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ADMINISTRAÇÃO TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Alessandra T. Marchi Batista Sandra Regina Ramos de Oliveira http://unar.info/ead2 1 PROGRAMA DA DISCIPLINA Teoria Geral da Administração Ementa: Teoria da Administração e sua Evolução Histórica, Abordagem Clássica, Abordagem Humanista, Abordagens Burocrática, Estruturalista e Neoclássica, Teoria Sistêmica e Contingencial, As Teorias da Administração na Era da Informação. OBJETIVOS Compreender a ciência da Administração, seu processo formativo, sua constituição, evolução e estruturação. Desenvolver uma concepção crítica do pensamento administrativo, sua evolução, seu significado para a empresa e para o administrador. Conhecer a evolução do pensamento administrativo, reconhecendo e identificando as várias correntes e a importância de cada uma. METODOLOGIA Adotamos para a disciplina Teoria Geral da Administração - TGA, uma metodologia que alia a teoria à prática, facilitada pelas atividades que permitam, a partir de exemplos, a coerência sobre a teoria e sua aplicação prática. AVALIAÇÃO No sistema EAD, a legislação estabelece a avaliação presencial, sem, no entanto, se definir como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço 2 predeterminados; diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 1) Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares; 2) Provas bimestrais realizadas presencialmente; 3) Trabalhos de pesquisa. As estratégias de recuperação incluirão: 1) Retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não satisfatoriamente dominados pelo aluno; 2) Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos conteúdos. Bibliografia Básica CHIAVENATO, I. Introdução á teoria geral da administração. São Paulo: Elsevier: Campus, 2011. MAXIMILIANO, A. C. Teoria geral da administração. São Paulo: Atlas, 2010. KWASNICKA, E.L. Teoria geral da administração: uma síntese. São Paulo: Atlas, 2011. Bibliografia Complementar BATEMAN, Thomas S. Administração: Novo Cenário Competitivo. São Paulo: Atlas, 2006. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1983. 3 ____________________. Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. ___________________. Administração nos novos tempos. 2ª edição. Rio de Janeiro: Campus, 2003. _____________________. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005. FRANCISCO FILHO, Geraldo; SILVA, Fabio Gomes da. Teorias da Administração Geral. Campinas: Alínea, 1ª. Edição, 2006. LACOMBE, F.J.M.; Heilborn, G.L.J. Administração: princípios e tendências. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. MARCONDES, Reynaldo Cavalheiro, BERNARDES, Cyro. Teoria Geral da administração: Gerenciando organização. São Paulo: Saraiva 2004. MAXIMIANO, Antonio César A. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. MAXIMIANO, Antonio César A. Teoria Geral da Administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. São Paulo: Atlas, 2008. MONTANA, P.J.C. ; BRUCE, H. Administração. São Paulo: Saraiva. 2010. MORAES, Anna Maris Pereira. Introdução à Administração. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MOTTA, Fernando. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006. SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da Administração. - São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2004. http://inovaemgestao.blogspot.com.br/2009/12/o-que-significa-administracao. .html>. Acesso em: 09/agosto 2012. http://cursodeeventos.blogspot.com.br/2011/08/fundamentos-da- administracao-de.html>. Acesso em: 05/ setembro 20012. 4 http://professoragiuliana.blogspot.com/2012_03_01_archive.html>. Acesso em: 03/ setembro 20012. http://www.famescbji.edu.br/famescbji/biblioteca/livros_adm/TGA.pdf>. Acesso em: 29/agosto 20012. http://tgasegsemestre.blogspot.com.br/>. Acesso em: 04/ setembro 20012. http://www.not1.xpg.com.br/revolucao-industrial-fatores-e-etapas- consequencias-sociais-economicas/> Acesso em: 29/agosto 20012. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVqgAA/introducao-a-teoria-geral- administracao>Acesso em: 24/agosto 20012. http://admgeraluninove.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html>Acesso em: 30/ agosto 20012. http://cassia-both.blogspot.com.br/2009/10/3-teoria-das-relacoes- humanas.html>Acesso em: 03/ setembro 20012. http://amigonerd.net/trabalho/2430-motivacao>Acesso em: 27/agosto 20012. http://www.portaladm.adm.br/Tga/tga84.htm>Acesso em: 18/ setembro 20012. 5 Sumário UNIDADE 1- Introdução, Definição e Conceitos de Administração .......................................... 7 UNIDADE 2- Teorias Administrativas .................................................................................................. 11 UNIDADE 3- As Influências Filosóficas, Religiosas e Militares ................................................... 16 UNIDADE 4- Influência da Revolução Industrial ............................................................................. 21 UNIDADE 5- Influência dos Economistas Liberais .......................................................................... 25 UNIDADE 6- Abordagem Clássica da Administração - Administração Científica e Teoria Clássica ........................................................................................................................................................... 30 UNIDADE 7- Organização Racional do Trabalho............................................................................ 35 UNIDADE 8- Princípios da Administração Científica ..................................................................... 41 UNIDADE 9- Diferença entre Administração e Organização ..................................................... 47 UNIDADE 10- Abordagem Humanística e Abordagem Neoclássica da Administração .. 52 UNIDADE 11- Funções Básicas da Organização Industrial ......................................................... 58 UNIDADE 12- Apreciação Crítica à Teoria das Relações ............................................................. 63 UNIDADE 13- Funções do Administrador ......................................................................................... 68 UNIDADE 14- Abordagem Burocrática .............................................................................................. 73 UNIDADE 15- Vantagens e Desvantagens da Burocracia ........................................................... 78 UNIDADE 16- Abordagem Estruturalista ........................................................................................... 83 UNIDADE 17- Abordagens Múltiplas da teoria Estruturalista ................................................... 88 UNIDADE 18- Teoria dos Sistemas em Administração ................................................................ 93 UNIDADE 19- Teoria Contingencial ..................................................................................................... 98 UNIDADE 20- As Teorias na Era da Informação............................................................................103 6 Apresentação da Disciplina Prezado aluno, Toda e qualquer organização tem a necessidade de uma prática administrativa que a conduza na busca de seus objetivos. Ao longo da históriafoi aparecendo uma ciência que visa auxiliar o processo de mediação para busca dos fins especificados. Esta ciência é a Administração, que com o passar do tempo foi se desenvolvendo vagarosamente, ao receber influência da filosofia, da igreja e das organizações militares. O processo de evolução da Administração fica mais intenso após a Revolução Industrial, e especialmente no século XX, surgindo várias teorias com pretensão de sistematizar o processo administrativo. Essas teorias agem nas mais diversas organizações, ainda que sejam idealizadas em cenários industriais e empresarias, atingiram a educação modificando a prática administrativa nas escolas. Cada uma das teorias tem um foco em certo ângulo da Administração. Para que se entenda esta ciência em sua plenitude, torna-se necessário relacionar as diversas abordagens, explorando uma perspectiva mais sistêmica e complementar em cada teoria. Professora Esp. Alessandra T. Marchi Batista Reformulação:Tutora Sandra Regina Ramos de Oliveira 7 UNIDADE 1- Introdução, Definição e Conceitos de Administração CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conceituar a Administração; Entender o papel do administrador nas organizações; Conhecer as habilidades e competências necessárias ao administrador; Conhecer as áreas de atuação do administrador. ESTUDANDO E REFLETINDO A sociedade humana é composta de organizações e essas de pessoas com sentimentos, ideias, aspirações, pensamentos, e todo um conjunto de situações e ações que viabilizam a existência dela. É a Administração que possibilita que as organizações sejam capazes de utilizar corretamente seus recursos e alcançar seus objetivos, transformando esses recursos em produtos e serviços com o objetivo de resolver problemas, conservando assim a movimentação das pessoas e da sociedade. A palavra Administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), constituindo a palavra de ordem no mundo das organizações. De maneira geral pode-se dizer que ela é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos, qualquer que seja o tipo da organização: setor primário, manufatura ou serviços. Dessa forma pode-se medir o nível de eficiência da Administração avaliando a maneira como os processos estão sendo executados. É importante manter-se sempre eficiente evitando retrabalhos e desperdícios diversos para a 8 manutenção de um bom Processo Administrativo. Veja o quadro abaixo sobre o que concerne à Administração: http://inovaemgestao.blogspot.com.br O número de definições para a Administração é tão extenso quanto à quantidade de livros escritos sobre o assunto. Vejamos então, definições específicas de autores renomados que servem como referência no estudo da Administração: Silva (2004) define administração como sendo um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais. Chiavenato (2000) define administração como o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos e 9 ainda complementa dizendo que a tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas por meio de pessoas de maneira eficiente e eficaz. Maximiano (2008) define administração como sendo o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos principais de decisões, também chamadas de processos ou funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle. A Administração vem sendo praticada de diversas formas desde os primórdios da civilização. Há quem acredite que é a mais antiga das profissões e é exercida desde que existem os primeiros agrupamentos humanos, porém não é raro ouvir que se trata de um novo campo. Habilidades do Administrador Lacombe (2003) define habilidade como sendo a capacidade que o ser humano tem de transformar os conhecimentos adquiridos em produtos ou serviços com o desempenho esperado, a partir do ensinamento praticado. Para obter um bom desempenho profissional, o administrador necessita ter três tipos de habilidades, que segundo o criador dessa tipologia, Katz (1955 apud CHIAVENATO, 2003), são de natureza: técnica, humana e conceitual. Habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para a realização de suas tarefas específicas, através de sua instrução, experiência e educação. Habilidade humana: consiste na capacidade e no discernimento para trabalhar com pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz. Habilidade conceitual: consiste na habilidade para compreender as complexidades da organização global e o ajustamento do comportamento da pessoa dentro da organização. Esta habilidade permite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos da 10 organização total e não apenas de acordo com os objetivos e as necessidades de seu grupo imediato. http://cursodeeventos.blogspot.com.br BUSCANDO O CONHECIMENTO Acesse o site: www.ebah.com.br/content/ABAAAAOaUAL/50 11 UNIDADE 2- Teorias Administrativas CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer a evolução das teorias administrativas. ESTUDANDO E REFLETINDO TEORIAS ADMINISTRATIVAS – Definição e Histórico Dentre os principais fatores que caracterizam os primórdios da Administração estão os fatos históricos, sociais, políticos e econômicos, criando- se o panorama das organizações do passado. O teor do estudo da Administração varia de acordo com a teoria ou escola analisada. Cada autor tende a abordar as características e assuntos típicos da orientação teórica de sua escola ou teoria. h ttp://professoragiuliana.blogspot.com.br 12 Chiavenato (2000) nos relata que a Teoria Geral da Administração (TGA) estuda a administração das organizações e empresas, visando à interação e interdependência entre as cinco variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente. O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: cada um influencia e é influenciado pelos outros e cada um, provocou no seu tempo uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA. BUSCANDO O CONHECIMENTO À medida que a Administração confronta com novas situações, as doutrinas e teorias administrativas se adaptam, podendo até sofrer modificações ao longo dos anos para continuarem úteis e aplicáveis. Nesse contexto de mudanças e expansão podemos entender os gradativos passos da TGA no decorrer dos anos, que são mencionadas por meio de diferentes termos, explicados a seguir: Teorias são explicações, interpretações ou proposições sobre a administração e as organizações; Enfoque ou pensamento, também chamado de abordagem, é um aspecto particular das organizações, ou uma forma de estudá-las; Escola é uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque; Modelo de Gestão é um conjunto de doutrinas e técnicas do processo administrativo; Modelo de Organização é um conjunto de características que definem organizações e a forma como são administradas; Doutrina é um princípio de conduta que contém valores, implícitos ou explícitos. As doutrinas recomendam como agir, orientando os julgamentos e as decisões dos administradores; 13 Técnicas são soluções para problemas. Organogramas, metodologias, estudos de tempos, sistemas de controle são exemplos de técnicas. http://www.famescbji.edu.br Ainda que se diga que a Administraçãoé uma área nova, a novidade propriamente dita está na sistematização de seus conceitos e a complexidade que atingiram no passado recente as grandes organizações. Essa preeminência das organizações e sua importância para a sociedade moderna, bem como a necessidade de administradores competentes e capazes, está na base do desenvolvimento da Teoria Geral da Administração (TGA). A moderna Teoria Geral da Administração (TGA), que se estuda hoje, é formada por conceitos que surgiram e vêm-se aprimorando ao longo dos tempos, sendo muito mais antigos do que se imagina, por exemplo, a Bíblia relata que Moisés, estava o dia todo cuidando de causas pequenas que o povo lhe trazia. Então Jetro recomendou: procure homens capazes para serem líderes de 10, 100 e 1.000. Esta recomendação foi dada a Moisés há cerca de 3.500 anos. É tão antigo e continua atual. O estado atual da Teoria Geral da Administração e suas abordagens teóricas Agora, no século XXI, a Administração e as organizações estão passando por grandes transformações, as empresas privadas, em particular, atuam num cenário extremamente competitivo e necessitam aprimorar continuamente sua eficiência: fazer mais, com menor quantidade de recursos e em menor tempo. O conteúdo do estudo da Administração depende das características da teoria estudada, cada autor aborda as variáveis e os assuntos dentro da orientação técnica de sua teoria. Para fins de estudo, a Teoria da Administração pode ser dividida em várias correntes ou abordagens, levando-se em conta que 14 cada abordagem representa uma maneira específica de encarar a tarefa e as características do trabalho. Abordagem Clássica da Administração: Administração Científica. Teoria Clássica da Administração. Abordagem Humanística da Administração: Teoria das Relações Humanas. Abordagem Neoclássica da Administração: Teoria Neoclássica da Administração. Administração Por Objetivos (APO). Abordagem Estruturalista da Administração: Modelo Burocrático da Administração. Teoria Estruturalista da Administração. Abordagem Sistêmica da Administração: Teoria de Sistemas. Abordagem Contingencial da Administração: Teoria da Contingência. http://tgasegsemestre.blogspot.com.br 15 16 UNIDADE 3- As Influências Filosóficas, Religiosas e Militares CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer as influências filosóficas, religiosas e militares. ESTUDANDO E REFLETINDO A moderna Teoria Geral da Administração, que se estuda nos dias atuais, é formada por conceitos que surgiram e vêm-se reciclando há muito tempo, desde que os administradores do passado vivenciaram problemas práticos e precisaram de técnicas para resolvê-los. Os Primórdios da Administração – Antecedentes Históricos da Administração No decorrer da história da humanidade, observa-se que sempre existiu alguma forma de associação entre os homens para, através do esforço conjunto, alcançarem objetivos que, isoladamente não seriam possíveis. O processo de administrar está associado a qualquer situação em que haja pessoas fazendo o uso de recursos para atingir determinado objetivo. Dessa forma, embora rudimentares, podemos perceber que já havia a manifestação de administração. Maximiano (2000, p. 126), por volta de 10000 a 8000 a. C. na Mesopotâmia e no Egito, agrupamentos humanos que desenvolviam atividades extrativistas faziam uma transição para atividades de cultivo agrícola e pastoreio, iniciando-se a “Revolução Agrícola”. Nesse período surgem as primeiras aldeias, marcando-se a mudança da economia de subsistência para a administração da produção rural e a divisão social do trabalho. Ainda, de acordo com mesmo autor, no período compreendido entre 3000 e 500 a. C., a “Revolução Agrícola” evoluiu para a “Revolução Urbana”, surgindo às cidades e os Estados, demandando a criação de práticas administrativas. 17 Chiavenato (1983, p.18) faz referências às magníficas construções realizadas na Antiguidade no Egito, na Mesopotâmia, na Assíria, que indicam trabalhos de dirigentes capazes de planejar e orientar a execução de obras que ainda podemos observar. Também, através de papiros egípcios, foi possível verificar a importância da organização e administração da burocracia pública no Antigo Egito. Influência dos Filósofos Na Antiguidade, a Administração sofreu influência da Filosofia. Sócrates (470 a. C. -399 a. C) filósofo grego, em sua conversa com Nicomaquis expõe sua opinião sobre a administração: “Sobre qualquer coisa que um homem possa presidir, ele será, se souber do que precisa e se for capaz de provê-lo, um bom presidente, quer tenha a direção de um coro, uma família, uma cidade ou um exército. Não é também uma tarefa punir os maus e honrar os bons? Portanto, Nicomaquis, não desprezeis homens hábeis em administrar seus haveres...”