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ADMINISTRAÇÃO TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Alessandra T. Marchi Batista Sandra Regina Ramos de Oliveira http://unar.info/ead2 1 PROGRAMA DA DISCIPLINA Teoria Geral da Administração Ementa: Teoria da Administração e sua Evolução Histórica, Abordagem Clássica, Abordagem Humanista, Abordagens Burocrática, Estruturalista e Neoclássica, Teoria Sistêmica e Contingencial, As Teorias da Administração na Era da Informação. OBJETIVOS Compreender a ciência da Administração, seu processo formativo, sua constituição, evolução e estruturação. Desenvolver uma concepção crítica do pensamento administrativo, sua evolução, seu significado para a empresa e para o administrador. Conhecer a evolução do pensamento administrativo, reconhecendo e identificando as várias correntes e a importância de cada uma. METODOLOGIA Adotamos para a disciplina Teoria Geral da Administração - TGA, uma metodologia que alia a teoria à prática, facilitada pelas atividades que permitam, a partir de exemplos, a coerência sobre a teoria e sua aplicação prática. AVALIAÇÃO No sistema EAD, a legislação estabelece a avaliação presencial, sem, no entanto, se definir como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço 2 predeterminados; diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 1) Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares; 2) Provas bimestrais realizadas presencialmente; 3) Trabalhos de pesquisa. As estratégias de recuperação incluirão: 1) Retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não satisfatoriamente dominados pelo aluno; 2) Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos conteúdos. Bibliografia Básica CHIAVENATO, I. Introdução á teoria geral da administração. São Paulo: Elsevier: Campus, 2011. MAXIMILIANO, A. C. Teoria geral da administração. São Paulo: Atlas, 2010. KWASNICKA, E.L. Teoria geral da administração: uma síntese. São Paulo: Atlas, 2011. Bibliografia Complementar BATEMAN, Thomas S. Administração: Novo Cenário Competitivo. São Paulo: Atlas, 2006. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1983. 3 ____________________. Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. ___________________. Administração nos novos tempos. 2ª edição. Rio de Janeiro: Campus, 2003. _____________________. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005. FRANCISCO FILHO, Geraldo; SILVA, Fabio Gomes da. Teorias da Administração Geral. Campinas: Alínea, 1ª. Edição, 2006. LACOMBE, F.J.M.; Heilborn, G.L.J. Administração: princípios e tendências. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. MARCONDES, Reynaldo Cavalheiro, BERNARDES, Cyro. Teoria Geral da administração: Gerenciando organização. São Paulo: Saraiva 2004. MAXIMIANO, Antonio César A. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. MAXIMIANO, Antonio César A. Teoria Geral da Administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. São Paulo: Atlas, 2008. MONTANA, P.J.C. ; BRUCE, H. Administração. São Paulo: Saraiva. 2010. MORAES, Anna Maris Pereira. Introdução à Administração. São Paulo: Prentice Hall, 2004. MOTTA, Fernando. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006. SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da Administração. - São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 2004. http://inovaemgestao.blogspot.com.br/2009/12/o-que-significa-administracao. .html>. Acesso em: 09/agosto 2012. http://cursodeeventos.blogspot.com.br/2011/08/fundamentos-da- administracao-de.html>. Acesso em: 05/ setembro 20012. 4 http://professoragiuliana.blogspot.com/2012_03_01_archive.html>. Acesso em: 03/ setembro 20012. http://www.famescbji.edu.br/famescbji/biblioteca/livros_adm/TGA.pdf>. Acesso em: 29/agosto 20012. http://tgasegsemestre.blogspot.com.br/>. Acesso em: 04/ setembro 20012. http://www.not1.xpg.com.br/revolucao-industrial-fatores-e-etapas- consequencias-sociais-economicas/> Acesso em: 29/agosto 20012. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVqgAA/introducao-a-teoria-geral- administracao>Acesso em: 24/agosto 20012. http://admgeraluninove.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html>Acesso em: 30/ agosto 20012. http://cassia-both.blogspot.com.br/2009/10/3-teoria-das-relacoes- humanas.html>Acesso em: 03/ setembro 20012. http://amigonerd.net/trabalho/2430-motivacao>Acesso em: 27/agosto 20012. http://www.portaladm.adm.br/Tga/tga84.htm>Acesso em: 18/ setembro 20012. 5 Sumário UNIDADE 1- Introdução, Definição e Conceitos de Administração .......................................... 7 UNIDADE 2- Teorias Administrativas .................................................................................................. 11 UNIDADE 3- As Influências Filosóficas, Religiosas e Militares ................................................... 16 UNIDADE 4- Influência da Revolução Industrial ............................................................................. 21 UNIDADE 5- Influência dos Economistas Liberais .......................................................................... 25 UNIDADE 6- Abordagem Clássica da Administração - Administração Científica e Teoria Clássica ........................................................................................................................................................... 30 UNIDADE 7- Organização Racional do Trabalho............................................................................ 35 UNIDADE 8- Princípios da Administração Científica ..................................................................... 41 UNIDADE 9- Diferença entre Administração e Organização ..................................................... 47 UNIDADE 10- Abordagem Humanística e Abordagem Neoclássica da Administração .. 52 UNIDADE 11- Funções Básicas da Organização Industrial ......................................................... 58 UNIDADE 12- Apreciação Crítica à Teoria das Relações ............................................................. 63 UNIDADE 13- Funções do Administrador ......................................................................................... 68 UNIDADE 14- Abordagem Burocrática .............................................................................................. 73 UNIDADE 15- Vantagens e Desvantagens da Burocracia ........................................................... 78 UNIDADE 16- Abordagem Estruturalista ........................................................................................... 83 UNIDADE 17- Abordagens Múltiplas da teoria Estruturalista ................................................... 88 UNIDADE 18- Teoria dos Sistemas em Administração ................................................................ 93 UNIDADE 19- Teoria Contingencial ..................................................................................................... 98 UNIDADE 20- As Teorias na Era da Informação............................................................................103 6 Apresentação da Disciplina Prezado aluno, Toda e qualquer organização tem a necessidade de uma prática administrativa que a conduza na busca de seus objetivos. Ao longo da históriafoi aparecendo uma ciência que visa auxiliar o processo de mediação para busca dos fins especificados. Esta ciência é a Administração, que com o passar do tempo foi se desenvolvendo vagarosamente, ao receber influência da filosofia, da igreja e das organizações militares. O processo de evolução da Administração fica mais intenso após a Revolução Industrial, e especialmente no século XX, surgindo várias teorias com pretensão de sistematizar o processo administrativo. Essas teorias agem nas mais diversas organizações, ainda que sejam idealizadas em cenários industriais e empresarias, atingiram a educação modificando a prática administrativa nas escolas. Cada uma das teorias tem um foco em certo ângulo da Administração. Para que se entenda esta ciência em sua plenitude, torna-se necessário relacionar as diversas abordagens, explorando uma perspectiva mais sistêmica e complementar em cada teoria. Professora Esp. Alessandra T. Marchi Batista Reformulação:Tutora Sandra Regina Ramos de Oliveira 7 UNIDADE 1- Introdução, Definição e Conceitos de Administração CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conceituar a Administração; Entender o papel do administrador nas organizações; Conhecer as habilidades e competências necessárias ao administrador; Conhecer as áreas de atuação do administrador. ESTUDANDO E REFLETINDO A sociedade humana é composta de organizações e essas de pessoas com sentimentos, ideias, aspirações, pensamentos, e todo um conjunto de situações e ações que viabilizam a existência dela. É a Administração que possibilita que as organizações sejam capazes de utilizar corretamente seus recursos e alcançar seus objetivos, transformando esses recursos em produtos e serviços com o objetivo de resolver problemas, conservando assim a movimentação das pessoas e da sociedade. A palavra Administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), constituindo a palavra de ordem no mundo das organizações. De maneira geral pode-se dizer que ela é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos, qualquer que seja o tipo da organização: setor primário, manufatura ou serviços. Dessa forma pode-se medir o nível de eficiência da Administração