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CAPÍTULO 3 Análise de negócios orgAnizAcionAis A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conceituar negócios, ambientes e organizações. 3 Analisar e definir de negócios. 3 Analisar e definir os ambientes gerais e operacionais, internos e externos. 3 Analisar a organização: competências e recursos. USE Realce USE Realce 46 Administração Estratégica 46 47 Análise de negócios orgAnizAcionAis 47 Capítulo 3 contextuAlizAção O negócio de uma organização deve ser algo bem definido e compreendido por todos os integrantes desta. Ao definir o negócio devemos levar em consideração critérios como limite e área de atuação do negócio, atividades principais desta organização e possíveis unidades estratégicas de negócios. A seguir veremos cada um desses critérios de forma mais ampla, bem como conceitos e exemplos de análise do ambiente organizacional a fim de facilitar a sua compreensão. definição de negócio orgAnizAcionAl Podemos entender o negócio de uma organização como o seu “campo de atuação” e seu conceito se formula observando um grupo de empresas que atendem um mesmo grupo de clientes visando à satisfação de suas necessidades com base em tecnologias pouco distintas, dessa forma, temos uma base para se entender um negócio, ou seja, sua área de atuação. De acordo com Fernandes e Berton (2005), as considerações a seguir podem ser feitas com relação ao conceito de negócio: • O que uma organização entende como seu negócio estabelece os limites de sua atuação. • A definição de negócios não deve ser muito ampla nem muito estreita. • O negócio da organização está relacionado com as suas atividades principais. • Uma organização complexa pode ter diferentes negócios divididos em unidades estratégicas distintas. limite e áreA de AtuAção do negócio Observe que o limite de atuação de uma organização consiste em seu negócio, portanto, segundo Fernandes e Berton (2005), uma empresa que atua com transportes rodoviários não se aventurará a entrar na área de transportes aéreos. USE Realce USE Realce 48 Administração Estratégica 48 Também há necessidade de se determinar a área de atuação do negócio, que não deve ser nem muito ampla para que não se perca o foco, nem tão especifica ao ponto de levar à perda de oportunidades. AtividAdes PrinciPAis do negócio As atividades principais do negócio ou core business (negócio central) devem sempre receber a maior atenção por parte da organização. A noção de core business foi muito utilizada na década de 1990 como justificativa da terceirização, passando para outras (outras empresas, fornecedores, etc.) atividades que antes eram desenvolvidas pela empresa, tendo em vista que os recursos das empresas são limitados e, dessa forma, a empresa exploraria mais as atividades que desenvolve com mais eficácia e das quais consegue extrair mais valor. Figura 6 - Foco nas atividades principais do negócio. A terceirização pode ser vista como uma forma de prover maior flexibilidade à organização, tendo em vista a necessidade de uma menor estrutura com menores níveis hierárquicos, facilitando, assim, que as decisões tomadas sejam repassadas com maior agilidade. Outra vantagem diz respeito ao ajuste da estrutura a demanda, pois não há necessidade de grandes estruturas. Assim, a organização necessita apenas de uma estrutura básica para suprir suas atividades principais e contrata terceiros para aquelas que é tão competente, transformando, desse modo, custos fixos em variáveis, permitindo também que a gestão tenha mais tempo e foco na elaboração de estratégias voltadas às atividades principais do negócio. Porém a terceirização tem seus riscos, pois a organização fica dependente de recursos externos e o processo pode se tornar mais moroso do que se ela dependesse de recursos internos, ainda há sempre o risco As atividades principais do negócio devem sempre receber a maior atenção por parte da organização. USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 49 Análise de negócios orgAnizAcionAis 49 Capítulo 3 de que novos projetos, ao serem repassados a terceiros, venham a cair nas mãos de concorrentes. unidAdes estrAtégicAs de negócios