. Platão (429 a. C. -347 a. C.) também filósofo grego, discípulo de Sócrates, preocupou-se com os problemas políticos pertinentes ao desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra, A República, exibe o seu ponto de vista sobre o tipo democrático de governo e de administração dos negócios públicos. Aristóteles (384 a. C. -322 a. C.), outro filósofo grego, discípulo de Platão, foi responsável pelo enorme impulso à Filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógica e Ciências Naturais, ampliando as expectativas do conhecimento humano para a sua época. Em seu livro “Política”, analisa e relata a organização do Estado, distingue as três formas de administração pública: Monarquia (ou governo de um só, que pode propiciar a tirania), Aristocracia (ou governo de uma elite, que pode desencadear uma oligarquia) e Democracia (ou governo do povo, que pode degenerar em anarquia). 18 Francis Bacon (1561-1626), filósofo e estadista inglês, considerado o fundador da Lógica Moderna, baseada no método experimental e indutivo. Antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como “principio da prevalência do principal sobre o acessório”. René Descartes (1596-1650), filósofo, matemático e físico francês, reconhecido como o fundador da Filosofia Moderna. Em seu livro “O Discurso do Método”, descreve os princípios do seu método filosófico, denominado o método cartesiano, que serviu de fundamento para a tradição cientifica do ocidente, como por exemplo, o princípio da divisão do trabalho, da ordem, do controle, etc. Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo e político inglês, prega o governo absoluto, decorrente de sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendem a conviver em guerra constante e conflito permanente para a obtenção de meios de subsistência. O Estado representa um acordo social que ao crescer alcança a extensão de um dinossauro, colocando em risco a liberdade de todos. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) responsável pela teoria do Contrato Social: O Estado surge de um acordo de vontades, Ele assegura que o homem é por natureza, bom e afável, sendo a vida em sociedade que o corrompe. Karl Marx (1818-1883) e seu parceiro Friedrich Engels (1820-1895) propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O aparecimento do poder político e do Estado consiste na dominação econômica do homem pelo homem. O marxismo foi a ideologia primária a afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade, em oposição aos ideais metafísicos. Com a Filosofia Moderna, a Administração deixa de ganhar contribuições e influências, uma vez que o campo de estudo filosófico afasta-se extraordinariamente dos problemas organizacionais. 19 BUSCANDO CONHECIMENTO Influência da Organização da Igreja Católica Ao longo dos séculos, as normas administrativas e princípios de organização pública foramse transferindo das instituições dos Estados para as instituições da Igreja Católica. Através dos séculos, a Igreja Católica alicerçou sua organização com uma hierarquia de autoridade, um estado-maior (assessoria) e a coordenação funcional para assegurar integração. A Igreja tem uma organização hierárquica muito simples e eficiente que a sua imensa organização mundial pode operar de maneira suficiente sob o comando de uma só cabeça executiva, o Papa. Dessa forma, a estrutura da organização eclesiástica serviu como exemplo para muitas organizações que, ávidas de experiências bem sucedidas, passaram a implantar uma grande quantidade de princípios e normas administrativas utilizadas na Igreja Católica. Influência da Organização Militar A organização militar influenciou consideravelmente o desenvolvimento das teorias da Administração por todos os tempos. A organização linear tem suas raízes na organização militar dos exércitos da Antiguidade e da época medieval. O principio da unidade de comando (onde cada subordinado só pode ter um superior) – é a essência das organizações militares. A escala hierárquica, ou seja, os escalões de graus de comando de acordo com o nível de autoridade e responsabilidade correspondente é a principal característica da organização militar utilizada em outras organizações. O conceito de hierarquia dentro do exercito é certamente tão antigo quanto a própria guerra, pois a ideia de um estado-maior sempre existiu para o exército. Contudo, o estado-maior formal como um quartel-general apareceu somente em 1665 com a Marca de Brandenburgo, precursor do exército prussiano. A evolução do princípio de assessoria e a constituição de um estado- maior geral ocorreram posteriormente na Prússia, com o Imperador Frederico II, 20 o Grande (1712-1786). Outra contribuição da organização militar é o princípio da direção, pelo qual todo soldado deve ter total conhecimento sobre o que se espera dele e o que ele deve efetivamente fazer. Mesmo Napoleão, o general mais autocrata da história militar, jamais deu uma ordem sem explicar o seu objetivo e ter certeza de que haviam entendido e compreendido corretamente, pois acreditava que a obediência cega nunca leva a um desempenho inteligente. No início do século XIX, Karl Von Clausewitz (1780-1831), general prussiano e reconhecido como o pai do pensamento estratégico, escreveu um tratado sobre a guerra e os princípios de guerra, recomendando como administrar os exércitos em períodos de guerra. Foi o grande inspirador de muitos teóricos da Administração que posteriormente se basearam na organização e nas estratégias militares para adaptá-las à organização e estratégia industriais. Clausewitz considerava a disciplina como uma condição básica para uma organização. Para ele, a organização demanda um rigoroso planejamento, no qual as decisões devem ser baseadas na ciência e não apenas na intuição. As decisões necessitam basear-se na probabilidade e não apenas na necessidade lógica. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar, podendo dessa maneira, minimizar essa incerteza. 21 UNIDADE 4- Influência da Revolução Industrial CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entender qual foi o impacto que a Revolução Industrial exerceu sobre a Administração e seu surgimento. ESTUDANDO E REFLETINDO Influência da Revolução Industrial Com o invento da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) e sua utilização junto à produção, temos um novo entendimento do trabalho, que modificou totalmente a estrutura social e comercial da época. Como consequência, percebemos profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, num lapso de aproximadamente um século, foram mais significativas do que as mudanças ocorridas no milênio anterior. A Revolução Industrial teve início na Inglaterra e é dividida em duas épocas distintas: 1780 a 1860: Primeira Revolução Industrial ou Revolução do Carvão e do Ferro. 1860 a 1914: Segunda Revolução Industrial ou Revolução do Aço e da Eletricidade. A primeira Revolução Industrial passou por quatro fases: 1. Mecanização da indústria e da agricultura: a máquina de fiar, o tear hidráulico, o tear mecânico e o descaroçador de algodão tomaram o lugar do trabalho muscular do homem, do animal ou da roda de água, tendo como resultado uma produção muito maior que os processos manuais. 2. Aplicação da energia motriz a indústria: a aplicação do vapor às máquinas transforma as oficinas em fábricas. 22 3. Desenvolvimento do sistema fabril: o artesão e sua pequena oficina deram lugar aos operários e às fábricas e usinas fundamentadas na divisão do trabalho, novas indústrias surgem em detrimento da atividade rural. A urbanização acontece, massas humanas migram do campo para as proximidades das fábricas. 4. Espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações: estradas de ferro, navegação a vapor, novos meios de transporte e de comunicação surgem rapidamente. O telégrafo elétrico, o selo postal e o telefone conduzem o imenso e profundo crescimento econômico, social, tecnológico e industrial. Chiavenato (2005, p.26) relata a segunda fase da Revolução Industrial a partir de 1860, provocada por três eventos: o processo de fabricação do aço (1856), o dínamo (1873) e o motor de combustão interna (1873). As características da Segunda Revolução Industrial são: 1- Substituição do ferro pelo aço. 2- Substituição do vapor pela eletricidade. 3- Desenvolvimento de maquinaria automática especialização do trabalho do operário. 4- Crescente domínio da indústria pela ciência. 5- Transformações radicais nos transportes e comunicações, marcadas pela produção de automóveis e em 1906, Santos Dumont faz sua experiência com o avião. 6- Novas formas de organização capitalista. O capitalismo industrial cedeu lugar ao capitalismo financeiro, que tem quatro características fundamentais. 6.1 – dominação da indústria pelas inversões de bancos e instituições financeiras e de crédito, como foi o caso da formação da United States Steel Corporation, em 1901, pela J.P. Morgan & Co. 23 6.2 - acumulação de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas. 6.3 – separação entre a propriedade particular e a direção das empresas, 6.4 – o desenvolvimento das holding companies para integrar os negócios. 7 – expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente. A tranquilidade da produção do artesanato foi substituída pelo sistema de produção por meio de máquinas, dentro das grandes fábricas. Como consequência, houve uma brusca mudança provocada por dois aspectos, a saber: Transferência da aptidão do artesão para a máquina, para produzir de maneira mais rápida, em maior quantidade e com qualidade superior, permitindo a redução nos custos de produção. Substituição da força animal ou do músculo humano pela potência da máquina a vapor (e depois pelo motor), permitindo produção maior e economia. A maquinização das oficinas provocou fusões de pequenas oficinas, transformando-se com o decorrer do tempo em fábricas. A mecanização do trabalho teve como consequência a divisão do trabalho, substituindo todo o processo tradicional da produção por tarefas semiautomatizadas e repetitivas, não requerendo um conhecimento específico. Contudo, a Revolução Industrial, embora tenha provocado uma imensa transformação na estrutura empresarial e econômica na época, não chegou a influenciar diretamente o conceito e princípios da administração das empresas. Grande parte dos empresários ainda baseava suas decisões nos modelos da organização militar ou eclesiástica. A organização moderna nasceu com a Revolução Industrial, devido a vários fatores, como: 1. Quebra dos conceitos corporativos da Idade Média. 24 2. Desenvolvimentotecnológico e a aplicação dos progressos científicos à produção, a descoberta e aplicação de novas formas de energia e a grande ampliação de mercados. 3. Substituição da produção artesanal pela produção industrial. BUSCANDO O CONHECIMENTO Quadro Resumo dos Fatores e Características: http://www.not1.xpg.com.br A imagem vinculada não pode ser exibida. Talvez o arquivo tenha sido movido, renomeado ou excluído. Verifique se o v ínculo aponta para o arquivo e o local corretos. 25 UNIDADE 5- Influência dos Economistas Liberais CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer os precursores da Administração e como exerceram um importante papel na construção do pensamento administrativo. ESTUDANDO E REFLETINDO Influência dos Economistas Liberais Após o século XVII, as teorias econômicas eram baseadas na explicação dos fatos empresariais, no experimento diário e em noções do comércio da época. Ao final do século XVIII, os economistas clássicos liberais criam uma reação para o liberalismo que culmina com o evento da Revolução Francesa. A ideologia liberal emana do direito natural: a ordem mais perfeita. Os direitos econômicos são inalienáveis e necessita existir uma harmonia em todo o conjunto de indivíduos. Do ponto de vista do liberalismo, a vida econômica deve se manter afastada da influência estatal, porque o trabalho é regido por princípios econômicos e a mão de obra sujeita-se às mesmas leis da economia que conduzem o mercado de matérias primas ou comércio internacional. Dessa maneira, os operários estão totalmente a serviço dos patrões, que são os detentores dos meios de produção. A livre concorrência é o principal fator do liberalismo econômico e as ideias fundamentais dos economistas clássicos liberais compõem os germes do pensamento administrativo. Adam Smith (1723-1790) é o criador da economia clássica, cujo foco é a competição. As pessoas tendem a agir apenas em proveito próprio, mas os mercados sob o foco da competição trabalham de maneira espontânea, garantindo (por um mecanismo abstrato que chamava de “a mão invisível que 26 governa o mercado”) a utilização eficiente e eficaz dos recursos e da produção, sem demasia de lucros. Sob o ângulo do papel econômico do governo, além de garantir a lei e a ordem, também faz intervenção quando o mercado não existe ou não funciona em condições satisfatórias, ou seja, quando a competição livre não ocorre. Os princípios da especialização e da divisão do trabalho aparecem em seu livro “A Riqueza das Nações”, publicado em 1776. Ainda seguindo Smith, a raiz da riqueza das nações está na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, recomendando o estudo dos tempos e movimentos que, posteriormente, Taylor e Gilbreth iriam trabalhar e desenvolver como a base da Administração Científica. Adam Smith enfatizou a relevância do planejamento e da organização dentro das funções da Administração. Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engel (1820 – 1895), criadores do socialismo científico e do materialismo histórico, publicam em 1848 o Manifesto Comunista, livro que analisa e forma abrangente os regimes econômicos, sociais e políticos da época. O socialismo e o sindicalismo levam de “maneira obrigatória” o capitalismo ao caminho do aprimoramento dos meios de produção e a adequada remuneração. Surgem, então, os primeiros esforços no sentido de racionalização do trabalho como um todo. James Mill (1773-1836), economista liberal, recomentava em seu livro Elementos de Economia Política, publicado em 1826, uma gama de conceitos relacionados com os estudos de tempos e movimentos como forma de alavancar o crescimento da produção nas indústrias da época. David Ricardo (1772-1823) publica seu livro Princípios de Economia Política e Tributação, abordando temas como trabalho, capital, salário, renda, produção, preços e mercados. Influência dos Pioneiros e Empreendedores 27 O século XIX presenciou um monumental desfile de inovações e mudanças no cenário empresarial. O mundo e as empresas estavam mudando, as circunstâncias eram favoráveis para o aparecimento da teoria administrativa. Por volta de 1820, as estradas de ferro eram o maior “negócio empresarial”, que propeliram as ações de investimento e o ramo de seguros, e provocaram também o fato da urbanização, situação que gerou necessidades de habitação, alimentação, roupa, luz e aquecimento e o crescimento de empresas focadas no consumo. No ano de 1871, a Inglaterra era a maior potência econômica mundial. Os “criadores de impérios” (empire builders) integravam concorrentes, fornecedores e distribuidores e, junto com as empresas e instalações vinham também os antigos donos e empregados. Surgiam assim, os primeiros impérios industriais que se tornaram gigantescos demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo surgiram os gerentes profissionais, os primeiros organizadores preocupados mais com a fábrica do que com as vendas ou as compras. Na década de 1880, aparecem as empresas com organizações próprias de vendas, com vendedores treinados, iniciando a situação de “marketing” que temos hoje, tendo a organização do tipo funcional que seria adotada pelas demais empresas, a saber: 1. Departamento de produção para cuidar da manufatura de fábricas isoladas. 2. Departamento de vendas e escritórios distritais com vendedores. 3. Departamento técnico de engenharia para desenvolver produtos. 4. Departamento financeiro. Por volta de 1889, as empresas acumulavam instalações e pessoal em quantidades muito além do necessário para ganhar mercados novos. Os custos 28 precisavam ser reduzidos e a estrutura funcional deveria coordenar a fabricação, a engenharia, as vendas e as finanças. As maneiras de reduzir custos diminuíram e as margens de lucro também, o mercado se saturou e as empresas galgavam novos mercados, objetivando a diversificação de produtos. A antiga estrutura funcional começou a emperrar. Surge assim, a empresa multidepartamental e integrada. A próxima fase foi controlar o mercado de distribuição, suprimindo os intermediários, para assim vender mais barato ao consumidor e não precisar do trabalho de atacadistas. Entre 1890 e 1900, houve uma série de fusões de empresas, a mais famosa foi a criação da U.S. Steel Corporation, uma transação de bilhões de dólares. O pioneiro da indústria frigorífica, Gustavus Swift, criou uma tática para concretizar a fabricação, adiantando-se para a distribuição própria e voltar para a fase do controle da matéria prima. Com a integração vertical, a indústria frigorífica tornou-se um oligopólio. Vários pioneiros da indústria manufatureira adotaram as ideias de Swift na sistematização de seus impérios industriais. No início do século XX, grandes empresas fraquejaram financeiramente, dirigir grandes corporações deixou de ser uma habilidade pessoal. Criavam-se as condições para a revelação dos organizadores que substituíram os capitães das indústrias (pioneiros e empreendedores). Chegou a era da competição e da concorrência como consequência de fatores como: 1. Desenvolvimento tecnológico. 2. Livre Comércio. 3. Mudanças dos mercados vendedores para mercados compradores. 4. Aumento da capacidade de investimento de capital. 5. Rapidez do ritmo de mudança tecnológica que reduz custos de produção. 6. Crescimento dos negócios e das empresas. 