da educação na região.
Esse professor, chamado Loris Malaguzzi, então, pegou sua bicicleta, e foi conferir com seus próprios olhos, lá chegando, deparou-se com esses pais, determinados e maravilhado com a ideia, decidiu juntar-se ao grupo, para prestar seus serviços de mestre.
Os alemães deixaram a Itália derrotados, porém seu arsenal bélico, foi abandonado pelas ruas da cidade, os pais então, se apropriaram de um tanque de guerra, uns caminhões e, alguns cavalos, decidiram então, que venderiam esse material, e os recursos arrecadados iriam ser destinados a construção da escola do pequeno vilarejo.
Em entrevista concedida a Gandini, Malaguzzi fala sobre esse evento extraordinário, e emocionante, narrando os fatos que segue:
[...]. Ouvi que em um pequeno vilarejo chamado Villa Cella, umas poucas milhas da cidade de Reggio Emilia, as pessoas haviam decidido construir e operar uma escola para crianças pequenas. Esta ideia pareceu-me incrível! Corri até lá em minha bicicleta e descobri que tudo aquilo era verdade. Encontrei mulheres empenhadas em recolher e lavar pedaços de tijolos. As pessoas haviam –se reunido e decidido que o dinheiro para recomeçar a construção viria da venda de um tanque abandonado de guerra, uns poucos caminhões e alguns cavalosdeixados para trás pelos alemães em retirada. [...] (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p. 58, volume 1)
Nesta época, as escolas de primeira infância ainda funcionavam sobre o monopólio da igreja católica, e servia basicamente de lugares de custódia, e nada mais, eram meros depósitos de crianças. Coisa que se tornava inadmissível diante de uma nova sociedade que renascia das cinzas após a violenta guerra, e com esse espírito de transformação, professores de todos os lugares da Itália, na sua maioria vindos dessas tendências conservadoras da educação da igreja, porém vinham de mente aberta, dispostos a serem e fazerem a diferença dentro desse novo cenário social.
Junto com os pais, começaram a pensar sobre uma nova educação, onde dariam as crianças o merecido papel de protagonistas, do seu processo cognoscitivo, incentivando de forma, que pudessem, se perceber não como apenas crianças, mas sim como seres integrantes da sociedade, dotadas de direitos próprios, e tratadas com o merecido respeito.
O trabalho desses professores, veio dotado de muito entusiasmo pelo novo, mas também com receio, visto que estavam prontos para romperem paradigmas, e reconstruir uma nova história social.
Nas suas próprias palavras Malaguzzi descreve essa sensação.
[...]. Quando começamos a trabalhar com esses pais corajosos, sentimos tanto entusiasmo quanto medo. Sabíamos perfeitamente quão fracos e desesperados estávamos. Utilizamos todos os nossos recursos – o que não foi difícil. Mas difícil foi a tarefa de aumentar esses recursos. E ainda mais difícil foi predizer como iríamos usá-los com as crianças. Informamos às mães que nós, exatamente como as crianças, tínhamos muito o que aprender. [...] (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.59, volume 1)
Passada a fase inicial de implementação, dessa nova e revolucionária abordagem educacional, os professores foram se aprofundando, e buscando técnicas de ensino, que valorizasse a criança, não só como aprendizes, mas como cidadãs dignas de direito assim como os adultos.
Malaguzzi então tratou de se aprofundar em técnicas educacionais, que correspondessem com aquilo que acreditava, ou seja, na autonomia das crianças, em construir seu conhecimento, com as devidas orientações.
Então quando já haviam postulado suas técnicas, e aprendido muito, com os colegas profissionais, com os pais, e com as crianças, decidiram mudar de rumo e cada vez mais aprofundar-se em técnicas que concedesse autonomia para que as crianças fossem efetivamente protagonistas de suas conquistas cognitivas, Malaguzzi procurou a escola de Petits, de Piaget em Genebra.
[...]. Este foi um desafio absolutamente novo na Itália, e nossa iniciativa gerou recompensas. Marcou o início de uma fase experimental, que ganhou amplitude pelo exame de diferentes teorias psicológicas e observação de diferentes fontes teóricas e pesquisas vinculadas de fora de nosso país.
Contudo, ao refletir sobre essa experiência, período em que estávamos progredindo sem claros pontos de referência, deveríamos também recordar nossos excessos, a incongruidade de nossas expectativas e as deficiências de nossos processos críticos e autocríticos. [...] (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.60, volume 1)
Com o passar do tempo, e ganhando cada vez mais experiência, na educação, e no modo de agir das crianças, embora fortemente, influenciado pela psicologia de Piaget, Malaguzzi começa a perceber, incongruências no construtivismo, embora concordasse, e muito, que a criança deve ser protagonista do seu processo de aprendizado cognitivo, começou a surgir desapontamentos, ao quais criticaria mais tarde, sob a ótica que só a experiência poderia lhe dar, e realmente deu.
2.1 CRÍTICA DE MALAGUZZI A CERCA DO CONSTRUTIVISMO DE PIAGET
É certo que quando falamos em educação, e em abordagem educacional, o brilhantismo das técnicas combinadas do professor Malaguzzi, merece louvor digno dos grandes educadores do passado, como Piaget, Maria Montessi, Dewey, Vygostisky, Freinet, Ciari dentre outros grandes nomes. O sucesso da abordagem de Reggio Emilia muito deve a estes pensadores, e também surge com o estudo e aplicação de seus pressupostos, devidamente adaptados para a realidade social vivida nas escolas de Reggio Emilia.
Em contramão, principalmente quando se fala da influência piagetiana, sobre a contemporânea abordagem educacional de Malaguzzi, ele foi enfático em dizer que muito deve e agradece a Piaget, mas discorda de muitos pontos do puro construtivismo que foca apenas nas crianças, onde desprestigia, segundo Loris, o papel do adulto nesse processo cognitivo infantil. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, volume 1)
 
Agora podemos ver claramente como o construtivismo de Piaget isola a criança. Como resultado, olhamos criticamente esses aspectos: a subvalorização do papel do adulto na promoção do desenvolvimento cognitivo; a atenção marginal à interação social e à memória (opostamente à inferência); a distância interposta entre o pensamento e a linguagem (VYGOSTSKY, 1978 criticou isso, e Piaget, 1962, apud Edwards; Forman; Gandini, 2016, respondeu); a linearidade fixa do desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral é tratado em trilhas separadas e paralelas; a ênfase exagerada em estágios estruturados, no egocentrismo e nas habilidades de classificação; a falta de reconhecimento para competências parciais; a importância imensa dada ao pensamento lógico-matemático e o uso excessivo de paradigmas das ciências biológicas e físicas. Após todas essas críticas, contudo, devemos prosseguir notando que muitos construtivistas atualmente voltam sua atenção ao papel da interação social no desenvolvimento cognitivo. (Edwards; Forman; Gandini 2016, p. 86, volume 1) 
A crítica, não fez Malaguzzi desprestigiar Piaget, pelo contrário, apenas percebeu, talvez um ponto, no qual o psicólogo não havia pensado, ou quem sabe, não tivera tempo para tal, Malaguzzi de fato foi admirador de Piaget, tanto que logo após a visita a Escola de Rousseau e também à escola de Petits, começou a implementar as teorias junto sua escola, devidamente adaptada com suas convicções, em suma, ficou com a parte que melhor lhe cabia, depois de anos de práticas pedagógicas. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, volume 1)
Fortemente influenciado pelos grandes pesquisadores em educação, Loris então, percebeu, que a teoria de Vygotsky, Dewey, Montessori, Freinet, Ciari, Piaget, Paulo Freire, dentre outros grandes nomes, combinadas e reelaboradas, bem como a representação da importância do papel do adulto como elemento orientador, condizia com suas convicções, que a essa altura já estavam bem formadas, pois já tinha a prática de anos de experiência ao seu favor.
