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REDUÇÃO DA MAIORIADADE PENAL

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60
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
REDUÇÃO DA MAIORIADADE PENAL:
ALTERNATIVA PARA DIMINUIÇÃO DO CONTATO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CRIMES HEDIONDOS.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX-SP
2018.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
REDUÇÃO DA MAIORIADADE PENAL:
ALTERNATIVA PARA DIMINUIÇÃO DO CONTATO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CRIMES HEDIONDOS.
	
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na forma de monografia à banca examinadora do Curso de Direito do Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP, sob orientação do Prof. visando à obtenção do grau bacharel em Direito. 
Orientador (a): Prof. (a). XXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX-SP
2018.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
 Redução da Maioridade Penal: Alternativa para Diminuição do Contato de Crianças e Adolescentes com Crimes Hediondos. / XXXXXXXXXXXXX, 2018. 
50 f.
Orientador: XXXXXXXXXXXXX. 
TCC (Graduação - Direito) - XXXXXXXXXXX, 2018. 
1. Estatuto da Criança e do Adolescente. 2. Atos Infracionais. 3. Menores Infratores. 4. Redução da Maioridade Penal. I. Almeida, Roberto Ribeiro.
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL:
ALTERNATIVA PARA DIMINUIÇÃO DO CONTATO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CRIMES HEDIONDOS.
BANCA EXAMINADORA
_________________________
Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
Orientador.
_________________________
Prof. 
Convidado.
_________________________
Prof. 
Convidado.
XXXXXXXXXXXXXXXXXX-SP 
2019.
Dedico este trabalho a DEUS, por ter me auxiliado no decorrer desta caminhada. E aos meus Pais e ao meu irmão.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que me guiou durante toda essa caminhada árdua, para que assim fosse possível concluir o curso de Bacharel em Direito.
Agradeço aos meus Pais que acompanharam a minha luta e determinação pela faculdade, e estiveram sempre presentes, me apoiando e incentivando, para que eu nunca desistisse de alcançar esse e outros objetivos.
Agradeço aos amigos e colegas de sala de aula, e aos que conquistei durante esses cinco anos, frequentando os espaços da faculdade.
E por fim a todos aqueles que de alguma forma estiveram е estão próximos a mim, tornando a minha vida cada vez mais valorativa e especial.
“As leis são sempre úteis aos que possuem e nocivas aos que nada têm.” 
 (Jean Jacques Rousseau).
RESUMO
A crescente incidência de jovens adolescentes menores de 18 anos, envolvidos com violências graves e crimes hediondos, tem assustado a sociedade e cobrado severamente o ordenamento jurídico, buscando adotar medidas mais rígidas e punitivas aos atos praticados pelo menor infrator. A questão da redução da menoridade penal tem gerado grande repercussão no País, visto que, a sociedade em busca de proteção, respaldo e solução, lutam por essa diminuição, enquanto juristas e doutrinadores, preferem manter as medidas socioeducativas. No entanto, de acordo com a problemática que envolve jovens adolescentes, violências graves, crimes hediondos, entre outros, observa-se a grande necessidade em levantar estudos qualitativos, pesquisa documental, orientações sobre duas correntes existentes, que versam esse tema, onde uma aborda a demagogia de que a redução da idade penal não é possível, já que o artigo 228 da Constituição Federal 1988 é uma cláusula pétrea, não podendo ser alterada. Em outro sentido, a corrente favorável, luta pela redução da idade penal, como forma de diminuição, de jovens adolescentes envolvidos com crimes hediondos, e uma segurança maior para a sociedade que sofre as consequências. Por fim, para desenvolver e enriquecer essa monografia busca-se, por uma linha de estudos pormenorizada, com contextos históricos de início, onde haverá pareceres do antigo código penal e do atual, o antigo código de menores, o Estatuto da Criança e do Adolescente, como também, noções em face do artigo 228 da Constituição Federal de 1988, a PEC 33/2012, julgamentos sobre a inimputabilidade de menores infratores, e a Menoridade Penal em um contexto amplo, e desmitificado, os fatores que levam ao crescimento de atos infrações, visões sobre as medidas socioeducativas, posicionamentos doutrinários contrários e favoráveis ao tema, demonstrações de casos de grande repercussão que tomaram conta do país, e em síntese uma opinião final objetiva.
PALAVRAS CHAVES: Atos Infracionais; Estatuto da Criança e do Adolescente; Menores Infratores; Redução da Menoridade Penal.
ABSTRACT
The growing incidence of young adolescents under 18 years old, involved in serious violence and heinous crimes, has frightened society and severely violated the legal system, seeking to adopt more rigid and punitive measures to the acts committed by the minor offender. The issue of reducing the criminal minority has generated great repercussion in the country, since the society in search of protection, support and solution, fight for this decrease, as jurists and educators, prefer to maintain socio-educational measures. However, according to the problematic that involves young adolescents, serious violence, heinous crimes, among others, there is a great need to raise qualitative studies, documentary research, guidelines on two existing addresses the demagoguery that the reduction of the penal age is not possible, since Article 228 of the 1988 Federal Constitution is a stony clause and cannot be changed. In another sense, the favorable trend is to reduce the penal age, as a form of diminution, of young adolescents involved in heinous crimes, and a greater security for society that suffers the consequences. Finally, in order to develop and enrich this monograph, we search for a detailed study line with historical contexts of beginning, where there will be opinions of the old penal code and the current one, the old code of minors, the Statute of the Child and the Adolescent , as well as notions in the face of article 228 of the Federal Constitution of 1988, PEC 33/2012, judgments on the incomputability of juvenile offenders, and Criminal Minority in a broad context, and demystified, factors that lead to the growth of acts infractions, visions about socio-educational measures, opposing doctrinal positions favorable to the subject, demonstrations of cases of great repercussion that took hold of the country, and in summary an objective final opinion.
KEYWORDS: Infractionary Acts; Child and Adolescent Statute; Minor Offenders; Reduction of Criminal Minority.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................10
1. PROCESSO HISTÓRICO JURÍDICO.......................................................................12
1.1 Código criminal do império do Brasil 1830.	12
1.2 Antigo código penal brasileiro 1890.	13
1.3 Código de menores brasileiro 1927.	14
1.4 Estatuto da criança e do adolescente: lei 8.069 de 1990.	16
1.4.1 Princípio da Proteção Integral da Criança e Adolescente...........................................21
2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1.988 E O CÓDIGO PENAL.	23
2.1 Cláusula Pétrea: artigo 228 da Constituição Federal Brasileira.	24
3. INIMPUTABILIDADE E IMPUTABILIDADE PENAL.	26
4. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: LEI 8.069/90.	31
4.1 O menor e a Lei: Idade e Internação.	31
4.2 Responsabilidade do menor de 18 anos.	32
4.3 Medidas Socioeducativas e Efeitos.	34
4.4 Ato infracional: generalidades.	39
5. MAIORIDADE - MENORIDADE PENAL	42
5.1 Definição da maioridade penal na legislação brasileira	42
5.2 Contagem da maioridade penal.	43
5.3 Menoridade penal relativa.	44
5.4 Proposta de Emenda à Constituição (PEC).	45
6. DIVERSIDADE DE OPINIÕES.	49
6.1 Posicionamentos a favor da redução da maioridade penal.	49
6.2 Caso Champinha.	50
6.3 Caso do garoto João Hélio.	52
6.4 Caso massacre em Suzano/SP	52
7. CONCLUSÃO	54
REFERÊNCIAS	57
INTRODUÇÃO
Ao analisarmos os meios sociais em que vivemos notamos a crescente onda de crimes cometidos por menores de 18 anos. Crimes estes, conceituadoscomo “ato infracional”. Sua natureza criminal atua de maneira tênue em vista do menor infrator, aplicando-se penas mais brandas, em busca de ressocialização e reeducação de crianças e adolescentes envolvidos com o crime.
E qual seria o objetivo de toda essa situação, equilibrada e flexível, existente para menores infratores? Seria demonstrar aos mesmos o lado bom e o lado ruim da vida? Devolvendo-os a sociedade, de maneira mais consciente e humanizada? E ao invés de inseri-los no cárcere comum, com medidas mais rígidas, penas igualadas aos crimes cometidos por um adulto, buscar por reeduca-los, e protege-los conforme prevê a Carta Magna? E por fim, seria essa a melhor medida a ser adotada? Ou o Estado deve ser mais inexorável, diante das penalidades atribuídas ao menor infrator?
Notamos a ampla discussão, e questionamentos, referidos a esse tema, Redução da Maioridade Penal Brasileira. Visto que, atualmente crianças, jovens adolescentes, estão se inserindo precocemente ao mundo do crime, devido as suas vulnerabilidades, situações de risco social, desigualdades, estado de necessidade, pobreza, fome, precária situação financeira familiar, abandono familiar, isolamento e exclusão social, entre outros fatores preponderantes para o aumento da criminalidade no País.