29 Tais fatores contribuíram para a melhora da prática empresarial e o surgimento da Teoria Administrativa. A Revolução Industrial deu início à Era Industrial que dominou o mundo até o final do século XX e distinguiu os países industrializados (mais avançados) dos países não industrializados (emergentes e subdesenvolvidos). E também distinguiu as organizações, em grupos das “bem administradas” e das “mal administradas”.BUSCANDO O CONHECIMENTO Para saber mais, acesse o site: http://ziniadministrador.blogspot.com.br/2012/04/influencia-dos-economistas- liberais-na.html 30 UNIDADE 6- Abordagem Clássica da Administração - Administração Científica e Teoria Clássica CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender a Administração Científica, bem como seu principal representante. Compreender a Teoria Clássica, suas características e seu representante. ESTUDANDO E REFLETINDO Origens da Abordagem Clássica da Administração Suas origens remontam à Revolução Industrial e suas consequências, o que causou o crescimento acelerado e desorganizado das empresas e a necessidade de aumentar a produção de bens, melhorando a eficiência e aumentando a competitividade. Nesse período inicia-se a produção em massa, dominada pelos monopólios, principalmente nos Estados Unidos, ocasionando o aumento da quantidade de assalariados nas indústrias. Tornou-se urgente evitar o desperdício de materiais (insumos) e programar a economia de mão de obra. Surge à divisão do trabalho, criam-se os padrões de produção, determinam-se as funções, criando-se assim, condições econômicas e técnicas para o surgimento do taylorismo e fordismo. No início do século XX, dois engenheiros desenvolveram os primeiros trabalhos sobre a Administração. Um era americano, Frederick Winslow Taylor, que encetou a chamada Escola da Administração Científica cujo foco era aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho operário. O outro era europeu, Henri Fayol, que desenvolveu a chamada Teoria Clássica, preocupada em aumentar a capacidade da empresa por meio de sua organização e do emprego de princípios gerais da Administração em bases científicas. Ainda que ambos 31 tenham partido de pontos de vista diferentes e até opostos, suas ideias constituem as bases da chamada Abordagem Clássica da Administração, cujas suposições dominaram as quatro primeiras décadas do século XX no cenário administrativo das organizações. A Abordagem Clássica da Administração se divide em duas correntes: Administração Científica (Taylor) e Teoria Clássica (Fayol). Segue breve histórico: A Escola da Administração Científica teve seu início nos Estados Unidos pelo engenheiro Frederick W. Taylor, tendo vários seguidores como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, dentre outros, e incitou uma verdadeira revolução no pensamento e nos conceitos de administração no mundo industrial da sua época. Sua preocupação inicial era diminuir o desperdício e as perdas ocasionadas nas indústrias americanas e aumentar o nível de produtividade utilizando-se de métodos e técnicas da engenharia industrial; para tal, era necessário também elevar o nível dos operários. Daí a ênfase nas tarefas, ou seja, na análise e na divisão do trabalho do operário, pois as ocupações do cargo e seu titular constituem a unidade fundamental da organização. Teoria Clássica teve seu início na França, pelo engenheiro Henri Fayol, tendo como expoentes: Mooney, Urwick, Gulick dentre outros. A preocupação principal era aumentar a produção e a eficiência da indústria, focando a disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos) e de suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase na estrutura (baseada nos conceitos da anatomia e da fisiologia) da organização, predominando a departamentalização e elementos da administração. Administração Científica – Arrumando o chão de fábrica 32 O nome Administração Científica é decorrente da tentativa de empregar os métodos da ciência aos problemas da Administração, atingindo excelente ação industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da administração são a observação e a mensuração. BUSCANDO O CONHECIMENTO A Obra de Taylor Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o criador da Administração Científica, nasceu na Filadélfia, nos Estados Unidos. Pertencente à uma família “quaker”, com princípios rígidos, cuja educação foi baseada na disciplina, devoção ao trabalho e poupança., sua experiência profissional foi iniciada na função de operário, galgando degraus, passando pelas funções de capataz, contramestre até alcançar o topo, como engenheiro. Nesse momento histórico da produção, estava em moda o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Podemos dividir a atuação de Taylor em dois períodos, a saber: Primeiro Período de Taylor No primeiro período, Taylor tem a publicação de seu livro “Shop Management” (Administração de Oficinas), resultado do estudo de tempos e movimentos, técnicas racionais do trabalho, analisando cada movimento do operário. Taylor percebeu que o operário “médio”, tinha potencial, porém sua produção limitava-se ao mínimo necessário. Nesse momento, Taylor sente a necessidade de criar condições de pagar mais para o operário que produzir mais, sua teoria seguiu em caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Taylor expõe que: O objetivo de uma boa Administração é pagar bons salários e ter baixos custos na de produção. Para alcançar tal objetivo, a Administração deve empregar os métodos científicos de pesquisa e experimentação, para assim, 33 formular princípios e estabelecer processos padronizados que possibilitem o controle de operações fabris. Os empregados precisam ser cientificamente selecionados e alocados, garantindo que as condições de trabalho sejam adequadas e que as normas sejam cumpridas. Os empregados devem ser cientificamente instruídos para aperfeiçoar suas aptidões e, dessa maneira, realizar uma tarefa de modo que a produção normal seja cumprida. Uma atmosfera de cooperação dever ser cultivada entre a Administração e os trabalhadores, garantindo a continuidade desse ambiente psicológico que permita a aplicação dos princípios mencionados. Segundo Período de Taylor Nesse segundo período, desenvolveu seus estudos sobre a Administração Geral, e publicou o livro “Princípios de Administração Científica”, baseado na racionalização do trabalho operário, que deveria ser baseado na estruturação geral, sem deixar, contudo sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor afirmava que as indústrias de sua época padeciam de três males: 1. Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam intencionalmente a produção, para evitar a redução de salários pela gerência. Segundo Taylor, há três causas determinantes da vadiagem no trabalho: a. O engano de que um rendimento maior do homem e da máquina terá como resultado o desemprego de parte dos operários; b. O sistema anormal de Administração que obriga os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; 34 c. Os métodos empíricos ineficientes, aplicados nas empresas, que levam o operário a desperdiçar grande parte do seu esforço e do seu tempo. 2. Ignorância por parte da gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. 3. Falta de padronização das técnicas ou métodos de trabalho. Para corrigir esses três problemas, idealizou o seu famoso sistema de Administração que denominou “Scientific Management”, também conhecido como: Administração Científica, ou Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. A Administração Como Ciência Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A importância de Taylor está no fato de encarar ordenadamente o estudo da organização. Foi o pioneiro na tarefa de analisar o trabalho, os tempos e os movimentos, definir padrões de execução, treinar operários, especializar o pessoal, inclusive especialização da gerência. Foi o pioneiro em adotar umamaneira metódica de analisar e organizar o trabalho da base até o topo da organização. Tudo isso eleva Taylor a uma altura não comum no campo da organização. A Administração Científica preocupa-se com moldes de produção, padronização de máquinas e ferramentas, métodos e rotinas para execução de tarefas e prêmios de produção para impulsionar a produtividade. O princípio da máxima prosperidade para o patrão atrelada à máxima prosperidade para o empregado denota que deve haver uma analogia de interesses entre empregados e empregadores. 35 UNIDADE 7- Organização Racional do Trabalho CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer os métodos científicos que deram origem à Organização Racional do Trabalho. ESTUDANDO E REFLETINDO Taylor constatou que os operários aprendiam suas tarefas por meio da observação dos companheiros. Observou que essa situação resultava em diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma ampla variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Esses instrumentos e ferramentas necessitam ser aprimorados por meio da análise científica e um detalhado estudo de tempos e movimentos. Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos ganhou o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). A Organização Racional do Trabalho (ORT) se baseia em: Estudo dos Tempos e Movimentos: o trabalho é realizado melhor por meio da divisão e subdivisão de todos os movimentos imprescindíveis à execução de cada operação de uma tarefa. Metódica e pacientemente analisando a realização das tarefas de cada operário, Taylor percebeu a possibilidade de decompor as tarefas em uma série determinada de movimentos simples. Os movimentos inúteis eram abolidos enquanto os movimentos úteis eram simplificados, racionalizados ou unidos com outros movimentos, para proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. A análise do trabalho observava a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a realização total da tarefa, por meio do uso do cronômetro. Nesse tempo médio eram acrescentados tempos essenciais e mortos (esperas, tempos de saída do 36 operário da linha para suas necessidades pessoais, etc.) para se chegar ao chamado "tempo padrão". Dessa maneira, padronizava-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. Os objetivos do estudo de tempos e movimentos são: 1. Eliminação de todo o desperdício de esforço humano e movimentos desnecessários. 2. Racionalização da seleção e adequação dos operários à tarefa. 3. Facilidade no treinamento dos operários e progresso da eficiência e rendimento da produção pela especialização das atividades. 4. Divisão uniforme do trabalho para eliminar falta ou excesso de trabalho. 5. Estabelecimento de regras de execução do trabalho. 6. Base uniforme para salários equitativos e prêmios de produção. Estudo da Fadiga Humana: O estudo dos movimentos fundamenta-se na anatomia e fisiologia humanas. Foram realizados estudos estatísticos sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário. O estudo dos movimentos tem três finalidades: 1. Eliminar movimentos desnecessários na realização de uma tarefa. 2. Executar os movimentos úteis com a máxima economia de esforço e tempo. 3. Adequar uma seriação e economia aos movimentos. Em suma, a fadiga é avaliada um redutor da eficiência. Para reduzir a fadiga, foram estabelecidos princípios de economia dos movimentos relativos ao uso do corpo humano, na acomodação do material no local de trabalho e às ferramentas e equipamentos. Divisão do Trabalho e Especialização do Operário: Uma das consequências do estudo dos tempos e movimentos foi à divisão do trabalho e a especialização do operário a fim de alçar sua produtividade. Dessa maneira, cada operário se especializou na execução de uma única 37 tarefa ou de tarefas simples e elementares. A linha de montagem foi sua fundamental base de aplicação. Essas ideias tiveram acelerada aplicação na indústria americana e estenderam-se rapidamente a todos os demais países e a todos os ramos de atividades. A partir daí, o operário perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer o seu modo de trabalhar e passou a ser instruído à execução mecânica e repetitiva, durante toda a sua jornada de trabalho. A ideia fundamental era de que a eficiência aumenta com a especialização: quanto mais especializado for um operário, tanto maior será a sua eficiência. Desenho de Cargos e Tarefas: O desenho de cargos é o modo pelo qual um cargo é criado, projetado e associado com outros cargos para a execução das tarefas. A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens: 1. Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores diminuindo os custos de produção. 2. Minimização dos custos de treinamento. 3. Redução de falhas na execução, diminuindo os refugos e rejeições. 4. Facilidade de supervisão, pois cada supervisor pode controlar um número maior de subordinados. 5. Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade. Incentivos Salariais e Prêmios de Produção: Depois de analisado o trabalho, racionalizadas as tarefas e padronizado o método e o tempo para sua realização, selecionado cientificamente o operário e treinado de acordo com a metodologia preestabelecida, necessitava-se que o empregado contribuísse com a empresa adequando-se dentro dos padrões definidos. Para isso foi desenvolvido um programa de incentivos salariais e de prêmios de produção. 38 A ideia central era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não incentivava nenhum operário a trabalhar mais e deveria ser alterada para remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produzisse pouco ganharia pouco e o que produzisse mais, ganharia na proporção de sua produção. Era imprescindível um estímulo salarial suplementar para que os operários ultrapassassem o tempo padrão. Era necessário instituir um incentivo salarial ou prêmio de produção. O tempo padrão, isto é, o tempo médio necessário para o operário executar a tarefa, indica o nível de eficiência equivalente a 100%. Acima de 100% de eficiência, a remuneração por peça era adicionado um prêmio de produção ou incentivo salarial adicional que aumentava à medida que se elevava a eficiência do operário. Com o plano de incentivo salarial, se alcançou um custo de produção cada vez mais reduzido e, como consequência, maior produtividade e maior rendimento. Conceito de Homo Economicus: Junto com a Administração Cientifica implantou-se o conceito de homo economicus, ou seja, do homem econômico. De acordo com esse conceito, todo indivíduo é influenciado unicamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Dessa maneira, o homem busca o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida. O homem é motivado a trabalhar pelo receio de passar fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Esse ponto de vista da natureza humana - o homem econômico - não se restringia apenas a ver o homem como um empregado por dinheiro, pior ainda: via no operário da época, um indivíduo limitado e mesquinho, preguiçoso e responsável pela vadiagem e desperdício das empresas e que necessitava ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. Condições De Trabalho: Taylor e seus seguidores constataram que a eficiência depende não apenas do método de trabalho e do incentivo 39 salarial, mas também de diversas condições de trabalho que assegurem o bem-estar físico do trabalhador e atenuem a fadiga. As principais condições de trabalho são: 1. Adaptação de ferramentas de trabalho e de materiais de produção para minimizar o esforço do trabalhadore a perda de tempo na execução da tarefa. 2. Disposição física das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo da produção. 3. Melhora do ambiente físico de trabalho de modo que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não diminuam a eficiência do trabalhador. 4. Projeto de materiais e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para restringir movimentos desnecessários. Com a Administração Cientifica, as condições de trabalho passam a compor elementos importantes no crescimento da eficiência. O conforto do operário e a melhora do ambiente físico (iluminação, ventilação, ruído, aspectos visuais da fábrica etc.) passam a ser evidenciados e valorizados, não porque as pessoas o merecessem, mas porque eram fundamentais para a obtenção da eficiência do trabalhador. Padronização: Organização Racional do Trabalho (ORT) se atentou aos planos de incentivos salariais. Preocupou-se também com a padronização dos processos e metodologias do trabalho, com a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho e matérias primas, a fim de diminuir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e dessa maneira, abolir o desperdício e aumentar a eficiência. Padronização é a aplicação de normas e padrões em uma organização para obter uniformidade e redução de custos. A 40 padronização passa a ser essencial para a Administração Cientifica na melhoria da eficiência. Supervisão Funcional: a especialização do operário deve ser associada à especialização do supervisor. Taylor era contrário à centralização da autoridade e sugeria a supervisão funcional, onde há a existência de vários superiores, cada qual especializado em determinada área. 41 UNIDADE 8- Princípios da Administração Científica CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: conhecer os princípios da administração e as funções administrativas. ESTUDANDO E REFLETINDO Para racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador, os engenheiros da Administração Científica determinaram princípios para serem executados a todas as situações. Um princípio é uma afirmação adequada para uma determinada situação; é uma previsão do que deverá ser feito quando acontecer à situação. Para Taylor, os princípios da Administração Científica são: 1. Princípio de Planejamento: Substituir a improvisação pela ciência, aplicando o planejamento do método. 2. Princípio de Preparo: Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas capacidades, preparando-os e treinando-os para produzirem mais e melhor. Preparar também máquinas e equipamentos através do arranjo físico e disposição racional das ferramentas e materiais. 3. Princípio de Controle: Controlar o trabalho para se assegurar de que está sendo realizado conforme o previsto. 4. Princípio de Execução: Dividir as atribuições e responsabilidades, para que a execução do trabalho seja realizada pelos operários. Princípios Básicos de Ford Henry Ford (1863-1947) iniciou sua carreira profissional como mecânico, chegando ao cargo de engenheiro-chefe de uma fábrica. Arquitetou e projetou um modelo de carro e fundou, em 1903, a Ford Motor Co. Seu ideal era fabricar 42 carros - antes artesanais e designados a poucos milionários – a preços populares, fazendo parte de um plano de vendas e assistência técnica. Revolucionou a estratégia comercial da época. Ford, talvez o mais conhecido de todos os precursores da moderna Administração, amealhou uma das maiores fortunas do mundo graças ao contínuo aperfeiçoamento de seus métodos, processos e produtos. Ford adotou três princípios básicos: 1. Princípio de intensificação: consiste em reduzir o tempo de produção empregando equipamentos e matéria prima e a colocação imediata do produto no mercado. 2. Princípio da economicidade: consiste em reduzir ao mínimo a quantidade do estoque da matéria prima em transformação. A velocidade da produção deve ser rápida. 