avaliando a maneira como os processos estão sendo executados. É importante manter-se sempre eficiente evitando retrabalhos e desperdícios diversos para a 8 manutenção de um bom Processo Administrativo. Veja o quadro abaixo sobre o que concerne à Administração: http://inovaemgestao.blogspot.com.br O número de definições para a Administração é tão extenso quanto à quantidade de livros escritos sobre o assunto. Vejamos então, definições específicas de autores renomados que servem como referência no estudo da Administração: Silva (2004) define administração como sendo um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais. Chiavenato (2000) define administração como o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos e 9 ainda complementa dizendo que a tarefa básica da Administração é a de fazer as coisas por meio de pessoas de maneira eficiente e eficaz. Maximiano (2008) define administração como sendo o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O processo administrativo abrange cinco tipos principais de decisões, também chamadas de processos ou funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle. A Administração vem sendo praticada de diversas formas desde os primórdios da civilização. Há quem acredite que é a mais antiga das profissões e é exercida desde que existem os primeiros agrupamentos humanos, porém não é raro ouvir que se trata de um novo campo. Habilidades do Administrador Lacombe (2003) define habilidade como sendo a capacidade que o ser humano tem de transformar os conhecimentos adquiridos em produtos ou serviços com o desempenho esperado, a partir do ensinamento praticado. Para obter um bom desempenho profissional, o administrador necessita ter três tipos de habilidades, que segundo o criador dessa tipologia, Katz (1955 apud CHIAVENATO, 2003), são de natureza: técnica, humana e conceitual. Habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para a realização de suas tarefas específicas, através de sua instrução, experiência e educação. Habilidade humana: consiste na capacidade e no discernimento para trabalhar com pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz. Habilidade conceitual: consiste na habilidade para compreender as complexidades da organização global e o ajustamento do comportamento da pessoa dentro da organização. Esta habilidade permite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos da 10 organização total e não apenas de acordo com os objetivos e as necessidades de seu grupo imediato. http://cursodeeventos.blogspot.com.br BUSCANDO O CONHECIMENTO Acesse o site: www.ebah.com.br/content/ABAAAAOaUAL/50 11 UNIDADE 2- Teorias Administrativas CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer a evolução das teorias administrativas. ESTUDANDO E REFLETINDO TEORIAS ADMINISTRATIVAS – Definição e Histórico Dentre os principais fatores que caracterizam os primórdios da Administração estão os fatos históricos, sociais, políticos e econômicos, criando- se o panorama das organizações do passado. O teor do estudo da Administração varia de acordo com a teoria ou escola analisada. Cada autor tende a abordar as características e assuntos típicos da orientação teórica de sua escola ou teoria. h ttp://professoragiuliana.blogspot.com.br 12 Chiavenato (2000) nos relata que a Teoria Geral da Administração (TGA) estuda a administração das organizações e empresas, visando à interação e interdependência entre as cinco variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia e ambiente. O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: cada um influencia e é influenciado pelos outros e cada um, provocou no seu tempo uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA. BUSCANDO O CONHECIMENTO À medida que a Administração confronta com novas situações, as doutrinas e teorias administrativas se adaptam, podendo até sofrer modificações ao longo dos anos para continuarem úteis e aplicáveis. Nesse contexto de mudanças e expansão podemos entender os gradativos passos da TGA no decorrer dos anos, que são mencionadas por meio de diferentes termos, explicados a seguir: Teorias são explicações, interpretações ou proposições sobre a administração e as organizações; Enfoque ou pensamento, também chamado de abordagem, é um aspecto particular das organizações, ou uma forma de estudá-las; Escola é uma linha de pensamento ou conjunto de autores que usaram o mesmo enfoque; Modelo de Gestão é um conjunto de doutrinas e técnicas do processo administrativo; Modelo de Organização é um conjunto de características que definem organizações e a forma como são administradas; Doutrina é um princípio de conduta que contém valores, implícitos ou explícitos. As doutrinas recomendam como agir, orientando os julgamentos e as decisões dos administradores; 13 Técnicas são soluções para problemas. Organogramas, metodologias, estudos de tempos, sistemas de controle são exemplos de técnicas. http://www.famescbji.edu.br Ainda que se diga que a Administraçãoé uma área nova, a novidade propriamente dita está na sistematização de seus conceitos e a complexidade que atingiram no passado recente as grandes organizações. Essa preeminência das organizações e sua importância para a sociedade moderna, bem como a necessidade de administradores competentes e capazes, está na base do desenvolvimento da Teoria Geral da Administração (TGA). A moderna Teoria Geral da Administração (TGA), que se estuda hoje, é formada por conceitos que surgiram e vêm-se aprimorando ao longo dos tempos, sendo muito mais antigos do que se imagina, por exemplo, a Bíblia relata que Moisés, estava o dia todo cuidando de causas pequenas que o povo lhe trazia. Então Jetro recomendou: procure homens capazes para serem líderes de 10, 100 e 1.000. Esta recomendação foi dada a Moisés há cerca de 3.500 anos. É tão antigo e continua atual. O estado atual da Teoria Geral da Administração e suas abordagens teóricas Agora, no século XXI, a Administração e as organizações estão passando por grandes transformações, as empresas privadas, em particular, atuam num cenário extremamente competitivo e necessitam aprimorar continuamente sua eficiência: fazer mais, com menor quantidade de recursos e em menor tempo. O conteúdo do estudo da Administração depende das características da teoria estudada, cada autor aborda as variáveis e os assuntos dentro da orientação técnica de sua teoria. Para fins de estudo, a Teoria da Administração pode ser dividida em várias correntes ou abordagens, levando-se em conta que 14 cada abordagem representa uma maneira específica de encarar a tarefa e as características do trabalho. Abordagem Clássica da Administração: Administração Científica. Teoria Clássica da Administração. Abordagem Humanística da Administração: Teoria das Relações Humanas. Abordagem Neoclássica da Administração: Teoria Neoclássica da Administração. Administração Por Objetivos (APO). Abordagem Estruturalista da Administração: Modelo Burocrático da Administração. Teoria Estruturalista da Administração. Abordagem Sistêmica da Administração: Teoria de Sistemas. Abordagem Contingencial da Administração: Teoria da Contingência. http://tgasegsemestre.blogspot.com.br 15 16 UNIDADE 3- As Influências Filosóficas, Religiosas e Militares CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer as influências filosóficas, religiosas e militares. ESTUDANDO E REFLETINDO A moderna Teoria Geral da Administração, que se estuda nos dias atuais, é formada por conceitos que surgiram e vêm-se reciclando há muito tempo, desde que os administradores do passado vivenciaram problemas práticos e precisaram de técnicas para resolvê-los. Os Primórdios da Administração – Antecedentes Históricos da Administração No decorrer da história da humanidade, observa-se que sempre existiu alguma forma de associação entre os homens para, através do esforço conjunto, alcançarem objetivos que, isoladamente não seriam possíveis. O processo de administrar está associado a qualquer situação em que haja pessoas fazendo o uso de recursos para atingir determinado objetivo. Dessa forma, embora rudimentares, podemos perceber que já havia a manifestação de administração. Maximiano (2000, p. 126), por volta de 10000 a 8000 a. C. na Mesopotâmia e no Egito, agrupamentos humanos que desenvolviam atividades extrativistas faziam uma transição para atividades de cultivo agrícola e pastoreio, iniciando-se a “Revolução Agrícola”. Nesse período surgem as primeiras aldeias, marcando-se a mudança da economia de subsistência para a administração da produção rural e a divisão social do trabalho. Ainda, de acordo com mesmo autor, no período compreendido entre 3000 e 500 a. C., a “Revolução Agrícola” evoluiu para a “Revolução Urbana”, surgindo às cidades e os Estados, demandando a criação de práticas administrativas. 17 Chiavenato (1983, p.18) faz referências às magníficas construções realizadas na Antiguidade no Egito, na Mesopotâmia, na Assíria, que indicam trabalhos de dirigentes capazes de planejar e orientar a execução de obras que ainda podemos observar. Também, através de papiros egípcios, foi possível verificar a importância da organização e administração da burocracia pública no Antigo Egito. Influência dos Filósofos Na Antiguidade, a Administração sofreu influência da Filosofia. Sócrates (470 a. C. -399 a. C) filósofo grego, em sua conversa com Nicomaquis expõe sua opinião sobre a administração: “Sobre qualquer coisa que um homem possa presidir, ele será, se souber do que precisa e se for capaz de provê-lo, um bom presidente, quer tenha a direção de um coro, uma família, uma cidade ou um exército. Não é também uma tarefa punir os maus e honrar os bons? Portanto, Nicomaquis, não desprezeis homens hábeis em administrar seus haveres...”