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Edição 113 | 2014 | ISSN 1414-6517 – Publicação Especializada da Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM Sistema estrutural em aço auxilia na revitalização do Teatro Brasileiro de Comédia Paulo Skaf Sala Vip Projeto em desenvolvimento Uma alternativa à recuperação de edificações históricas Retrofit 12 20 24 28 36 4 Editorial A serviço da transformação 6 Sala Vip Paulo Skaf 12 Reportagem Entre o antigo e o novo 20 Aço em Evidência Mudança de uso 24 Projeto em Desenvolvimento De volta ao cenário cultural 28 Especial Luiz Telles e o Centro Cultural São Paulo 30 Notícias ABCEM Dânica fornece fachada para shopping no Ceará 30 Demuth entrega galpões móveis para Maceió 31 Tuper participa da ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas, SP 32 Norma para perfis tubulares 34 Vem aí o CONSTRUMETAL 2014 35 Prêmio ABCEM 36 Galvanização Aço galvanizado por imersão a quente é usado na recuperação de edifício com valor histórico 38 Artigo Técnico Intervenções metálicas em edificações de valor histórico e cultural: estudos de caso de interfaces 42 Livros & Aço Coberturas – Projetos e Detalhes Construtivos 42 Engenharia integrada por computador e sistemas CAD/CAM/CNC 44 Estatística Em fevereiro,compras, vendas e importações sofreram recuo em relação a janeiro 46 Nossos Sócios Panisol, Alge 47 Sócios & Produtos Empresas, entidades de classe e profissionais liberais 50 Agenda Eventos do Setor 4 Construção Metálica Edição 113 – 2014 Publicação especializada da Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM Conselho Diretor ABCEM Presidente Luiz Carlos Caggiano Santos (Brafer) Vice-Presidentes César Bilibio (Medabil) Fulvio Zajakoff (Bemo) Ronaldo do Carmo Soares (Gerdau) Ulysses Barbosa Nunes (Armco Staco) Diretores Antonio Roso (Metasa) Steffen B. Nevermann (Dânica) Ademar de C. Barbosa Filho (Codeme) Marino Garofani (Brafer) Weber Reis (CSN) Marcelo Manzato (Manzato) Bernardo Rath Garcia (Techsteel Eng.) Alan Baldon (Engemetal) Horácio Steinmann (Metasa) Carlos Eduardo Marzola (Tecnaço Const. Met.) Afonso Henrique M. de Araújo (Vallourec) Volmir Supptitz (Nova JVA) Norimberto Ferrari (FAM Const. Metálicas) Érik Demuth (Demuth Machines) Edson de Miranda (Perfilor) Diretora Executiva Patrícia Nunes Davidsohn patricia@abcem.org.br Secretaria Geral Av. Brig. Faria Lima, 1931 – 9o andar – Cj. 91 01452-001 – São Paulo, SP Fone/Fax: (11) 3816.6597 abcem@abcem.org.br www.abcem.org.br Publicidade e Marketing abcem@abcem.org.br Edição Sansei Projetos Paulo Ferrara Filho ferrara@sanseiprojetos.com.br Soriedem Rodrigues Direção de Arte e diagramação Antonio Albino Jornalista Responsável Nadia Fischer (MTB 30097) Estagiária Lilian Kaori Fujita Revisão Tassiana Ghorayeb Resende Contato com a redação redacao@sanseiprojetos.com.br (11) 7630-8879 Publicidade Av. Brig. Faria Lima, 1931- 9o andar 01452-001 – São Paulo, SP Fone/Fax: (11) 3816.6597 www.abcem.org.br Tiragem 5.000 exemplares Capa: foto cedida por Dupré Arquitetura ERRATA: informamos que a unidade das espessuras na tabela do artigo “Cor e proteção em superfície de aço” da RCM 112 é micrometros e não milímetros, conforme publicado. Isto é, 1 μm = 10-6 m. Na mesma matéria, a titulação correta de Fabio Domingos Pannoni, consultor técnico da Gerdau S.A, é Químico, pela Universidade de São Paulo, mestre em Engenharia Metalúrgica e doutor em Engenharia de Materiais, ambos pela Escola Politécnica da USP. Construção Metálica é uma publicação trimestral, editada desde 1991, pela Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM, entidade que congrega empresas e profissionais da Construção Metálica em todo Brasil. A revista não se responsabiliza por opiniões apresentadas em artigos e trabalhos assinados. Reprodução permitida, desde que expressamente autorizada pelo Editor Responsável. A primeira edição desse ano da Construção Metá- lica chega em grande estilo. O tema “retrofit” foi muito oportuno, dado o momento em que grandes projetos tomam ou tomaram forma inusitada graças ao proces- so de restauro. Com tipologias variadas e em diversas escalas em comum, todas as obras receberam aço no processo de recuperação. Em todos os casos, o material mostrou sua capacidade de adaptação, flexibilidade e, sobretudo, rapidez de execução. Em um momento em que alguns setores tiveram suas expectativas frustradas, talvez por receio aos ru- mos da economia brasileira, talvez pelos juros altos ou pela alta taxa tributária, ou ainda, talvez por tudo isso, nosso entrevistado da seção Sala Vip, Paulo Skaf, fala sobre suas crenças no desenvolvimento do segmento construtivo metálico. E mais, ABCEM tem mantido sua aproximação com as demais entidades de classes, pois somente a união trará o fortalecimento do setor junto aos gover- nantes. Nas páginas a seguir provaremos o potencial das estruturas metálicas na maioria delas. Reservamos para a grande reportagem três projetos emblemáti- cos de restauro e retrofit: a Cinemateca, o Hospital A.C.Camargo – ambos revitalizados por Nelson Du- pré, além do Centro Cultural Red Bull Station, edifi- cação tombada pelo Concresp em 2002 e restaurada pelo escritório Triptyque. Nesse sentido, o setor tem contribuído com a pre- servação da identidade cultural do país, prática que aos poucos é incorporada às cidades. Um exemplo é o Pátio Cianê Shopping, em Sorocaba, interior de São Paulo, que ocupa uma área onde anteriormente opera- vam fábricas de tecelagem. Outra obra interessante é a do Teatro Brasileiro de Comédia (TCB), edificação que marcou a modernização do teatro nos anos 1940 e, em breve, voltará ao cenário da capital. Por fim, o que se pode dizer é que construções de grande valor histórico não acabam, apenas se ausen- tam para voltarem requalificadas. Assim será um dia com um dos grandes equipamentos urbanos, o Centro Cultural São Paulo. Mostrado aqui em caráter especial, não como exemplo de restauro, mas como singela ho- menagem ao seu criador, o arquiteto Luiz Telles. Ele também saiu de cena... Boa leitura! Luiz Carlos Caggiano Santos Presidente da ABCEM A serviço da transformação Ju n io r ru iz 6 Construção Metálica SalaVip Construção Metálica 7 Paulo Skaf – A Fiesp acaba de revisar para baixo a sua projeção para o cresci- mento da economia brasileira em 2014, que antes estava em torno de 2% e ago- ra é de 1,4%. É uma queda acentuada, se lembrarmos que no ano passado as ex- pectativas eram de 2,3%. Os principais motivos são a elevação da taxa de juros, a desaceleração do consumo e o fim dos incentivos fiscais, fatores que agravam ainda mais o Custo Brasil e aumentam a nossa perda de competitividade. Por isso, neste cenário, projetamos que o PIB da indústria de transformação em 2014 vai recuar 0,8%, uma perda significativa se levarmos em conta o que ocorreu nos últimos anos. Em 2012 a indústria de transformação recuou 2,4% e em 2013 cresceu 1,9%, ou seja, não se recuperou, ficou no prejuízo. O grande problema é que o Brasil perdeu competitividade e isso afeta a indústria. Não dá mais para suportar os impostos altos, a burocracia, a falta de infraestrutura e a logística cada vez mais cara. Qual a sua perspectiva para o crescimento global no Brasil e, em particular, o da indústria? Paulo Skaf D escendente de libaneses, nascido em 1955, Paulo Antonio Skaf é o atual presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), bem como do Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP) e do Instituto Roberto Simonsen (IRS). Possível candidato ao governo paulista entende que o desenvolvimento rima com a industrialização. No entendimento do Presidente da Fiesp, a origem de uma sociedade brasileira avançada e democrática depende, e muito,de um tripé: renda, qualidade de vida e educação. Para Paulo Skaf, o país ainda necessita de uma reforma tributária que reduza e racionalize a burocracia sobre os impostos. “Mas é necessário, sobretudo, vontade política e, para viabilizar a reforma, disposição para enxugar os custos elevados da máquina, o que demanda uma mudança significativa no perfil de gestão e controle dos gastos públicos”, disse em entrevista à Construção Metálica. 8 Construção Metálica Paulo Skaf – Tenho insistido numa ima- gem que sintetiza e reflete bem o que vem ocorrendo com a nossa indústria. Da porta para dentro, as fábricas estão bem preparadas para competir no mercado global, são modernas, bem equipadas e contam com tecnologias avançadas. O problema é o que temos de encarar da porta para fora: a carga tributária, a bu- rocracia, os juros altos, o câmbio desequi- librado, a falta de infraestrutura, a logís- tica cara e, mais diretamente no caso da produção, a perda na competição com os produtos importados, que chegam mais baratos ao mercado de consumo. Esse quadro só irá se reverter a nosso favor quando tivermos as mesmas condições dos nossos concorrentes para produzir – ou seja, menos impostos, burocracia, ju- ros, câmbio adequado, boa infraestrutura e logística ágil e barata. Paulo Skaf – A competição com os im- portados afeta, hoje, praticamente todos os setores da indústria, porque estamos competindo em desigualdade de con- dições com os concorrentes internacio- nais. O produtor brasileiro é obrigado a enfrentar custos 34% maiores que o dos nossos principais concorrentes. Quem consegue suportar isso? Existe somente uma maneira de resolver esse entrave, que é a redução do custo Brasil. Para isso, temos desenvolvido estudos e mantido interlocução permanente com o governo. Bom, estamos fazendo a nossa parte. Um dos principais problemas do setor de estruturas metálicas é a importação de produtos sem conformidade. Em sua opinião, que ações de combate