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TCC adoção por casais homoafetivos Unifaj atualizado

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CENTRO UNIVERSITARIO DE JAGUARIUNA
CAMILA LEME DA COSTA
ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS
 JAGUARIUNA
2018
CAMILA LEME DA COSTA
ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito do Centro Universitário de Jaguariúna como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Aprovada pela comissão julgadora em ____/____/_______.
Orientador (a): Ana Silvia Marcatto Begalli
 JAGUARIUNA
2018
 AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética aqui presentes.
Ao minha orientadora Ana Silvia, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King)
 RESUMO
O trabalho em foco tem por objeto de estudo a adoção por casais homoafetivos, tendo como objetivo externo a conclusão do curso de Bacharelado em Direito. Quanto ao objetivo interno, analisar e verificar a possibilidade da adoção homoafetiva no ordenamento pátrio, através de um estudo da entidade familiar, da adoção e da homossexualidade. É assunto que desperta grandes controvérsias tanto na seara jurídica, como nas relações sociais, onde, embora se perceba uma evolução na aceitação desses novos valores morais e culturais, ainda há resistências que impedem a sua concretização. Essas resistências são fundamentadas em valores pré-definidos e no preconceito, sem qualquer base legal, pois as legislações responsáveis por normalizar o intuito da adoção, quais seja, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do Adolescente em nenhum momento fazem alusão á orientação sexual do adotante ou do casal que pretende adotar, impondo apenas a observância de seus requisitos, bem como a prevalência do interesse e bem-estar da criança e do adolescente. Este espaçamento conferido pela legislação possibilitou uma analise do tema diante de uma interpretação extensiva usando da analogia para se conceder a adoção por pares homoafetivos, o que se faz em virtude da omissão da legislação, assim como a partir da interpretação dos princípios gerais de direito, principalmente, o direito á igualdade. Neste sentido, verifica-se a necessidade da modificação do Direito de Família principalmente no que diz respeito á adoção por casais homossexuais, considerando que a Constituição Federal de 1988 assegura a todos os indivíduos a igualdade vedando qualquer forma de discriminação ou preconceito.
Palavras chave: Criança e Adolescente. Relação homoafetiva. Adoção.
 
 
ABSTRACT
The work in focus is to study the adoption by homoaffective couples, having as external objective the conclusion of the Bachelor's Degree in Law. Regarding the internal objective, to analyze and verify the possibility of homoaffective adoption in the national order, through a study of the family entity, adoption and homosexuality. It is a subject that arouses great controversy both in the legal arena and in social relations, where, although one notices an evolution in the acceptance of these new moral and cultural values, there are still resistances that impede their concretization. These resistances are based on pre-defined values ​​and prejudice, without any legal basis, since the legislation responsible for normalizing the purpose of adoption, namely, the Civil Code and the Statute of the Child and Adolescent, at no time allude to the orientation sexual orientation of the adoptive parent or the couple they intend to adopt, imposing only the observance of their requirements, as well as the prevalence of the interest and well-being of the child and the adolescent. This space provided by the legislation made possible an analysis of the subject before an extensive interpretation using the analogy to grant the adoption by homoafetivos pairs, which is done by virtue of the omission of the legislation, as well as from the interpretation of the general principles of law, mainly, the right to equality. In this sense, there is a need to modify the Family Law, especially with regard to adoption by homosexual couples, considering that the Federal Constitution of 1988 assures all individuals of equality by prohibiting any form of discrimination or prejudice.
Key Words: Children and Adolescents. Relationship Homoafetiva. adoption
SUMÁRIO
INTODUÇÃO	6
1DA INSTITUIÇÃO FAMILIAR	8
1.1Perspectiva Histórica e Conceitual	8
1.2 Conceituando Família	11
1.3 ESPECIES DE FAMILIAS	14
2 DA ADOÇÃO	16
2.1 DEFINIÇÃO DO INSTITUTO	16
2.2 NATUREZA JURIDICA	18
2.3 EVOLUÇÃO DO INSTITUTO NO DIREITO BRASILEIRO	20
3. DA ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS	28
3.1 Aspectos históricos sobre a homossexualidade	28
3.2 Conceito	35
3.3 Possibilidades Jurídicas da Adoção por casais Homossexuais	36
3.4 Controvérsias sobre a Adoção por Casais Homoafetivos	38
3.5 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL	43
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS	47
REFERÊNCIAS	50
 
INTODUÇÃO
Na sociedade contemporânea observa-se um notável progresso nos costumes e nos conceitos morais. Inserida nesta evolução encontra-se o direito a orientação sexual, alicerçada no direito á personalidade sexual, o qual vem transformando a maneira de encarar as relações de casais homoafetivos.
Novas entidades familiares passaram a ser reconhecida na sociedade com o advento da Constituição Federal de 1988. Assim com a união estável, bem com a família monoparental, formada por um dos pais e seus descendentes. Verifica-se, com esse novo panorama familiar, a possibilidade do reconhecimento de famílias alternativas.
Dentro deste novo contexto e objetivando constituir uma família, eis que são impossibilitados biologicamente de gerarem filhos naturais, o homossexual opta pela adoção. Este intuito, com a inserção do principio do melhor interesse do infante no Estatuto da Criança e do adolescente, cumpre uma função social e merece ser estendido aos requerentes independentemente de sua orientação sexual, caso restem preenchidos os requisitos necessários á sua concessão. Observa-se que em nada difere a adoção por casais heterossexuais. Ambos buscam um mesmo objetivo, qual seja, conferir um lar, amor, carinho, afeto, respeito, dignidade a uma criança ou adolescente que se encontra desamparado. Tanto o casal homossexual como heterossexual é capas de oferecer uma perspectiva de vida melhor para aquele que se encontra em situação de abandono ou em abrigo, dispensado os mesmos sentimentos e cuidados com relação a este. Desta forma, objetiva-se com a realização desta pesquisa, estudar a possibilidade jurídica de se conceder a adoção ao casal homoafetivo utilizando-se da analogia como decorrência do principio da isonomia, previsto na Constituição Federal como Direito Fundamental, por tratar-se de situação idêntica ao casal formado por um homem e uma mulher, os quais destes em nada diferem. Adoção por casais homoafetivos é um tema atual, uma vez que o Direito tem o condão de acompanhar as transformações das instituições sociais e a adoção homoafetiva é objeto de constantes discussões pela doutrina e jurisprudência.
A justificativa da escolha do tema dar-se pelo fato de ser um assunto polemica, que gera muitas controvérsias tanto na seara jurídica quanto no meio social, esta muitas vezes,motivada pelo preconceito e valores morais, sem qualquer base legal. Além disso, tanto o instituto da adoção como a homossexualidade, encontram-se bastante presentes em nossa sociedade, necessitando de uma analise conjunta d suas particularidades com o fito de melhor conferir a possibilidade de emprega-la na seara jurídica brasileira. Desta forma, abre-se a possibilidade de se interpretar, tanto a Constituição Feder4al como o ECA, de forma extensiva, utilizando-se da analogia e dos princípios gerais do direito para a concessão da adoção por casais homossexuais, que se encontra unidos através de um vinculo afetivo. No que tange aos aspectos metodológicos, a pesquisa a ser realizada será do tipo bibliográfico e documental. Tendo em vista o caráter do estudo que se apresenta como teórico e conceitual será utilizado a técnica de pesquisa bibliográfica, no que concerne a uma classificação quanto aos procedimentos técnicos utilizados, desenvolvida através de livros jurídicos e artigos eletrônicos, onde estes expuseram seus conceitos e entendimentos e nos ajudaram ater uma visão melhor do referido tema. A técnica da pesquisa a ser seguida deve ser documentação indireta, utilizando-se fontes das mais variadas, como livros e publicações avulsas, consultando-se também aas normas legais, sempre com o objetivo de uma melhor formação de opinião e entendimento.
O método de abordagem utilizado no trabalho será o dedutivo, pois o raciocínio dedutivo parte dos princípios considerados verdadeiros e indiscutíveis para chegar-se a conclusão de maneira puramente formal. Iniciando-se da analise da evolução histórica da família e do instituto da adoção ate a contemporaneidade, pretendendo, dessa forma, entender os fenômenos sociais que envolvem as instituições familiares, os quais são responsáveis por originarem novas formas de relações humanas que necessitam de proteção jurídica.
No que concerne á classificação da pesquisa, com relação ao objetivo geral, o trabalho é de natureza exploratória, visto que tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias. Em que identificaremos os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos sociais que abrangem as relações homoafetivas, assim como a possibilidade conferida pelo ordenamento jurídico para a adoção por casais de homossexuais.
Quanto ao método jurídico de interpretação, será o sistemático. O mesmo deve ser definido como uma operação que consiste em atribuir a melhor significação, dentre várias possíveis, aos princípios, as normas e aos valores jurídicos, hierarquizando-os num todo aberto, tendo em vista solucionar os casos concretos. Desta forma, como será visto no enfoque deste trabalho, enfatizara o que esta acontecendo no mundo jurídico atual.
Para dar maior cientificidade ao estudo, dividiu-o em capítulos:
No primeiro capitulo “Instituição Familiar”, apresenta-se a evolução histórica da entidade familiar, sua definição, as espécies de famílias existentes na sociedade, bem como a inserção da afetividade como principal requisito para a caracterização da entidade familiar.
