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Caso Concreto 03 - Prática Civil

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ FEDERAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DO ESTADO... 
 
 
 
 
MARIA SOUZA, nacionalidade, estado civil, professora, portador da carteira de 
identidade nº..., inscrito no CPF sob o nº..., residente e domiciliado na Rua, 
número, bairro, cidade, UF, CEP, endereço eletrônico, vem por meio de seu 
advogado com endereço profissional na Rua, número, bairro, cidade, UF, CEP, 
endereço eletrônico, onde recebe notificações, conforme Artigo 106, I, do Código 
de Processo Civil, com base no artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal, na lei 
12.016/09 vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência impetrar: 
 
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR 
 
Pelo rito especial, contra ato do Relator da Universidade Federal de (estado), 
com endereço na Rua, número, bairro, cidade, UF, CEP, endereço eletrônico, 
pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 
 
I - JUSTIÇA GRATUITA 
Com fundamento constitucional no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e 
infraconstitucional na Lei nº1.060/1950, a autora requer a V. Exª a concessão do 
benefício da gratuidade de justiça, tendo em vista que, em razão das dificuldades 
financeiras enfrentadas pela autora desde sua demissão, está desempregada e 
sem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento 
próprio e de sua família. 
 
II - DOS FATOS 
 A Autora, Maria Souza, foi atacada em sala de aula por um dos seus alunos, 
Marcos Silva, que, com um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigiu 
que ela modificasse sua nota que lhe foi atribuída em uma disciplina do curso de 
graduação. Nesse instante, com o propósito de repelir a iminente agressão, a 
professora conseguiu desarmar e derrubar o aluno, que, na queda, quebrou um 
braço. 
Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), 
para apurar eventual responsabilidade da professora. Ao mesmo tempo, ela foi 
denunciada pelo crime de lesão corporal. 
Na esfera criminal, ela foi absolvida, vez que restou provado ter agido em 
legítima defesa, em decisão que transitou em julgado. O processo administrativo, 
entretanto, prosseguiu, sem a citação da servidora, pois a Comissão nomeada 
entendeu que ela já tomara ciência da instauração do procedimento por meio da 
imprensa e de outros servidores. Ao final, a Comissão apresentou relatório 
pugnando pela condenação da servidora à pena de demissão. 
O PAD foi encaminhado à autoridade competente para a decisão final, que, sob 
o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena 
de demissão à servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é 
autônoma em relação à criminal. 
Em 11/01/2017, ela foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em 
Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções, e, em 22/02/2017, 
procurou seu escritório para tomar as medidas judiciais cabíveis, informando, 
ainda, que, desde o afastamento, está com sérias dificuldades financeiras, que 
a impedem, inclusive, de suportar os custos do ajuizamento de uma demanda. 
 
III - DOS FUNDAMENTOS 
III.1 - DA CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR 
Presentes os requisitos legais, conforme artigo 5º LXIX, o Mandado de 
Segurança será concedido para proteger direito líquido e certo, sempre que haja 
ilegalidade ou com abuso de poder por parte de autoridade. 
Verifica-se presente o “fumus boni iuris” ante a incontestável necessidade de 
notificação da autora para defesa em Processo Administrativo Judicial, em 
virtude do cumprimento do preceito Constitucional contido no artigo 5º LV e artigo 
22 da Lei 8.112/90. Corroborada com o fato da autora já ter sido absolvida em 
esfera criminal, em virtude da excludente de ilicitude em razão da legítima 
defesa, o que também afasta a demissão em PAD, por força do artigo 132 VII da 
lei 8.112/90. 
Já o “periculum in mora”, se verifica em razão da séria dificuldade financeira 
passada pela autora, que perdeu como a demissão sua fonte de renda. 
 
IV - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA 
Conforme o artigo 5º LXIX da Constituição Federal da República Federativa do 
Brasil e do artigo 1º da lei 12.016/2009 será concedido o Mandado de Segurança 
para proteger direito líquido e certo, sempre que ilegalmente ou com abuso de 
poder, qualquer pessoa física sofrer violação por parte de autoridade. 
 