. Platão (429 a. C. -347 a. C.) também filósofo grego, discípulo de Sócrates, preocupou-se com os problemas políticos pertinentes ao desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra, A República, exibe o seu ponto de vista sobre o tipo democrático de governo e de administração dos negócios públicos. Aristóteles (384 a. C. -322 a. C.), outro filósofo grego, discípulo de Platão, foi responsável pelo enorme impulso à Filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógica e Ciências Naturais, ampliando as expectativas do conhecimento humano para a sua época. Em seu livro “Política”, analisa e relata a organização do Estado, distingue as três formas de administração pública: Monarquia (ou governo de um só, que pode propiciar a tirania), Aristocracia (ou governo de uma elite, que pode desencadear uma oligarquia) e Democracia (ou governo do povo, que pode degenerar em anarquia). 18 Francis Bacon (1561-1626), filósofo e estadista inglês, considerado o fundador da Lógica Moderna, baseada no método experimental e indutivo. Antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como “principio da prevalência do principal sobre o acessório”. René Descartes (1596-1650), filósofo, matemático e físico francês, reconhecido como o fundador da Filosofia Moderna. Em seu livro “O Discurso do Método”, descreve os princípios do seu método filosófico, denominado o método cartesiano, que serviu de fundamento para a tradição cientifica do ocidente, como por exemplo, o princípio da divisão do trabalho, da ordem, do controle, etc. Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo e político inglês, prega o governo absoluto, decorrente de sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendem a conviver em guerra constante e conflito permanente para a obtenção de meios de subsistência. O Estado representa um acordo social que ao crescer alcança a extensão de um dinossauro, colocando em risco a liberdade de todos. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) responsável pela teoria do Contrato Social: O Estado surge de um acordo de vontades, Ele assegura que o homem é por natureza, bom e afável, sendo a vida em sociedade que o corrompe. Karl Marx (1818-1883) e seu parceiro Friedrich Engels (1820-1895) propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O aparecimento do poder político e do Estado consiste na dominação econômica do homem pelo homem. O marxismo foi a ideologia primária a afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade, em oposição aos ideais metafísicos. Com a Filosofia Moderna, a Administração deixa de ganhar contribuições e influências, uma vez que o campo de estudo filosófico afasta-se extraordinariamente dos problemas organizacionais. 19 BUSCANDO CONHECIMENTO Influência da Organização da Igreja Católica Ao longo dos séculos, as normas administrativas e princípios de organização pública foramse transferindo das instituições dos Estados para as instituições da Igreja Católica. Através dos séculos, a Igreja Católica alicerçou sua organização com uma hierarquia de autoridade, um estado-maior (assessoria) e a coordenação funcional para assegurar integração. A Igreja tem uma organização hierárquica muito simples e eficiente que a sua imensa organização mundial pode operar de maneira suficiente sob o comando de uma só cabeça executiva, o Papa. Dessa forma, a estrutura da organização eclesiástica serviu como exemplo para muitas organizações que, ávidas de experiências bem sucedidas, passaram a implantar uma grande quantidade de princípios e normas administrativas utilizadas na Igreja Católica. Influência da Organização Militar A organização militar influenciou consideravelmente o desenvolvimento das teorias da Administração por todos os tempos. A organização linear tem suas raízes na organização militar dos exércitos da Antiguidade e da época medieval. O principio da unidade de comando (onde cada subordinado só pode ter um superior) – é a essência das organizações militares. A escala hierárquica, ou seja, os escalões de graus de comando de acordo com o nível de autoridade e responsabilidade correspondente é a principal característica da organização militar utilizada em outras organizações. O conceito de hierarquia dentro do exercito é certamente tão antigo quanto a própria guerra, pois a ideia de um estado-maior sempre existiu para o exército. Contudo, o estado-maior formal como um quartel-general apareceu somente em 1665 com a Marca de Brandenburgo, precursor do exército prussiano. A evolução do princípio de assessoria e a constituição de um estado- maior geral ocorreram posteriormente na Prússia, com o Imperador Frederico II, 20 o Grande (1712-1786). Outra contribuição da organização militar é o princípio da direção, pelo qual todo soldado deve ter total conhecimento sobre o que se espera dele e o que ele deve efetivamente fazer. Mesmo Napoleão, o general mais autocrata da história militar, jamais deu uma ordem sem explicar o seu objetivo e ter certeza de que haviam entendido e compreendido corretamente, pois acreditava que a obediência cega nunca leva a um desempenho inteligente. No início do século XIX, Karl Von Clausewitz (1780-1831), general prussiano e reconhecido como o pai do pensamento estratégico, escreveu um tratado sobre a guerra e os princípios de guerra, recomendando como administrar os exércitos em períodos de guerra. Foi o grande inspirador de muitos teóricos da Administração que posteriormente se basearam na organização e nas estratégias militares para adaptá-las à organização e estratégia industriais. Clausewitz considerava a disciplina como uma condição básica para uma organização. Para ele, a organização demanda um rigoroso planejamento, no qual as decisões devem ser baseadas na ciência e não apenas na intuição. As decisões necessitam basear-se na probabilidade e não apenas na necessidade lógica. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar, podendo dessa maneira, minimizar essa incerteza. 21 UNIDADE 4- Influência da Revolução Industrial CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Entender qual foi o impacto que a Revolução Industrial exerceu sobre a Administração e seu surgimento. ESTUDANDO E REFLETINDO Influência da Revolução Industrial Com o invento da máquina a vapor por James Watt (1736-1819) e sua utilização junto à produção, temos um novo entendimento do trabalho, que modificou totalmente a estrutura social e comercial da época. Como consequência, percebemos profundas e rápidas mudanças de ordem econômica, política e social que, num lapso de aproximadamente um século, foram mais significativas do que as mudanças ocorridas no milênio anterior. A Revolução Industrial teve início na Inglaterra e é dividida em duas épocas distintas: 1780 a 1860: Primeira Revolução Industrial ou Revolução do Carvão e do Ferro. 1860 a 1914: Segunda Revolução Industrial ou Revolução do Aço e da Eletricidade. A primeira Revolução Industrial passou por quatro fases: 1. Mecanização da indústria e da agricultura: a máquina de fiar, o tear hidráulico, o tear mecânico e o descaroçador de algodão tomaram o lugar do trabalho muscular do homem, do animal ou da roda de água, tendo como resultado uma produção muito maior que os processos manuais. 2. Aplicação da energia motriz a indústria: a aplicação do vapor às máquinas transforma as oficinas em fábricas. 22 3. Desenvolvimento do sistema fabril: o artesão e sua pequena oficina deram lugar aos operários e às fábricas e usinas fundamentadas na divisão do trabalho, novas indústrias surgem em detrimento da atividade rural. A urbanização acontece, massas humanas migram do campo para as proximidades das fábricas. 4. Espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações: estradas de ferro, navegação a vapor, novos meios de transporte e de comunicação surgem rapidamente. O telégrafo elétrico, o selo postal e o telefone conduzem o imenso e profundo crescimento econômico, social, tecnológico e industrial. Chiavenato (2005, p.26) relata a segunda fase da Revolução Industrial a partir de 1860, provocada por três eventos: o processo de fabricação do aço (1856), o dínamo (1873) e o motor de combustão interna (1873). As características da Segunda Revolução Industrial são: 1- Substituição do ferro pelo aço. 2- Substituição do vapor pela eletricidade. 3- Desenvolvimento de maquinaria automática especialização do trabalho do operário. 4- Crescente domínio da indústria pela ciência. 5- Transformações radicais nos transportes e comunicações, marcadas pela produção de automóveis e em 1906, Santos Dumont faz sua experiência com o avião. 6- Novas formas de organização capitalista. O capitalismo industrial cedeu lugar ao capitalismo financeiro, que tem quatro características fundamentais. 6.1 – dominação da indústria pelas inversões de bancos e instituições financeiras e de crédito, como foi o caso da formação da United States Steel Corporation, em 1901, pela J.P. Morgan & Co. 23 6.2 - acumulação de capital, provenientes de trustes e fusões de empresas. 