Mas, nada disso aquieta o coração de um cidadão de bem que busca sossego, paz, e segurança dentro de suas residências. Pois estão, sujeitos a um assalto, a um latrocínio, a um sequestro, a um assassinato, perdendo a vida em questões de segundo, e por detrás de um revolver calibre 38 municiado até os dentes, encontramos um menor de 18 anos e sua “Gangue”. Fora da rede escolar, em situação de rua, e vandalismo, envolvido com o tráfico de drogas, e todos os crimes hediondos possíveis, seria esse perfil de jovens adolescentes que a sociedade busca encontrar nas comunidades? Creio que não.
Portanto, esse trabalho, voltado às problemáticas da sociedade e em questão as discussões que encontramos na mídia, jornais e revistas sobre a redução da maioridade penal, busca-se abordar o assunto de maneira exploratória, descritiva ou explicativa, trazendo casos de grande repercussão envolvendo menores, e opiniões referentes ao tema, sendo elas favoráveis ou não. Com o intuito de demonstrar a gravidade do assunto, e como ele deve ser analisado nos contextos sociais e jurídicos, e por fim satisfazendo egos de que a justiça foi feita conforme deveria.
Grosso modo, pode-se questionar também, jovens de classe média alta, envolvidos com crimes hediondos, seriam esses miseráveis, diante dos padrões sociais em que vive? Não. E o que os levam a estarem envolvidos com esse cenário delituoso? Surgem-se mais questionamentos, e a sociedade grita por respostas. 
Nesse sentido, envolvem-se fatores como o Ambiente Familiar sem (Proteção, Cuidados, Vigilância e Atenção), Políticas Públicas fazendo vista grossa, Educação Escolar menos exigente, e Leis que protegem e não solucionam. Observa-se que, o caminho está propício para a criminalidade, e o desejo por descobertas do proibido só aumenta. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente acaba se tornando um álibi para os menores infratores, diante da proteção e cuidados necessários que o texto de lei disciplina, tratando-se de um meio recorrente para atenuar um ato delituoso, o que transmite ao jovem adolescente a consciência de que estará ileso, protegido, e amparado. Essa segurança acaba atrapalhando o objetivo de punir e reeducar, já que em poucos meses, o menor estará na rua novamente, cometendo crimes mais graves, e estando na mira de adultos delinquentes que se utilizam desses menores para praticar crimes graves. Com o intuito, de oportunizar-se dos privilégios que os códigos disciplinam a favor e proteção de menores infratores, e o adulto delinquente foge-se das possíveis condenações.
Contudo, esse trabalho visa-se através de estudos bibliográficos, doutrinários, jurídicos, e jurisprudenciais, abordar os conceitos de proteção de menores desde os primórdios, breve parte histórica, menores infratores, imputabilidade, atos infracionais, medidas-socioeducativas, redução da maioridade penal (favorável ou não), alguns exemplos de grande repercussão encontrados e abordados pela mídia, e assim descrever objetivamente todo o tema proposto em sua defesa.
1. PROCESSO HISTÓRICO JURÍDICO
Em um ponto de partida, visa-se descrever as modificações e evoluções que o Estatuto da Criança e do Adolescente sofreu com o tempo, chegando aos aspectos que levantaram discussões sobre a redução da maioridade penal para crimes hediondos, cometidos no País. No entanto, é claro que com o desenvolvimento e o crescimento de toda a sociedade, em sentido político, econômico, cultural, educacional, entre outros, houve-se a necessidade da criação, modificação, e alteração, dos códigos que disciplinam a ordem jurídica do País.
Em termos de evolução histórica das doutrinas menoristas, observa-se que, anteriormente ao surgimento da Doutrina do Menor em situação irregular, foi amplamente aceita em nosso sistema a Doutrina do Direito Penal do Menor, que inspirou o Código Criminal do Império (1830), o primeiro Código Penal Republicano (1890) e o primitivo Código de Menores de 1927. [footnoteRef:1] [1: ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ªed. rev. atual. ampl. e reform. São Paulo: Saraiva. 2009. p.39.] 
Em um contexto histórico, desde o século fim do XIX já existia certa preocupação em face da criança e o adolescente, visto que, sempre era preservada a situação de honra, e boa índole, mantidos e exigidos no ambiente familiar e social normal. Ocorre que, muitas familias pobres, não conseguiam promover esses cuidados devidos e necessários, para uma boa moralidade social, e assim, surgia-se o contato do “menor” com o ilícito, o proibido, o ilegal.
Nota-se, que se existe uma legislação para punir, há indícios e cometimentos de atos delitivos. Concordam? Mas, o motivo da procura e realização desses atos, surge com a crescente desigualdade social enfrentada pela classe pobre.
Contudo, diante do desenvolvimento social e econômico, as dificuldades financeiras e básicas ofertadas aos indivíduos da época, e o crescimento de atos delitivos cometidos por menores, observa-se a necessidade dos códigos citados acima, se inspirarem, e basearem, uns aos outros, para criar, normatizar e atualizar, leis. Conforme entende COSTA[footnoteRef:2], leis com sentido de punir, e penalizar o delinquente, em um sentido “repressor e de controle”. [2: COSTA, Tarcísio José Martins. Estatuto da criança e do adolescente comentado. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.] 
1.1 Código criminal do império do Brasil 1830.
O código criminal do império de 1830 foi o principiante código penal brasileiro, pois era nele que se disciplinava a “responsabilidade penal dos menores”. Esse código apresentava algumas falhas, certas comparações e menções indevidas, e até armadilhas jurídicas, o que o tornou, fonte de inúmeras discussões e críticas, realizadas por filósofos juristas. Nesse sentido, os elogios eram poucos, e acabava dificultando o processo da execução penal, dessa época. [footnoteRef:3] [3: ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ªed. rev. atual. ampl. e reform. São Paulo: Saraiva. 2009. p.38.] 
Em relação à parte que disciplinava e tratava os assuntos referentes à criança e adolescente e as punições cabíveis aos seus atos delitivos, o código criminal do império abordava o seguinte,
Aos vinte e um anos atingia-se a imputabilidade penal plena, adotou o critério do discernimento, ao prever que, na hipótese do menor de 14 anos praticar fato delituoso com consciência e capacidade de entendimento, seria reconhecido como imputável e receberia, então, penas corporais. [footnoteRef:4] [4: ANDREUCCI, Ibidem.] 
Em breve comparação com os dias atuais, é perceptível a diferença de idades, em que o código do império de 1.830 trazia em seu contexto, e exigia o exercício da norma, diante de qualquer delito cometido por “menor”.
Vale mencionar, que durante o“final do século XIX e início do século XX”, começava a se manifestar atitudes e preocupações, em zelar pela “educação” da criança e do adolescente, de maneira a privilegiar o aprendizado, e não a penalização severa, grotesca, rígida, conforme era tratada. [footnoteRef:5] [5: RIZZINI, Irene. (orgs.) A arte de governar crianças: A história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. Rio de Janeiro. EDUSU/AMAIS. 1995, p.257.] 
Fica evidente que em uma larga dimensão de saberes, envolvendo filósofos, e juristas que mantinham opiniões diferentes, e o dever em respeitar o contexto legal, que era correto conforme exigia a norma, enfrentando a sociedade em constante desenvolvimento e suas cobranças. É fato que todo esse conjunto de problemáticas e tentativas de soluções, reflete na legislação atual, se o contexto histórico for analisado intensamente. 
1.2 Antigo código penal brasileiro 1890.
De acordo com os estudos, o Código Penal Brasileiro, passou por algumas alterações em relação à criança e o adolescente, onde determinou a inimputabilidade absoluta, para menores de nove anos de idade, considerando-os não criminosos. Diferente do que acontece com os “maiores de nove e menores de catorze anos de idade”, que eram encaminhados a “estabelecimentos disciplinares industriais”, em busca de reeduca-los. Antes disso, eram analisados seus atos e a sua capacidade de “discernimento” e compreensão “sobre a sua conduta ilícita”, para assim, atribuir-lhes a responsabilidade criminal cabível, em caso contrario, seriam considerados “não criminosos”. [footnoteRef:6] [6: ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ªed. rev. atual. ampl. e reform. São Paulo: Saraiva. 2009. p.38.] 
Em um dado comparativo, o Código de 1.890, destaca a disciplina trazida no artigo 27, § 1º e 2º, o seguinte, “Não são criminosos: os menores de 9 anos completos”, e os “maiores de 9 anos e menores de 14 anos, que obrarem sem discernimento”. [footnoteRef:7] [7: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Nesse sentido, nota-se que o “menor”, já usufruía de certa “proteção jurídica”, mesmo que tênue, pois o tornava inimputável por suas condutas ilícitas. Desse modo, também percebe, que a idade penal atribuída a crianças e adolescentes, era reduzida em face ao que o atual código penal brasileiro disciplina.