No segundo capitulo, “Da Adoção”, apresenta-se o conceito, evolução histórica do instituto na legislação brasileira, os requisitos necessários á sua concessão.
No terceiro capitulo anseia-se em reconhecer os direitos homoafetivos, principalmente no que concerne á concessão da adoção por casais homossexuais, através de uma analise da legislação pátria encarregada de determinadas regras para a colocação em família substituta.
1DA INSTITUIÇÃO FAMILIAR
1.1Perspectiva Histórica e Conceitual
Durante o transcorrer dos séculos, a família, base da sociedade, vem passando por grandes transformações. Saindo de um conceito primitivo, em que predominava, a paternidade, para o contemporâneo, onde marcado por haver uma pluralidade dessa entidade. Na evolução das relações familiares, tem-se notícia de que, em época remotas, cada mulher pertencia, a todos os homens e cada homem a todas as mulheres, caracterizando o denominado matrimonio por grupos. Com o decorrer do tempo, fatores, como as guerras, a carência de mulher, e talvez uma tendência natural do ser humano, conduzem os homens a buscar relações com mulheres de outras tribos, antes mesmo do que em seu próprio grupo. O homem, num estágio mais avançado passa a desenvolver novas ideias e valores que o levam a se confrontar com o pecado capital do ciúme. Esse sentimento faz com que procure relações individuais, com caráter de exclusividade (NAGASHI, 2007).
Essa forma de organização familiar monogâmica é encontrada, historicamente, com forte influência nas culturas gregas e romanas. Foi a primeira forma que não baseou sua organização conforme condições naturais, entretanto, econômicas, representando o predomínio da propriedade privada sobre a comum primitiva (ENGLES, 1982). Na civilização romana, a estrutura familiar baseava-se no modelo tipicamente patriarcal tendo como figura primordial da família o pater famílias (NAGASHI, 2007, p. 13). De acordo com Dantas (1991, p. 18), “consistia no ascendente mais velho, ainda vivo, que reúne os descendentes sob autoridade, formando família”.
Os romanos delimitavam a família independentemente de consanguinidade, bastando para forma-la a reunião de pessoas submetidas ao poder de um pater famílias, fazendo parte desse grupo não só esposa e descendentes, mas também escravos (ENGLES, 1982). O pater famílias exercia o poder marital, com direitos absolutos sobre a mulher, podendo repudia-la por ato unilateral. Dispunha, também, de poderes absolutos sobre os filhos, podendo, vende-los, impor-lhes castigos e penas corporais e, ate mesmo, tirar-lhes a vida, tendo, portanto, direito de vida e morte (ius vitae ac necis), sobre eles (NAGASHI, 2007).
Segundo Nogueira (2007), no que se refere ao parentesco havia dois tipos, os cognados, equivalente ao parentesco consanguíneo e os agnados, que consistia na reunião sobre um mesmo pater de descendentes biológicos, adotivos e agregados. No período do Império romano, os cognados passam a ter direitos sucessórios e alimentares, bem como aparece a figura do magistrado para controlar abusos de poder advindos do chefe da família. 
No período da Idade Media o Poder de Roma foi transferido á Igreja Católica, a qual ditava as normas jurídicas, caracterizando assim o chamado Direito Canônico. Nesse período, a ideia de família era confundida com o caráter sacramental do casamento. No direito canônico, assim como no direito romano, ainda havia uma forte influencia do patriarca na entidade familiar. Embora o poder do pater famílias tenha perdido sua força, a estrutura da família era centrada no pai e o vinculo efetivava-se com o casamento. Com o imperador Constantino e a ascensão do Cristianismo, a partir do século IV, as questões de ordem moral predominam e a família é aquela surgida a partir do matrimonio, considerado sacramento, visto que criado por Deus. Segundo Gomes (2002, p.40): A igreja sempre se preocupou com a organização da família, disciplinando-a por sucessivas regras no curso dos dois mil anos de sua existência, que por largo período histórico vigoraram, entre os povos cristãos, como seu exclusivo estatuto matrimonial.
O matrimonio é concebido como sacramento, reconhecendo-se indissolúvel do vinculo. A igreja restringiu a exigir, para a validade do casamento, o consenso dos nubentes e as relações sexuais voluntariam, relegando, para um plano secundário, o consentimento paterno (NAGASHI, 2007, P. 32).
A unidade familiar não possui mais como alicerce a exclusividade do matrimonio, uma vez que a nova família estrutura-se, independentemente, de núpcias. Pode-se dizer que a família atual busca a realização plena de seus membro, envolvendo mais a afetividade do que qualquer outro interesse social ou econômico (NAGASHI, 2007, P. 32).
Dessa forma uma nova dinâmica de relações foi se apresentando na família moderna, tendo como papel principal o de suporte emocional do individuo. Aumentando a intensidade dos laços afetivos, maior flexibilidade e eventual trocade papeis. Por conseguinte, verifica-se que ao longo da historia e das transformações sociais, a instituição familiar sofreu e ainda vem sofrendo varias mutações. Conquanto continue a ser o principal propulsor da sociedade, gozando de uma especial proteção estatal tanto pela Constituição Federal, como pelo ordenamento infraconstitucional. Essa evolução na caracterização e na noção de família se deu não apenas em virtude da existência do reconhecimento das duas novas entidades familiares pela Carta Magna, quais sejam a união estável e a família monoparental, todavia, pela constante transformação e surgimento de novos tipos de relações familiares na sociedade, a qual é o fato gerador que impulsiona a legislação, requisitando uma célere resposta do Direito (RODRIGUES, 2009).
Levando em consideração as mudanças pelas quais a família contemporânea passou, percebemos o gr4ande desafio que acompanham estas mudanças que consiste na busca de encontrar essa nova identidade, observando a família com suas mudanças e os novos papeis que surgem dentro e fora do contexto familiar. Principalmente porque percebemos que a mudança pela qual passou a família, é antes de tudo, a mudança do casal, e a forma dos mesmos se perceberem em sua relação, seus papeis e sua dinâmica. O homem e a mulher compartilham entre si nestas dinâmicas funções e papeis de responsabilidades conjuntas.
1.2 Conceituando Família
Este instituto sofreu bastantes transformações em seu conceito ao longo do tempo. Inicialmente, com o Código Civil de 1916, a definição de família estava estritamente ligada ao casamento, pois este era a única forma de entidade familiar.
Com o advento da Constituição de 1988, este conceito foi alterado e não mais esta ligada a requisito jurídico, todavia, fática que se resume ao afeto, incluindo no conceito de entidade familiar a família monoparental, aquela formada por apenas um dos pais e o filho, assim como a família decorrente de união estável. Dessa forma afirma a Constituição Federal em seu art. 226:
A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
[...] § 3°. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável.
Entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4°. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Percebe-se, por conseguinte, que o conceito jurídico de instituição familiar deixa de ser limitado taxativo, como o era no Código Civil de 1916 para estar subjetiva de família, envolvendo não apenas aquelas formas pelo matrimonio, porem toda e qualquer união em que seus componentes estão interligados pelos sentimentos de solidariedade, respeito e cooperação mutua, todos esses advindos do principio da dignidade da pessoa humana.
Acerca do novo conceito de família introduzido pelo Código Civil de 2002, destacamos, in verbis:
O novo diploma amplia ainda o conceito de família, com a regulamentação da união estável como entidade familiar; revê os preceitos pertinentes á contestação, pelo marido, da legitimidade do filho nascido de sua mulher ajustando-se a jurisprudência dominante; reafirma a igualdade entre os filhos em direitos e qualificações, como consignado na Constituição Federal, atenua o principio da imutabilidade do regime de bens no casamento, limita o parentesco, na linha colateral ate o quarto grau, por ser o limite estabelecido pelo direito sucessório, introduz novo regime de bens, em substituição ao regime dotal, denominando de regime de participação final nos aquestos, confere nova disciplina a matéria de invalidade do casamento, que corresponde melhor á natureza das coisas introduz nova disciplina do instituto da adoção, compreendendo tanto a de crianças e adolescentes como a de maiores, exigindo procedimento judicial em ambos os casos, regula a dissolução da sociedade conjugal, revogando tacitamente as normas de caráter material da Lei do Divorcio, mantidas porem, as procedimentais, disciplina a prestação de alimentos segundo nova visão, abandonando o rígido critério da mera garantia dos meios de subsistência, mantem a instituição do bem de família e procede uma revisão nas normas concernentes á tutela e a curatela, acrescentando a hipótese de curatela do enfermo ou portador de deficiência física, dentre outras alterações (GONÇALVES, 2009, P. 18).
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069 de 1990, tratou de definir a família natural em seu art. 25, o qual dispõe que:
Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Paragrafo único entende-se por família extensa ou ampliada que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantem vínculos de afinidade e afetividade.
Ademais, buscou, no paragrafo único do mencionado dispositivo, definir a família extensa, incluindo o vinculo de afetividade como principais caracterizadores dessa relação parentesca. O mesmo estatuto prevê colocação da criança na chamada família substituta. Por essa espécie de família entende-se como sendo aquela que passa a ocupar o lugar da família natural, seja apenas provisoriamente devido ao caráter de relevância urgência, como normalmente é o caso da guarda, pela tutela ou por decisão de caráter definitivo, irrevogável, como no caso da adoção que será discutida posteriormente.
