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O LUGAR DA PRISÃO NA NOVA ADMINISTRAÇÃO DA POBREZA Analisando a sociedade norte-americana a partir de um estudo feito após a década de 70, pelo autor Loïc Wacquant, o mesmo chega a uma conclusão que tal sociedade se tornou cinco vezes mais punitiva nos dias atuais do que há 25 anos. Partindo de um pretexto de uma “guerra contra o crime”, questiona o complexo penitenciário afirmando que o mesmo se trata de um administrador da pobreza, formando indivíduos sem qualquer tipo de qualificação (ex-presidiários) para que atuem no mercado de trabalho. Sobretudo, sem condições alguma para terem um trabalho digno, sendo que o papel da penitenciaria vai além disso, pois a mesma proporciona a propagação e consolidação do racismo, em consequência disso surge empregos considerados a baixo da linha da pobreza, onde tais trabalhadores não possuem direitos jurídicos, pois são tratados como “animais”. Segundo Leonardo Isaac Yarochewsky, (2012): “Prisão é de fato uma monstruosa opção. O cativeiro das cadeias perpetua-se ante a insensibilidade da maioria, como uma forma ancestral de castigo. Para recuperar, para ressocializar, como sonham os nossos antepassados? Positivamente, jamais se viu alguém sair de um cárcere melhor do que entrou. E o estigma da prisão? Quem dá trabalho ao indivíduo que cumpriu pena por crime considerado grave? Os egressos do cárcere estão sujeitos a uma outra terrível condenação: o desemprego. Pior que tudo, são atirados a uma obrigatória marginalização. Legalmente, dentro dos padrões convencionais não podem viver ou sobreviver. A sociedade que os enclausurou, sob o pretexto hipócrita de reinseri-los depois em seu seio, repudia-os, repele-os, rejeita-os. Deixa, aí sim, de haver alternativa, só o ex-condenado tem uma solução: incorporar-se ao crime organizado. Não é demais martelar: a cadeia fabrica delinquentes, cuja quantidade cresce na medida e na proporção em que for maior o número de condenados.” O autor ao analisar os anos de 1980 e 2000 relata que o quadro do numero de presos nos Estados Unidos foi quadruplicado, gerando um aumento muito grande nos orçamentos penitenciários, além dos gastos em contratação http://www.conjur.com.br/2012-nov-16/leonardo-yarochewsky-sistema-prisional-brasileiro-aumenta-reincidencia#author de funcionários, deste modo, com esse alto crescimento do estado penal norte- americano, surgiu uma nova politica de criminalização da pobreza, o que promoveu à fluidificação de empregos mal remunerados, com isso a taxa de desemprego reduziu. Desse ângulo, o autor relata que o “encarceramento é apenas a manifestação paroxística da lógica da exclusão etnorracial da qual o gueto tem sido instrumento e produto desde a sua origem histórica”. Com o surgimento deste novo setor econômico denominado “complexo industrial” existe algumas características que merecem atenção: como a hierarquia etnorracial, a grande massa da marginalidade nos Estados Unidos e a não regulamentação da gestão do trabalho, que deixa claro um Estado reformado capaz de impor requerimentos morais e econômicos proveniente de um sistema neoliberal. Diante deste pressuposto Wacquant sugere que “tiremos a prisão dos domínios técnicos da criminologia e da política criminal e a coloquemos diretamente no centro da sociologia política e das ações civis”. Diante disto, essa nova politica da administração da miséria quando internacionalizada por uma rede neoliberal, promove um agravamento no desemprego e aumento na criminalidade, pois fica mais difícil se empregar num mercado de trabalho miserável aqueles que estavam presos, sendo assim esses indivíduos possuem somente duas alternativas, a primeira é se rebaixarem e aceitarem trabalhos que não os dignificam; e a segunda é voltarem para o crime, fator preocupante, pois a prática reiterada de atos criminosos demonstra que algo não está ocorrendo de forma certa, seja este problema proveniente do âmbito político ou social, porém que merece uma solução. Referências Bibliográficas WACQUANT, Loïc. O lugar da Prisão na nova administração da pobreza , A ser publicado em Marie-Louie Frampton, Ián Haney Lopez e Jonathan Simon (eds.), After the war on crime (New York: New York University Press, 2008).
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