6.3 – separação entre a propriedade particular e a direção das empresas, 6.4 – o desenvolvimento das holding companies para integrar os negócios. 7 – expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente. A tranquilidade da produção do artesanato foi substituída pelo sistema de produção por meio de máquinas, dentro das grandes fábricas. Como consequência, houve uma brusca mudança provocada por dois aspectos, a saber: Transferência da aptidão do artesão para a máquina, para produzir de maneira mais rápida, em maior quantidade e com qualidade superior, permitindo a redução nos custos de produção. Substituição da força animal ou do músculo humano pela potência da máquina a vapor (e depois pelo motor), permitindo produção maior e economia. A maquinização das oficinas provocou fusões de pequenas oficinas, transformando-se com o decorrer do tempo em fábricas. A mecanização do trabalho teve como consequência a divisão do trabalho, substituindo todo o processo tradicional da produção por tarefas semiautomatizadas e repetitivas, não requerendo um conhecimento específico. Contudo, a Revolução Industrial, embora tenha provocado uma imensa transformação na estrutura empresarial e econômica na época, não chegou a influenciar diretamente o conceito e princípios da administração das empresas. Grande parte dos empresários ainda baseava suas decisões nos modelos da organização militar ou eclesiástica. A organização moderna nasceu com a Revolução Industrial, devido a vários fatores, como: 1. Quebra dos conceitos corporativos da Idade Média. 24 2. Desenvolvimentotecnológico e a aplicação dos progressos científicos à produção, a descoberta e aplicação de novas formas de energia e a grande ampliação de mercados. 3. Substituição da produção artesanal pela produção industrial. BUSCANDO O CONHECIMENTO Quadro Resumo dos Fatores e Características: http://www.not1.xpg.com.br A imagem vinculada não pode ser exibida. Talvez o arquivo tenha sido movido, renomeado ou excluído. Verifique se o v ínculo aponta para o arquivo e o local corretos. 25 UNIDADE 5- Influência dos Economistas Liberais CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer os precursores da Administração e como exerceram um importante papel na construção do pensamento administrativo. ESTUDANDO E REFLETINDO Influência dos Economistas Liberais Após o século XVII, as teorias econômicas eram baseadas na explicação dos fatos empresariais, no experimento diário e em noções do comércio da época. Ao final do século XVIII, os economistas clássicos liberais criam uma reação para o liberalismo que culmina com o evento da Revolução Francesa. A ideologia liberal emana do direito natural: a ordem mais perfeita. Os direitos econômicos são inalienáveis e necessita existir uma harmonia em todo o conjunto de indivíduos. Do ponto de vista do liberalismo, a vida econômica deve se manter afastada da influência estatal, porque o trabalho é regido por princípios econômicos e a mão de obra sujeita-se às mesmas leis da economia que conduzem o mercado de matérias primas ou comércio internacional. Dessa maneira, os operários estão totalmente a serviço dos patrões, que são os detentores dos meios de produção. A livre concorrência é o principal fator do liberalismo econômico e as ideias fundamentais dos economistas clássicos liberais compõem os germes do pensamento administrativo. Adam Smith (1723-1790) é o criador da economia clássica, cujo foco é a competição. As pessoas tendem a agir apenas em proveito próprio, mas os mercados sob o foco da competição trabalham de maneira espontânea, garantindo (por um mecanismo abstrato que chamava de “a mão invisível que 26 governa o mercado”) a utilização eficiente e eficaz dos recursos e da produção, sem demasia de lucros. Sob o ângulo do papel econômico do governo, além de garantir a lei e a ordem, também faz intervenção quando o mercado não existe ou não funciona em condições satisfatórias, ou seja, quando a competição livre não ocorre. Os princípios da especialização e da divisão do trabalho aparecem em seu livro “A Riqueza das Nações”, publicado em 1776. Ainda seguindo Smith, a raiz da riqueza das nações está na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, recomendando o estudo dos tempos e movimentos que, posteriormente, Taylor e Gilbreth iriam trabalhar e desenvolver como a base da Administração Científica. Adam Smith enfatizou a relevância do planejamento e da organização dentro das funções da Administração. Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engel (1820 – 1895), criadores do socialismo científico e do materialismo histórico, publicam em 1848 o Manifesto Comunista, livro que analisa e forma abrangente os regimes econômicos, sociais e políticos da época. O socialismo e o sindicalismo levam de “maneira obrigatória” o capitalismo ao caminho do aprimoramento dos meios de produção e a adequada remuneração. Surgem, então, os primeiros esforços no sentido de racionalização do trabalho como um todo. James Mill (1773-1836), economista liberal, recomentava em seu livro Elementos de Economia Política, publicado em 1826, uma gama de conceitos relacionados com os estudos de tempos e movimentos como forma de alavancar o crescimento da produção nas indústrias da época. David Ricardo (1772-1823) publica seu livro Princípios de Economia Política e Tributação, abordando temas como trabalho, capital, salário, renda, produção, preços e mercados. Influência dos Pioneiros e Empreendedores 27 O século XIX presenciou um monumental desfile de inovações e mudanças no cenário empresarial. O mundo e as empresas estavam mudando, as circunstâncias eram favoráveis para o aparecimento da teoria administrativa. Por volta de 1820, as estradas de ferro eram o maior “negócio empresarial”, que propeliram as ações de investimento e o ramo de seguros, e provocaram também o fato da urbanização, situação que gerou necessidades de habitação, alimentação, roupa, luz e aquecimento e o crescimento de empresas focadas no consumo. No ano de 1871, a Inglaterra era a maior potência econômica mundial. Os “criadores de impérios” (empire builders) integravam concorrentes, fornecedores e distribuidores e, junto com as empresas e instalações vinham também os antigos donos e empregados. Surgiam assim, os primeiros impérios industriais que se tornaram gigantescos demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo surgiram os gerentes profissionais, os primeiros organizadores preocupados mais com a fábrica do que com as vendas ou as compras. Na década de 1880, aparecem as empresas com organizações próprias de vendas, com vendedores treinados, iniciando a situação de “marketing” que temos hoje, tendo a organização do tipo funcional que seria adotada pelas demais empresas, a saber: 1. Departamento de produção para cuidar da manufatura de fábricas isoladas. 2. Departamento de vendas e escritórios distritais com vendedores. 3. Departamento técnico de engenharia para desenvolver produtos. 4. Departamento financeiro. Por volta de 1889, as empresas acumulavam instalações e pessoal em quantidades muito além do necessário para ganhar mercados novos. Os custos 28 precisavam ser reduzidos e a estrutura funcional deveria coordenar a fabricação, a engenharia, as vendas e as finanças. As maneiras de reduzir custos diminuíram e as margens de lucro também, o mercado se saturou e as empresas galgavam novos mercados, objetivando a diversificação de produtos. A antiga estrutura funcional começou a emperrar. Surge assim, a empresa multidepartamental e integrada. A próxima fase foi controlar o mercado de distribuição, suprimindo os intermediários, para assim vender mais barato ao consumidor e não precisar do trabalho de atacadistas. Entre 1890 e 1900, houve uma série de fusões de empresas, a mais famosa foi a criação da U.S. Steel Corporation, uma transação de bilhões de dólares. O pioneiro da indústria frigorífica, Gustavus Swift, criou uma tática para concretizar a fabricação, adiantando-se para a distribuição própria e voltar para a fase do controle da matéria prima. Com a integração vertical, a indústria frigorífica tornou-se um oligopólio. Vários pioneiros da indústria manufatureira adotaram as ideias de Swift na sistematização de seus impérios industriais. No início do século XX, grandes empresas fraquejaram financeiramente, dirigir grandes corporações deixou de ser uma habilidade pessoal. Criavam-se as condições para a revelação dos organizadores que substituíram os capitães das indústrias (pioneiros e empreendedores). Chegou a era da competição e da concorrência como consequência de fatores como: 1. Desenvolvimento tecnológico. 2. Livre Comércio. 3. Mudanças dos mercados vendedores para mercados compradores. 4. Aumento da capacidade de investimento de capital. 5. Rapidez do ritmo de mudança tecnológica que reduz custos de produção. 6. Crescimento dos negócios e das empresas. 