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Prévia do material em texto

PROTEÇÃO CONTRA FURTOS 
E VIOLAÇÃO 
DE NORMAS 
PROFESSOR
Esp. Cristian Rodrigues Tenório
Esp. Willian Samsel
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/918
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. SAMSEL, Willian; TENÓRIO, 
Cristian Rodrigues.
PROTEÇÃO CONTRA FURTOS E VIOLAÇÃO DE NORMAS. 
Cristian Rodrigues Tenório, Willian Samsel.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
160 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Proteção 2. Furtos 3. Violação. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Renata Cristina Souza Chatalov
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Matheus Silva de Souza
Design Educacional
Patrícia Ramos Peteck
Amanda Peçanha
Revisão Textual
Carla Cristina Farinha, Meyre 
Barbosa, Monique Coloni Boer, 
Nagela Neves da Costa, Silvia C. 
Gonçalves 
Fotos
Shutterstock
CDD - 22 ed. 363.20 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional 
Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria 
de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso 
Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão 
de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de 
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 
DIREÇÃO UNICESUMAR
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenasde cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Esp. Cristian Rodrigues Tenório
Mestrando em Direitos da Personalidade pela UniCesumar. Possui pós-graduação 
em Direito Penal pela Universidade Estadual de Maringá (2012). Graduado em Direito 
pela Universidade Estadual de Maringá (1999). Atualmente é Professor da Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná, atuando principalmente nos seguintes temas: di-
reito penal (parte geral), sociedade, evolução, história do direito e direito romano. 
http://lattes.cnpq.br/8462242045198676.
Esp. Willian Samsel
Especialista em Ciências penais pela Universidade Estadual de Maringá – UEM (2014) 
e em Educação Especial pelo Instituto Paranaense de Ensino Superior do Paraná 
– CESPAR (2010). Graduado em Direito pela Faculdade Maringá (2012). Advogado 
atuante na área criminal com ênfase em tribunal do Júri. Membro da comissão “OAB 
na Escola” na subseção Maringá. Professor de direito penal e processual penal na 
Faculdade Santa Maria da Glória - SMG desde fevereiro de 2015. Foi coordenador 
adjunto do Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade SMG. Participa como aluno es-
pecial no programa de Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual 
de Maringá - UEM.
http://lattes.cnpq.br/0875322104656898.
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
PROTEÇÃO CONTRA FURTOS 
E VIOLAÇÃO DE NORMAS
Prezado Estudante, é com enorme satisfação que apresentamos esta obra. A Proteção 
contra Furtos e Violações de Outras Normas pode parecer, à primeira vista, um tema 
geral e por demais vasto, pois há uma infinidade de informações sobre determinadas 
condutas humanas que, consideradas crimes, perturbam a sociedade e fazem neces-
sários estudos para a Gestão em segurança, mas o que torna, muitas vezes, um tema 
mais interessante são alguns detalhes aplicados – algumas considerações, coisas que, 
muitas vezes, só podem ser reveladas se olhadas de perto e feitas pela lupa do Direito, 
como esta obra.
Apresentaremos a conduta do furto (antiga, histórica), bem como seus conceitos qua-
lificadores e sua variação de uso, presente no Brasil, desde os tempos da ocupação 
lusitana. Abordaremos o furto e sua finalidade básica – separar a esfera de posse e 
propriedade das pessoas, traçando um limite de uso ou de abuso. 
Verificaremos a previsão legal da violência, adicionada ao que foi mencionado ante-
riormente, na figura do roubo, de sua qualificadora e da extorsão e sua variação mais 
violenta. Apresentaremos todos esses delitos com implicações de impactos sociais enor-
mes, pela dor e sofrimento físico e emocional que, potencialmente, podem causar e pela 
maneira abrupta que atentam contra, não apenas à pessoa humana (e sua dignidade), 
mas contra a sua propriedade. 
Evoluindo na proteção da propriedade, retrataremos a conduta de dano, isto é, quan-
do a propriedade é atingida por atos extremados. Assim como o dano, o abandono 
de animais (delito que cada vez mais vem sendo estudado em nossa sociedade) e os 
casos de apropriação indébita, ou seja, delito que não há elemento de furto, atingem a 
propriedade alheia com prejuízos por vezes notáveis. 
D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O
Em um universo de movimento e um sistema de circulação de riquezas, é preciso analisar 
o destino das coisas roubadas, furtadas ou adquiridas de forma indevida. A receptação e 
suas variações, aqui, aparecem; pois, em todo sistema, o trânsito de mercadorias (bens 
ou animais, a depender da receptação) precisa de um ponto de parada para garantir 
a finalidade principal: o lucro, a venda ou a doação de coisa, ilegitimamente, adquirida. 
Por isso, a importância de estudar as receptações.
Por fim, à parte das questões de posse e propriedade, bem como das pessoas atingidas 
em seus direitos respectivos, a obra se encerra com atenção às relações humanas no 
trabalho, nos chamados crimes contra a organização do trabalho e contra a instituições 
que o garantem, pois é próprio do ser humano classificar e conhecer suas liberdades e 
com o direito ao trabalho não é diferente. 
Com isso, entre conceitos, fontes legais (especialmente o Código Penal), alguns julga-
dos (trechos simples), forma-se, integradas às atividades de fim de cada unidade, um 
processo de formação e informação que se espera nesta obrae que se revelará no 
desemprenho de cada estudante.
Bem-vindos e bons estudos!
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando Ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
DOS CRIMES CONTRA 
O PATRIMÔNIO
10
CRIMES CONTRA 
O PATRIMÔNIO 
PRATICADOS COM 
VIOLÊNCIA E/OU 
GRAVE AMEAÇA
39
70
CRIMES CONTRA O 
PATRIMÔNIO 
104
DOS CRIMES DE 
RECEPTAÇÃO
126
CRIMES CONTRA A 
ORGANIZAÇÃO DO 
TRABALHO
152
CONCLUSÃO GERAL
DOS CRIMES 
CONTRA O 
PATRIMÔNIO
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O delito de Furto no Código 
Penal e sua divisão • Furto Qualificado e seus elementos • Furto de Coisa Comum e distinções entre 
as demais modalidades da conduta.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Apresentar o conceito legal e doutrinário do furto – delito, alcance, engajamento das pessoas que se 
envolvem em tal conduta • Mostrar o conceito variado de furto qualificado na lei e na doutrina, bem 
como as variações diversas em virtude das circunstâncias que encampam a ação do sujeito ativo • 
Explicar o conceito da coisa comum e da ação de sua subtração.
PROFESSORES 
Esp. Willian Samsel
Esp. Cristian Rodrigues Tenório
INTRODUÇÃO
O direito penal está inserido na vida de todas as pessoas. E mesmo com 
a existência da norma penal proibitiva, ou seja, aquela que determina 
sanções (penas), há quem pratique crimes.
Dentre as várias modalidades de ilícitos estão os crimes contra o 
patrimônio, os quais, definitivamente, constituem a esfera dos crimes 
em destaque perante a sociedade, tanto por sua quantidade quanto por 
suas razões.
Sua origem e disseminação derivam-se de inúmeras razões. Estudos 
criminológicos apontam que as principais causas são em decorrência 
da ausência de estrutura e políticas do Estado, que geram desigualdade 
social e criam um abismo social entre as classes.
Consequentemente, a precariedade da ação social do Estado gera 
revolta e insatisfação na população, economicamente, menos favoreci-
da, que não possui condições de satisfazer seus desejos ou, até mesmo, 
suprir suas necessidades básicas. Diante dessa situação, muitos acabam 
por culminar suas forças em satisfazerem-se por meio de meios ilícitos.
Por óbvio, o propósito destas aulas não é justificar a atividade ilí-
cita, mas, sim, estudar os tipos penais de forma técnica para melhor 
aplicá-los. Para isso, é necessário compreender a prática delitiva em sua 
gênese. Para podermos entrar na seara dos crimes contra o patrimônio, 
é preciso fazer a análise dos seus aspectos jurídicos e sociais. 
Tendo em vista que se trata de um dos mais corriqueiros delitos 
presentes em nosso ordenamento jurídico, esta unidade será dedicada 
apenas ao estudo do crime de furto e suas ramificações. 
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FURTO
O furto está definido pelo Art. 155 do Código Penal. O texto tipifica, ou seja, 
define este crime como a conduta de “subtrair, para si ou para outrem, coisa 
alheia móvel” (BRASIL, 1940, on-line). Pode-se compreender o crime de furto 
como tirar ou pegar coisa que não pertença a quem tira o objeto móvel, ou 
seja, qualquer coisa ou substância corpórea que tenha valor econômico e que 
possa ser removida, destacada ou deslocada de um lugar para o outro. Ressal-
ta-se que animais semoventes, também, podem ser objetos do crime de furto.
Quanto à expressão “valor econômico”, é preciso destacar que a doutrina 
divide essa definição em duas espécies: 
a) Bens com valor de troca - que são os bens economicamente apreciá-
veis, ou seja, passíveis de valoração monetária. 
b) Bens de valor de uso - que são os bens que possuem valor sentimental, 
contudo nem sempre possuem valor econômico, como no caso de um 
livro autografado pelo autor favorito da vítima. 
Pode ser que algo furtado possua mais valor sentimental que de mercado. 
Há quem entenda que o furto de bens de valor afetivo, que não possua valor 
venal, não é tutelado pela esfera penal, devendo a parte prejudicada requerer 
indenização de danos morais na justiça civil.
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É importante observar que furto não é a mesma coisa que o roubo. O roubo (Art. 157 do 
Código Penal) que será visto em unidade posterior, traz uma característica muito impor-
tante que é a violência e/ou a grave ameaça. No furto, por sua vez, sequer há contato 
entre autor do fato e a vítima. 