 Como instituto natural, a família precede e ate mesmo prescinde de um instituto jurídico, formando-se pelo simples fato de existirem pessoas unidas pela existência do vinculo afetivo entre elas. É ela que, como alicerce da sociedade, impulsiona a legislação, contribuindo para adaptar as leis aos costumes e as novas relações sociais que vem surgindo, a partir de novos valores que se impõem na historia da humanidade.
A origem etimológica da palavra “família” é derivada do latim “famulus”, que significa “escravo domestico”. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas á agricultura e também escravidão legalizada (GARRIDO, 2012, p.2).
Gomes (1999, p. 33, grifo do autor) afirma que “ O vocábulo família não tem significação unívoca” e que, modernamente, a família não pode mais ser entendida como um grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto e com economia comum. De acordo com Venosa (2005, p. 18), o conceito amplo refere-se ao “conjunto de pessoas unidas por um vinculo jurídico de natureza familiar, compreendendo os ascendentes, descendentes e colaterais de uma linhagem, incluindo o conjugue que não é considerado parente”.
Diante dessa diversidade de formação em que a família se apresenta, em nossos dias se podem olhar para a mesma, sem considerar as mudanças e o contexto sociocultural onde ela esta inserida, pois, estas mudanças repercutem consequentemente na formação e na relação dos casais.
1.3 ESPECIES DE FAMILIAS 
Com o advento da Magna Carta de 1988, mais dois tipos de família adentraram no ordenamento jurídico. Como comentado anteriormente, foi incluído em seu conceito a família monoparental formada por um dos pais e seus progenitores, bem como a monogâmica, aquela formada em decorrência da união heterossexual entre o homem e a mulher.
A família monogâmica foi fundada para o desenvolvimento da sociedade. Sua prevalência entre os povos forçou o reconhecimento da paternidade beneficiando os filhos com o exercício da obrigação paternal de proteção e assistência [...] A família monoparental foi reconhecida pela Carta Magna como entidade familiar compreendida por um único progenitor que cria e educa sozinhos seus filhos, sendo esta unidade decorrente de uma situação voluntaria ou não. (SANTOS; SANTOS, 2009, P. 3-9).
A família monoparental ou unilinear desvincula-se da ideia de um casal relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um dos seus genitores, em razão de viuvez, separação judicial, divorcio adoção unilateral, não reconhecimento de sua filiação pelogenitor, produção independente, etc.
Essa família monoparental, forma-se tanto pela vontade de assumir a maternidade ou paternidade sem a participação do outro genitor, quanto por circunstancia alheias á vontade humana, como o falecimento, separação e abandono. Exemplo típico desse tipo de família é o das mães solteiras, mulheres que criam seus filhos sozinhos, e consequentemente, constroem uma família sem a necessidade da figura masculina. Outro modelo familiar inserido nesse conceito é o dos pais separados, onde um dos pais fica com a guarda do filho e o outro tem resguardado o direito de visita. E ainda, com esse novo conceito de família, qual seja, monoparental há o caso da adoção por pessoa homossexual. Esta ultima não encontrando amparo legal para constituir uma família com sua par busca na adoção monoparental a composição familiar almejada, haja vista a ausência de amparo legal para tanto. Todavia, apesar de não haver uma legislação especifica sobre o tema, já há jurisprudências no sentido. Varias são as hipóteses em que os Tribunais concedem a adoção unilateral por pessoa homossexual.
Ementa: Adoção cumulada com destituição de o pátrio poder. Alegação de ser homossexual o adotante. Deferimento do peido. Recurso do Ministério Publico. 1. Havendo os pareceres de apoio (psicológico e de estudos sociais), considerando que o adotado, agora com dez anos, sente orgulho de ter um pai e uma família, já que abandonado pelos genitores com um ano de idade atende a adoção aos objetivos preconizados pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e desejados por toda a sociedade. 2. Sendo o adotante professor de ciências de colégios religiosos, cujos padrões de conduta são rigidamente observados, e inexistindo obstáculo outro, também é a adoção, a ele entregue, fator de formação moral, cultural e espiritual do adotado. 3. A afirmação ofensiva ao decoro, e capaz de deformar o caráter do adotado, por mestre a cuja atuação é também entregue a formação moral e cultural de muitos outros jovens. (In: TJ/RJ. Acordão: ACP: 1998. 001. 14332/1999).
Essa julgada data do ao de 1999, nessa época, o assunto era ainda muito polemico, e mesmo assim, o egrégio Tribunal entendeu que a adoção por casais homoafetivos era uma possibilidade a ser mensurada, pois este tipo de união, a partir da Constituição da Carta Magna de 1988, ficou configurado como entidade familiar, e assim, não havendo nenhum fato que desacreditasse essa união, cumprindo-se também, todas as exigências do instituto da adoção, não haveria nenhum empecilho. A esse respeito Veronica (2009, p. 4) apresenta a seguinte argumentação: No tocante á adoção de crianças por casais homoafetivos, a legislação vigente, em especial a Carta Magna e o Estatuto da Criança e do Adolescente, não apresenta restrições, pois não coloca entre os requisitos do referido instituto, a opção sexual do adotante.
Dessa maneira, observa-se que o ordenamento jurídico brasileiro esta reconhecendo a família formada por pessoas homossexual, por conseguinte, abre-se novas possibilidades de formação familiar, o que contribui para a existência da chamada “família plural”.
2 DA ADOÇÃO
2.1 DEFINIÇÃO DO INSTITUTO
De forma geral, a adoção não é definida nas leis positivas, sendo tais conceitos trazidos a cargo pela doutrina, em certo sistema normativo e dentro do contexto de determinada época, o que faz o instituto não possuir um único conceito taxativo, mas sim varias definições que sofrem variações em razão dos costumes e leis que a disciplinam. “malgrado a diversidade de conceito do aludido instituto, todos os autores lhe reconhecem o caráter de uma fictio iuris” (GONÇALVES, 2010, P. 362).
Para Pontes de Miranda (1947, p.177), a adoção “é o ato solene pelo qual se cria entre a adotada relação fictícia de paternidade e filiação”. O mestre Rodrigues (2004, p. 340), considera que “ a adoção é o ato do adotante pelo qual traz ele para sua família e na condição de filho pessoa que lhe é estranha”. Conforme Silva (2008, p.68), adoção é “o ato jurídico, solene pelo qual uma pessoa, maior de dezoito anos, adota como filho outra pessoa que seja, pelo menos, dezesseis anos mais nova que ele”. Já Diniz (2009, p. 520), conceitua:
Adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vinculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha. 
Ademais, observa-se que a adoção também é conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas decorre de sentença judicial, de acordo com o art. 47, caput, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), conforme a concepção de Venosa (2008, p. 261) que é entendida da seguinte forma: a adoção é modalidade artificial que busca imitar a filiação natural. Dai ser também conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas de manifestação de vontade, conforme o sistema do Código Civil de 1916, ou de sentença, n atual sistema do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90).
A definição de adoção deve estar em consonância com o que estabelece o Código Civil em seu art. 1.625: “somente será admitida a adoção que constituir efetivo beneficio para o adotando” (vide Lei n° 12.010, de 2009). Ora, aqui esta sendo observado o principio do melhor interesse da criança, pois a adoção deve ter uma finalidade assistencial, sendo meio para melhorar as condições morais e materiais da criança e do adolescente. Nesse ponto, o Código Civil segue o Estatuto da Criança e do Adolescente que, em seu art. 6°, estabelece in verbis: 
Art. 6°. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Percebe-se neste intuito uma dupla finalidade, onde há o interesse do casal ou do adotante, buscando realizar a vontade de constituir uma família e a oferece aquele que se encontra desconstituído de proteção. Todavia, no atual sistema jurídico para se conceder a adoção leva-se em conta o interesse do infante, tornou, mesmo, obrigatória essa conduta. É como leciona o Prof. Tavares (2006, p.17): “a regra básica dessa hermenêutica é a consideração que o interprete terá sempre em mente de que o direito estatutário é especialmente protetor”. Sendo, portanto, mais um ato de solidariedade buscando ceder aquele que se encontra desamparado uma família onde prevaleça o amor, a paz e o carinho. Em relação ao instituto, o Desembargador Siqueira (2004, p.27), se posiciona da seguinte maneira:
Adotar é substituir a concepção não bafejada pela natureza acolhendo, plenamente, um ser humano destituído de o pátrio poder, com a obrigação do atendimento de suas necessidades básicas fundamentais, criando-se e amando-o, sem qualquer designação discriminatória, relativa á filiação.
Percebe-se, assim que essa ultima definição é bem mais ampla que as demais, posto que engloba aspectos como afeto, saúde, bem estar e assistência econômica para o adotado. Isso remete para as condições especificas de desenvolvimento biopsicossocial da criança e do adolescente, as quais devem ser observadas no momento em que se pretende iniciar o processo de adoção. É importante frisar que o instituto da adoção deve servir, também como forma de reinserção do menor na sociedade, a partir da convivência em família estruturada. A adoção moderna, de uma forma geral, terá em vista a pessoa do adotado, antes de qualquer interesse dos adotantes, sendo aquele inserido em um ambiente familiar homogêneo e afetivo. A finalidade fundamental da adoção é dar filhos aqueles que não podem ter biologicamente e dar pais aos menores desamparados. A adoção que fugir desses parâmetros estará distorcendo a finalidade do ordenamento e levantara suspeitas (VENOSA, 2004, P. 329).