por parte da iniciativa privada e do governo deveriam ocorrer? Paulo Skaf – O investimento em infra- estrutura tem andado muito devagar. O governo interrompeu a execução de uma série de obras, como a transposi- ção do rio São Francisco, e gastou quase dois anos definindo um novo modelo de concessões. Com isso, os investimentos públicos ficaram baixos. É preciso ace- lerar tanto os projetos próprios quanto as concessões e PPs. O que foi feito até agora é muito pouco para eliminar um atraso de em infraestrutura de mais de 30 anos. Diversos setores importantes tiveram expectativas frustradas, como as indústrias do aço, do cimento e de bens de capital, sem contar os milhares de brasileiros que seriam beneficiados por empregos. Neste ano de Copa do Mun- do e eleições esperamos que as obras deslanchem. A redução da atividade em produtos industrializados no Brasil tem sido assunto recorrente em reuniões de empresários e também na ABCEM. Como o senhor vê esse cenário atualmente? A associação é a voz, a expressão maior de um setor, dirigindo-se tanto para o público interno quanto ao externo. Os grandes eventos provocaram uma enorme expectativa no setor da construção civil. No entanto, vemos certa decepção entre os empresários por demandas e obras de infraestrutura que não foram efetivadas. Como o senhor analisa esse descompasso? Construção Metálica 9 Paulo Skaf – O Brasil necessita de uma reforma tributária que reduza e racionalize a burocracia sobre os im- postos. Mas é necessário, sobretudo, vontade política e, para viabilizar a reforma, disposição para enxugar os custos elevados da máquina, o que de- manda uma mudança significativa no perfil de gestão e controle dos gastos públicos. Apenas com a eliminação de desperdícios, com o combate à corrup- ção, desvios e obras superfaturadas, ou com valores mal calculados, já será possível obter uma grande economia nos custos. Mas chega de improvisos. O Brasil precisa mesmo é de reforma tributária ampla e definitiva, que favo- reça e dê segurança tanto a quem quer produzir quanto a quem quer e precisa consumir. Com uma boa gestão isso é plenamente possível. Paulo Skaf – O Brasil precisa fazer uma revolução urgente no ensino. É inconcebível que na sexta maior eco- nomia do mundo as crianças saiam do ensino fundamental das escolas da rede pública sem saber as quatro ope- rações básicas de matemática ou não consigam ler e, menos ainda, entender e interpretar o que estão lendo. A in- dústria tem feito a sua parte. Estamos construindo 100 novas escolas para abrigar o ensino em tempo integral do Sesi-SP e novas unidades do Senai-SP, além de aumentar as unidades existen- tes. Além disso, vamos ampliar o ensi- no fundamental em tempo integral nas escolas do Sesi-SP. Já implantamos o ensino médio, o que permite aos jo- vens cursarem simultaneamente o en- sino profissionalizante no Senai-SP. O Sesi e Senai de São Paulo contam com 5 milhões de matrículas por ano. Nos- sos cursos técnicos profissionalizantes estão voltados para as vocações regio- nais e necessidades da indústria como um todo, inclusive no campo da cons- trução civil, um dos setores que futura- mente irá demandar mais profissionais qualificados. Renda e qualidade de vida são fatores fundamentais para o aumento da produtividade. Em sua opinião, é possível melhorar a qualificação da força de trabalho e a adoção de novos métodos construtivos que permitam um maior grau de industrialização na construção civil? É consenso de que a carga tributária brasileira prejudica a produção e o consumo. Como aprimorar a política fiscal: redução/ racionalização da carga tributária? O mundo está cada vez mais dinâmico, é preciso fazer com que a teoria se transforme em prática e que a prática seja um diferencial para a competitividade no Brasil. SalaVip 10 Construção Metálica Paulo Skaf – O mundo está cada vez mais dinâmico, é preciso fazer com que a teoria se transforme em prática e que a prática seja um diferencial para a competitividade no Brasil. A Fiesp tem incentivado as indústrias a se aproxima- rem mais das universidades e entendo que estas também devem fazer o mes- mo. Imagino que muitos projetos que estão guardados nas salas das facul- dades poderiam trazer grandes contri- buições para as indústrias. Por que não uma integração maior desses dois cam- pos? É importante que os jovens, estu- dantes e pesquisadores sejam incenti- vados a planejar e desenvolver projetos neste mundo cada vez mais globaliza- do. Começa assim o gosto pelo empre- endedorismo e, consequentemente, os mecanismos para que o Brasil possa se desenvolver mais rapidamente. Paulo Skaf – É evidente que o gover- no tem muito a colaborar nesse campo, gerando políticas de estímulos ao setor. Mas não é isso que vem acontecendo. Temos o problema da tributação em cascata dos insumos industrializados da construção, o que inibe uma maior in- dustrialização do setor. E nesse sentido é fundamental que a indústria de estru- turas metálicas mantenha uma interlo- cução permanente com as autoridades, informando-as de suas necessidades e indicando direções. E cabe também à indústria criar meios de aproximação e conscientização dos agentes da área, como engenheiros, arquitetos e cons- trutores, que possam contribuir para que se faça uso cada vez melhor e mais intensivo das estruturas metálicas. Esse tipo de ação precisa ser permanente. Comunicação e relacionamento fazem toda a diferença. Paulo Skaf – A associação é a voz, a ex- pressão maior de um setor, dirigindo-se tanto para o público interno quanto ao externo. A ação política deve ser consis- tente, não pode se basear em busca de privilégios, mas em proposiçõesjustas. Quanto mais ativa e eficiente for a enti- dade, mais fortes e sólidas se tornam as empresas, fortalecendo o setor como um todo. Temos acompanhado o excelente trabalho desenvolvido pela ABCEM e, especialmente, os seus esforços para ser cada vez mais decisiva no crescimento do mercado de construções metálicas no Brasil. Não temos dúvida de que muitos objetivos vêm sendo alcançados, o que representa um ganho expressivo para a competitividade do Brasil. Como as associações, representantes de fabricantes, podem influir e contribuir para o desenvolvimento da indústria? A cadeia da construção industrializada em aço, por exemplo, racionaliza materiais e mão de obra, reduzindo custos e aumentando velocidade na execução dos empreendimentos. Como deve ser a política de incentivo ao uso de tais sistemas? Como deveria ser a relação entre o setor produtivo e acadêmico para sintonizar o desenvolvimento do conhecimento e a demanda de mercado? Temos o problema da tributação em cascata dos insumos industrializados da construção, o que inibe uma maior industrialização do setor. SalaVip 12 Construção Metálica O conceito de retrofit (retro, em la-tim, significa movimentar-se para trás e fit, em inglês, se traduz como adaptação e ajuste), trata-se de uma al- ternativa para reformar e revitalizar um empreendimento, suas instalações e equipamentos, preservando e valorizan- do a edificação. Mas, afinal, o que difere o retrofit da reforma ou restauração? A reforma diz respeito a todas as intervenções realizadas em um imóvel, porém, sem o compromisso de manter as características arquitetônicas originais, en- quanto a restauração objetiva recompõe o edifício em suas características estéticas e históricas. Já no retrofit é realizada a mo- dernização de instalações e infraestrutura, atendendo às novas demandas, ao mesmo tempo em que se mantêm características originais do partido arquitetônico. Disseminada em países europeus e também nos Estados Unidos, a prática vem sendo empregada em diversas capi- tais brasileiras, sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro onde os terrenos em re- giões bem localizadas são cada vez mais escassos. “Mais do que revitalizar edifi- cações degradadas, seja devido ao tempo ou má conservação, o processo tem como foco a adequação do espaço às necessi- dades estruturais e tecnológicas de novas demandas”, destaca o arquiteto David Vital Brasil Ventura, professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Em geral, o retrofit é adotado em edificações de importância histórica e com restrições de preservação. Neste caso, criam-se condições para as novas fun- ções que favoreçam seu uso. Além disso, é também recomendado quando a constru- ção representa um marco importante à re- gião ou quando o processo for mais rápido do que uma construção nova. Vale lembrar que não há limitações quanto ao uso de edificações tombadas, desde que essa nova destinação não seja conflitante com seu potencial de uso. Por isso mesmo, existem níveis de preser- vação. Nesses casos, antes de qualquer intervenção, é necessária uma análise pelos órgãos de preservação (municipal, estadual ou federal). “Às vezes, antes do tombamento, o edifício foi muito al- terado, o que dificulta sua restauração, necessitando de uma profunda pesquisa em documentos que atestem as carac- terísticas originais. Na dúvida, é melhor não fazer. Esta, aliás, é uma das diretrizes da Carta de Veneza (carta internacional sobre a conservação e o restauro de mo- numentos e sítios)”, ressalta Ventura. Uma alternativa às novas construções inseridas em meio ao bem tombado, parte das obras de retrofit leva estrutura metálica Os arcos da Cinemateca têm batentes calandrados em aço e vedados com vidros acústicos Du pr é A rq u it et u rA Entre o antigo e o novo Construção Metálica 13 reportagem 14 Construção Metálica Perspectiva da fachada do Hospital A.C.Camargo. O objetivo é criar a identidade visual entre os vários blocos, com definição clara entre o objeto restaurado e o conjunto