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Revista_Retrofit

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Edição 113 | 2014 | ISSN 1414-6517 – Publicação Especializada da Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM
Sistema estrutural em 
aço auxilia na revitalização 
do Teatro Brasileiro 
de Comédia
Paulo Skaf
Sala Vip
Projeto em desenvolvimento
Uma alternativa à recuperação 
de edificações históricas
Retrofit 
12
20
24
28
36
 4 Editorial
 A serviço da transformação
 6 Sala Vip 
Paulo Skaf
 12 Reportagem 
 Entre o antigo e o novo
20 Aço em Evidência 
Mudança de uso
24 Projeto em Desenvolvimento 
 De volta ao cenário cultural
 28 Especial
 Luiz Telles e o Centro Cultural São Paulo
30 Notícias ABCEM
 Dânica fornece fachada para shopping no Ceará
 30 Demuth entrega galpões móveis para Maceió
 31 Tuper participa da ampliação do Aeroporto 
Internacional de Viracopos em Campinas, SP
 32 Norma para perfis tubulares
 34 Vem aí o CONSTRUMETAL 2014
 35 Prêmio ABCEM
36 Galvanização 
Aço galvanizado por imersão a quente é usado na 
recuperação de edifício com valor histórico
38 Artigo Técnico
 Intervenções metálicas em edificações de valor histórico 
 e cultural: estudos de caso de interfaces
42 Livros & Aço
 Coberturas – Projetos e Detalhes Construtivos
 42 Engenharia integrada por computador e sistemas 
CAD/CAM/CNC
44 Estatística
 Em fevereiro,compras, vendas e importações sofreram 
recuo em relação a janeiro
46 Nossos Sócios 
Panisol, Alge
47 Sócios & Produtos 
 Empresas, entidades de classe e profissionais liberais
50 Agenda
 Eventos do Setor
4 Construção Metálica
Edição 113 – 2014
Publicação especializada da Associação Brasileira 
da Construção Metálica – ABCEM
Conselho Diretor ABCEM
Presidente
Luiz Carlos Caggiano Santos (Brafer)
Vice-Presidentes
César Bilibio (Medabil)
Fulvio Zajakoff (Bemo)
Ronaldo do Carmo Soares (Gerdau)
Ulysses Barbosa Nunes (Armco Staco)
Diretores
Antonio Roso (Metasa)
Steffen B. Nevermann (Dânica) 
Ademar de C. Barbosa Filho (Codeme) 
Marino Garofani (Brafer) 
Weber Reis (CSN) 
Marcelo Manzato (Manzato) 
Bernardo Rath Garcia (Techsteel Eng.) 
Alan Baldon (Engemetal) 
Horácio Steinmann (Metasa)
Carlos Eduardo Marzola (Tecnaço Const. Met.) 
Afonso Henrique M. de Araújo (Vallourec)
Volmir Supptitz (Nova JVA) 
Norimberto Ferrari (FAM Const. Metálicas)
Érik Demuth (Demuth Machines)
Edson de Miranda (Perfilor) 
Diretora Executiva
Patrícia Nunes Davidsohn
patricia@abcem.org.br
Secretaria Geral
Av. Brig. Faria Lima, 1931 – 9o andar – Cj. 91
01452-001 – São Paulo, SP
Fone/Fax: (11) 3816.6597
abcem@abcem.org.br
www.abcem.org.br
Publicidade e Marketing
abcem@abcem.org.br
Edição
Sansei Projetos
Paulo Ferrara Filho
ferrara@sanseiprojetos.com.br
Soriedem Rodrigues
Direção de Arte e diagramação
Antonio Albino
Jornalista Responsável
Nadia Fischer (MTB 30097)
Estagiária
Lilian Kaori Fujita
Revisão
Tassiana Ghorayeb Resende
Contato com a redação 
redacao@sanseiprojetos.com.br
(11) 7630-8879
Publicidade
Av. Brig. Faria Lima, 1931- 9o andar
01452-001 – São Paulo, SP
Fone/Fax: (11) 3816.6597
www.abcem.org.br
Tiragem
5.000 exemplares
Capa: foto cedida por Dupré Arquitetura
ERRATA: informamos que a unidade das espessuras na tabela 
do artigo “Cor e proteção em superfície de aço” da RCM 
112 é micrometros e não milímetros, conforme publicado. 
Isto é, 1 μm = 10-6 m. Na mesma matéria, a titulação correta 
de Fabio Domingos Pannoni, consultor técnico da Gerdau 
S.A, é Químico, pela Universidade de São Paulo, mestre 
em Engenharia Metalúrgica e doutor em Engenharia de 
Materiais, ambos pela Escola Politécnica da USP.
Construção Metálica é uma publicação trimestral, editada desde 1991, 
pela Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM, entidade 
que congrega empresas e profissionais da Construção Metálica em 
todo Brasil. A revista não se responsabiliza por opiniões apresentadas 
em artigos e trabalhos assinados. Reprodução permitida, desde que 
expressamente autorizada pelo Editor Responsável.
A primeira edição desse ano da Construção Metá-
lica chega em grande estilo. O tema “retrofit” foi muito 
oportuno, dado o momento em que grandes projetos 
tomam ou tomaram forma inusitada graças ao proces-
so de restauro. Com tipologias variadas e em diversas 
escalas em comum, todas as obras receberam aço no 
processo de recuperação. Em todos os casos, o material 
mostrou sua capacidade de adaptação, flexibilidade e, 
sobretudo, rapidez de execução. 
Em um momento em que alguns setores tiveram 
suas expectativas frustradas, talvez por receio aos ru-
mos da economia brasileira, talvez pelos juros altos ou 
pela alta taxa tributária, ou ainda, talvez por tudo isso, 
nosso entrevistado da seção Sala Vip, Paulo Skaf, fala 
sobre suas crenças no desenvolvimento do segmento 
construtivo metálico. 
E mais, ABCEM tem mantido sua aproximação 
com as demais entidades de classes, pois somente a 
união trará o fortalecimento do setor junto aos gover-
nantes. Nas páginas a seguir provaremos o potencial 
das estruturas metálicas na maioria delas. Reservamos 
para a grande reportagem três projetos emblemáti-
cos de restauro e retrofit: a Cinemateca, o Hospital 
A.C.Camargo – ambos revitalizados por Nelson Du-
pré, além do Centro Cultural Red Bull Station, edifi-
cação tombada pelo Concresp em 2002 e restaurada 
pelo escritório Triptyque. 
Nesse sentido, o setor tem contribuído com a pre-
servação da identidade cultural do país, prática que 
aos poucos é incorporada às cidades. Um exemplo é 
o Pátio Cianê Shopping, em Sorocaba, interior de São 
Paulo, que ocupa uma área onde anteriormente opera-
vam fábricas de tecelagem. Outra obra interessante é a 
do Teatro Brasileiro de Comédia (TCB), edificação que 
marcou a modernização do teatro nos anos 1940 e, em 
breve, voltará ao cenário da capital. 
Por fim, o que se pode dizer é que construções de 
grande valor histórico não acabam, apenas se ausen-
tam para voltarem requalificadas. Assim será um dia 
com um dos grandes equipamentos urbanos, o Centro 
Cultural São Paulo. Mostrado aqui em caráter especial, 
não como exemplo de restauro, mas como singela ho-
menagem ao seu criador, o arquiteto Luiz Telles. Ele 
também saiu de cena... 
Boa leitura!
Luiz Carlos Caggiano Santos
Presidente da ABCEM
A serviço da transformação
Ju
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ru
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6 Construção Metálica
SalaVip
Construção Metálica 7
Paulo Skaf – A Fiesp acaba de revisar 
para baixo a sua projeção para o cresci-
mento da economia brasileira em 2014, 
que antes estava em torno de 2% e ago-
ra é de 1,4%. É uma queda acentuada, se 
lembrarmos que no ano passado as ex-
pectativas eram de 2,3%. Os principais 
motivos são a elevação da taxa de juros, 
a desaceleração do consumo e o fim dos 
incentivos fiscais, fatores que agravam 
ainda mais o Custo Brasil e aumentam 
a nossa perda de competitividade. Por 
isso, neste cenário, projetamos que o PIB 
da indústria de transformação em 2014 
vai recuar 0,8%, uma perda significativa 
se levarmos em conta o que ocorreu nos 
últimos anos. Em 2012 a indústria de 
transformação recuou 2,4% e em 2013 
cresceu 1,9%, ou seja, não se recuperou, 
ficou no prejuízo. O grande problema é 
que o Brasil perdeu competitividade e 
isso afeta a indústria. Não dá mais para 
suportar os impostos altos, a burocracia, 
a falta de infraestrutura e a logística cada 
vez mais cara.
Qual a sua 
perspectiva para 
o crescimento 
global no Brasil 
e, em particular, 
o da indústria?
Paulo Skaf 
D escendente de libaneses, nascido em 1955, Paulo Antonio Skaf é o atual 
presidente da Federação da Indústria 
do Estado de São Paulo (Fiesp) e 
do Centro das Indústrias do Estado 
de São Paulo (Ciesp), bem como do 
Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), 
do Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial (Senai-SP) e do Instituto 
Roberto Simonsen (IRS). Possível 
candidato ao governo paulista 
entende que o desenvolvimento 
rima com a industrialização. No 
entendimento do Presidente da Fiesp, 
a origem de uma sociedade brasileira 
avançada e democrática depende, e 
muito,de um tripé: renda, qualidade 
de vida e educação. Para Paulo Skaf, o 
país ainda necessita de uma reforma 
tributária que reduza e racionalize a 
burocracia sobre os impostos. “Mas 
é necessário, sobretudo, vontade 
política e, para viabilizar a reforma, 
disposição para enxugar os custos 
elevados da máquina, o que demanda 
uma mudança significativa no perfil 
de gestão e controle dos gastos 
públicos”, disse em entrevista à 
Construção Metálica.
8 Construção Metálica
Paulo Skaf – Tenho insistido numa ima-
gem que sintetiza e reflete bem o que 
vem ocorrendo com a nossa indústria. Da 
porta para dentro, as fábricas estão bem 
preparadas para competir no mercado 
global, são modernas, bem equipadas e 
contam com tecnologias avançadas. O 
problema é o que temos de encarar da 
porta para fora: a carga tributária, a bu-
rocracia, os juros altos, o câmbio desequi-
librado, a falta de infraestrutura, a logís-
tica cara e, mais diretamente no caso da 
produção, a perda na competição com os 
produtos importados, que chegam mais 
baratos ao mercado de consumo. Esse 
quadro só irá se reverter a nosso favor 
quando tivermos as mesmas condições 
dos nossos concorrentes para produzir – 
ou seja, menos impostos, burocracia, ju-
ros, câmbio adequado, boa infraestrutura 
e logística ágil e barata.