Diante desse cenário histórico, final do século XIX e início do século XX, observa-se que não havia grandes fatores de menores envolvidos com crimes de natureza grave. E a sociedade exercia diferentes conceitos ligados ao “fenômeno da urbanização, da migração interna e do crescimento demográfico vertiginoso”. Frisa-se que as coisas se alteraram de modo geral, muito se perdeu, mas também, ganhou. Nessa perspectiva, é evidente abordar, que nesse período (1.890), não havia uma legislação, que disciplinava especificamente os “direitos e deveres da criança e do adolescente”, assim como a Lei 8.069/1990 – O Estatuto da Criança e do Adolescente, que foi elaborada em 13 de julho de 1.990, sendo aplicada até os dias atuais.[footnoteRef:8] [8: CHAVES, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2ª ed. São Paulo: LTr. 1997. p. 467.] 
1.3 Código de menores brasileiro 1927.
O Código de Menores ou Código Mello Mattos, surgiu-se, com o decreto nº 17.943-A de 12 de Outubro de 1.927 e “consolidou as leis de assistência e proteção a menores”, planejada pelo renomado jurista José Cândido de Albuquerque Mello Mattos. Disciplinados em 231 artigos. Dessa forma, por não haver nenhuma legislação específica em face das condutas ilícitas do menor, conforme já mencionado, esse advento, trouxe um grande marco histórico para essa época. [footnoteRef:9] [9: BRASIL. Código de Menores: Lei n° 6.697 de 10 de Outubro de 1979.] 
O objetivo desse código era claro, ele viria para revolucionar o sistema jurídico brasileiro, e obter maiores cuidados e tratamentos especiais com a criança e o adolescente infrator, educando-o e não somente punir. O Art. 1º do código de menores disciplina o seguinte “O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 annos de idade, será submettido pela autoridade competente ás medidas de assistência e protecção contidas neste Codigo”. [footnoteRef:10] [10: BRASIL. Ibidem.] 
Observa-se que a legislação estava em constante desenvolvimento, e buscava medidas para abranger, “reeducar e promover vida digna” ao menor. Mesmo que ele tenha cometido conduta delituosa. Essa situação, que envolve o roubo, o furto, o tráfico, é preocupante, e atinge toda sociedade, que além de buscarem diminuir esse contexto criminal, buscam por respostas jurídicas satisfatórias constantemente. Mas, os fatores que inserem o menor ao contato com atos ilícitos e condutas delitivas, são encarados, desde cedo, dentro do ambiente familiar. Ou seja, o responsável legal não arca com as responsabilidades devidas, deixando a criança e o adolescente, a mercê do abandono, de explorações, e irregularidades banidas por lei. [footnoteRef:11] [11: RIZZINI, Irene. A criança e a lei no Brasil: Revisitando a história (1822 -2000). 2 ed. Rio de Janeiro: UNICEF- CESPI, 1995. p.258.] 
Conforme disposto,
É apenas em 1927 que surge o Código de Menores brasileiro, tratando apenas das medidas aplicáveis aos menores de 18 anos pela prática de fatos considerados infrações penais, muito embora, em menor escala, tenha introduzido normas de proteção do menor em situação irregular, ao estabelecer medidas de assistência ao menor abandonado e coibir o trabalho do menor de doze anos e o trabalho noturno do menor de dezoito anos. [footnoteRef:12] [12: ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ªed. rev. atual. ampl. e reform. São Paulo: Saraiva. 2009. p. 38. (Grifo Nosso).] 
É perceptível, que com o início de uma legislação específica, a palavra “menor” tomou conta das questões envolvendo as crianças e adolescentes. É nesse período, que surge o fortalecimento dessa expressão, voltada aos infantes. Outra observação interessante desse processo histórico é em face da “assistência social”, que também ocupava espaços nas estrelinhas do código de menores de 1927. Para ser mais específico, o próprio código mencionava a assistência para crianças e adolescentes pobres, vulneráveis, abandonados.
Nesse contexto RIZZINI elucida o seguinte,
O menor é aquele que proveniente de família desorganizada, onde imperam os maus costumes, prostituição, a vadiagem, a frouxidão moral, e mais uma infinidade de características negativas, tem a sua conduta marcada pela amoralidade e pela falta de decoro, sua linguagem é de baixo calão, sua aparência é descuidada, tem muitas doenças e pouca instrução, trabalha nas ruas para sobreviver e anda em bandos com companhias suspeitas. [footnoteRef:13] [13: RIZZINI, Irene. A criança e a lei no Brasil: Revisitando a história (1822 -2000). 2 ed. Rio de Janeiro: UNICEF- CESPI, 1995. p.258.] 
Para reforçar esse contesto de proteção e cuidados específicos com o menor, vale mencionar a “Declaração de Genebra que foi realizada em 1924”[footnoteRef:14], pouco antes da elaboração do código de menores. Ela foi à “primeira manifestação internacional em respeito aos direitos dos menores de idade”. Além disso, essa declaração serviu como pilar para a elaboração da “Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959, sendo um documento fundamental para a legislação atual” – Lei nº 8.069/1990. [footnoteRef:15] [14: BRASIL, UNICEF. Convenção sobre os Direitos da Criança. 1924. Disponível em < https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10120.html> Acesso: 20 de Nov. 2018.] [15: CHAVES, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2ª ed. São Paulo: LTr. 1997. p.33.] 
Contudo, diante de toda essa linha histórica, em que a legislação antiga, buscava seguir os moldes de uma sociedade em crescente evolução, com aumento da criminalidade, dificuldades financeiras, econômicas, pouco acesso à educação, e entre outrasproblemáticas que assombraram o século XIX e XX, denota-se a importante necessidade da criação desses códigos, que serviram como horizonte para as legislações atuais e disciplinaram as regras da época. Além disso, essa luta social e jurídica em busca de promover maiores cuidados, assistência e proteção à criança e adolescente, em diversas situações do período do seu desenvolvimento até a vida adulta, mantém a consagração na Carta Magna e do Estatuto da Criança e Adolescente, vigentes no século XXI. Então muitos pontos, disciplinados nos códigos antigos, são trazidos para a atualidade, de maneira mais completa, isso acontece, por exemplo, em relação à “liberdade assistida” dos menores. Em analise ao Código de Menores de 1927, em seu artigo 92 é disciplinada a “liberdade vigiada”, que atualmente é a liberdade assistida, artigo 112, IV da lei 8.069/1990. [footnoteRef:16] [16: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
1.4 Estatuto da criança e do adolescente: lei 8.069 de 1990.
A princípio, em analise aos códigos, observa-se a importância em ressaltar que o antigo código de menores de 1927, sofreu algumas alterações, conforme as necessidades sociais e jurídicas apresentadas no período de sua vigência. O que vale frisar, é que o código de menores se tornou a lei nº 6.697 em 10 de Outubro de 1979, que ficou em vigência até a elaboração da lei n° 8.069/90 – conhecida como o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, momento em que foi revogada.
ANDREUCCI menciona,
O código de 1979, assim previu a tutela apenas nas hipóteses em que o menor não estivesse inserido nos padrões sociais normais. Protegia-se, pois o menor carente, abandonado, e infrator, bem como qualquer outro que estivesse em situação irregular, sem, no entanto, proporcionar-lhe proteção integral. Assim, é que a Constituição Federal de 1988 introduziu em nosso ordenamento legal a Doutrina da Proteção Integral, garantida em seu art. 227.[footnoteRef:17] [17: ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ªed. rev. atual. ampl. e reform. São Paulo: Saraiva. 2009. p.39.] 
Nesse sentido, foi necessária a revogação do Código de Menores, já que com o advento da Constituição Federal de 1988, alguns magistrados entre eles Moacir Rodrigues, compreendiam que seria necessário à alteração da “legislação infraconstitucional” para melhores resultados jurídicos. Assim, iniciou-se uma serie de debates e discussões, envolvendo o Código de Menores de 1979 e os artigos 227 a 229 da Constituição Federal de 1988.[footnoteRef:18] [18: BRASIL. Código de Menores: Lei n° 6.697 de 10 de Outubro de 1979.] 
A princípio, era discutido qual a “melhor condução política menoristas” a ser adotada nas “Varas da Infância e da Juventude”, as quais contavam com maiores números de crianças e adolescentes infratores, envolvidos com o crime. Importante mencionar que inúmeras foram as sugestões ofertadas para a modificação do Código de Menores, para melhor trabalhar esse contexto. Mas, a maioria dos Magistrados, era contra as sugestões ofertadas pelos integrantes do Ministério Público, e dos aliados dos Estados, o que contou para a não participação destes.[footnoteRef:19] [19: CHAVES, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2ª ed. São Paulo: LTr. 1997. p.45.] 