Segundo Fernandes e Berton (2005), algumas empresas, à medida que crescem, optam por entrar em novos mercados, oferecendo novos produtos e serviços a seus clientes, competindo, assim, com empresas muito distintas entre si e sentem a necessidade de se reorganizar em unidades menores, as chamadas “Unidades Estratégicas de Negócio ou UENs”. As UNEs são vantajosas para as organização, pois ajudam a manter o foco no negócio. Todavia, uma organização sob uma estrutura de UNEs deve analisar até que ponto os negócios realizados se beneficiam entre si, bem como todos os produtos de uma mesma unidade de negócios devem ter a capacidade de se manter por si mesmos. O fato das unidades de negócio estarem sob uma mesma estrutura corporativa pode gerar mais valor à organização, tendo em vista que, por exemplo, um grupo alimentício ao implantar uma unidade distribuidora pode utilizar-se destes serviços para suprir suas necessidades de distribuição, além de gerar faturamento oferecendo estes serviços ao mercado. Atividade de Estudos: Vamos à prática. Liste quatro empresas que se encontram sob uma estrutura de UNEs e aponte as vantagens percebidas com esta estruturação. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ USE Realce USE Realce 50 Administração Estratégica 50 A imPortânciA de definir o negócio Nem sempre a definição do negócio é realizada de uma forma estruturada e formal, muitas vezes, o empresário age de certa forma intuitivamente, pois ao decidir entrar em um novo negócio, indiretamente esta repensando o negócio de sua organização. Segundo Fernandes e Berton (2005), sempre que um empresário recusa uma oportunidade de investir em um novo segmento ou setor, mais ou menos explicitamente está sendo guiado pela concepção de negócio da organização. Uma pessoa pode ter um talento para cantar e isso independe de seu conhecimento de anatomia das cordas vocais e de noções de acústica, mas se adquirir conhecimento técnico nessas áreas com certeza potencializará seu desenvolvimento. Para se definir um negócio devemos também identificar futuros produtos e serviços substitutos, pois analisar apenas com base nos atuais pode gerar-nos uma definição míope do negócio, fazendo com que não identifiquemos oportunidades que podem vir a se tornar uma ameaça à organização no longo prazo. Ao vender um produto iniciamos uma relação com o consumidor, porém podemos ampliar esta relação oferecendo serviços que atendam outras necessidades deste cliente, por exemplo, as empresas que criam garantias estendidas para seus produtos, estimulando visitas periódicas de seus clientes por meio da realização de revisões obrigatórias, dessa forma, mantendo o cliente por mais tempo em seu estabelecimento, oportunizando a venda de outros produtos, ampliando sua fonte de recursos. Não esqueça, pense sempre na satisfação das necessidades dos clientes e não apenas no produto, o cliente busca sempre a satisfação de suas necessidades e não um produto em si, se houver outro produto que supra essas necessidades e seja mais atrativo, não tenha dúvida de que irá optar por ele. Análise do Ambiente A análisedo ambiente é uma importante etapa do processo estratégico, tendo em vista que por meio desta etapa podemos estabelecer o contexto histórico e espacial em que a organização atua. A análise do ambiente é uma importante etapa do processo estratégico, tendo em vista que por meio desta etapa podemos estabelecer o contexto histórico e espacial em que a organização atua. USE Realce 51 Análise de negócios orgAnizAcionAis 51 Capítulo 3 Esta análise proporciona a identificação de possíveis riscos e oportunidades para a empresa. Segundo Porter (1991), as empresas devem possuir visão de fora para dentro de seus negócios, elas devem reconhecer que o ambiente oferece constantes oportunidades, bem como apresenta novas ameaças constantemente. As empresas devem reconhecer a importância do monitoramento e da adaptação continua às mudanças ambientais. As empresas devem se adaptar a seu ambiente da mesma forma que as espécies vivas fazem para evitar sua extinção. Para que isso não ocorra se deve reconhecer as necessidades do ambiente com o intuito de atendê-las. Segundo