Fonte: os autores.
explorando Ideias
O objeto do furto deve ser, necessariamente, a coisa móvel alheia. Não 
pode ser objeto de furto, por não constituir propriedade, nem estar sob a 
posse de alguém: 
a) a coisa sem dono; 
b) a coisa abandonada; 
c) a coisa perdida, mas nesse caso, o assenhoramento da coisa perdida 
por terceiros poderá constituir o crime de apropriação de coisa achada 
previsto no artigo 169, parágrafo único, II.
As coisas de uso comum (água, luz...) podem ser objeto de furto, se houver 
possibilidade de destacamento. Portanto, qualquer objeto passível de loco-
moção poderá ser objeto do crime de furto. Para configuração do crime de 
furto, é necessária a presença de dois elementos, o primeiro seria o dolo do 
agente, ou seja, sua vontade livre e consciente de subtrair aquela coisa alheia 
móvel. O segundo elemento exige uma finalidade especial, o dolo específico, 
com fim de assenhorar-se da coisa em definitivo, contido na expressão “para 
si ou para outrem” (GRECO, 2017, p. 616).
 “ Finalidade de ter a coisa alheia móvel para si ou para outrem é que caracteriza o chamado animus furandi no delito de furto. Não basta a subtração, o arrebatamento meramente temporário, com 
o objetivo de devolver a coisa alheia móvel logo em seguida. É da 
essência do delito de furto, portanto, que a subtração ocorra com a 
finalidade de ter o agente a res furtiva para si ou para outrem. Caso 
contrário, seu comportamento será considerado um indiferen-
te penal, caracterizando-se aquilo que a doutrina convencionou 
chamar, em nossa opinião equivocadamente, de furto de uso, cuja 
análise será levada a efeito mais adiante (GRECO, 2017, p. 606).
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Há a questão do furto de uso, em que o agente, apenas, retira o bem para seu uso 
transitório e, depois, devolve no mesmo local e estado em que se encontrava. 
Assim, entende a doutrina que o furto de uso não é crime, uma vez que não pos-
sui a intenção de assenhoramento, pois o agente tem um ânimo inicial de devolver 
a coisa nas exatas condições da subtração. Podemos concluir que a fruição da coisa, 
momentaneamente, sem efetivo prejuízo ao ofendido, com restituição da coisa no 
estado em que antes se encontrava, não é contemplada pela norma penal em estudo. 
Podemos considerar que existem duas modalidades de furto: a primeira, o agente 
retira o bem da vítima sem qualquer autorização; a segunda, o agente possui a posse 
ou detenção do bem de forma vigiada, mas ele retira o objeto da vigilância do proprie-
tário (GONÇALVES, 2018). Por exemplo: uma pessoa vai até a biblioteca para ler um 
livro. Ela tem a posse dele, mas não há autorização para retirá-lo da biblioteca, pois 
é edição única. A atitude de retirar o livro da biblioteca configura o crimede furto.
A doutrina e a jurisprudência já firmaram entendimento que, no caso da posse 
ou detenção de bem de forma vigiada, ao retirar o bem do local determinado sem 
autorização, configura o crime de furto. Entretanto, caso a vítima não consiga recu-
perar a posse do bem, restará, apenas, o crime de apropriação indébita.
A diferença da apropriação indébita e do furto está no consentimento da retirada 
do bem de lugar determinado. 
Exemplo: um amigo autoriza outro amigo a viajar com seu veículo em um final 
de semana, ocorre que, este amigo realiza a viagem e não devolve o carro. Aqui, tem-
se o caso de apropriação indébita. Se dois amigos, entretanto, estivessem em um 
churrasco, um deles com um carro novo que o outro amigo nunca viu nem andou e, 
aproveitando-se da distração do proprietário, este amigo pegasse as chaves e saísse a 
viajar com o veículo sem qualquer autorização, nesse caso, haveria um furto. 
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O crime de furto ofende, também, o Estado, pois este deve garantir a propriedade e seus 
direitos.
pensando juntos
Todas as modalidades do crime de furto são interpostas por meio de ação pública 
incondicionada, ou seja, aquela ação que é promovida pelo Ministério Público, 
independentemente de iniciativa da vítima ou de qualquer outra pessoa.
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, salvo o proprietário ou pos-
suidor da coisa. Já o sujeito passivo (vítima) é a pessoa física ou jurídica que 
detenha a posse ou propriedade da coisa. O sujeito passivo não pode ser a pessoa 
que detém o bem de forma transitória, como o caso da balconista de uma loja 
(GRECO, 2017).
Tentativa e Consumação
O crime de furto é um crime material, exigindo o resultado naturalístico, que 
se expressa no mundo natural, que é perceptível e, portanto, admite tentativa. A 
tentativa vai se caracterizar quando o agente não conseguir subtrair a coisa por 
circunstâncias alheias à sua vontade. 
Exemplo: uma determinada pessoa está andando na 
rua e percebe que tem alguém colocando a mão em seu 
bolso. Quando olha para trás, percebe que há um sujeito 
tentando subtrair sua carteira que estava no bolso trasei-
ro. Por ter percebido a tempo, o agente se assustou e saiu 
em fuga. Nesse caso, o crime de furto não se consumou 
por circunstâncias alheias à vontade do agente, caracte-
rizando-se, portanto, como tentativa, com consequências 
de diminuição da pena (Art. 14, II, CP)(BRASIL, 1940).
O crime de furto se consuma no momento em que 
o agente tiver a posse tranquila da coisa, mesmo que 
essa posse se dê por um curto período de tempo. A con-
sumação ocorre quando a coisa móvel sai da esfera de 
disponibilidade e de proteção da vítima e ingressa na 
disponibilidade do sujeito ativo.
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Portanto, o furto é consumado pela simples inversão da posse e estará con-
sumado mesmo que o objeto seja recuperado logo após a posse mansa e pacífica. 
Exemplo: uma pessoa estava no shopping mexendo no celular quando uma 
outra pessoa passou correndo e furtou o aparelho. Ocorre que, antes mesmo 
do sujeito sair do shopping, ele foi abordado pelo segurança, o qual recuperou 
o telefone. Nesse caso, o furto de crime se consumou, pois houve a inversão da 
posse do objeto, mesmo que por pouco tempo.
Parte da doutrina penal, entretanto, entende que o furto se consuma quando 
o bem sair da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo que o agente não tenha 
a posse mansa e pacífica da coisa. “Somente estará consumado o furto quando 
a coisa for tirada da esfera de vigilância do sujeito passivo, do seu poder de fato, 
submetendo-a o agente ao próprio poder autônomo de disposição” (FRAGOSO, 
2006. p. 273).
Em sentido contrário, a outra corrente considera que o furto atinge a con-
sumação no momento em que o objeto material é retirado da esfera de posse e 
disponibilidade do sujeito passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, 
ainda que este não obtenha a posse tranquila (JESUS, 2015).
Assim, pode-se entender que, apesar das divergências doutrinárias, o crime 
de furto se consuma com a simples inversão da posse, qualquer que seja.
Concurso de pessoas
O crime de furto admite o concurso de pessoas, não sendo necessário uma com-
binação anterior de vontade entre as partes, ou seja, não é necessário que os agen-
tes planejem, em conjunto e com antecedência, a prática desse fato criminoso.
No entanto a participação posterior à consumação que não tenha sido pre-
viamente ajustada poderá configurar outro crime, como delito de favorecimento 
real (Art. 349, CP) ou receptação (Art. 180, CP)(BRASIL, 1940).
Também, é possível a participação por conduta omissiva, desde que o sujeito 
tenha o dever jurídico de impedir o resultado (Art. 13 §2 CP)(BRASIL, 1940), 
mas se omite intencionalmente, desejando a consumação. 
Exemplo: uma pessoa trabalha, esporadicamente, como segurança, cansada 
e estressada, avista indivíduos estranhos entrando no estabelecimento e nada faz 
para averiguar a situação ou impedir a prática de furtos. Nessa hipótese, há uma 
concorrência omissiva para a consumação do crime. 
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O princípio da consunção se caracteriza quando um crime menos grave é praticado como 
meio para atingir o delito mais grave.
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Concurso de Crimes
É possível o concurso de crimes, das três formas legais (formal, material e con-
tinuado). 
Por exemplo: uma pessoa entra num ônibus e subtrai objetos de diversas 
pessoas. Durante a ação, algumas entregaram seus pertencem sem hesitar, en-
tretanto, outras resistiram; nessas que resistiram foi necessário o emprego de 
violência para conseguir os objetos. Assim, com uma só ação, que se dividiu em 
vários atos, houve a causa de prejuízo patrimonial a diversas vítimas, incidindo, 
assim, no concurso formal de crimes, já que houve a prática nessa situação com 
o crime de furto e roubo em conjunto, ao mesmo tempo.
Em alguns casos, durante a prática do crime de furto (crime mais grave), 
delitos de menor potencial ofensivo, como a violação de domicílio, podem ser 
praticados, como um meio para atingir o escopo final. 
Há crimes que são, apenas, caminho para prática de outros (que realmente 
atingem o objetivo de quem os pratica), por exemplo violar domicílio, com dano 
a propriedade. Uma pessoa faz tudo isso para conseguir furtar objetos em uma 
casa bem protegida.
Quando crimes menores são absorvidos por crimes maiores trata-se de apli-
cação do princípio da consunção. 
Causa Excludente de Ilicitude
O agente que praticou o crime de furto, somente, será beneficiado com a causa 
excludente de ilicitude nos casos de estado de necessidade, desde que o crime 
preencha os requisitos do Art. 24 do Código Penal (atualidade do perigo, invo-
luntariedade, inevitabilidade por outro modo e inexigibilidade de sacrifício do 
direito ameaçado)(BRASIL, 1940). A simples dificuldade financeira, desemprego 
ou situação de pecúnia, por si só, não configuram essa excludente.