Assim o conceito de adoção vai além e aspectos jurídicos abrangendo, por conseguinte,um caráter humanitário constituindo um ato de amor em seu mais alto grau, buscando sempre priorizar o interesse e o bem estar do adotado.
2.2 NATUREZA JURIDICA
A natureza jurídica da adoção nunca foi tema pacifico na doutrina. Devido o ato ser baseado na autonomia da vontade, exigindo manifestação das partes, muito o considera com caráter conservador, embora não esteja no ramo do direito obrigacional. Para outro, por possuir prevalência do interesse publico, limitando a vontade das partes, e o papel do juiz preponderante na constituição da adoção tem caráter publicista, e não contratual do instituto. De acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 362) tratava-se de “negocio jurídico bilateral e solene, uma vez que se realizava por escritura publica, mediante o consentimento das duas partes”. 
Se o adotado era maior e capaz, comparecia em pessoa; se incapaz, era representado pelo pai, ou tutor, ou curador. Admite-se a dissolução do vinculo, sendo as partes maiores, pelo acordo de vontades (arts. 372 a 375). A partir da Constituição de 1988, todavia, a adoção passou a constituir-se por ato complexo e a exigir sentença judicial, prevendo-a expressamente o art. 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente e o art.1619 do Código Civil de 2002, determinando que a adoção será assistida pelo Poder Publico, na forma da lei, que estabelecera casos e condições de sua efetivação.
Desse modo pode se observar dois aspectos na adoção, o de sua formação com uma estampa de caráter mais constratualista e outro, passando a matéria ser de interesse geral, em que o legislador ordinário ditara as regras segundo o Poder Publico dará assistência aos de adoção. Como ensina Venosa (2008, p. 332), [...], na adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente não podemos considerar somente a existência de simples bilateralidade na manifestação de vontade, porque o Estado participa necessária e ativamente do ato, exigindo-se uma sentença judicial, tal como faz também o Código Civil [...] Desse modo, na adoção estatutária há ato jurídico com marcante interesse publico que afasta a noção contratual. Ademais, a ação de adoção é ação de estado, de caráter constitutivo, conferindo a posição de filho ao aotado.
Diferentemente do direito obrigacional, o caráter publicista do processo da adoção é uma realçado quando se dá a exigência de sentença judicial pra findar-se, e não de uma simples homologação de concurso de vontade das partes envolvidas (art. 47 do ECA). De uma forma geral, pode-se dizer que a adoção possui natureza hibrida, pois é uma relação contratual familiar onde há prevalência da vontade das partes envolvidas, exercendo com plenitude sua liberdade de expressão e, por outro lado, estas liberdades se limitam por determinação legal.
2.3 EVOLUÇÃO DO INSTITUTO NO DIREITO BRASILEIRO
Antes de adentrar no estudo do instituto da adoção e sua evolução histórica na normatização brasileira, faz-se inevitável tecer algumas considerações acerca da origem desse instituto e seus antecedentes históricos na sociedade como um todo. Originariamente a adoção tem suas raízes na necessidade de manter a hierarquização da família, objetivando dar continuidade a esta instituição. Foi assim na Roma Antiga, onde o instituto da adoção encontrou condição, se expandindo para as outras sociedades de maneira notaria (MONTEIRO, 2004; PEREIRA, 2004).
Na Roma Antiga encontravam-se duas modalidades de adoção: a adaptio e a adrogatio. A primeira consistia na adoção e pessoa capaz, por vezes um emancipado ou ate mesmo um pater famílias, que abandonava publicamente o culto domestico originário para assumir o culto do adotante, momento em que se tornava seu herdeiro. Já a segunda, mais antiga, consistia em forma em forma mais solene, a qual somente podia ser formalizada após aprovação pelos pontífices (VENOSA, 2008, p. 315).
No Direito Canônico foi esquecido, eis que a família cristã era constituída com o sacramento matrimonial, sendo retratado apenas através Código de Napoleão de 1804 e dai transmitidos para a maioria das legislações atuais (MONTEIRO, 2004; PEREIRA, 2004).
Na idade Média, por ser revestida desse caráter patrimonial e religioso, a adoção entrou em desuso, pois o Cristianismo considerava-se como afronta ao casamento, a legitimidade da família e como um meio de fraudar as leis que negavam o reconhecimento de filhos fora do casamento ou mesmo os frutos dos casais de incesto (MONACO, 2002, p. 29).
Quase aliada do mundo jurídico francês, a adoção encontrou, todavia, guarida nos cinco projetos de Código Civil, que antecederam a edição, em 21 e março de 1804, do Código de Napoleão. Neste Código, o instituto este regulamentado no titulo XIII de seu Livro I, arts. 343 a 360. Napoleão motivado por questões politicas e pessoais, já que necessitava de um sucessor, decide rever a legislação civil para, nela incluir a adoção. É o que ensina sobre o tema o Prf. Libómi Siqueira (2004, p. 36): a historia nos revela que a Imperatriz Josefine era estéril e como consequência, Napoleão, sensibilizado pelo fato e pretende adotar Eugene de Brauharnais, resolveu incluir a adoção no Código Civil francês e, com isso, exerceu uma influencia em todas as legislações posteriores, principalmente na América Latina.
No Brasil, o direito pré-codificado, embora não tivesse sistematizado o instituto da adoção, fazia-lhe, no entanto, especialmente as Ordenações Filipinas, numerosas referencias, permitindo, assim a sua utilização. A falta de regulamentação obrigava porem os juízes a suprir a lacuna com o direito romano, interpretado e modificado pelo uso moderno (BEVILAQUA, 2001 apud GONÇALVES, 2010). Veio enfim, o Código Civil de 1916 que “admitiu a adoção, salientando a finalidade de dar filhos a quem não os tinha, deixando em segundo plano os interesses do adotado” (NASCIMENTO, 2008, p. 6). Entretanto, a adoção só era permitida “aos maiores de 50 anos, sem prole legitima ou legitimada, pressupondo-se que, nessa idade, era grande a probabilidade de não virem a tê-la” (GONÇALVES, 2010, P. 365). Com a evolução do instituto da adoção, passou ela a desempenhar papel de inegável importância, transformando-se em instituto filantrópico, de caráter acentuadamente humanitário, destinado não apenas a dar filhos a casais impossibilitados pela natureza, mas também, a possibilitar que um numero maior de menores desamparados, sendo adotados, pudesse ter um novo lar.
A primeira alteração no instituto da adoção ocorreu com a Lei n°3.133 de 1957, modificando os seguintes pontos: podiam-se a partir dos 30 anos; a diferença de idade entre adotante e adotado era de 16 anos; no caso de adotantes casados, prazo mínimo de 5 anos de casamento para poder adotar, adotando com mais de 18 anos, no direito sucessório o adotado não teria direito a herança se o adotante tivesse, ou viesse a ter, filhos biológicos e passava ater um caráter social com finalidade assistência e humanitária, pois o sentido era dar uma família a uma criança abandonada. Preenchidos tais requisitos, qualquer pessoa podia adotar (RODRIGUES, 2004 apud BATISTA, 2009, p. 17).
Essa Lei não equiparava a estes os adotivos, pois não havia a sucessão hereditária. Essa situação perdurou ate o advento da Constituição de 1988, em seu paragrafo 6°, equiparou-os aos consanguíneos para quaisquer efeitos. A adoção disciplinada no Código de 1916 não integrava o adotado totalmente, na nova família, permanecendo ainda ligado a família consanguínea e essa situação, deu origem a pratica ilegal de casais registrarem filho alheio como próprio, realizando como bem explica Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 366), “um simulacro de adoção, denominada pela jurisprudência adoção simulada ou adoção á brasileira”.
A Lei 4.655, de 2 de junho de 1965, introduziu no ordenamento brasileiro a legitimação adotiva como proteção ao menor abandonado com a vantagem de estabelecer um vinculo de parentesco de primeiro grau em linha reta, entre adotante e adotado, desligando-o dos laços que o prendiam á família de sangue (CABRAL; ANDRADE, 2011, P. 89).
Como se vê, a Lei n° 4655/65vigorou ate 1979, quando foi expressamente revogada pela Lei n°. 6.697, o Código de Menores, que previa a necessidade de autorização judicial para adoção de menores em situação irregular. Na adoção plena do Código de Menores, o vinculo se estendia aos ascendentes dos adotantes independentemente da ausência deles. Na origem jurídica brasileira, leis diversas ao longo do tempo vêm fazendo referencia á situação das pessoas em menoridade, desde mesmo, antes da existência da legislação especial consubstanciada nos Códigos de Menores revogados e agora, no Estatuto da Criança e do Adolescente (TAVARES, 2001, P. 59). 
Verifica-se, num confronto com os dispositivos da Lei 4.655/65, que a adoção plena contemplada no Código de Menores de 1979, nada mais é que do que a antiga legitimação adotiva, que com a edição do Estatuto da Criança e do Adolescente, ganhou sobrevida demostrando que efetivamente veio para ficar numa versão mais ampla e moderna (GONÇALVES, 2010, p. 366).