edificado adjacente Construção Metálica 15 Contraste sim, conflito não No entanto, existem casos de tom- bamento de apenas alguns elementos da edificação. Nesse sentido, a busca por tecnologias construtivas, que durante as intervenções afetem o menos possível todo o conjunto, é uma constância entre os arquitetos. Um exemplo é o Hospital do Câncer A.C. Camargo, em São Paulo, projetado por Rino Levi, em 1947. Dada as características dessa tipologia de obra, que internamente necessita de rearranjos e atualizações periódicas, apenas as fa- chadas foram tombadas. O responsável pela restauração do complexo hospitalar, o arquiteto Nelson Dupré, que nos últimos anos tem atuado na recuperação de patrimônio edificado, escla- rece que uma premissa em casos como este é evidenciar todas as modificações realiza- das. “Normalmente costumamos trabalhar com materiais diferentes daqueles utiliza- dos na construção original. Nesse sentido o aço é fundamental tanto pela leveza estru- tural quanto pela facilidade de montagem, uma vez que não interfere na construção preexistente. Se não for possível, alteramos um pouco a configuração, porém destaca- mos a intervenção”, diz. De acordo com o arquiteto David Vital Brasil Ventura, um dos maiores desafios é justamente conse- guir este diálogo entre o bem tombado e os novos volumes. “Costumo dizer para meus alunos da disciplina de Técnicas Re- trospectivas (Patrimônio Histórico) que esta comunicação pode ser conseguida por meio da composição de diferentes volumetrias, gabaritos ou elementos de fachada. Lem- brando que o contraste é desejável, porém, o conflito nunca”, afirma. No Hospital do Câncer A.C.Camargo a proposta foi criar uma identidade visual entre os vários blocos do complexo e destes com outras unidades da instituição. Para tanto, estabeleceu-se uma definição cla- ra entre o objeto restaurado e o conjunto edificado adjacente, evidenciado por seus volumes. Para chegar a tal resultado, o ar- quiteto Dupré esclarece que foi necessário um elemento de contraposição entre as edificações, porém inserido de forma har- mônica com a fachada histórica vizinha. “Utilizamos chapas perfuradas metálicas sobre as fachadas de todo conjunto lateral, e também nas coberturas dos blocos, so- lução que proporciona total transparência para quem está dentro do prédio, mas ne- nhuma para quem está fora”, conta. Assim, o projeto é composto pela restauração das fachadas dos blocos A, C e D (objetos do tombamento), ao mesmo tempo em que resgata a imagem inicial do conjunto graças ao redesenho das fachadas do bloco B (não tombado) e a criação de novas circulações com o bloco A – além da execução de um novo vo- lume para a circulação vertical na facha- da leste do bloco A. Todos os elementos foram projetados com o uso de estrutura metálica em aço. reportagem iM A g en s: D u pr é A rq u it et u rA 16 Construção Metálica Reportagem landramos no vão para recuperar o dese- nho anterior. Identificamos a arquitetura original pelo desenho dos vãos em arco e dos lanternins da cobertura na estrutura”, explica Nelson Dupré. Além disso, o tombamento do con- junto se deu sobre a configuração da construção em 1921, onde a interligação entre os prédios era feita por meio de te- lhados, criados décadas após sua constru- ção, unificados como se fossem um único edifício. Como o arquiteto era contrário à restauração pelo princípio de tomba- mento do Conselho Municipal de Preser- vação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Concresp), a reação foi produzir uma passarela metáli- ca coberta por vidro, capaz de reproduzir a estereotomia dessacobertura de 1921, mas fazendo um resgate das característi- cas iniciais dos edifícios originais, como, por exemplo, suas aberturas laterais, sua iluminação, resgatar o afastamento en- tre os blocos, etc. “Depois de 80 anos o projeto pode ser mudado graças à criação desse elemento de passagem, desenvol- vido com vigas vagão leves e coberturas de vidro. Respeitamos o patrimônio e res- gatamos sua identidade. Não conseguirí- amos chegar a tal solução se não fosse o uso do aço”, garante Dupré. Também elaborado pelo arquiteto Nelson Dupré, o projeto de retrofit da Ci- nemateca Brasileira, em São Paulo, é outra experiência que vale ser citada. Implanta- da desde 1992 no antigo matadouro mu- nicipal na Vila Mariana, a obra do arqui- teto Alberto Kuhlmann é datada de 1884. Os edifícios remanescentes do “núcleo histórico” passaram por restauro e adap- tação às suas atuais necessidades, tais como o centro de documentação, o café, as áreas de apoio, os sanitários e as salas de cinema e de eventos. Além das antigas edificações, no terreno de 40 mil m², exis- tem outras instalações específicas de atri- buições da Cinemateca, como laboratórios de restauro de filmes, depósitos, arquivos de matrizes e áreas administrativas. “Neste caso, a otimização da estru- tura metálica foi deliberada, uma vez que não existia nenhum elemento metálico em todo o conjunto, executado na época em tijolo e madeira”, comenta Dupré. As- sim, a antiga cobertura executada com te- soura de madeira deu lugar a um desenho mais limpo e singelo em aço, que enfatiza a configuração geométrica original. Junto ao escritório de cálculo estru- tural Companhia de Projetos, o arquiteto desenvolveu um desenho de tesoura arti- culada. Ele acrescenta que como não havia remanescente das esquadrias originais, as novas também foram executadas em aço. “Utilizamos chapa de aço de um centíme- tro de espessura por trinta de largura e ca- Acima, imagem da doca. O local exibe remanescentes dos seus trilhos, recuperados e expostos sob o piso de vidro. Ao lado, detalhe da cobertura executada com estrutura metálica O lanternim preserva a forma original do projeto, enquanto a cobertura tem o redesenho das tesouras em aço em vez de madeira, inspirado em soluções contemporâneas Cinemateca Local: São Paulo Data do projeto: 2000 Conclusão da obra: 2007 projeto arquitetônico: Nelson Dupré Arquitetura Área de intervenção: 1.814 m2 projeto estrutural: Companhia de Projetos Fornecimento da estrutura metálica: Construmet Construtora: Sfera Engenharia Construção Metálica 17 reportagem 18 Construção Metálica Red Bull Station São Paulo Local: São Paulo Data do projeto: 2011 Conclusão da obra: outubro/2013 Área construída: 2.150m2 Coordenação geral: Luiz Trindade patrimônio e restauro: Arquiteta Ana Marta Ditolvo restauração de patrimônio Histórico : Pires | Giovanetti | Guardia projeto estrutural: Companhia de Projetos Fornecimento da estrutura metálica: Engemetal Chapas de aço: Ananda Metais Construtora: Lock Engenharia reforço estrutural: Consultest Construção Metálica 19 diversos ensaios para chegar à solução mais acertada para a grande cobertura, ou “folha”, como é chamada. “A arquite- tura proposta tinha vãos e determinadas ousadias pertinentes à estrutura metáli- ca. Qualquer outro material, como por exemplo, o concreto, acarretaria em so- brecarga excessiva sobre a laje existente, sem contar que não teríamos as ancora- gens necessárias”, enfatiza. De acordo com a engenheira, este pano metálico foi apoiado em três pontos: dois pilares metálicos de seções e compri- mentos distintos e na caixa do antigo ele- vador readaptado, que também dá acesso a este solário. Além de proteger o espa- ço, o novo elemento de borda infinita faz a captação da água da chuva, como uma espécie de funil, o que evita a formação de goteiras sobre os transeuntes. Para Heloisa, um dos maiores desa- fios foi a criação de uma estrutura que não tivesse a forma da arquitetura, somente o contorno, fato que exigiu da empresa res- ponsável pela montagem da cobertura, a Engemetal, um trabalho artesanal. “Eles tiveram que criar peças laminadas, isto é, perfis de abas paralelas em superfícies que não eram paralelas”, lembra. Não foram poucas as demandas de restauração e construtivas do projeto, se- gundo Heloisa Maringoni, o que exigiu de todas as equipes envolvidas um tremendo esforço, tanto na etapa de projeto quanto de execução. Contudo, a proposta seria inviabilizada se não fosse o uso do aço. “Resolvemos todos os impasses na fase de projeto. Uma vez fabricada e montada no local, a intervenção arquitetônica contem- porânea estava pronta, criando um con- traste plasticamente muito bonito como o antigo partido”, finaliza. intervenção contemporânea Atualizar e ao mesmo tempo manter as características intrínsecas do bem re- trofitado. Este é o desafio de engenheiros e arquitetos em obras dessa natureza. E na maioria das vezes, a estrutura metá- lica, seja na fachada, seja na cobertura, representa excelente alternativa, pois não interfere e tampouco sobrecarrega a estru- tura preexistente. Este conceito está sendo adotado no projeto do Centro Cultural Red Bull Station, no centro de São Pau- lo. O edifício abrigava a antiga subestação transformadora da Light, hoje Eletropau- lo. Localizado na Praça da Bandeira, entre as Avenidas Nove de Julho e a Vinte Três de Maio, a edificação dos anos de 1920 foi tombada em 2002 pelo Concresp. O prédio foi inteiramente restaurado pelo escritório franco-brasileiro Triptyque, conforme os conceitos de preservação do patrimônio, assim como recebeu uma in- tervenção arquitetônica contemporânea, a fim de se adaptar às suas novas funções de Centro de Arte. “Sua essência, no entanto, foi mantida e a beleza de seus elementos potencializada”, define o escritório. A intervenção contemporânea com- preende uma grande escada e marquise, ambas metálicas, que abraçam a porção lateral e superior do prédio. Responsá- vel pelo projeto de cálculo estrutural da obra, a engenheira Heloisa Maringoni diz que a estrutura metálica estabeleceu uma