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Portanto, o estado de necessidade só poderá ser cogitado se comprovada a 
situação de extrema miséria e o agente agir no intuito, apenas, de saciar sua fome. 
Entretanto, mesmo que o agente comprove sua situação de extrema miséria, para 
que se caracteriza a excludente, ele não poderá ter agido em excesso, deve pegar, 
apenas, o suficiente para saciar sua fome naquele momento.
Do Repouso Noturno
O furto praticado durante o repouso noturno é uma causa que, pelo Código 
Penal(BRASIL, 1940), pode aumentar a pena (em um terço). Chama-se isso de 
majorante. Isto porque a vítima, em seu descanso, encontra-se desprevenida, 
sendo assim, mais vulnerável à ação criminosa.
A majorante do repouso noturno não incide nos casos em que havia vigilân-
cia dos bens, independente do horário noturno. 
 “ Na verdade, os costumes é que ditam as regras para se chegar à con-clusão de que, naquele lugar, embora no período da noite, havia ou não uma situação de repouso. Há lugares em que não existe repouso, 
pois que a vigilância sobreos bens móveis é a mesma durante o dia ou 
no período da noite. Dessa forma, encontrando-se os bens igualmente 
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vigiados, não haverá a possibilidade da aplicação da majorante, mes-
mo que o furto tenha sido cometido à noite (GRECO, 2017, p. 618).
Para incidência da majorante do repouso noturno, é preciso analisar o caso con-
creto, para constatação da situação de vigilância dos bens.
Da primariedade do criminoso e 
da coisa de pequeno valor
Quando o criminoso é primário e a coisa furtada é de pequeno valor, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la, de um a dois terços, ou 
aplicar, somente, a pena de multa, de acordo com a previsão do parágrafo segundo 
do Art. 155 do Código Penal (BRASIL, 1940).
Vale lembrar que primário é aquele que, mesmo cometendo outros crimes, 
ainda, não foi condenado definitivamente, ou seja, não teve uma sentença transita 
em julgado.
Além da primariedade, a coisa subtraída pelo agente deve ser de pequeno 
valor cuja valoração costuma ser calculada com base no salário mínimo vigente 
à época do fato criminoso. Entretanto a situação deverá ser analisada de acordo 
com o caso concreto.
 “ Pequeno valor é um dado que enseja valoração por parte do intér-prete. A primeira dúvida que surge é se esse pequeno valor deve ser considerado levando-se em conta a pessoa da vítima. Devemos, 
aqui, descartar esse tipo de raciocínio, visto que a lei penal afirma, 
peremptoriamente, que o pequeno valor diz respeito à coisa furtada, 
sendo objetivo esse dado, não fazendo menção a lei penal a pequeno 
prejuízo. Assim podemos entender que pequeno valor é aquele que 
gira em torno do salário-mínimo, ou seja, um pouco mais ou um 
pouco menos do que o valor a ele atribuído à época em que ocor-
reram os fatos (GRECO, 2017, p. 621).
A conclusão, portanto, é a de que, em análise ao caso concreto, cabe ao juízo cri-
minal analisar a presença dos dois requisitos previsto nesse Artigo para, então, 
constatar a possibilidade dos benefícios na pena do agente.
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Furto de energia elétrica
O parágrafo terceiro do Art. 155 do Código Penal (BRASIL, 1940, on-line) equipa-
ra-se à coisa móvel, objeto do crime de furto, a energia elétrica ou qualquer outra 
que tenha valor econômico.
O referido Artigo equipara a energia elétrica com qualquer outra que possua 
algum valor econômico, como a energia nuclear, eólica, térmica, dentre outras.
 “ A preocupação do legislador foi a de evitar polêmicas em torno da possibilidade de bens incorpóreos serem produtos deste cri-me. Assim, os chamados “gatos” ou “gambiarras”, em que o sujeito 
efetua ligações clandestinas em postes de luz ou em casa alheia, a 
fim de fazer uso da energia sem pagar por isso, configurar furto 
(GONÇALVES, 2018, p. 355).
A jurisprudência tem expandido cada vez mais esse conceito, entendendo que a 
captação clandestina de TV a cabo, também, equipara-se a esse Artigo, podendo ser 
caracterizado o crime de furto. Até mesmo o sêmen de um animal reprodutor pode 
ser enquadrado no presente Artigo, como modalidade de furto de energia genética.
Merece uma ressalva que a configuração do crime de furto de energia elétrica 
dependerá do momento em que a captação ocorreu: se for antes de sua passagem 
pelo aparelho medidor, restará configurado o delito de furto. Só será furto se alguém 
captar corrente elétrica antes desta passar pelo medidor da companhia de eletricidade
Se o agente modificar o medidor, para acusar um resultado menor do que o 
consumido, há fraude, e o crime é estelionato, subentendido, naturalmente, o caso 
em que o agente está autorizado, por via de contrato, a gastar energia elétrica. Usa ele, 
então, de artifício que induzirá a vítima a erro ou engano, com o resultado fictício, do 
que lhe advém vantagem ilícita (NORONHA, 2003). 
Portanto, o crime de furto de energia elétrica, que possua valor econômico, 
será possível sempre que sua captação ocorrer antes da chegada da energia 
ao seu destino final.
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FURTO 
QUALIFICADO
No chamado furto qualificado, há hipóteses nas quais o legislador buscou punir com 
penas maiores determinadas condutas, como será exposto no decorrer deste tópico. 
Para reforço da ideia acima, exibe-se um posicionamento firmado junto à 
doutrina que define esta espécie de crime da seguinte forma:
 “ O furto qualificado é uma modalidade de furto em que seu modo de execução possui uma ação mais gravosa, incidindo assim, como consequência, uma majorante, com o cunho de punir essa conduta 
com maior gravidade. Em caso de incidência de mais de um quali-
ficadora, a primeira servirá para qualificar o crime, enquanto que, as 
demais servirão como circunstâncias judiciais para fixação da pena 
base acima do mínimo (GONÇALVES, 2018, p. 381).
O crime de furto na modalidade qualificada terá a pena de reclusão de dois a 
oito anos, diferente do crime simples que prevê uma pena de um a quatro anos. 
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Destruição ou rompimento de 
obstáculo à subtração da coisa
Se o crime de furto for cometido com destruição ou rompimento de obstáculo, há 
violência empregada contra o obstáculo que está impedindo a subtração da coisa. 
Pode ser contra objetos passivos, como portão, janela, vidro, cofre ou qualquer ou-
tro objeto que dificulte a subtração do objeto alheio. A violência, também, pode ser 
empregada contra objetos ativos como a cerca elétrica ou alarmes.
Por rompimento de obstáculo, entende-se que o obstáculo fora danificado par-
cialmente (por exemplo, o arrombamento da maçaneta do veículo). A destruição, 
por sua vez, é a danificação completa do obstáculo (como no caso da quebra do 
vidro do veículo para subtrair o aparelho de som).
Ressalta-se que a simples remoção do objeto, sem que haja sua danificação ou 
destruição, não caracteriza a qualificadora do rompimento de obstáculo. Exemplo: 
um ladrão invade uma casa. Para entrar na residência, ele desparafusa a janela. Nesse 
caso, não chegou a danificar o objeto, pois é só parafusar novamente.
Sobre a natureza do objeto “obstáculo”, a doutrina entende que se danificação 
for de parte própria da coisa alheia móvel, como o vidro, a porta ou a maçaneta do 
veículo, não incide a qualificadora do rompimento de obstáculo, porque os elemen-
tos danificados integram os elementos integrantes da própria coisa e não externos 
a ela. Nesse sentido, ainda tem entendido o STF que
 “ A prática de violência caracterizada pelo rompimento de obstáculo contra o próprio objeto do furto, sendo o empecilho peculiar a coisa, não gera a incidência da qualificadora do art. 155 §4º, inciso I, do Có-
digo Penal (BRASIL, 2005a, on-line).
A doutrina diverge quanto ao momento em que deve ocorrer o rompimento do 
obstáculo. Uma primeira corrente defende que o rompimento deve ser empregado 
para a subtração. Subtrair e subtração são termos que tanto se referem à apreensão 
da coisa como ao crime todo. Entretanto entende-se que a lei, nesse passo, emprega 
a expressão em sentido restrito. Sua redação é que nos diz isso: “se o crime é come-
tido com destruição ou rompimento de obstáculos à subtração da coisa” (BRASIL, 
1940, on-line). Por certo, se quisesse referir ao delito todo, bastaria dizer: “se o crime 
é cometido com destruição ou rompimento de obstáculo”. Se assim não se interpretar 
o dispositivo, a oração será pleonástica. A violência, pois, há de ser meio para se efe-
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tivar a apreensão da coisa; deve ser anterior ou concomitante (NORONHA, 2003). 
Contudo a segunda corrente diverge e considera que, havendo destruição de 
obstáculo, independente do momento da fase executória, mesmo que posterior 
à subtração da coisa, deve incidir a qualificadora do rompimento de obstáculo.
 “ Cumpre que a destruição ou o rompimento do obstáculo ocorra em qualquer dos momentos da fase executiva do crime. O que vale di-zer: para possibilitar ou facilitar tanto a apprehensio quanto a efetiva 
transferência da res furtiva ao poder de livree tranquila disposição 
dela por parte do agente. Enquanto o furto não está consumado, ou 
ainda se ache em fase de execução, a violência contra o obstáculo é 
qualificativa (HUNGRIA, 2016, p. 40).