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, veio substituir o antigo Código de Menores, Lei n° 6.697, editada em 10 de outubro de 1979. Refletem em sua concepção as novas abordagens sociológicas, psicológicas sobre a criança e o adolescente. Com o advento do Estatuto da criança e do Adolescente- ECA, a adoção ganhou nova regulamentação, tendo como principal novidade a regra segundo a qual a adoção será sempre plena para os menores de 18 anos, ficando a adoção simples, restrita aos adotando que já possuam essa idade. Desse modo, passou a existir no ordenamento jurídico duas espécies de adoção a estatutária, conhecida como adoção plena, que é regulamentada pelo ECA, e a civil, anteriormente prevista no Código Civil de 1916 (ÇONCALVES, 2010). 
A adoção simples guardava relação estreita com o Código Civil. Referia-se ate dezoito anos que estavam em situação irregular, exigindo-se estagio de convivência com o menor, que se dispensava em caso deste ter menos de um (01) ano. Neste, dava-se um parentesco civil entre o adotante, onde este não perdia a ligação pré-existente com a família natural (GRANATO, 2009). Ao lado da forma tradicional do Código Civil denominada adoção simples, passou a existir, com o advento do mencionado Código de Menores, a adoção plena, mais abrangente, mas aplicável somente ao menor em situação irregular.
A adoção plena era deferida, após período mínimo de um ano de estagio de convivência, computando-se esse efeito, qualquer período de tempo, desde que a guarda tenha se iniciado antes do menor completar 7 anos e comprovada conveniência da medida (art. 31). Somente podiam requere adoção plena matrimonio tivesse mais de 5 anos e dos quais pelo mens um dos cônjuges tivesse mais de 30 anos. Provadas a esterilidade de um do cônjuge e a estabilidade conjugal, tal prazo era dispensado (art. 32 e seu par. único). O revogado Código de Menores permitiu a adoção plena ao viúvo ou viúva. A condição necessária era a de que o menor estivesse integrado em seu lar, quando o outro cônjuge ainda vivia, e após a separação (arts. 33 e 34). NA adoção plena eram conferidos ao adotado direitos idênticos ao de filho biológico, desligando-se dos pais naturais (com exceção dos diretos matrimoniais) e possuindo caratê irrevogável (GRANATO, 2009).
 Enquanto a adoção simples dava origem a um parentesco civil somente entre adotante e adotado sem desvincular o ultimo da sua família de sangue, era revogável pela vontade das partes e não extinguia os direitos e deveres resultantes do parentesco natural, como foi dito a adoção plena, ao contrario , possibilitava que o adotado ingressasse na família do adotante como se fosse filho de sangue, modificando-se o seu assento de nascimento para esse fim, de modo a apagar o anterior parentesco com a família natural (GONÇALVES, 2010, P. 366)
Com a entrada em vigor do Estatuto da criança e do Adolescente, o instituto da doação passou por nova regulamentação, trazendo como principal inovação a regra de que a adoção seria sempre plena para os menores de 18 anos quando a pessoa adquire, atualmente, a maioridade civil (art. 5°) e aboliu a adoção simples. No Código Civil 2002, as mesmas disposições aplicáveis aos menores preconizadas Constituição Federal e explicitadas no ECA, passam a abranger também a adoção dos maiores, ressalvadas alguma peculiaridades.
Sobre o tema ensina o mestre Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 369): No Código Civil de 2002, o instituto da adoção compreende tanto a criança e o adolescente como a de maiores, exigindo procedimento judicial em ambos os casos (art. 1623). [...] foram reproduzidas, na qual quase totalidade e com algumas alterações de redação, os dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Contudo, o novo diploma não contem normas procedimentais, não tratando da competência jurisdicional. 
A adoção de crianças e adolescentes rege-se, na atualidade, pela Lei n °12.010 de 3 de agosto de 2009. De apenas 7 artigos, a referida lei introduziu inúmeras alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente e revogou expressamente 10 artigos do Código Civil concernente á adoção (arts. 1.620 a 1.629), dando ainda nova redação aos outros dois (arts.1.618 e 1.619). Conferiu, também, nova redação ao art. 1.734 do Código Civil e acrescentaram dois parágrafos á Lei n° 8.560, de 29 de dezembro de 1992, regula a investigação da paternidade dos filhos havidos fora do casamento. Com a nova norma, a criação não deve passar período superior a dois anos em abrigo de proteção, exceto em caso de motivada recomendação da justiça. Devendo ainda o abrigo encaminhar a cada seis meses relatório inteirando sobre a situação do menor, das suas condições de adoção ou em caso de regresso á família dos menores que se encontram sob sua tutela. 
Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 368), nos informa sobre algumas dessas mudanças, principalmente em relação a transitoriedade da medida de abrigamento e a criação de um cadastro nacional, a referida lei da Adoção estabelece prazos para dar mais rapidez aos processos de adoção, cria um cadastro nacional para facilitar o encontro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados por pessoas habilitadas e limita em dois anos, prorrogáveis em caso de necessidade, a permanência da criança e jovem em abrigo.
O Conselho Nacional de Justiça por meio da resolução n° 54, de 29/04/2008, disciplinou a implantação e funcionamento do Cadastro Nacional de Adoção e determina a implantação do Banco Nacional de Adoção. Além de prever a criação de cadastros nacionais e estaduais de crianças e adolescentes que estão em condições de serem adotadas, bem como dos casais habilitados, a nova regra também prevê uma preparação previa dos futuros pais e o acompanhamento familiar após o acolhimento do menor. Igualmente, a nova legislação trouxe uma inovação no conceito de família, ao considerar o conceito de família extensa, esta tem prioridade no cadastro da adoção, seja nacional ou estadual. Assim determina a referida lei em seu §1°, do art. 1°.
A intervenção estatal, em observância ao disposto no caput do art. 226 da Constituição Federal, será prioritariamente voltada á orientação, apoio e promoção social da família natural, junto á qual a criança e o adolescente devem permanecer, ressalvada a absoluta impossibilidade, demonstrada por decisão judicial fundamentada.
Logo, observa-se a preferencia que se dá a colocação do menor adotando no seio de sua família natural, buscando dessa forma preservar seus interesses e oferecer a forma mais adequada para seu desenvolvimento biopsicossocial, qual será intercedida pelo Poder Publico. Desse modo, percebe-se que a colocação da criança ou adolescente em família substituta torna-se medida excepcional, devendo primeiro tentar manter a criança na família natural, não sendo possível que de preferencia á família extensa para só então, não sendo possível, que de preferência á família extensa para só então , não havendo possibilidade de coloca-la sob os cuidados dos parentes indiretos, que poderá passar terceiros, estranhos,habilitados no cadastro nacional ou estadual de adoção.
2.4 REQUESITOS PARA ADOÇÃO
Para que seja concretizado o processo de adoção se faz necessário observar alguns requisitos que se encontram descritos na legislação. Dentre os requisitos estão, a idade mínima do adotante, a Lei determina que este tenha no mínimo 18 anos, a diferença de idade entre o adotando de dezesseis anos, o consentimento dos pais biológicos ou representantes, se estes não forem destituídos do poder familiar ou encontra-se a criança em situação de abandono, a concordância do abandono caso tenha mais de doze anos de idade, mediação do Poder Publico através de procedimento judicial, o estagio de convivência e, por fim, a real vantagem para o adotando. 
No que concerne á idade mínima e a diferença de idade existente entre o adotante e o adotado, ambos são exigidos na tentativa de reproduzir a família natural, de modo que o adotando possa vir a exercer o Poder Familiar sem restrição. Há circunstancia em que é absolutamente necessário o consentimento no procedimento da adoção. Com relação aos pais, sendo os genitores do adotando conhecidos, torna-se imprescindível a manifestação expressa de sua vontade com relação ao procedimento, salvo se o menor encontrar-se em situação de abandono ou risco, ou nos casos em que os pais biológicos foram destruídos do poder familiar, casos em que entre psicólogos e psicanalistas, o menor já possui um certo discernimento do que é certo e errado, podendo por conseguinte, expressar sua opinião . Esse requisito esta explicitado no art. 45, do ECA e no art. 1.619 do Código Civil, respectivamente. Estabelece o art. 45 do ECA, o seguinte:
Art. 45- A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando.
§ 1°- O consentimento será dispensado em relação á criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do pátrio poder.
§ 2°- Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.
Ao tratar da representação, deve-se ter em mente que são absolutamente incapazes para exercer pessoalmente os atos da vida civil, os menores de 16 anos, que serão, necessariamente, representados por seus pais ou por pessoas que sejam por eles responsáveis (at. 3°, I do CC). Já os maiores de 16 anos e menores de 18 anos são considerados pelo ordenamento jurídico como relativamente incapazes, possuindo capacidade relativa á pratica de determinados atos e por isso deverão ser, sempre, assistidos (art. 4°, I, do CC).
De acordo com o que fora explanado em momento anterior, a adoção somente produzirá seus efeitos legais com a sentença judicial constitutiva, sendo todo o procedimento intervindo pelo Estado através da mediação do magistrado com a participação do Ministério Publico, que atuara como custus legis (GONÇALVES, 2010).
