Matéria Bem Estar Animal

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Bem-Estar Animal 18/08/2016
A matéria visa adaptar ao aluno a identificar quais são os indicadores para atestar as práticas de bem-estar animal nas propriedades.
Dissonância cognitiva: é entendida como o estresse que percebemos quando temos duas ideias contraditórias ou quando nossas crenças não estão em harmonia com aquilo que praticamos. Comparado ao consumo de carne, mostra que muitas pessoas praticam o consumo de carne, mas não estão de acordo com o abate para tal consumo. Elas mudarão seu comportamento ou sua atitude para evitar ou superar a dissonância.
Indicadores de Bem-Estar Animal
*Físico (Fisiológico): condição fisiológica íntegra, sem lesões e machucados.
*Mental (Comportamental): quanto tempo o bovino fica deitado ruminando, hábito de roer a baia, se lamber, vocalização.
*Naturalidade (Vivência em grupo): se está se comportando adequadamente, não está promovendo canibalismo. 
Levar em consideração que um indicador pode interferir no outro.
Interação homem/animal:
- Animais de companhia: o indicativo de BE mais significativo para cães é a naturalidade. 
- Animais de utilidade: equinos que puxam carroça, o maior problema não é puxar a carroça, mas fato de que esses animais ficam muito tempo trabalhando. Deve sempre respeitar o BEA. 
- Animais selvagens: o tratamento desses animais, e a vinda desses animais para o ambiente urbano. 
- Animais de produção: como tratar esses animais de modo que não se perca a eficiência reprodutiva. 
A preocupação com o BEA: 1º é um sinal de consciência ambiental, ética e social. 2º A retomada de nosso papel como gestores do meio ambiente. 3º Realidade de mercado, e que vem mudando todo o sistema de produção animal. 4º Grande mercado para veterinários. 
São 3 enfoques para a ciência de BEA: ciência, ética e lei.
*A ciência bem-estar considera os efeitos dos seres humanos sobre o animal da perspectiva do animal.
*A ética do bem-estar considera as atitudes humanas para com os animais.
*A legislação de bem-estar considera como os seres humanos são obrigados a tratar os animais.
Avaliação de BEA e as Cinco Liberdades 25/08/2016
Este conceito de BEA surgiu na Inglaterra, servindo como parâmetro para avaliar o índice de BEA.
As cinco liberdades:
* Livre de fome e sede (+ importante);
*Livre de desconforto;
*Livre de dor, lesões e doenças;
*Livre para expressar comportamento normal; 
*Livre de medo e estresse.
Quando um animal é exposto a condições de fome e sede, sua produção fica bem prejudicada. 
Para avaliação desta 1ª liberdade, numa visita técnica pode mensurar o escore corporal, a condição de pasto, o fácil acesso para o cocho, condição do piso e área disponível por animal.
Para a 2ª liberdade: avaliar a disponibilidade de sombra, ventilação, condição da cama, se o piso é adequado.
Para a 3ª liberdade: verificar se o animal está em condições inadequadas que possa lhe causar claudicação, mastite, por exemplo, piso, higiene da cama, manejo de ordenha...
Para a 4ª liberdade: o animal está confinado numa área ou condição que possa praticar seu comportamento natural da espécie?
Para a 5ª liberdade: pode-se coletar material (fezes), para medir os índices de cortisol (medida fisiológica), observar se os animais estão com comportamento estereotipado (condição comportamental).
Além de tudo o bem-estar pode atuar como um parâmetro para a avaliação de sanidade e qualidade de determinadas propriedades. 
Bem-estar x morte
O BEA refere-se à qualidade de vida do animal e a morte interfere a quantidade de vida do animal e não a qualidade; ambas podem estar dentro da preocupação ética.
Conceito de necessidade: um requisito fundamental na biologia do animal, sendo assim, a privação de uma das cinco liberdades, principalmente quando privado de água e alimento, causará um efeito dominó. Como principal objetivo, deve-se manter a vida do animal, em sequência manter a saúde e por fim manter-se o conforto do animal. Assim que são classificadas por importância as 5 liberdades. 
Hierarquia de necessidades
 Algumas necessidades podem ser mais importantes do que outras: 
Provisão de comida e água é uma necessidade fundamental; 
Provisão de uma área de descanso confortável pode ser menos fundamental.
Manter a Vida > Manter a Saúde > Manter o Conforto
Mantença > Crescer > Produção e reprodução
Justificativas para aderir à prática de BEA: ética, mercado, qualidade do produto, exigência do consumidor.