O entendimento que prevalece é o de que o rompimento do obstáculo deve ocor-
rer antes ou durante a execução do crime de furto, pois se a destruição do obstá-
culo ocorrer após o agente possuir a posse mansa e pacífica da coisa, poderá essa 
ação configurar além do crime de furto simples, o crime de dano.
Com abuso de confiança, 
ou mediante fraude, escalada ou destreza
Abuso de confiança é a quebra da fidelidade, do vínculo de amizade existente 
entre algumas pessoas. Ela nasce de uma condição particular de lealdade entre 
o agente e a vítima.
É preciso gozar, absolutamente, 
de confiança para incidir na quali-
ficadora, pois, em decorrência desse 
vínculo de confiança, há uma menor 
vigilância do bem. Exemplo: dois 
amigos de longa data que, entre ou-
tras coisas, conhecem as senhas dos 
cartões e um deles se vale dessa con-
fiança para ir ao banco e realizar um 
saque não autorizado.
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 “ Relação de confiança pressupõe liberdade, lealdade, credibilidade, presunção de honestidade entre as pessoas. Abusa o agente da con-fiança que nele fora depositada quando se aproveita dessa relação de 
fidelidade existente anteriormente para praticar a subtração. Dessa 
forma, também para que se caracterize a qualificadora em questão, 
será preciso comprovar que, anteriormente à prática da subtração, 
havia, realmente, essa relação sincera de fidelidade, que trazia uma 
sensação de segurança à vítima. No entanto, se o agente, ardilosa-
mente, construir essa relação de confiança para o fim de praticar 
a subtração, fazendo com que a vítima incorra em erro no que diz 
respeito a essa fidelidade recíproca, o furto será qualificado pela 
fraude, e não pelo abuso de confiança (GRECO, 2017, p. 628).
Quanto ao emprego de fraude, no cometimento do crime de furto, é maneira 
ardil na prática do crime, por meio da mentira, da enganação, da ludibriação 
da vítima para facilitar a subtração da coisa.
Por meio fraudulento podemos considerar meio ardil no sentido de pro-
vocar a ausência momentânea do dominus ou distraindo-lhe a atenção, para 
mais fácil perpetração do furto (HUNGRIA, 2016).
A qualificadora, também, aplica-se quando a vítima não tem capacidade 
de entender o caráter ilícito do fato, como o doente mental ou uma criança.
Nesse caso, o furto se difere do estelionato, pois a vítima é enganada. A 
própria vítima faz a entrega da vantagem ilícita ao agente. O sujeito, mediante 
fraude, cria, no espírito da vítima, um sentimento distorcido da realidade. No 
furto com fraude haverá sempre subtração como a ladra profissional que se 
finge de doméstica para furtar a casa que se empregou (DIAS, 2015, on-line).
Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no local pre-
tendido, por via anormal, demandando um esforço incomum do agente para 
vencer o obstáculo existente, como numa residência subindo uma árvore ou 
um muro alto (GONÇALVES, 2018).
A qualificadora em questão só se tipifica se o agente necessita fazer um 
esforço considerável para ter acesso ao local pretendido ou quando faz uso de 
instrumentos auxiliares, como cordas ou escadas (GONÇALVES, 2018).
Não existe uma altura especificada para configurar a qualificadora da 
escalada; deverá ser analisado, no caso em concreto, o esforço praticado pelo 
agente para adentrar ao local.
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Tem-se entendido a destreza como a habilidade manual do agente para sub-
trair o bem sem que o agente chegue a perceber naquele momento. Exemplo: eu 
estou andando na rua e vejo uma carteira no bolso de trás da pessoa que está à 
minha frente concentrada vendo uma vitrine. Aproveito e, com muito cuidado, 
retiro a carteira do bolso da pessoa. Ela não percebe, e eu saio andando como se 
nada tivesse ocorrido. Tal prática é denominada batedor de carteiras profissional 
– conhecido, nos países de língua inglesa, como pickpocket.
Assim, caso a vítima perceba a ação do agente, não poderá incidir a quali-
ficadora da destreza. Contudo essa regra, somente, será aplicada caso a vítima 
tenha percebido a ação do agente por sua ausência de habilidade. Caso a vítima, 
somente, tenha percebido a ação do agente por alguma coincidência ocorrida no 
momento, incidirá mesmo assim a qualificadora. Exemplo: um transeunte estava 
na rua e uma pessoa estava subtraindo seu celular do bolso, entretanto, em na 
hora, o aparelho celular vibrou e a ação do agente foi percebida.
 “ Dessa forma, caberia tentativa de furto qualificado pela destreza, en-tretanto a situação mencionada, é divergente entre os doutrinadores. A primeira corrente entende que prisão em flagrante (próprio) do 
punguista afasta a qualificadora, devendo responder por tentativa 
de furto simples; na verdade, a realidade prática comprovou exata-
mente a inabilidade do incauto (BITENCOURT, 2017, p. 35). 
Em sentido contrário, a segunda corrente considera que a resposta deve ser des-
dobrada. Inicialmente, se foi a própria vítima quem percebeu a ação do agente e 
o prendeu em flagrante, mesmo que auxiliada por terceiros, logicamente, não há 
falar em destreza, uma vez que, no caso concreto, não teve ele habilidade suficiente 
para realizar a subtração sem que ela o descobrisse. Por outro lado, é de supor que o 
agente, já finalizando a subtração que, até aquele momento, “tinha sido um sucesso”, 
assim que retira a carteira do bolso da vítima, é descoberto por um terceiro, que o 
prende em flagrante. Nessa hipótese, a tentativa poderá ser qualificada pela destreza, 
visto que a ação descoberta por terceiros não afasta a habilidade extraordinária com 
a qual o agente praticava a subtração (GRECO, 2017).
Para a incidência das qualificadoras do presente inciso, ambas deverão 
ser analisadas conforme o caso concreto de acordo com os parâmetros aqui 
apresentados.
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Com emprego de chave falsa
Essa modalidade de furto qualificado deve ser vista de forma abrangente, a fim de 
considerar o emprego de chave falsa como qualquer instrumento capaz de abrir uma 
fechadura. Assim, caso o agente utilize um alfinete para abrir uma porta, estará prati-
cando o crime de furto em sua modalidade qualificada por emprego de chave falsa. 
Aqui, há uma modalidade de furto qualificado que abrange instrumentos 
auxiliares do agente (autor do delito), como chaves, grampos, arames, qualquer 
instrumental cuja função seja, especificamente ou não, para facilitar a abertura 
de trancas que facilitem o acesso do indivíduo para a prática de seu objetivo.
Entende-se por chave falsa qualquer peça (semelhante ou cópia) desde que 
não seja a verdadeira, utilizada para abrir fechaduras (GRECO, 2017). Se a chave 
original for utilizada (sem autorização, conhecimento ou qualquer forma de aviso 
à vítima) será, também, considerada chave falsa. 
Não podemos deixar de destacar que caso a chave for deixada na fechadura 
e utilizada para prática de ato ilícito, o crime em questão será o de furto simples, 
pois “porta fechada com chave na fechadura é porta aberta”. 
Mediante concurso de duas ou mais pessoas
Esta qualificadora busca punir, com maior severidade, os agente que se unirem 
para praticar o delito de furto, tendo em vista a maior probabilidade de dano na 
prática delituosa. A lei pune todos aqueles que, moral ou materialmente, con-
correm para o crime, mas só considera agravado o furto praticado, cometido, 
executado por dois ou mais agentes. Assim, à interpretação teleológica junta-se 
a interpretação literal da norma em exame e a sua comparação com a do Art. 29 
do Código Penal(BRASIL, 1940), tudo levando à conclusão de que é necessária 
a presença dos concorrentes no local do crime, na hora de sua execução, pois o 
furto só será cometido “mediante o concurso de duas ou mais pessoas”e se estas 
participarem na fase executiva do delito (BATISTA, 2014).
A qualificadoraé cabível ainda que um dos envolvidos seja menor de idade 
ou que apenas um dos envolvidos tenha sido identificado em razão da fuga dos 
demais do local. Assim, para aplicar a qualificadora, não é necessário que o juiz 
condene duas ou mais pessoas na sentença, exigindo-se, contudo, prova de que 
havia outras pessoas envolvidas (GONÇALVES, 2018).
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Deve-se observar que um requisito essencial para configuração do con-
curso de pessoas é que o agente tenha conhecimento da participação dos 
demais agentes. A ausência de vínculo subjetivo entre os agentes afasta o 
concurso de pessoas, fazendo surgir outra figura denominada autoria co-
lateral, que não tem a competência de qualificar o furto (GRECO, 2017).
Emprego de explosivo ou artefato análogo
O Código Penal, ainda, acrescentou uma majoração da pena no caso do 
furto cometido com emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause 
perigo comum. Esse inciso é uma recente inserção no Código Penal(BRA-
SIL, 1940), que foi incluído pela Lei n.13.654/2018(BRASIL, 2018), portanto 
trata-se de novatio legis in pejus, ou seja, seus efeitos serão produzidos 
apenas após a publicação sancionada do inciso. 
 “ Explosivo é a substância ou artefato que possa produzir uma explosão, detonação, propulsão ou efeito pirotécnico. Para ser considerado artefato explosivo, é necessário que ele seja capaz 
de gerar alguma destruição (BRASIL, 2017a, on-line).
Nesse sentido, já vinha decidindo o Superior Tribunal de Justiça, vindo em 
2018 apenas a tipificar na lei, vejamos:
 “ Demonstrado que a conduta delituosa expôs, de forma concre-ta, o patrimônio de outrem decorrente do grande potencial destruidor da explosão, notadamente porque o banco encontra-
-se situado em edifício destinado ao uso público, ensejando a 
adequação típica ao crime previsto no art. 251 do CP, incabível 
a incidência do princípio da consunção. 4. Infrações que atin-
gem bens jurídicos distintos, enquanto o delito de furto viola 
o patrimônio da instituição financeira, o crime de explosão 
ofende a incolumidade pública. 5. Recurso especial e agravo em 
recurso especial improvidos (BRASIL, 2017, on-line).