Com o desenrolar dessa problemática, que acabava deixando o judiciário de mãos atadas, pois o envolvimento de menores com atos infracionais estava em constante crescimento, e à sociedade exigindo solução para este incomodo. Assim, houve a necessidade de revogar o Código de Menores 1979. Com isso, o Estatuto da Criança e do Adolescente – “O ECA”, foi aprovado, entrando em vigor noventa dias após sua publicação.
Segundo ANDREUCCI,
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi concebido como um diploma jurídico regulador de toda a matéria atinente à infância e a juventude, estando conforme a “Convenção sobre os Direitos da Criança”. O direito da criança e do adolescente situa-se na esfera do direito público, em razão do interesse do Estado na proteção e reeducação dos futuros cidadãos que se encontram em situação irregular.[footnoteRef:20] [20: ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 6ªed. rev. atual. ampl. e reform. São Paulo: Saraiva. 2009. p.40.] 
Essa irregularidade, mencionada, volta-se, a diversas situações de risco e vulnerabilidade em que o menor está envolvido, ou inserido. Tais como, situações de abandono, fome, analfabetismo, exploração, maus-tratos, abusos, envolvimento com drogas, roubo, furto, latrocínio, e assim por diante. E por essa razão o Estado atua, buscando assegurar os direitos necessários e com absoluta prioridade, a criança e adolescente menor de 18 anos, sendo de extrema importância a criação de lei específica para o tratamento de menores.
Um dado histórico importante advém da “falta de recursos” legais para serem aplicadas aos menores infratores da época, e devido ao crescente envolvimento com o crime, muitas situações ficaram “insustentável”, não havia um responsável para a falta desses “recursos e estruturas”. No entanto, levou-se o autoritarismo dos magistrados a se tornar o ponto de partida para realizar-se a “reforma” do Código de Menores 1979. [footnoteRef:21] [21: BRASIL. Código de Menores: Lei n° 6.697 de 10 de Outubro de 1979.] 
Em suma, as críticas eram voltadas aos tratamentos dos juízes de menores, no momento da aplicação da pena, em analise aos riscos oferecidos para o menor, questionamentos em face da situação irregular em que vivia, e assim por diante, além de serem muito autoritários, impondo sempre o poder que lhes eram concedidos. [footnoteRef:22] [22: CHAVES, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2ª ed. São Paulo: LTr. 1997. p.47.] 
Referente aos magistrados, CHAVES, descreve o seguinte,
Deveriam cuidar das adoções, guardas, procedimentos destinados a apurar a pratica de atos infracionais (crimes e contravenções praticados por adolescentes) etc., não lhes cabendo mais cuidar das crianças e adolescentes em situação de risco, conhecida no passado como situação irregular. [footnoteRef:23] [23: CHAVES. op. cit. p.48.] 
No entanto essa postura dos magistrados sofreu modificações, o que se pode dizer que o poder de atuação deles foi encurtado. Isso significa, que desde a parte histórica em que a legislação veio se desenvolvendo, se modificando, até chegar ao Estatuto vigente, depara-se com uma proteção ao menor bastante pretensiosa, deixando-o em situação cômoda. Ou seja, a modalidade penal aplicada, ao invés de ser rígida, gradativamente se tornou branda. Esse descaso, essa proteção tão cobrada, culminou no caráter leviano de jovens adolescentes e população, já que a lei garante que “são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.” [footnoteRef:24] [24: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Em analise, nota-se a divisão do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n° 8.069/1990, em dois livros, sendo o primeiro voltado à parte geral, que disciplina três títulos “Das Disposições Preliminares; Dos Direitos Fundamentais; Da Prevenção” e o segundo trazendo a parte especial com sete títulos “Da Política de Atendimento; Das Medidas de Proteção; Da Prática de Ato Infracional; Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável; Do Conselho Tutelar; Do Acesso à Justiça; Dos Crimes e Das Infrações Administrativas”. 
Em seu primeiro artigo, o Estatuto já estabelece claramente que, “Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente” e assim, nasce e rege uma legislação específica para menores, que há anos era buscada. O legislador procurou destacar a integralidade, no intuito de amparo completo e prioritário ao menor desde o momento de sua concepção. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente é dotado de princípios protetivos, entre outros princípios que são encontrados na Constituição Federal 1988, tais como o Princípioda Dignidade da Pessoa Humana (artigo 1º, inciso III da CF), Princípio da Reserva Legal (artigo 103 ECA), Princípio da Legalidade (artigo 5º, inciso XXXIX da CF) , Igualdade (artigo 5º XXXVII, XXXVIII, LIII), Princípio da Proteção Integral (artigo 3º ECA), Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, da Prioridade Absoluta (artigo 227 CF), Princípio da individualização da medida socioeducativa, entre outros que não serão abordados no momento. Ambos os princípios fundamentam contextos e normas voltadas a beneficiar a situação do menor, nunca em prejuízo do mesmo. [footnoteRef:25] [25: DIGIÁCOMO Murillo José; DIGIÁCOMO Ildeara de Amorim. Estatuto da Criança e do Adolescente: Anotado e Interpretado. rev. atual. Paraná: Ministério Público do Estado do Paraná Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente. 2010.] 
A criança e o adolescente são sujeitos de direito porque não só são tidos como titulares de direitos, mas, também, porque são reconhecidos como tais (protagonistas) por todo ordenamento jurídico brasileiro através de garantias diferenciadas e especiais, como, por exemplo, a proteção integral e a absoluta prioridade, dentre outros asseguramentos distintos. [footnoteRef:26] [26: RAMIDOFF, Mário Luiz. Redução da idade de maioridade penal. Revista Magister de Direito Penal e Processual Penal; Porto Alegre, 2007. p. 142.] 
O Estatuto 1990 trouxe em seu texto, a distinção entre criança e adolescente, por faixa etária, para que assim não houvesse confusão doutrinaria e jurídica, a respeito, já que existe distinção para as duas categorias. 
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompleto, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. [footnoteRef:27] [27: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Nos comentários de CHAVES, é interessante destacar,
A criança e o adolescente não deveriam, a rigor, sequer constituir objeto de preocupação do legislador, entregues como estão, pela própria natureza, aos cuidados do pai e da mãe. Mas a ausência de um nível adequado de educação, e as condições de extrema miserabilidade em que vivem milhões de pessoas no mundo inteiro, aliadas, também, tão frequentemente à ignorância dos mais elementares deveres de uma paternidade responsável, à violação constante dos deveres fundamentais, obriga o legislador a dedicar-lhe atenção especial, numa politica mais abrangente. [footnoteRef:28] [28: CHAVES, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2ª ed. São Paulo: LTr. 1997. p.53.	] 
Conforme presume o jurista e professor citado acima, nota-se que o mesmo refere-se à “miserabilidade” da sociedade, um dos fatores cruciais que abrem as portas para a criminalidade, envolvendo jovens adolescentes. Uma situação que toma conta de toda população mundial e que por falta, necessidade, e desejo em obter certa materialidade facilmente, acaba levando o menor a seguir precocemente o caminho do crime. Esses fatores de pobreza, e miséria, serão abordados muito no decorrer do trabalho, visto que é uma predominante influência para os menores infratores. 
Contudo, mesmo que os direitos e deveres da criança e do adolescente vêm sendo desenvolvido de acordo com as exigências da sociedade, seguindo uma ligação com outras legislações vigentes, Tratados, Declarações entre outros documentos importantes que influenciaram a criação do Estatuto de 1990, muitos desconhecem o que disciplina seus artigos, e o mesmo ocorrem com a Carta Magna. É por desconhecer o que rege a lei, que a opinião em relação ao tema desse trabalho, gira questões de grande repercussão, já que de um lado presa-se a proteção, a educação, a integridade, e socialização do menor, e de outro uma punição mais rígida.
1.4.1 Princípio da Proteção Integral da Criança e Adolescente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece em seu artigo,
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. [footnoteRef:29] [29: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Ao referirmos o artigo supracitado, estamos de frente com um dos princípios protetores da criança e adolescente, sendo este o Princípio da Proteção Integral, que se baseou na Declaração Universal dos Direitos da Criança (DUDC) no Princípio II.[footnoteRef:30] [30: UNICEF. Declaração Universal dos Direitos da Criança. 20 de Novembro de 1959. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_universal_direitos_crianca.pdf> Acesso: 20 de Nov. De 2018.] 