Conflito das 5 liberdades
Livre de doenças está em conflito com o medo do manejo durante um tratamento (estressante);
Livre para expressar comportamento está em conflito com o estresse durante interações sociais normais e dificuldades práticas do manejo ideal.
Há algum estresse com o manejo durante um tratamento ou em relação à disputa de dominância quando os animais estão confinados. Lembrando que todos os sistemas de produção restringem o comportamento natural.
Obs.: quanto maior for o tempo que o animal passa deitado, melhor é a cama (indicador de conforto).
Significância das Liberdades
- Consenso entre cientistas e políticos em muitos países: o bem-estar deve ser considerado em termos das Cinco Liberdades.
As liberdades fornecem: uma indicação inicial sobre o que deve ser avaliado e o que deve ser disponibilizado aos animais.
Elas não definem o padrão mínimo já que é extremamente difícil disponibilizar todas as liberdades o tempo todo.
Hierarquia das necessidades de Maslow
1º) Fisiologia: respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção.
2º) Segurança: segurança do corpo, do emprego, de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade.
3º) Amor/Relacionamento: amizade, família, intimidade sexual.
4º) Estima: autoestima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros.
5º) Realização pessoal: moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos.
A importância das 5 liberdades: fome e sede, dor, lesões e doenças são de extrema importância para os fazendeiros, seguidos do medo e estresse, desconforto e expressar o seu comportamento natural; porém todas são de extrema importância!!! Já na visão dos consumidores, se leva em consideração a expressão do seu comportamento normal, o que não é o mais adequado. 
Restrição do normal: Suínos em gaiolas parideiras – óbvia; Camas inorgânicas, que formam uma “lixa” promovendo problemas de casco nos animais, o que já não é considerado tão óbvio. 
Como avaliar o BEA?
Métodos indiretos: observa a instalação, ambiente e treinamento da equipe e não o indivíduo.
Indicadores de BEA para os métodos indiretos:
Dados do sistema: recursos oferecidos para a criação animal;
Ambiente: abrigo, qualidade da alimentação, água, cama;
Tratador: empatia, conhecimento, capacidade de observação; 
Animal: raça, idade, sexo compatíveis com o sistema;
Métodos diretos: observa os efeitos que a condição de criação do animal está interferindo na vida do mesmo.
Efeitos: avaliação das consequências dos dados do sistema sobre o BEA, pode-se intervir, porém o animal já estará em uma condição de sofrimento.
Indicadores de BEA para os métodos diretos:
Desempenho: índices de produtividade; 
Medidas tomadas nos animais: frequência cardíaca, níveis de cortisol; 
Estados do BEA: comportamento estereotipado, medo.
	As Cinco Liberdades e dados do sistema de criação e efeitos
	Componentes do sistema (parâmetros indiretos)
	
Medidas nos animais
	Efeitos (parâmetros diretos)
	Tratador: ex.: treinamento
	
	ex.: lesões/condição corporal
	Ambiente: ex.: instalações/ dieta
	
	ex.: manqueira
	Animal: ex.: reprodução
	
	ex.: lesões dos jarretes
As Cinco Liberdades & dados do sistema / fatores
Livre de fome e de sede: livre acesso à água fresca e dieta que garanta saúde e vigor físico plenos.
Livre de desconforto: ambiente apropriado, inclusive abrigo e área de descanso confortáveis.
Livre de dor, lesões e doenças: prevenção ou de rápido diagnóstico e tratamento.
Livre para expressar comportamento natural: espaço suficiente, instalações apropriadas e companhia da própria espécie.
Livrede medo e estresse: assegurando condições e tratamento que evitem o sofrimento mental.
Base para quantificação de problemas: deve-se dar a nota de 1 a 5 me baseando na severidade da lesão (índice de produção, comportamento, isolamento social); duração (há quanto tempo o animal está submetido à determinada condição prejudicial); número de afetados (%).
Quantificação da severidade
Desempenho da produção: ex.: índices de crescimento;
Doença: ex.: manqueira, pneumonia;
Fisiologia: ex.: frequência cardíaca, cortisol;
Comportamento: ex.: medo.
Indicadores Fisiológicos do Bem-Estar Animal 01/09/2016
“Bem-estar animal é o estado físico e psicológico de um animal diante de suas tentativas de lidar com o ambiente”.