3. Princípio da produtividade: consiste em aumentar o rendimento de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O processo se caracteriza pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico. O operário ganha mais e o proprietário da fabrica tem maior produção. Entre 1905 e 1910 Ford fomentou a grande inovação do século XX: a produção em massa. Ainda que não tenha inventado o automóvel e nem mesmo a linha de montagem, Ford inovou na organização do trabalho: a produção com maior número de produtos prontos com a maior segurança em qualidade e pelo menor custo possível. Em 1913 já produzia 800 carros por dia. Em 1914, partilhou com seus empregados uma parte do controle acionário da empresa. Estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas, quando na época, a jornada variava entre dez e doze horas. Empregou um sistema de 43 concentração vertical, fabricando desde a matéria prima até o produto final, pronto. Por meio da racionalização da produção, planejou a linha de montagem, que possibilitou a produção em série. O produto é padronizado, no material, na mão de obra, no maquinário, atingindo o mínimo de custo possível. A condição prévia, necessária e suficiente é a propensão de consumo em massa, seja real ou potencial. Daí os preços baixos: um carro por 500 dólares. A produção em massa fundamenta- se na simplicidade. Apreciação Crítica da Administração Científica A obra de Taylor e seus seguidores é passível de críticas. Essas críticas não atenuam o mérito de verdadeiros pioneiros e desbravadores da então nascente Teoria da Administração. Naquela época, a ideia e os preconceitos tantos dos dirigentes quanto dos operários, a falta de conhecimento sobre a administração, a pequena experiência industrial que não oferecia condições mínimas de formulação de hipóteses para a solução dos problemas da empresa, tudo isto não permitia o apropriado suporte para a criação de conceitos rigorosos e mais fundamentados. As principais críticas à Administração Científica são: mecanicismo da Administração Científica; superespecialização do operário; visão microscópica do homem; ausência de comprovação científica; abordagem incompleta da organização; limitação do campo de aplicação; abordagem prescritiva e normativa; abordagem de sistema fechado e pioneirismo na Administração. Teoria Clássica da Administração – Organizando a Empresa. Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Cientifica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França e expandia-se rapidamente pela Europa a Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Cientifica apresentava ênfase na tarefa executada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização precisaria possuir para ser eficiente. O objetivo das duas teorias era o mesmo: a 44 busca da eficiência das organizações. De acordo com a Administração Cientifica, essa eficiência era obtida por meio da racionalização do trabalho do operário e na somatória das eficiências individuais, utilizando-se de uma microabordagem ao nível individual de cada operário à tarefa, em uma visão analítica e detalhista. Na Teoria Clássica, partia-se de todo organizacional e da sua estrutura para assegurar a eficiência das partes envolvidas, sejam elas órgãos (como seções, departamentos, etc.) ou pessoas (os executores de tarefas). A visão é bastante dilatada no nível da organização em relação à sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da organização constitui, sem dúvida nenhuma, um considerável crescimento do objeto de estudo da TGA. Fayol, um engenheirofrancês, criador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma visão sintética, global e universal da empresa, implantando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente superou a abordagem analítica e concreta de Taylor. A Obra de Fayol Henri Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, vivendo os efeitos da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial, formou-se em engenharia de minas e entrou para uma empresa e carbonífera onde fez sua carreira. Apresentou sua Teoria de Administração no livro Administration lndustrielle et Générale, publicado em 1916. BUSCANDO O CONHECIMENTO As Funções da Empresa: Fayol frisa que toda empresa apresenta seis funções, a saber: 1. Funções técnicas: pautadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. 2. Funções comerciais: pautadas com a compra, venda e permutação. 3. Funções financeiras: pautadas com a procura e gerência de capitais. 45 4. Funções de segurança: pautadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. 5. Funções contábeis: pautadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções administrativas: pautadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas ordenam e sincronizam todas as demais funções da empresa, estando acima delas. Segundo Fayol, as funções administrativas implicam o envolvimento dos cinco elementos da Administração: Prever: antecipar o futuro e delinear o programa de ação. Organizar: estabelecer o duplo organismo material e social da empresa. Comandar: conduzir e orientar o pessoal. Coordenar: ligar, juntar, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos. Controlar: conferir se tudo ocorre de acordo com as regras e ordens instituídas. http://admgeraluninove.blogspot.com.br 46 Esses são os elementos da Administração que compõem o chamado Processo Administrativo, podemos perceber sua presença no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Ou seja, o diretor, o gerente, o chefe ou o supervisor, desempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle. Proporcionalidade das Funções Administrativas Para Fayol há uma proporcionalidade da função administrativa, ou seja, ela se divide por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é exclusiva da alta cúpula, ou seja, a função administrativa não se centraliza apenas no ápice da empresa, é difundida proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos. 47 UNIDADE 9- Diferença entre Administração e Organização CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Compreender a diferença entre Administração e Organização. ESTUDANDO E REFLETINDO Diferença entre Administração e Organização Ainda que reconhecendo o uso da palavra Administração como sinônimo de organização, Fayol faz uma diferenciação entre elas. Para ele, Administração é um todo do qual a organização é uma das partes. O conceito amplo e compreensivo de Administração – como um conjunto de processos entrosados e unificados - abrange aspectos que a organização por si só não envolve, tais como os da previsão, comando e controle. A organização abrange apenas a definição da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração, Rio, 2005, p.66. Os 14 Princípios Gerais da Administração, segundo Fayol, são: 1. Divisão do trabalho: apoia-se na especialização das tarefas e das pessoas para elevar a eficiência. 2. Autoridade e responsabilidade: Autoridade é o poder de dar ordens e esperar obediência. A responsabilidade é um efeito decorrente da autoridade e significa a obrigação de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si. 3. Disciplina: Vinculado à obediência, aplicação, energia, conduta e respeito aos acordos estabelecidos. 4. Unidade de comando: Todo empregado deve receber ordens e orientações de um único superior. É o princípio da autoridade singular. 5. Unidade de direção: Uma cabeça e um programa para cada conjunto de atividades que busquem o mesmo objetivo. 48 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: Os interesses globais da empresa devem sobrepor-se aos interesses peculiares das pessoas. 7. Remuneração do pessoal: Há de existir garantida e justa satisfação, tanto para os empregados como para a organização em termos de retribuição. 8. Centralização: A autoridade concentra-se no topo da hierarquia da organização. 9. Cadeia escolar: É o curso percorrido da autoridade, que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando. 10. Ordem: Um espaço para cada coisa e cada coisa em seu devido lugar. É a ordem material e humana. 11. Equidade: Amabilidade e justiça para conquistar a lealdade do pessoal. 12. Estabilidade do pessoal: A rotatividade do pessoal é nociva para a eficiência da empresa. Quanto mais tempo uma pessoa continuar no cargo, tanto melhor para a organização. 13. Iniciativa: A capacidade de compor um plano e garantir pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe: A harmonia e relacionamento entre as pessoas são grandes forças para a organização. Contudo, a Teoria Clássica caracteriza-se pela sua abordagem prescritiva e normativa, e prescreve as funções do administrador, juntamente com os princípios gerais que o administrador deve seguir. Teoria da Organização A Teoria Clássica idealiza a organização como uma estrutura de órgãos e cargos, com uma forma e arranjo das partes, além do inter-relacionamento entre essas partes. Esse modo de conceber a estrutura organizacional é motivado pelas concepções antigas de organização (como a organização militar e eclesiástica) tradicionais, rígidas e hierarquizadas. Nessa perspectiva, a Teoria Clássica não se desprendeu do passado. Ainda que tenha colaborado para tirar 49 a organização industrial do caos primitivo que enfrentava em decorrência da Revolução Industrial, a Teoria Clássica pouco progrediu em termos de teoria da organização. A estrutura organizacional compõe uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que relaciona as posições da organização, interligando-as, e estipula quem se subordina a quem. A cadeia de comando (ou cadeia escalar) fundamenta-se no princípio da unidade de comando, que determina que cada empregado se reporte a um só superior. Na Teoria Clássica, a estrutura organizacional é analisada de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo para as partes (da síntese para a análise), ao contrário do enfoque da Administração Científica. Autoridade de staff é o tipo de autoridade conferida aos especialistas de staff em seu campo de atuação e de prestação de serviços. Essa autoridade de staff é menor e compreende o direito de aconselhar, recomendar e orientar, os especialistas de staff aconselham os gerentes em suas áreas de especialidade. Princípios de Administração Para os autores clássicos não basta expor os elementos da Administração que servem como base para as funções do administrador. É preciso seguir adiante e constituir as condições e normas dentro das quais as funções do administrador devem ser colocadas em prática. O administrador deve acompanhar certas regras de comportamento, princípios gerais que permitem desempenhar suas funções de planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar. Apreciação Crítica da Teoria Clássica As críticas à Teoria Clássica são abundantes e generalizadas. Todas as teorias posteriores da Administração se atentaram em apontar falhas, distorções e omissões nesse enfoque que representou por vários anos o modelo para as organizações. Entretanto, a Teoria Clássica compõe a base fundamental de todas as teorias administrativas posteriores.50 BUSCANDO O CONHECIMENTO As principais críticas à Teoria Clássica são: 1. Abordagem Simplificada da Organização Formal: os autores clássicos percebem a organização em termos lógicos, formais, rígidos e abstratos, sem levar em consideração o seu conteúdo psicológico e social com a devida importância. Os autores clássicos partem da hipótese de que a simples aplicação dos princípios gerais de administração (a divisão do trabalho, a especialização, a unidade de comando e a amplitude de controle) proporciona uma organização formal, capaz de conceder-lhe a máxima eficiência possível. Trata-se de uma abordagem extremamente simples da organização formal. Daí, a crítica quanto a essa visão simplória e limitada da atividade organizacional. Porém, a preocupação com a estrutura da organização consiste em uma imensa ampliação do objeto de estudo da TGA. 2. Ausência de Trabalhos Experimentais: Suas afirmações não se sustentam quando colocadas em experimentação. A situação de denominarem “princípios” a muitas das suas proposições é reprovado, chamado até de procedimento presunçoso. 3. O Extremo Racionalismo na Concepção da Administração: Os autores clássicos preocupam-se com a colocação racional e lógica das suas proposições, colocando em risco a clareza das suas ideias. O abstracionismo e o formalismo são criticados por incitar a análise da Administração à superficialidade, à simplificação e à falta de realismo. A persistência sobre a concepção da Administração com um conjunto de princípios universalmente aplicáveis provocou a Denominação Escola Universalista. 51 4. Teoria da Máquina: A Teoria Clássica ganha o nome de teoria da máquina pelo fato de analisar e avaliar a organização sob a óptica do comportamento mecânico de uma máquina. A empresa deve ser organizada tal como uma máquina. Os padrões administrativos de Taylor e Fayol correspondem à divisão mecanicista do trabalho, em que a divisão de tarefas é a essência do sistema. Essa visão mecânica, lógica e determinística da organização foi o principal elemento que conduziu erroneamente os clássicos à busca de uma ciência da Administração. 5. Abordagem Incompleta da Organização: A Teoria Clássica atentou-se com a organização formal, deixando de lado a organização informal. A preocupação com a forma e a ênfase na estrutura resultou em exageros. A teoria da organização formal não desconhecia os problemas humanos da organização, porém não se importou em dar um tratamento ordenado. 6. Abordagem de Sistema Fechado: A Teoria Clássica aborda a organização como se ela se resumisse num sistema fechado, composto de variáveis totalmente conhecidas e previsíveis. 52 UNIDADE 10- Abordagem Humanística e Abordagem Neoclássica da Administração CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender a importância e os fundamentos da Abordagem Humanística da Teria das Relações Humanas e todas as implicações que acarretaram na Administração. Analisar e compreender a Experiência de Hawtorne, bem como suas consequências para a Administração; ESTUDANDO E REFLETINDO Abordagem Humanística da Administração: Teorias Transitivas da Administração Em meio à Teoria Clássica e antecipando-se à Teoria das Relações Humanas, apareceram autores que, apesar de admitirem alguns dos princípios clássicos, deram início a um trabalho de revisão, de crítica e de reformulação das bases da teoria da administração. Esses autores, que denominaremos transitivos, tiveram sua origem na abordagem formal e mecanicista da Teoria Clássica. Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas (também chamada Escola Humanística da Administração) surgiu nos Estados Unidos em decorrência das conclusões obtidas na Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi fundamentalmente um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração. Origens da Teoria das Relações Humanas As principais origens da Teoria das Relações Humanas: 53 a. A necessidade de humanizar e democratizar a Administração, desprendendo-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica. b. O desenvolvimento das ciências humanas, sobretudo a psicologia, sua crescente influência intelectual e seus primeiros testes de aplicação à organização industrial. c. As ideias da filosofia pragmática de John Dewey, da psicologia de Kurt Lewin e da sociologia de Pareto, bem como a participação de Elton Mayo. d. As conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a orientação de Elton Mayo. BUSCANDO CONHECIMENTO A Experiência de Hawthorne No ano de 1927, iniciou-se uma experiência em uma fábrica da Western Eletric Company, localizada em Chicago, no bairro de Hawthorne, cujo propósito era a de determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários, medida com base na produção, mas essa pesquisa estendeu-se também ao estudo da fadiga, dos acidentes no trabalho, da rotatividade do pessoal (turnover) e do efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade dos empregados. Primeira Fase da Experiência de Hawthorne Na primeira fase da experiência, dois grupos de operários que realizavam o mesmo trabalho, em circunstâncias idênticas, foram escolhidos para a experiência: um grupo de observação realizou seu trabalho sob intensidade de luz variável, enquanto o grupo de controle realizou seu trabalho sob intensidade regular. Esperava-se conhecer o efeito da iluminação sobre o rendimento dos operários, porém os observadores não encontraram uma 54 relação direta entre ambas as variáveis. Perceberam, desapontados, a ocorrência de outras variáveis, difíceis de ser isoladas. Segunda Fase da Experiência de Hawthorne Na segunda fase, foram escolhidas seis operárias para formarem o grupo experimental: cinco moças montavam os relés, enquanto a sexta abastecia com as peças necessárias para manter o trabalho contínuo. As moças foram separadas das demais, ficando na chamada sala de provas (para facilitar a observação), foram orientadas quanto aos objetivos da pesquisa: determinar o efeito das mudanças nas condições de trabalho (períodos de descanso, lanches, redução do horário de trabalho etc.). Conclusões sobre a experiência: a) As moças afirmavam gostar de trabalhar na sala de provas porque a supervisão era moderada, lhes permitia trabalhar com liberdade e menor ansiedade. b) Havia um ambiente amistoso e sem pressões, aumentando a satisfação no trabalho. c) Não havia temor ao supervisor, pois o papel dele na sala de provas era de orientador. d) Houve um desenvolvimento social do grupo, tornaram-se uma equipe; e) O grupo desenvolveu objetivos comuns, um deles foi aumentar o ritmo da produção, apesar da instrução de “trabalhar normalmente”. Terceira Fase da Experiência de Hawthorne Preocupados com a diferença de atitudes entre as moças do grupo experimental e as do grupo de controle, iniciou-se o Programa de Entrevistas, que visava entrevistar os empregados para obtenção de conhecimentos sobre suas atitudes e sentimentos, ouvir suas opiniões sobre o seu trabalho e quanto ao tratamento que recebiam. O programa de entrevistas revelou a existência de uma organização informal dos operários, a fim de estes se resguardarem contra aquilo que consideravam ameaças da administração contra se bem-estar. 55 Quarta Fase da Experiência de Hawthorne Escolheu-se um grupo experimental para montagem de terminais para estações telefônicas, que passou a trabalhar em uma sala especial com idênticas condições de trabalho do departamento. O sistema de remuneração era baseado na produção do grupo, sendo estipulado um salário-hora com base em diversos fatores e um salário-mínimo horário,para o caso de interrupções na produção. Os salários somente podiam ser elevados se a produção total aumentasse. Assim que se familiarizou com o grupo experimental, o observador constatou que os operários dentro da sala empregavam o uso de “artimanhas”: assim que os operários montavam o que acreditavam ser a sua produção normal, encurtavam seu ritmo de trabalho. Os operários passaram a exibir certa uniformidade de sentimentos e solidariedade. Conclusões da Experiência de Hawthorne Suas conclusões são as seguintes: a. Nível de produção: é resultante da integração social: verificou-se que o nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do operário, mas por normas sociais e perspectivas que o envolvem. b. Comportamento social dos empregados: permitiu constatar que o comportamento do indivíduo se ampara totalmente no grupo. c. As recompensas e sanções sociais: constatou-se que os operários que produziam muito acima ou muito abaixo da norma “socialmente determinada”, perderam a consideração e o respeito dos companheiros. O comportamento dos operários está condicionado a normas e padrões sociais. 