2.2 ACUSÃO DA IGREJA CATÓLICA
O ano de 1976, foi particularmente difícil e desafiador para Loris e sua equipe, a santa igreja católica, desgostosa, com sua falta de prestígio no que tangia a educação de primeira infância, até então sob seu monopólio, e agora administrada pelo governo dos municípios, perdia cada vez mais a detenção da educação para a escola progressista de Malaguzzi, lançou então, através de seu porta-voz uma campanha difamatória quanto ao novo modelo educacional sob acusação de corrupção das crianças, e consideravam abusivas as práticas políticas quanto a educação religiosa da época (Edwards; Forman; Gandini 2016, volume 1).
Tal acusação, lógico, vinha da mágoa da Igreja, que se sentiu afrontada, pois já havia perdido seu monopólio no quesito educacional.
Passado o primeiro momento de indignação, Malaguzzi então decidiu que era hora de reagir, e conforme entrevista dada a Gandini rebateu:
Após sete dias desta campanha, sentimos que precisávamos reagir. Minha decisão foi a de suspender o planejamento regular de atividades de professores e convidar o clérigo local para o comparecimento a um debate aberto dentro de nossas escolas. Esta discussão pública durou praticamente cinco meses. À medida que o tempo passava, opiniões rígidas tornavam-se mais civis, temperadas e honestas; enquanto as ideias começavam a emergir, um entendimento recíproco começoua tomar forma. Ao final desta aventura, estávamos exaustos, como a sensação de que a angústia dissipara-se, e acredito que esta sensação de alívio foi compartilhada por todos, em ambos os lados, o que permaneceu foi um sentimento de enriquecimento e de humanidade.
Refletindo sobre esse evento sob uma perspectiva histórica, podemos ver que este horrível casou surgiu do profundo incômodo sentido por alguns membros da Igreja pela perda de seu monopólio sobre a educação. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.62, volume 1)
A quebra de paradigma lançado pelas escolas progressistas, sobre o engessado ensino religioso da época havia sido lançado, e não parou de crescer na Itália desde então.
3 ABORDAGEM EDUCACIONAL REGGIO EMILIA
Já na época de Malaguzzi, o corpo docente das escolas dirigidas por ele, não se consideram um modelo educacional, por acreditarem que um modelo, é quase tão tangível como uma receita de bolo, e não é essa ótica que eles formaram depois de tantos anos de estudos, erros e muitos acertos.
Eles acreditam, e trabalham de forma a perseverar pela evolução cultural e intelectual, que o mundo passa constantemente, portanto estão certos de que a pedagogia não é estática, está sempre em transformação, e é por esse motivo, que se referem ao seu pensamento filosófico como uma abordagem, e não um modelo a ser seguido. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, volume 1).
Sua filosofia ao mesmo tempo que nos parece altamente complexa, ao ser analisada de forma científica e prática, se torna simples, e nessa simplicidade de escutar, investigar e aprender é que mora a mágica dessa bem-sucedida abordagem educacional.
O que os professores de Reggio Emilia se propõem é incentivar o desenvolvimento do intelecto das crianças, não se preocupam apenas em ensinar o básico, e sim em desenvolver pessoas para a vida, e para exercer a cidadania em sua plenitude, para isso às mantém focadas sistematicamente sobre a representação simbólica, assunto no qual acreditam, e comprovaram, que são dominados pelas crianças de uma forma, que até então no mundo, ninguém acreditou que seria possível. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, volume 1)
A experiência de Reggio Emilia demonstra que as crianças pré-escolares podem usar muitos meios gráficos para comunicar as informações adquiridas e as ideias exploradas no trabalho em projetos e que podem fazer isto de uma forma muito mais fácil e competente do que se presume tipicamente nos Estados Unidos e, provavelmente, também em muitos outros países. O trabalho das crianças de Reggio Emilia sugeriu, para mim, que muitos de nós, nos Estados Unidos, subestimamos seriamente as capacidades de representação gráfica dos pré-escolares e a qualidade do esforço e do crescimento intelectual que estas capacidades podem estimular.
(Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.38, volume 1)
As crianças de Reggio Emilia, aprendem de maneira respeitosa e carinhosa por parte de professores e sociedade em geral, o que gera nelas, o sentimento de autoconfiança e amparo.
Suas ideias são respeitadas e valorizadas, tanto quanto deveria ser de todas as crianças ao redor do globo, ao serem ouvidas, e notarem o interesse do adulto por suas ideias e ideais, seu fator motivacional se eleva a tal ponto, que suas habilidades e competências nos saltam aos olhos.
Isso se deve pela alta responsabilidade, que professores e sociedade em geral, nutrem por suas crianças, lá elas são vistas como pessoas dotadas de direitos desde o nascimento, diferente de muitos países, inclusive o nosso, no qual faremos um paralelo no decorrer desta pesquisa.
A nossa responsabilidade para com as crianças vai além da construção de prédios. Ela se concretiza na qualidade da educação que oferecemos para elas e suas famílias, na qualidade das ferramentas e dos recursos e, em particular, na riqueza da abordagem. Não estamos gerando escolas para os ricos. A abordagem de Reggio Emilia é possível onde não há nada, contanto que haja respeito, escuta e tempo. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.97, volume 2)
Para termos melhor compreensão da responsabilidade social, dos habitantes de Reggio, fator que nos parece primeiro, para que essa abordagem seja tão afortunada, falaremos no tópico a seguir, sobre o compromisso da cidade com seus jovens habitantes.