Paulo Skaf – A competição com os im-
portados afeta, hoje, praticamente todos 
os setores da indústria, porque estamos 
competindo em desigualdade de con-
dições com os concorrentes internacio-
nais. O produtor brasileiro é obrigado a 
enfrentar custos 34% maiores que o dos 
nossos principais concorrentes. Quem 
consegue suportar isso? Existe somente 
uma maneira de resolver esse entrave, 
que é a redução do custo Brasil. Para isso, 
temos desenvolvido estudos e mantido 
interlocução permanente com o governo. 
Bom, estamos fazendo a nossa parte.
 Um dos principais 
problemas do 
setor de estruturas 
metálicas é a 
importação de 
produtos sem 
conformidade. Em 
sua opinião, que 
ações de combate 
por parte da 
iniciativa privada 
e do governo 
deveriam ocorrer?
Paulo Skaf – O investimento em infra-
estrutura tem andado muito devagar. 
O governo interrompeu a execução de 
uma série de obras, como a transposi-
ção do rio São Francisco, e gastou quase 
dois anos definindo um novo modelo de 
concessões. Com isso, os investimentos 
públicos ficaram baixos. É preciso ace-
lerar tanto os projetos próprios quanto 
as concessões e PPs. O que foi feito até 
agora é muito pouco para eliminar um 
atraso de em infraestrutura de mais de 
30 anos. Diversos setores importantes 
tiveram expectativas frustradas, como as 
indústrias do aço, do cimento e de bens 
de capital, sem contar os milhares de 
brasileiros que seriam beneficiados por 
empregos. Neste ano de Copa do Mun-
do e eleições esperamos que as obras 
deslanchem.
A redução 
da atividade 
em produtos 
industrializados 
no Brasil tem 
sido assunto 
recorrente em 
reuniões de 
empresários 
e também na 
ABCEM. Como 
o senhor vê 
esse cenário 
atualmente?
A associação 
é a voz, 
a expressão 
maior de um 
setor, dirigindo-se 
tanto para 
o público 
interno quanto 
ao externo.
Os grandes eventos 
provocaram 
uma enorme 
expectativa no 
setor da construção 
civil. No entanto, 
vemos certa 
decepção entre os 
empresários por 
demandas e obras 
de infraestrutura 
que não foram 
efetivadas. Como o 
senhor analisa esse 
descompasso? 
Construção Metálica 9
Paulo Skaf – O Brasil necessita de 
uma reforma tributária que reduza e 
racionalize a burocracia sobre os im-
postos. Mas é necessário, sobretudo, 
vontade política e, para viabilizar a 
reforma, disposição para enxugar os 
custos elevados da máquina, o que de-
manda uma mudança significativa no 
perfil de gestão e controle dos gastos 
públicos. Apenas com a eliminação de 
desperdícios, com o combate à corrup-
ção, desvios e obras superfaturadas, 
ou com valores mal calculados, já será 
possível obter uma grande economia 
nos custos. Mas chega de improvisos. 
O Brasil precisa mesmo é de reforma 
tributária ampla e definitiva, que favo-
reça e dê segurança tanto a quem quer 
produzir quanto a quem quer e precisa 
consumir. Com uma boa gestão isso é 
plenamente possível. 
Paulo Skaf – O Brasil precisa fazer 
uma revolução urgente no ensino. É 
inconcebível que na sexta maior eco-
nomia do mundo as crianças saiam 
do ensino fundamental das escolas da 
rede pública sem saber as quatro ope-
rações básicas de matemática ou não 
consigam ler e, menos ainda, entender 
e interpretar o que estão lendo. A in-
dústria tem feito a sua parte. Estamos 
construindo 100 novas escolas para 
abrigar o ensino em tempo integral do 
Sesi-SP e novas unidades do Senai-SP, 
além de aumentar as unidades existen-
tes. Além disso, vamos ampliar o ensi-
no fundamental em tempo integral nas 
escolas do Sesi-SP. Já implantamos o 
ensino médio, o que permite aos jo-
vens cursarem simultaneamente o en-
sino profissionalizante no Senai-SP. O 
Sesi e Senai de São Paulo contam com 
5 milhões de matrículas por ano. Nos-
sos cursos técnicos profissionalizantes 
estão voltados para as vocações regio-
nais e necessidades da indústria como 
um todo, inclusive no campo da cons-
trução civil, um dos setores que futura-
mente irá demandar mais profissionais 
qualificados. Renda e qualidade de 
vida são fatores fundamentais para o 
aumento da produtividade.
Em sua opinião, é 
possível melhorar 
a qualificação da 
força de trabalho 
e a adoção de 
novos métodos 
construtivos que 
permitam um 
maior grau de 
industrialização na 
construção civil?
É consenso de que 
a carga tributária 
brasileira prejudica 
a produção e 
o consumo. 
Como aprimorar 
a política 
fiscal: redução/
racionalização da 
carga tributária?
O mundo 
está cada vez 
mais dinâmico, 
é preciso fazer 
com que a teoria 
se transforme em 
prática e que 
a prática seja um 
diferencial para 
a competitividade 
no Brasil.
SalaVip
10 Construção Metálica
Paulo Skaf – O mundo está cada vez 
mais dinâmico, é preciso fazer com 
que a teoria se transforme em prática e 
que a prática seja um diferencial para a 
competitividade no Brasil. A Fiesp tem 
incentivado as indústrias a se aproxima-
rem mais das universidades e entendo 
que estas também devem fazer o mes-
mo. Imagino que muitos projetos que 
estão guardados nas salas das facul-
dades poderiam trazer grandes contri-
buições para as indústrias. Por que não 
uma integração maior desses dois cam-
pos? É importante que os jovens, estu-
dantes e pesquisadores sejam incenti-
vados a planejar e desenvolver projetos 
neste mundo cada vez mais globaliza-
do. Começa assim o gosto pelo empre-
endedorismo e, consequentemente, os 
mecanismos para que o Brasil possa se 
desenvolver mais rapidamente.
Paulo Skaf – É evidente que o gover-
no tem muito a colaborar nesse campo, 
gerando políticas de estímulos ao setor. 
Mas não é isso que vem acontecendo. 
Temos o problema da tributação em 
cascata dos insumos industrializados da 
construção, o que inibe uma maior in-
dustrialização do setor. E nesse sentido 
é fundamental que a indústria de estru-
turas metálicas mantenha uma interlo-
cução permanente com as autoridades, 
informando-as de suas necessidades e 
indicando direções. E cabe também à 
indústria criar meios de aproximação 
e conscientização dos agentes da área, 
como engenheiros, arquitetos e cons-
trutores, que possam contribuir para 
que se faça uso cada vez melhor e mais 
intensivo das estruturas metálicas. Esse 
tipo de ação precisa ser permanente. 
Comunicação e relacionamento fazem 
toda a diferença.
Paulo Skaf – A associação é a voz, a ex-
pressão maior de um setor, dirigindo-se 
tanto para o público interno quanto ao 
externo. A ação política deve ser consis-
tente, não pode se basear em busca de 
privilégios, mas em proposiçõesjustas. 
Quanto mais ativa e eficiente for a enti-
dade, mais fortes e sólidas se tornam as 
empresas, fortalecendo o setor como um 
todo. Temos acompanhado o excelente 
trabalho desenvolvido pela ABCEM e, 
especialmente, os seus esforços para ser 
cada vez mais decisiva no crescimento 
do mercado de construções metálicas no 
Brasil. Não temos dúvida de que muitos 
objetivos vêm sendo alcançados, o que 
representa um ganho expressivo para a 
competitividade do Brasil. 
Como as 
associações, 
representantes 
de fabricantes, 
podem influir e 
contribuir para o 
desenvolvimento 
da indústria?
A cadeia da 
construção 
industrializada em 
aço, por exemplo, 
racionaliza 
materiais e 
mão de obra, 
reduzindo custos 
e aumentando 
velocidade na 
execução dos 
empreendimentos. 
Como deve ser 
a política de 
incentivo ao uso de 
tais sistemas? 
Como deveria ser 
a relação entre o 
setor produtivo 
e acadêmico 
para sintonizar o 
desenvolvimento 
do conhecimento 
e a demanda 
de mercado?
Temos o problema 
da tributação em 
cascata dos insumos 
industrializados da 
construção, o que 
inibe uma maior 
industrialização 
do setor.
SalaVip
12 Construção Metálica
O conceito de retrofit (retro, em la-tim, significa movimentar-se para 
trás e fit, em inglês, se traduz como 
adaptação e ajuste), trata-se de uma al-
ternativa para reformar e revitalizar 
um empreendimento, suas instalações e 
equipamentos, preservando e valorizan-
do a edificação. Mas, afinal, o que difere o 
retrofit da reforma ou restauração? 
A reforma diz respeito a todas as 
intervenções realizadas em um imóvel, 
porém, sem o compromisso de manter as 
características arquitetônicas originais, en-
quanto a restauração objetiva recompõe o 
edifício em suas características estéticas e 
históricas. Já no retrofit é realizada a mo-
dernização de instalações e infraestrutura, 
atendendo às novas demandas, ao mesmo 
tempo em que se mantêm características 
originais do partido arquitetônico. 
Disseminada em países europeus e 
também nos Estados Unidos, a prática 
vem sendo empregada em diversas capi-
tais brasileiras, sobretudo em São Paulo 
e Rio de Janeiro onde os terrenos em re-
giões bem localizadas são cada vez mais 
escassos. “Mais do que revitalizar edifi-
cações degradadas, seja devido ao tempo 
ou má conservação, o processo tem como 
foco a adequação do espaço às necessi-
dades estruturais e tecnológicas de novas 
demandas”, destaca o arquiteto David 
Vital Brasil Ventura, professor do Curso 
de Arquitetura e Urbanismo do Centro 
Universitário Belas Artes de São Paulo. 
Em geral, o retrofit é adotado em 
edificações de importância histórica e com 
restrições de preservação. Neste caso, 
criam-se condições para as novas fun-
ções que favoreçam seu uso. Além disso, é 
também recomendado quando a constru-
ção representa um marco importante à re-
gião ou quando o processo for mais rápido 
do que uma construção nova. 