29 Tais fatores contribuíram para a melhora da prática empresarial e o surgimento da Teoria Administrativa. A Revolução Industrial deu início à Era Industrial que dominou o mundo até o final do século XX e distinguiu os países industrializados (mais avançados) dos países não industrializados (emergentes e subdesenvolvidos). E também distinguiu as organizações, em grupos das “bem administradas” e das “mal administradas”.BUSCANDO O CONHECIMENTO Para saber mais, acesse o site: http://ziniadministrador.blogspot.com.br/2012/04/influencia-dos-economistas- liberais-na.html 30 UNIDADE 6- Abordagem Clássica da Administração - Administração Científica e Teoria Clássica CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender a Administração Científica, bem como seu principal representante. Compreender a Teoria Clássica, suas características e seu representante. ESTUDANDO E REFLETINDO Origens da Abordagem Clássica da Administração Suas origens remontam à Revolução Industrial e suas consequências, o que causou o crescimento acelerado e desorganizado das empresas e a necessidade de aumentar a produção de bens, melhorando a eficiência e aumentando a competitividade. Nesse período inicia-se a produção em massa, dominada pelos monopólios, principalmente nos Estados Unidos, ocasionando o aumento da quantidade de assalariados nas indústrias. Tornou-se urgente evitar o desperdício de materiais (insumos) e programar a economia de mão de obra. Surge à divisão do trabalho, criam-se os padrões de produção, determinam-se as funções, criando-se assim, condições econômicas e técnicas para o surgimento do taylorismo e fordismo. No início do século XX, dois engenheiros desenvolveram os primeiros trabalhos sobre a Administração. Um era americano, Frederick Winslow Taylor, que encetou a chamada Escola da Administração Científica cujo foco era aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho operário. O outro era europeu, Henri Fayol, que desenvolveu a chamada Teoria Clássica, preocupada em aumentar a capacidade da empresa por meio de sua organização e do emprego de princípios gerais da Administração em bases científicas. Ainda que ambos 31 tenham partido de pontos de vista diferentes e até opostos, suas ideias constituem as bases da chamada Abordagem Clássica da Administração, cujas suposições dominaram as quatro primeiras décadas do século XX no cenário administrativo das organizações. A Abordagem Clássica da Administração se divide em duas correntes: Administração Científica (Taylor) e Teoria Clássica (Fayol). Segue breve histórico: A Escola da Administração Científica teve seu início nos Estados Unidos pelo engenheiro Frederick W. Taylor, tendo vários seguidores como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, dentre outros, e incitou uma verdadeira revolução no pensamento e nos conceitos de administração no mundo industrial da sua época. Sua preocupação inicial era diminuir o desperdício e as perdas ocasionadas nas indústrias americanas e aumentar o nível de produtividade utilizando-se de métodos e técnicas da engenharia industrial; para tal, era necessário também elevar o nível dos operários. Daí a ênfase nas tarefas, ou seja, na análise e na divisão do trabalho do operário, pois as ocupações do cargo e seu titular constituem a unidade fundamental da organização. Teoria Clássica teve seu início na França, pelo engenheiro Henri Fayol, tendo como expoentes: Mooney, Urwick, Gulick dentre outros. A preocupação principal era aumentar a produção e a eficiência da indústria, focando a disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos) e de suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase na estrutura (baseada nos conceitos da anatomia e da fisiologia) da organização, predominando a departamentalização e elementos da administração. Administração Científica – Arrumando o chão de fábrica 32 O nome Administração Científica é decorrente da tentativa de empregar os métodos da ciência aos problemas da Administração, atingindo excelente ação industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da administração são a observação e a mensuração. BUSCANDO O CONHECIMENTO A Obra de Taylor Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o criador da Administração Científica, nasceu na Filadélfia, nos Estados Unidos. Pertencente à uma família “quaker”, com princípios rígidos, cuja educação foi baseada na disciplina, devoção ao trabalho e poupança., sua experiência profissional foi iniciada na função de operário, galgando degraus, passando pelas funções de capataz, contramestre até alcançar o topo, como engenheiro. Nesse momento histórico da produção, estava em moda o sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Podemos dividir a atuação de Taylor em dois períodos, a saber: Primeiro Período de Taylor No primeiro período, Taylor tem a publicação de seu livro “Shop Management” (Administração de Oficinas), resultado do estudo de tempos e movimentos, técnicas racionais do trabalho, analisando cada movimento do operário. Taylor percebeu que o operário “médio”, tinha potencial, porém sua produção limitava-se ao mínimo necessário. Nesse momento, Taylor sente a necessidade de criar condições de pagar mais para o operário que produzir mais, sua teoria seguiu em caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Taylor expõe que: O objetivo de uma boa Administração é pagar bons salários e ter baixos custos na de produção. Para alcançar tal objetivo, a Administração deve empregar os métodos científicos de pesquisa e experimentação, para assim, 33 formular princípios e estabelecer processos padronizados que possibilitem o controle de operações fabris. Os empregados precisam ser cientificamente selecionados e alocados, garantindo que as condições de trabalho sejam adequadas e que as normas sejam cumpridas. Os empregados devem ser cientificamente instruídos para aperfeiçoar suas aptidões e, dessa maneira, realizar uma tarefa de modo que a produção normal seja cumprida. Uma atmosfera de cooperação dever ser cultivada entre a Administração e os trabalhadores, garantindo a continuidade desse ambiente psicológico que permita a aplicação dos princípios mencionados. Segundo Período de Taylor Nesse segundo período, desenvolveu seus estudos sobre a Administração Geral, e publicou o livro “Princípios de Administração Científica”, baseado na racionalização do trabalho operário, que deveria ser baseado na estruturação geral, sem deixar, contudo sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor afirmava que as indústrias de sua época padeciam de três males: 1. Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam intencionalmente a produção, para evitar a redução de salários pela gerência. Segundo Taylor, há três causas determinantes da vadiagem no trabalho: a. O engano de que um rendimento maior do homem e da máquina terá como resultado o desemprego de parte dos operários; b. O sistema anormal de Administração que obriga os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; 34 c. Os métodos empíricos ineficientes, aplicados nas empresas, que levam o operário a desperdiçar grande parte do seu esforço e do seu tempo. 2. Ignorância por parte da gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. 3. Falta de padronização das técnicas ou métodos de trabalho. Para corrigir esses três problemas, idealizou o seu famoso sistema de Administração que denominou “Scientific Management”, também conhecido como: Administração Científica, ou Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. A Administração Como Ciência Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A importância de Taylor está no fato de encarar ordenadamente o estudo da organização. Foi o pioneiro na tarefa de analisar o trabalho, os tempos e os movimentos, definir padrões de execução, treinar operários, especializar o pessoal, inclusive especialização da gerência. Foi o pioneiro em adotar umamaneira metódica de analisar e organizar o trabalho da base até o topo da organização. Tudo isso eleva Taylor a uma altura não comum no campo da organização. A Administração Científica preocupa-se com moldes de produção, padronização de máquinas e ferramentas, métodos e rotinas para execução de tarefas e prêmios de produção para impulsionar a produtividade. O princípio da máxima prosperidade para o patrão atrelada à máxima prosperidade para o empregado denota que deve haver uma analogia de interesses entre empregados e empregadores. 35 UNIDADE 7- Organização Racional do Trabalho CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer os métodos científicos que deram origem à Organização Racional do Trabalho. ESTUDANDO E REFLETINDO Taylor constatou que os operários aprendiam suas tarefas por meio da observação dos companheiros. Observou que essa situação resultava em diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma ampla variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Esses instrumentos e ferramentas necessitam ser aprimorados por meio da análise científica e um detalhado estudo de tempos e movimentos. Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos ganhou o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). A Organização Racional do Trabalho (ORT) se baseia em: Estudo dos Tempos e Movimentos: o trabalho é realizado melhor por meio da divisão e subdivisão de todos os movimentos imprescindíveis à execução de cada operação de uma tarefa. Metódica e pacientemente analisando a realização das tarefas de cada operário, Taylor percebeu a possibilidade de decompor as tarefas em uma série determinada de movimentos simples. Os movimentos inúteis eram abolidos enquanto os movimentos úteis eram simplificados, racionalizados ou unidos com outros movimentos, para proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. A análise do trabalho observava a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a realização total da tarefa, por meio do uso do cronômetro. Nesse tempo médio eram acrescentados tempos essenciais e mortos (esperas, tempos de saída do 36 operário da linha para suas necessidades pessoais, etc.) para se chegar ao chamado "tempo padrão". Dessa maneira, padronizava-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. Os objetivos do estudo de tempos e movimentos são: 1. Eliminação de todo o desperdício de esforço humano e movimentos desnecessários. 