comunicação entre o prédio antigo e a nova construção de forma muito har- mônica. Antes do início dos trabalhos, a engenheira conta que foram necessários reportagem No Red Bull Station, além da restauração do patrimônio foi realizada uma intervenção contempoânea: escada e marquise metálicas AçoEmEvidência Mudança de uso Shopping construído no lugar das antigas fábricas têxteis recebe cobertura metálica e reforços estruturais condizentes com a nova tipologia 20 Construção Metálica Construção Metálica 21 O Pátio Cianê Shopping é um exemplo de que a boa arquitetura, ainda que antiga, pode ser adaptada a novos usos. Localizado em Sorocaba, in- terior de São Paulo, foi implantado ao lado do termi- nal rodoviário da cidade. Parte da estrutura do em- preendimento é da fábrica de tecidos Nossa Senhora da Ponte, construída em 1881. Já a outra pertenceu à fábrica Santo Antônio, construída em 1913, dando origem à Companhia Nacional de Estamparia, um dos maiores grupos do setor no país. Os dois prédios com tijolos aparentes em estilo inglês, somam área de 90 mil m2. As fábricas foram desativadas na década de 1990 e após a aquisição pelo grupo Saphyr e Hemis- fério Sul Investimentos (HSI) passaram por um mi- nucioso processo de retrofit e revitalização, que levou pouco mais de um ano. A partir de um estudo realizado pela Designcorp e executado pela Bassichetto Arquitetura, o projeto ar- quitetônico teve volumetria e fachadas tombadas pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Históri- co de Sorocaba (CMDP) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turís- tico (Condephaat). De acordo com a arquiteta Cláudia Bassichetto,mais do que intervenção estética, eram indispensáveis reparos e reforços estruturais em toda a construção, visto que o projeto original não atendia às demandas do shopping com 207 lojas, academia, sa- las de cinema, praça de alimentação e estacionamento com capacidade para 1.200 vagas. Nesse sentido, o aço se tornou um elemento importante tanto à restauração da parte antiga quanto à construção nova. Devido ao tombamento, tanto a fachada quanto a volumetria tiveram de ser preservadas fo to s: d iv u lg a ç ã o 22 Construção Metálica Ocupado anteriormente pela Nossa Senhora da Ponte, este primeiro galpão tinha uma cobertura executada com qua- tro tesouras metálicas delgadas, porém incapazes de suportar as sobrecargas das novas instalações. “Como solução, cons- truímos uma cobertura sobre a antiga, acompanhando o desenho desta, que permaneceu aparente”, destaca a arqui- teta. Já o restante do telhado original foi refeito e a estrutura de alvenaria reforça- da com estrutura de concreto. A profissional explica que para unir os dois blocos desenhou uma passarela em aço, fechada por vidro e com caixilhos em alumínio. O elemento de conexão, uma es- pécie de cubo, criou um contraponto inte- ressante entre a construção nova e a antiga, ao mesmo tempo em que deixa evidente a intervenção. Além disso, se necessário, pode ser desmontada, não interferindo nas características originais do projeto. Para a parte nova, atrás do terminal de ônibus, com 10 mil m2, foi adotada co- bertura Roll-on. Dadas as características do projeto, segundo a arquiteta, o sistema garantiu velocidade à obra, trouxe total estanqueidade e possibilitou a criação de grandes vãos, além de diminuir a quanti- dade de pilares no último pavimento, já que o produto funciona como estrutura e telhado. O restante foi executado a partir de pré-moldados de concreto. Inaugura- do no final de 2013, este foi o primeiro shopping do país construído em área de preservação histórica. Pátio Cianê Shopping local: Sorocaba, SP data do projeto: 2012 Conclusão da obra: Novembro/2013 Projeto arquitetônico: Bassichetto Arquitetura (projeto executivo e detalhamento); Designcorp (conceito) Área construída: 90 mil m2 Projeto estrutural: Gama Z Engenharia, Lubas Engenharia e Solutec Engenharia de Estruturas fornecimento da cobertura metálica: Marko Sistemas Metálicos gerenciamento e coordenação: Planservice A cobertura o Roll-on é um sistema indicado para grandes construções e com tipologias variadas. a diferença é que integra estrutura e telhado no mesmo produto, tratando a cobertura como um conjunto e não como parte distinta e isolada. sobre a estrutura são desenroladas bobinas metálicas, que formam canais contínuos de condução da água para a periferia do prédio. além de imprimir velocidade à obra, uma das principais vantagens é que elimina a existência de emendas, furos ou sobreposições, garantindo total estanqueidade à obra. Para atender às demandas necessárias de um shopping, o galpão recebeu cobertura metálica Roll-on fo to s: d iv u lg a ç ã o 24 Construção Metálica De volta ao cenário cultural Sistema estrutural em aço auxilia no processo de recuperação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo O Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que está passando por processo de restauro e retrofit, pretende reabrir suas portas até 2015. A promessa é da Fundação Nacional das Artes (Funarte), instituição li- gada ao Ministério da Cultura, que adquiriu a edificação em 2008. Desde então, objetiva transformá-la em um importante centro cul- tural, como parte do projeto de requalifica- ção do bairro Bela Vista, em São Paulo. O programa elaborado pelo escritório paulistano Urdi Arquitetura contempla a cria- ção de uma sala de projeção para 120 expec- tadores, um teatro de tipologia palco italiano com 250 lugares, uma galeria de exposições com capacidade para 200 pessoas, além de um espaço multiuso para espetáculos. Segundo o arquiteto Alexandre Liba, ti- tular do escritório, tanto a fachada quanto a volumetria do partido foram tombadas pelo Patrimônio Histórico, fato que obrigou a re- vitalização destes elementos sem perda das características originais. “No espírito de re- encontrar alguns traços perdidos ao longo do tempo, especificamos as intervenções”, diz. A partir daí, determinou-se à criação de um edifício anexo que servirá como apoio (lanchonete e livraria) no lugar do antigo – demolido por oferecer riscos de queda –, o restauro das fachadas, a criação de nova identidade visual do conjunto e a recuperação estrutural do bloco principal. Este último, aliás, fundamental, pois algu- mas características construtivas originais como a sucessão de telhados, diversos ní- veis e presença de escadas conferiam um ar de labirinto ao conjunto, em desacordo com os padrões de teatros contemporâneos. Nesse sentido, o aço não só marcou e desenhou a nova intervenção como mini- mizou a degradação de anos. “Nesta obra, iM a g en s: U rD i a rq U it et U ra Tanto a fachada quanto a volumetria do partido foram tombadas pelo Patrimônio Histórico. Vista da área de espetáculos, com piso inclinado Construção Metálica 25 ProjetosEmDesenvolvimento 26 Construção Metálica a estrutura metálica foi empregada para solucionar alguns problemas, não para ser vista como ocorreu no Red Bull Station, no qual estabeleceu-se basicamente um contraste entre a construção nova e anti- ga”, diz a engenheira Heloisa Maringoni, responsável pelo projeto estrutural. Ela lembra que, devido ao tombamento, qua- se todo prédio teve de ser mantido, exceto as partes que ofereciam riscos à seguran- ça. “No período de análise, descobrimos, por exemplo, características interessan- tes como o uso de estrutura mista, como ocorreu na Estação da Luz”, acrescenta. as intervenções estruturais Com 2.900 m2 de área construída, o complexo cultural terá capacidade para atender um público simultâneo de quase 800 pessoas, distribuídas em quatro gran- des ambientes de exposição ou espetácu- los, perfeitamente integrados ao entorno. Portanto, a necessidade de esforços estru- turais era uma das principais demandas do processo de revitalização e retrofit. Na área de espetáculos, por exemplo, a curva de visibilidade era abatida e o posiciona- mento da plateia e palco incompatíveis com as atuais tecnologias de cenografia. Foi necessário, então, a inclinação do piso e a eliminação das minissalas abaixo. A engenheira Heloisa afirma que um dos maiores desafios era o aproveitamento das fundações existentes, ao mesmo tem- po em que se refaziam as lajes. Para tanto, realizou-se uma programação minucio- sa de demolição das mesmas. “Criamos um novo gride de vigas para o piso sem demolir o que estava abaixo, reforçando as fundações e reduzindo o número de apoios ao mínimo possível”, explica. Com isso, o piso da plateia pode ser substituído sem destravar as paredes de alvenaria. De acordo com o arquiteto Alexandre Acima, parte do teatro em obra. A viga recebeu solda de perfis I de 400 mm na face inferior. Ao lado, imagem do edifício anexo construído com estutura metálica iM a g en s: U rD i a rq U it et U ra Construção Metálica 27 ProjetosEmDesenvolvimento Liba, a fase de levantamentos técnicos do prédio do TBC, realizada em vista da ela- boração do projeto arquitetônico, serviu não só para estabelecer uma base técnica de trabalho, mas também para apontar a principal premissa: a de que realmente se- ria impossível restaurar o prédio somente do ponto de vista estético. Nesta fase, des- cobriu-se, por exemplo, que as vigas que venciam o vão de parede a parede, eram metálicas revestidas em concreto, somente como proteção a incêndio. “Recalculamos as vigas existentes para atender as demandas de um novoteatro. Por conta disso, foi preciso retirar toda a carga adicional para minimizar as deformações e solicitações de carga, com- plementando a viga através da solda de perfis I de 400 mm na face inferior. Isto é, uma viga com três mesas”, esclarece Heloi- sa Maringoni. Ela acrescenta que a grande vantagem do sistema estrutural metálico existente foi a facilidade do reforço feito por meio dessas soldas, mas que, no entanto, depois de pronto é impossível imaginar a presença do material ali. “Aliás, considero a obra do TBC um trabalho arqueológico, onde foi possível resgatar alguns materiais importantes utilizados na obra inicial como a alvenaria e o aço”, sintetiza. Ao final, o projeto trará a possibili- dade de usos múltiplos dos espaços, além de franca acessibilidade e conforto ao pú- blico. Para o arquiteto Liba, o mais impor- tante é que a preservação simbólica tanto da volumetria quanto da fachada e das localizações das salas principais não inter- feriram nas modificações de infraestrutu- ra. Quando inaugurado, a Funarte espera levar o TBC ao seu ponto de partida, em 1948, época em que era protagonista da vida cultural paulistana. Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) Local: São Paulo, SP Data do projeto: 2012 Conclusão da obra: 2015 Área construída: 2.900 m² Projeto arquitetônico: Urdi Arquitetura autores: Arq. Alexandre Cavalheiro Liba e Alberto Ferreira Barbour Colaboradores: Arq. Karen Miyabe Ueda e Camila Miry Yoshii estagiários: Marina Simões Frade, Rodrigo de Pádua Ribeiro e Letícia Lombard Platet Projeto estrutural: Companhia de Projetos – Eng. Heloisa Martins Magingoni Fornecimento da estrutura metálica: Construtora Ambiental execução da obra: Construtora Ambiental 28 Construção Metálica O arquiteto que inovou a linguagem do aço no marco arquitetônico de São Paulo Luiz Telles e o Centro Cultural São Paulo Faleceu no último dia 23 de fevereiro o arquiteto e professor Luiz Benedito Castro Telles. Junto a Eurico Prado Lopes, ele projetou o Centro Cultural São Paulo. Localizado na saída do metrô Vergueiro, em São Paulo, o CCSP, também conhecido como Centro Cultural Vergueiro, é um dos principais polos culturais e de lazer da cidade. Inaugurado em 13 de maio de 1982, a partir da necessidade de uma exten- são da Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se em um dos primeiros espaços culturais multidisci- plinares do país. Suas formas arrojadas e a inovação técnica casaram perfeitamente com a proposta de Acima, Luiz Benedito Castro Telles, um dos autores do Centro Cultural São Paulo funcionalidade exigida para este tipo de edifício. O professor e arquiteto Luís Andrade de Mattos Dias considera o Centro Cultural São Paulo “a ar- quitetura mais emblemática da cidade” . A obra faz parte do livro de sua autoria, Edificações de Aço no Brasil (editora Zigurate, 2002), que reúne as cons- truções mais significativas com o emprego intensivo do aço entre meados da década de 1950 – marco do surgimento das primeiras grandes estruturas metá- licas no Brasil – e início dos anos 1990. Do livro destacamos alguns dados técnicos desse projeto inovador como a superestrutura que W iL iS M iy A SA k A Construção Metálica 29 Para Luiz Telles POr ricardO ruiz MarTOS Traduzir em palavras o sentimento da perda de Luiz Benedito de Castro Telles, o nosso Luiz Telles, torna-se mais fácil se amparado no pensamento de quem teve o imenso privilégio de conviver com esta figura tão amável. Tenho certeza que a sensação de proximidade era de muitos, já que ele conseguia tempo sincero pra todos, olhando nos olhos, sem fazer diferença, pronto para uma palavra única que só podia vir dele. Telles consagrou-se como arquiteto e fez desse ofício uma lição maravilhosa por meio de seus projetos. O Centro Cultural São Paulo, projetado em parceria com Eurico Prado Lopes, tornou-se referência imediata por sua relação com o lugar, integração ao espaço público e uso primoroso da estrutura metálica. No ambiente universitário experimentou uma espécie de renascimento e mais uma vez foi brilhante. Sua atuação no Centro Universitário Belas Artes e na Universidade Mackenzie inspirou alunos e professores que conviviam com suas gentilezas e provocações. Sua última semana de trabalho teve um roteiro emblemático. Na segunda recebeu os calouros do curso de arquitetura e emocionou a todos como um amor à primeira vista. Na sexta, acompanhou um grupo em visita ao Centro Cultural São Paulo, apresentando-o e desvendando-o de forma autoral e surpreendente. No sábado seguiu para um último passeio arquitetônico com alunos pela Vila Mariana. No domingo nos deixou. Luiz Telles é sinônimo de generosidade. Generosidade intelectual, humana e de atitude. Não há como evitar a tristeza ao imaginar que aquele imenso sorriso e aquela risada contagiante não mais nos surpreenderão em um dia qualquer, mudando radicalmente os rumos seguintes. Fica a certeza de que nos tornamos melhores e aprendemos com ele o tanto que ele humildemente insistia em dizer que aprendia conosco. Muitos vão vestir lembranças similares nesta passagem que ocorreu ao final de uma aula que dividíamos. Ele me disse: “Seus olhos brilham quando você troca informações com os alunos, esteja certo, eles percebem quando a sua intenção é transparente”. Esse era o Telles. Para onde quer que tenha ido, felizes os que te receberam. Ricardo Ruiz Martos é mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor de Projeto Arquitetônico do Centro Universitário de Belas Artes e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Coordenador do curso “Arquitetura, Cidade e Sustentabilidade“ da pós-graduação do Centro Universitário de Belas Artes. é uma composição de elementos de aço e concreto. Os pilares são compostos por oito chapas verticais simétricas e radialmente dispostas de largura variá- vel, próximo ao topo e à base, e soldadas a uma bar- ra redonda, no centro. Estão simplesmente apoia- dos em aparelhos de neoprene, com dimensões que variam de 400x400mm a 800x800mm. As vigas de concreto chegam aos pilares apoiando-se em pla- cas horizontais superiores que distribuem as cargas para as chapas verticais. Peças metálicas, localizadas nas superfícies in- feriores destas vigas, serviram de fôrmas e gabaritos, garantindo rigorosamente as formas curvas, e perma- neceram a elas incorporadas, cumprindo uma função estética. Os dezessete pilares de aço de sustentação da cobertura, que se estende por 100m, são curvos, quadripartidos ao longo do eixo e constituídos por quatro conjuntos independentes de três chapas sol- dadas entre si, que vão se abrindo seguindo uma cur- vatura até atingir, no topo, um afastamento de 80cm entre eles nas duas direções. Estes conjuntos estão interligados na parte inferior do trecho retilíneo por parafusos e chapas intercalados. EspecialLuizTelles RE n a Ta S a n To n iE Ro centro cultural São Paulo ano: 1981/1982 Área aproximada: 50 mil m2 Projeto de arquitetura e Coordenação projetos Complementares: Plae Arquitetura e Engenharia. Arquitetos: Eurico Prado Lopes e Luiz Benedito Castro Telles Construção: SADE Sul Americana de Engenharia Cálculo Estrutural: Maubertec Engenharia e Projetos acústica: igor Sresnewsky Paisagismo: koiti Mori e klara kaiser 30 Construção Metálica NotíciasABCEM d iv u lg a ç ã o d iv u lg a ç ã o dânica fornece fachada para shopping no Ceará A Dânica foi uma das principais for-necedoras do recém-inaugurado North Shopping Sobral, o primeiro centro comercial de grande porte da cidade-polo cearense. A fachada foi executada a partir de 4,6 mil m² de painéis TermoWall, com revestimento em aço e núcleo isolante em poliuretano (PUR). “Buscávamos uma solução de facha- da que atendesse a características termoi- solantes, dada as altas temperaturas da regiãoe ainda servisse como acabamento, tendo alto rigor estético”, explica o arqui- teto Ricardo Muratori, responsável pelo projeto. A velocidade de montagem foi outro fator primordial, uma vez que esse tipo de painel chega pronto à obra, sem necessidade de corte adicional. O empreendimento do Grupo Nor- th Empreendimentos Brasil foi executado pela Cameron Construtora. A área cons- truída de 49 mil m² se uniu a um espaço existente de 37 mil m², totalizando uma área bruta locável de 18,2 mil m². Ao todo, são 133 lojas satélites, três mega lojas, cin- co salas de cinema, boliche com pistas au- tomatizadas, ampla área de alimentação e estacionamento para 771 vagas. demuth entrega galpões móveis para Maceió Das areias da praia de Maceió é possí-vel observar os imponentes galpões fornecidos pela Demuth Estruturas Metáli- cas para a planta da Tomé Ferrostaal, loca- lizada no porto da capital alagoana. São es- truturas de grande porte que deslizam sobre trilhos com a finalidade de se adaptar às ne- cessidades momentâneas de montagem dos módulos off shore do consórcio. De acordo com a Demuth, o objetivo foi desenvolver soluções sob medida para facilitar a opera- ção e garantir segurança aos equipamentos, mantendo-os estáticos, mesmo em situa- ções de ventos extremos. Os pinos metálicos são ligados às estruturas dos galpões, o que garante o travamento no solo. Tais dispo- sitivos podem ser facilmente instalados ou retirados, conforme as necessidades. Construção Metálica 31 NotíciasABCEM d iv u lg a ç ã o Tuper participa da ampliação do aeroporto internacional de viracopos em Campinas, SP ATuper, quinta maior processadora de aço do país, com oito unidades de negócios em segmentos variados, é um dos fornecedores da obra de ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, São Paulo. A empresa é forne- cedora de tubos de aço estruturais, mate- rial empregado na fabricação da estrutura metálica para a cobertura e fachadas do novo terminal, com capacidade para 14 milhões de passageiros. Este é o primeiro dos cinco ciclos de investimentos previstos durante os 30 anos de concessão da empresa Aeropor- tos Brasil Viracopos. O novo terminal, que terá uma moderna estrutura mista execu- tada em aço, concreto e vidro, contará ain- da com 28 pontes de embarque, sete no- vas posições remotas de estacionamento de aeronaves e um edifício-garagem com 4 mil vagas, além da ampliação das pistas de taxiamento de aeronaves. Além do aeroporto de Viracopos, a fabricante é também responsável pelo for- necimento de mais cinco aeroportos, oito estádios de futebol e cinco projetos de gaso- dutos brasileiros. Em 2014, estão previstas a participação em importantes obras de infra- estrutura, consolidando a empresa em solu- ções para projetos de estruturas metálicas. Recentemente, a Tuper firmou parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – um importante avanço em pesqui- sa e desenvolvimento de novas aplicações para as estruturas metálicas tubulares. 