Vale lembrar que não há limitações 
quanto ao uso de edificações tombadas, 
desde que essa nova destinação não seja 
conflitante com seu potencial de uso. Por 
isso mesmo, existem níveis de preser-
vação. Nesses casos, antes de qualquer 
intervenção, é necessária uma análise 
pelos órgãos de preservação (municipal, 
estadual ou federal). “Às vezes, antes 
do tombamento, o edifício foi muito al-
terado, o que dificulta sua restauração, 
necessitando de uma profunda pesquisa 
em documentos que atestem as carac-
terísticas originais. Na dúvida, é melhor 
não fazer. Esta, aliás, é uma das diretrizes 
da Carta de Veneza (carta internacional 
sobre a conservação e o restauro de mo-
numentos e sítios)”, ressalta Ventura. 
Uma alternativa às novas construções inseridas 
em meio ao bem tombado, parte das obras de retrofit 
leva estrutura metálica
Os arcos da Cinemateca 
têm batentes calandrados 
em aço e vedados com 
vidros acústicos Du
pr
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A
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Entre o antigo e o novo
Construção Metálica 13
reportagem
14 Construção Metálica
Perspectiva da fachada do Hospital A.C.Camargo. 
O objetivo é criar a identidade visual entre os 
vários blocos, com definição clara entre o objeto 
restaurado e o conjunto edificado adjacente
Construção Metálica 15
Contraste sim, conflito não
No entanto, existem casos de tom-
bamento de apenas alguns elementos da 
edificação. Nesse sentido, a busca por 
tecnologias construtivas, que durante as 
intervenções afetem o menos possível 
todo o conjunto, é uma constância entre 
os arquitetos. Um exemplo é o Hospital 
do Câncer A.C. Camargo, em São Paulo, 
projetado por Rino Levi, em 1947. Dada 
as características dessa tipologia de obra, 
que internamente necessita de rearranjos 
e atualizações periódicas, apenas as fa-
chadas foram tombadas. 
O responsável pela restauração do 
complexo hospitalar, o arquiteto Nelson 
Dupré, que nos últimos anos tem atuado na 
recuperação de patrimônio edificado, escla-
rece que uma premissa em casos como este 
é evidenciar todas as modificações realiza-
das. “Normalmente costumamos trabalhar 
com materiais diferentes daqueles utiliza-
dos na construção original. Nesse sentido o 
aço é fundamental tanto pela leveza estru-
tural quanto pela facilidade de montagem, 
uma vez que não interfere na construção 
preexistente. Se não for possível, alteramos 
um pouco a configuração, porém destaca-
mos a intervenção”, diz. De acordo com o 
arquiteto David Vital Brasil Ventura, um 
dos maiores desafios é justamente conse-
guir este diálogo entre o bem tombado e 
os novos volumes. “Costumo dizer para 
meus alunos da disciplina de Técnicas Re-
trospectivas (Patrimônio Histórico) que esta 
comunicação pode ser conseguida por meio 
da composição de diferentes volumetrias, 
gabaritos ou elementos de fachada. Lem-
brando que o contraste é desejável, porém, 
o conflito nunca”, afirma.
No Hospital do Câncer A.C.Camargo 
a proposta foi criar uma identidade visual 
entre os vários blocos do complexo e destes 
com outras unidades da instituição. Para 
tanto, estabeleceu-se uma definição cla-
ra entre o objeto restaurado e o conjunto 
edificado adjacente, evidenciado por seus 
volumes. Para chegar a tal resultado, o ar-
quiteto Dupré esclarece que foi necessário 
um elemento de contraposição entre as 
edificações, porém inserido de forma har-
mônica com a fachada histórica vizinha. 
“Utilizamos chapas perfuradas metálicas 
sobre as fachadas de todo conjunto lateral, 
e também nas coberturas dos blocos, so-
lução que proporciona total transparência 
para quem está dentro do prédio, mas ne-
nhuma para quem está fora”, conta.
Assim, o projeto é composto pela 
restauração das fachadas dos blocos A, C 
e D (objetos do tombamento), ao mesmo 
tempo em que resgata a imagem inicial 
do conjunto graças ao redesenho das 
fachadas do bloco B (não tombado) e a 
criação de novas circulações com o bloco 
A – além da execução de um novo vo-
lume para a circulação vertical na facha-
da leste do bloco A. Todos os elementos 
foram projetados com o uso de estrutura 
metálica em aço.
reportagem
iM
A
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en
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 D
u
pr
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A
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u
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rA
 
16 Construção Metálica
Reportagem
landramos no vão para recuperar o dese-
nho anterior. Identificamos a arquitetura 
original pelo desenho dos vãos em arco e 
dos lanternins da cobertura na estrutura”, 
explica Nelson Dupré.
Além disso, o tombamento do con-
junto se deu sobre a configuração da 
construção em 1921, onde a interligação 
entre os prédios era feita por meio de te-
lhados, criados décadas após sua constru-
ção, unificados como se fossem um único 
edifício. Como o arquiteto era contrário 
à restauração pelo princípio de tomba-
mento do Conselho Municipal de Preser-
vação do Patrimônio Histórico, Cultural 
e Ambiental de São Paulo (Concresp), a 
reação foi produzir uma passarela metáli-
ca coberta por vidro, capaz de reproduzir 
a estereotomia dessacobertura de 1921, 
mas fazendo um resgate das característi-
cas iniciais dos edifícios originais, como, 
por exemplo, suas aberturas laterais, sua 
iluminação, resgatar o afastamento en-
tre os blocos, etc. “Depois de 80 anos o 
projeto pode ser mudado graças à criação 
desse elemento de passagem, desenvol-
vido com vigas vagão leves e coberturas 
de vidro. Respeitamos o patrimônio e res-
gatamos sua identidade. Não conseguirí-
amos chegar a tal solução se não fosse o 
uso do aço”, garante Dupré.
Também elaborado pelo arquiteto 
Nelson Dupré, o projeto de retrofit da Ci-
nemateca Brasileira, em São Paulo, é outra 
experiência que vale ser citada. Implanta-
da desde 1992 no antigo matadouro mu-
nicipal na Vila Mariana, a obra do arqui-
teto Alberto Kuhlmann é datada de 1884. 
Os edifícios remanescentes do “núcleo 
histórico” passaram por restauro e adap-
tação às suas atuais necessidades, tais 
como o centro de documentação, o café, 
as áreas de apoio, os sanitários e as salas 
de cinema e de eventos. Além das antigas 
edificações, no terreno de 40 mil m², exis-
tem outras instalações específicas de atri-
buições da Cinemateca, como laboratórios 
de restauro de filmes, depósitos, arquivos 
de matrizes e áreas administrativas.
“Neste caso, a otimização da estru-
tura metálica foi deliberada, uma vez que 
não existia nenhum elemento metálico 
em todo o conjunto, executado na época 
em tijolo e madeira”, comenta Dupré. As-
sim, a antiga cobertura executada com te-
soura de madeira deu lugar a um desenho 
mais limpo e singelo em aço, que enfatiza 
a configuração geométrica original.
Junto ao escritório de cálculo estru-
tural Companhia de Projetos, o arquiteto 
desenvolveu um desenho de tesoura arti-
culada. Ele acrescenta que como não havia 
remanescente das esquadrias originais, as 
novas também foram executadas em aço. 
“Utilizamos chapa de aço de um centíme-
tro de espessura por trinta de largura e ca-
Acima, imagem da doca. O local 
exibe remanescentes dos seus trilhos, 
recuperados e expostos sob o piso de 
vidro. Ao lado, detalhe da cobertura 
executada com estrutura metálica
O lanternim preserva 
a forma original do 
projeto, enquanto 
a cobertura tem 
o redesenho das 
tesouras em aço 
em vez de madeira, 
inspirado em soluções 
contemporâneas
Cinemateca
Local: São Paulo
Data do projeto: 2000
Conclusão da obra: 2007
projeto arquitetônico: 
Nelson Dupré Arquitetura
Área de intervenção: 1.814 m2
projeto estrutural: Companhia de Projetos
Fornecimento da estrutura metálica: 
Construmet 
Construtora: Sfera Engenharia
Construção Metálica 17
reportagem
18 Construção Metálica
Red Bull Station São Paulo
Local: São Paulo
Data do projeto: 2011
Conclusão da obra: outubro/2013
Área construída: 2.150m2
Coordenação geral: Luiz Trindade
patrimônio e restauro: 
Arquiteta Ana Marta Ditolvo
restauração de patrimônio Histórico : 
Pires | Giovanetti | Guardia
projeto estrutural: Companhia de Projetos
Fornecimento da estrutura metálica: 
Engemetal
Chapas de aço: Ananda Metais
Construtora: Lock Engenharia
reforço estrutural: Consultest
Construção Metálica 19
diversos ensaios para chegar à solução 
mais acertada para a grande cobertura, 
ou “folha”, como é chamada. “A arquite-
tura proposta tinha vãos e determinadas 
ousadias pertinentes à estrutura metáli-
ca. Qualquer outro material, como por 
exemplo, o concreto, acarretaria em so-
brecarga excessiva sobre a laje existente, 
sem contar que não teríamos as ancora-
gens necessárias”, enfatiza.
De acordo com a engenheira, este 
pano metálico foi apoiado em três pontos: 
dois pilares metálicos de seções e compri-
mentos distintos e na caixa do antigo ele-
vador readaptado, que também dá acesso 
a este solário. Além de proteger o espa-
ço, o novo elemento de borda infinita faz 
a captação da água da chuva, como uma 
espécie de funil, o que evita a formação de 
goteiras sobre os transeuntes. 
Para Heloisa, um dos maiores desa-
fios foi a criação de uma estrutura que não 
tivesse a forma da arquitetura, somente o 
contorno, fato que exigiu da empresa res-
ponsável pela montagem da cobertura, a 
Engemetal, um trabalho artesanal. “Eles 
tiveram que criar peças laminadas, isto é, 
perfis de abas paralelas em superfícies que 
não eram paralelas”, lembra. 
Não foram poucas as demandas de 
restauração e construtivas do projeto, se-
gundo Heloisa Maringoni, o que exigiu de 
todas as equipes envolvidas um tremendo 
esforço, tanto na etapa de projeto quanto 
de execução. Contudo, a proposta seria 
inviabilizada se não fosse o uso do aço. 
“Resolvemos todos os impasses na fase de 
projeto. Uma vez fabricada e montada no 
local, a intervenção arquitetônica contem-
porânea estava pronta, criando um con-
traste plasticamente muito bonito como o 
antigo partido”, finaliza. 
intervenção contemporânea
Atualizar e ao mesmo tempo manter 
as características intrínsecas do bem re-
trofitado. Este é o desafio de engenheiros 
e arquitetos em obras dessa natureza. E 
na maioria das vezes, a estrutura metá-
lica, seja na fachada, seja na cobertura, 
representa excelente alternativa, pois não 
interfere e tampouco sobrecarrega a estru-
tura preexistente. Este conceito está sendo 
adotado no projeto do Centro Cultural 
Red Bull Station, no centro de São Pau-
lo. O edifício abrigava a antiga subestação 
transformadora da Light, hoje Eletropau-
lo. Localizado na Praça da Bandeira, entre 
as Avenidas Nove de Julho e a Vinte Três 
de Maio, a edificação dos anos de 1920 foi 
tombada em 2002 pelo Concresp.