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A doutrina, também, já vinha entendendo que “a explosão de caixa eletrônico 
para a subtração do numerário depositado em seu interior caracteriza esta 
qualificadora (rompimento de obstáculo). Contudo se a conduta colocar em 
risco a vida, a integridade física ou o patrimônio de um número indetermina-
do de pessoas, estará configurado o concurso material entre o furto (simples 
ou com alguma qualificadora diversa da prevista no Art. 155, §4º, inc. I, do 
CP) e o delito contra a incolumidade pública tipificado no Art. 251 do Código 
Penal (explosão)” (MASSON, 2016, p. 310).
A respeito da inserção desse novo inciso explica Rogério Sanches([2019], 
on-line)¹., quais serão as consequências práticas:
 “ A partir de agora - independentemente da orientação antes ado-tada - o concurso entre os delitos de furto e de explosão deixa de existir para ceder lugar à qualificadora. E, neste ponto, se con-
siderarmos que antes se aplicava o concurso formal impróprio, 
é possível apontar um deslize do legislador. Isto porque, antes, 
somando-se as penas do furto qualificado e da explosão majora-
da, resultava o mínimo de seis anos de reclusão (caso se tratasse, 
como normalmente ocorria, de dinamite ou de substância de 
efeitos análogos), mas a nova lei comina à qualificadora pena 
mínima de quatro anos, consideravelmente mais branda .
O escopo da inclusão deste Artigo, portanto, fora excluir a utilização do princípio 
da consunção, ou seja, o crime de explosão majorada pela finalidade de obtenção 
de vantagem pecuniária previsto no Art. 251, § 2º do CP não pode mais ser absor-
vido pelo crime menos grave (de furto, Art. 155, §4º, I e IV do CP)(BRASIL, 1940).
A inclusão deste parágrafo gera divergência aos doutrinadores quanto 
sua necessidade e aplicação, já que, na prática, esse entendimento já estava 
consolidado, sendo, portanto, desnecessário para a maioria.
Contudo a intenção do legislador, com inclusão deste parágrafo, fora ti-
pificar a conduta com utilização de explosivos sem deixar qualquer dúvida, 
diante do crescente número de furtos a caixas eletrônicos com explosivos 
durante a madrugada.
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Veículo automotor transportado 
para outro Estado ou para o exterior
A pena aplicada será mais severa (de três a oito anos) para aquele que furtar veí-
culo automotor e o transportar para outro Estado ou para o exterior, isto porque 
o transporte do veículo para ou Estado ou país torna a recuperação do bem, pela 
vítima, extremamente dificultosa.
Ademais, a mídia influenciou a criação desta qualificadora, já que noticiava 
a todo instante, por meio de reportagens investigativas, o destino dos veículos 
automotores subtraídos no Brasil que, como regra, eram levados ao Paraguai e 
lá utilizados normalmente pelos seus “novos proprietários”, que os adquiriam 
mesmo sabendo de sua origem ilícita (GRECO, 2017).
Essa qualificadora, diferentemente das demais estudadas até o momento, não se 
refere ao meio de execução do crime, mas, sim, baseia-se em um resultado posterior 
a realização do crime, qual seja, o transporte do veículo para outro Estado ou país.
 “ O crime de subtração de veículo que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior só se consuma após o seu exau-rimento. Em princípio é impossível saber, com segurança, se será 
transportado para outro Estado ou para fora do território nacional. 
Assim, essa qualificadora somente se consuma quando o veículo 
ingressa efetivamente em outro Estado ou em território estrangeiro. 
Na verdade, não basta que a subtração seja de veículo automotor. É 
indispensável que este “venha a ser transportado para outro Estado 
ou para o exterior”, atividade que poderá caracterizar um posterius 
em relação ao crime já consumado (BITENCOURT, 2017, p. 60).
Portanto, essa qualificadora somente poderá ser aplicada quando o agente 
transpor a fronteira. Não incidirá, entretanto, em qualificado, caso o agente 
realize o furto para utilizar o veículo na mesma região em que foi furtado. 
Porém se anos depois, esse agente visitar um parente em outro estado, o veí-
culo poderá ser preso em uma blitz. Nesse caso, como o agente não realizou 
o furto com o dolo específico, de transportá-lo para outro Estado ou país, não 
incidirá a qualificadora, deverá ser considerado como furto simples.
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Semovente domesticável de produção
A pena será de reclusão de dois a cinco anos no caso de furto de semovente domesti-
cável de produção, mesmo que abatido ou dividido em partes no local da subtração. 
Essa qualificadora visa proteger o crime de furto de animais semoventes do-
mesticáveis de produção, como o boi, porco, ovelha, galinha, entre outros.
A justificativa dessa qualificadora pode ser encontrada no Projeto de Lei n. 
6.999/2013, de autoria do Deputado Afonso Hamm, posteriormente transforma-
do na Lei n. 13.330, de 2 de agosto de 2016:
 “ O crime de abigeato, ou furto de animais, é uma forma terrível de atingir a vida do produtor rural, suprimindo bens que garantem sua subsistência e de sua família.
O abigeato representa a perda de ativos para o produtor rural, que 
já tem que lidar com uma realidade difícil, em termos econômicos 
e ambientais, em nosso país.
Dados recentes demonstram que o abigeato é responsável por 20% 
dos abates clandestinos de animais, no Rio Grande do Sul, segundo 
a Secretaria de Agricultura.
É importante que se ressalte que além do produtor, e talvez de forma mais 
danosa, o abigeato atinge toda a sociedade. Trata-se de uma prática crimi-
nosa que é a raiz de outras tantas violações à segurança e à saúde públicas.
O comércio de alimentos oriundos de animais furtados é, pois, uma 
atividade econômica clandestina que tem impactos negativos tanto 
do ponto de vista da sonegação de impostos, como em relação à saúde 
da população.Tome-se, por exemplo, o comércio de carne de um animal furta-
do que tenha sido recentemente vacinado. Determinadas vacinas 
permanecem no organismo do animal por um período de até 40 
(quarenta) dias, tornando-o impróprio para consumo.
Quando a sociedade não tem garantia da origem do alimento que 
adquire e consome, ela mesma se expõe a danos de toda ordem, 
que podem comprometer seriamente a saúde humana (BRASIL, 
2016a, on-line).
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Para incidência da qualificadora, portanto, é essencial que o animal seja de pro-
dução; assim, o furto de animais, como cachorro e gato, não são tutelados por 
essa qualificadora.
Por produção deve ser entendido não somente o comércio de carne animal, 
mas, também, seus derivados destinados à alimentação humana, além de não 
consumíveis, que tenham valor econômico, como ocorre com a ovelha, que é 
subtraída para que dela se retire a lã (GRECO, 2017).
Entretanto se o animal de produção for furtado, mas não for usado para fins de 
produção, mas como animal de estimação, não incidirá a presente qualificadora.
Furto de substâncias explosivas ou de acessórios 
Esta qualificadora é uma recente inserção no Código Penal e, também foi incluí-
da pela Lei n. 13.654/2018(BRASIL, 2018). Portanto, trata-se da já mencionada 
novatio legis in pejus, ou seja, seus efeitos serão produzidos apenas após a pro-
mulgação do referido parágrafo.
Substância explosiva é aquela capaz de provocar detonação, estrondo, em 
razão da decomposição química associada ao violento deslocamento de gases 
(GRECO, 2017).
A inserção deste dispositivo no Art.155 trouxe tanto controvérsia quanto a 
inclusão do inciso §4º. Explica Rogério Sanches([2019], on-line)¹.:
 “ Imaginemos, com efeito, que um grupo criminoso tenha adquirido dinamite para em seguida empregá-la no furto de caixas eletrônicos em uma agência bancária. A posse da dinamite deve ser imputada em con-
curso com o furto qualificado pelo emprego do artefato, ou este último 
absorve o primeiro? A nosso ver, desde a edição da Lei 13.497/17 - que 
tornou hediondo o crime do Art. 16 do Estatuto do Desarmamento -, é 
inadequado aplicar o princípio da consunção para que o crime patri-
monial absorva o crime hediondo, razão pela qual devem ser aplicadas 
as regras relativas ao concurso de delitos .
Assim, o objetivo desse parágrafo é trazer severidade aos crimes praticados com 
acessórios explosivos ou similares, diante da gravidade e consequências que oca-
sionam na prática. 
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FURTO DE 
COISA COMUM
No Art. 156 do Código Penal(BRASIL, 1940), tem-se a conduta praticada entre 
o condômino, co-herdeiro ou sócio. Caso algum destes furtar, para si ou para 
outrem, coisa de quem, legitimamente, é responsável pela posse, a pena prevista 
é de seis meses a dois anos ou multa.
Detalhe: condômino é o conjunto de proprietários que dividem o domínio 
da mesma coisa com outras pessoas. Esses proprietários fazem uma reunião, me-
diante contrato, na qual consta a obrigação de combinar esforços ou bens, para 
a consecução de objetivos comuns. Ela aproxima-se do condomínio, como se vê 
do Art. 1.013 e 1.015 do Código Civil(BRASIL, 2002), em que cada sócio pode 
servir-se das coisas pertencentes à sociedade, desde que lhes dê o seu destino, 
isto é, conforme os interesses da sociedade. Distingue-se do condomínio porque, 
neste, a destinação determina-se pelos costumes ou pela natureza das coisas, ao 
passo que, na sociedade, ela é determinada pelo contrato. No condomínio, “o só-
cio pode usar de seu direito, não tolhendo aos outros exercício de direito igual” 
(NORONHA, 2003. p. 241).
