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CAPÍTULO 1
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, 
políticos e cultuRais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Compreender a trajetória da inclusão escolar de alunos com deficiência 
intelectual no Brasil. 
 3 Relembrar aspectos significativos da legislação brasileira para a inclusão escolar. 
 3 Contextualizar a inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual a partir de 
exemplos e experiências positivas. 
A inclusão é uma visão, uma estrada a ser viajada, 
mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de 
barreiras e obstáculos, alguns dos quais estão em 
nossas mentes e em nossos corações.
(PETER MITTLER, 2003, p. 21).
10
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
11
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
As obras de Arte 
indicam pessoas com 
deficiência em várias 
épocas, como com 
deficiência física, como 
o guardião de Roma e 
um músico anão da V 
Dinastia.
contextualização
Este capítulo abordará de forma sucinta alguns aspectos relacionados à 
inclusão de pessoas com necessidades especiais no Brasil e, em seguida, 
abordaremos a legislação para a inclusão da pessoa com deficiência intelectual. 
No decorrer do seu curso, certamente vários professores foram apontando 
características gerais e específicas acerca da inclusão social e escolar de 
alunos com deficiência intelectual. Neste capítulo pretendemos relembrar esta 
trajetória, contextualizando com a prática cotidiana. 
Para sustentar nossas reflexões utilizaremos como arcabouço teórico 
autores como Mittler (2003) e Vigotsky (1997), além de documentos 
internacionais que tratam das questões legais da inclusão, como também os 
documentos do Ministério da Educação (MEC).
legislação bRasileiRa paRa inclusão escolaR
Inclusão é sair das escolas dos diferentes 
e promover a escola das diferenças.
(MANTOAN, 2011)
Se adentrarmos na história da inclusão e exclusão, perceberemos com 
facilidade que se trata de um fator social presente desde os tempos mais 
remotos. Segundo a história da humanidade, registros indicam que nas 
civilizações mais antigas, por exemplo, o acolhimento ou o não acolhimento da 
diversidade sempre foi um assunto ditado pelas normas e leis de cada civilização.
Para Gugel (2007), as obras de Arte indicam pessoas com deficiência em 
várias épocas, como com deficiência física, como o guardião de Roma e um 
músico anão da V Dinastia.
Podemos sintetizar a história da inclusão em diferentes épocas da 
seguinte forma:
Egito: o povo egípcio incluía as pessoas com deficiência em sociedade, 
algo quase comum em uma civilização com uniões consanguíneas. A história 
desta civilização também é marcada pela comum existência de pessoas cegas, 
papiros médicos mostram procedimentos para curar os olhos;
12
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
Grécia: o povo grego sempre cultuou o corpo e a perfeição, assim 
excluíam e eliminavam as crianças que nasciam com alguma deficiência. A 
perfeição era condição para participação da vida social em Esparta.
Roma: ainda com o culto à força física dos guerreiros, o povo romano 
jogava as crianças com deficiência no Rio Tibre, pois as anormalidades 
caracterizavam um perigo para a continuidade da espécie. 
Idade Média: pessoas com deficiência eram associadas à imagem do 
diabo, da feitiçaria, da bruxaria e do pecado, sendo novamente isolados 
e exterminados. Neste momento, as pessoas com deficiência tinham um 
comportamento consequente de forças sobrenaturais. 
Na antiguidade clássica as pessoas com deficiência foram 
consideradas possessas de demônios e de maus espíritos. 
[...]. Os modelos econômicos, sociais e culturais impuseram 
às pessoas com deficiência uma inadaptação geradora de 
ignorância, preconceitos e tabus que, ao longo dos séculos 
e séculos, alimentaram os mitos populares da periculosidade 
das pessoas com deficiência mental e do seu caráter 
demoníaco, determinando atitudes de rejeição, medo e 
vergonha (VIEIRA e PEREIRA 2003, p.17).
Após este período, a igreja passa a acolher e proteger as pessoas com 
deficiências, no entanto, ao “acolher” essas pessoas, a igreja os tornava uma 
espécie de servo trabalhador da instituição, que tentava manter uma posição 
caritativa e filantrópica. Exemplo disto é a tão famosa história do “Corcunda de 
Notre Dame”.
Figura 01 - Corcunda de Notre Dame
Fonte: Disponível em: <http://maniacosporfilme.wordpress.
com/2011/10/22/o-corcunda-de-notre-dame-1939-um-classico-
de-partir-o-coracao/>. Acesso em: 1° set. 2012.