O prédio foi inteiramente restaurado 
pelo escritório franco-brasileiro Triptyque, 
conforme os conceitos de preservação do 
patrimônio, assim como recebeu uma in-
tervenção arquitetônica contemporânea, a 
fim de se adaptar às suas novas funções de 
Centro de Arte. “Sua essência, no entanto, 
foi mantida e a beleza de seus elementos 
potencializada”, define o escritório. 
A intervenção contemporânea com-
preende uma grande escada e marquise, 
ambas metálicas, que abraçam a porção 
lateral e superior do prédio. Responsá-
vel pelo projeto de cálculo estrutural da 
obra, a engenheira Heloisa Maringoni 
diz que a estrutura metálica estabeleceu 
uma comunicação entre o prédio antigo 
e a nova construção de forma muito har-
mônica. Antes do início dos trabalhos, a 
engenheira conta que foram necessários 
reportagem
No Red Bull Station, além da 
restauração do patrimônio 
foi realizada uma intervenção 
contempoânea: escada e 
marquise metálicas 
AçoEmEvidência
Mudança de uso
Shopping construído no lugar das antigas fábricas têxteis recebe cobertura metálica 
e reforços estruturais condizentes com a nova tipologia 
20 Construção Metálica
Construção Metálica 21
O Pátio Cianê Shopping é um exemplo de que a boa arquitetura, ainda que antiga, pode ser 
adaptada a novos usos. Localizado em Sorocaba, in-
terior de São Paulo, foi implantado ao lado do termi-
nal rodoviário da cidade. Parte da estrutura do em-
preendimento é da fábrica de tecidos Nossa Senhora 
da Ponte, construída em 1881. Já a outra pertenceu 
à fábrica Santo Antônio, construída em 1913, dando 
origem à Companhia Nacional de Estamparia, um 
dos maiores grupos do setor no país. Os dois prédios 
com tijolos aparentes em estilo inglês, somam área de 
90 mil m2. As fábricas foram desativadas na década de 
1990 e após a aquisição pelo grupo Saphyr e Hemis-
fério Sul Investimentos (HSI) passaram por um mi-
nucioso processo de retrofit e revitalização, que levou 
pouco mais de um ano.
A partir de um estudo realizado pela Designcorp 
e executado pela Bassichetto Arquitetura, o projeto ar-
quitetônico teve volumetria e fachadas tombadas pelo 
Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Históri-
co de Sorocaba (CMDP) e pelo Conselho de Defesa do 
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turís-
tico (Condephaat). De acordo com a arquiteta Cláudia 
Bassichetto,mais do que intervenção estética, eram 
indispensáveis reparos e reforços estruturais em toda a 
construção, visto que o projeto original não atendia às 
demandas do shopping com 207 lojas, academia, sa-
las de cinema, praça de alimentação e estacionamento 
com capacidade para 1.200 vagas. Nesse sentido, o aço 
se tornou um elemento importante tanto à restauração 
da parte antiga quanto à construção nova.
Devido ao 
tombamento, 
tanto a fachada 
quanto a 
volumetria 
tiveram de ser 
preservadas
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22 Construção Metálica
Ocupado anteriormente pela Nossa 
Senhora da Ponte, este primeiro galpão 
tinha uma cobertura executada com qua-
tro tesouras metálicas delgadas, porém 
incapazes de suportar as sobrecargas das 
novas instalações. “Como solução, cons-
truímos uma cobertura sobre a antiga, 
acompanhando o desenho desta, que 
permaneceu aparente”, destaca a arqui-
teta. Já o restante do telhado original foi 
refeito e a estrutura de alvenaria reforça-
da com estrutura de concreto. 
A profissional explica que para unir 
os dois blocos desenhou uma passarela em 
aço, fechada por vidro e com caixilhos em 
alumínio. O elemento de conexão, uma es-
pécie de cubo, criou um contraponto inte-
ressante entre a construção nova e a antiga, 
ao mesmo tempo em que deixa evidente 
a intervenção. Além disso, se necessário, 
pode ser desmontada, não interferindo nas 
características originais do projeto. 
Para a parte nova, atrás do terminal 
de ônibus, com 10 mil m2, foi adotada co-
bertura Roll-on. Dadas as características 
do projeto, segundo a arquiteta, o sistema 
garantiu velocidade à obra, trouxe total 
estanqueidade e possibilitou a criação de 
grandes vãos, além de diminuir a quanti-
dade de pilares no último pavimento, já 
que o produto funciona como estrutura e 
telhado. O restante foi executado a partir 
de pré-moldados de concreto. Inaugura-
do no final de 2013, este foi o primeiro 
shopping do país construído em área de 
preservação histórica. 
Pátio Cianê Shopping
local: Sorocaba, SP
data do projeto: 2012
Conclusão da obra: Novembro/2013
Projeto arquitetônico: Bassichetto 
Arquitetura (projeto executivo e 
detalhamento); Designcorp (conceito)
Área construída: 90 mil m2
Projeto estrutural: Gama Z Engenharia, 
Lubas Engenharia e Solutec Engenharia 
de Estruturas
fornecimento da cobertura metálica: 
Marko Sistemas Metálicos
gerenciamento e coordenação: Planservice
A cobertura 
o Roll-on é um sistema indicado para grandes construções e com tipologias variadas. a 
diferença é que integra estrutura e telhado no mesmo produto, tratando a cobertura como 
um conjunto e não como parte distinta e isolada. sobre a estrutura são desenroladas bobinas 
metálicas, que formam canais contínuos de condução da água para a periferia do prédio. 
além de imprimir velocidade à obra, uma das principais vantagens é que elimina a existência 
de emendas, furos ou sobreposições, garantindo total estanqueidade à obra. 
Para atender às demandas necessárias 
de um shopping, o galpão recebeu 
cobertura metálica Roll-on
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24 Construção Metálica
De volta ao cenário cultural
Sistema estrutural em aço auxilia no processo de recuperação 
do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo
O Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que está passando por processo de 
restauro e retrofit, pretende reabrir suas 
portas até 2015. A promessa é da Fundação 
Nacional das Artes (Funarte), instituição li-
gada ao Ministério da Cultura, que adquiriu 
a edificação em 2008. Desde então, objetiva 
transformá-la em um importante centro cul-
tural, como parte do projeto de requalifica-
ção do bairro Bela Vista, em São Paulo. 
O programa elaborado pelo escritório 
paulistano Urdi Arquitetura contempla a cria-
ção de uma sala de projeção para 120 expec-
tadores, um teatro de tipologia palco italiano 
com 250 lugares, uma galeria de exposições 
com capacidade para 200 pessoas, além de 
um espaço multiuso para espetáculos. 
Segundo o arquiteto Alexandre Liba, ti-
tular do escritório, tanto a fachada quanto a 
volumetria do partido foram tombadas pelo 
Patrimônio Histórico, fato que obrigou a re-
vitalização destes elementos sem perda das 
características originais. “No espírito de re-
encontrar alguns traços perdidos ao longo do 
tempo, especificamos as intervenções”, diz. 
A partir daí, determinou-se à criação 
de um edifício anexo que servirá como 
apoio (lanchonete e livraria) no lugar do 
antigo – demolido por oferecer riscos de 
queda –, o restauro das fachadas, a criação 
de nova identidade visual do conjunto e a 
recuperação estrutural do bloco principal. 
Este último, aliás, fundamental, pois algu-
mas características construtivas originais 
como a sucessão de telhados, diversos ní-
veis e presença de escadas conferiam um ar 
de labirinto ao conjunto, em desacordo com 
os padrões de teatros contemporâneos. 
Nesse sentido, o aço não só marcou e 
desenhou a nova intervenção como mini-
mizou a degradação de anos. “Nesta obra, 
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Tanto a fachada quanto a volumetria 
do partido foram tombadas pelo 
Patrimônio Histórico. Vista da área de 
espetáculos, com piso inclinado 
Construção Metálica 25
ProjetosEmDesenvolvimento
26 Construção Metálica
a estrutura metálica foi empregada para 
solucionar alguns problemas, não para ser 
vista como ocorreu no Red Bull Station, 
no qual estabeleceu-se basicamente um 
contraste entre a construção nova e anti-
ga”, diz a engenheira Heloisa Maringoni, 
responsável pelo projeto estrutural. Ela 
lembra que, devido ao tombamento, qua-
se todo prédio teve de ser mantido, exceto 
as partes que ofereciam riscos à seguran-
ça. “No período de análise, descobrimos, 
por exemplo, características interessan-
tes como o uso de estrutura mista, como 
ocorreu na Estação da Luz”, acrescenta. 
as intervenções estruturais
Com 2.900 m2 de área construída, o 
complexo cultural terá capacidade para 
atender um público simultâneo de quase 
800 pessoas, distribuídas em quatro gran-
des ambientes de exposição ou espetácu-
los, perfeitamente integrados ao entorno. 
Portanto, a necessidade de esforços estru-
turais era uma das principais demandas 
do processo de revitalização e retrofit. Na 
área de espetáculos, por exemplo, a curva 
de visibilidade era abatida e o posiciona-
mento da plateia e palco incompatíveis 
com as atuais tecnologias de cenografia. 
Foi necessário, então, a inclinação do piso 
e a eliminação das minissalas abaixo. A 
engenheira Heloisa afirma que um dos 
maiores desafios era o aproveitamento 
das fundações existentes, ao mesmo tem-
po em que se refaziam as lajes. Para tanto, 
realizou-se uma programação minucio-
sa de demolição das mesmas. “Criamos 
um novo gride de vigas para o piso sem 
demolir o que estava abaixo, reforçando 
as fundações e reduzindo o número de 
apoios ao mínimo possível”, explica. Com 
isso, o piso da plateia pode ser substituído 
sem destravar as paredes de alvenaria. 
De acordo com o arquiteto Alexandre 
Acima, parte 
do teatro em 
obra. A viga 
recebeu solda 
de perfis I de 
400 mm na 
face inferior. 
Ao lado, 
imagem do 
edifício anexo 
construído
com estutura 
metálica
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Construção Metálica 27
ProjetosEmDesenvolvimento
Liba, a fase de levantamentos técnicos do 
prédio do TBC, realizada em vista da ela-
boração do projeto arquitetônico, serviu 
não só para estabelecer uma base técnica 
de trabalho, mas também para apontar a 
principal premissa: a de que realmente se-
ria impossível restaurar o prédio somente 
do ponto de vista estético. Nesta fase, des-
cobriu-se, por exemplo, que as vigas que 
venciam o vão de parede a parede, eram 
metálicas revestidas em concreto, somente 
como proteção a incêndio. 