Fernandes e Berton (2005), para efeitos de administração e planejamento estratégico, o ambiente tem sido dividido em dois níveis: o ambiente geral, também conhecido como macroambiente, refere-se às forças externas que influenciam a organização; e ambiente operacional ou setorial, constituído por seus clientes, fornecedores, concorrentes imediatos entre outros. A figura a seguir retrata a divisão do ambiente organizacional que lhe foi apresentado acima, bem como as variáveis a serem analisadas no processo de administração e planejamento estratégico. Figura 7 - Análise do ambiente organizacional. Fonte: Adaptado de Fernandes e Berton (2005). O ambiente tem sido dividido em dois níveis: o ambiente geral, também conhecido como macroambiente, refere- se às forças externas que influenciam a organização; e ambiente operacional ou setorial, constituído por seus clientes, fornecedores, concorrentes imediatos entre outros. 52 Administração Estratégica 52 Esses ambientes interagem de tal forma que muitas vezes não se consegue distinguir bem a diferença entre eles, todavia devem ser considerados separadamente com o intuito de facilitar sua compreensão e o desenvolvimento de estratégias específicas. Acesse: http://www.strategia.com.br/Estrategia/estrategia_ corpo_capitulos_analise_ambiente.htm Ambiente gerAl ou mAcroAmbiente No ambiente geral, também conhecido como macroambiente, segundo Wright e colaboradores (apud FERNANDES; BERTON, 2005, p.36), todas as empresas são afetadas por quatro variáveis: as político-legais, as econômicas, as tecnológicas e as sociais. Veremos cada uma delas separadamente a seguir. a) Variáveis Político-Legais As organizações são afetadas diretamente por mudanças no ambiente político-legal, este ambiente é formado por leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam organizações e indivíduos em sociedade. Podemos destacar como principais órgãos e grupos os seguintes: • Partidos políticos; • Sindicatos; • Instituições religiosas; • Forças armadas; • Associações de classe; • Existência de empresas multinacionais; • Existência de empresas estatais; • Estrutura dos poderes: legislativo, judiciário, executivo e ministérios. b) Variáveis Econômicas É de vital importância para as organizações conhecer algumas variáveis econômicas e suas tendências. Entre elas podemos destacar importantes USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 53 Análise de negócios orgAnizAcionAis 53 Capítulo 3 variáveis, como a renda, o nível de população e os padrões de gastos, pois influenciam diretamente no valor da demanda. Para Fernandes e Berton (2005), os principais fatores econômicos a serem analisados são: globalização, estabilidade econômica, fusões e aquisições de empresas e crescimento no setor de serviços. Globalização: podemos observar a globalização por três abordagens: a primeira é a globalização financeira que nada mais é que a migração do capital em volta do mundo, temos também a globalização comercial, que se refere à comercialização existente entre países, ou seja, a troca de bens de consumo, negociada entre países e, por fim, a globalização da tecnologia que hoje é amplamente difundida, alterando consideravelmente a metodologia de trabalhos nas organizações. Estabilidade econômica: com a estabilização da economia a demanda de consumo tende a aumentar devido ao maior poder de consumo das classes menos privilegiadas e também em razão dos maiores prazos para pagamento de empréstimos, dentro do sistema financeiro. Fusões e Aquisições: são medidas importantes para empresas que buscam, por exemplo, maior participação em seu mercado de atuação, garantia de fornecimento de insumos para o seu negócio, ampliação da escala de produção, diversificação de risco e maior lucratividade. Crescimento dos Serviços: o forte crescimento no setor de serviços, conforme as estatísticas, indicam que cerca de 60% da mão de obra brasileira trabalha no setor de serviços. Em economias desenvolvidas, como a norte- americana, o setor de serviços absorve 75% dos empregos. c) Variáveis Tecnológicas Sem dúvida a globalização foi responsável pela proliferação das novidades tecnológicas que hoje afetam as