 
Alteração no bem-estar
Alteração nos estados físicos e psicológicos
Respostas fisiológicas
Respostas do sistema nervoso autônomo (SNA) é o principal responsável pelo controle automático do corpo frente às modificações do ambiente.
Sistema nervoso autônomo age de duas maneiras: 
1) Sistema nervoso simpático – medular da adrenal:   
Aumento do débito cardíaco: frequência cardíaca (taquicardia), contração do músculo cardíaco;
Aumento do fluxo sanguíneo para os músculos: vasoconstrição periférica, contração do baço;
Aumento no volume de ar inspirado: frequência respiratória, relaxamento dos bronquíolos.
Ação do Sistema Nervoso Parassimpático regula o SNS, age no coração (nódulo sinoatrial) - reduzindo o débito cardíaco (bradicardia).
Podem-se utilizar os efeitos do SNS como parâmetro para avaliação do bem-estar fisiológico, porém deve-se tomar cuidado, pois o animal pelo fato da coleta, da presença, já pode ficar com alterações, porém, não indicativas para uma análise de bem-estar. 
*Quando estiver procurando uma situação de stress agudo posso dosar adrenalina? 
Diante do estresse permanente, ocorre a habituação das adrenais (onde as mesmas ficam permanentemente estimulas).
No caso da mensuração das catecolaminas (adrenalina), deve ser realizado no momento do estresse, pois as mesmas permanecem por pouco tempo circulante, já que as catecolaminas são metabolizadas rapidamente. Entretanto, deve-se avaliar o tipo do método para a coleta do material, quanto menos invasivo é melhor, pois causará menos interferência nos resultados. Deve-se procurar o método mais adequado para o momento. O indicado é que esse tipo de mensuração seja realizado apenas em animais em situação de laboratório, onde se coloca um cateter no vaso e o mesmo dosa os picos de adrenalina. A campo isso é inviável! 
2) Sistema nervoso parassimpático: Regula o sistema nervoso simpático. Irá reduzir o débito cardíaco (diminuindo a FC – Bradicardia). SNP age no coração (nódulo sinoatrial). 
Mensuração das Respostas do SNA
Direta: frequência cardíaca, pressão sanguínea (está ligada a uma reação mais crônica de bem-estar), frequência respiratória, níveis de catecolaminas.
Indireta: habituação das adrenais, enzimas das adrenais.
Resposta do SNA= medida aguda (direta).
Alterações patológicas= medida crônica.
Obs.: arritmias cardíacas podem indicar alteração crônica por estresse perpetuado.
Avaliação das técnicas de mensuração: 
-Para a avaliação das técnicas de mensuração, temos que levar em conta os prós e contras quanto a invasividade (severidade da implantação), restrição (Contenção necessária) e perturbação (efeito da amostragem sob o parâmetro). 
Avaliação das técnicas de mensuração
Prós e contras das técnicas quanto a: invasividade (severidade da implantação); Restrição (contenção necessária); Perturbação (efeito da amostragem sobre o parâmetro).
A FC indica o bem-estar em um dado momento, pois qualquer alteração no bem-estar pode causar taquicardia ou bradicardia. 
	Medição de frequência cardíaca
	Método
	Invasivo
	Restritivo
	Perturbador
	Direto, ex.: estetoscópio
	X
	√
	√
	Conectado, ex.:
monitor polar
	X
	√
	X
	Telemetria
	√
	X
	X
	Monitor remoto (jaqueta)
	X
	X
	X
A PA também pode sofrer alteração diante de um estímulo repetitivo.
	Medição da pressão sanguínea
	Método
	Invasivo
	Restritivo
	Perturbador
	Esfingmomanômetro: cauda, orelha e braço
	X
	√
	√
	Cateterização: arterial
	√
	√
	X
	Telemetria
	√
	X
	X
Telemetria: procedimentos invasivos (chip, sensor), que promovam registro e leitura de dados.
A FR permite avaliação do estado atual, é de fácil observação e está intimamente relacionada com frequência cardíaca.
Catecolaminas:
A medular da adrenal libera: Adrenalina (Epinefrina) e Noradrenalina (Norepinefrina).
Sua especificidade se dá da seguinte forma: Adrenalina = ↑ debito cardíaco Cardo - ↑ efeito metabólico e ↑ resistência periférica (estímulos psicológicos).
Noradrenalina = estímulos físicos
A medida de estado agudo é realizada por meio da liberação imediata e meia-vida curta.