A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança. [footnoteRef:31] [31: BRASIL, UNICEF. Declaração Universal dos Direitos da Criança. 20 de Novembro de 1959. p. 1 Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_universal_direitos_crianca.pdf> Acesso: 20 de Nov. de 2018.] 
Tratando-se de proteção especial conforme disciplina este princípio, entende-se que a proteção referida é privilegiada, e cautelosa, em face do menor, possuindo certo cuidado com o que direciona-se a criança e adolescente em seu desenvolvimento.
Em se tratando do Princípio VI do DUDC, 1959, este refere-se aos cuidados da família e do Estado com crianças e adolescentes. O que denota que o papel familiar na vida de uma criança durante seu desenvolvimento até idade adulta, é crucial para sua moral, dignidade, saúde mental e psicológica, visto que na falta desses cuidados o Estado possui o dever de promover os cuidados necessários, retirando os menores de situações de risco.
Princípio IV: A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas. [footnoteRef:32] [32: BRASIL. Ibidem.] 
A própria Constituição Federal Brasileira de 1988, disciplina em seu artigo 4º o dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, em assegurar especialmente os direitos à criança e adolescentes desde a sua concepção. O que fica claro que o código é bastante específico ao se tratar de proteção integral a criança e adolescente, cabendo a eles desenvolvimento completo, harmonioso, afetivo, cauteloso e protetor até a vida adulta. 
Portanto, tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente quanto aConstituição Federal Brasileira de 1988, disciplinam a proteção à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, de toda criança e adolescente que residir no País.
2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1.988 E O CÓDIGO PENAL.
A Constituição Federal de 1988, disciplina em seu artigo a proteção devida aos menores de 18 anos, como também, a inimputabilidade dirigida a eles, sendo um dos princípios constitucionais encontrados na carta em seu artigo 228. Essa inimputabilidade fica a mercê de uma legislação especial, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e esse mesmo contexto imputável, é encontrado no artigo 27 do Código Penal Brasileiro que baseou-se na previsão que a Constituição Federal de 1988 trazia em seu texto, e que buscava atenuar as medidas de punição de um menor infrator.
Nesse sentido, pode-se definir a imputabilidade como sendo, um momento para se entender o caráter ilícito do delito, analisando o fato ocorrido. Atribuindo ao menor infrator a punição devida de acordo com o ato cometido. Ou seja, a “imputabilidade é a capacidade de a pessoa entender que o fato é ilícito e de agir de acordo com esse entendimento” [footnoteRef:33] [33: DELMANTO, Celso; [et. al.]. Código Penal Comentado. Legislação Complementar. 8ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 50-51.] 
Nesse mesmo sentido, CAPEZ dispõe o seguinte conceito,
O agente deve ter condições físicas, psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando um ilícito penal. Mas não é só. Além dessa capacidade plena de entendimento, deve ter totais condições de controle sobre sua vontade. Em outras palavras, imputável é não apenas aquele que tem capacidade de intelecção sobre o significado de sua conduta, mas também de comando da própria vontade, de acordo com esse entendimento. [footnoteRef:34] [34: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 1 vol.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.331.] 
No entanto, a imputabilidade trazida nos dois artigos supracitados, direciona-se a compreensão de que o menor imputável deve estar ciente do ato realizado, e entender que este, é ilícito. Ou seja, nesse diapasão o ordenamento jurídico peca, já que o menor possui inúmeros privilégios, e amparos legais, mas, não existe uma cobrança pelos seus deveres como cidadão. 
Contudo, a Constituição Federal ainda vaga no sentido de que a imputabilidade referida no artigo 228, não disciplina a capacidade metal, psicológica, e o discernimento do ator do delito no momento da execução, apenas, considera-se imputável o menor de 18 anos, voltando-se a um fator biológico de faixa etária. Presume-se necessário, um posicionamento legal mais específico, em respeito ao desenvolvimento mental completo, do agente infrator. [footnoteRef:35] [35: MIRABETE, Júlio Fabbrini, FABBRINI, Renato. Manual de Direito Penal. Parte Geral: arts 1º a 120 do CP. 1 vol. 24ª ed. rev e atual. São Paulo, Atlas, 2008.] 
2.1 Cláusula Pétrea: artigo 228 da Constituição Federal Brasileira.
Conforme o que já foi mencionado, vale lembrar que ao se tratar do artigo 228 da Constituição Federal de 1988, além de depararmos com a inimputabilidade do menor, encontra-se diante de uma cláusula pétrea. Ou seja, conceitualmente, trata-se de clausulas “intocáveis”, “irreformáveis”, não podendo ser alterada por Emenda Constitucional. Sendo essas uma “limitação ao poder constituinte reformador”, que busca garantir a “integridade” da Constituição Federal vigente, evitando que está, sofra com alterações enfraquecedoras, ou prejudiciais ao texto maior. [footnoteRef:36] [36: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.] 
Desse modo, entende-se que o artigo 228 do texto maior, trata-se de uma “cláusula pétrea”, e que não existe a possibilidade de alteração do que disciplina esse artigo. Ou seja, não existe a hipótese de realizar-se uma Emenda Constitucional em face do artigo 228 da Constituição Federal Brasileira. Imputando ao menor infrator “persecução penal em juízo”, para ser mais objetivo, responsabilizando-o pelo ato praticado de forma que este responda “criminalmente” de acordo com o “Código Penal” Brasileiro. [footnoteRef:37] [37: MORAES, Alexandre de. Direitos Fundamentais: Teoria Geral, comentários dos arts. 1º à 5º da Constituição da Republica Federativa do Brasil. São Paulo, Atlas, 1998.] 
Vejamos, o artigo 60 §4, inciso IV da Constituição Federal dispões que “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais”. O que significa que a alteração da Carta Magna é inconstitucional, já que o artigo mencionado deixa claro que “os direitos e garantias individuais”, no caso da criança e do adolescente, previstos no artigo 228 da CF, são inalteráveis, insuscetível de reforma, evitando a ruptura de princípios e estrutura do texto.[footnoteRef:38] [38: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil De 1988.] 
Essa busca incessante pela alteração do artigo 228 da CF é rotineiramente discutida por juristas, deputados, advogados, juízes, e sociedade em um todo, conforme demonstrado na mídia. Com um único intuito, de conquistar a segurança e a paz nacional. 
Muitos são a favor da maioridade penal, e acatam os mesmos entendimentos do autor da PEC 171/93, o ex Deputado Distrital do DF Sr. Benedito Domingos, onde os deputados Marcos Rogério, Felipe Maia, Major Olímpio, Marcelo Aguiar, Orlando Silva, Baleia Rossi, Eduardo Cunha, Guilherme Mussi, entre outros votaram a favor da redução da Maioridade Penal e a defendem como medida eficaz. (Of. nº 495/15/PS-GSE, 2015).[footnoteRef:39] [39: BRASIL. Proposta de Emenda à Constituição: PEC 171/1993.] 
Essa luta pela redução da maioridade penal cresce devido ao aumento de crimes envolvendo menores de 18 anos. Em dados do ano de 2013, há exatamente cinco anos atrás o País enfrentava uma porcentagem de jovens que cumpriam pena com restrição de liberdade, alarmante, cerca de 20 mil jovens adolescentes, haviam cometido um ato infracional, e estava cumprindo medidas socioeducativas no País, número este que aumenta a cada ano. [footnoteRef:40] [40: IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Ampliada: Boletim de Análise Político-Institucional nº 8. 2015. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/boletim_analise_politico
/160218_boletim_analisepolitico_08.pdf>. Acesso 06 de Mar. de 2019.] 
Contudo, da mesma forma que existe várias opiniões favoráveis e defensoras sobre a questão da redução da maioridade penal para 16 anos, e assim atribuir regime mais rígido aos menores infratores. Há inúmeras opiniões que contrariam essa posição, e não aceitam o que preceitua a PEC 171/93 que aguarda apreciação do Senado Federal. Ou seja, para muitos doutrinadores, juristas, deputados, essa tomada de decisão se torna delicada e deve ser antes de tudo muito bem analisada. Já que “A caracterização dos direitos das crianças e dos adolescentes como direitos humanos realça a inalienabilidade” e “compromete o Estado”, tanto no âmbito interno quanto internacional, a “respeita-los, defende-los e promove-los”. [footnoteRef:41]
 [41: PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos, 6ª Ed. São Paulo, Saraiva, 2013.] 
3. INIMPUTABILIDADE E IMPUTABILIDADE PENAL.
A inimputabilidade penal está prevista no Artigo 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente, dispondo que “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei”. [footnoteRef:42] [42: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Diante disso no que se refere o presente trabalho a imputabilidade deriva-se da palavra imputar, (imputare no latim), o quer dizer atribuir, classificar, aplicar, levar em conta. Essa imputabilidade retrata o juízo de um fato, previsto como meramente possível, sendo assim, a aptidão para ser culpável. [footnoteRef:43] [43: BITTENCOURT, CezarRoberto. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva. 2000. p. 300.] 