2. Racionalização da seleção e adequação dos operários à tarefa. 3. Facilidade no treinamento dos operários e progresso da eficiência e rendimento da produção pela especialização das atividades. 4. Divisão uniforme do trabalho para eliminar falta ou excesso de trabalho. 5. Estabelecimento de regras de execução do trabalho. 6. Base uniforme para salários equitativos e prêmios de produção. Estudo da Fadiga Humana: O estudo dos movimentos fundamenta-se na anatomia e fisiologia humanas. Foram realizados estudos estatísticos sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário. O estudo dos movimentos tem três finalidades: 1. Eliminar movimentos desnecessários na realização de uma tarefa. 2. Executar os movimentos úteis com a máxima economia de esforço e tempo. 3. Adequar uma seriação e economia aos movimentos. Em suma, a fadiga é avaliada um redutor da eficiência. Para reduzir a fadiga, foram estabelecidos princípios de economia dos movimentos relativos ao uso do corpo humano, na acomodação do material no local de trabalho e às ferramentas e equipamentos. Divisão do Trabalho e Especialização do Operário: Uma das consequências do estudo dos tempos e movimentos foi à divisão do trabalho e a especialização do operário a fim de alçar sua produtividade. Dessa maneira, cada operário se especializou na execução de uma única 37 tarefa ou de tarefas simples e elementares. A linha de montagem foi sua fundamental base de aplicação. Essas ideias tiveram acelerada aplicação na indústria americana e estenderam-se rapidamente a todos os demais países e a todos os ramos de atividades. A partir daí, o operário perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer o seu modo de trabalhar e passou a ser instruído à execução mecânica e repetitiva, durante toda a sua jornada de trabalho. A ideia fundamental era de que a eficiência aumenta com a especialização: quanto mais especializado for um operário, tanto maior será a sua eficiência. Desenho de Cargos e Tarefas: O desenho de cargos é o modo pelo qual um cargo é criado, projetado e associado com outros cargos para a execução das tarefas. A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens: 1. Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores diminuindo os custos de produção. 2. Minimização dos custos de treinamento. 3. Redução de falhas na execução, diminuindo os refugos e rejeições. 4. Facilidade de supervisão, pois cada supervisor pode controlar um número maior de subordinados. 5. Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade. Incentivos Salariais e Prêmios de Produção: Depois de analisado o trabalho, racionalizadas as tarefas e padronizado o método e o tempo para sua realização, selecionado cientificamente o operário e treinado de acordo com a metodologia preestabelecida, necessitava-se que o empregado contribuísse com a empresa adequando-se dentro dos padrões definidos. Para isso foi desenvolvido um programa de incentivos salariais e de prêmios de produção. 38 A ideia central era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não incentivava nenhum operário a trabalhar mais e deveria ser alterada para remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produzisse pouco ganharia pouco e o que produzisse mais, ganharia na proporção de sua produção. Era imprescindível um estímulo salarial suplementar para que os operários ultrapassassem o tempo padrão. Era necessário instituir um incentivo salarial ou prêmio de produção. O tempo padrão, isto é, o tempo médio necessário para o operário executar a tarefa, indica o nível de eficiência equivalente a 100%. Acima de 100% de eficiência, a remuneração por peça era adicionado um prêmio de produção ou incentivo salarial adicional que aumentava à medida que se elevava a eficiência do operário. Com o plano de incentivo salarial, se alcançou um custo de produção cada vez mais reduzido e, como consequência, maior produtividade e maior rendimento. Conceito de Homo Economicus: Junto com a Administração Cientifica implantou-se o conceito de homo economicus, ou seja, do homem econômico. De acordo com esse conceito, todo indivíduo é influenciado unicamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Dessa maneira, o homem busca o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida. O homem é motivado a trabalhar pelo receio de passar fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Esse ponto de vista da natureza humana - o homem econômico - não se restringia apenas a ver o homem como um empregado por dinheiro, pior ainda: via no operário da época, um indivíduo limitado e mesquinho, preguiçoso e responsável pela vadiagem e desperdício das empresas e que necessitava ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. Condições De Trabalho: Taylor e seus seguidores constataram que a eficiência depende não apenas do método de trabalho e do incentivo 39 salarial, mas também de diversas condições de trabalho que assegurem o bem-estar físico do trabalhador e atenuem a fadiga. As principais condições de trabalho são: 1. Adaptação de ferramentas de trabalho e de materiais de produção para minimizar o esforço do trabalhadore a perda de tempo na execução da tarefa. 2. Disposição física das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo da produção. 3. Melhora do ambiente físico de trabalho de modo que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não diminuam a eficiência do trabalhador. 4. Projeto de materiais e equipamentos especiais, como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para restringir movimentos desnecessários. Com a Administração Cientifica, as condições de trabalho passam a compor elementos importantes no crescimento da eficiência. O conforto do operário e a melhora do ambiente físico (iluminação, ventilação, ruído, aspectos visuais da fábrica etc.) passam a ser evidenciados e valorizados, não porque as pessoas o merecessem, mas porque eram fundamentais para a obtenção da eficiência do trabalhador. Padronização: Organização Racional do Trabalho (ORT) se atentou aos planos de incentivos salariais. Preocupou-se também com a padronização dos processos e metodologias do trabalho, com a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho e matérias primas, a fim de diminuir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e dessa maneira, abolir o desperdício e aumentar a eficiência. Padronização é a aplicação de normas e padrões em uma organização para obter uniformidade e redução de custos. A 40 padronização passa a ser essencial para a Administração Cientifica na melhoria da eficiência. Supervisão Funcional: a especialização do operário deve ser associada à especialização do supervisor. Taylor era contrário à centralização da autoridade e sugeria a supervisão funcional, onde há a existência de vários superiores, cada qual especializado em determinada área. 41 UNIDADE 8- Princípios da Administração Científica CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: conhecer os princípios da administração e as funções administrativas. ESTUDANDO E REFLETINDO Para racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador, os engenheiros da Administração Científica determinaram princípios para serem executados a todas as situações. Um princípio é uma afirmação adequada para uma determinada situação; é uma previsão do que deverá ser feito quando acontecer à situação. Para Taylor, os princípios da Administração Científica são: 1. Princípio de Planejamento: Substituir a improvisação pela ciência, aplicando o planejamento do método. 2. Princípio de Preparo: Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas capacidades, preparando-os e treinando-os para produzirem mais e melhor. Preparar também máquinas e equipamentos através do arranjo físico e disposição racional das ferramentas e materiais. 3. Princípio de Controle: Controlar o trabalho para se assegurar de que está sendo realizado conforme o previsto. 4. Princípio de Execução: Dividir as atribuições e responsabilidades, para que a execução do trabalho seja realizada pelos operários. Princípios Básicos de Ford Henry Ford (1863-1947) iniciou sua carreira profissional como mecânico, chegando ao cargo de engenheiro-chefe de uma fábrica. Arquitetou e projetou um modelo de carro e fundou, em 1903, a Ford Motor Co. Seu ideal era fabricar 42 carros - antes artesanais e designados a poucos milionários – a preços populares, fazendo parte de um plano de vendas e assistência técnica. Revolucionou a estratégia comercial da época. Ford, talvez o mais conhecido de todos os precursores da moderna Administração, amealhou uma das maiores fortunas do mundo graças ao contínuo aperfeiçoamento de seus métodos, processos e produtos. Ford adotou três princípios básicos: 1. Princípio de intensificação: consiste em reduzir o tempo de produção empregando equipamentos e matéria prima e a colocação imediata do produto no mercado. 2. Princípio da economicidade: consiste em reduzir ao mínimo a quantidade do estoque da matéria prima em transformação. A velocidade da produção deve ser rápida. 