“Recalculamos as vigas existentes 
para atender as demandas de um novoteatro. Por conta disso, foi preciso retirar 
toda a carga adicional para minimizar as 
deformações e solicitações de carga, com-
plementando a viga através da solda de 
perfis I de 400 mm na face inferior. Isto é, 
uma viga com três mesas”, esclarece Heloi-
sa Maringoni. Ela acrescenta que a grande 
vantagem do sistema estrutural metálico 
existente foi a facilidade do reforço feito por 
meio dessas soldas, mas que, no entanto, 
depois de pronto é impossível imaginar a 
presença do material ali. “Aliás, considero 
a obra do TBC um trabalho arqueológico, 
onde foi possível resgatar alguns materiais 
importantes utilizados na obra inicial como 
a alvenaria e o aço”, sintetiza. 
Ao final, o projeto trará a possibili-
dade de usos múltiplos dos espaços, além 
de franca acessibilidade e conforto ao pú-
blico. Para o arquiteto Liba, o mais impor-
tante é que a preservação simbólica tanto 
da volumetria quanto da fachada e das 
localizações das salas principais não inter-
feriram nas modificações de infraestrutu-
ra. Quando inaugurado, a Funarte espera 
levar o TBC ao seu ponto de partida, em 
1948, época em que era protagonista da 
vida cultural paulistana. 
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)
Local: São Paulo, SP
Data do projeto: 2012
Conclusão da obra: 2015
Área construída: 2.900 m²
Projeto arquitetônico: 
Urdi Arquitetura
autores: Arq. Alexandre Cavalheiro Liba 
e Alberto Ferreira Barbour
Colaboradores: Arq. Karen Miyabe Ueda 
e Camila Miry Yoshii
estagiários: Marina Simões Frade, 
Rodrigo de Pádua Ribeiro 
e Letícia Lombard Platet
Projeto estrutural: Companhia de Projetos 
– Eng. Heloisa Martins Magingoni
Fornecimento da estrutura metálica: 
Construtora Ambiental
execução da obra: 
Construtora Ambiental
28 Construção Metálica
O arquiteto que inovou a linguagem do aço no marco arquitetônico de São Paulo 
Luiz Telles e o Centro Cultural São Paulo 
Faleceu no último dia 23 de fevereiro o arquiteto e professor Luiz Benedito Castro Telles. Junto a 
Eurico Prado Lopes, ele projetou o Centro Cultural 
São Paulo. Localizado na saída do metrô Vergueiro, 
em São Paulo, o CCSP, também conhecido como 
Centro Cultural Vergueiro, é um dos principais polos 
culturais e de lazer da cidade. Inaugurado em 13 de 
maio de 1982, a partir da necessidade de uma exten-
são da Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se 
em um dos primeiros espaços culturais multidisci-
plinares do país. Suas formas arrojadas e a inovação 
técnica casaram perfeitamente com a proposta de 
Acima, Luiz 
Benedito Castro 
Telles, um dos 
autores do Centro 
Cultural São Paulo
funcionalidade exigida para este tipo de edifício.
O professor e arquiteto Luís Andrade de Mattos 
Dias considera o Centro Cultural São Paulo “a ar-
quitetura mais emblemática da cidade” . A obra faz 
parte do livro de sua autoria, Edificações de Aço no 
Brasil (editora Zigurate, 2002), que reúne as cons-
truções mais significativas com o emprego intensivo 
do aço entre meados da década de 1950 – marco do 
surgimento das primeiras grandes estruturas metá-
licas no Brasil – e início dos anos 1990.
Do livro destacamos alguns dados técnicos 
desse projeto inovador como a superestrutura que 
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Construção Metálica 29
Para Luiz Telles 
POr ricardO ruiz MarTOS 
Traduzir em palavras o sentimento da perda de Luiz Benedito de 
Castro Telles, o nosso Luiz Telles, torna-se mais fácil se amparado 
no pensamento de quem teve o imenso privilégio de conviver 
com esta figura tão amável. Tenho certeza que a sensação de 
proximidade era de muitos, já que ele conseguia tempo sincero 
pra todos, olhando nos olhos, sem fazer diferença, pronto para 
uma palavra única que só podia vir dele. 
Telles consagrou-se como arquiteto e fez desse ofício uma 
lição maravilhosa por meio de seus projetos. O Centro Cultural 
São Paulo, projetado em parceria com Eurico Prado Lopes, 
tornou-se referência imediata por sua relação com o lugar, 
integração ao espaço público e uso primoroso da estrutura 
metálica. No ambiente universitário experimentou uma espécie 
de renascimento e mais uma vez foi brilhante. Sua atuação no 
Centro Universitário Belas Artes e na Universidade Mackenzie 
inspirou alunos e professores que conviviam com suas 
gentilezas e provocações.
Sua última semana de trabalho teve um roteiro emblemático. 
Na segunda recebeu os calouros do curso de arquitetura 
e emocionou a todos como um amor à primeira vista. 
Na sexta, acompanhou um grupo em visita ao Centro 
Cultural São Paulo, apresentando-o e desvendando-o 
de forma autoral e surpreendente. No sábado seguiu para 
um último passeio arquitetônico com alunos pela Vila Mariana. 
No domingo nos deixou.
Luiz Telles é sinônimo de generosidade. Generosidade 
intelectual, humana e de atitude. Não há como evitar a 
tristeza ao imaginar que aquele imenso sorriso e aquela risada 
contagiante não mais nos surpreenderão em um dia qualquer, 
mudando radicalmente os rumos seguintes. Fica a certeza de 
que nos tornamos melhores e aprendemos com ele o tanto 
que ele humildemente insistia em dizer que aprendia conosco. 
Muitos vão vestir lembranças similares nesta passagem que 
ocorreu ao final de uma aula que dividíamos. Ele me disse: 
“Seus olhos brilham quando você troca informações com os 
alunos, esteja certo, eles percebem quando a sua intenção é 
transparente”. Esse era o Telles.
Para onde quer que tenha ido, felizes os que te receberam.
Ricardo Ruiz Martos é mestre em Arquitetura e Urbanismo 
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor de Projeto 
Arquitetônico do Centro Universitário de Belas Artes e Faculdade de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
Coordenador do curso “Arquitetura, Cidade e Sustentabilidade“ da 
pós-graduação do Centro Universitário de Belas Artes.
é uma composição de elementos de aço e concreto. 
Os pilares são compostos por oito chapas verticais 
simétricas e radialmente dispostas de largura variá-
vel, próximo ao topo e à base, e soldadas a uma bar-
ra redonda, no centro. Estão simplesmente apoia-
dos em aparelhos de neoprene, com dimensões que 
variam de 400x400mm a 800x800mm. As vigas de 
concreto chegam aos pilares apoiando-se em pla-
cas horizontais superiores que distribuem as cargas 
para as chapas verticais. 
Peças metálicas, localizadas nas superfícies in-
feriores destas vigas, serviram de fôrmas e gabaritos, 
garantindo rigorosamente as formas curvas, e perma-
neceram a elas incorporadas, cumprindo uma função 
estética. Os dezessete pilares de aço de sustentação 
da cobertura, que se estende por 100m, são curvos, 
quadripartidos ao longo do eixo e constituídos por 
quatro conjuntos independentes de três chapas sol-
dadas entre si, que vão se abrindo seguindo uma cur-
vatura até atingir, no topo, um afastamento de 80cm 
entre eles nas duas direções. Estes conjuntos estão 
interligados na parte inferior do trecho retilíneo por 
parafusos e chapas intercalados. 
EspecialLuizTelles
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centro cultural São Paulo
ano: 1981/1982
Área aproximada: 50 mil m2
Projeto de arquitetura e Coordenação projetos 
Complementares: Plae Arquitetura e Engenharia.
Arquitetos: Eurico Prado Lopes 
e Luiz Benedito Castro Telles 
Construção: SADE Sul Americana de Engenharia 
Cálculo Estrutural: Maubertec Engenharia e Projetos 
acústica: igor Sresnewsky 
Paisagismo: koiti Mori e klara kaiser 
30 Construção Metálica
NotíciasABCEM
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dânica fornece fachada para shopping no Ceará
A Dânica foi uma das principais for-necedoras do recém-inaugurado 
North Shopping Sobral, o primeiro centro 
comercial de grande porte da cidade-polo 
cearense. A fachada foi executada a partir 
de 4,6 mil m² de painéis TermoWall, com 
revestimento em aço e núcleo isolante em 
poliuretano (PUR). 
“Buscávamos uma solução de facha-
da que atendesse a características termoi-
solantes, dada as altas temperaturas da 
regiãoe ainda servisse como acabamento, 
tendo alto rigor estético”, explica o arqui-
teto Ricardo Muratori, responsável pelo 
projeto. A velocidade de montagem foi 
outro fator primordial, uma vez que esse 
tipo de painel chega pronto à obra, sem 
necessidade de corte adicional.
O empreendimento do Grupo Nor-
th Empreendimentos Brasil foi executado 
pela Cameron Construtora. A área cons-
truída de 49 mil m² se uniu a um espaço 
existente de 37 mil m², totalizando uma 
área bruta locável de 18,2 mil m². Ao todo, 
são 133 lojas satélites, três mega lojas, cin-
co salas de cinema, boliche com pistas au-
tomatizadas, ampla área de alimentação e 
estacionamento para 771 vagas.
demuth entrega galpões móveis para Maceió
Das areias da praia de Maceió é possí-vel observar os imponentes galpões 
fornecidos pela Demuth Estruturas Metáli-
cas para a planta da Tomé Ferrostaal, loca-
lizada no porto da capital alagoana. São es-
truturas de grande porte que deslizam sobre 
trilhos com a finalidade de se adaptar às ne-
cessidades momentâneas de montagem dos 
módulos off shore do consórcio. De acordo 
com a Demuth, o objetivo foi desenvolver 
soluções sob medida para facilitar a opera-
ção e garantir segurança aos equipamentos, 
mantendo-os estáticos, mesmo em situa-
ções de ventos extremos. Os pinos metálicos 
são ligados às estruturas dos galpões, o que 
garante o travamento no solo. Tais dispo-
sitivos podem ser facilmente instalados ou 
retirados, conforme as necessidades.