O Código Penal Brasileiro (1940), disciplina em seus artigos 26 e 27 os imputáveis legais, sendo estes, por “doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado”, e os menores de 18 anos.
O Código Penal Brasileiro, aludi essa questão da seguinte forma,
Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. [footnoteRef:44] [44: BRASIL. Código Penal: Decreto-Lei no 2.848/1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm> Acesso: 20/01/2019. (Grifo nosso).] 
Dessa forma, a imputabilidade é compreendida pela doutrina estrangeira como sendo a “capacidade de culpabilidade”, ou seja, a “capacidade de culpa entre nós”.[footnoteRef:45] No entanto, fica claro que não basta somente a pratica do fato típico e ilícito para determinar a pena ao individuo autor. É necessário que haja a culpabilidade, reprovando a conduta cometida. Por essa razão é que Delmanto conceitua que a “imputabilidade é o pressuposto da culpabilidade”.[footnoteRef:46] [45: ROXIN, Claus. p.82. apud. DELMANTO. Código Penal Comentado. 8ª ed. São Paulo, Saraiva. 2010. p. 180.] [46: DELMANTO, Ibidem. p.180.] 
Capez faz menção a Culpabilidade conforme o seguinte,
...quando se diz que “Fulano” foi o grande culpado pelo fracasso de sua equipe ou de sua empresa, está atribuindo-se lhe um conceito negativo de reprovação. A culpabilidade é exatamente isso, ou seja, a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito.[footnoteRef:47] [47: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 1 vol. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p.323.] 
Quanto ao artigo 26 do Código Penal Brasileiro, Delmanto elucida o seguinte, para melhor compreensão sobre a imputabilidade mencionada,
Este art. 26 dispõe que há isenção de pena se o agente, por doença mental ou carência de desenvolvimento mental, era – ao tempo de sua conduta – incapaz de compreender a ilicitude do fato (capacidade de compreensão) ou, embora compreendendo o caráter ilícito do fato, era incapaz de conduzir-se em conformidade com esse entendimento (capacidade de inibição). Assim, inimputáveis (não imputáveis) são as pessoas que não tem aquela capacidade (imputabilidade).[footnoteRef:48] [48: DELMANTO, C. R. J. F. et al. Código Penal Comentado. 8ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo. Saraiva, 2010. p.180 (Grifo nosso).] 
Não obstante Delmanto também destaca que o artigo 26 acima mencionado, retrata os requisitos necessários para que haja e afirme a existência da inimputabilidade Penal. No próprio caput do artigo encontramos o primeiro requisito “Causas” é a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o que se pode dizer, que o Código Penal não disciplina quais seriam essas doenças, capaz de tornar o agente isento de pena, cabendo ao psiquiatra forense determina-las. Segundo requisito é as “Consequências” sendo esta a incapacidade completa de entendimento do fato ilícito, ou de determinar-se de acordo com essa compreensão. Terceiro e último requisito necessário para declaração de inimputabilidade é o “Tempo”, onde as causas e as consequências devem coexistir com o tempo da conduta do agente. Visto que, não basta à existência de um ou outro requisito, é necessário que haja os três para que se atribua a inimputabilidade ao comportamento do agente.[footnoteRef:49] [49: DELMANTO, op. cit. p. 181.] 
Segundo Capez,
Causal: existência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que são as causas previstas em lei. b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa. c) Consequencial: perda total da capacidade de entender ou da capacidade de querer. Somente haverá inimputabilidade se os três requisitos estiverem presentes.[footnoteRef:50] [50: CAPEZ, op. cit. p.336.] 
De acordo com o que foi mencionado a respeito do artigo 26 do Código Penal 1940, e visando não perder objetivo proposto do trabalho, abordou-se sucintamente essa questão, sem muito se aprofundar.
Sobretudo, ao referir-se ao art. 27 desse mesmo Código, o qual, objetiva o trabalho desenvolvido, disciplina que “os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial”. 
Em conformidade com o artigo supracitado, a sujeição à legislação especial, está disciplinada no artigo 228 da Constituição Federal Brasileira. Que aludi o seguinte “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”.[footnoteRef:51] [51: BRASIL, Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm> Acesso: 20/01/2019.] 
O artigo 27 do Código Penal presume a absoluta inimputabilidade aos menores de 18 anos, onde se adota o critério biológico, sem interferir no seu grau de discernimento.
Segundo, Júlio Fabbrini Mirabete, este exemplifica o seguinte,
Adotou-se no dispositivo um critério puramente biológico (idade do autor do fato) não se levando em conta o desenvolvimento mental do menor, que não está sujeito à sanção penal, ainda que plenamente capaz de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. Trata-se de uma presunção absoluta de inimputabilidade que faz com que o menor seja considerado como tendo desenvolvimento mental incompleto em decorrência de um critério de política criminal. Implicitamente, a lei estabelece que o menor de 18 anos não é capaz de entender as normas da vida social e agir conforme esse entendimento. [footnoteRef:52] [52: MIRABETE, Júlio Fabbrini, FABBRINI, Renato. Manual de Direito Penal. Parte Geral: arts 1º a 120 do CP. 1 vol. 24ª ed. rev e atual. São Paulo, Atlas, 2008. p. 2016. (Grifo nosso).] 
A imputabilidade auferida ao menor de 18 anos ao praticar um delito, também é conhecida por juristas como “imputabilidade por imaturidade penal”, momento em que o menor de 18 anos encontra-se em formação e com o desenvolvimento mental incompleto. 
Delmanto destaca que o menor de 18 anos não tem sua maturidade de caráter formada, assim como um adulto. É inteiramente difícil para o ordenamento jurídico aferir caso a caso de adolescentes imaturos ou não, visto que muitos são incapazes de controlar seus impulsos, por essa e outras razões em que iremos mencionar no decorrer do trabalho é que o menor de 18 anos é legalmente inimputável.[footnoteRef:53] [53: DELMANTO, C. R. J. F. et al. Código Penal Comentado. 8ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo. Saraiva, 2010. p.186.] 
Greco aponta o seguinte sobre imaturidade penal,
A inimputabilidade por imaturidade natural ocorre em virtude de uma presunção legal, em que, por questões de política criminal, entendeu o legislador brasileiro que os menores de 18 anos não gozam de plena capacidade de entendimento que lhes permita imputar a prática de um fato típico e ilícito. Adotou-se, portanto, o critério puramente biológico. [footnoteRef:54] [54: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 7. ed. Rio de janeiro. Impetus, 2015. p.451.] 
Esse critério biológico já mencionado algumas vezes, é apontado por Greco como sendo dois critérios, sendo eles, “psicológico e biopsicológico”. O critério psicológico envolve a “compreensão do agente em face ao ato praticado”, ou seja, no momento do delito o agente não possuía conhecimento do que estava fazendoe não esperava que sua atitude chegasse a tal ponto.[footnoteRef:55] [55: GRECO. Ibidem. p.451.] 
Já ao se referir ao critério biopsicológico este envolve dois critérios (biológico e psicológico), formando-se um, ou seja, esse critério analisa e leva em consideração a faixa etária do agente, como também fatores psicológicos apresentados por ele no momento do fato.[footnoteRef:56] [56: DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: parte geral. 2. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p.413.] 
Nesse mesmo contexto Cunha, entende,
Sob a perspectiva biopsicológica, considera-se inimputável aquele que, em razão de sua condição mental (por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), era, ao tempo da conduta, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. [footnoteRef:57] [57: CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte geral. 3. ed. São Paulo. 2015. p. 277-278.] 
A imputabilidade processa-se de acordo com a adoção de um critério misto, sendo adotado no Brasil o critério “biopsicológico”, que aborda o contexto dos dois primeiros critérios “biológico e psicológico”. Ou seja, a imputabilidade afere-se a atribuição e responsabilidade do infrator diante do ato praticado, o qual possui discernimento para compreender aquilo que fez. Pois o agente é consciente que existem dois lados a serem seguido, sendo bom ou ruim, e cabe a ele fazer a escolha e arcar com suas consequências. Já aquele agente infrator que ao cometer o ato, não possuir compreensão daquilo que estava fazendo, e não conseguir raciocinar aquilo como uma atitude errada, este é considerado inimputável de acordo com os textos de lei. Podendo-se dizer que a inimputabilidade é a inexistência da imputabilidade. [footnoteRef:58] [58: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p.30] 
Nesse interim, a realidade disciplinada no texto maior, mencionado no capítulo anterior, dispõe que independente da capacidade mental do menor de 18 anos, ele se encontra amparado por lei, sendo isento da penalidade comum trazida no Código Penal Brasileiro. Consagrando-lhes punição garantida em Lei Especial, ou seja, no Estatuto da Criança e Adolescente – Lei 8.069/90. Sendo estas medidas protetivas e socioeducativas, que buscam reeducar, e ressocializar o indivíduo.[footnoteRef:59] [59: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso: 22/01/2019.] 