organizações em todo o globo. Por meio da tecnologia se tem descoberto coisas incríveis, que nos auxiliam no dia a dia. Porém, conforme Kotler (1996), as novas tecnologias são forças de “destruição criativa” e estas afetam diretamente as já existentes, por exemplo, a forma que a xerografia afetou o negócio de papel carbono e a televisão atinge os jornais, se não observadas a tempo ou ignoradas podem determinar o declínio ou até mesmo a extinção de uma organização. Conforme Kotler (1996), as novas tecnologias são forças de “destruição criativa” e estas afetam diretamente as já existentes. USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 54 Administração Estratégica 54 d) Variáveis Sociais - Culturais As organizações devem observar os aspectos culturais da sociedade em que estão inseridas, analisando aspectos como a relação das pessoas consigo mesmas, a fim de identificar o que estas buscam para sua autorrealização, relação das pessoas com os outros, relação com as organizações e com a natureza, a fim de atender as suas necessidades. Variáveis Sociais – Demográficos O consumo está diretamente ligado à sociedade, logo, fatores como o tamanho da população, distribuição geográfica, densidade, entre outras, tem influência direta nos ganhos das organizações. Variáveis Sociais – Ecológicos ou Naturais Segundo Kotler (1996), o ambiente natural foi um dos assuntos mais discutidos dos anos 90. Em muitas cidades do mundo os índices de poluição do ar e da água têm atingido níveis perigosos. As organizações devem estar atentas as ameaças e oportunidades associadas a tendências do ambiente natural, como: escassez de matéria- prima, custos de energia crescente, níveis crescentes de população e mudanças do papel do governo em relação à proteção ambiental. Para Fernandes e Berton (2005), devemos ainda observar os seguintes assuntos: • Índice de poluição sonora; • Índice de poluição atmosférica; • Índice de poluição hidráulica; • Índice de população nuclear; • Conservação das áreas verdes e matas; • Atividades de partidos políticos com ideologia voltada à conservação da natureza; • Conflitos com ecologistas; • Índice de consciência ecológica da população. USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 55 Análise de negócios orgAnizAcionAis 55 Capítulo 3 Atividade de Estudos: Vamos à prática. Faça uma analise do macroambiente da organização em que atua, observando as variáveis político-legais, econômicas,tecnológicas e sociais. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Ambiente oPerAcionAl ou microAmbiente O ambiente operacional é constituído por clientes, fornecedores, concorrentes, produtos e serviços substitutos, etc. A grande diferença em relação ao macroambiente é que no ambiente operacional ou microambiente as decisões e ações tomadas pela empresa têm grande influência no setor, como, por exemplo, uma política de redução de preços mais agressiva. Diversas técnicas e metodologias podem ser utilizadas para mapear o ambiente organizacional, por exemplo: • Análise Estrutural da Indústria (Modelo das Cinco Forças de Porter). • Análise do Ciclo de Vida do Setor. • Análise do Tamanho e do Crescimento do Mercado. • Análise da Atratividade do Setor. • Análise Estratégica da Concorrência. Análise Estrutural da Indústria (Modelo das Cinco Forças de Porter) Desenvolvido por Porter em 1986, o modelo que utilizou como base os princípios da organização industrial que estuda as relações econômicas em A grande diferença em relação ao macroambiente é que no ambiente operacional ou microambiente as decisões e ações tomadas pela empresa têm grande influência no setor, como, por exemplo, uma política de redução de preços mais agressiva. USE Realce USE Realce 56 Administração Estratégica 56 setores industriais tem como objetivo diagnosticar e avaliar a rentabilidade estrutural de um setor. O modelo amplia o conceito de concorrência. Para Porter (1991), a concorrência deve ser vista considerando as seguintes forças: • Ameaça de novos concorrentes; • Rivalidade em relação aos concorrentes existentes; • Ameaça de produtos e serviços substitutos; • Poder de compra dos clientes; • Poder de negociação dos fornecedores; Veremos