56 d. Grupos informais: a empresa passou a ser considerada como uma organização social composta de vários grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa. e. As relações humanas: cada pessoa possui uma personalidade diferenciada que influi no comportamento e atitudes dos outros com quem mantém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciado pelos outros. f. A importância do conteúdo do cargo: a maior especialização do trabalho não é a maneira mais eficiente de divisão do trabalho, o conteúdo e a natureza do trabalho têm influência sobre o moral do operário. g. Ênfase nos aspectos emocionais: os aspectos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano recebem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. A Civilização Industrializada e o Homem A Teoria das Relações Humanas preocupou-se com o esmagamento do homem pelo impetuoso desenvolvimento da civilização industrializada. Elton Mayo dedicou-se a estudar os problemas humanos, sociais e políticos. Mayo passa a defender os seguintes pontos de vista: 1. O trabalho é uma atividade tipicamente grupal, o nível de produção é mais influenciado pelas normas do grupo do que pelos estímulos salariais e materiais de produção. 2. O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social: as mudanças tecnológicas tendem a suspender os laços informais de companheirismo e de amizade no trabalho. 3. A tarefa básica da Administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar: composta de chefes democráticos, convincentes e simpáticos com todo o pessoal. 57 4. A pessoa é motivada essencialmente pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”: a organização eficiente, por si só, é incapaz de aumentar a produtividade se as necessidades psicológicas do trabalhador não forem devidamente descobertas, localizadas e satisfeitas. 5. A civilização industrializada traz como consequência a desintegração dos grupos: primários da sociedade, como a família, os grupos informais e a religião, enquanto a fábrica surgirá como uma nova integração social que acomodará um novo lar, um local de compreensão e de segurança emocional para os indivíduos. 58 UNIDADE 11- Funções Básicas da Organização Industrial CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender a organização técnica e a organização humana. ESTUDANDO E REFLETINDO A organização industrial é composta de uma organização técnica (prédios, máquinas, equipamentos, produtos ou serviços produzidos, etc.) e de uma organização humana (ou social). A organização humana da fábrica tem como base os indivíduos, porém, é mais do que meramente a soma dos indivíduos, pois a integração diária e constante desses indivíduos no trabalho gera um elemento comum que é a organização social da fábrica. A organização técnica e a organização humana, a organização formal e a informal são subsistemas integrados e interdependentes. Qualquer alteração em um deles provoca alterações nos demais. Esses subsistemas são idealizados num estado de equilíbrio, no qual uma modificação em alguma parte provoca reação das demais a fim de restabelecer uma condição de equilíbrio preexistente, anterior àquela modificação. Decorrências da Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas revelou uma nova linguagem: fala-se em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo etc. Os antigos conceitos clássicos de autoridade, hierarquia, racionalização do trabalho, departamentalização, etc., passam a ser duramente contestados. Com a Teoria das Relações Humanas, surge um novo entendimento sobre a natureza do homem, o homem social: a. Os trabalhadores são seres sociais complexos, com sentimentos, desejos e temores. O comportamento no trabalho é resultante de vários fatores motivacionais. 59 b. As pessoas são motivadas por necessidades humanas e alcançam suas satisfações nos grupos com os quais interagem. c. O comportamento dos grupos pode ser influenciado pelo estilo de supervisão e liderança. d. As normas do grupo funcionam como mecanismos reguladores do comportamento dos membros. Influência da Motivação Humana A motivação procura explicar os porquês do comportamento dos indivíduos. A Experiência de Hawthorne teve o mérito de evidenciar que a recompensa salarial não é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador. Elton Mayo e equipe sugeriram uma nova teoria da motivação antagônica à do homo economicus: o ser humano é motivado, não por estímulos salariais e econômicos, mas por recompensas sociais e simbólicas. Com a Teoria das Relações Humanas, passou-se a estudar a influência da motivação no comportamento das pessoas. Ciclo Motivacional: todo comportamento humano é motivado. A motivação, no sentido psicológico, é a tensão constante que leva o indivíduo a algum comportamento visando à satisfação de uma ou mais necessidades. Daí o conceito de ciclo motivacional. Frustração e Compensação: A satisfação das necessidades nem sempre é obtida. Pode existir uma barreira que evite a satisfação da necessidade, ocasionando a frustração. A frustração evita que a tensão existente seja liberada e mantém o estado de desequilíbrio. Moral e Clima Organizacional: O moral é uma decorrência do estado motivacional causado pela satisfação ou não satisfação das necessidades individuais das pessoas. Do conceito de moral deriva o conceito de clima organizacional, é o ambiente psicológico e social, que direciona o comportamento dos seus membros. O moral elevado leva a um clima receptivo, 60 amigável, quente e agradável, enquanto o moral baixo quase sempre provoca um clima negativo. Liderança: gerir o grupo, para que o grupo possa ter segurança e para que o grupo possa ser melhorado. Traços de personalidades dos líderes: físicos, intelectuais, sociais e de tarefas. Essas teorias dos traços dos líderes são criticadas, pois não levam em conta a conjunto das ações que um líder deve ter. Existem três teorias a respeito da liderança. A saber: 1. Teorias dos traços de personalidade: o líder exibe características marcantes de personalidade que o distinguem dos demais. Certos indivíduos apresentam uma combinação exclusiva de traços de personalidade que são utilizados para identificar futuros líderes, bem como avaliar a eficácia da liderança. Esses traços são: físicos, intelectuais, sociais e relacionados à realização das tarefas. 2. Teorias sobre Estilos de Liderança: são teorias que estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder, ouseja, maneiras pelas quais o líder orienta seus subordinados. 3. Teorias Situacionais da Liderança: partem da ideia de que não existe um único estilo ou característica de liderança apropriada. O verdadeiro líder é aquele que é capaz de se ajustar a um grupo particular de pessoas e condições variadas. Comunicação: é fundamental no relacionamento entre as posições, na justificativa e na explicação aos subordinados das razões das orientações tomadas. Os subordinados devem receber constantemente dos superiores um fluxo de orientação e comunicação capaz de suprir-lhes as necessidades. Organização Informal: desenvolve-se a partir da interação e relação imposta e pela organização formal. Encontramos amizades, indivíduos que se identificam com outros, grupos que se separam de outros grupos e uma grande variedade 61 de relações no trabalho e fora dele e que formam a chamada organização informal. São características da organização informal: a. Relação de coesão ou antagonismos: os indivíduos constroem relações pessoais de simpatia ou antipatia, cuja intensidade e duração são variáveis. b. Status: cada indivíduo assume certa posição social ou status em função de seu papel desenvolvido em cada grupo c. Colaboração Espontânea: há em toda a empresa e é um pré-requisito à colaboração ativa de pessoal, pois no nível informal existe um nível muito alto de colaboração espontânea que pode e deve ser utilizado em favor da empresa. d. Possibilidade de oposição à organização formal: a organização informal pode se desenvolver em contestação e até oposição à organização formal e em divergência com os objetos da empresa. e. Padrões de relações e atitudes: os grupos informais criam naturalmente, padrões de relações e de atitudes que são aceitos e assimilados pelos seus componentes, pois refletem os interesses e aspirações do grupo. f. Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais: a mudança de nível funcional de um indivíduo dentro da organização formal pode levá-lo a fazer parte de outros grupos informais, em decorrência das relações funcionais que precisará manter com outros indivíduos em outros níveis e setores da empresa. Os grupos informais, portanto, podem se alterar com as alterações da organização formal. g. Transcende a organização formal: enquanto a organização está restrita ao local físico e ao horário de trabalho estabelecido da empresa, a organização informal não se prende a essas limitações. h. Padrões de desempenho nos grupos informais: os padrões de desempenho e de trabalho determinado pelo grupo informal muitas 62 vezes não correspondem aos padrões estabelecidos pela administração. Dependendo do grau de motivação do grupo quanto aos objetivos da empresa, o desempenho pode ser maior ou menor, bem como pode estar em perfeita harmonia ou em completa oposição. BUSCANDO O CONHECIMENTO São consideradas origens da organização informal: Os interesses comuns que se progridem em certo grupo de pessoas e que, através deles, passam a se harmonizar-se mais intimamente. A influência causada pela própria organização formal. A rotatividade de pessoal dentro da empresa incentiva normalmente a alteração dos grupos sociais informais. Os períodos de lazer que possibilitam uma intensa interação entre as pessoas, propiciando um estabelecimento e fortalecimento de vínculos sociais entre o pessoal. Os grupos informais, também denominados de grupos de amizade, vão- se organizando espontaneamente por meio de adesões naturais de indivíduos que com eles se identificam. Os grupos informais são encontrados, às vezes, dentro da organização formal. Dinâmica de Grupo: A escola da dinâmica de grupo desenvolve uma presunção de que o comportamento, as atitudes, as crenças e os valores de cada pessoa baseiam-se seguramente nos grupos aos quais pertence. As características dos grupos: Um propósito ou objetivo comum. Uma estrutura dinâmica de comunicações. Uma harmonia interna. 63 UNIDADE 12- Apreciação Crítica à Teoria das Relações CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: conhecer as características da teoria neoclássica ESTUDANDO E REFLETINDO A Teoria das Relações Humanas foi rigorosamente criticada por representar uma oposição à Teoria Clássica, ignorando fatores categóricos e cruciais para esta, para uma inconveniente visão dos problemas das relações industriais – prendendo sua atenção a alguns fatos corriqueiros e insignificantes, por expor uma ingênua e romântica concepção do operário – feliz, produtivo e integrado no trabalho e por proporcionar um enfoque manipulativo das relações humanas – estratégia sutil de driblar os operários e fazê-los trabalhar mais. Abordagem Neoclássica da Administração Apesar da influência das ciências do comportamento a respeito da teoria administrativa, os pontos de vista dos autores clássicos não deixaram nunca de existir. Embora haja uma crítica aos postulados clássicos e as novas abordagens da organização constataram que os princípios de administração, a departamentalização, a racionalização do trabalho, a estruturação linear ou funcional, enfim, a abordagem clássica, nunca fora completamente substituída por outra abordagem, sem que alguma coisa fosse mantida. Todas as teorias administrativas se ajustaram na Teoria Clássica, seja como ponto de partida, seja como condenação para arriscar-se uma posição diferente, mas a ela relacionada profundamente. Teoria Neoclássica da Administração A Teoria Neoclássica da Administração representa o retorno das Teorias Clássica e Científica de Administração, recuperando diversos dos assuntos 64 abordados por essas teorias, valorizando novos pontos de vista, novas abordagens, expandindo o campo de atuação do administrador, e concretizando assim essa ciência. Características Principais da Teoria Neoclássica: 1. Ênfase na prática da administração: determinado pela ênfase nos aspectos práticos Administração, buscando resultados concretos e concretos, embora não se tenha descurado dos conceitos teóricos da administração. Os autores neoclássicos buscam expandir seus conceitos de maneira prática e benéfica, visando, sobretudo, à ação administrativa. A teoria só tem valor quando efetivamente, aplicada na prática. 2. Reafirmação relativa dos postulados clássicos: A Teoria Neoclássica é, relativamente, como uma reação à enorme influência das ciências do comportamento no campo da Administração em detrimento dos aspectos econômicos e concretos que envolvem a atuação das organizações. E, para tanto, recuperam e aplicam parte do material desenvolvido pela Teoria Clássica, redimensionando-o e reestruturando- o de acordo com as necessidades da época atual, dando-lhe um formato mais amplo e flexível. 3. Ênfase nos princípios gerais de administração: Os princípios de Administração que os clássicos empregavam como leis científicas são retomadas e aplicadas pelos neoclássicos como um processo elástico para a busca de resultados administrativos práticos. Os administradores são fundamentais a qualquer empresa dinâmica e bem sucedida, pois devem planejar, dirigir e controlar as operações do negócio. Os princípios acarretam um papel na Administração proporcional ao das leis nas ciências físicas, pois visam estabelecer uma relação de causa-efeito. Objetivos: 65 1. Os objetivos da empresa e de seus setores devem ser abertamente definidos e especificados por escrito. A organização deve ser clara e flexível. 2. As responsabilidades estabelecidas para uma posição hierárquica devem ser delimitadas tanto quanto possível a execução de uma simples função. 3. As atribuições devem ser determinadas para os departamentos na base da uniformidade, no sentido de obter a operação mais eficiente e econômica. 4. Devem existir linhas de autoridadedescendo do topo até a base da organização, e responsabilidade da base ao topo. 5. A responsabilidade e a autoridade de cada posição devem ser definidas por escrito de maneira clara. 6. A responsabilidade deve ser sempre acompanhada de proporcional autoridade. 7. A alçada para adotar ou iniciar ação deve ser delegada o mais próximo possível da cena de ação. 8. A quantidade de níveis hierárquicos de autoridade precisa ser o mínimo possível. 9. Há um limite quanto à quantidade de operários que pode ser eficientemente supervisionado por um único indivíduo. 10. Cada funcionário na organização deve reportar—se a um único superior. 11. A responsabilidade da autoridade mais elevada para com as atitudes de seus operários subordinados é integral. Ênfase nos objetivos e Resultados Toda organização existe, não para si mesma, mas para atingir objetivos e gerar resultados positivos. É focando em objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. Enquanto a Administração Científica enfatizava os métodos e a racionalização do trabalho e 66 a Teoria Clássica enfatizava os princípios gerais da Administração, a Teoria Neoclássica pondera os meios na busca da eficiência, mas ressalta intensamente os fins e resultados, na busca de eficácia. Há um forte deslocamento para os objetivos e resultados. As organizações não existem para si próprias, são meios, são órgãos sociais que alvejam à realização de um trabalho social. A sobrevivência – objeto típico da espécie biológica – não é um objetivo satisfatório para a organização. O objetivo da organização está fora dela e é sempre uma colaboração exclusiva para o indivíduo e para a sociedade. Ecletismo da Teoria Neoclássica Os autores neoclássicos, embora se baseiem profundamente na abordagem clássica, são muito ecléticos, fazendo uso das ideias de quase todas as outras teorias administrativas, dentre elas a Teoria das Relações Humanas, a Teoria da Burocracia e a Teoria Estruturalista. Devido a esse ecletismo é que reconhecemos a Teoria Neoclássica como uma teoria atualizada com os conceitos da Administração moderna e dentro do cenário eclético que proporciona a formação do administrador hoje. BUSCANDO O CONHECIMENTO Administração como Técnica Social Para os autores neoclássicos, a Administração apoia-se em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum. E o bom administrador é, naturalmente, aquele que possibilita ao grupo atingir seus objetivos com o mínimo custo de recursos e de esforço e com mais harmonia com outras atividades úteis. A Administração é uma atividade generalizada e essencial a todo trabalho humano coletivo, seja na empresa industrial, na empresa de serviços, no exército, nos hospitais, na igreja, no governo etc. O homem cada vez mais necessita colaborar com outros 67 homens para que juntos, possam atingir seus objetivos, nesse sentido a Administração é fundamentalmente a coordenação de atividades grupais. Eficácia X Eficiência Cada empresa tem que ser avaliada sob o ponto de vista da eficácia e de eficiência, ao mesmo tempo. Eficácia é uma medida normativa da obtenção de resultados, enquanto a eficiência é uma medida normativa do uso de recursos nesse processo. Sob o foco econômico, a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de satisfazer as carências da sociedade por meio do fornecimento de seus produtos (bens ou serviços), enquanto a eficiência é uma relação técnica entre entradas e saídas. Nestes termos, eficiência é uma associação entre custos e benefícios. A eficiência constitui a relação entre os recursos aplicados e o produto final obtido: é a relação analítica entre o esforço e o resultado, entre a despesa e a receita, entre o custo e o benefício resultante. A eficiência se atenta em fazer de maneira correta as coisas e da melhor maneira possível. É por tudo isso, a ênfase nos métodos e procedimentos internos. A eficácia se preocupa em fazer as coisas certas para atender às necessidades da empresa e do ambiente que a rodeia. Centralização X Descentralização O dilema da centralização X descentralização é um tópico muito discutido pela teoria neoclássica. Os autores dessa escola preocuparam-se em debater as vantagens e desvantagens de ambas as possibilidades, sem se preocupar em garantir que essa ou aquela seria a melhor alternativa para as empresas. 