Construção Metálica 31
NotíciasABCEM
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Tuper participa da ampliação do aeroporto 
internacional de viracopos em Campinas, SP 
ATuper, quinta maior processadora de aço do país, com oito unidades 
de negócios em segmentos variados, é um 
dos fornecedores da obra de ampliação do 
Aeroporto Internacional de Viracopos, em 
Campinas, São Paulo. A empresa é forne-
cedora de tubos de aço estruturais, mate-
rial empregado na fabricação da estrutura 
metálica para a cobertura e fachadas do 
novo terminal, com capacidade para 14 
milhões de passageiros.
Este é o primeiro dos cinco ciclos 
de investimentos previstos durante os 30 
anos de concessão da empresa Aeropor-
tos Brasil Viracopos. O novo terminal, que 
terá uma moderna estrutura mista execu-
tada em aço, concreto e vidro, contará ain-
da com 28 pontes de embarque, sete no-
vas posições remotas de estacionamento 
de aeronaves e um edifício-garagem com 
4 mil vagas, além da ampliação das pistas 
de taxiamento de aeronaves. 
Além do aeroporto de Viracopos, a 
fabricante é também responsável pelo for-
necimento de mais cinco aeroportos, oito 
estádios de futebol e cinco projetos de gaso-
dutos brasileiros. Em 2014, estão previstas a 
participação em importantes obras de infra-
estrutura, consolidando a empresa em solu-
ções para projetos de estruturas metálicas. 
Recentemente, a Tuper firmou parceria com 
a Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
(UERJ) – um importante avanço em pesqui-
sa e desenvolvimento de novas aplicações 
para as estruturas metálicas tubulares.
32 Construção Metálica
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Norma para perfis tubulares
A A Norma ABNT NBR 16239:2013 – Projeto de Estruturas de Aço e de 
Estruturas Mistas de Aço e Concreto de 
Edificações com Perfis Tubulares já está 
disponível para consulta. Publicada em 
novembro de 2013, pode ser consultada 
no catálogo de normas ABNT, ISO, IEC, 
DIN, AFNOR, BSI, CEN, ASTM, IEEE, 
NFPA, AMN ou JISC. 
Esta Norma, com base no método 
dos estados-limites, estabelece os requi-
sitos básicos que devem ser obedecidos 
no projeto à temperatura ambiente de 
estruturas de aço e mistas, de aço e con-
creto, de edificações, com perfis tubula-
res e ligações com parafusos ou soldas.
O texto, coordenado pelo engenheiro 
João Alberto Venegas Requena – profes-
sor livre docente da Universidade Estadu-
al de Campinas e Consultor da Vallourec 
& Mannesmann do Brasil , define os prin-
cípios gerais dos projetos de estruturas de 
aço e mistas de edificações, incluindo pas-
sarelas de pedestres e suportes de equipa-
mentos que utilizem perfis tubulares.
Para mais informações acesse o site 
www.abnt.org.br/catalogo.
NotíciasABCEM
Detalhe da estrutura metálica tubular do 
Centro Georges Pompidou, Paris, França.
Arquitetos: Renzo Piano e Richard Rogers
34 Construção Metálica
NotíciasABCEM
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vem aí o CoNSTRuMETal 2014
A6ª edição do Congresso Latino--Americano da Construção Metálica 
– CONSTRUMETAL 2014, será reali-
zada de 02 a 04 de setembro no Centro 
de Convenções Frei Caneca. O evento é 
uma iniciativa da ABCEM – Associ-ação 
Brasileira da Construção Metálica, que há 
10 anos tem reunido empresas, dirigen-
tes, profissionais, colaboradores, docen-
tes, bem como toda a cadeia industrial do 
aço e da construção metálica.
Um amplo programa de conferên-
cias, palestras plenárias nacionais e inter-
-nacionais reunirá profissionais de reno-
me. O congresso tem o apoio de várias 
instituições e entidades como a Associa-
ção do Aço do Rio Grande do Sul, AISC 
(AARS), a American Institute of Steel 
Construction, a Asociación Latinoame-
ricana del Acero (ALACERO), o Centro 
Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), 
o Instituto Aço Brasil e o Instituto Nacional 
dos Distribuido-res de Aço (INDA). 
Para mais informações acesse: 
www.construmetal.com.br 
ou pelo telefone (11) 3816-6597. 
Contribuições Técnicas
O CONSTRUMETAL contará com 
um comitê para organizar as sessões 
tec-nocientíficas. O objetivo é prover 
aos meios técnico e científico ligados ao 
uso do aço a oportunidade de discussão 
e disseminação de novas tecnologias 
relacionadas ao tema. O comitê é co-
ordenado pelo Prof. Dr. Eduardo M. B. 
Campello, da Escola Politécnica da USP, 
e conta com a participação de renomados 
pesquisadores de todo o país. Permane-
cem abertos os prazos para o envio de re-
sumos das contribuições tecnocientíficas 
para a edição 2014.
Elementos de projeto para pontes rodovi-
árias mistas aço-concreto é o tema do curso 
ministrado pelo Professor Dr. Sc. Zacarias 
Martin Chamberlain Pravia, no dia 02 de 
setembro, durante o CONSTRUMENTAL 
2014. Um dos objetivos é apresentar as ba-
ses necessárias para elaborar um projeto de 
ponte rodoviária do tipo viga de aço e tabu-
leiro de concreto. Na ocasião, serão desen-
volvidas ações informativas sobre prescri-
ções de projeto com a norma AASHTO e, 
quando possível, adaptadas às normas bra-
sileiras. O material didático será repassado 
aos alunos por meio de link na internet. Ao 
final do curso será entregue um certificado. 
Esta previsto no conteúdo do curso, 
com foco principal em pontes mistas de 
vigas, o pré-dimensionamento, a definição 
do projeto e ações, as normas e materiais, 
bem como a análise do sistema estrutural, 
dimensionamentos e verificação à fadiga.
Data: 02 de Setembro de 2014
Horário: das 9h às 13h e das 14h às 18h
Curso no CoNSTRuMETal
Formado pela Faculdade de arquitetura 
e urbanismo da universidade de São 
Paulo (Fau), em 1960, o arquiteto 
Ruy ohtake vem imprimindo uma 
lin-guagem própria em mais de 300 
obras realizadas no Brasil e no exterior. 
Comprometido em realizar uma 
arquitetura brasileira contemporânea 
e tendo a inovação como princípio, 
Ruy ohtake consegue colocar a sua 
marca em projetos para os mais 
variados fins: obras públicas, escolas, 
cinemas, teatros, além de edificações 
residenciais e corporativas. 
um dos destaques do arquiteto no 
uso de estrutura metálica é a criação 
do maior aquário de água doce do 
mundo: o aquário do Pantanal, em 
Campo grande (MS). Em sua ousada 
forma, o projeto carrega o tema da 
preserva-ção ambiental nos 18 mil m² 
de área, quase cinco milhões de litros 
de água e sete mil animais.
o edifício é composto por dois pavilhões 
conectados. o pavilhão dos aquá-rios, 
que ficará em nível rebaixado, terá sua 
fachada externa executada com painéis 
devidro transparente. a solução, segundo 
ohtake, é para integrar o percurso com 
a paisagem do jardim, além de trazer luz 
natural ao túnel dos aquários.
Estruturas complexas como esta 
e a do Museu do amanhã podem ser 
consideradas inovadoras na concepção 
do engenheiro Flavio d’alambert. 
“Estruturas inovadoras trazem consigo 
novos conceitos arquitetônicos e 
estruturais, com a engenharia e a 
arquitetura trabalhando juntas para criar 
as condições que resultem em edifícios 
eficientes, sustentáveis e, por que não, 
espetaculares” lembra d’alambert.
O arquiteto e empresário 
Ruy Ohtake será um dos 
palestrantes do congresso
A expectativa é reunir um público de mais de 5 mil pessoas
Construção Metálica 35
Complexo Elevador Rubem Braga – JBMC arquitetura e urbanismo. 
Vencedor do prêmio ABCEM 2012 na categoria edificações
Prêmio aBCEM 
Promovido pela Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), a 
premiação tem como objetivo reconhecer 
os profissionais ou a empresa que mais se 
destacaram em projetos que tenham em 
sua concepção o uso do aço em diferentes 
formas, tipos e aplicações. Enquadram-
-se nos requisitos todos os elementos e 
componentes de aço, galvanizados ou 
pintados, aparentes ou revestidos, com 
finalidade estrutural ou estética.
São candidatos ao Prêmio ABCEM 
2014 todos e quaisquer projetos cujas 
obras tenham sido realizadas e concluí-
das no período de 2012 a 2014 (data de 
inscrição do projeto), de autoria de arqui-
tetos ou escritórios de arquitetura asso-
ciados ou não da entidade. Qualificam-se 
como concorrentes as obras cujos ele-
mentos e componentes de aço tenham 
absoluta predominância do material, 
incluindo as estruturas mistas aço-con-
creto. Definem-se como “elementos e 
componentes de aço” as estruturas prin-
cipais e secundárias em aço, aparentes ou 
não, em perfis de alma cheia, laminados 
ou soldados, conformados a frio, tubula-
res em qualquer forma ou composição, 
além de chapas, estruturas da cobertura, 
coberturas e fechamentos internos ou ex-
ternos, elementos de ligação e de interfa-
ce com outros tipos de componentes.
A avaliação quanto à “absoluta predo-
minância” de componentes de aço no pro-
jeto, bem como o julgamento será realizado 
por uma comissão julgadora, não sendo 
aceito qualquer recurso nesse sentido. Os 
trabalhos de autoria de dois ou mais pro-
fissionais, ou ainda no caso de participação 
significativa de um segundo profissional, so-
mente serão aceitos com a apresentação de 
uma declaração assinada por todos os parti-
cipantes autores ou co-autores do projeto. A 
premiação será dividida em três categorias:
• Edificações: estruturas verticais e/ou 
horizontais que se destinam à 
utilização residencial, comercial, 
institucional, corporativo ou esportivo, 
de médio e grande porte; 
• Obras de pequeno porte: serão 
consideradas as estruturas residenciais 
de pequenos edifícios, esculturas, 
monumentos, novas ou de expansão; 
• Obras especiais: serão consideradas as 
estruturas como galpões, indústrias, 
hangares, obras de arte, antenas de 
telecomunicações, etc.
Vale lembrar que a comissão julga-
dora será responsável pelo o enquadra-
mento dos trabalhos em uma das catego-
rias citadas. 