3. Princípio da produtividade: consiste em aumentar o rendimento de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O processo se caracteriza pela aceleração da produção por meio de um trabalho ritmado, coordenado e econômico. O operário ganha mais e o proprietário da fabrica tem maior produção. Entre 1905 e 1910 Ford fomentou a grande inovação do século XX: a produção em massa. Ainda que não tenha inventado o automóvel e nem mesmo a linha de montagem, Ford inovou na organização do trabalho: a produção com maior número de produtos prontos com a maior segurança em qualidade e pelo menor custo possível. Em 1913 já produzia 800 carros por dia. Em 1914, partilhou com seus empregados uma parte do controle acionário da empresa. Estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas, quando na época, a jornada variava entre dez e doze horas. Empregou um sistema de 43 concentração vertical, fabricando desde a matéria prima até o produto final, pronto. Por meio da racionalização da produção, planejou a linha de montagem, que possibilitou a produção em série. O produto é padronizado, no material, na mão de obra, no maquinário, atingindo o mínimo de custo possível. A condição prévia, necessária e suficiente é a propensão de consumo em massa, seja real ou potencial. Daí os preços baixos: um carro por 500 dólares. A produção em massa fundamenta- se na simplicidade. Apreciação Crítica da Administração Científica A obra de Taylor e seus seguidores é passível de críticas. Essas críticas não atenuam o mérito de verdadeiros pioneiros e desbravadores da então nascente Teoria da Administração. Naquela época, a ideia e os preconceitos tantos dos dirigentes quanto dos operários, a falta de conhecimento sobre a administração, a pequena experiência industrial que não oferecia condições mínimas de formulação de hipóteses para a solução dos problemas da empresa, tudo isto não permitia o apropriado suporte para a criação de conceitos rigorosos e mais fundamentados. As principais críticas à Administração Científica são: mecanicismo da Administração Científica; superespecialização do operário; visão microscópica do homem; ausência de comprovação científica; abordagem incompleta da organização; limitação do campo de aplicação; abordagem prescritiva e normativa; abordagem de sistema fechado e pioneirismo na Administração. Teoria Clássica da Administração – Organizando a Empresa. Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Cientifica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França e expandia-se rapidamente pela Europa a Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Cientifica apresentava ênfase na tarefa executada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização precisaria possuir para ser eficiente. O objetivo das duas teorias era o mesmo: a 44 busca da eficiência das organizações. De acordo com a Administração Cientifica, essa eficiência era obtida por meio da racionalização do trabalho do operário e na somatória das eficiências individuais, utilizando-se de uma microabordagem ao nível individual de cada operário à tarefa, em uma visão analítica e detalhista. Na Teoria Clássica, partia-se de todo organizacional e da sua estrutura para assegurar a eficiência das partes envolvidas, sejam elas órgãos (como seções, departamentos, etc.) ou pessoas (os executores de tarefas). A visão é bastante dilatada no nível da organização em relação à sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da organização constitui, sem dúvida nenhuma, um considerável crescimento do objeto de estudo da TGA. Fayol, um engenheirofrancês, criador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma visão sintética, global e universal da empresa, implantando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente superou a abordagem analítica e concreta de Taylor. A Obra de Fayol Henri Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, vivendo os efeitos da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial, formou-se em engenharia de minas e entrou para uma empresa e carbonífera onde fez sua carreira. Apresentou sua Teoria de Administração no livro Administration lndustrielle et Générale, publicado em 1916. BUSCANDO O CONHECIMENTO As Funções da Empresa: Fayol frisa que toda empresa apresenta seis funções, a saber: 1. Funções técnicas: pautadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. 2. Funções comerciais: pautadas com a compra, venda e permutação. 3. Funções financeiras: pautadas com a procura e gerência de capitais. 45 4. Funções de segurança: pautadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. 5. Funções contábeis: pautadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções administrativas: pautadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas ordenam e sincronizam todas as demais funções da empresa, estando acima delas. Segundo Fayol, as funções administrativas implicam o envolvimento dos cinco elementos da Administração: Prever: antecipar o futuro e delinear o programa de ação. Organizar: estabelecer o duplo organismo material e social da empresa. Comandar: conduzir e orientar o pessoal. Coordenar: ligar, juntar, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos. Controlar: conferir se tudo ocorre de acordo com as regras e ordens instituídas. http://admgeraluninove.blogspot.com.br 46 Esses são os elementos da Administração que compõem o chamado Processo Administrativo, podemos perceber sua presença no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Ou seja, o diretor, o gerente, o chefe ou o supervisor, desempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle. Proporcionalidade das Funções Administrativas Para Fayol há uma proporcionalidade da função administrativa, ou seja, ela se divide por todos os níveis da hierarquia da empresa e não é exclusiva da alta cúpula, ou seja, a função administrativa não se centraliza apenas no ápice da empresa, é difundida proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos. 47 UNIDADE 9- Diferença entre Administração e Organização CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Compreender a diferença entre Administração e Organização. ESTUDANDO E REFLETINDO Diferença entre Administração e Organização Ainda que reconhecendo o uso da palavra Administração como sinônimo de organização, Fayol faz uma diferenciação entre elas. Para ele, Administração é um todo do qual a organização é uma das partes. O conceito amplo e compreensivo de Administração – como um conjunto de processos entrosados e unificados - abrange aspectos que a organização por si só não envolve, tais como os da previsão, comando e controle. A organização abrange apenas a definição da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração, Rio, 2005, p.66. Os 14 Princípios Gerais da Administração, segundo Fayol, são: 1. Divisão do trabalho: apoia-se na especialização das tarefas e das pessoas para elevar a eficiência. 2. Autoridade e responsabilidade: Autoridade é o poder de dar ordens e esperar obediência. A responsabilidade é um efeito decorrente da autoridade e significa a obrigação de prestar contas. Ambas devem estar equilibradas entre si. 3. Disciplina: Vinculado à obediência, aplicação, energia, conduta e respeito aos acordos estabelecidos. 4. Unidade de comando: Todo empregado deve receber ordens e orientações de um único superior. É o princípio da autoridade singular. 5. Unidade de direção: Uma cabeça e um programa para cada conjunto de atividades que busquem o mesmo objetivo. 48 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais: Os interesses globais da empresa devem sobrepor-se aos interesses peculiares das pessoas. 7. Remuneração do pessoal: Há de existir garantida e justa satisfação, tanto para os empregados como para a organização em termos de retribuição. 8. Centralização: A autoridade concentra-se no topo da hierarquia da organização. 9. Cadeia escolar: É o curso percorrido da autoridade, que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando. 10. Ordem: Um espaço para cada coisa e cada coisa em seu devido lugar. É a ordem material e humana. 11. Equidade: Amabilidade e justiça para conquistar a lealdade do pessoal. 12. Estabilidade do pessoal: A rotatividade do pessoal é nociva para a eficiência da empresa. Quanto mais tempo uma pessoa continuar no cargo, tanto melhor para a organização. 13. Iniciativa: A capacidade de compor um plano e garantir pessoalmente o seu sucesso. 