	Medição de catecolaminas
	Necessidade de amostragem rápida
	Método
	Invasivo
	Perturbador
	Restritivo
	Variável
	Cateterização
	√
	X
	√
	X
	Urina
	X
	√
	√
	√
	Necropsia
	X
	X
	X
	X
Análise com cateter dentro do vaso – Cromatografia líquida de alta precisão (HPLC). 
Respostas neuroendócrinas
Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) é o maior mediador de respostas endócrinas. O HHA aumenta a mobilização de reservas de energia para reação física (gliconeogênese e, mobilização proteica e de gorduras).
O HHA serve como mediador de respostas para: Estresse, Atividade sexual, Cortejo, Chegada de alimentos.
Características do HHA: não tão imediato quanto o SNS, medida de mudanças agudas no bem-estar. Ex.: glicocorticóides no plasma aumentaram entre 2 e 10 minutos após o estímulo e podem permanecer elevados durante horas, dependendo da gravidade do estímulo. 
Glicocorticóides
São espécies dependentes: Cortisol - humanos, macacos e suínos, etc.
Corticosterona: ratos, camundongos, outros roedores.
É útil como medida direta aguda.
Ex: Cortisol aumentado em cordeiros, em resposta a corte de cauda e castração. 
Ex: Corticosterona em ratos após confronto agressivo. O dominante – inicia alto e termina baixo, já o subordinado inicia alto, permanece elevado. 
	Medição de Glicocorticóides
	Método
	Invasivo
	Restritivo
	Perturbador
	Plasma
	√
	X ou √
	X ou √
	Saliva
	X
	X
	√
	Urina
	X
	X
	X
	Fezes
	X
	X
	X
*Análise: ELISA, Cromatografia liquida de alta precisão- HPLC, Radioimunoensaio-RIA.
Obs.: serve para buscar anticorpo.
Outros efeitos dos sistemas neuroendócrino e nervoso autônomo podem ser usados para avaliar o bem-estar: TºC, patologias em órgãos.
Temperatura corporal: Alterações em outros sistemas fisiológicos (ex.: atividade adrenal)= mudanças da temperatura corporal central = medida do estado agudo.
	Medição da Temperatura
	Método
	Local
	Temp. central
	Invasivo
	Restritivo
	Perturbador
	Direto, ex.: termômetro
	Boca, orelha e reto
	√
	X
	√
	√
	Telemetria
	Interno
	√
	√
	X
	X
	Imagem térmica
	Pele
	X
	X
	X
	X
Patologias em órgãos: Alterações crônicas do bem-estar= grande variedade de patologias.
A maioria é avaliada post-mortem. As patologias incluem: Hipertrofia da adrenal, lesões renais, lesões do miocárdio, aterosclerose.
Ex: Instabilidade social em grupo de ratas = Hipertrofia da adrenal. 
Ex: A presença de animais dominantes causa lesões renais em animais subordinados em camundongos. 
Ex: Lesões do miocárdio causadas por períodos de contenção mais prolongados em suínos.
Indicadores Comportamentais do BEA 01/09/2016
Comportamento Animal: se faz útil no estudo do bem-estar porque é um indicador de estado mental dos animais. O etograma é feito com base no tempo em que o animal demora para se alimentar, se limpar e etc. Observando o seu comportamento natural. 
Define-se o comportamento como as escolhas que o animal faz sendo um resultado da análise dos estímulos ambientais. Essas escolhas são influenciadas por respostas inatas- espécie e raça; estado fisiológico– idade e prenhez e experiências anteriores. 
Indicadores: 
1) Observação do comportamento: verificar comportamentos estereotipados, em que o animal usa para se “distrair”, só desenvolve a estereotipia quando ele estápor um longo período numa situação desconfortável. 
*Observação e registro de como os animais utilizam o seu tempo em um ambiente natural (Etograma). Analisar o repertório de atividades e tempo de dedicado a cada uma delas. 
Ex.: bovinos, quanto tempo esse animal passa ruminando, pode estar relacionado a limpeza do ambiente e outros. Já em suínos, deve se considerar o tempo que o animal fica fuçando e a presença de banheira de lama. Depois comparo esse registro obtido em ambiente natural com um ambiente fechado/ restrito. 
Essa observação do comportamento não pode indicar a importância de determinadas restrições, como se o animal de adaptaria no ambiente. 