Para que a adoção seja deferida no caso dos menores de 18 anos, o ECA requer o preenchimento, ainda de outro requisito, qual seja, o estagio de convivência, que devera ser promovido, obrigatoriamente, quando o adotando já tiver mais de 1 ano de vida, de acordo com o art. 46, in verbi:
Art. 46. A adoção será precedida de estagio de convivência com criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciaria fixar, observadas as peculiaridades do caso.
§ 1°. O estagio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver mais de um ano de idade ou seja, qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a conveniência da constituição do vinculo.
§ 2°. Em caso de adoção por estrangeiro residente ou domiciliado fora do Pais, o estagio de convivência, cumprido no território nacional, será de mínimo quinze dias para crianças de ate dois anos de idade, e de no mínimo trinta dias quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.
O estagio de convivência é o lapso temporal em que o adotando ficara na família adotante por tempo indeterminado, enquanto o juiz, Ministério Publico, acharem necessário com a finalidade de avaliar se a criança se adapta á família substituta e se com ela é compatível, buscando sempre seu melhor interesse. A lei determina a sua dispensa na situação em que o adotando tiver menos de um ano de idade, pois se presume que este será adaptado ao seu novo progenitor. Outro caso em que poderá ser dispensado será quando o adotando estiver sob os cuidados do adotante por tempo necessário para se avaliar a formação do vinculo entre eles (RODRIGUES, 2004). 
No que tange a irrevogabilidade do instituto, faz-se imprescindível que as partes estejam cientes de que uma vez concedida e decretada não haverá como desfaze os laços familiares formandos em decorrência da sua constituição. Por ser uma medida irreversível, nem mesmo a morte do adotante será capaz de reaver os laços familiares dos pais biológicos. Dessa forma, preenchidos os requisitos acima descritos, o magistrado devera decretar a adoção e, por conseguinte, esta passara a surtir seus efeitos.
3. DA ADOÇÃO POR CASAIS HOMOAFETIVOS
3.1 Aspectos históricos sobre a homossexualidade
Desde os tempos mais antigos, a homossexualidade (geralmente masculina) sempre esteve presente nas mais diversas civilizações e culturas. Ao se reportar acerca da evolução histórica da homossexualidade, de inicio, não há como deixar de tecer alguns comentários sobre sua pratica na Grécia Antiga, que trouxe uma enorme colaboração sociocultural para as sociedades ocidentais.
Na sociedade grega, a pratica do homossexualismo entre os homens era comum e aceita caso estivesse guinada de alguma moral e de acordo com o código de costumes existente naquela época. Os gregos antigos aceitavam estas ligações como normais, enquanto sua legislação não as contemplasse com a categoria de matrimonio. Era comum a pratica da pederastia, ou seja, a relação entre gregos do mesmo sexo, porem com uma acentuada diferença de idade. O fato de o homem ter esposa não impedia de se relacionar com homens mais novos. Entre os povos da Grécia, a homossexualidade foi por muito tempo considerada uma pratica saudável e indispensável para a formação de um jovem, esperava-se que os jovens aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos. Acreditavam que assim os velhos pudessem absorver as virtudes de um bom cidadão e sabedoria da filosofia.
O filosofo grego Sócrates (469-399), adepto do amor homossexual, pregava que o coito anal era a melhor forma de inspiração- e o sexto heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar. Para a educação dos jovens atenienses, esperava-se que os aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia. Após os 12 anos, desde que o garoto concordasse, transformavam-se em um parceiro passivo ate por volta dos 18 anos, com a aprovação de sua família. Normalmente, aos 25 anos tornava-se um homem, e ai esperava-se que assumisse o papel ativo.
Há vários registros de homossexualismo entre os romanos. Como exemplo de homossexuais, pode-se citar Calígula e Otaviano. Assim como os gregos, a pederastia era considerada como um sentimento puro. Os casamentos entre dois homens ou entre duas mulheres eram legais e aceitos entre as classes sociais mais elevadas, e vários imperadores, inclusive Nero, publicamente se casaram com homens. Em Roma, assim como não podemos fazê-lo com os da Grécia (DIAS,2012). Com o advento do Cristianismo, a homossexualidade passou a ser considerada uma perversão, uma anomalia psicológica. As relações sexuais eram restritas ao casamento e somente para fins de procriação. Conforme bem aponta Maria Berenice Dias ao referir-se á concepção adotada pela Igreja Católica. Toda atividade sexual com uma finalidade diversa da procriação constitui pecado, infringindo o mandamento “crescei e multiplicai-vos”. Dai a condenação do homossexualismo masculino: haver perda de sêmen, enquanto o relacionamento entre mulheres era considerado mera lascívia (DIAS, 2000, p. 25-26).
Portanto, a homossexualidade passou a ser vistae condenada pela Igreja Católica como uma verdadeira anomalia, inclusive foi classificada como crime pela Santa Inquisição por meio do Concílio de Latrão, sendo ate hoje assim tratada pelos países islâmicos. De acordo com Brito (2000), o primeiro argumento para a posição da igreja contra o homossexualismo veio dos escritos de Santo Augustinho e Santo Tomás de Aquino, onde ambos afirmam que “quaisquer atos sexuais que não visassem a concepção seriam anormais e , portanto pecaminosos”. A Igreja tornou-se uma poderosa força na regulamentação e punição do comportamento sexual. Enquanto alguns homossexuais eram gentilmente repreendidos e tinham de rezar como penitencia, outros eram torturados ou queimados na fogueira.
Durante a Idade Média, a homossexualidade floresceu nos lugares em que os homens viviam em regimes de confinamento, como mosteiros e acampamentos militares. Entre as mulheres, a prática era comum sempre que se encontravam reclusas em haréns ou recolhidas em internatos e prisões. No período Renascentista, grandes nomes das artes, da musica, da ciência e da literatura se ligavam ao homossexualismo, dentre eles Ângelo e Bacon (BRITO, 2000).
Se no ocidente a prática homossexual era pecaminosa e doentia, nos voltemos para o Oriente, naquela época o Japão se fechava para o resto do mundo, o budismo era amplamente aceito e o habito da homossexualidade bastante popular sob o nome de Shudo, uma filosofia cujo conceito era o amor por meninos e aceita entre as classes de monges e Samurais e a burguesia. Os japoneses não partilhavam a visão ocidental do pecado das relações sexuais. Para eles elas sempre pareceram um fenômeno natural. Assim como no ocidente os missionários que vieram para as Américas encontra o mesmo panorama e o mesmo trabalho com os índios da América do Norte desde tenra, eles se vestiam, se comportavam, falavam e realizavam funções opostas as de seu sexo anatômico (RODRGUES, 2004).
Nagashi (2007) nos informa que os países europeus nórdicos foram os primeiros a adotar uma legislação reconhecendo as uniões homossexuais. Na América latina, quem saiu na frente foi a Argentina que aprova, no dia 13 de dezembro de 2002, na cidade de Buenos Aires, uma lei que a união civil entre homossexuais. Na atualidade, a orientação homossexual é menos discriminada em países escandinavos, nos Estados Unidos, na Holanda e no Japão, havendo certa restrição em países de regime autoritário, como a Rússia, ou de tradição machista como os latino-americanos. Mas o século XX ficara por certo, na historia caracterizado como uma época de mudanças sociais significativas referentes á homossexualidade (DIAS, 2012).
Já quanto ao histórico brasileiro, desde a chagada dos primeiros missionários foi noticiada a presença do “mau pecado” entre os índios do mesmo sexo. Não obstante a perseguição do Tribunal do Santo Oficial da Inquisição foi constatada que 1/3 dos sodomitas denunciados, presos e sentenciados eram padres e frades. No Brasil, a Igreja Católica perseguiu os chamados sodomitas prendendo, sequestrando os bens, açoitando, degradando e queimando na fogueira os mais escandalosos e incorrigíveis. De acordo com Gomes (2010), o Direito brasileiro se referiu á sodomia, homossexual e heterossexual, pela primeira vez, nas Ordenações Afonsinas publicadas em 1446. No livro V, titulo 17, das referidas Ordenações aparecia a pena de fogo contra a sodomia e este era considerado o pecado mais torpe, sujo e desonesto de todos.
As Ordenações Manuelinas (1521) seguiram as Afonsinas. Estas constituíram o primeiro Código Penal brasileiro. Nelas, o crime de sodomia era apenado com o confisco de bens e infâmia dos descendentes, além do fogo. As Ordenações Filipinas (1603) sucederam as Manuelinas. Estas mantiveram os mesmos termos das anteriores, inclusive penalizando quem deixasse de denunciar caso de sodomia com o degredo perpétuo (YANAGUI, 2005). 
A sodomia foi descriminalizada no Código Penal de 1830, sob forte influencia do iluminismo francês. Este enquadrou o homossexualismo praticado em publico em tipos como o de ofensa á moral e aos bons costumes. Uma medida oficial curiosa foi a de 1846, quando foram importadas prostitutas europeias para o Rio de Janeiro como tentativa de aplacar a quantidade de homossexuais. O Código Penal de 1890, por sua vez, trouxe a figura do crime contra segurança da honra e honestidade das famílias ou ultraje ao pudor, cujas penas eram eventualmente aplicadas a homossexuais. O atual Código Penal de 1940 tipificou os crimes de ato obsceno e escrito ou objeto obsceno. A ditadura militar de 1964 foi responsável pelo exilio de diversos artistas e intelectuais, o que acarretou futuramente, na década de 1970, no lançamento do movimento gay no Brasil, influenciado pelos demais movimentos observados por esses artistas exilados ao redor do mundo (DIAS, 2012).