14. Espírito de equipe: A harmonia e relacionamento entre as pessoas são grandes forças para a organização. Contudo, a Teoria Clássica caracteriza-se pela sua abordagem prescritiva e normativa, e prescreve as funções do administrador, juntamente com os princípios gerais que o administrador deve seguir. Teoria da Organização A Teoria Clássica idealiza a organização como uma estrutura de órgãos e cargos, com uma forma e arranjo das partes, além do inter-relacionamento entre essas partes. Esse modo de conceber a estrutura organizacional é motivado pelas concepções antigas de organização (como a organização militar e eclesiástica) tradicionais, rígidas e hierarquizadas. Nessa perspectiva, a Teoria Clássica não se desprendeu do passado. Ainda que tenha colaborado para tirar 49 a organização industrial do caos primitivo que enfrentava em decorrência da Revolução Industrial, a Teoria Clássica pouco progrediu em termos de teoria da organização. A estrutura organizacional compõe uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que relaciona as posições da organização, interligando-as, e estipula quem se subordina a quem. A cadeia de comando (ou cadeia escalar) fundamenta-se no princípio da unidade de comando, que determina que cada empregado se reporte a um só superior. Na Teoria Clássica, a estrutura organizacional é analisada de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo para as partes (da síntese para a análise), ao contrário do enfoque da Administração Científica. Autoridade de staff é o tipo de autoridade conferida aos especialistas de staff em seu campo de atuação e de prestação de serviços. Essa autoridade de staff é menor e compreende o direito de aconselhar, recomendar e orientar, os especialistas de staff aconselham os gerentes em suas áreas de especialidade. Princípios de Administração Para os autores clássicos não basta expor os elementos da Administração que servem como base para as funções do administrador. É preciso seguir adiante e constituir as condições e normas dentro das quais as funções do administrador devem ser colocadas em prática. O administrador deve acompanhar certas regras de comportamento, princípios gerais que permitem desempenhar suas funções de planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar. Apreciação Crítica da Teoria Clássica As críticas à Teoria Clássica são abundantes e generalizadas. Todas as teorias posteriores da Administração se atentaram em apontar falhas, distorções e omissões nesse enfoque que representou por vários anos o modelo para as organizações. Entretanto, a Teoria Clássica compõe a base fundamental de todas as teorias administrativas posteriores.50 BUSCANDO O CONHECIMENTO As principais críticas à Teoria Clássica são: 1. Abordagem Simplificada da Organização Formal: os autores clássicos percebem a organização em termos lógicos, formais, rígidos e abstratos, sem levar em consideração o seu conteúdo psicológico e social com a devida importância. Os autores clássicos partem da hipótese de que a simples aplicação dos princípios gerais de administração (a divisão do trabalho, a especialização, a unidade de comando e a amplitude de controle) proporciona uma organização formal, capaz de conceder-lhe a máxima eficiência possível. Trata-se de uma abordagem extremamente simples da organização formal. Daí, a crítica quanto a essa visão simplória e limitada da atividade organizacional. Porém, a preocupação com a estrutura da organização consiste em uma imensa ampliação do objeto de estudo da TGA. 2. Ausência de Trabalhos Experimentais: Suas afirmações não se sustentam quando colocadas em experimentação. A situação de denominarem “princípios” a muitas das suas proposições é reprovado, chamado até de procedimento presunçoso. 3. O Extremo Racionalismo na Concepção da Administração: Os autores clássicos preocupam-se com a colocação racional e lógica das suas proposições, colocando em risco a clareza das suas ideias. O abstracionismo e o formalismo são criticados por incitar a análise da Administração à superficialidade, à simplificação e à falta de realismo. A persistência sobre a concepção da Administração com um conjunto de princípios universalmente aplicáveis provocou a Denominação Escola Universalista. 51 4. Teoria da Máquina: A Teoria Clássica ganha o nome de teoria da máquina pelo fato de analisar e avaliar a organização sob a óptica do comportamento mecânico de uma máquina. A empresa deve ser organizada tal como uma máquina. Os padrões administrativos de Taylor e Fayol correspondem à divisão mecanicista do trabalho, em que a divisão de tarefas é a essência do sistema. Essa visão mecânica, lógica e determinística da organização foi o principal elemento que conduziu erroneamente os clássicos à busca de uma ciência da Administração. 5. Abordagem Incompleta da Organização: A Teoria Clássica atentou-se com a organização formal, deixando de lado a organização informal. A preocupação com a forma e a ênfase na estrutura resultou em exageros. A teoria da organização formal não desconhecia os problemas humanos da organização, porém não se importou em dar um tratamento ordenado. 6. Abordagem de Sistema Fechado: A Teoria Clássica aborda a organização como se ela se resumisse num sistema fechado, composto de variáveis totalmente conhecidas e previsíveis. 52 UNIDADE 10- Abordagem Humanística e Abordagem Neoclássica da Administração CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Compreender a importância e os fundamentos da Abordagem Humanística da Teria das Relações Humanas e todas as implicações que acarretaram na Administração. Analisar e compreender a Experiência de Hawtorne, bem como suas consequências para a Administração; ESTUDANDO E REFLETINDO Abordagem Humanística da Administração: Teorias Transitivas da Administração Em meio à Teoria Clássica e antecipando-se à Teoria das Relações Humanas, apareceram autores que, apesar de admitirem alguns dos princípios clássicos, deram início a um trabalho de revisão, de crítica e de reformulação das bases da teoria da administração. Esses autores, que denominaremos transitivos, tiveram sua origem na abordagem formal e mecanicista da Teoria Clássica. Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas (também chamada Escola Humanística da Administração) surgiu nos Estados Unidos em decorrência das conclusões obtidas na Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi fundamentalmente um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração. Origens da Teoria das Relações Humanas As principais origens da Teoria das Relações Humanas: 53 a. A necessidade de humanizar e democratizar a Administração, desprendendo-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica. b. O desenvolvimento das ciências humanas, sobretudo a psicologia, sua crescente influência intelectual e seus primeiros testes de aplicação à organização industrial. c. As ideias da filosofia pragmática de John Dewey, da psicologia de Kurt Lewin e da sociologia de Pareto, bem como a participação de Elton Mayo. d. As conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a orientação de Elton Mayo. BUSCANDO CONHECIMENTO A Experiência de Hawthorne No ano de 1927, iniciou-se uma experiência em uma fábrica da Western Eletric Company, localizada em Chicago, no bairro de Hawthorne, cujo propósito era a de determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários, medida com base na produção, mas essa pesquisa estendeu-se também ao estudo da fadiga, dos acidentes no trabalho, da rotatividade do pessoal (turnover) e do efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade dos empregados. Primeira Fase da Experiência de Hawthorne Na primeira fase da experiência, dois grupos de operários que realizavam o mesmo trabalho, em circunstâncias idênticas, foram escolhidos para a experiência: um grupo de observação realizou seu trabalho sob intensidade de luz variável, enquanto o grupo de controle realizou seu trabalho sob intensidade regular. Esperava-se conhecer o efeito da iluminação sobre o rendimento dos operários, porém os observadores não encontraram uma 54 relação direta entre ambas as variáveis. Perceberam, desapontados, a ocorrência de outras variáveis, difíceis de ser isoladas. Segunda Fase da Experiência de Hawthorne Na segunda fase, foram escolhidas seis operárias para formarem o grupo experimental: cinco moças montavam os relés, enquanto a sexta abastecia com as peças necessárias para manter o trabalho contínuo. As moças foram separadas das demais, ficando na chamada sala de provas (para facilitar a observação), foram orientadas quanto aos objetivos da pesquisa: determinar o efeito das mudanças nas condições de trabalho (períodos de descanso, lanches, redução do horário de trabalho etc.). Conclusões sobre a experiência: a) As moças afirmavam gostar de trabalhar na sala de provas porque a supervisão era moderada, lhes permitia trabalhar com liberdade e menor ansiedade. b) Havia um ambiente amistoso e sem pressões, aumentando a satisfação no trabalho. c) Não havia temor ao supervisor, pois o papel dele na sala de provas era de orientador. d) Houve um desenvolvimento social do grupo, tornaram-se uma equipe; e) O grupo desenvolveu objetivos comuns, um deles foi aumentar o ritmo da produção, apesar da instrução de “trabalhar normalmente”. Terceira Fase da Experiência de Hawthorne Preocupados com a diferença de atitudes entre as moças do grupo experimental e as do grupo de controle, iniciou-se o Programa de Entrevistas, que visava entrevistar os empregados para obtenção de conhecimentos sobre suas atitudes e sentimentos, ouvir suas opiniões sobre o seu trabalho e quanto ao tratamento que recebiam. O programa de entrevistas revelou a existência de uma organização informal dos operários, a fim de estes se resguardarem contra aquilo que consideravam ameaças da administração contra se bem-estar. 55 Quarta Fase da Experiência de Hawthorne Escolheu-se um grupo experimental para montagem de terminais para estações telefônicas, que passou a trabalhar em uma sala especial com idênticas condições de trabalho do departamento. O sistema de remuneração era baseado na produção do grupo, sendo estipulado um salário-hora com base em diversos fatores e um salário-mínimo horário,
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