2) Escolhas: qual o tipo de situação em que o animal se adapta mais. Para que seja efetivo, deve se oferecer ao animal uma diversidade de opções e deixa-lo escolher e explorar as suas preferências. Dando assim a oportunidade de eles controlarem o seu próprio ambiente.
3) Trabalho que um animal fará para obter o que necessita: seja um recurso, alimento e sempre são coisas importantes para ele. São experimentos que avaliam o nível de motivação desse animal, frente a quanto esse animal está disposto para desenvolver determinada atividade. 
4) Desvios do comportamento: Estereotipias. Ex.: bezerros mamando, sugando as barras da baia e em suínos também é presente. Em cães observa-se lambedura. 
As vantagens dos indicadores de bem-estar: mais fácil e menos invasivo; requer menos equipamentos; pode ser feito fora do laboratório. 
As desvantagens dos indicadores de bem-estar: difícil interpretação; considerado menos rigoroso por alguns pesquisadores. 
Avaliação e Manejo do BE em Grupo 08/09/2016
Abordagem epidemiológica 
A epidemiologia faz a análise do número de indivíduos acometidos dividido pelo total populacional. É realizada uma avaliação individual ou uma avaliação em grupo, para isso você deve avaliar uma amostra – essa amostra deve garantir representatividade da população. Pode-se trabalhar com 1% da população, contanto que você tenha uma avaliação que leve em conta todo o grupo presente, seja uma amostra de cada galpão, de cada espécie, de cada idade e etc, por grupos. 
Incidência: é o número de casos novos em um determinado tempo sob o número de animais sob esse risco. 
Prevalência: é o número de animais doentes (confirmados) sob a população que está avaliando (número de animais sob esse risco) – é crônico. 
Essas amostragens podem ser realizadas em animais de biotérios, Ongs, CCZs, animais de produção, animais silvestres: Sujeitos coletivamente aos mesmos fatores. 
Requisitos para indicadores de bem-estar:
1- Aplicabilidade: restrição de tempo, custos, manuseio dos animais. 
2- Confiabilidade: qual a chance que tenho de pegar uma amostra e estar cometendo um erro? Sei que minha amostra é boa quando há REPETIBILIDADE. 
- Repetibilidade: é a concordância de resultados 
- Validade: significado do parâmetro 
Os métodos de avaliação:  
1- Dados do sistema: medições das instalações, disponibilização de água e alimentos e qualificação do tratador (pois são eles que fazem o transporte e são responsáveis por esses animais no maior pico de stress deles, podendo comprometer a qualidade da carne). 
2- Efeitos: avaliação do animal vivo ou avaliação do animal morto (abatedouro, necropsia – pode identificar a doença e posteriormente alterar os parâmetros para alcançar o bem-estar dos animais que ainda estão entre a população, vivos). 
O objetivo é que se alcance o bem-estar buscando um escore corporal eficiente para esses animais. 
Interação Homem-Animal 15/09/2016
A relação que se estabelece com animais selvagens hoje em dia não é mais como subsistência, em muitos locais é determinada uma caça esportiva – muitas vezes cultural, competição – onças que podem ser as pragas para a criação serão abatidas. Animais de utilidade (cavalos) são proibidos em São Paulo pelo fato de não oferecer descanso ao animal, também temos os animais de produção (aves), animais de experimentação (camundongos, ratos e etc.), animais de trabalho (tração, cães de caça, pastores, de guarda e terapeutas). 
Os principais objetivos para as pessoas terem animais de estimação são: companhia, vontade de cuidar, moda/ status. Nós interagimos com essas outras espécies pelo motivo de sentir empatia para com outras pessoas. 
A TAA (terapia com cães) auxilia muito as pessoas a se desenvolverem aliado a fisioterapia. 
Obs.: animais de experimentação, são condicionados para aceitar algumas condições ou procedimentos que são rotineiros; esse condicionamento visa minimizar o estresse dos animais. 
Bem-Estar em Animais de Produção 27/10/2016
O selo dado a criações animais atesta apenas que o animal foi criado de forma humanitária, mas não necessariamente em bem-estar – foi criado sem maus tratos, violência e com alimento e água disponível, mas não quer dizer que tinha liberdade de expressar seu comportamento normal, por exemplo.
Testes realizados na carne serve para medir a acidez e maciez demonstrando a correlação da qualidade da carne com as condições de abate.