este modelo de forma mais detalhada no capítulo cinco. Análise do Ciclo de Vida do Setor Sugere que todo produto obedece a um ciclo de vida composto por quatro etapas: introdução, crescimento, maturidade e declínio. De acordo com cada etapa do ciclo a organização deve adotar estratégias distintas para este produto. Assim, quando surge um novo produto, no início seu mercado é relativamente pequeno e são poucas as empresas que o oferecem, com o tempo, o mercado se desenvolve e com ele também a concorrência. Ha um momento em que o mercado se estabiliza, havendo apenas uma demanda de reposição, neste momento, o setor pode se fixar nesse estágio e o produto pode se transformar em um commodity ou pode surgir uma nova tecnologia que leve este produto ao declínio. Análise do Tamanho e do Crescimento do Mercado Consiste na análise do tamanho do mercado, importante indicador das possibilidades de crescimento do negócio, sinalizando o teto de um setor, apontando, assim, para as possibilidades de ganho para o empresário. Segundo Fernandes e Berton (2005), a partir do tamanho do mercado a empresa pode estimar sua participação através da seguinte fórmula: participação de mercado igual a nosso faturamento dividido pala estimativa de mercado. Outro importante indicador é o das taxas de crescimento do mercado, que estimam quanto um determinado produto ou serviço pode crescer. USE Realce USE Realce USE Realce 57 Análise de negócios orgAnizAcionAis 57 Capítulo 3 Análise da Atratividade do Setor Ao analisarmos a atratividade de um determinado setor devemos levar em consideração fatores como: • Fatores externos que impactam a atratividade do negócio; • Avaliar o grau de atratividade dos indicadores tanto no presente quanto no futuro; • Verificar tanto as ameaças quanto as oportunidades. Dentre os fatores externos a serem avaliados, ao analisarmos a atratividade de um mercado podemos destacar fatores de mercado como competição no setor, diferenciação do produto, taxas de crescimento do mercado, mercados cativos e rentabilidade do mercado. Entre os fatores competitivos estão: barreiras para entrada no mercado, grau de integração, utilização de capacidade de produção e existência de substitutos. Também há que se considerar fatores tecnológicos e sociais. Análise Estratégica da Concorrência Procura identificar todos os concorrentes do setor, dos reais aos potenciais, que muitas vezes vão muito além das fronteiras da organização, como é o caso da Fujifilm, que teve que enfrentar a concorrência de novas organizações após o surgimento das câmeras digitais. Podemos afirmar que existem diversos níveis de concorrência, desde a concorrência ampla que disputa os mesmos desejos e necessidades de nossos clientes até a imediata que é formada por organizações que possuem produtos similares aos nossos. comPetênciAs orgAnizAcionAis e recursos Analisamos a competência organizacional a partir dos recursos que a empresa possui, como máquinas ou algo a que ela tenha acesso, recursos que coordenados configuram competências da organização. Segundo Milss e colaboradores (2002 apud FERNANDES; BERTON, 2005), os recursos de componentes da competência se dividem nas seguintes categorias: • Tangíveis: construções, plantas, equipamentos, licenças exclusivas, patentes, plantas, posição geográfica, empregados. • Conhecimento, habilidades e experiências: conjunto frequentemente não- escrito, tácito, cujos possuidores muitas vezes não sabem que têm. USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 58 Administração Estratégica 58 • Procedimentos e sistemas: conjunto de documentos tangíveis, desde sistemas de recrutamento e seleção, avaliação de desempenho e recompensa, processo de compras, etc. • Valores e cultura: recurso intangível desenvolvido ao longo do tempo, normalmente dependente das atitudes dos fundadores e eventos passados. • Network ou Redes de relacionamento: grupos de interesse dentro da organização, como fornecedores, clientes, governo e consultores. • Importantes para a mudança: reconhecimento de quando recursos valiosos tornam-se ultrapassados e necessitam mudar ou mesmo ser destruídos. Os autores propõem que a diferenciação