3.1 COMPROMISSO SOCIAL
Com a globalização, e a alta taxa migratória de pessoas por todos os cantos do mundo, os mais antigos moradores de Reggio, se veem preocupados em perder, seu modo familiar de viver, que já vivem por séculos, esse medo da mudança, e dos novos modelos de famílias que vem se constituindo durante o tempo, faz com que os educadores de Reggio, famosos por sua excelente relação com as famílias, se manifestem na educação social também dos adultos. Criando oportunidades para expansão, de sua filosofia humanitária, para evitarem a segregação dessas novas pessoas.
Devido às altas taxas migratórias, Reggio Emilia está passando por um encontro entre diferentes culturas pela primeira vez na sua história. Estamos preocupados que alguns dos residentes mais longevos de Reggio estejam reagindo com medo, medo de mudança, medo de perder um padrão de vida familiar. Estamos também cientes de que, quando as pessoas se sentem excluídas da comunidade, o risco de conflito surge. Por esse motivo estamos buscando criar novos serviços educacionais para todas as crianças da nossa comunidade [...] A prefeita Spaggiari achava que, para evitar essa sensação de medo que se desenvolvia na comunidade, era importante intensificar um diálogo transparente com as famílias.
(Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.107, volume 2)
Esta preocupação do Estado, e também dos educadores, nos faz refletir e muito o quanto nosso Brasil brasileiro, é atrasado no quesito educacional, aqui fala-se muito que a educação transforma, porém não se vê nitidamente como, até por que para se ter uma educação erudita em nosso país, paga-se demasiadamente caro, e essa educação fica bem longe da realidade social da maioria de nossos irmãos.
Aqui, contrapondo a ideia de Reggio, somos conhecidos mundialmente, pelos pontos negativos de uma educação reles, e um povo faminto por conhecimento, nossa alta taxa de evasão e fracasso escolar, é que precisa logo de atenção, estamos em estado de abandono, não só pelo poder público, mas também pela sociedade cada vez mais egoísta, e, corrupta em todos os sentidos que se possa imaginar.
Corroborando nossa ideia de egoísmo instituído na nossa sociedade, e a falta de humanidade dela, nos quesitos de se ter uma nação próspera, e igualitária para todos, já dizia Paulo Freire (2017, p. 110-111):
Não há diálogo, porém, se não houver um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que a infunda. Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente tarefa de sujeitos e que não possa verificar-se na relação de dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo em quem domina; masoquismo dos dominados. Amor, não. Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com os homens. Onde quer que estejam estes, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se com a sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico. 
 Estudando Reggio, nossos olhos brilham, ao vermos que realmente a educação amorosa, comprometida e dialógica transforma, mas não é só educando crianças, enquanto em nosso país tivermos adultos tão mal-educados, e tão pouco preocupados com o próximo, nos vemos cada vez mais distante da sociedade ideal que sonhamos para todos.
Em sua tese Doutoral, Marcia Regina Goulart da Silva Stemmer (2006, p.144), a educação brasileira está pautada da seguinte maneira: 
O horizonte de uma sociedade civil de onde saem de cena os conflitos e contradições que lhe são inerentes – que deixa de ser o espaço de luta pela justiça e intervenções sociais, mascarando assim a realidade dura e cruel de um sistema capitalista excludente e injusto – é o espaçoonde se espera que as crianças possam ter requeridas suas habilidades. A preocupação volta-se para a ‘aprendizagem posterior’ ou para toda a vida, ‘para o emprego futuro’, para ‘se adaptar as novas situações’, ou seja, para adequar-se a lógica dominante do capital. 
Ideia ao qual nos convence filosoficamente, pois resume nas suas palavras, a triste realidade educacional em que vivemos em nosso país.
3.2 Relação educacional Brasil /Itália.
Dizemos sem medo, que Paulo Freire, foi o maior pensador sobre a educação de todos os tempos no nosso país, ousamos inclusive, apontar que depois dele, não houve outro tão comprometido com a educação nacional.
Durante a ditadura militar, Freire tornou-se exilado de nosso país, história essa já conhecida de todos nós, portanto não nos aprofundaremos nos motivos, sob risco de desfocar nossa intencionalidade, para este artigo.
Em seu exílio, onde passou por diversos países, até que então a dominância dos militares caiu por terra em nosso país, ele pode voltar. De muitos países, que Freire passou, um deles foi a Itália, lugar no qual ele voltaria de tempos em tempos, não mais como exilado, mas sim como visitante.
Suas ideias progressistas e humanitárias, baseada na dialogicidade, no amor e respeito, em muito contribuiu para corroborar as ideias de Loris e sua equipe no que tangia a educação, motivo esse que na cidade de Reggio Emilia, foi eternizado, e homenageado a ponto de eles darem seu nome, para uma de suas escolas de educação da primeira infância.
Infelizmente, diante do cenário atual de nosso país, onde a ganância do capitalismo selvagem impera, e o povo cada vez mais preocupado em apenas olhar para seus próprios umbigos, nos distancia a mil léguas de uma educação de qualidade, e por conseguinte qualificadora também.
Nem todos temos a coragem deste encontro e nos enrijecemos no desencontro, no qual transformamos os outros em puros objetos. E, ao assim procedermos, nos tornamos necrófilos, em lugar de biófilos. Matamos a vida, em lugar de alimentarmos a vida. Em lugar de buscá-la, corremos dela.
Matar a vida, freá-la, com a redução dos homens a puras coisas, aliená-los, mistificá-los, violentá-los são o próprio dos opressores.
Talvez se pense que, ao fazermos a defesa deste encontro dos homens no mundo para transformá-lo, que e o diálogo, estejamos caindo numa ingênua atitude, num idealismo subjetivista.
Não há nada, contudo, de mais concreto e real do que os homens no mundo e com o mundo. Os homens com os homens, enquanto classes que oprimem e classes oprimidas.
O que pretende a revolução autêntica é transformar a realidade que propicia este estado de coisas, desumanizante dos homens.
Afirma-se, o que é uma verdade, que esta transformação não pode ser feito pelos que vivem tal realidade, mas pelos esmagados, com uma lúcida liderança.
Que seja esta, pois, uma afirmação radicalmente consequente, isto é, que se torne existenciada pela liderança na sua comunhão com o povo. 
(Paulo Freire; 2017, p. 174-175)
Após essa breve menção ao nosso eterno Paulo Freire, e cientes que de somos o futuro da educação no país, espero que algumas, quem sabe muitas de nós, possamos renascer também enquanto seres humanos, nos reavaliando, e pensando como podemos contribuir para efetivamente, sermos e fazermos a diferença nesse quadro cultural e educacional de nossa nação.
4 AS CEM LINGUAGENS DA CRIANÇA
The Hundred Languages of Children, traduzindo, as Cem Linguagens da Criança, é a teoria que nomeou uma turnê mundial, que exibe os trabalhos das crianças de Reggio Emilia, este projeto, visa apresentar a abordagem italiana pelo mundo.