Isso denota a dificuldade que o ordenamento jurídico Brasileiro possui em diagnosticar com precisão a falta de entendimento de um menor de 18 anos, no momento do ato delitivo. Ao contrário do que ocorre na Alemanha, por exemplo, onde Claus Roxin[footnoteRef:60], cita que no País “tratando-se de menores de 14 a 18 anos”, é prevista, caso a caso, a constatação de sua imputabilidade “mediante perícia do seu desenvolvimento moral e mental”, bem diferente das normas brasileiras, que torna essa questão inaplicável e temerária diante da figura atribuída ao adolescente menor de 18 anos. [60: ROXIN, Claus. p.82. apud. DELMANTO. Código Penal Comentado. 8ª ed. São Paulo, Saraiva. 2010. p.848.] 
Algumas pessoas (sociedade) tem uma visão ruim sobre essa inimputabilidade atribuída legalmente ao menor de 18 anos no Brasil, e está é vista como uma proteção jurídica, o que acaba criando um conceito de que o ordenamento jurídico é falho e omisso, em face da punição a ser atribuída aos adolescentes autores de crimes repugnantes, grotescos, graves, imundos. Para alguns a busca por ressocialização, reeducação, do menor infrator é visto como uma forma de segunda chance para ele recomeçar, buscando devolver aos meios sociais um jovem adolescente com outras características, longe do mundo do crime. Outros possuem uma visão totalmente diferente, mais rude, em que esses jovens adolescentes inseridos ao mundo do crime tão cedo, não terão recuperação e é dessa pra pior. 
Contudo, finalizando essa questão de imputabilidade e inimputabilidade penal, o jovem adolescente, menor de 18 anos que seja casado, emancipado, superdotado com excepcional inteligência, pratique fato típico e ilícito, não poderá ser condenado na esfera Penal. Por faltar a ele a imputabilidade e a culpabilidade, sendo este, sujeito às regras do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), adotando medidas socioeducativas como caráter punitivo, em virtude de sua condenação.[footnoteRef:61] [61: DELMANTO, C. R. J. F. et al. Código Penal Comentado. 8ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo. Saraiva, 2010. p.186.] 
4. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: LEI 8.069/90.
Estatuto da Criança e do Adolescente em sua Lei: 8.069/90 dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. 
Portanto, as famílias juntamente com o Poder Público e a sociedade possuem o dever de cooperar para que todas as crianças do País possam ter seus direitos e garantias protegidos. Isso se torna um interesse geral diante a sociedade, pois são as crianças e os adolescentes, responsáveis pelo futuro de todo País.
De praxe, observa-se a quantidade de menores abandonados por suas familias, e até pelo próprio Poder Público, estando frente a situações de risco social e vulnerabilidades, expostos ao crime, e ao desejo de obter dinheiro fácil, e assim inicia-se a criminalidade envolvendo menores, e a sociedade procura por justiça.
4.1 O menor e a Lei: Idade e Internação.
Em primeiro lugar ao abordarmos o Estatuto da Criança e do Adolescente em face da Maioridade Penal, se faz necessária, a atribuição da diferença entre ser criança, e ser adolescente, perante o Estatuto. No entanto o artigo 2º do ECA, disciplina em seu texto o seguinte “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.[footnoteRef:62] [62: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm> Acesso: 22/01/2019.] 
Deste modo, nota-se que a Lei 8.069 de 1990, foi bem objetiva referente às idades, se bem que, o artigo mencionado apontou em seu paragrafo único que “nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade”.[footnoteRef:63] [63: BRASIL, Ibidem.] 
Visando exemplificar esse paragrafo do artigo 2º do ECA, Delmanto refere-se que em se tratando de internação do menor infrator, este só poderá permanecer internado por Três anos, esse período não poderá se exceder. E ao que se trata a aplicação desta mesma lei para o autor que esteja entre 18 a 21 anos, requer um exemplo básico e de fácil entendimento. Ou seja, se o agente cometeu o ato ilícito, seja ele matou para roubar, na véspera de completar seus 18 anos, este ficara internado até que complete seus 21 anos de idade, após isso será liberado. O mesmo ocorre com o menor de 15 anos, este ficara internado até que complete seus 18 anos de idade e após isso, será liberado. [footnoteRef:64] [64: DELMANTO, C. R. J. F. et al. Código Penal Comentado. 8ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo. Saraiva, 2010. p. 187] 
Nota-se que independente da idade ou do ato cometido, este ficara internado, em um período equivalente há três anos e nada, além disso, a lei é clara e bastante objetiva nesse sentido. 
Mesmo tendo adiantado alguns pontos importantes do Estatuto, se fez necessária à menção dessa situação bastante questionada mediante sociedade, que embora insipiente, buscam pela razão e justiça constantemente, ainda mais, quando envolve crimes cometidos por menores.
Em conseguinte é interessante ressaltar, que ao atribuir a idade a criança, e ao adolescente, observa-se que a aplicabilidade das medidas recai aos adolescentes de 12 a 18 anos incompletos. Nesse caso, as crianças com 12 anos incompletos não estão sujeitas a medidas socioeducativas,visto que elas não possuem capacidade suficiente para entender o caráter ilícito do ato praticado. Para essas questões, caso a criança cometa algum ato ilícito, esta será encaminhada ao Conselho Tutelar, que tomara as devidas providencias de acordo com o caso, ou então ao Juiz da Vara da Infância e Juventude responsável pela comarca em que reside.[footnoteRef:65] [65: BANDEIRA, Marcos. Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas: Uma leitura dogmática, crítica e constitucional. 1 ed. Ilhéus. EDITUS. 2006. p.26.] 
4.3 Responsabilidade do menor de 18 anos.
Como já mencionado, a responsabilidade do jovem adolescente se inicia aos 12 anos, e se estende até os 18 anos incompletos. Visto que, ao ser imputado, a prática do ato infracional, o menor estará sujeito às medidas disciplinadas nos artigos 101 e 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente que se refere às medidas socioeducativas, e protetivas aplicadas pela autoridade competente. 
O ECA disciplina as seguintes medidas,
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX - colocação em família substituta.[footnoteRef:66] [66: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Como também dispõe o seguinte em seu artigo 112 (ECA),
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.[footnoteRef:67] [67: BRASIL. Ibidem.] 
É interessante lembrar que no País, nem sempre a idade de 18 anos incompletos, se referiu ao limite atribuído ao menor. Visto que nos dizeres de Nucci[footnoteRef:68], para determinar-se uma idade limite para se ter maioridade, o legislador levou em conta o critério biológico. Onde foi possível criar-se uma idade limite presumida, em que o menor de 18 anos, por haver um desenvolvimento mental em formação, sendo este incompleto se comparado a um adulto, não possui o conhecimento, o entendimento necessário para compreender uma atitude ilícita a ser cometida. [68: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral e parte especial. 6 ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2006. p. 301.] 
Interessante rebater essa questão visto que o menor de 18 anos, não possui capacidade plena para responder por um ato ilícito em que esteve envolvido ou que tenha consumado, mas é capaz de compreender muitas outras coisas que não lhes diz respeito. Nesse diapasão nota-se, o devido repudio, existente na sociedade que procurar por uma justiça mais rígida em face de menores infratores.
Em se tratando de responsabilidade do menor de 18 anos, esse é incapaz de responder e compreender qualquer ato ilícito cometido por ele, a ponto de ser punido na esfera penal. Já que o próprio Código Penal Brasileiro adota o critério biológico. O que é compreensível que tanto o Código Penal Brasileiro de 1940 e a Constituição Federal de 1988 não acompanharam e não se adaptaram ao desenvolvimento, e evoluções que uma criança passou a ter de 1940 a 2019. 
Nucci[footnoteRef:69] expressa o seguinte, [69: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte geral e parte especial. 6 ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2006. p. 301.] 
Apesar de se observar que, na prática, menores com 16 ou 17 anos, por exemplo, têm plenas condições de compreender o caráter ilícito do que praticam, tendo em vista que o desenvolvimento mental acompanha, como é natural, a evolução dos tempos, tornando a pessoa mais precocemente preparada para a compreensão integral dos fatos da vida, o Brasil ainda mantém a fronteira fixada nos 18 anos.