A primeira passeata da homossexualidade no Brasil aconteceu em 1980 em São Paulo. Na década de 1980, o movimento homossexual passou a ser questão acadêmica, invadindo as universidades com auxilio dos estudos de Foucault. Em 1995, a deputada Marta Suplicy elaborou um projeto de lei que regula a questão homossexual no Brasil, não teve sua aprovação na Câmara dos Deputados. Assim, o século XX foi marcado pelo rompimento da ideia de que assumir a homossexualidade acarreta no ferimento á honra pessoale familiar dos indivíduos. É o que se comprova ao observar as expressões artísticas e os movimentos sociais da época.
Apesar de alguns poucos avanços, a historia de perseguição dos homossexuais, bem como de direitos reprimidos, ainda engatinha em direção á quebra de paradigmas e ao ideal de isonomia constitucionalmente prezados no Brasil. Essa relação existente entre pessoas do mesmo sexo acarreta várias consequências sobre a vida de todos os indivíduos, bem como da sociedade que, embora se tenha noticias de que desde a antiguidade existiam pessoas que tinham essa opção sexual, ainda encontra varias dificuldades em aceitar esse tipo de relação. 
Embora na atualidade já se observe uma evolução da sociedade, visto que tal assunto é encarado de forma mais aberta, de modo que os homossexuais veem conquistados alguns direitos na seara tributaria e ate mesmo civilista, o preconceito ainda se encontra fortemente arraigado na mentalidade da nossa comunidade. Atualmente, apesar de em alguns países já ser mais bem visto, ainda há grande preconceito contra homossexual, devido a forte influência que teve a igreja ao impor de tal opção sexual como pecado. 
A respeito da homofobia, o Professor Doutor Blumenfeld (2003, p.2), nos trás um ponto de vista interessante:
“Homofobia”, uma componente mais activa e por mais visível, é uma opressão intencional e premeditada. Derivada dos termos gregos homos que quer dizer “o mesmo” e phobikos que quer dizer “ter medo dee/ou aversão a”, a palavra “homofobia” foi primeiro utilizado oficialmente por George Weinberg em 1972 no seu livro A Sociedade e o Homossexual Saudável. Outros “termos incluídos foram: “homosexofobia”, “homonegativismo”, ódio a lésbicas ou gays”, entre outros. Eu defino-a como o medo e o ódio daqueles que amam e desejam sexualmente membros do mesmo sexo. Homofobia inclui preconceito, discriminação, abuso verbal e atos deviolencia originados por esse medo e ódio. (Nota: algumas pessoas preferem não usar a palavra “homofobia”, mas “heterossexismo” como um termo mais inclusivo, alargando a sua definição tradicional de modo a incluir “homofobia”). Um conceito relacionado é “Bifobia” que é a opressão contra pessoas que amam e desejam sexuakmente tanto membros do sexo masculino como do sexo feminino. E “Transfobia” (ou Transgenderfobia”) é a opressão sofrida por aqueles que desafiam os conceitos de gênero padrão e a sua expressão.
A homossexualidade, apesar de muitas vezes ainda ser vista como doença, devido a grandes estudos e avanços já é explicada como um fato de causas biológicas afastando a ideia de ser um comportamento adquirido, é o que explica a revista Proccedings of the National Academy of Sciences em uma publicaçãoa respeito de um estudo por cientistas suecos na pagina online da Ciberia (2006, p. 4). 
A investigação revela que as reações cerebrais dos homossexuais as hormonas sexuais masculinas e femininas são dos heterossexuais, masque essa diferença é menos pronunciada nas lésbicas do que nos homens homossexuais. Assim, a reação cerebral das lésbicas a uma hormona feminina assemelha-se mais á dos homens heterossexuais, do que á das mulheres heterossexuais. Mas a reação cerebral dos homens homossexuais ás hormonas masculinas parece-se menos com a das mulheres heterossexuais, explicou Ibanka Savic, do Instituto do Cérebro, de Estocolmo, co-autor do estudo. Para a realização deste projeto foi pedido a um grupo de 36 voluntários que cheirassem substancias químicas derivadas de homonas sexuais (feromonas) tanto femininas como masculinas, juntamente com outros aromas, enquanto os seus cérebros eram examinados. Segundo as conclusões retiradas do estudo, as mulheres heterossexuais acharam igualmente agradáveis as feromonas masculinas e femininas, enquanto que a feminina, e a maioria das mulheres heterossexuais teve a mesma reação em relação á homona feminina. Nos homens heterossexuais a hormona masculina provocou uma reação na área do cérebro relacionado com o sentido do olfato, enquanto que a feminina fez reagir o hipotálamo, que esta ligada á estimulação sexual. Nas mulheres heterossexuais, foi a zona sexual do cérebro que reagiu á hormona masculina, enquanto que a hormana masculina, enquanto que a hormona feminina provocou uma reação na área olfativa. Nas lésbicas, tanto as feromonas femininas como as masculinas desencadearam reações no centro olfativo do cérebro, afirmaram os investigadores.
De acordo com Falcão (2012), um grande marco nas conquistas dos homossexuais foi retirada do homossexualismo da Classificação Internacional de Doenças (CID) pela Organização Mundial de Saúde (OMS), fato este que se deu há pouco mais de uma década. Assim o estudioso do campo cientifica acreditam que bem provavelmente o comportamento sexual de cada um esta diretamente ligada a um chamado “programa genético aberto”, onde a pessoa carrega em seu DNA suas informações básicas que admite facilmente em certas proporções a inclusão de outras informações complementares alcançadas com suas experiências de vida.
3.2 Conceito
Desta feita, homossexualidade é definida como a atração por outra pessoa do mesmo sexo, sendo primariamente um fenômeno de natureza afetiva, expressando-se frequentemente por comportamento na esfera sexual. Afirma Rodrigues (2004, p. 83) que “a medicina, desde o final do século XVIII, tornou emprestado a visão clerical da homossexualidade. Esta se tornou uma doença, ou melhor, uma enfermidade que um exame clinico pode diagnosticar”. 
A principio utilizava-se do vocábulo sodomia para caracterizar as relações entre pessoas do mesmo sexo. Seguiu-se a utilização da palavra homossexualismo, combatia por acreditarem ser carregada de uma conotação preconceituosa, uma vez que o sufixo “ismo” traria uma ideia de distúrbio ou transtorno sexual (DIAS, 2010).
É importante destacar que o termo é formado pelo elemento grego “homo”, que significa similar ou idêntico, e não deriva do latim “homo”, significando homem. O étimo da palavra “homossexual” origina-se do grego homo, que significa semelhante e do latim sexu que significa relativo ou pertencente ao sexo. Deste modo, este termo é aplicado para descrever homens e mulheres com preferencias sexuais por pessoas do mesmo sexo (MASCHIO 2002). Garcia (2010, p. 2) discorda deste posicionamento, afirmando haver preconceito pela própria etimologia do sufixo, ao afirmar que: “a ironia da situação é que a palavra homossexualismo (e seu uso indiscriminado) gerou preconceito contra o sufixo que a acompanha”.
A discussão resultou na substituição do polemico sufixo “ismo” por “dade”. Homossexualidade entrou na Classificação Mundial das Doenças- CID- como transtorno da preferencia sexual. Como repudio ao teor sexual atribuído as relações interpessoais, Dias (2010, p.3) criou o neologismo homoafetividade “para realçar que o aspecto relevante dos relacionamentos não é de ordem sexual. A tônica é a afetividade, e o afeto independente do sexo do par”.
Ressalta a mesma autora que a discussão não se trata apenas da busca por palavras politicamente corretas, mas, sobretudo, por posturas humanas e sociais, democráticas e libertárias corretas. Atualmente, tem-se incorporado no vocábulo jurídico um novo substantivo, qual seja “homoafetividade”, que designa o afeto e o amor entre iguais. O aludido termo foi utilizado pela primeira vez no Brasil, na obra intitulada “União Homossexual, o preconceito e a justiça” de autoria de Maria Berenice Dias, cuja primeira edição data o ano de 2000. Posteriormente, em 2001, a expressão foi usada, na primeira decisão judicial que reconheceu os direitos sucessórios ao parceiro sobrevivente. Igualmente, mais recentemente, ou seja, em 07 de 2006, foi referida no julgamento do recurso especial n° 238.715, pelo Superior Tribunal de justiça, em que foram assegurados direitos previdenciário ás uniões homoafetivas (NAGASHI, 2007).
O termo homoafetivo foi adotado para destacar o que a psicologia contemporânea identifica como elemento nuclear e condição necessária para a tificação do fenômeno referido como homossexualidade, é o direcionamento do afeto, elemento essencialmente subjetivo, que o define, em oposição á comportamentos explícitos, sendo na condição humana, a sexualidade adquire a função de linguagem do afeto, além da função reprodutora, esta comum aos demais seres vivos.