• Importância da qualidade do transporte de animais de produção 
Quando ocorrem problemas no transporte, terá problemas no produto final, diminuindo seu valor; Perdas produtivas causadas por: mortes, ferimentos, redução da qualidade da carne; Além de ocorrer um comprometimento do bem-estar.
• Em relação ao transporte de animais de produção, é importante frisar os tópicos de bem-estar, tais como: 
Métodos de embarque/desembarque; Lotação dos caminhões; Fadiga e períodos de viagem; Ferimentos e inspeção: padrões do veículo e competência do motorista; Estresse por calor e frio; Fome, desidratação e sede; Enjoo de viagem.
• Para ser considerado um bom transporte, é necessário atender aos quesitos básicos (Especificações):
Ângulo de embarque adequado; Ventilação adequada; Espaço e área para movimentação da cabeça adequados; Sem partes afiadas ou saliências (pode ocorrer ferimentos); Piso não escorregadio e resistência adequada; Cama absorvente ou forma alternativa de remoção de fezes; Fácil de limpar e à prova de fugas. 
**Veículos de “alta especificação” (CE) – possuem: cama suficiente, alimento adequado e suficiente, acesso direto aos animais, ventilação adequada, divisores internos móveis, e são veículos equipados para conexão com uma fonte de água quando parados.
• A competência do motorista é de extrema importância no momento do transporte desses animais. O motorista é responsável “moral” e legal desses animais, devendo ter conhecimentos sobre as leis do bem-estar animal, manejo básico de animais, especificações veiculares. Além de ter habilidade de planejar viagens e solucionar problemas inesperados; carregar, operar e controlar o veículo, e saber o momento de procurar ajuda de terceiros. 
• É necessário também, respeitar o período de viagem, que é determinado por um protocolo/legislação; 
EUA: Lei das 28 horas (1873) – Animais transportados por mais de 28 horas devem ser desembarcados por um mínimo de 5 horas para: descanso, fornecimento de água e alimentação; 
Austrália – Código de Prática para o Bem-Estar Animal (Modelo) – Transporte terrestre: Gado (< 48 horas); Suínos (<24 horas).
Diretiva de Transporte Européia – 8 horas, exceto para veículos de “especificação alta”, quando espécie-específicos; Até 24 horas, com água disponível no caminhão (suínos) ou 29 horas, com uma parada para descanso (bovinos e ovinos adultos). 
**Sede e desidratação são consideradas problemas severos para suínos e aves, e menos sério para ruminantes – rúmen atua com um reservatório. 
• Assuntos prioritários de bem-estar em bovinos (o que não fazer):
-- Embarque e desembarque: não se deve utilizar bastões, pois deixam marcas e hematomas; rampas ruins.
-- Mistura de touros jovens.
-- Vacas de leite: requerem ordenha.
-- Vitelos incapazes de deitar: provisão inadequada de cama e lotação alta.
-- Desidratação em vitelos.
• Assuntos prioritários de bem-estar em suínos:
-- Medo durante embarque/desembarque, com o uso de bastões; Mistura de grupos sociais– o animal está acostumado com um grupo, e no momento do embarque misturam-se vários grupos, gerando estresse aos animais, o ideal é deixar os grupos separados, em salas separadas; Ângulo das rampas; Veículos escuros e áreas de espera.
-- Estresse calórico e desidratação.
-- Enjôo de viagem.
-- Ferimentos por excesso de lotação.
• Assuntos prioritários de bem-estar em aves:
-- O maior problema é a captação/remoção das aves da granja – o pessoal que remove as aves são pagos “por unidade”, o que faz com que eles queiram pegar várias aves em menor tempo, podendo ser prejudicial às aves, causando ferimentos, dor nas patas em frangos/perus, fraturas em aves de postura 
-- Estresse por calor em aves de corte - aves devem ser transportadas durante a madrugada, pois são muito sensíveis ao calor, podendo morrer de estresse térmico se transportadas durante o dia.
-- Tempo de viagem.
-- Acesso à água e alimentação.
• Não se deve transportar animais nas seguintes situações:
Gestação adiantada; Recém-nascidos; Animais lactentes; Animais que estejam doentes ou feridos, a menos que seja um ferimento pequeno, que ele possa suportar seu peso em todas as patas, possa caminhar sem ajuda até o transportador, e caso o transporte esteja ocorrendo para tratamento veterinário emergencial.
Abate de animais de produção
No momento do abate, os animais têm algumas necessidades básicas que devem ser respeitadas, como não sofrer no momento da morte. Princípios: Os desejos das pessoas não devem prevalecer às necessidades básicas dos animais; O “benefício” às pessoas deve “justificar” o “custo” aos animais. 