Com já mencionado anteriormente, a abordagem de Reggio Emilia, se objetiva na evolução intelectual das crianças, para isso trabalham desde a mais tenra idade com princípios norteadores da sociedade, para depois então, iniciar os projetos no qual lhes conferem tanto sucesso na educação.
[...] é uma amostra bela e intrigante que descreve o processo educacional através de fotografias; exemplos de pinturas, desenhos, colagens e estruturas construtivas das crianças e scripts explanatórios e painéis. Criada pelos educadores de Reggio Emilia para contas às audiências norte-americanas sobre seu trabalho, a exibição, de modo notável exemplifica a essência do enfoque educacional. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.25, volume 1)
Este nome não foi escolhido aleatoriamente, mas sim, foi uma forma simbólica de apresentar ao mundo, uma nova teoria que demonstra que as crianças pequenas aprendem de muitas maneiras, ou seja, usam múltiplas formas de expressão, através da arte, matéria esta que em muitos casos é tratada de forma marginal pelos modelos tradicionais de ensino.
O currículo em Reggio Emilio, é tratado com e para as crianças, os olhares atentos dos professores, quantos as curiosidades das crianças é altamente rico e sensível, daí a questão do poder da observação e da escuta, tornam-se o pilar principal do sucesso da abordagem.
Após notarem o interesse das crianças por determinados assuntos, começa a parte do encorajamento para a descoberta, lá, nada é entregue pronto às crianças, e sim é ensinado como construir o conhecimento através de experiências práticas de investigação, a partir do interesse manifestado por elas.
As representações impressionantes que as crianças criam podem servir como base para hipóteses, discussões e argumentos, levando a observação adicionais e a representações novas. Usando esta abordagem, podemos ver como a mente das crianças pode ser engajada de maneiras variadas na busca de um entendimento mais profundo do mundo famílias à sua volta. 
(Edwards; Forman; Gandini, 2016, p. 44, volume 1) 
Nesta abordagem, tantos professores quanto alunos, se envolvem com os projetos propostos, de maneira a explorarem juntos, para que o conhecimento seja gerado para ambos, dessa maneira, os professores não se colocam num patamar acima das crianças, e sim adotam o compromisso de ensinar, mas acima de tudo aprender com seus alunos.
A mente dos adultos e das crianças está direcionada a questões de interesse de ambos. Tanto as crianças quanto os professores parecem estar igualmente envolvidos com o progresso do trabalho, com as ideias a serem exploradas, com as técnicas e materiais a serem usados e com o progresso dos próprios projetos. O papel da criança no relacionamento era mais o de aprendiz do que o de alvo da instrução ou o objeto de elogios.
(Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.46, volume 1)
 
Essa valorização, e respeito dados as crianças, retornam de maneira tão positiva, a ponto de elas desenvolverem competências e aptidões, tão grandes que parecem saber o que os adultos esperam delas, e se comportam da maneira esperada quase que intuitivamente. As crianças demostram saber exatamente o que esperam delas, e cumprem suas tarefas com extremos prazer e habilidades (Edwards; Forman; Gandini, 2016).
Uma importante lição de nossos colegas nas pré-escolas de Reggio Emilia, portanto, é que, quando os adultos comunicam um sincero e sério interesse pelas ideias das crianças em suas tentativas de se expressarem, um trabalho rico e complexo pode ocorrer, mesmo entre crianças muito pequenas.
(Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.48, volume 1)
Uma grande preocupação dos professores de Reggio Emilia, é que o atelier, não caia na esfera de apenas ser um lugar de desenvolvimento de arte, e sim que seja um laboratório experimental, onde as crianças possam pôr em prática suas teorias, às transformando em realidade, e consecutivamente em conhecimento efetivo.
Para tanto, são dispostos aos alunos, uma gama muito rica de materiais, para que trabalhados, possam gerar a aprendizagem significativa, sobre a perspectiva criada a partir do interesse dos alunos.
Esses educandos, trabalham de forma sistemática, em pequenos grupos determinados a partir de seus próprios interesses, o mesmo currículo é trabalho de infindáveis maneiras, para que possa ser atingido o objetivo proposto.
Esse objetivo, para os professores, não há de ser outro, a não ser dar a devida importânciapara as dúvidas das crianças, escutando a elas, e ás orientando de uma forma efetiva, para alcançarem o sucesso.
A escuta exerce um importante papel no alcance a um objetivo que sempre caracterizou a nossa experiência em Reggio Emilia: a busca por significado. Uma das primeiras perguntas que nos fazemos, como educadores, é: ‘Como podemos ajudar as crianças a encontrarem significado no que fazem, no que encontram e no que vivenciam? E como podemos fazer isso para nós mesmos?’. Na busca por significado, devemos perguntar: ‘Por quê? ‘Como? ’ e ‘o quê?’. Essas são as três perguntas-chaves que as crianças constantemente questionam, tanto dentro quanto fora da escola.
É uma busca difícil, especialmente para as crianças que têm tantos pontos de referência em suas vidas; a família, a televisão, a escola e os locais que frequentam. [...]. É por isso que nós, em Reggio, vemos as crianças como seres ativos, competentes e fortes, explorando e encontrando significado, e não como predeterminadas, frágeis, carentes e incapazes. (Edwards; Forman; Gandini, 2016, p.235, volume 2)
Nos parece brilhante a abordagem de Reggio, pois percebe-se o interesse real daqueles profissionais, e principalmente daquela sociedade, em ter educação de qualidade, fazem questão que seja assim.
Os profissionais em educação de Reggio, ao não delimitarem tempo para que os projetos sejam concluídos, dão oportunidades às crianças, para que pensem, repensem, e pensem novamente sobre as atitudes que devem tomar, para sanarem suas dúvidas, e acima de tudo para que possam gerar seu próprio conhecimento. 
Agindo dessa maneira, os discentes da pré-escola, chegam até o ensino regular, com a mente aberta ao conhecimento, e com um poderoso poder de pesquisa, atenção, reflexão e crítica.
Ao explorarem todas as inteligências, inerentes a fase da primeira infância, abre-se para as crianças um mundo muito maior, e com isso o sucesso escolar, pessoal e interpessoal fica praticamente garantido na vida dessas crianças.
Algo que nos chamou muito atenção na abordagem de Reggio, e não poderíamos deixar de mencionar, por que como para nós foi novidade, pode ser que seja para muitos de nossos leitores, estamos falando da representação transmodal, que consiste na representação gráfica de sons, algo até então inimaginável para nós.
Edwards, Forman e Gandini (2016), explicam da seguinte maneira:
Fazer uma representação gráfica (desenho) de uma experiência não visual (som) é chamado de representação transmodal. A representação gráfica dos sons encoraja a criança a pensar de modos mais criativos sobre o som. Isso é verdadeiro porque a representação transmodal possui poucos lugares-comuns e porque a atividade é claramente metafórica.