Regulamento no site:
www.abcem.org.br/premio-abcem-2014.php
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36 Construção Metálica
Aço galvanizado por imersão a quente é usado 
na recuperação de edifício com valor histórico
Worly Building
Local: Columbus, Ohio, EUA
Data do projeto: 2012
Componentes galvanizados: 
Todas as estruturas expostas, 
incluindo corrimão, alpendre 
e suportes para sinalização 
Fabricante: 
Bickers Metal Products – Roger Coffaro
Arquitetura: 
Urban Design LLC – David Rectenwald
Galvanização: 
V&S Columbus Galvanizing LLC
Construção Metálica 37
Galvanização
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Durabilidade da camada de zinco: Correlação Peso/Espessura/Vida Útil da camada
Oedifício histórico Worly Building, situado no distrito de Brewery em 
Columbus, Ohio, EUA, foi recentemente 
renovado para novo uso. Localizado pró-
ximo ao centro financeiro, a área tem uma 
história de quase 200 anos, sendo o cora-
ção da vida noturna e o local da primeira 
cervejaria aberta pelo imigrante alemão 
Louis Hoster, em 1836. 
O local já foi utilizado como estábu-
lo pela cervejaria anexa e hoje é compos-
to pelo World of Beer e pelo The Shado-
wbox Cabaret, espécie de casa de shows 
e teatro.
A comissão responsável pela revita-
lização inicialmente exigiu que o aço ex-
posto fosse pintado de preto para se ade-
quar à identidade adotada pelo conjunto. 
O arquiteto, no entanto, sugeriu o sistema 
de galvanização por imersão a quente, 
que além de proporcionar uma aparência 
industrial à nova fachada, prolonga a du-
rabilidade do elemento. Apesar das van-
tagens, o procedimento despertou o ques-
tionamento dos incorporadores do bairro 
histórico, uma vez que a prática contraria 
as normas locais, que define o uso de es-
trutura mista em aço pintado.
Apesar do projeto não ser de grande 
escala, causou forte impacto na comuni-
dade. Desde então, a renovação do edifício 
Worly tem despertado olhares de arquite-
tos e especificadores, que já manifestaram 
o interesse no sistema. Ao que tudo indica, 
pode ser um começo para grandes inova-
ções arquitetônicas naquela região. 
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38 Construção Metálica
ArtigoTécnico
Intervenções metálicas em edificações 
de valor histórico e cultural: 
estudos de caso de interfaces
Profª. Msc. Carolina Albuquerque de Moraes
albuquerque.arq@gmail.com
Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro
loureiroribeiro@gmail.com
INTRODUÇÃO
As intervenções em suas variadas formas como a restau-
ração, revitalização ou reabilitação são cada vez mais comuns, 
principalmente em edificações antigas (tombadas ou não pelo 
Patrimônio Histórico) que têm que se adequar às atuais normas 
de acessibilidade, prevenção contra incêndio, reforço estrutural 
ou a mudanças e atualizações de programa arquitetônico. 
É importante analisar cuidadosamente a cultura e as nor-
mas de construção locais, a história da construção e seu en-
torno, suas novas necessidades, os contrapontos estruturais e 
arquitetônicos entre o sistema antigo e o novo, o estudo do 
comportamento dos materiais, de suas interfaces e um eficaz 
planejamento do processo.
Quando se pensa em interfaces entre estruturas de ma-
teriais distintos, a eficiência das escolhas feitas pelos profis-
sionais depende também da averiguação de alguns aspectos 
como: as cargas atuantes, os movimentos pós-montagem e 
deformação lenta dos materiais, as tolerâncias e as juntas, os 
sistemas e dispositivos de fixação, a tentativa de padronização 
e o grau de dificuldade para fabricação das peças.
A estrutura metálica permite maiores vãos que as estrutu-
ras convencionais e ao mesmo tempo leveza estética. Pode-se 
dizer que a “linguagem do aço” confere às obras preexistentes 
um diálogo com a contemporaneidade. Trata-se não apenas 
de inovações tecnológicas, mas também conceituais.
No entanto, o uso do aço em intervenções tem se mostrado 
ainda incipiente no Brasil. Os motivos são vários, mas o que pare-
ce ser mais relevante é a cultura “patrimonial” no país, ou seja, a 
cultura da exaltação do passado a todo custo, sem a preocupação 
de inserção do presente para o vislumbre e usufruto no futuro.
ESTUDOS DE CASO
Este artigo fundamenta-se na consulta e análise de dois 
projetos de intervenção no Brasil: a Pinacoteca do Estado de São 
Paulo, na capital, e o Centro Cultural Parque das Ruínas, na 
cidade do Rio de Janeiro. A escolha das obras objetos de estudo 
foi feita com as seguintes premissas: a solução estética e estru-
tural da intervenção em aço; a tipologia estrutural e materiais 
de construção da edificação preexistente; os tipos de vínculo e 
transmissão de esforços entre as estruturas.
Serão identificados:seu comportamento estrutural, as 
interfaces entre estruturas de materiais distintos, assim como 
a análise do processo de projeto, a avaliação de suas qualida-
des arquitetônicas, construtivas e espaciais. Tais informações 
foram baseadas na bibliografia utilizada, em entrevista com 
alguns dos arquitetos responsáveis e em visitas in loco. Estas 
foram feitas através de investigação exploratória por meio de 
inspeção visual e levantamento fotográfico para fins de avalia-
ção pós-uso geral da edificação e específico de suas interfaces 
estruturais. A avaliação do comportamento das estruturas e de 
suas conexões foi feita através do estudo dos “caminhos das 
cargas” e da compatibilização dos materiais distintos.
Construção Metálica 39
da Avenida Tiradentes para a Praça da Luz.
O aço foi o material construtivo adotado nas intervenções 
com a intenção de deixar claro o contraponto entre o antigo e 
o novo.
Análise das interfaces
Duas interfaces de aço preexistente do projeto foram bem 
esclarecidas por Paulo Mendes na entrevista: o apoio das pas-
sarelas e a fixação da estrutura do auditório.
A primeira, detalhamento da interface entre as passarelas 
de aço e a alvenaria de tijolos de barro preexistente, localiza-se 
nos dois pátios laterais do edifício. Segundo o arquiteto, em 
vez de engastar as passarelas nas paredes, optou por simples-
mente apoiá-las nas lajes, objetivando uma melhor distribui-
ção do carregamento.
A estrutura de todas as passarelas inseridas no edifício é 
composta de perfis I ao longo de sua extensão e que tem uma 
redução na altura da alma ao aproximar-se do apoio (fig. 2).
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Com a finalidade de abrigar o Liceu das Artes e Ofícios, 
o edifício objeto de estudo foi projetado em estilo neoclássico 
pelos arquitetos Ramos de Azevedo e Domiciano Rossi e teve 
sua construção iniciada em 1897 em terreno junto ao Jardim 
da Luz, em São Paulo. O edifício foi tombado pelo Conde-
phaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueo-
lógico, Artístico e Turístico), em 1982, e a grande intervenção 
da Pinacoteca de São Paulo projetada pelos arquitetos Paulo 
Mendes da Rocha, Eduardo Argenton e Weliton Ricoy Torres 
aconteceu entre 1993 e 1998. O objetivo primordial do projeto 
foi adequar o edifício às atuais necessidades técnicas e funcio-
nais de um grande museu contemporâneo.
Os arquitetos propuseram manter o edifício sem o reves-
timento das paredes externas e dos pátios. E, como costuma 
acontecer nas ruínas, o estado inacabado e bruto dos materiais 
sugere uma experiência estética interessante. Internamente, 
eliminaram-se os acréscimos herdados das inúmeras ocupa-
ções do edifício ao longo de sua história.
Para sanar o problema da umidade, foram executadas 
clarabóias planas em vidro laminado estruturada através de 
uma grelha com “perfis-calha” de aço sobre os vazios inter-
nos. Dessa forma, evitou-se a entrada de chuva e garantiu-se 
através da ventilação a reprodução das condições originais de 
respiração do conjunto dos salões internos.
Para solucionar os problemas de acesso e utilização do 
edifício, estabeleceram-se novas relações de fluxo gerando 
maior dinamismo ao espaço. Foram criadas passarelas metáli-
cas que cruzam os pátios laterais que reforçam o novo sentido 
longitudinal de circulação. A entrada do museu foi transferida 
Figura 2: Corte longitudinal parcial: A) caminho das cargas 
nas passarelas; B) interface entre passarela metálica e alvenaria 
existente dos pátios laterais do 2º pavimento (desenho cedido 
pelo arquiteto)
Figura 1: Vista frontal da Pinacoteca do Estado de São Paulo; 
Passarelas em um dos pátios internos
40 Construção Metálica
A segunda interface abordada acontece na estrutura de 
sustentação da laje de cobertura do auditório. O conjunto 
estrutural é composto por uma grelha de vigas metálicas de 
perfis I, travadas por um anel octogonal em perfis U enrijecido 
e este é fixado na alvenaria existente por meio de pinos metá-
licos soldados nas faces externas das almas. O que torna essa 
interface de aço preexistente interessante é que sua solução 
considerou a alvenaria como se fosse solo, ou seja, como uma 
base elástica, pois o carregamento da laje é uniformemente 
distribuído ao longo de todo o anel. (fig. 3).
O Parque das Ruínas é um belo mirante do Rio de Janeiro 
e está localizado no bairro de Santa Teresa. A casa, atual centro 
cultural, foi construída na segunda metade do século XIX. Após 
a morte da proprietária, em 1946, o casarão foi abandonado e 
entrou em processo de ruínas até a sua intervenção, elaborada 
pelos arquitetos Ernani Freire e Sônia Lopes (1995-1997).
Hoje, a construção chama atenção por sua arquitetura de 
tijolos aparentes combinados com estrutura metálica e vidro. 
Alguns volumes como a fachada posterior e os telhados foram 
fechados sem perder a luminosidade e a atmosfera proporcio-
nada pelo estado de ruína em que a edificação foi encontrada. 
Além disso, o fechamento em vidro permite a relação direta 
do interior com o exterior e revela ao público a bela vista da 
cidade. O material escolhido para as escadas e passarelas foi 
também o aço que, além de contribuir esteticamente, serviu 
para estabilizar a frágil alvenaria estrutural.
Análise das interfaces estruturais 
A estrutura de aço apoia-se na estrutura autoportante de 
tijolos de barro. Algumas ligações são parafusadas, o que per-
mite a reversibilidade recomendada nas atuais cartas de res-
tauro. Mas, em grande parte da estrutura, os perfis são chum-
bados na alvenaria existente e soldados entre si.
Além da estrutura metálica, o concreto também foi utiliza-
do na estabilização da estrutura existente, como é o caso de uma 
das interfaces escolhidas para análise - a viga central composta 
de berço de concreto armado entre dois perfis metálicos dobra-
dos em forma de U. Essa viga recebe grande parte das cargas do 
mirante e sua circulação vertical, direcionando-as para as pare-
des laterais do vão central. Dessa forma a parede de alvenaria, 
que se encontra logo abaixo, foi protegida. (Fig. 5).