68 UNIDADE 13- Funções do Administrador CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer a importância do planejamento nas organizações. ESTUDANDO E REFLETINDO Para a Teoria Neoclássica, o papel do administrador corresponde aos princípios da administração, que Fayol definira na sua época (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar) como uma roupagem atualizada. Essencialmente, as funções do administrador são: planejamento, organização, direção e controle. A interação dinâmica dessas quatro tarefas básicas forma o chamado processo administrativo. As funções administrativas, quando analisadas como um todo, formam o processo administrativo. Quando analisada unicamente (o planejamento, a direção, a organização e o controle) determinam as funções administrativas. Planejamento As empresas exigem planejamento. Dessa forma é a função administrativa que determina de antemão quais são os objetivos que precisam ser atingidos, bem como a forma como se deve agir para alcançá-los. Começa com a relação específica dos objetivos e relaciona os planos necessários para atingi-lo do melhor modo possível. Planejar é estabelecer os objetivos e determinar antecipadamente o melhor caminho de ação para alcançá-los. O planejamento define onde se deseja chegar, o que deve ser feito, quando, como e em sequência. As premissas do planejamento: a. Estabelecimento de objetivos: objetivos são resultados futuros que se deseja obter. Esta definição faz do arrolamento dos objetivos a serem alcançados o ponto de partida do planejamento. A definição dos 69 objetivos é a primeira coisa a ser feita: saber onde se deseja chegar para saber exatamente como chegar lá. e. Desdobramento dos objetivos: os objetivos das empresas podem ser englobados numa hierarquia que vai desde os objetivos integrais da organização (no topo da hierarquia) até os objetivos operacionais que compreendem simples instruções para a rotina habitual (na base da hierarquia). Desta maneira, o planejamento constitui-se tanto de estratégias e políticas de longo prazo (para alcançar os objetivos globais da organização) como também de planos minuciosos das atividades cotidianas (para alcançar os objetivos imediatos de uma divisão ou setor da organização). A partir dos objetivos organizacionais, a empresa pode estabelecer suas políticas e diretrizes, metas, programas, procedimentos, métodos e normas. Abrangência do Planejamento Além da hierarquia de objetivos, existe ainda uma hierarquia do planejamento. Neste sentido, existem três níveis distintos de planejamento: Planejamento estratégico: é o planejamento mais farto e abrangente da organização. Planejamento tático: é o planejamento praticado em cada departamento. Planejamento operacional: é o planejamento definido para cada tarefa ou atividade. Tipos de Planos Plano é o resultado do planejamento e apoia o evento intermediário entre o processo de planejamento e o processo de execução do planejamento. Todos os planos têm uma finalidade em comum: a previsão, programação e a coordenação de uma série lógica de eventos, os quais, se desenvolvido com sucesso, deverão conduzir ao alcance dos objetivos que os comandam. Existem quatro tipos distintos de planos, a saber: 70 - planos relacionados com métodos, chamados de procedimentos. -planos relacionados com dinheiro, chamados deorçamentos. -planos relacionados com o tempo, chamados de programas ou programações. -planos relacionados com comportamentos, chamados de normas ou regulamentos. Organização Organização agora será sinônimo de função administrativa, parte integrante do processo administrativo. Neste sentido, organização significa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos responsáveis pela sua administração e assegurar as relações entre eles e as atribuições de cada um. Versaremos a organização como a segunda função administrativa e que proveniente do planejamento, da direção, e do controle para formar o processo administrativo. Após o planejamento, a função da organização consiste em: -determinar as atividades particulares necessárias ao alcance dos objetivos planejados (especialização). -separar e agrupar as atividades em uma estrutura lógica (departamentalização). - especificar as atividades com relação às posições e pessoas (cargos e tarefas). A organização pode ser feita em três níveis diferentes: 1. Organização ao nível global: é a organização que envolve a empresa como um todo. 2. Organização ao nível departamental: é a organização que envolve cada departamento da empresa. 3. Organização ao nível das tarefas: é a organização que de cada tarefa, atividade ou operação em particular. Direção A Direção forma a terceira função administrativa, depois do planejamento e da organização. O papel da direção é ativar e energizar a empresa. A direção está pautada com a ação, com o colocar-se em marcha, ela 71 está inteiramente relacionada com os procedimentos sobre os recursos humanos da empresa. Dessa maneira, direção é a função administrativa que cuida das relações interpessoais dos administradores em todos os níveis da organização e os seus subordinados correspondentes. A direção estabelece uma das mais complexas funções administrativas, que é o ato de orientar as pessoas, dar assistência à execução das tarefas, comunicação, motivação, enfim, todos os métodos pelos quais os administradores procuram instigar os seus subordinados e consigam assim, alcançar os objetivos da organização. Autoridade e Poder A autoridade e o poder estabelecem meios de influência. Influência refere-se a algum comportamento de uma pessoa que muda o comportamento, atitudes e sentimentos de outra pessoa. A influência pode ser feita de várias maneiras: pela persuasão, pela coação, por sansões, por recompensas, etc. O poder denota o potencial para exercer influência. Uma pessoa pode ter potencial para influenciar outras pessoas, sem contudo, utilizá-lo. A autoridade é à base do processo administrativo e significa o poder legal ou direito de comandar ou agir. A autoridade facilita o poder de comandar, enquanto o poder nem sempre leva à autoridade. Controle O propósito do controle é assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se regulem tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos. Fases do Controle: a. Estabelecimento de padrões ou critérios: os padrões representam o comportamento esperado. Os critérios representam as normas que levam as decisões. A Administração Científica trabalhou para desenvolver técnicas capazes de gerar bons padrões, como o tempo no estudo dos 72 tempos e movimentos. O custo padrão, os padrões de qualidades os padrões de volume de produção são modelos de padrões ou critérios. b. Observação do Desempenho: o processo de controle age no sentido de regular as operações a seguindo padrões previamente estabelecidos e exerce sua função de acordo com a informação que recebe. c. Comparação do Desempenho com o Padrão Estabelecido: é importante estabelecer os limites dentro dos quais a variação ou erro ocorrido entre o desempenho esperado e o obtido será admitido como normal ou desejável. O desempenho deve ser confrontado com o padrão para se verificar possíveis desvios ou variações. A comparação da atuação efetiva com o que foi planejado não busca apenas identificar as variações, erros ou desvios, mas também permitir a previsão de resultados futuros e encontrar as dificuldades para criar condições para que as operações futuras possam alcançar resultados melhores. d. Ação corretiva: as variações, erros ou desvios devem ser corrigidos para que as atividades sejam normalizadas. BUSCANDO CONHECIMENTO Acesse o site: http://nardelli.awardspace.com/disciplinas/d_tga_1/aulas/tga_1_08_apo/tga_1_0 8_apo.html 73 UNIDADE 14- Abordagem Burocrática CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Compreender a Teoria da Burocracia sua origem, principais características. ESTUDANDO E REFLETINDO Burocracia- Introdução Uma das primeiras práticas do termo Burocracia data do século XVIII, quando o termo era repleto de forte acepção negativa, mencionando aspectos de poder dos funcionários de uma administração estatal aos quais eram atribuídas funções específicas, sob uma monarquia absoluta. Essa definição se enquadra de forma muito próxima à utilizada nos dias atuais na linguagem comum: a Burocracia como sinônimo de exagero de normas e regulamentos, limitação da iniciativa, desperdício de recursos e ineficiência generalizada dos organismos estatais e privados. Há uma dimensão recíproca entre capitalismo e burocracia. Sem a organização burocrática, a produção capitalista jamais teria sido executada. Por outro lado, a base econômica capitalista é fundamental para o desenvolvimento da administração burocrática. Dessa maneira, a palavra "burocracia" tem, no nosso dia a dia, um significado pejorativo. No entanto, para a sociologia, esse vocábulo tem um sentido especial, desde que foi usado por Max Weber (1864 – 1920), menciona um modelo específico de organização administrativa. Origem A burocracia teve a sua origem nas transformações religiosas percebidas após o Renascimento. O sistema de produção, extremamente racional e capitalista originou de um novo complexo de normas sociais morais, denominado de "ética protestante". Weber percebeu que o capitalismo e a 74 ciência moderna fundam modelos de racionalidade que surgiram a partir dessas mudanças religiosas ocorridas principalmente nos países protestantes (Inglaterra e Holanda). Conceito Burocracia é um princípio de controle social baseado na racionalidade (adequação dos meios para se alcançar os fins) visando à eficiência na obtenção dos resultados previstos. Max Weber: Sociólogo alemão reconhecido como o fundador da Teoria da Burocracia, avaliou a burocracia como um tipo de poder. Acreditava que os tipos de poder e de autoridade vem das pessoas, requerendo força, imposição de normas e arbítrios. Tipos de poder, conforme Weber: -tradicional: prevalecem características patriarcais e patrimonialistas. -carismático: prevalecem características místicas, há seguidores, devoção, identidade. -legal ou burocrático: prevalecem normas impessoais e hierárquicas, como no exército e repartições públicas. O tipo ideal de burocracia, segundo Weber, apresenta sete perspectivas principais: formalização; divisão do trabalho; princípio da hierarquia; impessoalidade; competência técnica; separação entre propriedade e administração. Teoria Burocrática A Teoria da Burocracia concebida por Max Weber é imediatamente seguinte às teorias Clássica e das Relações Humanas. Teve como origem a carência de uma abordagem generalista e integrada das organizações, visão praticamente não considerada pelas teorias anteriores. De um lado, a Teoria Clássica, com suas ideias extremamente negativas em relação à natureza humana, pregava uma administração centralizadora, exclusivamente 75 responsável pela organização e pelo uso dos recursos da empresa, padronizando as atividades e controlando-as através da persuasão,coação, punições e recompensas marginais. De outro, a Teoria das Relações Humanas ponderava o homem como sendo o maior patrimônio das organizações, sendo motivado a produzir por sua própria natureza, incitando a descentralização e a delegação, a autoavaliação e a administração participativa. São elementos básicos: autoridade, poder, hierarquia, disciplina, ordem e controle. BUSCANDO CONHECIMENTO Características da Teoria Burocrática Weber entendia a teoria da Burocracia como algo que tornasse a organização eficiente e eficaz, assegurando com ela: rapidez; racionalidade; homogeneidade de interpretação das normas; redução dos atritos, discriminações e subjetividades internas; padronização da liderança (decisões iguais em situações iguais) e o principal: o alcance dos objetivos. A Burocracia, em suma, tenta amenizar as consequências das influências externas à organização e conciliar a especialização dos seus colaboradores e o controle das suas atividades a fim a se atingir os objetivos organizacionais através da competência e eficiência, sem conceitos pessoais. São características da burocracia: Caráter legal das normas e regulamentos: a organização é baseada em uma espécie de legislação própria que define como a organização burocrática deverá funcionar, essas normas e regulamentos são antecipadamente estipulados por escrito. Caráter formal das comunicações: as ações e processos são feitos para propiciar comprovação e documentos adequados. Caráter racional e divisão do trabalho: a divisão do trabalho segue uma sistemática do trabalho, do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de 76 cada participante, os meios de obrigatoriedade e as condições necessárias. A racionalidade aplicada para que os objetivos sejam atingidos (a eficiência da organização). Impessoalidade nas relações: a distribuição de atividades é baseada nos cargos e funções e não de pessoas envolvidas, daí o caráter impessoal da burocracia. Hierarquia da autoridade: direciona a chefia nos diversos escalões de autoridade. Esses escalões favorecem a estrutura hierárquica da organização. A hierarquia é a ordem e subordinação, a graduação de autoridade correspondente ás diversas categorias de participantes. Rotinas e procedimentos padronizados: a disciplina no trabalho e a atuação no cargo são garantidas por um conjunto de regras e normas que auxiliam o funcionário no cumprimento das exigências do cargo e as da organização. Técnica e meritocrata: a burocracia é uma organização da qual a seleção das pessoas é fundamentado no mérito e na competência técnica e não em preferências pessoais. A admissão, transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em critérios (competência, mérito e capacidade) válidos para toda a organização, de avaliação e de classificação. Especialização da administração: o administrador não é necessariamente o dono ou um acionista da organização, mas sim um profissional especializado na administração. O funcionário não pode comercializar (vender, comprar ou herdar) sua posição hierárquica ou cargo, também não podem ser integrados ao seu patrimônio privado. Esta distinção entre os rendimentos e os bens privados e os públicos é a característica específica da burocracia. Profissionalização da administração (separação patrimonial) e dos participantes: cada funcionário da burocracia é um profissional pelas seguintes razões: É um especialista; É assalariado; 77 É ocupante de cargo; É nomeado pelo superior hierárquico; Seu mandato é por tempo indeterminado; Segue carreira dentro da organização; Não possui a propriedade dos meios de produção e administração; É fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa; O administrador profissional tende a controlar cada vez mais as burocracias. 78 UNIDADE 15- Vantagens e Desvantagens da Burocracia CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: compreender as vantagens e disfunções da burocracia. ESTUDANDO E REFLETINDO Vantagens Previsibilidade do funcionamento; Univocidade de interpretação; Padronização de rotinas e procedimentos; Redução de conflitos; Subordinação natural aos mais antigos; Confiabilidade nas regras do negócio; Hierarquia formalizada; Precisão na definição de cargos e operações. http://www.portaladm.adm.br/ 79 Desvantagens/Disfunções Para Weber a burocracia estabelece a forma de organização eficiente por excelência, expondo como principais vantagens a racionalidade, a precisão, a univocidade de interpretação, uniformidade de rotinas e procedimentos, constância e continuidade, entre outras. Já Merton (1978), identifica consequências inesperadas ou disfunções que conduzem à ineficiência da organização burocrática. Tais anomalias de funcionamento da estrutura burocrática derivam da relação do recurso humano com o padrão burocrático preestabelecido. Para Weber, a burocracia é uma estrutura cujas consequências esperadas se resumem na previsibilidade do seu funcionamento no sentido de alcançar a maior eficiência da organização. Na burocracia existem duas consequências: previstas e imprevistas. As consequências imprevistas foram chamadas de disfunções da burocracia, ou seja, anomalias e imperfeições no funcionamento da burocracia. As disfunções da Burocracia são as seguintes: 1. Internacionalização das Regras e Exagerado Apego aos Regulamentos: as normas e regulamentos começam a se transformar de meios para objetivos. O funcionário adquire "viseiras" e não se lembra mais que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer atividade racional. 2. Excesso de Formalismo e de Papelório: a necessidade de registrar, documentar e formalizar todas as comunicações dentro da burocracia a fim de que tudo possa ser efetivamente testemunhado por escrito. O papelório forma uma das maiores disfunções da burocracia. 3. Resistência a Mudanças: o funcionário da burocracia está habituado a seguir regras, normas e rotinas, dessa maneira, sentem-se seguros e 80 tranquilos. Toda possibilidade de mudança é interpretada como algo desconhecido, indesejável e há resistência (ativa ou passiva). 4. Despersonalização do Relacionamento: as pessoas começam a apresentar caráter impessoal, pois começam a olhar os colegas como membros integrantes da organização. Os colegas passam a se comunicar com os cargos ou registros ou em alguma forma obrigatória pela empresa. 5. Categorização como Base do Processo Decisório: a burocracia se firma em uma rígida hierarquização da autoridade, ou seja, na burocracia quem decide são as pessoas que estão no mais alto nível da hierarquia, mesmo que desconheça do assunto ele é o único com poder de decisão. 6. Superconformidade às Rotinas e Procedimentos: a burocracia baseia-se em rotinas e procedimentos. Na burocracia as rotinas e procedimentos se classificam como absolutas e sagradas. Os funcionários trabalham apenas em função das regras e procedimentos da organização, com isso, perdem a flexibilidade, iniciativa, criatividade e renovação. 7. Exibição de Sinais de Autoridade: a burocracia prioriza a hierarquia e torna-se imprescindível indicar quem são as pessoas que detém o poder. Isso explica a tendência à utilização intensiva de símbolos ou sinais de status (uniformes, salas diferenciadas, banheiros, etc.). 8. Dificuldade no Atendimento a Clientes e Conflitos com o Público: os funcionários trabalham voltados ao interior da organização e isso gera conflitos com os clientes. Os clientes desejam atendimentos personalizados, mas na burocracia os funcionários atendem os clientes seguindo um padrão, fazendo com que os clientes fiquem insatisfeitos com os serviços e fazem pressões, com isso ameaçam a segurança, daía propensão à defesa contra pressões externas à burocracia. 