Com esse pequeno exemplo, podemos tentar demonstrar o que de fato a teoria das cem linguagens da criança quer dizer, a exploração de suas múltiplas inteligências nos parece algo extremamente complexo e encantador.
Em suma podemos dizer então, que a teoria das cem linguagens, refere-se as crianças como seres humanos, dotados de cem modos de se expressar e viver sua própria realidade, é uma metáfora dirigida ao infindável potencial das crianças aos processos cognoscitivos e criativos, das infindáveis formas que o conhecimento é adquirido com a manifestação da vida cotidiana.
Portanto para Loris, sua equipe, e a população da pequena cidade de Reggio Emilia, as cem linguagens, é a forma carinhosa e respeitosa das relações interpessoais não só entre crianças, mas também entre crianças e adultos.
Essa relação de respeito mútuo, e a certeza por parte das crianças, que são realmente ouvidas, não apenas escutadas, o que nos parece ter uma grande lacuna no nosso país, é o que confere todo o sucesso para essa abordagem tão brilhante e acolhedora.
Não estamos querendo dizer com isso, que Reggio Emilia alcançou educação perfeita, pois como eles mesmos mencionam, estão em constante transformação, e processo de aprendizagem, mas podemos dizer com toda a certeza, que o papel social que exercem sobre seus alunos faz toda a diferença, os ensinamentos dos valores, fazem com que essa sociedade só prospere.
Para dar ênfase em nosso entendimento sobre a perpetuação de valores na sociedade italiana, recorremos a 6ª edição do livro de Carla Rinaldi (2018, p. 149), que nos esclarece:
Os valores definem as culturas e constituem elementos fundamentais das sociedades; toda comunidade compartilha valores. Portanto, os valores são relativos e correlacionados à cultura que os abriga: eles determinam a cultura e por ela são determinados. Os valores não são universais nem eternos. Somos nós, como pessoas, que os escolhemos, os sancionamos e os sustentamos. Mas são também as sociedades, e seus lugares públicos, que criam os valores, os priorizam, os enfatizam e os transmitem.
Para nós de Reggio, a escola é um desses lugares onde os valores são transmitidos, discutidos e criados. Essa é uma das maiores responsabilidades das escolas, e é também uma responsabilidade nossa, devemos estar cientes dela. Quanto menor for a criança, mais a escola e seus educadores precisam ter consciência dessa importante tarefa, e mais profundo deve ser seu sendo de responsabilidade.
Loris Malaguzzi, conseguiu de forma romântica e poética traduzir esse potencial sensacional das crianças em seu poema sobre elas, apresentado no tópico a seguir.
4.1 POEMA DE MAGALUZZI
Escrito em linguagem vernácula, após traduzido para português.
	Invece il cento c’é.
	Ao contrário, as cem existem.
	Il bambino
é fatto di cento.
Il bambino ha
cento lingue
cento mani
cento pensieri
cento modi di pensare
di giocare e di parlare
cento sempre cento
modi di ascoltare
di stupire di amare
cento allegrie
per cantare e capire
cento mondi
da scoprire
cento mondi ] da inventare
cento mondi
da sognare.
Il bambino ha 
cento lingue
(e poi cento cento cento)
ma gliene rubano novantanove.
La scuola e la cultura
gli separano la testa dal corpo.
Gli dicono:
di pensare senza mani
di fare senza testa
di ascoltare e di non parlare
di capire senza allegrie
di amare e di stupirsi
solo a Pasqua e a Natale.
Gli dicono:
di scoprire il mondo che già c’é
e di cento
gliene rubano novantanove.
Gli dicone:
che il gioco e il lavoro
la realtà e la fantasia
la scienza e l’immaginazione
il cielo e la terra
la ragioone e il sogno
sono cose
che non stanno insieme.
Gli dicono insomma
che il cento non c’é.
Il bambino dice:
invece il cento c’é.
	A criança
é feita de cem.
A criança tem 
cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
as maravilhas de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar.
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir o mundo que já existe
e de cem
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe:
que as cem não existem [sic]
A criança diz:
ao contrário, as cem existem.
5 DOCUMENTAÇÃO
Para que haja uma compreensão efetiva de como a teoria das cem linguagens, foi precedida, não podemos deixar de mencionar, mesmo que brevemente o quesito da documentação elaborada pelos professores de Reggio.
Fato este, originador de estudos por muitos países de primeiro mundo, por profissionais da educação e da psicologia, pois entendemos, que todo educador, para se destacar, e ser realmente bom, na arte de ensinar e também aprender, precisa ter noções nem que sejam gerais das áreas psicológicas, poder compreender-se, para então conseguir alcançar excelência no entendimento de como a mente humana funciona e se desenvolve, é requisito primordial, para o excelente professor.
Em Reggio, a documentação éfeita, a partir de todas as premissas já mencionadas no decorrer deste artigo, porém agora, será destacado alguns pontos primordiais para assimilação de como este trabalho acontece.
Os professores em Reggio Emilia, levam ao seu trabalho uma consciência intelectual especial, uma serenidade e uma forma de seguir, por meio da documentação, as estratégias de experimentação e aprendizagem das crianças e dos professores. Esses hábitos mentais lhes permitem seguir processos de aprendizagem individuais e cooperativos, assim abrindo espaço para que eles examinem e ‘cruzem’ as estruturas usuais encrustadas em nossas construções tradicionais da infância, do conhecimento, da aprendizagem e do ambiente. Pode-se dizer, inclusive, que a documentação pedagógica abre toda uma nova paisagem da infância. Quando os professores cruzam esse novo território, eles assumem um tipo de desenvolvimento profissional para o qual Reggio dá grande importância, até pela ideia de que o professor e a criança podem ser ambos vistos como aprendiz e pesquisador. (Edwards; Forman; Gandini; 2016, p.231, volume 2)
De maneira efetiva e cheia de energia e vontade, o corpo docente de Reggio Emilia, constrói sua documentação pedagógica, através de infindáveis gravações de som e vídeos, e também vasta observação, para posteriormente poderem analisar a conduta das crianças, em reuniões pedagógicas.
Analisadas as condutas de cada criança componente do sistema educacional, pode-se direcionar e entender melhor o funcionamento e interesse individualizado para cada indivíduo.
Dessa maneira, altamente séria e comprometida, os profissionais, conseguem enxergar cada aluno na sua subjetividade, coisa que seria inalcançável, caso esse olhar atento não acontecesse, visto que as salas de aulas são numerosas, e observar de maneira geral cada um de seus alunos, não lhes trariam informações excelentes.
Portanto foi essa vasta gama de registro, das crianças em suas atividades, que permitiu aos professores de Reggio, determinarem que as crianças pequenas, podem demostrar de “cem” maneiras diferentes, sua visão de mundo e de aprendizagem.