 V - DA TUTELA DE URGÊNCIA 
 O artigo 300 do Novo Código de Processo Civil define como requisitos para 
antecipação de tutela a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao 
resultado útil do processo. 
O perigo ou receio de dano irreparável (periculum in mora) resta demonstrado 
uma vez que a Autora não está percebendo proventos em razão da sua 
demissão e, por conta disso, passa por dificuldades financeiras. 
A probabilidade do direito/verossimilhança das alegações (fumus boni iuris) está 
consubstanciada na nulidade do PAD por ausência de citação, com flagrante 
violação aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla 
defesa, capitulados no Art. 5º, LIV e LV da CRB/88 c/c Art. 143 da Lei nº 
8.112/90, bem como pela inobservância do fato de que a sentença penal 
absolutória transitada em julgado necessariamente vinculará o conteúdo da 
decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90 c/c o Art. 
65 do CPP. 
Logo, em razão dos vícios do PAD, ora apresentados, e do prejuízo/lesão sofrido 
pela Autora em decorrência de sua demissão, imperiosa é a concessão da 
presente tutela de urgência, com a determinação da reintegração da Autora ao 
cargo público, sem prejuízo do direito ao pagamento dos salários atrasados e de 
todas as vantagens do cargo. 
 
VI - DO MÉRITO 
Primeiramente, o Art. 5º, inciso LIV e LV da CRFB/88 garante o direito ao devido 
processo legal, ao contraditório e a ampla defesa. 
No mesmo sentido, o Art. 143 c/c 161, §1º da Lei 8.112/90 estabelece que 
qualquer procedimento administrativo destinado à apuração de eventual ato 
ilícito cometido pelo servidor público, seja sindicância ou PAD, deve assegurar 
ao acusado a ampla defesa. 
Na situação apresentada, a Autora só foi cientificada, por meio de publicação em 
Diário Oficial, após a sua demissão. Tal ato do Poder Público viola os princípios 
do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. 
Outrossim, na hipótese de absolvição penal com fundamento em excludente de 
ilicitude, como a legítima defesa, não há espaço para aplicação do resíduo 
administrativo (falta residual), vez que constitui uma das hipóteses de mitigação 
ao princípio da independência entre as instâncias, capitulado no Art. 2º da CF/88. 
Ademais, a decisão proferida na esfera penal necessariamente vinculará o 
conteúdo da decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 
8.112/90 c/c o Art. 65 do CPP. 
Assim, ante os vícios do PAD, ora apresentados, imperioso é a anulação do ato 
demissional, bem como a determinação da reintegração da servidora ao cargo 
público, sem prejuízo do direito ao pagamento retroativo de todas as verbas e 
vantagens do cargo desde a suspensão da sua remuneração, em razão da lesão 
patrimonial sofrida pelo não recebimento dos vencimentos, na forma do Art. 28 
da Lei nº 8.112/1990. 
 
VII - DOS PEDIDOS 
 EX POSITIS, é a presente para requerer que Vossa Excelência digne-se de: 
 a) a concessão da justiça gratuita em razão das dificuldades financeira 
enfrentadas pela parte Autora, na forma da Lei nº 1.050/1960; 
b) a concessão da tutela de urgência par a garantir a reintegração da servidora 
aos quadros funcionais da autarquia federal, até a decisão final, com fulcro no 
Art. 9º c/c Art. 701 do NCPC; 
c) a citação do Réu para que, querendo, contestar o feito no prazo de lei; 
d) a confirmação da tutela de urgência com a anulação do ato que resultou na 
demissão da servidora e a condenação do Réu à reintegração da servidora aos 
quadros funcionais da autarquia federal, bem como ao pagamentoretroativo de 
todas as verbas e vantagens do cargo a que a Autora faria jus se em exercício 
estivesse. 
e) a produção de provas por todos os meios admitidos em direito e necessários 
a solução da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos; 
f) a condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e aos honorários 
advocatícios. 
 
VIII - DO VALOR DA CAUSA 
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00. 
 
 
Nestes termos, 
Pede Deferimento. 
 
Local, data 
Advogado 
OAB/UF

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