81 Numa organização burocrática ocorre um dilema típico: por um lado, agem forças exteriores à estrutura, para incentivar o burocrata a seguir normas diferentes das regulamentadas para a organização e, por outro, ocorre uma propensão ao enfraquecimento do compromisso dos subordinados com as regras burocráticas. Percebemos, assim, que a questão é muito mais complexa do que Weber a fez parecer. Nem sempre a burocracia gera estabilidade e eficiência. Pode, muitas vezes, resultar exatamente o contrário. BUSCANDO O CONHECIMENTO Apreciação Crítica da Teoria da Burocracia A burocracia, segundo Weber, proporciona um estilo consciente de organizar pessoas e atividades de uma maneira eficiente e racional em determinados objetivos. Perrow passou anos estudando a burocracia e chegou a duas conclusões que se chocam com a literatura organizacional. A primeira é que os erros são fracassos no processo de burocratizar, neste caso defende a burocracia. A segunda conclusão é que a preocupação com a reforma de humanização e descentralização das burocracias, apenas obscurece a essência da burocracia e nos desvia do seu impacto sobre a sociedade. O Excessivo Racionalismo da Burocracia Kats e Kahn salientam que a organização burocrática é extremamente racionalizada e não leva em conta a natureza organizacional, bem como as condições do ambiente que a cerca. As vantagens da burocracia têm sido supervalorizadas. Para estes autores, o sistema burocrático consegue sobrevivência e eficiência apenas quando: 1. As tarefas individuais são mínimas; 82 2. As exigências do ambiente sobre a organização são claras e suas implicações óbvias; 3. A rapidez em tomada de decisões é uma condição muito importante; 4. As circunstâncias organizacionais se aproximam das do sistema fechado. As Dimensões da Burocracia 1. Divisão de trabalho estabelecida na especialização funcional; 2. A hierarquia de autoridade é muito bem definida; 3. O princípio de regras que cobre todos os direitos e deveres dos ocupantes de posições; 4. Um sistema de procedimentos padronizados para lidar com as situações de trabalho; 5. Impessoalidade nas relações entre pessoas; 6. Promoção e seleção estabelecida apenas na competência técnica. 83 UNIDADE 16- Abordagem Estruturalista CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer a Teoria Estruturalista – sua origem, fundamentos e características. ESTUDANDO E REFLETINDO Abordagem Estruturalista - Teoria Estruturalista Como vimos, a Teoria das Relações Humanas foi uma experiência de introdução das ciências do comportamento na teoria administrativa através de uma filosofia humanística sobre a participação do homem na organização. Contudo, a partir da década de 1950 a Teoria das Relações Humanas entrou em decadência, pois se de um lado condenou a Teoria Clássica, por outro não proporcionou as bases apropriadas de uma nova teoria que a pudesse substituir. A incompatibilidade entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou um empecilho dentro da administração que mesmo a Teoria da Burocracia não teve condições de ultrapassar. A Teoria Estruturalista expõe um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma ligeira aproximação a Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão muito crítica da organização formal. Origens da Teoria Estruturalista 1. Oposição entre a Teoria Tradicional e das Relações Humanas: tornou-se necessário um estilo mais amplo e compreensivo que compreendesse os aspectos que eram considerados por uma e omitidos pela outra e vice- versa. A Teoria Estruturalista almeja ser uma síntese da Teoria Clássica (formal) e da Teoria das Relações Humanas (informal), inspirando-se na abordagem de Max Weber. 84 2. Necessidade de visualizar a organização com uma unidade social: uma unidade ampla e complexa, onde integram grupos sociais que compartilham alguns dos objetivos da organização (como a viabilidade econômica da organização), mas que pode não compatibilizar com outros (como a maneira de distribuir lucros da organização). Nesse sentido, o maior diálogo da Teoria Estruturalista foi com a Teoria das Relações Humanas. 3. A influência do estruturalismo nas ciências sociais e sua influência repercussão no estudo das organizações: o estruturalismo teve intensa influência na Filosofia, na Psicologia, na Antropologia, na Matemática, na Linguística, etc. Na teoria administrativa, o estruturalismo se emprega nas organizações sociais. 4. Novo conceito de estrutura: o conceito de estrutura é muito antigo. Estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos e que conserva- se inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos, isto é, a estrutura mantém-se mesmo com a modificação de um de seus elementos ou relações. Podemos esboçar vários entendimentos filosóficos e sociológicos em cima das estruturas. A Teoria Estruturalista é baseada no movimento estruturalista, fortemente influenciado pela sociologia organizacional. Estrutura é o conjunto de elementos relativamente estáveis que se relacionam no tempo e no espaço para formar o todo. Em administração, a estrutura adéqua à maneira como as organizações estão organizadas e estruturadas. BUSCANDO O CONHECIMENTO A Sociedade de Organizações 85 Para os estruturalistas, a sociedade moderna e industrializada é constituída de organizações, das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer. Essas organizações são altamente diferenciadas e necessitam que seus participantes apresentem determinadas características de personalidade. Essas características possibilitam a participação simultânea das pessoas em várias organizações, nas quais os papéis desempenhados variam. O estruturalismo expandiu o estudo das interações entre os grupos sociais iniciados pela Teoria das Relações Humanas, para os grupos das interações entre as organizações sociais. Da mesma forma como interagem entre si os grupos sociais, também as organizações interagem entre si. As Organizações Constituem a forma dominante de instituição da moderna sociedade, sendo a manifestação de uma sociedade amplamente especializada e interdependente, que se distingue por um crescente padrão de vida. As organizações permeiam todas as características da vida moderna e envolvem a participação de inúmeras pessoas. Cada organização é limitada por recursos escassos, e dessa maneira, não pode usufruir de benefícios, de todas as oportunidades que surgem: daí o problema de estabelecer melhor alocação de recursos. A eficiência é obtida quando a organização aplica seus recursos na alternativa que alcançar o melhor resultado. A Teoria Estruturalista concentra-se no estudo das organizações, na sua estrutura interna e na influência recíproca com outras organizações. As organizações são concebidas como unidades sociais (ou agrupamentos humanos) propositadamente construídas e reconstruídas, a fim de alcançar objetivos específicos (exército, escolas, hospitais, igrejas, prisões, etc.). As organizações são reconhecidas por um conjunto de relações sociais estáveis e deliberadamente designadas com a clara intenção de alcançar objetivos ou propósitos. Assim, a organização é uma unidade social na qual as pessoas 86 obtêm relações estáveis entre si, no sentido de facilitar o alcance de um conjunto de objetivos ou metas. O Homem Organizacional Enquanto a Teoria Clássica descreve o "homo economicus" e a Teoria das Relações Humanas, "o homem social", a Teoria Estruturalista salienta o "homem organizacional", ou seja, o homem que representa papéis em diferentes organizações. Na sociedade das organizações moderna e industrializada, aparece a figura do “homem organizacional"que participa ao mesmo tempo de várias organizações. O homem moderno, ou seja, o homem organizacional, para obter um resultado positivo em todas as organizações, precisa ter as seguintes características de personalidade: 1. Flexibilidade: em face das constantes alterações que ocorrem da vida moderna, bem como da diversidade dos papéis desempenhados nas diversas organizações e aos novos relacionamentos. 2. Tolerância às Frustrações: para evitar o dano emocional decorrente do conflito existente entre necessidades organizacionais e necessidades individuais, cuja intervenção é feita através de normas racionais, escritas e exaustivas, que buscam envolver toda a organização. 3. Capacidade de adiar as recompensas: poder suprir o trabalho rotineiro dentro da organização, em detrimento das preferências e aptidões pessoais por outros tipos de atividade profissional. 4. Permanente desejo de realização: garantida a conformidade e cooperação com as normas que dominam e asseguram o acesso a posições de carreira dentro da organização, proporcionando recompensas e sanções sociais e materiais. Análise das Organizações 87 Os estruturalistas utilizam, para estudar as organizações, uma análise organizacional maior que a de qualquer teoria anterior, pois desejam conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, baseando-se também na Teoria da Burocracia. Assim, a análise das organizações do ponto de vista estruturalista é praticada a partir de uma abordagem múltipla que leva em conta concomitantemente os fundamentos da Teoria Clássica, da Teoria das Relações Humanas e da Teoria da Burocracia. 88 UNIDADE 17- Abordagens Múltiplas da teoria Estruturalista CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer as abordagens múltiplas da Teoria Estruturalista ESTUDANDO E REFLETINDO Enquanto a Teoria Clássica se concentrava na organização formal e a Teoria das Relações Humanas apenas na organização informal, os estruturalistas estudam o relacionamento entre ambas as organizações: a formal e a informal, em uma abordagem múltipla. A Teoria Estruturalista busca associar as relações formais e informais dentro e fora da organização. Os estruturalistas não modificam os conceitos da organização formal e informal (formal tudo o que estiver evidente no organograma como hierarquia, regras, regulamentos, controle de qualidade e informal as relações sociais). A Teoria Estruturalista busca encontrar o equilíbrio entre os elementos racionais e não racionais da conduta, do comportamento humano que indica o ponto principal da vida, da sociedade e do pensamento moderno. Constitui o problema da Teoria das Organizações Abordagem Múltipla: Recompensas Materiais e Sociais Os estruturalistas relacionam os estudos da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas. A definição das recompensas salariais e sociais e tudo que se compreende nos símbolos de posição (tamanho da mesa ou do escritório, carros da companhia, etc.) são importantes na vida de toda organização. Para que as recompensas sociais e simbólicas sejam eficientes, quem as recebe deve estar equiparado com a organização que as concede. Os símbolos e significados devem ser respeitados e compartilhados com outras pessoas, como a esposa, colegas, amigos, vizinhos, etc. Por esses motivos, as 89 recompensas sociais são menos eficientes com os funcionários de posições mais baixas do que com os de posições mais altas. Abordagem Múltipla: Os diferentes Enfoques da Organização As organizações para os estruturalistas podem ser idealizadas segundo duas diferentes concepções: · Modelo racional da organização: compreende a organização com um meio deliberado e racional de atingir metas conhecidas. Os objetivos organizacionais são explicitados (a maximização dos lucros, por exemplo), todos os aspectos e componentes da organização são indicados em função de sua colaboração positiva ao alcance dos objetivos e suas estruturas organizacionais são cuidadas para alcançar a mais alta eficiência, os recursos são apropriados e alocados de acordo com um plano diretor, todas ações são coerentes e seus resultados devem coincidir com os planos. É um sistema fechado, apresentando como característica principal a visão focalizada somente nas partes internas do sistema, com ênfase no planejamento e controle, expectativa de certeza e de viabilidade. Neste modelo inclui a Abordagem Clássica da Administração e a Teoria da Burocracia. Modelo natural de organização: compreende organização com um conjunto de partes separadas que, juntas, constituem um todo. O objetivo fundamental é a sobrevivência do sistema. O modelo natural busca tornar tudo funcional e equilibrado, passível de disfunções. A autorregulação é o processo fundamental que naturalmente governa as relações entre as partes e suas atividades, sustentando o sistema equilibrado e estável diante das perturbações provindas do ambiente externo. Este modelo origina inevitavelmente a organização informal nas organizações. É um sistema aberto tendo como propriedade a visão focalizada sobre o sistema e sua interdependência com o ambiente. Abordagem Múltipla: Os Níveis da Organização 90 Assim com o modelo burocrático de Weber, as organizações lidam com uma multiplicidade de problemas que são classificados e categorizados para que a responsabilidade por sua solução seja conferida a diferentes níveis hierárquicos: Nível Institucional: é o nível mais alto, participam dele os dirigentes ou altos funcionários. É também chamado de nível estratégico, pois é responsável pela determinação dos principais objetivos e das estratégias organizacionais relacionadas em longo prazo. Nível Gerencial: é o nível intermediário, alocado entre o institucional e o técnico, tratando do relacionamento e da integração desses dois níveis. Uma vez tomadas às decisões no nível institucional, o nível gerencial é o responsável pela sua alteração em planos e em programas para que o nível técnico os coloque em prática. Nível Técnico: é o nível mais baixo da organização. Também conhecido como nível operacional, é o nível em que os trabalhos são executados, os programas são desenvolvidos e as técnicas são aplicadas. É o nível que cuida da execução propriamente dita, das tarefas em curto prazo e segue os programas e rotinas desenvolvidas pelo nível gerencial. Abordagem Múltipla: A Diversidade de Organizações Enquanto a Administração Científica e a Escola das Relações Humanas davam ênfase nas fábricas, a Abordagem Estruturalista expandiu o campo da análise da organização, incluindo outros tipos diferentes de organizações além das fábricas: organizações pequenas, médias e grandes, públicas e privadas, empresas dos mais diversos tipos (indústrias ou produtoras de bens, prestadoras de serviços, comerciais, agrícolas, etc.), organizações militares (exército, marinha, aeronáutica), organizações religiosas (igreja), organizações filantrópicas, partidos políticos, prisões, sindicatos, etc. E a partir do estruturalismo a administração não ficou mais limitada às fábricas, mas 91 passou a ser percebida e aplicada a todos os tipos possíveis de organizações. Além disso, toda a organização, à medida que cresce torna-se complexa e começa a exigir uma administração apropriada. Abordagem Múltipla: Análise Interorganizacional Os estruturalistas além de se preocupar com os fatos internos, também se preocupam com os fatos que ocorrem fora das organizações, mas que influencia os fatos dentro delas, ou seja, os fenômenos internos. Assim, os estruturalistas se baseiam numa abordagem de sistema aberto e empregam o modelo natural de organização como base de seus estudos. A análise organizacional começa a ser desenvolvida através de uma abordagem múltipla,ou seja, através da análise das relações interorganizacionais. BUSCANDO O CONHECIMENTO Abordagem Estruturalista O aparecimento das burocracias coincidem com o despontar do capitalismo, graças a vários fatores como: - Economia do tipo monetária; - Mercado de mão-de-obra; - Estado (modelo centralizado); - Necessidade de organizações justas e imparciais; - Necessidade de organizações mais bem planejadas; - Necessidade de organizações mais racionais. A abordagem estruturalista dá origem a Teoria da Burocracia e a Teoria Estruturalista. Abordagem Estruturalista Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista Ênfase na Estrutura Ênfase na estrutura, nas pessoas e no ambiente 92 http://www.joinville.udesc.br/sbs/professores/delcio/materiais/Abordagem_Estruturalista.pdf 93 UNIDADE 18- Teoria dos Sistemas em Administração CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer a Teoria dos Sistemas – sua origem, fundamentos e características. Identificar a visão sistêmica e a característica das organizações como sistemas abertos; ESTUDANDO E REFLETINDO Teoria dos Sistemas em Administração – Origem A Teoria dos Sistemas foi introduzida na Administração, a partir da década de 1960, tornando-se parte da Ciência Administrativa. Decorreu dos trabalhos do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy, após análise em que fez constatação de que existia uma propensão para a integração das ciências naturais e sociais. A Teoria dos Sistemas fundamenta-se no argumento de que os sistemas são compostos de subsistemas (moléculas – célula – órgão), que os sistemas são abertos (meio ambiente constituído de sistemas) e que as funções de um sistema dependem de sua estrutura. A ânsia de síntese e integração das teorias anteriores, que tinham poucas variáveis da situação como um todo, os pontos fracos das diversas teorias que tinham uma abordagem ínfima, trazendo pouca importância para a Administração, e os resultados positivos da aplicação da Teoria de Sistemas nas outras ciências foram alguns dos elementos que contribuíram para a introdução dessa teoria na Ciência Administrativa. Abordagem e Conceitos na Teoria dos Sistemas em Administração Na abordagem administrativa da Teoria Sistêmica, as organizações operam como um sistema, em que o estudo do geral se sobressaia ao particular, favorecendo a visão mais abrangente e propiciando uma análise, ao mesmo tempo profunda e mais ampla das organizações. 94 Nessa teoria, as organizações são analisadas como sistema abertos, com integração e independência entre as partes e com o ambiente que o cerca, tendo várias entradas e saídas para assegurar o intercâmbio com o meio. Os sistemas são conjuntos de partes ou elementos, interdependentes, que constituem um todo complexo, unitário e organizado, no propósito de alcançar um objetivo, proposto anteriormente. A partir da Teoria dos Sistemas, passa-se a perceber melhor o universo de outras ciências. Surgiram então novas terminologias como sistema solar em Astronomia, sistema social em Sociologia, sistema monetário em Economia, sistema nervoso, digestório e respiratório em Fisiologia e assim por diante. O conceito de sistemas passou a influenciar as ciências e principalmente a Administração. Características básicas da Teoria dos Sistemas em Administração. Da definição de sistema como conjunto de unidades profundamente relacionadas, derivam duas características básicas: propósito ou objetivo – determinam um arranjo que visa a uma finalidade a alcançar; globalismo ou totalidade – reação global a qualquer estímulo fornecido em parte ou na unidade. BUSCANDO O CONHECIMENTO Segundo Chiavenato (2003), as características das organizações como sistemas abertos são: Comportamento probabilístico e não determinístico: significa que as organizações sofrem influências por variáveis externas, desconhecidas e imprevisíveis no seu comportamento. As organizações como partes de uma sociedade maior, constituídas de partes menores: são vistas como sistemas incorporados de sistemas. 