32 Construção Metálica W il iS T o M y M iy a Sa k a Norma para perfis tubulares A A Norma ABNT NBR 16239:2013 – Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edificações com Perfis Tubulares já está disponível para consulta. Publicada em novembro de 2013, pode ser consultada no catálogo de normas ABNT, ISO, IEC, DIN, AFNOR, BSI, CEN, ASTM, IEEE, NFPA, AMN ou JISC. Esta Norma, com base no método dos estados-limites, estabelece os requi- sitos básicos que devem ser obedecidos no projeto à temperatura ambiente de estruturas de aço e mistas, de aço e con- creto, de edificações, com perfis tubula- res e ligações com parafusos ou soldas. O texto, coordenado pelo engenheiro João Alberto Venegas Requena – profes- sor livre docente da Universidade Estadu- al de Campinas e Consultor da Vallourec & Mannesmann do Brasil , define os prin- cípios gerais dos projetos de estruturas de aço e mistas de edificações, incluindo pas- sarelas de pedestres e suportes de equipa- mentos que utilizem perfis tubulares. Para mais informações acesse o site www.abnt.org.br/catalogo. NotíciasABCEM Detalhe da estrutura metálica tubular do Centro Georges Pompidou, Paris, França. Arquitetos: Renzo Piano e Richard Rogers 34 Construção Metálica NotíciasABCEM d iv u lg a ç ã o vem aí o CoNSTRuMETal 2014 A6ª edição do Congresso Latino--Americano da Construção Metálica – CONSTRUMETAL 2014, será reali- zada de 02 a 04 de setembro no Centro de Convenções Frei Caneca. O evento é uma iniciativa da ABCEM – Associ-ação Brasileira da Construção Metálica, que há 10 anos tem reunido empresas, dirigen- tes, profissionais, colaboradores, docen- tes, bem como toda a cadeia industrial do aço e da construção metálica. Um amplo programa de conferên- cias, palestras plenárias nacionais e inter- -nacionais reunirá profissionais de reno- me. O congresso tem o apoio de várias instituições e entidades como a Associa- ção do Aço do Rio Grande do Sul, AISC (AARS), a American Institute of Steel Construction, a Asociación Latinoame- ricana del Acero (ALACERO), o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), o Instituto Aço Brasil e o Instituto Nacional dos Distribuido-res de Aço (INDA). Para mais informações acesse: www.construmetal.com.br ou pelo telefone (11) 3816-6597. Contribuições Técnicas O CONSTRUMETAL contará com um comitê para organizar as sessões tec-nocientíficas. O objetivo é prover aos meios técnico e científico ligados ao uso do aço a oportunidade de discussão e disseminação de novas tecnologias relacionadas ao tema. O comitê é co- ordenado pelo Prof. Dr. Eduardo M. B. Campello, da Escola Politécnica da USP, e conta com a participação de renomados pesquisadores de todo o país. Permane- cem abertos os prazos para o envio de re- sumos das contribuições tecnocientíficas para a edição 2014. Elementos de projeto para pontes rodovi- árias mistas aço-concreto é o tema do curso ministrado pelo Professor Dr. Sc. Zacarias Martin Chamberlain Pravia, no dia 02 de setembro, durante o CONSTRUMENTAL 2014. Um dos objetivos é apresentar as ba- ses necessárias para elaborar um projeto de ponte rodoviária do tipo viga de aço e tabu- leiro de concreto. Na ocasião, serão desen- volvidas ações informativas sobre prescri- ções de projeto com a norma AASHTO e, quando possível, adaptadas às normas bra- sileiras. O material didático será repassado aos alunos por meio de link na internet. Ao final do curso será entregue um certificado. Esta previsto no conteúdo do curso, com foco principal em pontes mistas de vigas, o pré-dimensionamento, a definição do projeto e ações, as normas e materiais, bem como a análise do sistema estrutural, dimensionamentos e verificação à fadiga. Data: 02 de Setembro de 2014 Horário: das 9h às 13h e das 14h às 18h Curso no CoNSTRuMETal Formado pela Faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade de São Paulo (Fau), em 1960, o arquiteto Ruy ohtake vem imprimindo uma lin-guagem própria em mais de 300 obras realizadas no Brasil e no exterior. Comprometido em realizar uma arquitetura brasileira contemporânea e tendo a inovação como princípio, Ruy ohtake consegue colocar a sua marca em projetos para os mais variados fins: obras públicas, escolas, cinemas, teatros, além de edificações residenciais e corporativas. um dos destaques do arquiteto no uso de estrutura metálica é a criação do maior aquário de água doce do mundo: o aquário do Pantanal, em Campo grande (MS). Em sua ousada forma, o projeto carrega o tema da preserva-ção ambiental nos 18 mil m² de área, quase cinco milhões de litros de água e sete mil animais. o edifício é composto por dois pavilhões conectados. o pavilhão dos aquá-rios, que ficará em nível rebaixado, terá sua fachada externa executada com painéis devidro transparente. a solução, segundo ohtake, é para integrar o percurso com a paisagem do jardim, além de trazer luz natural ao túnel dos aquários. Estruturas complexas como esta e a do Museu do amanhã podem ser consideradas inovadoras na concepção do engenheiro Flavio d’alambert. “Estruturas inovadoras trazem consigo novos conceitos arquitetônicos e estruturais, com a engenharia e a arquitetura trabalhando juntas para criar as condições que resultem em edifícios eficientes, sustentáveis e, por que não, espetaculares” lembra d’alambert. O arquiteto e empresário Ruy Ohtake será um dos palestrantes do congresso A expectativa é reunir um público de mais de 5 mil pessoas Construção Metálica 35 Complexo Elevador Rubem Braga – JBMC arquitetura e urbanismo. Vencedor do prêmio ABCEM 2012 na categoria edificações Prêmio aBCEM Promovido pela Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), a premiação tem como objetivo reconhecer os profissionais ou a empresa que mais se destacaram em projetos que tenham em sua concepção o uso do aço em diferentes formas, tipos e aplicações. Enquadram- -se nos requisitos todos os elementos e componentes de aço, galvanizados ou pintados, aparentes ou revestidos, com finalidade estrutural ou estética. São candidatos ao Prêmio ABCEM 2014 todos e quaisquer projetos cujas obras tenham sido realizadas e concluí- das no período de 2012 a 2014 (data de inscrição do projeto), de autoria de arqui- tetos ou escritórios de arquitetura asso- ciados ou não da entidade. Qualificam-se como concorrentes as obras cujos ele- mentos e componentes de aço tenham absoluta predominância do material, incluindo as estruturas mistas aço-con- creto. Definem-se como “elementos e componentes de aço” as estruturas prin- cipais e secundárias em aço, aparentes ou não, em perfis de alma cheia, laminados ou soldados, conformados a frio, tubula- res em qualquer forma ou composição, além de chapas, estruturas da cobertura, coberturas e fechamentos internos ou ex- ternos, elementos de ligação e de interfa- ce com outros tipos de componentes. A avaliação quanto à “absoluta predo- minância” de componentes de aço no pro- jeto, bem como o julgamento será realizado por uma comissão julgadora, não sendo aceito qualquer recurso nesse sentido. Os trabalhos de autoria de dois ou mais pro- fissionais, ou ainda no caso de participação significativa de um segundo profissional, so- mente serão aceitos com a apresentação de uma declaração assinada por todos os parti- cipantes autores ou co-autores do projeto. A premiação será dividida em três categorias: • Edificações: estruturas verticais e/ou horizontais que se destinam à utilização residencial, comercial, institucional, corporativo ou esportivo, de médio e grande porte; • Obras de pequeno porte: serão consideradas as estruturas residenciais de pequenos edifícios, esculturas, monumentos, novas ou de expansão; • Obras especiais: serão consideradas as estruturas como galpões, indústrias, hangares, obras de arte, antenas de telecomunicações, etc. Vale lembrar que a comissão julga- dora será responsável pelo o enquadra- mento dos trabalhos em uma das catego- rias citadas. Regulamento no site: www.abcem.org.br/premio-abcem-2014.php C El So B Ra N d o iN W W W .a RC h d a ily .C o M .B R 36 Construção Metálica Aço galvanizado por imersão a quente é usado na recuperação de edifício com valor histórico Worly Building Local: Columbus, Ohio, EUA Data do projeto: 2012 Componentes galvanizados: Todas as estruturas expostas, incluindo corrimão, alpendre e suportes para sinalização Fabricante: Bickers Metal Products – Roger Coffaro Arquitetura: Urban Design LLC – David Rectenwald Galvanização: V&S Columbus Galvanizing LLC Construção Metálica 37 Galvanização Fo n te : A BC eM Durabilidade da camada de zinco: Correlação Peso/Espessura/Vida Útil da camada Oedifício histórico Worly Building, situado no distrito de Brewery em Columbus, Ohio, EUA, foi recentemente renovado para novo uso. Localizado pró- ximo ao centro financeiro, a área tem uma história de quase 200 anos, sendo o cora- ção da vida noturna e o local da primeira cervejaria aberta pelo imigrante alemão Louis Hoster, em 