Ressalta-se que o Código Civil não define o que vem a ser a subtração de coisa 
comum fungível, como móveis ou objetos que podem ser, facilmente, substituíveis 
por outro da mesma espécie, cujo valor não exceda a quota que o agente tem direito.
O sócio é o membro de uma sociedade qualquer, definida pela reunião de 
duas ou mais pessoas que, mediante contrato, obrigam-se a combinar seus esfor-
ços ou bens para a consecução de fins comuns. Por outro lado, haverá o delito em 
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estudo se a coisa for infungível, ou seja, a que não pode ser substituída por outra.
No crime de furto comum, o sujeito ativo será, somente, o condômino, coer-
deiro ou sócio, ou seja, aqueles que compartilham a propriedade ou a posse da 
coisa móvel. No mesmo sentido, o sujeito passivo poderá ser o condômino, o 
coerdeiro, o sócio ou, ainda, um terceiro que detém legitimamente a coisa, com 
exceção do agente (BARBOSA, 2017, on-line)1.
No crime de furto comum, a ação pública é condicionada, ou seja, procede-se, 
somente, mediante representação do ofendido, pois é considerado uma infração 
de menor potencial ofensivo sujeita às normas da Lei n.9.099/1995 - a Lei dos 
Juizados Especiais(BRASIL, 1995). 
Ademais, tendo em vista que o crime de furto comum trata-se de crime pró-
prio, as circunstâncias se comunicam em caso de concurso de pessoas. Assim, 
caso um amigo me ajude a retirar a TV do prédio e levar até o meu apartamento, 
responderá pelo crime de furto comum juntamente comigo.
O que caracteriza o crime de furto comum é o dolo, ou seja, a vontade livre 
e consciente do agente agir com o fim de subtrair a coisa comum para si ou para 
outrem. Além do dolo, o tipo penal exige, segundo a doutrina majoritária, um cha-
mado especial fim de agir, caracterizado pela expressão para si ou para outrem. 
Tentativa e Consumação
A tentativa ocorrerá quando a coisa comum não chegar a sair da esfera de dis-
ponibilidade do ofendido por circunstâncias alheias à vontade do condômino, 
herdeiro ou sócio. Exemplo: resido em um prédio e estou retirando uma TV, 
que fica disponível na área de lazer, para minha residência, pois a minha parou 
de funcionar, mas sou surpreendido por outro morador.
Em sentido oposto, consumação se dará quando a coisa comum sair da es-
fera de proteção do sujeito passivo. Passa o agente a ter posse tranquila da coisa 
comum, ainda que por um curto período de tempo. Seguindo o mesmo exemplo, 
o crime de furto comum teria se consumado caso eu tivesse conseguido retirar a 
TV da disponibilidade comum e levado até minha residência, mesmo que, depois, 
após análise das câmeras de segurança, constatarem que eu havia furtado a TV e 
fossem até meu apartamento para pegar de volta. Mesmo com a posse temporária 
do objeto, responderia pelo crime, pois estaria consumado. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se explanar, amplamente, o conceito do crime de furto, bem como 
suas vertentes. Pudemos analisar os institutos da tentativa e consumação, que 
são reflexos extremamente importantes à aplicação da pena quanto ao seu 
cumprimento. Por óbvio, a definição e progressão de regime são determina-
dos pelo juízo ao julgar um processo envolvendo a referida prática delitiva.
Embora pareça irrelevante, o simples ato de furtar um veículo e trans-
portá-lo para outro Estado poderia trazer qualidades mais graves, como uma 
majoração de pena. Da mesma forma, aplica-se a substâncias explosivas ou 
outras características tipificadas no Código Penal.
A partir de uma análise político-criminal, é possível constatar que a majo-
ração de determinadas condutas tem dois fundamentos: o primeiro é quanto 
à gravidade do ato praticado ou à finalidade nociva a que ele se destina. O 
segundo é a reiterada prática, sendo a pena um instrumento de caráter pe-
dagógico, como uma forma de coibir a prática delitiva, garantindo, assim, a 
ordem pública.
É importantefrisar que, para que a pena aos crimes abordados nesta uni-
dade sejam aplicados, é necessário que o agente delitivo preencha todos os 
elementos do tipo penal, pois, do contrário, ficaria, apenas, no campo da ten-
tativa, o que, consequentemente, reduziria a pena entre um a dois terços. 
Pode-se falar em aplicação da lei penal nos crimes de furto apenas quando 
o agente chega ao menos a dar início à fase de execução de um crime, tendo 
em vista que as fases anteriores- cogitação e preparação - não são puníveis.
O delito de furto é um dos mais corriqueiros na sociedade. Contudo o 
crime de furto de objetos de uso comum, muitas vezes, passa despercebido 
do cotidiano, tendo em vista que é praticado por pessoas próximas à vítima, 
como herdeiro, condômino ou sócio. Em diversas ocasiões, inclusive, ele dei-
xa de chegar a conhecimento das autoridades policiais. Assim, é importante 
que você tenha conhecimento acerca desse delito, para evitar que injustiças 
se perpetuem em nossa sociedade.
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na prática
1. Quando uma pessoa usa de meio para iludir outra e, com isso, prticar uma subtra-
ção, há a tipificação de uma conduta de:
a) furto qualificado pelo ardil.
b) furto simples.
c) furto qualificado pelo uso de técnica ou instrumentos.
d) furto simples - só há qualificação pelo repouso noturno.
e) furto simples - só se entende o uso de técnica ou ardil quando a conduta é pra-
ticada por mais de duas pessoas. 
2. Para o entendimento de furto de semoventes, a lei penal trata os seguintes animais:
a) Animais selvagens e microorganismos.
b) Animais selvagens (répteis e mamíferos.)
c) Aves, gado, cavalos e outros animais desde que domesticáveis e de produção.
d) Animais e, por interpretação além, insetos (para fins de venda.)
e) Animais de produção penas. 
3. Assinale a alternativa correta quanto ao furto de coisa comum (Art. 156, CP).
a) É um delito no qual a vítima é o proprietário, e, somente ele, da coisa.
b) A coisa, para haver este delito, deve ser comum, entendida como pertencente a 
uma pessoa e, eventualmente, utilizada por outras pessoas.
c) A conduta não basta subtrair a coisa, mas vende-la, tirar proveito econômico 
irregular ou ilícito. 
d) Entende-se por coisa comum a coisa que pertence ao sujeito passivo e ao sujeito 
ativo (casos de condomínio, herança e sociedade.)
e) A modalidade de furto (de coisa comum) é uma forma de furto qualificado. 
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na prática
4. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as seguintes sentenças:
( ) não há estado de necessidade em casos de furto pela legislação brasileira.
( ) O crime de furto se consuma no momento em que o agente tiver a posse da 
coisa, mesmo que essa posse se dê por um curto período de tempo, pois, 
nestes casos, não há fala em tentativa. 
( ) O crime de furto se consuma no momento em que o agente tiver a posse 
tranquila da coisa, mesmo que essa posse se dê por um curto período de 
tempo. 
a) VFV.
b) FFV.
c) VFV.
d) VVF.
e) VVV.
5. Tício foi tentar bater a carteira de Caio. Em meio à ação, Caio percebeu e Tìcio 
saiu correndo com a carteira. Posteriormente, foi preso e a carteira, recuperada. 
Diante deste quadro de furto, assinale a alternativa correta:
a) Houve furto, mas não se pode falar em furto qualificado pela destreza de Tício, 
posto que sua ação foi percebida. 
b) Houve furto qualificado, a destreza é percebida e aplicada pela lei e pelo 
histórico do agente e não por sua mera ação. 
c) Houve apenas tentativa de furto, o fato de Tício ter sido capturado frustrou 
a tipificação do delito. 
d) Não houve furto ou tentativa, haja vista que por Tício ser flagrado e correr 
com a coisa, está-se diante de outro delito que não o furto. 
e) Só poderá falar em furto (independente da tentativa ou não), neste caso, 
quando for apurado a quantidade de dinheiro na carteira de Caio. 
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aprimore-se
UMA PERCEPÇÃO PECULIAR DO FURTO
A base elementar do furto (e, a partir desta, suas espécies e qualificadora) 
é, também, um processo histórico, que remete aos romanos, chamados pós-
-clássicos (povos que viviam sob a autoridade e cultura romana a partir do 
primeiro século da Era Cristã). 
Interessante notar que a matéria (o delito contra patrimônio na forma fur-
tiva) era disciplinado pela legislação civil, tratado como uma obrigação nascida 
da conduta. No entendimento dos romanos deste período, o furto seria um 
“apossamento fraudulento de uma coisa, de seu uso, ou de sua posse”, ou 
seja, o entendimento parecido ao do nosso Código Penal (ao menos na raiz da 
conduta). 
Apenas a título de ilustração, os romanos desta Era entendiam o furto de 
duas formas: o manifesto (flagrante), no qual o agente era visto praticando a 
conduta; e o não manifesto, no qual o sujeito ativo, por assim dizer, era, apenas, 
descoberto com a coisa em sua posse, mas não flagrado na ação propriamente 
dita. A pena deste era alta; daquele, dobrada (JUSTINIANO, 2000).
Por fim, os romanos consideravam o sujeito ativo do furto não apenas 
quem lhe desse causa, mas aquele que o idealizou – o chefe, o mentor inte-
lectual do crime. E, como não havia apropriação indébita – a ser estudada em 
unidade posterior –, a posse estendida intencionalmente e sem a autorização 
do dono da coisa era considerada furto igualmente.