Outra questão, que acaba sendo alvo de questionamento é o voto facultativo, disciplinado na Constituição Federal Brasileira no artigo 14, que possibilita o jovem de 16 anos, a votar conforme sua vontade. Não há obrigação, mas aos 16 anos ele capaz de tornar-se um eleitor. Então se compreende que para determinadas situações o menor é visto como incapaz, e em outras ele é capaz de pleno direito ao sufrágio, elegendo os representantes nas casas legislativas. O que se alega necessário certas mudanças na Constituição Federal, responsabilizando os menores infratores, reduzindo a idade mínima para 16 anos[footnoteRef:70]. [70: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16 ed. rev. atual e ampl. São Paulo. Saraiva. 2011. p.526.] 
Contudo, diante de questões criticas envolvendo a inimputabilidade que o ordenamento jurídico aderiu aos menores de 18 anos, Lenza[footnoteRef:71] contraria e rebate, alegando que não há o que se falar em clausula pétrea diante de irresponsabilidades desses menores de 18 anos. E que mesmo essa questão estando prevista no artigo 27 do CP, e no artigo 228 do Texto maior, esse último, pode sim ser alterado, por meio de emenda constitucional. Visto que, as cláusulas pétreas encontram-se no artigo 60 § 4º da Carta Magna. Assim, passar a atribuir responsabilidades, e regras mais rígidas a aqueles que até então possuem sim capacidade de entendimento sobre ato ilícito, mas encontram-se protegidos. [71: LENZA. op. cit. p. 414.] 
4.3 Medidas Socioeducativas e Efeitos.
As medidas socioeducativas supracitadas no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente visam educar, proteger, ensinar, proporcionar a devida ressocialização e garantir direitos e deveres da criança e adolescente. São seis medidas que o artigo disciplina visando à aplicabilidade, de acordo com o ato cometido. As medidas disciplinadas no artigo 101 do mesmo Estatuto referem-se a questões protetivas buscando reeducar e reintegrar o menor à família e a sociedade, impedindo que os mesmo reincidem aos atos infracionais.[footnoteRef:72] [72: BANDEIRA, Marcos. Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas: Uma leitura dogmática, crítica e constitucional. 1 ed. Ilhéus. EDITUS. 2006. p . 142.] 
Liberati compreende que, 
A medida socioeducativa é a manifestação do Estado, em resposta ao ato infracional, praticado por menores de 18 anos, de natureza jurídica impositiva, sancionatória e retributiva, cuja aplicação objetiva inibir a reincidência, desenvolvida com finalidade pedagógico-educativa. Tem caráter impositivo, porque a medida é aplicada independente da vontade do infrator – com exceção daquelas aplicadas em sede de remissão, que tem finalidade transacional. Além de impositivas, as medidas socioeducativas têm cunho sancionatório, porque, com sua ação ou omissão, o infrator quebrou a regra de convivência dirigida a todos.[footnoteRef:73] [73: LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 11. ed. São Paulo. Malheiros, 2014. p. 1011.] 
A primeira medida trazida pelo artigo 112, inciso I é a advertência. Onde o artigo115 do Estatuto da criança e do adolescente disciplina a respeito “A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada”. Essa medida é adotada para os atos de menor potencial ofensivo, tem o intuito de apontar ao menor infrator o seu dever em não se envolver em novos atos futuros ou de maior gravidade. [footnoteRef:74] Portanto, é uma medida mais leve e comumente utilizada em atos infracionais de menor relevância, como por exemplo, no caso de pequenos furtos. [74: LIBERATI op. cit. p. 1002.] 
Lima conceitua que,
O termo ‘advertência’ deriva do latim advertentiva e significa o mesmo que admoestação, observação, aviso, adversão, ato de advertir. De todos os significados que o termo assume na linguagem natural, o Estatuto da Criança e do Adolescente captou o de ‘admoestação’, ‘repreensão’, ‘censura’, acentuando a finalidade pedagógica.[footnoteRef:75] [75: LIMA, Miguel Moacyr Alves. et. al. Estatuto da criança e do adolescente: comentários jurídicos e sociais. Comentado. 7 ed. São Paulo. Malheiros. 2010. p. 553.] 
O segundo inciso traz a Obrigação de Reparar o Dano. Ou seja, quando o ato infracional cometido refletiu em situações patrimoniais do outrem, implicando assim, na restituição da coisa, no ressarcimento do dano ou na compensação da vítima. 
Segundo Miguel Moacyr Alves de Lima[footnoteRef:76], esse compreende o mencionado no paragrafo acima, onde “a lei cuida da hipótese de ato infracional com reflexos patrimoniais. Não se restringe a prever a medida somente para os casos de atos infracionais que infrinjam diretamente os direitos de posse e propriedade, ou contra o patrimônio”. [76: LIMA, op. cit. p. 562.] 
O artigo 116 do ECA determina que,
Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.[footnoteRef:77] [77: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Esse artigo busca determinar ao adolescente que restitua de alguma forma o dano causado. Nesse sentido Bandeira[footnoteRef:78], contrapõe que essa medida dificilmente e adotada, visto que, a maioria dos menores infratores é de familias carentes, de classe media baixa, e não possui meios de reparação do dano causado. Devendo ser adotada outra medida. [78: BANDEIRA, Marcos. Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas: Uma leitura dogmática, crítica e constitucional. 1 ed. Ilhéus. EDITUS. 2006. p. 143.] 
O terceiro inciso do artigo 112 do ECA, trata-se da Prestação de Serviços à Comunidade, e essa medida implica na realização de tarefas de forma gratuita e de interesse geral. Que são desempenhadas pelo menor infrator em instituições assistenciais, escolas, hospitais, programas comunitários e governamentais.
O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu Artigo 117 declara o seguinte,
A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.[footnoteRef:79] [79: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Essa medida objetiva-se a integração do jovem adolescente aos meios sociais, propondo a aquisição de responsabilidades e experiências na função destinada. Além disso, o adolescente deve dar sequencia aos seus estudos.
Ao que se refere e destina a aplicação dessa medida, BERGALLI dispões o seguinte,
A submissão de um adolescente a prestação de serviços à comunidade tem um sentido altamente educativo, particularmente orientado a obrigar o adolescente a tomar consciência dos valores que supõem a solidariedade social praticada em seus níveis mais expressivos. Assistir aos desvalidos, aos enfermos, aos educandos (atividades que devem ser prestadas em atividades essenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres).[footnoteRef:80] [80: BERGALLI, Roberto. Estatuto da criança e do adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 5.ed. São Paulo. Malheiros. 2010. p. 567.] 
A quarta medida é a Liberdade Assistida, medida socioeducativa que atenta ao acompanhamento familiar e social em que o adolescente é envolvido. O menor reeducando, tem a possibilidade de conviver com a família, mas tem o dever de comparecer a entidade de atendimento para a realização das entrevistas. Como também é fornecido ao reeducando um orientador, (artigo 119 ECA). Esse orientador é responsável pela supervisão da vida do menor, promovendo-o e inserindo-o aos meios sociais, como também ao mercado de trabalho, apresentando relatórios.[footnoteRef:81] [81: ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência. 5 ed. São Paulo. Atlas. 2010 p. 235.] 
O artigo 118 do Estatuto da Criança e do Adolescente disciplina o seguinte,
A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.[footnoteRef:82] [82: BRASIL. Ibidem.] 
Essa medida possui um caráter benéfico logo de vista, pelo fato de exercer um determinado acompanhamento com o assistido, o que torna-se fundamental para um reeducando. 
Olympio Sotto Maior relata,
O acompanhamento, auxílio e orientação, a promoção social do adolescente e de sua família, bem como a inserção no sistema educacional e do mercado de trabalho, certamente importarão o estabelecimento de projeto de vida capaz de produzir ruptura com a prática de delitos, reforçados que restarão os vínculos entre adolescente, seu grupo de convivência e a comunidade.[footnoteRef:83] [83: MAIOR, Olympio Sotto. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 12. ed. São Paulo. Malheiros, 2013. p. 536.] 
O Regime de Semiliberdade, disciplinado no artigo 120 do Estatuto, na realidade se assemelha ao semiaberto do regime penal, pois consiste no recolhimento noturno do menor.[footnoteRef:84] [84: ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência. 5 ed. São Paulo. Atlas. 2010 p. 239.] 
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.[footnoteRef:85] [85: BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: ECA Lei Federal n° 8069, de 13 de julho de. 1990.] 
Para sermos breves nesse diapasão das medidas socioeducativas, o artigo supracitado é bastante objetivo e claro em face ao ato cometido pelo menor. Então, seguindo com esse conhecimento sucinto, tem-se a Internação. Essa medida é atribuída conforme mostrar-se necessário, à readaptação do adolescente ao convívio social. Como tempo limite, respeitam-se os três anos, não excedentes, ou quando o reeducando completar vinte

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