1836. O local já foi utilizado como estábu- lo pela cervejaria anexa e hoje é compos- to pelo World of Beer e pelo The Shado- wbox Cabaret, espécie de casa de shows e teatro. A comissão responsável pela revita- lização inicialmente exigiu que o aço ex- posto fosse pintado de preto para se ade- quar à identidade adotada pelo conjunto. O arquiteto, no entanto, sugeriu o sistema de galvanização por imersão a quente, que além de proporcionar uma aparência industrial à nova fachada, prolonga a du- rabilidade do elemento. Apesar das van- tagens, o procedimento despertou o ques- tionamento dos incorporadores do bairro histórico, uma vez que a prática contraria as normas locais, que define o uso de es- trutura mista em aço pintado. Apesar do projeto não ser de grande escala, causou forte impacto na comuni- dade. Desde então, a renovação do edifício Worly tem despertado olhares de arquite- tos e especificadores, que já manifestaram o interesse no sistema. Ao que tudo indica, pode ser um começo para grandes inova- ções arquitetônicas naquela região. D iv u LG A ç ã o 38 Construção Metálica ArtigoTécnico Intervenções metálicas em edificações de valor histórico e cultural: estudos de caso de interfaces Profª. Msc. Carolina Albuquerque de Moraes albuquerque.arq@gmail.com Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro loureiroribeiro@gmail.com INTRODUÇÃO As intervenções em suas variadas formas como a restau- ração, revitalização ou reabilitação são cada vez mais comuns, principalmente em edificações antigas (tombadas ou não pelo Patrimônio Histórico) que têm que se adequar às atuais normas de acessibilidade, prevenção contra incêndio, reforço estrutural ou a mudanças e atualizações de programa arquitetônico. É importante analisar cuidadosamente a cultura e as nor- mas de construção locais, a história da construção e seu en- torno, suas novas necessidades, os contrapontos estruturais e arquitetônicos entre o sistema antigo e o novo, o estudo do comportamento dos materiais, de suas interfaces e um eficaz planejamento do processo. Quando se pensa em interfaces entre estruturas de ma- teriais distintos, a eficiência das escolhas feitas pelos profis- sionais depende também da averiguação de alguns aspectos como: as cargas atuantes, os movimentos pós-montagem e deformação lenta dos materiais, as tolerâncias e as juntas, os sistemas e dispositivos de fixação, a tentativa de padronização e o grau de dificuldade para fabricação das peças. A estrutura metálica permite maiores vãos que as estrutu- ras convencionais e ao mesmo tempo leveza estética. Pode-se dizer que a “linguagem do aço” confere às obras preexistentes um diálogo com a contemporaneidade. Trata-se não apenas de inovações tecnológicas, mas também conceituais. No entanto, o uso do aço em intervenções tem se mostrado ainda incipiente no Brasil. Os motivos são vários, mas o que pare- ce ser mais relevante é a cultura “patrimonial” no país, ou seja, a cultura da exaltação do passado a todo custo, sem a preocupação de inserção do presente para o vislumbre e usufruto no futuro. ESTUDOS DE CASO Este artigo fundamenta-se na consulta e análise de dois projetos de intervenção no Brasil: a Pinacoteca do Estado de São Paulo, na capital, e o Centro Cultural Parque das Ruínas, na cidade do Rio de Janeiro. A escolha das obras objetos de estudo foi feita com as seguintes premissas: a solução estética e estru- tural da intervenção em aço; a tipologia estrutural e materiais de construção da edificação preexistente; os tipos de vínculo e transmissão de esforços entre as estruturas. Serão identificados:seu comportamento estrutural, as interfaces entre estruturas de materiais distintos, assim como a análise do processo de projeto, a avaliação de suas qualida- des arquitetônicas, construtivas e espaciais. Tais informações foram baseadas na bibliografia utilizada, em entrevista com alguns dos arquitetos responsáveis e em visitas in loco. Estas foram feitas através de investigação exploratória por meio de inspeção visual e levantamento fotográfico para fins de avalia- ção pós-uso geral da edificação e específico de suas interfaces estruturais. A avaliação do comportamento das estruturas e de suas conexões foi feita através do estudo dos “caminhos das cargas” e da compatibilização dos materiais distintos. Construção Metálica 39 da Avenida Tiradentes para a Praça da Luz. O aço foi o material construtivo adotado nas intervenções com a intenção de deixar claro o contraponto entre o antigo e o novo. Análise das interfaces Duas interfaces de aço preexistente do projeto foram bem esclarecidas por Paulo Mendes na entrevista: o apoio das pas- sarelas e a fixação da estrutura do auditório. A primeira, detalhamento da interface entre as passarelas de aço e a alvenaria de tijolos de barro preexistente, localiza-se nos dois pátios laterais do edifício. Segundo o arquiteto, em vez de engastar as passarelas nas paredes, optou por simples- mente apoiá-las nas lajes, objetivando uma melhor distribui- ção do carregamento. A estrutura de todas as passarelas inseridas no edifício é composta de perfis I ao longo de sua extensão e que tem uma redução na altura da alma ao aproximar-se do apoio (fig. 2). Pinacoteca do Estado de São Paulo Com a finalidade de abrigar o Liceu das Artes e Ofícios, o edifício objeto de estudo foi projetado em estilo neoclássico pelos arquitetos Ramos de Azevedo e Domiciano Rossi e teve sua construção iniciada em 1897 em terreno junto ao Jardim da Luz, em São Paulo. O edifício foi tombado pelo Conde- phaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueo- lógico, Artístico e Turístico), em 1982, e a grande intervenção da Pinacoteca de São Paulo projetada pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha, Eduardo Argenton e Weliton Ricoy Torres aconteceu entre 1993 e 1998. O objetivo primordial do projeto foi adequar o edifício às atuais necessidades técnicas e funcio- nais de um grande museu contemporâneo. Os arquitetos propuseram manter o edifício sem o reves- timento das paredes externas e dos pátios. E, como costuma acontecer nas ruínas, o estado inacabado e bruto dos materiais sugere uma experiência estética interessante. Internamente, eliminaram-se os acréscimos herdados das inúmeras ocupa- ções do edifício ao longo de sua história. Para sanar o problema da umidade, foram executadas clarabóias planas em vidro laminado estruturada através de uma grelha com “perfis-calha” de aço sobre os vazios inter- nos. Dessa forma, evitou-se a entrada de chuva e garantiu-se através da ventilação a reprodução das condições originais de respiração do conjunto dos salões internos. Para solucionar os problemas de acesso e utilização do edifício, estabeleceram-se novas relações de fluxo gerando maior dinamismo ao espaço. Foram criadas passarelas metáli- cas que cruzam os pátios laterais que reforçam o novo sentido longitudinal de circulação. A entrada do museu foi transferida Figura 2: Corte longitudinal parcial: A) caminho das cargas nas passarelas; B) interface entre passarela metálica e alvenaria existente dos pátios laterais do 2º pavimento (desenho cedido pelo arquiteto) Figura 1: Vista frontal da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Passarelas em um dos pátios internos 40 Construção Metálica A segunda interface abordada acontece na estrutura de sustentação da laje de cobertura do auditório. O conjunto estrutural é composto por uma grelha de vigas metálicas de perfis I, travadas por um anel octogonal em perfis U enrijecido e este é fixado na alvenaria existente por meio de pinos metá- licos soldados nas faces externas das almas. O que torna essa interface de aço preexistente interessante é que sua solução considerou a alvenaria como se fosse solo, ou seja, como uma base elástica, pois o carregamento da laje é uniformemente distribuído ao longo de todo o anel. (fig. 3). O Parque das Ruínas é um belo mirante do Rio de Janeiro e está localizado no bairro de Santa Teresa. A casa, atual centro cultural, foi construída na segunda metade do século XIX. Após a morte da proprietária, em 1946, o casarão foi abandonado e entrou em processo de ruínas até a sua intervenção, elaborada pelos arquitetos Ernani Freire e Sônia Lopes (1995-1997). Hoje, a construção chama atenção por sua arquitetura de tijolos aparentes combinados com estrutura metálica e vidro. Alguns volumes como a fachada posterior e os telhados foram fechados sem perder a luminosidade e a atmosfera proporcio- nada pelo estado de ruína em que a edificação foi encontrada. Além disso, o fechamento em vidro permite a relação direta do interior com o exterior e revela ao público a bela vista da cidade. O material escolhido para as escadas e passarelas foi também o aço que, além de contribuir esteticamente, serviu para estabilizar a frágil alvenaria estrutural. Análise das interfaces estruturais A estrutura de aço apoia-se na estrutura autoportante de tijolos de barro. Algumas ligações são parafusadas, o que per- mite a reversibilidade recomendada nas atuais cartas de res- tauro. Mas, em grande parte da estrutura, os perfis são chum- bados na alvenaria existente e soldados entre si. Além da estrutura metálica, o concreto também foi utiliza- do na estabilização da estrutura existente, como é o caso de uma das interfaces escolhidas para análise - a viga central composta de berço de concreto armado entre dois perfis metálicos dobra- dos em forma de U. Essa viga recebe grande parte das cargas do mirante e sua circulação vertical, direcionando-as para as pare- des laterais do vão central. Dessa forma a parede de alvenaria, que se encontra logo abaixo, foi protegida. (Fig. 5). Essa mesma viga é fixada