Fonte: adaptado de Greco (2017).
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eu recomendo!
Curso de Direito Penal 
Autor: Rogério Greco
Editora: Impetus
Sinopse: Rogério Greco aborda, com extrema precisão, a parte 
especial do Código Penal brasileiro, mediante análise aprofun-
dada dos artigos 121 a 212 do estatuto repressivo. O texto foi 
revisto de acordo com as mais recentes alterações legislativas, a 
exemplo da Lei nº 13.654, de 23 de abril de 2018, que alterou o Código Penal para 
dispor sobre os crimes de furto qualificado e de roubo quando envolvam explo-
sivos e do crime de roubo praticado com emprego de armamento de fogo ou do 
qual resulte lesão corporal grave. Contempla, também, a Lei nº 13.771, de 19 de 
dezembro de 2018, que alterou o Art. 121 do Código Penal, dentre outras editadas 
em 2018, além de novas Súmulas do STJ. Trata-se, portanto, de uma poderosa 
fonte para o operador jurídico e para o estudante de Direito. Diferenciais da obra: 
atualizada pelas Leis nº 13.654, 13.715, 13.718, 13.721, 13.771, dentre outras. Au-
tor de grande renome no estudo do Direito Penal brasileiro.
livro
A qualquer custo
Ano: 2016
Sinopse: interior do Texas, Estados Unidos, Toby (Chris Pine) e 
Tanner (Ben Foster) são irmãos que, pressionados pela pro-
ximidade da hipoteca da fazenda da família, resolvem assaltar 
bancos para obter a quantia necessária ao pagamento. Com um 
detalhe: eles apenas roubam agências do próprio banco que 
está cobrando a hipoteca. Só que, no caminho, eles precisam li-
dar com um delegado veterano (Jeff Bridges), que está prestes a se aposentar. 
Comentário: prezados, recomendo esse filme pois retrata não apenas a ação deli-
tiva contra bancos, mas também desperta uma análise acerca de aspectos socio-
lógicos do criminoso.
filme
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Roubo • Roubo Impróprio • 
Extorsão • Extorsão Mediante Sequestro.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Apresentar os conceitos do delito de roubo, suas causas principais e as transversais na Lei Penal • Enten-
der o roubo impróprio e suas implicações na Lei penal brasileira • Conhecer a extorsão – sua diferença 
para o roubo e suas características principais, quanto às intenções do agente • Compreender a extorsão 
mediante sequestro, a conduta gravíssima, prevista na legislação brasileira, e que cumula, em seu tipo, 
condutas que atentam contra a vida e a liberdade do indivíduo.
CRIMES CONTRA O 
PATRIMÔNIO 
PRATICADOS 
COM VIOLÊNCIA 
e/ou grave ameaça 
PROFESSORES 
Esp. Cristian Rodrigues Tenório
Esp. Willian Samsel
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), entre os crimes contra o patrimônio, destaca-se o rou-
bo, não apenas pela gravidade do ilícito, mas, principalmente, pela fre-
quência e consequências da referida prática. Observe que, no crime de 
roubo, além do patrimônio, pode haver, inclusive, a violação da integri-
dade física ou psicológica, tendo a intimidação como requisito subjetivo 
à sua prática.
Sabe-se que o índice de práticas dessa natureza tem aumentado a cada 
dia, principalmente, contra empresas privadas. Não é pacífica a motiva-
ção para tal estatística, porém é evidente que a recessão econômica e a 
desigualdade social contribuam para o aumento da criminalidade.Como forma de preservação, o ente privado tem investido, cada vez 
mais, em segurança para garantir sua integridade física e patrimonial, 
tendo em vista a precariedade da segurança pública e, consequentemente, 
a falta de segurança jurídica quanto à repressão e à aplicação da lei penal.
O próprio tipo penal possui suas ramificações, chamadas de qualifi-
cadoras, variações que, junto ao acréscimo na conduta, preveem deslo-
camento das penas mínima e máxima pela qual pode incorrer o agente 
que pratica o delito, observando-se as circunstâncias do crime. Em suma, 
as qualificadoras aumentam a perspectiva da pena quando da sentença 
proferida pelo juiz da causa.
Nesse sentido, é primordial que saibamos diferenciar um instituto 
penal do outro para que não venhamos a cometer equívocos em relação 
à interpretação da conduta a ser reprimida. Conforme já demonstrado no 
capítulo anterior, é notável a diferença entre roubo e furto, por exemplo.
O crime de extorsão, por sua vez, também a ser estudado neste ca-
pítulo, traz, em seus elementos, particularidades que o diferenciam dos 
tipos penais apresentados anteriormente, como a coação com a intenção 
de obter vantagem. Dessa forma, estudaremos a referida prática por agen-
tes públicos, que praticam outro crime, embora desempenhe a mesma 
conduta.
É possível afirmar que esta unidade traz as práticas delitivas mais 
comuns com que, rotineiramente, o profissional da área de segurança 
irá se deparar.
Bons estudos!
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ROUBO
O roubo, previsto no Artigo 157 do Código Penal, refere-se à subtração de coisa 
(móvel alheia, para si ou para outrem), da mesma forma que o furto, mas com a 
adição da violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibi-
lidade de resistência da vítima.
 “ O crime de roubo é considerado complexo pois atinge mais de um bem jurídico: o patrimônio e a incolumidade física ou a liberdade in-dividual. Com efeito, como no roubo ocorre subtração de coisa alheia, 
o patrimônio é bem jurídico sempre afetado. Além disso, quando a 
subtração se dá mediante violência, afeta-se também a incolumidade 
física da vítima, e quando é praticada mediante grave ameaça ou com 
emprego de soníferos, atinge-se também a liberdade individual, ainda 
que momentaneamente (GONÇALVES, 2018, p. 401).
Qualquer violência aplicada, fisicamente, contra a vítima (empurrão, trombada ou até 
a retirada de objetos fixados no corpo da vítima) e que lhe causem lesões caracterizá 
o crime de roubo. Já a grave ameaça (via compulsiva) é a promessa da prática de um 
mal grave que gera situação de medo e pavor à vítima. O mal prometido pode ser 
justo ou injusto e se dirigir à vítima ou a terceiros (parentes, amigos). Convém notar 
que o simples porte de arma de fogo, desmuniciada ou de brinquedo, configura grave 
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ameaça, assim como a simples simulação de porte de arma (CAPEZ, 2014).
“Note-se que se exige a ameaça de um mal suficiente para produzir o 
temor desejado, mas não a idoneidade” (VIVES ANTÓN, T. S. et al., 2017, 
p. 405). A violência pode ser entendida, ainda, como direta ou imediata e 
indireta ou mediata.
 “ Direta ou imediata é a violência física exercida contra a pessoa de quem se quer subtrair os bens. Assim, por exemplo, o agente agride violentamente a vítima com socos, para que possa levar 
a efeito a subtração de seu relógio; indireta ou mediata é a vio-
lência empregada contra pessoas que são próximas da vítima ou, 
mesmo, contra coisas (GRECO, 2017, p. 665).
A violência imprópria também se configura como crime de roubo, que é qual-
quer meio empregado que reduza a potência da vítima de se proteger – como 
no golpe de embriagar a vítima para depois roubá-la. Como explica Hungria: 
 “ Pressupõe-se que o outro ‘qualquer meio’, a que se refere o art. 157, caput, é empregado ardilosa ou sub-repticiamente, ou, pelo menos, desacompanhado, em sua aplicação, de violência física ou 
moral, pois, do contrário, se confundiria com esta, sem necessi-
dade da equiparação legal (HUNGRIA, 1955, p. 55-56). 
O roubo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na vontade livre 
e consciente de subtrair, usando expediente de violência ou grave ameaça; 
o segundo, elemento subjetivo especial do tipo, exige que a ação seja para o 
agente ou para terceiro. O sujeito ativo no crime de roubo pode ser qualquer 
um, exceto o proprietário da coisa.
O sujeito passivo é qualquer pessoa, mesmo que diferente do sujeito passivo da 
subtração. A violência pode não ser aplicada contra o proprietário ou o possuidor da 
coisa alheia, mas contra terceiro. Assim, haverá dois sujeitos passivos: um em relação 
ao patrimônio e outro em relação à violência, ambos vítimas de roubo, sem, contudo, 
dividir a ação criminosa, que continua única. As duas vítimas – do patrimônio e da 
violência – estão, intimamente, ligadas pelo objetivo final do agente: subtração e 
apossamento da coisa subtraída (BITENCOURT, 2017).
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Não confundir roubo com extorsão. Caso o agente venha a render alguma vítima e exija 
que um terceiro lhe pague quantia em dinheiro para libertá-la, estaremos diante de um 
caso de extorsão mediante sequestro. Para que se configure o roubo, o próprio agente 
delitivo deve se empenhar em subtrair a coisa de acordo com o Art. 168 do Código Penal.
Fonte: Brasil (1940).
explorando Ideias
O sujeito passivo, todavia, é o titular do direito da propriedade ou da posse, mes-
mo que seja uma pessoa jurídica. Por exemplo, um ladrão entra no banco rende cinco 
funcionários e leva uma soma significativa de dinheiro. Nesse caso serão sujeitos 
passivos da ação os cinco funcionários e o banco (GONÇALVES, 2018), ou seja, 
aqueles que sofreram a ameaça e a pessoa jurídica que sofreu o prejuízo, a perda.
Conforme foi visto, no crime de furto é possível o reconhecimento da atipicidade 
da conduta nos casos em que o agente se apossar do bem com o animus apenas 
de uso momentâneo. Entretanto, no caso do roubo, isso não se aplica, porque 
mesmo que o patrimônio da vítima não seja ferido, sua integridade física será 
pelo emprego da violência ou grave ameaça.