Interessante também para nós enquanto acadêmicas foi perceber, que esse assunto é tão sério em Reggio, que os transformou em fonte primeira de educação da mais alta qualidade, dando origem ao Projetc Zero, estudo criado pelo professor de Havard, Howard Gardner, conhecido mundialmente pela elaboração da teoria das inteligências múltiplas.
Gardner, veio a Reggio Emilia com sua esposa, Ellen Winner, a fim de visitar as escolas municipais e apresentar sua teoria para Malaguzzi e um público de educadores de Reggio. Desse encontro, nasceu uma profunda amizade, baseada em estima e admiração mútuas, que se tornaram mais ricas com o passar dos anos.
Analogias e diferenças entre as teorias das sete inteligências e das cem linguagens tornaram o diálogo enriquecedor e inesgotável.
Provavelmente, essa foi uma das razões que persuadiram Howard Gardner a propor um projeto de pesquisa em conjunto após a morte de Loris Malaguzzi, ele deixou que nós, que estávamos trabalhando nas escolas de Reggio na época, e membros do Projeto Zero definíssemos o objeto da pesquisa. Para isso, Mara Krechevsky veio a Reggio e, depois de alguns encontros, concordamos com um tema de grande relevância para nós (especialmente para mim): o relacionamento entre documentação e avaliação/apreciação. Ao explorar essa área, no entanto, percebemos que outros assuntos estavam surgindo, entre eles o aprendizado individual e o aprendizado dentro e por parte de grupos de aprendizagem e o trabalho dos documentadores. De maneira geral, surgiu a centralidade do tema da documentação. (Carla Rinaldi, 2018, p. 117-118)
Diante o exposto, podemos ver que a documentação de Reggio está intimamente conectada com a teoria das cem linguagens da criança.
Então segundo os estudiosos do Projeto Zero, a finalidade da documentação, fica definida como:
Garantir o escutar aos outros e a si próprio é uma das tarefas primárias da documentação: isto é, produzir traços/documentos capazes de testemunhar e de tornar visíveis as modalidades da aprendizagem individual e de grupo, capazes de garantir ao grupo e a cada criança individualmente a possibilidade de observar-se de um ponto de vista externo enquanto aprende (tanto durante quanto após os processos).
Uma documentação rica (vídeo, gravações, material fotográfico, anotações etc.) é realizada e utilizada quando se faz a experiência, tornando-se parte inseparável dela. (Carla Rinaldi et al; 2014, p.85)
O que concretiza ainda mais, nosso entendimento, da precisão dos conhecimentos gerais de psicologia, no processo educativo.
Satisfeitas, com a completude que este tópico trouxe no desenvolvimento deste artigo, passamos para o tópico a seguir, a explicação da metodologia empregada para o desenvolvimento dessa pesquisa.
6 METODOLOGIA
Afim de esclarecimentos técnicos, de como se desenvolveu esta pesquisa científica, de caráter experimental, exigida pela UNIASSELVI, na grade curricular do curso de pedagogia, neste tópico, apontaremos, a metodologia empregada, para o desenvolvimento deste paper.
A principal característica que apresenta este artigo, é sua natureza básica, ou seja, a ânsia aqui, é a satisfação de cunho intelectual, sendo o objetivo principal o engrandecimento cultural por intermédio do conhecimento. (Cervo; Bervian, 2007 apud Tafner; Silva; Bazzanella, 2013).
[...]Conforme Gil (1999), as pesquisas podem ser classificadas quanto: À natureza da pesquisa, e pode ser: Básica: objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais (Gil,1999). Assim, o pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento, e sua meta é o saber 
Abordamos o problema de forma qualitativa, isso quer dizer que, o sujeito e realidade são elementos indissociáveis, portanto, não há como se quantificar, uma vez que se trata da subjetividade, da particularidade.
[...]. À abordagem do problema, e pode ser: Qualitativa: não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados, e o pesquisador é o instrumento-chave (GIL, 1999). Há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzindo em números.
Nesta modalidade de pesquisa, nós, enquanto acadêmicos, somos o instrumento de análise, pois nos cabe a prerrogativa de interpretação dos dados analisados, para que possamos chegar ao entendimento concreto das problemáticas, que entornam os aspectos críticos do tema escolhido para aprofundamento cientifico.
Para que pudéssemos chegar a realização dos nossos objetivos, usamos a forma descritiva de pesquisa, pois estudamos bibliografias, de doutrinadores consagrados, com conhecimentos técnicos suficientes para nos dar o suporte necessário, para o desenvolvimento desse trabalho acadêmico.
 [...] Á realização dos objetivos, e pode ser: Descritiva: metodologia indicada para orientar a forma de coleta de dados quando se pretende descrever determinados acontecimentos (Gil, 1996; Dencker, 2000, p.125 apud Tafner; Silva; Bazzanella, 2013, p. 96). É direcionada a pesquisadores que têm conhecimento aprofundado a respeito dos fenômenos e problemas estudados. [...]
Para melhor assimilação do que foi dito até o presente momento, vemos que se faz necessário a conceituação de pesquisa levando em consideração a pesquisa bibliográfica, e o faremos no próximo tópico, dessa maneira, acreditamos, que este paper acadêmico possa ser lido, e compreendido, por um maior número de pessoas, alcançando inclusive, o leitor que não possui conhecimento técnico, sobre a área da pesquisa cientifica.
[...]. Aos procedimentos técnicos, e pode ser: Bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, de informações disponibilizadas na internet. (Tafner; Silva; Bazzanella, 2013,p. 96).
6.1 CONCEITO DE PESQUISA
Neste tópico, buscamos definir a pesquisa social, conceito este, de extrema necessidade, para nos aportarmos de maneira sólida, no por que, e, para que estamos á desenvolvendo, diante essa menção definimos como conceito o que nos reporta a obra de Uwe Flick (2013, p.18)
Pesquisa social é a análise sistemática das questões de pesquisa por meios de métodos empíricos (p. ex., perguntas, observação, análise de dados, etc.). Seu objetivo é fazer afirmações de base empírica que possam ser generalizadas ou testar essas declarações. Várias abordagens podem ser distinguidas e também vários campos de aplicação (saúde, educação, pobreza, etc.).
Diferentes objetivos podem ser buscados, variando desde uma descrição exata de um fenômeno até sua explanação ou a avaliação de uma intervenção ou instituição.
 Também nos parece essencialmente importante trazer ao conhecimento dos leitores o que Wendy Olsen (2015, p.15), entende por pesquisa.
Fazer pesquisa é muito mais do que apenas reunir informações ou escrever uma descrição como faria um jornalista. Pesquisar consiste em estudar mais intensivamente, geralmente envolvendo a obtenção de informações que surpreenderiam parte do público, e analisar as informações com cuidado antes de redigir os resultados. A melhor pesquisa usa dados de uma forma original ou oferece alguma interpretação nova e empolgante dos dados existentes.