Essa mesma viga é fixada em suas extremidades através 
de chapas de aço com parafusos passantes, presos dos dois 
lados das paredes em que se apoia. A solução aumenta con-
sideravelmente a área de contato entre a viga e a alvenaria o 
que facilita a distribuição do carregamento na mesma. Dessa 
forma, o detalhe da interface permite que a carga, teoricamen-
te pontual, distribua-se uniformemente por uma considerável 
extensão (fig. 6).
Figura 3: Grelha do auditório: A) planta esquemática da estrutura; 
B) detalhe da interface entre a grelha e a alvenaria
Figura 4: A) Vista posterior do Centro Cultural; B) Foto interna 
do 3º pavimento
Figura 5: A) Vista da viga composta no vão central; B) Caminho das 
cargas - corte longitudinal parcial
Figura 6: Detalhe esquemático da interface
Centro Cultural Parque das Ruínas
Construção Metálica 41
ArtigoTécnico
Outro detalhe interessante na estrutura proposta é a passa-
rela atirantada do volume de vidro da fachada posterior. Os qua-
tro tirantes que suspendem o patamar distribuem seu peso pró-
prio e sobrecargas em direção às vigas em que estão pendurados, 
bem como todo o peso da nova estrutura é distribuído em pontos 
diversos da alvenaria e de forma distribuída a fim de não preju-
dicar as vergas de tijolos das aberturas, localizadas logo abaixo e 
que, provavelmente, não suportariam tal carregamento. (Fig. 7).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A restauração de um bem muitas vezes pode não ser ne-
cessária quando existe conservação. Mas o que acontece em 
alguns casos, como ocorreu no Centro Cultural Parque das 
Ruínas, foi o abandono de tais cuidados logo após a interven-
ção. Essa situação poderia ser evitada com a introdução da 
fase de acompanhamento de uso no processo de projeto de 
intervenção.
Além disso, uma metodologia de gestão da qualidade em 
que existe a modificaçãoe readaptação simultânea de todos 
os projetos relacionados à obra de intervenção em patrimônio 
edificado ou mesmo a fabricação de um as built após sua con-
clusão, pode evitar possíveis enganos em intervenções futuras 
ou mesmo para melhor planejamento e execução de ações de 
manutenção, comuns em bens de valor histórico e cultural.
A reversibilidade tão recomendada pelas atuais teorias do 
restauro pode ser dificultada quando se utiliza estrutura em 
aço com ligações soldadas em vez de parafusadas, o que é fre-
quente nos dois casos analisados.
Outra questão a ser considerada é a interação arquiteto-
-engenheiro estrutural, ressaltada por Paulo Mendes da Ro-
cha na entrevista sobre o projeto da Pinacoteca do Estado de 
São Paulo e por Ernani Freire na entrevista sobre o projeto 
do Parque das Ruínas. Tal relação entre os intervenientes do 
processo de projeto pode resultar em uma boa gestão e, con-
sequentemente, em bons resultados em obras tão específicas 
como as de intervenção em preexistências.
A compreensão estrutural e do comportamento dos ma-
teriais por parte dos arquitetos é de grande importância por 
resultar em uma arquitetura esteticamente interessante como 
nas quatro edificações analisadas.
Pode-se concluir também que os artifícios compositivos 
utilizados nos projetos favorecem a linguagem arquitetônica do 
aço e seu contraste necessário com a estrutura preexistente. 
Figura 7: Caminho das cargas - corte transversal parcial
REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CSEPCSÉNYI, A.C; SALGADO, M.S; RIBEIRO, R.T.M. (2006). 
Análise do Processo de Projetos de Restauração sob a 
Ótica da Gestão da Qualidade. XI Encontro Nacional de 
Tecnologia do Ambiente Construído, Florianópolis.
2. FREIRE, E; LOPES, S. (1995). Projeto Arquitetônico 
Parque das Ruínas: Anexo do Museu da Chácara do Céu. 
Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e IPHAN, 
Rio de Janeiro. 
3. FREIRE, E; LOPES, S. (1996). Projeto Parque das Ruínas: 
Anexo do Museu da Chácara do Céu. AP Revista de 
Arquitetura, n.4, p. 36-41, mar./abr. 1996, 
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4. FREIRE, E; LOPES, S. (1997). Memorial Descritivo. 
Parque das Ruínas: Anexo do Museu da Chácara do Céu. 
Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e IPHAN, 
Rio de Janeiro. 
5. GIMENEZ, L.E. (2000). Autenticidade e Rudimento. 
Paulo Mendes da Rocha e as intervenções em edifícios 
existentes. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/
arquitextos/arq000/esp001.asp>. Acesso em: 07 set. 2007. 
6. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO 
NACIONAL – IPHAN. (1931-2003). Cartas Patrimoniais. 
Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/
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rno=paginaLegislacao>. Acesso em: 06 mai. 2008. 
7. MORAES, C. A. (2009). Intervenções metálicas em 
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interfaces. 166p. Dissertação de mestrado. Programa 
de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade 
Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. 
8. ROCHA, P.M. (2006). Paulo Mendes da Rocha. 
Projetos 1957-1999. Cosac Naify, 240 p., São Paulo.
42 Construção Metálica
Livros&Aço
Coberturas – Projetos 
e Detalhes Construtivos
Engenharia integrada 
por computador e 
sistemas CAD/CAM/CNC
Desenhar coberturas para vencer pequenos ou grandes vãos é sempre um exercício de criatividade para os 
arquitetos, que podem trabalhar composições planas ou ge-
ométricas construídas a partir de uma multiplicidade de re-
cursos materiais, entre eles telhas de aço, vidro, membranas 
tensionadas, vegetação, policarbonato e muitos outros.
Para este livro, foram selecionados projetos de cober-
turas desenvolvidos por 30 escritórios importantes no atual 
cenário da arquitetura brasileira. São concepções contempo-
râneas e inspiradoras, cada qual com suas próprias caracte-
rísticas, que arrematam as propostas arquitetônicas dos mais 
variados tipos de programas. O denominador comum entre 
elas é o fato de que todas mostram a capacidade de explorar 
a riqueza das formas ao mesmo tempo em que apresentam 
soluções funcionais e de alto desempenho para o atendimen-
to das demandas de uso dos espaços em que foram ou serão 
implantadas. Pequenos textos descritivos e desenhos técnicos 
auxiliam na compreensão de cada um dos projetos.
Este livro tem como objetivo desenvolver o conhecimento conceitual do leitor sobre as tecnologias de manufatura 
auxiliadas por computador, focando os sistemas CAD/CAM/
CNC, prototipagem rápida, engenharia reversa e outros sis-
temas para a simulação dos processos de fabricação. As má-
quinas que interagem nesta cadeia de manufatura também são 
abordadas, como os centros de usinagem e os sistemas de me-
dição por coordenadas. Exemplos práticos para ilustrar as téc-
nicas de aplicação destas tecnologias complementam a obra. 
A publicação não se restringe à apresentação de comandos 
e métodos de utilização de um software específico, tendo como 
objetivo desenvolver o raciocínio lógico e crítico do leitor sobre 
o tema. Adriano Fagali de Souza obteve o título de doutor em 
Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo EESC-
-USP; é mestre em Engenharia de Produção e engenheiro de 
Produção Mecânica pela Universidade Metodista de Piracicaba 
– Unimep. Atualmente, é professor da Universidade Federal de 
Santa Catarina – UFSC – e atua em temas relativos à fabricação 
de produtos contendo formas geométricas complexas, focando 
a cadeia CAD/CAM/CNC e fabricação de moldes e matrizes. É 
também membro da comissão de avaliação do ensino superior 
Enade (tecnologia em fabricação mecânica – INEP, MEC). 
Cristiane Brasil Lima Ulbrich atua em consultoria, pres-
tação de serviços e treinamento para a criação de produtos 
utilizando tecnologias como CAD, CAM, prototipagem rápi-
da e engenharia reversa. Além disso, é pesquisadora associa-
da do departamento de materiais da Unicamp e do Instituto 
Nacional de Pesquisa em Biofabricação (Biofabris).
Editora: 
J.J. Carol Editora
Autores: 
Rogerio Batagliesi 
e Rafael Setha Coelho
Idioma: 
Português
Detalhes: 
21 x 28cm, 
132 páginas, 
142 fotos, desenhos 
e plantas coloridas 
e em p&b
ISBN: 
9788589376808
Editora: 
Artliber
Autores: 
Adriano Fagali de Souza 
e Cristiane Brasil Lima Ulbrich
Idioma: 
Português
Detalhes: 
17 x 24cm, 
358 páginas, 
ano 2013, 
2ª edição
ISBN: 
978858809890-9
44 Construção Metálica
Estatística
Na compra, o mês de fevereiro apontou recuo de 6,4% perante janeiro, com volume total de 349,7 mil 
toneladas ante a 373,7 mil toneladas. Frente ao meses de janeiro e fevereiro de 2013, o desempenho do setor 
teve acréscimo de 1,5%.
Conforme previsto pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA), as vendas e compras tiveram uma retração em torno de 4% e 6% respectivamente.
Em fevereiro,compras, vendas 
e importações sofreram recuo 
em relação a janeiro
296,0
401,6 413,8 422,7 405,6 429,8
349,8 325,2 373,7
349,7381,5 390,3385,0
340,2
2013
2014
fontE: InstItuto naCIonal dos dIstrIbuIdorEs dE aço (Inda)
CoMpras
A venda de aços planos em fevereiro contabilizou retração de 4,3%, quando comparada a janeiro de 2014, 
atingindo o montante de 390,8 mil toneladas. Porém, registrou alta de 22,9% na comparação com o mesmo 
período do ano passado (317,9 mil toneladas). No acumulado do ano, as vendas registraram alta de 16,4% sobre 
o primeiro bimestre de 2013.
356,4
383,1
363,9
368,7
317,9
347,8
386,8
424,1 409,6 440,5
391,7 346,9
408,2 390,8
2013
2014
VEndas
Construção Metálica 45
Assim, os estoques de fevereiro tiveram em seus volumes um recuo de 4% em relação a janeiro, atin-
gindo 975,6 mil toneladas. Na comparação com fevereiro do ano anterior (970,4 mil toneladas), os estoques 
registraram elevação de 0,5%. O giro de estoques manteve-se em 2,5 meses.
As importações encerraram o mês de fevereiro com recuo de 1,8% em relação ao mês anterior, totali-
zando 123,8 mil toneladas. Comparando-se ao mesmo período do ano anterior (114,9 mil toneladas), as im-
portações registraram

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