95 Interdependência das partes: sistema onde as partes são interdependentes, porém, inter-relacionadas. Homeostase: a organização atinge um estado firme ou equilíbrio quando atende dois requisitos a unidirecionalidade e o progresso. Fronteiras ou limites: as organizações têm barreiras que não existem fisicamente. Um mesmo indivíduo pode fazer parte de duas organizações. Morfogênese: o sistema organizacional tem a habilidade de modificar a si próprio e à sua estrutura básica. Resiliência: é a capacidade de vencer o distúrbio imposto por um fenômeno externo. Parâmetros dos Sistemas Parâmetros são elementos diversificados que por possuírem algumas propriedades caracterizam o valor e a dimensão de um sistema, para evidenciar a totalidade que o mesmo possui. Os parâmetros dos sistemas são de acordo com Chiavenato (2003) e Moraes (2004): Entrada ou insumos (input) é a força inicial do sistema que abastece com material ou informação para a operação. São compostas por recursos humanos, financeiros e materiais. Processamento ou operação (throughput) é a transformação das entradas em saídas e evidencia a etapa de transformação dos recursos em produtos. Saídas ou resultados (output) é a resultado da fusão dos elementos e relações do sistema. Envolvem as mercadorias, os serviços e as realizações para alcançar os objetivos do sistema. Retroação ou alimentação de retorno (feedback) é o procedimento responsável pelo equilíbrio e constância do sistema e que compara a saída com critérios determinados. O elemento fundamental da retroação 96 é a informação e o objetivo principal é o controle para impedir desvios positivos ou negativos. Ambiente ou subsistema: são partes do sistema em que se desenvolvem as atividades interdependentes, inter-relacionadas e inter-atuantes, que são caracterizadas e interligadas por uma rede de comunicações dinâmica e abastecida continuamente conforme as mudanças por que passa o ambiente. Principais representantes e suas contribuições Segundo Chiavenato (2003), os principais representantes da Teoria dos Sistemas foram: Edgar H. Schein: publicou Organizational Psychology, em que sugere que a Teoria dos Sistemas na definição de organização é: sistema aberto em repetidas alterações, objetivos ou funções variadas, conjunto de subsistemas interagindo dinamicamente e reciprocamente dependentes e múltiplos elos entre organização e seu meio ambiente desfizeram os limites organizacionais. Daniel Katz e Robert L. Kahn: em 1972, publicaram “Psicologia Social das Organizações”, em que desenvolveram um exemplo de organização por meio da prática da Teoria dos Sistemas à Teoria Administrativa, com as características abaixo: A organização como um sistema aberto e que apresenta: importação (entrada), transformação (processamento), exportação (saídas), ciclos de eventos repetitivos, entropia negativa (formas organizadas que chegam à desintegração), informação como insumo, retroação negativa e processo de codificação, estado firme e homeostase dinâmica, diferenciação, equifinalidade (vários caminhos e mesmo resultado final) limites ou fronteiras (barreiras entre o sistema e o ambiente). Características de primeira ordem: características das organizações como sistemas sociais que não tem restrição de amplitude, necessitam de 97 entradas de manutenção e de produção, tem sua natureza planejada, proporciona maior variabilidade que outros sistemas, as funções, as normas e os valores são os principais elementos do sistema social, compõem um sistema formalizado por funções, conceito de inclusãoparcial à relação com seu meio ambiente. Cultura e clima organizacional: cada organização designa sua própria cultura e os valores inerentes. As organizações possuem padrões diferentes de crenças culturais e coletivas, que são passados às novas gerações. Dinâmica de Sistemas: as organizações sociais criam mecanismos de gratificação a fim de unir seus membros ao sistema, estimulam as atividades exigidas e as estruturas de autoridade para controlar e dirigir o comportamento organizacional. Conceito de eficácia organizacional: as organizações resistem enquanto forem capazes de manter a importação de um volume cada vez maior de energia do que possam devolver ao ambiente como produto. Organização como sistema de papéis: a organização fundamenta-se em papéis ou conjunto de atividades esperadas aos indivíduos. É uma estrutura de papéis. A Teoria dos sistemas acarretou para a ciência administrativa uma ampliação na visão dos problemas organizacionais se confrontando às abordagens mais antigas de sistema fechados. 98 UNIDADE 19- Teoria Contingencial CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer a Teoria Contingencial – sua origem, fundamentos e características. Compreender a visão contingencial da Administração. ESTUDANDO E REFLETINDO Teoria da Contingência A Teoria da contingência ou Teoria contingencial ressalta que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo depende. A abordagem contingencial comenta que existe uma relação funcional entre a estrutura do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização. As variáveis ambientais são independentes, enquanto as técnicas administrativas são variáveis dependentes no âmbito de uma relação funcional. Na realidade, não existe uma dependência direta entre essas variáveis independentes e dependentes, pois o ambiente não causa a ocorrência de técnicas administrativas. Em vez de uma relação de causa e efeito entre as variáveis do ambiente (independentes) e as variáveis administrativas (dependentes), há uma relação funcional entre elas. Essa relação funcional é do tipo “se então” e leva ao alcance eficaz dos objetivos da organização. A relação funcional entre as variáveis independentes e dependentes não sugere que haja uma relação de “causa e efeito”, pois a administração é ativamente dependente na prática da administração contingencial. O reconhecimento, diagnóstico e adaptação à situação são importantes, porém, eles não são suficientes. As relações funcionais entre as condições ambientais e as práticas administrativas devem ser continuamente identificadas e especificadas. 99 É com a Teoria da Contingência que ocorre o deslocamento da visão de dentro para fora da organização: a ênfase dada para o ambiente e as demandas ambientais sobre a dinâmica organizacional. Para a abordagem contingencial são as particularidades ambientais que modelam as características organizacionais, assim, não há uma maneira única e exclusiva de se organizar. Tudo depende das características ambientais essenciais para a organização. Essa visão relativista da teoria da contingência prova que as características da organização não dependem dela própria, mas das condições ambientais e da tecnologia que ela emprega. Os contingencialistas tiraram o ônus da evolução e desenvolvimento da empresa destinando uma maior responsabilidade nas características ambientais, afirmando que elas condicionam as características organizacionais, quando na verdade, mesmo com situações desfavoráveis e ambientes não tão agradáveis para se trabalhar é possível realizar um bom trabalho. Não se deve ficar condicionado apenas ao elemento ambiente, é preciso considerar o potencial evolutivo do funcionário e sua capacidade de adaptação e flexibilidade. 100 Ambiente Geral é o macroambiente, ou seja, o ambiente genérico e comum a todas as organizações. É constituído de um conjunto de condições que afetam todas as organizações e que podemos resumir em: Condições tecnológicas: que refletem estado atual da tecnologia na qual a empresa está inserida. Condições legais: que afetam diretamente ou indiretamente as organizações, tais como legislação comercial, trabalhista, fiscal, ambiental, civil etc. Condições políticas: cujas decisões tomadas em qualquer dos três níveis (federal, estadual ou municipal) influenciam as organizações. Condições econômicas: constituem a conjuntura que determina o desenvolvimento econômico, tais como: inflação, balança de pagamentos, distribuição de renda etc. 101 Condições demográficas: a taxa de crescimento, população, raça, religião, distribuição geográfica, distribuição por sexo etc. Determinam as características do mercado. Condições ecológicas: referem-se ao ecossistema na qual a organização está inserida. Condições culturais: a cultura dos povos penetra nas organizações através das expectativas de seus participantes e de seus consumidores. Apreciação Crítica da Abordagem Contingencialista A abordagem busca compreender as ações entre os subsistemas organizacionais, bem como entre a organização, o ambiente e a tecnologia e estabelecer padrões de relações. Ressalta a natureza variada das organizações e procura compreender como agem sob condições diferenciadas, procura orientar, na criação de estruturas e ações gerencias nas diversas situações e acredita que não existe uma melhor maneira de administrar uma empresa. Defende uma troca recíproca entre as teorias e não a aceitação de apenas uma como válida. Salienta a concepção do homem complexo frisando o ambiente e a tecnologia sem as tarefas, sem as pessoas e sem as estruturas. BUSCANDO O CONHECIMENTO 102 LAWRENCE E LORSCH fizeram uma pesquisa sobre o de frontamento entre organização e ambiente que marca o aparecimento da Teoria da Contingência. A denominação Teoria da Contingência derivou desta pesquisa. A pesquisa envolveu dez empresas em três diferentes meios industriais — plásticos, alimentos empacotados e recipientes (containers). Os autores concluíram que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e a integração. A diferenciação parte da relação que cada subsistema da organização tem unicamente com o que lhe é relevante. Se os ambientes específicos diferirem quanto as demandas que fazem, aparecerão diferenciações na estrutura e na abordagem empregadas pelas unidades ou subsistemas. Em outras palavras, do ambiente geral emergem ambientes específicos, cada um correspondendo a um ou mais subsistemas ou unidades da organização. O conceito de integração é justamente o oposto do conceito anterior. Integração refere- se ao processo gerado por pressões vindas do ambiente global da organização no sentido de alcançar unidades de esforços e coordenação entre os vários órgãos ou subsistemas. Segundo ainda os pesquisadores, os principais meios de integração encontrados nas empresas estudadas foram: 1. um sistema formal de coordenção para assegurar a integração; 2. relacionamento administrativo direto entre unidades (subsistemas); 3. hierarquia administrativa; 4. utilização de grupos interfuncionais em um ou mais níveis de administração; 5. provisão para relações especiais entre indivíduos e criação de uma unidade de integração. Esses meios de integração também são encontrados no Brasil, principalmente em organizações de razoável complexidade. Contudo, o item “e” é encontrado em um número mínimo de organizações e, via de regra, a preocupação do funcionário da área de recursos humanos é a de comunicar, por via oral, o regulamento da organização. Mas, enfim, existe. Texto disponível em: http://www.coladaweb.com/administracao/teoria-da-contingencia 103 UNIDADE 20- As Teorias na Era da Informação CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender a Era da Informação – seus fundamentos e características. Reconhecer a aplicabilidade das diversas teorias no contexto atual. ESTUDANDO E REFLETINDO Era da Informação (Após 1990): Tecnologia da Informação, globalização, ênfase nos serviços, rapidez nas mudanças, imprevisibilidade, instabilidade e incerteza. Nesta era, a ênfase é em: Produtividade. Qualidade. Competitividade. Cliente. Globalização. Era da Informação: nome dado ao período que sucede a Era Industrial, mais especificamente após a década de 1980, embora suas raízes tenham começado no início do século XX e, especialmente, na década de 1970, com invenções como o microprocessador, a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal. Peter Drucker, célebre consultor de empresas e autor de dezenas de livros sobre o assunto, foi o primeiro a chamar esse momento que estamos vivendo de Era da Informação. Hoje isso nos parece óbvio, mas na época foi muito significativo, pois o conhecimento já estava sendo mais valorizado do que o trabalho simplesmente operacional. Era da Informação na Empresa 104 A convivência no ambiente de trabalho passou por diversas mudanças nos últimos anos, percebida principalmente na década de 1980, graças ao vasto desenvolvimento da tecnologia. Essas mudanças refletiram diretamente na atuação dos recursos humanos, que enfrentaram o desafio instituído pela nova realidade: abandonar os processos burocráticos e de controle, como por exemplo, o controle rígido de frequência, para promover o crescimento da maior riqueza das organizações, as pessoas. Os primeiros passos a serem dados pelas companhias foram, portanto, investir nos processos para garantir os resultados. Aqueles que perceberam as pessoas como diferencial competitivo fez do RH a área responsável pela integração das estruturas internas e externas da empresa e tornaram-se exceções, destacando-se no mercado. Eles sabem que a chave do sucesso é pensar globalmente e agir localmente. Há uma tendência cada vez mais clara da adoção das tecnologias de informação e comunicação não somente pelas escolas, mas por empresas de diversas áreas, sobretudo com a propagação dos aparelhos digitais no cotidiano contemporâneo. No ambiente corporativo, onde as pessoas percorrem objetivos comuns, a necessidade de comunicação cresce cada vez mais. Em uma corporação, existem obstáculos culturais, sociais, tecnológicos, geográficos, temporais, dentre outros, que atrapalham a comunicação das pessoas, portanto um dos desafios de uma corporação é transpor esses obstáculos e a tecnologia é uma grande aliada nesse processo. A Era da Informação e do Conhecimento que vivemos nos revela um mundo novo, onde o trabalho humano é executado pelas máquinas, cabendo ao homem à função para a qual é insubstituível: ser criativo e ter boas ideias. Nas últimas décadas, a era da informação vem sendo suplantada pela onda do conhecimento. Já que a evolução da informação disponibilizada pelos meios 105 informatizados crescendo a cada dia, a questão agora está centrada em como gerir esse mundo novo. BUSCANDO CONHECIMENTO Cada um dos três séculos passados tem sido dominado por uma única tecnologia. O século XVIII foi a era dos grandes sistemas mecânicos acompanhado da Revolução Industrial. O século XIX foi à era da máquina a vapor. O século XX tem sido denominado como a era da informação. Associado a isto, temos testemunhado vários avanços tecnológicos em diversas áreas. Dentre elas, duas que têm causado significativo impacto sobre o modus vivendi das pessoas neste século são Computação e Telecomunicações. Neste cenário de avanços tecnológicos, deparamo-nos com uma carga de informações cada vez maior. Como podemos tirar proveito dessas tecnologias que colocam a nossa disposição um volume cada vez maior de informações? O ser humano, assim como as máquinas (e.g., o computador) possui limitações. Uma das limitações do ser humano é a memória que é discutida a seguir na seção. Além disso, o tempo disponível que as pessoas possuem é notavelmente cada vez mais escasso. Isto conduz à necessidade de buscar formas mais eficientes de coletar e processar apenas as informações necessárias no nosso cotidiano. É humanamente impossível digerir a imensa quantidade de informações colocadas à disposição das pessoas. Assim, a seção 2 trata do processo de customização, isto é poder a transformar um volume de informações numa forma mais adequada para o interesse particular de uma pessoa. 1. A Memória Humana O ser humano no seu processo de aprendizado passa por vários estágios de aprendizagem. Para cada estágio, tem-se associado uma maior propensão para o desenvolvimento de habilidades específicas. Concomitante com este fato 106 tem-se que a memória humana possui suas limitações, isto é, o indivíduo é apenas capaz de memorizar um número limitado de informações. A organização da memória humana é geralmente aceita como sendo compostos de três áreas distintas e conectadas. A memória de curta duração é responsável pelo recebimento e processamento inicial de informações. Adicionalmente, ela possui um acesso mais rápido e limitada capacidade de armazenamento. A memória de trabalho tem uma capacidade de armazenamento maior do que a de curta duração. Todavia, o seu tempo de acesso a informações (já armazenadas) é maior, comparado com a primeira. Quanto à memória de longa duração, que é aquela que retém todo o conhecimento de um indivíduo, possui um tempo de acesso (para recuperação de informações) muito maior comparado às demais. Ela também é conhecida como memória permanente. Contudo, desde que os seres humanos esquecem algumas coisas, tem-se que seus mecanismos de recuperação não são totalmente confiáveis. Em outras palavras precisamos alimentar nossos sentidos, como por exemplo, visão e audição a fim de fixarmos as informações recebidas. O ato de repetição da leitura (por exemplo) nos ajuda a fixar a informação lida, isto é, a informação é passada da memória de curta duração para memória de trabalho e, posteriormente, para a memória de longa duração (onde está armazenado o conhecimento do ser humano). Todavia, face a carga de informações cada vez maior a disposição das pessoas, estas agora estão precisando de um recurso que as auxilie na identificação do que é necessário no momento de necessidade. Então, entra em cena o processo de customização discutido abaixo. 2. Customização A era do acesso interativo on-line a repositórios (multimídia) de informações em todo mundo já chegou. Hoje o usuário, conectado a Internet, 107 tem a possibilidade de navegar no ciberespaço e acessar os mais diferentes tipos de informações. Dentro deste contexto, o processo de customização tem a finalidade de proporcionar ao indivíduo a facilidade de obter uma informação necessária quando necessário. Em outras palavras, customização significa transformar a informação entrante numa informação que seja adequada às necessidades de um indivíduo num determinado instante. Assim, a customização da informação ocorre imediatamente antes do uso dela. Como salientado anteriormente, à medida que mergulhamos cada vez mais na era da informação, está se tornando mais e mais aparente que a sociedade como um todo terá que se confrontar com um problema genérico da sobrecarga de informações. Isto vai nos compelir a buscar e usar técnicas que maximizem o tratamento das informações recebidas. A necessidade de armazenar e recuperar informações digitais coletadas de acordo com as necessidades do usuário, por exemplo, através da Internet, é apenas uma questão a ser considerada dentro deste contexto. Outro aspecto é a necessidadede ter a informação apresentada numa forma apropriada a necessidade do indivíduo no tempo necessário ao seu consumo. Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Bairro: Pq. Santa Cândida CEP: 13603-112 Araras / SP (19) 3321-8000 ead@unar.edu.br Rua Américo Gomes da Costa, 52 / 60 Bairro: São Miguel Paulista CEP: 08010-112 São Paulo / SP (11) 2031-6901 eadsp@unar.edu.br www.unar.edu.br 0800-772-8030 POLOS EAD http://www.unar.edu.br http://unar.info/ead2 http://www.unar.edu.br http://www.unar.edu.br Capa 1 - TGA - TEORIA GERAL DA ADMINISTRACAO (Formatada) Capa