13
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
Foi a partir da segunda 
guerra mundial 
que se percebeu 
uma necessidade 
de reorganizar 
a sociedade, 
reabilitando os homens 
sobreviventes da 
guerra.
Foi a partir da segunda guerra mundial que se percebeu uma necessidade 
de reorganizar a sociedade, reabilitando os homens sobreviventes da guerra. 
Surge então, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esta 
declaração surge em convergência com a Declaração de Direitos Inglesa, a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França, a criação da 
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945. Esta declaração serviu 
de base para todas as declarações e legislações posteriores que defendem 
o direito de todas as pessoas de viverem em sociedade de forma justa e 
igualitária, promovendo a inclusão de todos.
Organizamos uma relação dos documentos internacionais norteadores 
das Políticas de Inclusão de pessoas com necessidades especiais. Esta é uma 
síntese dos documentos disponíveis no site do MEC (BRASIL, 2013): 
•	 Declaração Universal dos Direitos Humanos
Aprovada em 1948 na Assembleia Geral da Organização das Nações 
Unidas (ONU). Esta declaração é a base da luta universal contra a opressão e 
a discriminação, defende a igualdade e a dignidade das pessoas e reconhece 
que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser aplicados 
a cada cidadão do planeta. Assegura às pessoas com deficiência os mesmos 
direitos de todos os cidadãos, tais como: direito à liberdade, a uma vida 
digna, à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre 
participação na comunidade.
•	 Declaração	dos	Direitos	das	Pessoas	Deficientes	
Resolução aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações 
Unidas em 09/12/75. O documento, além de relembrar os direitos humanos, 
apela à ação nacional e internacional para assegurar que ela seja utilizada 
como base comum de referência para a proteção destes direitos para a pessoa 
com deficiência.
•	 Declaração de Jomtien
Em 1990, aconteceu em Jomtien, na Tailândia, a Conferência Mundial 
sobre Educação para todos, da qual o Brasil participou. Assim, ao assinar 
esta Declaração, o Brasil assume o compromisso perante a comunidade 
internacional de erradicar o analfabetismo e universalizar o ensino 
fundamental no país.
REGI LOUREIRO
Realce
14
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
Em 1994, a UNESCO 
organizou a 
Conferência Mundial 
sobre Necessidades 
Educativas Especiais: 
acesso e qualidade, 
em Salamanca 
(Espanha)
•	 Declaração de Salamanca
Em 1994, a UNESCO organizou a Conferência Mundial sobre Necessidades 
Educativas Especiais: acesso e qualidade, em Salamanca (Espanha), 
objetivando a atenção educacional aos alunos com necessidades educacionais 
especiais. O resultado desta conferência é um dos principais documentos 
norteadores da inclusão mundial, a Declaração de Salamanca, que instituiu a 
inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais. 
•	 Convenção de Guatemala
Trata-se de uma convenção que foi realizada na Guatemala, em 1999, e 
teve a participação de vários países sul-americanos,inclusive o Brasil. Nesta 
convenção, o foco foi a eliminação da discriminação contra as pessoas com 
deficiência. Esse documento dispõe que as pessoas com deficiência não 
podem receber tratamentos diferenciados que impliquem exclusão ou restrição 
ao exercício dos mesmos direitos que as demais pessoas têm.
•	 Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão
Congresso Internacional, realizado em Montreal, Quebec, em junho 2001, 
o Congresso Internacional “Sociedade Inclusiva”, convocado pelo Conselho 
Canadense de Reabilitação e Trabalho, apela aos governos, empregadores e 
trabalhadores, bem como à sociedade civil, para que se comprometam com e 
desenvolvam o desenho inclusivo em todos os ambientes, produtos e serviços.
Esses são os principais documentos internacionais norteadores da inclusão e 
base da legislação brasileira. 
Atividade de Estudos: 
1) Vamos relembrar a legislação brasileira para a inclusão de 
pessoas com necessidades especiais?
 Tente organizar em tópicos os documentos nacionais que você 
já conhece. 
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REGI LOUREIRO
Realce
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Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
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Se verificarmos no site do MEC os documentos norteadores para a inclusão 
escolar, facilmente perceberemos a quantidade e a diversidade de materiais 
acerca desta temática disponíveis para consulta, pesquisa e conhecimento. 
Assim, consideramos de suma importância que cada pós-graduando acesse e 
verifique este portal.