entre competências e recurso pode ser observada através da análise de uma pergunta simples: O item em questão é algo que a organização “tem” ou “tem acesso a”? Se a resposta for “Sim”, é um recurso e será expresso como um nome. Se for algo que a organização faz, é uma competência. Ou seja, os recursos são potencialidades, enquanto as competências são ações. Isso nos leva a considerar os recursos como importante fonte de vantagem competitiva sustentável. Milss e colaboradores (2002 apud FERNANDES; BERTON, 2005) afirmam que para reconhecer e avaliar a importância de um recurso se costumam usar três medidas: valor, sustentabilidade e versatilidade. Valor: o desempenho viabilizado pela competência oferece uma vantagem competitiva que é valiosa para o cliente. Sustentabilidade: essa vantagem deve ser sustentável ou durável, difícil de imitar. Versatilidade: esse recurso deve ser versátil e útil para varias áreas de produtos ou mesmo os mercados e deve ainda prover acesso a novos mercados. Outra metodologia ou ferramenta é a análise da cadeia de valor, que consiste na análise da sequência de etapas que a partir dos insumos vai agregando valor até chegar ao produto ou serviço final. Cada empresa assume uma posição nesta cadeia que tem em seu topo os fornecedores de insumos, a empresa acrescenta valor a esse insumo e o repassaà parte inferior da corrente, que são os clientes finais ou outros negócios. Os recursos são potencialidades, enquanto as competências são ações. Isso nos leva a considerar os recursos como importante fonte de vantagem competitiva sustentável. USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 59 Análise de negócios orgAnizAcionAis 59 Capítulo 3 Vamos exemplificar: Uma empresa recebe algodão de seu fornecedor, agrega valor ao beneficiar este produto e o repassa a outra empresa, que faz a tecelagem e tingimento deste produto. Esta o vende para uma terceira empresa, que agrega mais valor ao produto, cortando-o e confeccionando camisetas, e, por fim, as vende ao consumidor. AlgumAs considerAções Neste capítulo, vimos que o negócio de uma organização nada mais é que o seu campo de atuação, por exemplo, um grupo de empresas que atendem um mesmo grupo de clientes visando à satisfação de suas necessidades com base em tecnologias similares. O core business (negócio central) de uma organização deve sempre receber a maior atenção por parte da organização, passando para outros, (outras empresas, fornecedores, etc.) atividades que antes eram desenvolvidas pela empresa, mas que não fazem parte de seu negócio central, tendo em vista que os recursos das empresas são limitados e, dessa forma, a empresa exploraria mais as atividades que desenvolve com mais eficácia e das quais consegue extrair mais valor. As empresas devem adaptar-se a seu ambiente, devem reconhecer as necessidades do ambiente com o intuito de atendê-las, sendo este ambiente dividido em dois níveis: o ambiente geral, que se refere às forças externas que influenciam a organização; ambiente operacional, constituído por seus clientes, fornecedores, concorrentes imediatos entre outros. Analisamos a competência organizacional a partir dos recursos que a empresa possui, como máquinas ou algo a que ela tenha acesso, recursos que coordenados configuram competências da organização, como: construções, plantas, equipamentos, licenças exclusivas, patentes, posição geográfica, empregados, conhecimento, habilidades e experiências, procedimentos e sistemas, valores e cultura: Network ou Redes de relacionamento. Também vimos que diferença entre competências e recurso pode ser observada da seguinte forma: se for algo que a organização tem ou tem acesso é um recurso, se for algo que a organização faz, é uma competência. USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce USE Realce 60 Administração Estratégica 60 referênciAs FERNANDES, Bruno Henrique Rocha; BERTON, Luiz Hamilton. Administração Estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. São Paulo: Saraiva, 2005. KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2005. PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
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