A qualidade da carne pode ser reduzida pelo estresse ao abate.
• No pré- abate os animais devem ficar em salas isoladas, e nunca expostos/observando os que já estão sendo submetidos ao abate. É nesse momento que ocorre a contenção dos animais e insensibilização dos mesmos, para que não sofram ou sintam dor no momento da morte.
• Abate – é o ato de matar animais para alimentação humana e é um “processo” que geralmente envolve duas etapas: 1) Insensibilização – indução da perda de consciência em tempo “muito curto”; 2) Matança – realização de um processo adicional após a insensibilização, que torna a recuperação fisiológica impossível, levando o animal à morte.
Para qualquer animal de produção, um ótimo método de abate envolve: Obtenção de um estado imediato de inconsciência, seguido de uma progressão rápida à morte. Estes princípios são considerados a melhor prática e são forçados pela legislação de muitas sociedades. 
• Mecanismos para obtenção de insensibilidade imediata: pistola de insensibilização, aplicada corretamente induz insensibilidade em 150ms, usada em bovinos; 
Insensibilização por percussão, aplicada corretamente induz insensibilidade em 150ms. Percussão: “choque potente de um corpo sólido contra outro”; Concussão: “inconsciência ou incapacidade temporária devida a um golpe na cabeça”. 
Insensibilização elétrica, atua induzindo atividade elétrica não coordenada (atividade epileptiforme) no cérebro, tornando o animal inconsciente. – “Banho” automatizado em aves:aA insensibilização elétrica é obtida através da passagem da cabeça de cada ave pelo “banho”.
Insensibilização por gás em aves e suínos – é feita com altas concentrações de CO2 ou argônio. Em altas concentrações, o CO2 age como um gás anestésico; argônio não é detectável (inerte) e induz morte por anóxia. Existem questões éticas e econômicas sobre estes métodos.
Bem-Estar Animal 03/11/2016 – Ricardo
Bem-Estar em Animais de Companhia
O que são animais de companhia? São animais mantidos basicamente para companhia e prazer do homem – animais de “estimação”, usualmente refere-se a cães e gatos. Podem ter funções adicionais de trabalho. Cães e gatos que estão nas ruas também entram nesta categoria.
• Já foram confirmados vários benefícios associados aos animais de estimação como:
-- Estresse reduzido;
-- Aumento da sobrevida do proprietário; 
-- Trabalho e entretenimento;
-- TAE assistida por animais (terapia assistida) – Uso terapêutico e entretenimento, usado para o desenvolvimento infantil, em programas de reabilitação de criminosos. 
• Existem vários problemas associados aos animais abandonados, como:
Sofrimento animal; Zoonoses; Acidentes de trânsito; Poluição pelas fezes, urina, etc.; Incômodo em geral: barulho.
Deve pensar nas considerações de bem-estar para animais abandonados nas ruas, como: possível falta relativa de comida e água, exposição a parasitas e doenças infecciosas, exposição a ferimentos, exposição a medo e estresse.
• Para ter um animal de companhia, é de extrema importância pensar na posse responsável:
-- Assegurar o atendimento das necessidades do animal – Cinco Liberdades;
-- Reduzir o risco de ferimentos ou doenças para os humanos; Reduzir o risco de ferimentos ou doenças para outros animais; 
-- Reduzir o risco de poluição/incômodo para a sociedade.
• A OMS estima que a população mundial de cães seja 10% da população humana. Deste número, 75% podem ser encontrados nas ruas. 
Bem-Estar em Animais de Experimentação e Ensino (laboratório)
• Animais de experimentação eram/são usados em: 
• Pesquisa básica – Aumento do conhecimento sem aplicações práticas imediatas: fisiologia, comportamento animal.
• Pesquisa biomédica – Propósitos específicos na medicina: modelos animais de doenças, testes de drogas.
• Testes de segurança de produtos – Novos medicamentos: produtos de uso doméstico e cosméticos; testes de toxicidade aguda/crônica; testes de carcinogenicidade; testes de toxicidade reprodutiva e ao desenvolvimento; testes de irritação dérmica ou dos olhos; testes de mutagenicidade. 
• Produção de biológicos – Como anticorpos em coelhos; modificação genética de animais para produção do fator 8.
• Ensino e treinamento – Dissecações escolares, pesquisa de estudantes universitários. 