em suas extremidades através de chapas de aço com parafusos passantes, presos dos dois lados das paredes em que se apoia. A solução aumenta con- sideravelmente a área de contato entre a viga e a alvenaria o que facilita a distribuição do carregamento na mesma. Dessa forma, o detalhe da interface permite que a carga, teoricamen- te pontual, distribua-se uniformemente por uma considerável extensão (fig. 6). Figura 3: Grelha do auditório: A) planta esquemática da estrutura; B) detalhe da interface entre a grelha e a alvenaria Figura 4: A) Vista posterior do Centro Cultural; B) Foto interna do 3º pavimento Figura 5: A) Vista da viga composta no vão central; B) Caminho das cargas - corte longitudinal parcial Figura 6: Detalhe esquemático da interface Centro Cultural Parque das Ruínas Construção Metálica 41 ArtigoTécnico Outro detalhe interessante na estrutura proposta é a passa- rela atirantada do volume de vidro da fachada posterior. Os qua- tro tirantes que suspendem o patamar distribuem seu peso pró- prio e sobrecargas em direção às vigas em que estão pendurados, bem como todo o peso da nova estrutura é distribuído em pontos diversos da alvenaria e de forma distribuída a fim de não preju- dicar as vergas de tijolos das aberturas, localizadas logo abaixo e que, provavelmente, não suportariam tal carregamento. (Fig. 7). CONSIDERAÇÕES FINAIS A restauração de um bem muitas vezes pode não ser ne- cessária quando existe conservação. Mas o que acontece em alguns casos, como ocorreu no Centro Cultural Parque das Ruínas, foi o abandono de tais cuidados logo após a interven- ção. Essa situação poderia ser evitada com a introdução da fase de acompanhamento de uso no processo de projeto de intervenção. Além disso, uma metodologia de gestão da qualidade em que existe a modificaçãoe readaptação simultânea de todos os projetos relacionados à obra de intervenção em patrimônio edificado ou mesmo a fabricação de um as built após sua con- clusão, pode evitar possíveis enganos em intervenções futuras ou mesmo para melhor planejamento e execução de ações de manutenção, comuns em bens de valor histórico e cultural. A reversibilidade tão recomendada pelas atuais teorias do restauro pode ser dificultada quando se utiliza estrutura em aço com ligações soldadas em vez de parafusadas, o que é fre- quente nos dois casos analisados. Outra questão a ser considerada é a interação arquiteto- -engenheiro estrutural, ressaltada por Paulo Mendes da Ro- cha na entrevista sobre o projeto da Pinacoteca do Estado de São Paulo e por Ernani Freire na entrevista sobre o projeto do Parque das Ruínas. Tal relação entre os intervenientes do processo de projeto pode resultar em uma boa gestão e, con- sequentemente, em bons resultados em obras tão específicas como as de intervenção em preexistências. A compreensão estrutural e do comportamento dos ma- teriais por parte dos arquitetos é de grande importância por resultar em uma arquitetura esteticamente interessante como nas quatro edificações analisadas. Pode-se concluir também que os artifícios compositivos utilizados nos projetos favorecem a linguagem arquitetônica do aço e seu contraste necessário com a estrutura preexistente. Figura 7: Caminho das cargas - corte transversal parcial REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CSEPCSÉNYI, A.C; SALGADO, M.S; RIBEIRO, R.T.M. (2006). Análise do Processo de Projetos de Restauração sob a Ótica da Gestão da Qualidade. XI Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Florianópolis. 2. FREIRE, E; LOPES, S. (1995). Projeto Arquitetônico Parque das Ruínas: Anexo do Museu da Chácara do Céu. Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e IPHAN, Rio de Janeiro. 3. FREIRE, E; LOPES, S. (1996). Projeto Parque das Ruínas: Anexo do Museu da Chácara do Céu. AP Revista de Arquitetura, n.4, p. 36-41, mar./abr. 1996, Belo Horizonte. 4. FREIRE, E; LOPES, S. (1997). Memorial Descritivo. Parque das Ruínas: Anexo do Museu da Chácara do Céu. Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e IPHAN, Rio de Janeiro. 5. GIMENEZ, L.E. (2000). Autenticidade e Rudimento. Paulo Mendes da Rocha e as intervenções em edifícios existentes. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/ arquitextos/arq000/esp001.asp>. Acesso em: 07 set. 2007. 6. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN. (1931-2003). Cartas Patrimoniais. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/ montarPaginaSecao.do?id=12372&sigla=Legislacao&reto rno=paginaLegislacao>. Acesso em: 06 mai. 2008. 7. MORAES, C. A. (2009). Intervenções metálicas em construções preexistentes: estudos de caso de interfaces. 166p. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. 8. ROCHA, P.M. (2006). Paulo Mendes da Rocha. Projetos 1957-1999. Cosac Naify, 240 p., São Paulo. 42 Construção Metálica Livros&Aço Coberturas – Projetos e Detalhes Construtivos Engenharia integrada por computador e sistemas CAD/CAM/CNC Desenhar coberturas para vencer pequenos ou grandes vãos é sempre um exercício de criatividade para os arquitetos, que podem trabalhar composições planas ou ge- ométricas construídas a partir de uma multiplicidade de re- cursos materiais, entre eles telhas de aço, vidro, membranas tensionadas, vegetação, policarbonato e muitos outros. Para este livro, foram selecionados projetos de cober- turas desenvolvidos por 30 escritórios importantes no atual cenário da arquitetura brasileira. São concepções contempo- râneas e inspiradoras, cada qual com suas próprias caracte- rísticas, que arrematam as propostas arquitetônicas dos mais variados tipos de programas. O denominador comum entre elas é o fato de que todas mostram a capacidade de explorar a riqueza das formas ao mesmo tempo em que apresentam soluções funcionais e de alto desempenho para o atendimen- to das demandas de uso dos espaços em que foram ou serão implantadas. Pequenos textos descritivos e desenhos técnicos auxiliam na compreensão de cada um dos projetos. Este livro tem como objetivo desenvolver o conhecimento conceitual do leitor sobre as tecnologias de manufatura auxiliadas por computador, focando os sistemas CAD/CAM/ CNC, prototipagem rápida, engenharia reversa e outros sis- temas para a simulação dos processos de fabricação. As má- quinas que interagem nesta cadeia de manufatura também são abordadas, como os centros de usinagem e os sistemas de me- dição por coordenadas. Exemplos práticos para ilustrar as téc- nicas de aplicação destas tecnologias complementam a obra. A publicação não se restringe à apresentação de comandos e métodos de utilização de um software específico, tendo como objetivo desenvolver o raciocínio lógico e crítico do leitor sobre o tema. Adriano Fagali de Souza obteve o título de doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo EESC- -USP; é mestre em Engenharia de Produção e engenheiro de Produção Mecânica pela Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep. Atualmente, é professor da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – e atua em temas relativos à fabricação de produtos contendo formas geométricas complexas, focando a cadeia CAD/CAM/CNC e fabricação de moldes e matrizes. É também membro da comissão de avaliação do ensino superior Enade (tecnologia em fabricação mecânica – INEP, MEC). Cristiane Brasil Lima Ulbrich atua em consultoria, pres- tação de serviços e treinamento para a criação de produtos utilizando tecnologias como CAD, CAM, prototipagem rápi- da e engenharia reversa. Além disso, é pesquisadora associa- da do departamento de materiais da Unicamp e do Instituto Nacional de Pesquisa em Biofabricação (Biofabris). Editora: J.J. Carol Editora Autores: Rogerio Batagliesi e Rafael Setha Coelho Idioma: Português Detalhes: 21 x 28cm, 132 páginas, 142 fotos, desenhos e plantas coloridas e em p&b ISBN: 9788589376808 Editora: Artliber Autores: Adriano Fagali de Souza e Cristiane Brasil Lima Ulbrich Idioma: Português Detalhes: 17 x 24cm, 358 páginas, ano 2013, 2ª edição ISBN: 978858809890-9 44 Construção Metálica Estatística Na compra, o mês de fevereiro apontou recuo de 6,4% perante janeiro, com volume total de 349,7 mil toneladas ante a 373,7 mil toneladas. Frente ao meses de janeiro e fevereiro de 2013, o desempenho do setor teve acréscimo de 1,5%. Conforme previsto pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA), as vendas e compras tiveram uma retração em torno de 4% e 6% respectivamente. Em fevereiro,compras, vendas e importações sofreram recuo em relação a janeiro 296,0 401,6 413,8 422,7 405,6 429,8 349,8 325,2 373,7 349,7381,5 390,3385,0 340,2 2013 2014 fontE: InstItuto naCIonal dos dIstrIbuIdorEs dE aço (Inda) CoMpras A venda de aços planos em fevereiro contabilizou retração de 4,3%, quando comparada a janeiro de 2014, atingindo o montante de 390,8 mil toneladas. Porém, registrou alta de 22,9% na comparação com o mesmo período do ano passado (317,9 mil toneladas). No acumulado do ano, as vendas registraram alta de 16,4% sobre o primeiro bimestre de 2013. 356,4 383,1 363,9 368,7 317,9 347,8 386,8 424,1 409,6 440,5 391,7 346,9 408,2 390,8 2013 2014 VEndas Construção Metálica 45 Assim, os estoques de fevereiro tiveram em seus volumes um recuo de 4% em relação a janeiro, atin- gindo 975,6 mil toneladas. Na comparação com fevereiro do ano anterior (970,4 mil toneladas), os estoques registraram elevação de 0,5%. O giro de estoques manteve-se em 2,5 meses. As importações encerraram o mês de fevereiro com recuo de 1,8% em relação ao mês anterior, totali- zando 123,8 mil toneladas. Comparando-se ao mesmo período do ano anterior (114,9 mil toneladas), as im- portações registraram
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