Destaque-se que os objetos presos ao corpo, tais como brinco, corrente, re-
lógio, pulseira etc., que são arrancados pelo sujeito ativo da conduta, fazem com 
que o roubo se tipifique. Quando soltos como boné, óculos, bolsa, celular etc., o 
crime será de furto (GONÇALVES, 2018).
Não se aplica no roubo o princípio da insignificância, haja vista que a conduta do 
agente revela maior periculosidade e atinge não apenas o patrimônio do ofendido, 
mas também a sua integridade física, sua saúde e até sua vida em caso de latrocínio 
(GONÇALVES, 2018).
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Tentativa e Consumação
A tentativa, no roubo, configura-se quando fatores alheios à vontade do agente o 
impedem de subtrair a coisa. Presente a grave ameaça e a violência, há a tentativa 
porque o roubo é crime contra o patrimônio (classificado no Código penal) e não 
contra a pessoa (de forma direta). Para reforço desse ponto, leia a Súmula do Superior 
Tribunal de Justiça:
 “ Súmula nº 582. Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recu-
peração da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica 
ou desvigiada (BRASIL, 2016b, on-line).
Conclui-se que o crime de roubo restará consumado quando houver a inversão da 
propriedade da coisa, mesmo que seja por pouco tempo.
Concurso de Crimes
Há situações nas quais o agente poderá cometer mais de um crime de roubo, por 
exemplo, na hipótese em que o agente rouba uma casa e a casa vizinha, tipificando 
dois crimes de roubos.
A doutrina menciona o exemplo típico de grandes centros urbanos, os chamados 
“arrastões” em edifícios nos quais os agentes, após conseguirem entrar em um prédio 
e dominar os funcionários (porteiro, zelador), passam a aguardar a chegada de mora-
dores nagaragem, ou invadir apartamentos. Nesses casos, a ação por ser sequencial, 
será ratada continuado – consideração dos crimes e aplicação com aumento de pena 
(Art. 71, CP) (GONÇALVES, 2018).
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ROUBO 
IMPRÓPRIO
Nessa variação do roubo, temos a inversão da dinâmica: ocorre a subtração e, 
depois, a violência contra a pessoa é aplicada, como se fosse uma escalada da 
violência. Como em tudo deve haver um porquê, a razão elementar do roubo 
impróprio é ferir a vítima para dificultar ou impossibilitar uma futura identifi-
cação do agente que pratica o crime. 
Como explica Hungria (1955, p. 55-56), 
 “ o agente é surpreendido logo depois (isto é, antes de se pôr a bom recato) e vem a empregar violência (física ou moral) para assegurar a impunidade do crime (evitar a prisão em flagrante ou ulterior 
reconhecimento ou indigitação etc.) ou a detenção da res furtiva.
Greco analisa a finalidade de praticar um delito de furto, que 
 “ acaba se convertendo em roubo depois de selecionados os bens, ou mesmo quando já os retirava do lugar de onde estavam sendo sub-traídos, deverá ser considerado impróprio, entendendo-se a expres-
são logo depois no sentido de já ter o agente selecionado os bens, ou 
seja, já estar praticando atos que podiam ser compreendidos como 
início da prática do núcleo subtrair (GRECO, 2017, p. 671). 
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A doutrina majoritária classifica, por fim, o roubo impróprio como aquele que a 
violência ou grave ameaça vem a ser praticada posteriormente à subtração da coisa.
Tentativa e Consumação
Não há tentativa dentro do roubo impróprio. Para isso, a doutrina ressalta:
 “ A doutrina majoritária entende não ser possível a tentativa de roubo impróprio. E a corrente minoritária não possui muita força doutrinária, uma vez, que no caso de violência subsequente à subtração, o momento 
consumativo é o do emprego da violência; e não há falar-se em tentativa: 
ou a violência é empregada, e tem-se a consumação, ou não é empregada, 
e o que se apresenta é o crime de furto (GONÇALVES, 2018, p. 411).
O crime de roubo impróprio consuma-se com o emprego da violência ou grave 
ameaça, logo após a subtração da coisa alheia, com o escopo de assegurar impu-
nidade do crime ou a continuidade da detenção da coisa.
Causas de aumento de pena (de um terço até metade)
Se há o concurso de duas ou mais pessoas
Quando o roubo é praticado por duas ou mais pessoas – independentemente do 
papel de cada agente a conduta –, haverá aumento de pena. Assim, embora, corriquei-
ramente, a imprensa divulgue a expressão “roubo qualificado” ou “roubo duplamente 
qualificado”, deve-se ter em mente que essas circunstâncias têm natureza jurídica de 
causas de aumento de pena, conforme serão vistas, isoladamente, cada causa. No 
roubo, o concurso de pessoas encontra-se no rol das causas especiais de aumento de 
pena, gozando de status de majorante (GRECO, 2017, p. 681). Basta que um agente 
faça a ameaça ou cometa a violência, se os demais envolvidos têm o conhecimento 
(a previsão da ação) e aprovam a maneira de agir, todos responderão em concurso.
Assim, para a caracterização do concurso de agente, é necessário o prévio 
conhecimento da participação dos demais agentes bem como a significativa 
participação de ambas as partes. 
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Se a vítima está em serviço de transporte de 
valores e o agente conhece tal circunstância
Como visto anteriormente, o conhecimento nessa conduta é tudo. Conhecer que a víti-
ma em potencial e o objetivo da ação, que incide sobre transporte de valores, possuem 
destaque no Código Penal. Nesse sentido, a norma somente pode incidir quando, no 
momento da abordagem, a vítima transportava valores, sendo isso, de anterior conheci-
mento do agente. Não é necessário que a vítima tenha a função específica de transportar 
valores, ela pode ser um office boy que realiza essa função, por exemplo. 
Se a subtração for de veículo automotor que venha a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior
O presente inciso assemelha-se à infração penal prevista na modalidade do furto 
qualificado no qual a pena é aumentada de um terço até a metade se, na subtração, 
o veículo automotor for transportado para outro Estado ou para o Exterior. En-
tretanto, nesse dispositivo, caso ocorra a situação prevista, ela será tratada como 
majorante, aumentando a sanção ao final da sentença (e seu cálculo de pena). 
Conforme já mencionado anteriormente, o escopo em majorar a situação 
do transporte de veículo para outro Estado ou País decorre da maior dificul-
dade em que a vítima terá para localizar seu veículo roubado. O crime será 
consumado com a travessia do veículo para outro território. 
Se o agente mantiver a vítima em seu poder, 
restringindo sua liberdade
A presente majorante merece uma atenção especial em decorrência de suas 
peculiaridades. Aqui, a legislação se debruça, por exemplo, nos sequestros 
relâmpago. Destacam-se, aqui, duas situações, segundo Greco (2017, p. 684):
 a) quando a privação da liberdade da vítima for um meio 
de execução do roubo. 
b) quando essa mesma privação de liberdade for uma ga-
rantia em benefício do agente contra a ação policial.
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Bitencourt explica o tema da seguinte forma:
Quando o ‘sequestro’ (manutenção da vítima em poder do agen-
te) for praticado, concomitantemente, com o roubo de veículo 
automotor, ou, pelo menos, como meio de execução do roubo 
ou como garantia contra ação policial, estará configurada a 
majorante aqui prevista. Agora, quando eventual ‘sequestro’ for 
praticado depois da consumação do roubo de veículo automo-
tor, sem nenhuma conexão com sua execução ou garantia de 
fuga, não se estará diante da majorante especial, mas se tratará 
de concurso de crimes, podendo, inclusive, tipificar-se, como já 
referimos, extorsão mediante sequestro: o extorquido é o pró-
prio ‘sequestrado’ (BITENCOURT, 2017, p. 102).
A subtração da liberdade da vítima deve ocorrer em tempo curto, antes, por 
exemplo, do flagrante ou do conhecimento pela autoridade. 
Se a subtração for de substâncias explosivas ou 
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
Aqui, temos mais uma inovação processual que é a inclusão do uso de substâncias 
explosivas ou artefatos análogos na prática do crime de furto. O escopo do presen-
te inciso busca punir, com maior gravidade, os crimes com explosivos diante de 
sua proporção e potencialidade. É de suma importância a tipificação com maior 
gravidade diante do crescente número de explosão de caixa eletrônico, em banco, 
para subtração pecuniária. 
 “ O emprego de explosivo ou de artefato análogo pode produzir con-sequências díspares para efeitos de adequação típica, na medida em que são de natureza distinta em termos de potencialidade lesiva. 
Com efeito, o emprego de explosivo produz, automaticamente e por 
seu potencial lesivo, real perigo gravíssimo, de proporções imprevi-
síveis, e, por isso, o texto legal se satisfaz, para sua tipificação, com o 
seu “emprego” (BITENCOURT, 2018, on-line)3.
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O uso de explosivos possui potencialidade lesiva alta, podendo resultar em danos 
patrimoniais e físicos, extremamente, gravosos, com consequências em grande 
escala. Decorre disso a intenção do legislador em punir com mais severidade o 
crime em questão.
Aumenta-se a pena de 2/3 (dois terços):
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego 
de arma de fogo
Por considerar apenas o temor que infundia na vítima, impossibilitando sua rea-
ção durante a prática do roubo, é que o Superior Tribunal de Justiça, amparado 
em pensamento de Hungria, havia editado a Súmula n. 174, que dizia: “Súmula 
n. 174. No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza 
o aumento da pena”. Contudo, posteriormente, em 2001, a referida súmula fora 
cancelada, sendo, duramente, criticada por considerarem que ela afrontava o 
princípio da legalidade, por confundir brinquedo

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