• Pressuposto – O uso de animais de experimentação é um “mal necessário”, precisa ser feito. Mas sempre que possível deve-se evitar o uso desses animais, substituindo o método de teste – buscar alternativas que diminuam o mal e a quantidade de animais utilizados.
Conceito dos 3 “Rs” – Russel e Burch, 1959: “Os princípios da técnica experimental humanitária”: Substituição (Replacement); Redução; Refinamento.
• 1° R – Substituição (Replacement) – Alternativas para a experimentação animal: referem-se geralmente à substituição de procedimentos animais específicos, como us no ensino e em testes de segurança.
A substituição de animais sencientes – Por uso de organismos não sencientes; Técnicas in vitro: cultura celular, substituir técnica in vivo pra in vitro, diminuindo os animais utilizados; Substitutivos não biológicos: modelos de computador, recursos audiovisuais, etc.
• Como podem funcionar essas substituições: 
-- Culturas de células – Estudar doenças virais, câncer, atividades enzimáticas e hormonais, fisiologia de tecidos e testes de toxicidade; 
-- Estudos epidemiológicos – Estabelecem ligações entre causa e efeito. Exemplo: ligação entre determinadas substâncias químicas, fumar, radiação, dietas ricas de açúcar e gordura, e a probabilidade de vários tipos de câncer (estudar quantas pessoas que fumam tem probabilidade de ter câncer, por exemplo);
-- Pesquisa biotecnológica – Células expostas a substâncias tóxicas in vitro têm seus genes danificados. “Chips” de DNA/ sondas de DNA – identificam genes danificados, indicando o grau de toxicidade de uma substância;
-- Pesquisa clínica – Estudo da doença no paciente para identificar suas características, sintomas, possíveis causas e podem ser desenvolvidos novos tratamentos;
-- Estudos em voluntários humanos – Estudo de drogas, em testes de irritabilidade dérmica e exposição a substâncias tóxicas presentes na atmosfera;
-- Modelos de computador e matemáticos – Programas usados para testar produtos. Modelos que simulam o sistema humano até ao nível molecular.
• 2° R – Redução – Redução do número de animais utilizados para o mínimo absoluto, usando:
-- Estatísticas adequadas;
-- Evitar repetições;
-- Perguntasa se fazer antes de começar um projeto usando animais – Smith e Boyd (1991) – Os métodos propostos são relevantes para a pergunta científica em questão? O uso de animais é essencial? A espécie e o número de animais usados são adequados? É necessário utilizar práticas com a severidade proposta? A quantidade de informação obtida através dos animais está maximizada? As instalações onde a pesquisa será feita apresentam qualidade adequada para o trabalho ser bem sucedido?
• Quantidade e qualidade:
Estima-se que entre 14 e 21 milhões de animais de experimentação foram utilizados, em 1992, nos Estados Unidos; As espécies mais usadas são ratos e camundongos. Muitos pesquisadores selecionam por conveniência, facilidade, disponibilidade, custo, adequação científica.
Fontes de animais: Animais especificamente criados para a experimentação; Animais capturados na natureza; Uso de animais de abrigos/CCZ. 
• 3° R – Refinamento – Redução do sofrimento:
Dor – uso de analgesia e anestesia; Outras experiências adversas – importância das condições de alojamento; Limiares humanitários – até quando deixar um tumor crescer antes de se praticar a eutanásia; Altos padrões de bem-estar = altos padrões de ciência. 
-- Dor – é, historicamente, pouco reconhecida e tratada em animais de experimentação. Diferentes espécies têm diferentes comportamentos em momentos de dor. Escores de dor auxiliam a avaliar a dor; devem ser feitas analgesia e anestesia preventiva. 
-- Alojamento dos animais – Passam mais tempo nos alojamentos que em experimentos; 5 liberdades: necessidades físicas – comida, água, prevenção de doenças: Germ Free. 
Ambiente estéril? – Que não atendem às necessidades psicológicas de um animal. “Enriquecimento ambiental”: Provisão de ambiente estimulante que permita a expressão em maior grau do seu comportamento natural. 
-- Eutanásia – Limiar humanitário, fim do experimento ou como parte do experimento. O ideal é ser feito de forma indolor, com indução rápida de inconsciência e morte, de forma confiável e irreversível, com estresse psicológico mínimo, seguro para o operador, a morte tem de ser verificada. São utilizados os métodos: injeção, inalação, físico.