 
 Foi neste sentido que pensamos, ao abordar o tópico paralelo do nosso país com a Itália, trazendo ao conhecimento dos leitores, a influência de Paulo Freire na abordagem de Reggio, um fato novo, ao menos para nós, que não tinha sido discutido nos livros ao qual pesquisamos, visto que todos eles traçavam as incongruências dos EUA com a Itália.
7 ANÁLISE DOS DADOS
Nesta pesquisa científica, bibliográfica, de natureza básica, tratamos a abordagem educacional Reggio Emilia, considerada a melhor educação da primeira infância do mundo.
Traçamos uma linha de estudo árdua, buscando informações bibliográficas, e diversas tentativas de entrevistas, nas duas escolas de Florianópolis que dizem trabalhar na abordagem Reggio, quando na verdade concluímos que passam bem longe dela.
Nas duas escolas que contatamos, por serem as únicas duas a “trabalhar” sugerindo a mencionada abordagem, ambas da rede particular de ensino, na qual trataremos como escola A e B, nem se quer retornaram nossos diversos contatos a fim de garantir a coleta de dados para esta pesquisa, o que passa longe da premissa de Reggio que é trazer a comunidade para dentro das escolas a fim de participarem do processo educacional.
Não nos dando por vencidas, e motivadas o suficiente para a realização deste estudo, usamos de outros artifícios para conseguir as referidas entrevistas, embora não nos orgulhamos de ter conseguido a atenção na base da “mentira”, pois para que fossemos recebidas, simulamos interesse em matricular nossos filhos nas referidas escolas, triste realidade, pois o que é oferecido de qualidade em Reggio no ensino público, aqui é cobrado e muito bem por essa “qualidade” tão esperada que fosse natural.
Na escola A, situada no bairro Santa Mônica, fomos recebidas pela diretora, que nos mostrou as instalações muito bem planejadas, e de fato, seguindo no que conseguiram adaptar o modelo de Reggio, com muita iluminação da luz natural, e ambientes propícios ao desenvolvimento das crianças, já no que dizia respeito ao tão famoso atelier de Reggio, sentimos falta da variedade de materiais, para que os projetos fossem trabalhados em todas as esferas que Reggio busca.
Indagada sobre o que seria a abordagem Reggio Emilia, a mesma mostrou saber do que estava falando, porém depois de dias a fio de estudos esperávamos uma “aula a mais”, saímos frustradas, portanto concluímos que embora a intenção, seja as melhores, que é oferecer uma educação ao menos parecida com Reggio, nem de longe a praticam, o que não quer dizer que não disponham de qualidade, pois pelas instalações e no que pudemos observar, as crianças, já muito bem adaptadas estavam em total harmonia e se demonstravam felizes, de estar naquela espaço.
Indagada se poderíamos fotografar as instalações a fim de mostrar aos nossos maridos, ela foi delicada e gentil ao dizer não, e que poderíamos acessar o site da escola que encontraríamos fotos das instalações para podermos apresentar para os companheiros, até aí entendemos como medida de segurança para as crianças e não insistimos, agradecemos e fomos embora.
Na escola B, situada na Vargem Grande, encontramos as mesmas barreiras, pareciam inclusive combinadas, mas estamos certas de que não foram. Essas barreiras já foram colocadas a partir do primeiro dos muitos contatos, ansiosos para o desenvolvimento da pesquisa científica, não tivemos retorno, e nem se quer tivemos alguém disposto a nos ajudar na evolução acadêmica, portanto, também são alvo das mesmas críticas da escola A.
Na escola B também usamos do mesmo artificio para tentar uma entrevista que nos alargasse ainda mais o conhecimento, mais uma vez saímos frustradas, nessa escola nem se quer nos foi apresentada as instalações, apenas os valores.
A alegação é que as instalações da escola, só poderiam ser acessadas após efetuarmos a matrícula, ao indagar a atendente que nos deu pouquíssimo suporte, sobre como “compraríamos” algo às cegas, ela gaguejou, falou meia dúzia de palavras que nos causou desconforto, agradecemos e decepcionadas fomos embora.
Embora frustradas em todos os sentindo possíveis da palavra, porém sem perder a motivação, depois de tanto estudo e deslumbre por uma abordagem tão magnifica em sua essência, buscamos outras alternativas, então persistimos nas entrevistas, dessa vez, diretamente na fonte, fizemos uma busca nos sites italianos, pelas escolas de Reggio afim de conseguir alguém que se importasse de fato com a educação.
Durante essa pesquisa, tivemos a honra de descobrir o quanto nosso querido conterrâneo Paulo Freire, era importante para Reggio, o que nos encheu o coração de orgulho, inclusive, descobrimos uma escola que leva seu nome na cidade de Reggio Emilia. Scuole Comunali Dell’ Infanzia Paulo Freire, onde este contribuiu com a sua reflexão quanto a dialogicidade, amor, respeito e humanidade, refletidos na sua obra Pedagogia do Oprimido.
Após dias de espera, eis que chega a resposta da Fundação Reggio Children comunicando-nos, sobre a alta taxa de procura por informações, e a dificuldade deles em responderem como gostariam a todos esses contatos, porém com muita gentileza, nos informaram, que a RedSolare Brasil, sediada na Bhaia, era a responsável pela disseminação, da abordagem Reggio Emilia no nosso país, e que inclusive teriam imenso prazer, que visitássemos a cidade, através dos grupos de estudos organizados pela rede.
Novamente comentaram da alta procura por informações, e também de visitantes de todos os cantos do planeta, o que estava impossibilitando que a Fundação, bem como as escolas, conseguissem se organizar para atender todos como tanto eles gostariam, e por isso, nasceu a redsolare, presente em diversos países do mundo, com a missão de organizar essas visitas, que tem datas específicas no ano para acontecerem, bem como são responsáveis por levar intérpretes da língua, já incluso no valor do pacote, para que então ficasse mais organizado o quesito das visitas e compreensão dos visitantes. Agradeceram nosso contato e se despediram cordialmente.
Felizes da vida, após tomarmos essa super dosagem de ânimo, pela prontidão em nos responder, tratamos de entrar em contato com a redsolare Brasil, a fim de maiores esclarecimentos sobre a abordagem, fizemos contato telefônico onde Marina Caribe nos informou, que a rede solare é um grupo responsável pela difusão e articulação da abordagem Reggio Emilia na américa latina, portanto estão presentes em todos os países sul americanos, com o propósito de difundir a cultura mundial sobre educação de primeira infância, e que trabalham de forma direta com afundação Loris Malaguzzi, e Reggio Children. 
Seu propósito principal, além de difundir as propostas reggianas, é conhecer, e também compartilhar novos resultados de pesquisas e experiências no que diz respeito à educação de primeira infância.