3.3 Possibilidades Jurídicas da Adoção por casais Homossexuais
Caracterizada como um atributo inerente a pessoa humana, os novos entendimento jurídicos consideram a orientação sexual do individuo um direito fundamental, por força da constituição Federal. Desse modo, não existe impedimento justo ou legal que impeça duas pessoas do mesmo sexo de constituir uma entidade familiar da mesma forma que duas pessoas heterossexuais fazem (Ferroni, 2004). O que é muito falado quanto aos direitos homoafetivos é que, de certo modo, esta expressa na Constituição Federal que é vedado as relações homoafetivas, mas apesar de uma lei que regulamente essas uniões não se tem impedimento para sua existência, pois as normas do artigo 226, da Constituição Federal são autoaplicáveis independentemente de regulamentação. O desdobramento do artigo 226, da Constituição Federal é meramente exemplificativo, pois na realidade podemos observar uma nova visão sobre a entidade familiar que, apesar de não ser expressa na Constituição, não deixou de ter correspondentes legais e jurisprudenciais que acompanham a realidade social da atualidade. 
Assim, isso nos faz perceber que essa omissão não significa uma ausência de tutela jurídica, podendo ate afirmar que uma relação homoafetiva poderá produzir efeitos no mundo do ordenamento jurídico ao que se refere no âmbito patrimonial e pessoal. A Constituição Federal em seu artigo 226 caput, dispõe que “a família é a base da sociedade”, e no artigo 227, completa, dizendo que “a criança tem direito á convivência familiar”. Portanto, observa-se que recomendação deve ser a priorização do ingresso da criança em uma família, mesmo que substitua. Existem também outros princípios constitucionais que são levados em consideração, com o principio da igualdade, conforme o artigo 5° da Constituição Federal, que busca vedar qualquer discriminação. 
Importa mencionar que uma disposição normativa que deu um grande avanço para fosse reconhecido a união homoafetiva, pelo menos entre mulheres, foi o artigo 5° da Lei n° 11.340 (Lei Maria da Penha). Vejamos:
Art. 5°. Para os feitos desta Lei, configura violência domestica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e de dano moral ou patrimônio:
I-[...]
II- no âmbito familiar, compreendido como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III-[...]
Paragrafo único. As relações enunciadas neste artigo independem de orientação sexual (In: VADE MECUM, 2008).
Vale ressaltar que o inciso II da referida Lei, diferente da Constituição Federal, apresenta um conceito bastante moderno de entidade familiar onde a vontade, ou união natural, ou a consideração da existência de vínculos parental, são elementos básicos para a formação de uma entidade familiar. O paragrafo único da referida Lei, é de extrema importância, pois certificamos o reconhecimento da união homoafetiva, ainda que seja entre mulheres.
O Estatuto da Criança e do Adolescente não faz menção a requisito para adotar vinculado á sexualidade do requerente, em consonância com a Lei Maior. O inciso II do mesmo dispositivo constitucional estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de lei”. “Inexistindo vedação legal expressa, não se pode exigir que um individuo, por ter orientação sexual destoante da convencional se prive do direito de adotar se assim a lei não o determina”.
O art. 43 do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que “ a adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotado e fundar-se em motivos legítimos”. Essa determinação demostra a função social o instituto da adoção, tendo por objetivo a constituição de um lar para o adotado, além de possibilitar ao julgador decidir sobre a oportunidade e convivência para o deferimento da adoção.
Quando a Lei trata da adoção realizada por duas pessoas simultaneamente, refere-se a um casal, composto por um homem e uma mulher, já que a adoção conjunta é vinculada ao casamento e a união estável, regime aos quais é vedada a adesão de pessoas do mesmo sexo. Mas o que tem sido observado é o deferimento da adoção por pessoa homossexual solteira, embora raro.
3.4 Controvérsias sobre a Adoção por Casais Homoafetivos
O direcionamento para o reconhecimento das uniões homoafetivas também já podiam ser observadas através dos tribunais, como observar nessa decisão:
APELAÇÃO CIVEL. UNIÃO HOMOAFETIVA. RECONHECIMENTO. PRINCIPIO DA PESSOA HUMANA E DA IGUALDADE. É de ser reconhecida judicialmente a união homoafetiva mantida entre duas mulheres de forma publica e ininterrupta pelo período de 16 anos. A homossexualidade é um fato social que se perpetua através dos séculos, não mais podendo o Judiciário se olvidar de emprestar a tutela jurisdicional a uniões que, enlaçadas pelo afeto, assumem feição de família. A união pelo amor é que caracteriza a entidade e não apenas a diversidade de sexos. É o afeto a mais pura exteriorização do ser e do viver, de forma que a a marginalização das relações homoafetivas constitui afronta aos direitos humanos por se forma de privação do direito á vida, violando os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade. Negando provimento ao apelo. (TJ AC 70012836755).
Para alguns, tal decisão é cabível ao Supremo Tribunal Federal e para outros não, uma vez que a constituição só reconhece a união entre “homem e mulher” e tal decisão caberia ao Congresso. Vejamos a opinião de alguns estudiosos sobre o assunto. De acordo com Pinto (2002, p.6): No caso de dois homossexuais que vivam juntos, muito embora não haja nenhum impedimento legal, entendemos que essa adoção não deveria ser possível, pois o adotado teria um referencial desvirtuado do papel de pai e de mãe, além de problemas sociais de convivência em razão do preconceito, condenação e represália por parte de terceiros, acarretando um risco ao bem estar psicológico do adotado que não se pode ignorar.
Entretanto, esse posicionamento não é dominante, pois de modo gral, verifica-se que os juristas reconhecem a inexistência de vedação legal para a adoção por homossexuais, justificando seu posicionamento contrario em questões relacionadas á moral e o que julgam ser melhor para o desenvolvimento psicológico do adotando. E também, boa parte dos doutrinadores manifesta-se favorável á adoção por homossexuais, pelas razões a seguir descritas. Ao argumento de inexistir expressa vedação legal ao adotante homossexual e de ser esta a situação que melhor atende á criança, somam-se outros, a saber. 
O respeito a dignidade da pessoa humana, que se sintetiza no principio da igualdade e na vedação de tratamento discriminatório de qualquer ordem, de modo a impedir a exclusão do direito á adoção em função da preferencia sexual. O dever do Estado de assegurar á criança o direito á vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária, conforme preconiza o art. 227 da Constituição Federal, o que certamente será alcançado se lhe for permitido o direito de ser adotado retirando-a de instituição que não tem condições de lhe dar um tratamento singular, por mais bem estruturados que sejam. O direito ao planejamento familiar, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, conforme preconiza a CF/88. A Carta Constitucional, ao dispor que o planejamento familiar é livre decisão do casal, não exclui o direito ao planejamento familiar do individuo singularmente, pois a família monoparental também é reconhecida como entidade familiar (RIOS, 2001, p. 139).
A opinião dominante na doutrina e nos julgados é que não há impedimentos nem de ordem jurídica e nem moral da adoção por homossexual, uma vez que, a capacidade para adoção nada tem a ver com a sexualidade do adotante. O caso concreto deve ser estudado para se concluir se a adoção é conveniente ou não. Maria Berenice Dias que é Desembargadora do Tribunal de justiça do Rio Grande do Sul e Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, esta na luta contra essa repulsa por homoafetivos, que o único fundamento encontrado com bastante força na sociedade é o preconceito existente contra o tipo de escolha da orientação sexual, segundo seu entendimento: o direito deve acompanhar o momento social. Os casos concretos vão surgindo para serem julgados e a solução não pode ser baseada em opiniões preconceituosas de julgadores ou da sociedade, sejam elas de aceitação ou de discordância. No caso de lacuna na lei, o juiz deve pautar-se no artigo 4° da Lei de Introdução do Código Civil, usando a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito (DINIZ, 2011, p.222).
Observa-se, assim, que se por um lado que se posicionam contra a possibilidade de adoção por homossexuais utiliza como fundamento unicamente questões de fundo moral e alegações de que o desenvolvimento da criança, pode ser afetado, aqueles que defendem a colocação em família substituta pelos que têm orientação sexual da convencional agarram-se á ausência de proibitivo legal para tanto [...]. Socialmente falando, podemos verificar que o maior problema é o preconceito, pois este é o maior obstáculo enfrentado pelos casais homossexuais, as pessoas ainda tem grande dificuldade de enxergar que o modelo de família na nossa sociedade vem sofrendo inúmeras transformações e que hoje o laço afetivo é o maior vinculo para a formação de uma família (PINTO, 2002, p. 3).
Outro principio fundamental que deve ser observado é o principio da dignidade da pessoa humana, ao qual se apresenta muito importante para a sociedade por impor um ideal para as pessoas serem melhores tratadas.
Sabendo-se que, a legislação ordinária permite que pessoas solteiras adotem, se vislumbra que a adoção individual por pessoa homossexual é menos controvertida, visto que, a homossexualidade do candidato não pode sobressair o exercício desse direito, sob pena de violação ao principio da dignidade humana, que se sintetiza, nesse caso, nos direitos de igualdade e liberdade. Assim, deverá ser assegurado a todos os cidadãos o direito a uma família, seja ela constituída por pais homoafetivos ou heterossexuais, desde que se observem todos os requisitos legais prevalecendo o melhor interesse e benefícios para a criança ou adolescente.
O juiz ao analisar o pedido

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