Por fim, fizemos contato também com Havard, a fim de esclarecimentos sobre o nascimento do projeto zero, mandamos e-mail para o professor de cognição da Havard Graduat School of Educations, Dr. Howard Gardner, amigo pessoal de Loris Malaguzzi, e criador da teoria das inteligências múltiplas, porém foi respondido de forma educada e automática, que devido o alto volume de e-mails que recebe, tem uma demora de até doze meses para serem respondidos os e-mails de forma pessoal, e sugeriu que entrássemos no site houwardgardner.com que quem sabe nossas perguntas já estariam respondidas através do link FAQ.
Fizemos pesquisa no site, porém todas as questões lá expostas, falam sobre sua teoria das múltiplas inteligências, e sobre o projeto zero, porém não menciona pontualmente sua relação com Loris, tão pouco com Reggio Emilia.
Para análise do conteúdo que colocamos dispostos nesta pesquisa, seguimos o que Laurence Bardin (2016, p.71) nos ensina:
Mas a clarificação da informação a tratar pode ser totalmente diferente.
Sem explorar de modo exaustivo a totalidade das significações, é possível que se prenda, por exemplo, procurar imagens relativas à atitude face à vida urbana e tecnológica.
E sob essa ótica, mesmo sem ter tido oportunidade de ter um arquivo visual, no qual nos reporte aos ensinamentos de Reggio, buscamos imagens na internet para ilustrar a organização das escolas italianas de primeira infância, a fim de cumprir esse requisito exigido para essa pesquisa cientifica.
Fonte:
https://www.mammaimperfetta.it/wp-content/uploads/scuola-dellinfanzia-a-reggio-emilia.jpg
Fonte: https://www.mammapretaporter.it/media/k2/items/cache/3de303a43620aac779205f8a1027a16c_XL.jpg
Fonte: 
http://www.scuolaetecnologia.it/wp-content/uploads/2016/01/8ee9fed59ea70b6d1ab0628ed0a34e19_XL.jpg
Fonte:
https://www.nostrofiglio.it/site_stored/imgs/0003/034/1_atelier_raggio_di_luce.630x420.jpg
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante os longos dias de pesquisas bibliográficas, à cerca da abordagem educacional Reggio Emilia, tivemos uma série de sensações experimentadas, desde o deslumbre, por um sistema educacional rico em representação simbólica, experimentado na rede pública de ensino de um país de primeiro mundo, desde decepção na constatação que nosso sistema educacional público é extremamente falho e pouco comprometido.
Mantendo em suas veias, o que há muito tempo, a Itália fez questão de retirar do seu currículo, ou seja, aqui nos parece que as escolas de primeira infância ainda fazem, com que as crianças sejam apenas custodiadas, nas escolas, enquanto seus pais buscam o sustento da família.
A abordagem educacional proposta pelo educador Loris Malaguzzi, sobre as inteligências múltiplas das crianças, teoria essa desenvolvida pelo psicólogo, professor de cognição da universidade de Havard, professor Howard Gardner e ampliada por Malaguzzi através de sua teoria das cem linguagens, em muito nos fizeram refletir o quanto as crianças pequenas podem ser incentivadas através de uma série de representações.
Dessa maneira, as crianças chegam ao ensino fundamental, preparadas para a pesquisa, e também aptas a gerarem seu conhecimento, sabendo desde muito cedo por onde começarem a alicerçar o seu saber.
Aqui no Brasil, muito se fala que a educação transforma, mas foi na Itália que pudemos perceber, o real poder dessa transformação.
A união entre sociedade civil, professores e crianças, todos tratados com respeito e visto como pessoas humanas, sem distinção de idades ou crenças, é o que faz daquele país, em especial daquela cidade, um dos melhores lugares do mundo para se viver.
Sendo as crianças protagonistas do processo de crescimento biológico e intelectual, através do incentivo não só dos professores, mas como de toda a sociedade, despertam precocemente um extraordinário potencial de aprendizagem e mudanças de opinião.
Essa característica pode ser vista através de vários recursos, entre eles o afetivo, sensorial e claro, intelectual, que se manifestam através de incansáveis trocas no contexto social e cultural.
Cada criança em Reggio é tratada na sua subjetividade, com intenso respeito e valorização, dentro de suas diferenças, a dialogicidade e a escuta, fazem daquela educação referência mundial no quesito primeira infância.
Para nós, resta a reflexão, de que profissional queremos ser, para começar a mudar o quadro educacional lamentável em que vivemos, lógico que não esperamos fazer isso sozinhas, até por que como vimos inesgotavelmente, que para se alcançar o sucesso na educação de nossas crianças, precisamos de todo apoio da sociedade e também do poder público.
Não esperamos salvar o país, com um pedaço de giz nas mãos, mas podemos começar desde já, tentar conscientizar as pessoas próximas, de que só com a educação efetiva, comprometida e séria mudaremos o curso desse barco furado que se encontra nosso país.
Reggio nos devolveu a esperança no futuro, e nos fez refletir mais uma vez que a consciência social de nosso povo precisa mudar, o quanto antes, para que possamos caminhar rumo a uma pátria que abraça todos seus filhos, fortalecendo os quais possam se demonstrar como mais frágeis para determinadas funções sociais, pois só assim viveremos uma democracia e toda sua essência.
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo. LDA/ Almedina Brasil, 2016
EDWARDS, Carolyn; FORMAN, George; GANDINI, Lella. As cem linguagens da criança. Porto Alegre. Penso. Volume 1. 2016.
EDWARDS, Carolyn; FORMAN, George; GANDINI, Lella. As cem linguagens da criança. Porto Alegre. Penso. Volume 2. 2016.
FLICK, Uwe. Introdução à Metodologia de Pesquisa: um Guia para Iniciantes. São Paulo. Penso, 2013
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro/ São Paulo. Paz & Terra 64ª edição. 2017.
OLSEN, Wendy. Coleta de Dados: Debates e Métodos Fundamentais em Pesquisa Social. São Paulo. Penso. 2015
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia Escutar, investigar e aprender. Rio de Janeiro/São Paulo. Paz & Terra 6ª edição. 2018
RINALDI, Carla; et al. Tornando Visível a aprendizagem: crianças que aprendem individualmente e em grupo. São Paulo, Phorte. 2014.
Stemmer, M. R. (2006). Educação infantil e pós-modernismo: a abordagem Reggio. Tese de Doutorado, Florianópolis. Acesso em 30 de março de 2019, disponível em https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/88732/235618.pdf?sequence=1&isAllowed=y
TAFNER, Elisabeth Penzlien; SILVA, Everardo da.; BAZZANELLA, André. Metodologia Científica. Indaial. Ed. Grupo UNIASSELVI. 2013.
¹ Acadêmicas Pedagogia – UNIASSELVI 
² Espc Psicopedagogia Institucional e Clinica - ICPG

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