Se você já conhece o portal do MEC e já pesquisou sobre a legislação e 
os materiais direcionados à inclusão, sugerimos que acesse constantemente, 
pois a cada dia o número de materiais é ampliado e atualizado.
 Acesse http://portal.mec.gov.br/index.php
 Link: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, 
Diversidade e Inclusão.
16
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
O mais recente 
documento, após a 
Política Nacional da 
Educação Especial 
na Perspectiva da 
Educação Inclusiva, 
é o que dispõe 
sobre o atendimento 
educacional 
especializado (AEE), 
atentando para os 
materiais adaptados 
bem como para 
o atendimento 
especializado em salas 
multifuncionais.
A partir da sua construção na atividade de estudo e da sua pesquisa, 
vamos analisar o que as políticas públicas brasileiras já desenvolveram em 
relação ao processo de inclusão escolar de pessoas com necessidades 
especiais. No entanto, como verificamos, há um número amplo de documentos 
desenvolvidos, muitos deles com especificidades bem pontuais, assim, vamos 
destacar os principais:
ECA – Estatuto da Criança e Adolescente – Este estatuto, 
na Lei n° 8069, de 1990, no que se refere à educação, estabelece 
que “toda criança e adolescente tem o direito à educação, visando 
ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício 
da cidadania e qualificação para o trabalho “ (Art. 53). Assegura 
direito à educação, condições de acesso e respeito.
LDB 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – A LDB 9394 reserva um capítulo exclusivo para 
a educação especial (Cap. V). Este capítulo reafirma o direito 
a educação, pública e gratuita, das pessoas com deficiência, 
condutas típicas e altas habilidades, bem como direciona a oferta e o 
atendimento especializado para a demanda da educação especial.
Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva 
da Educação Inclusiva - documento elaborado por um grupo 
de trabalho nomeado pelo próprio Ministério da Educação, que 
“acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, 
visando constituir políticas públicas promotoras de uma educação 
de qualidade para todos os alunos”. É um documento que objetiva 
“assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação”.
O mais recente documento, após a Política Nacional da Educação 
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, é o DECRETO Nº 7.611, DE 
17 DE NOVEMBRO DE 2011– que dispõe sobre o atendimento educacional 
especializado (AEE), atentando para os materiais adaptados bem como para o 
atendimento especializado em salas multifuncionais (fonte: www.mec.gov.br).
Neste momento de nossos estudos, cabe lembrar que, além desses 
documentos citados, existe uma série de decretos e portarias que tratam das 
especificidades da educação inclusiva no Brasil. Esses documentos, como 
os que orientam sobre o intérprete de libras, por exemplo, também estão 
disponíveis no site do MEC.
17
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
Após relembrarmos a legislação internacional e nacional, convidamos 
você a pensar especificamente sobre a inclusão da pessoa com deficiência 
intelectual, contextualizando este processo.
inclusão escolaR no bRasil: cRianças com 
Deficiência intelectual
Muito já construímos e avançamos na inclusão escolar no Brasil, porém 
ainda temos muito que aprender até conseguirmos garantir condições de 
aprendizagem necessária e eficaz para todos os alunos.
São notáveis as tentativas governamentais e pessoais que buscam 
acertos na perspectiva da educação inclusiva, no entanto não podemos nos 
esquecer de que a inclusão envolve a quebra de paradigmas construídos e 
enraizados há muito tempo. Não basta que a legislação aponte os direitos e 
as adaptações necessárias para a inclusão de crianças com necessidades 
especiais no ambiente escolar, é necessário transformar este ambiente 
com base na educação para a diversidade, são necessários programas de 
formação continuada para professores e gestores, a fim de tornar a escola um 
espaço inclusivo.
Para Mittler (2003), a inclusão parte da aceitação da diversidade humana, 
valoriza as pessoas como únicas e a educação como um processo de 
cooperação, sendo que o trabalho do professor deverá ser pensado de forma 
que todas as crianças possam participar, indiferente de suas limitações.
São várias as ações significativas que educadores vêm desenvolvendo 
para a inclusão de crianças com deficiência na escola, a cada dia percebemos 
novas ideias, assim como encontramos novas pesquisas acerca desta 
temática. A inclusão da criança com deficiência intelectual passou por esta 
trajetória histórica. 
Inicialmente, como já vimos anteriormente, a criança com necessidades 
especiais na idade média era relacionada a poderes sobrenaturais e 
demoníacos, até que, na idade moderna, a medicina resolve pesquisar 
a deficiência intelectual. Vale lembrar que a própria nomenclatura sofreu 
alterações: hoje deficiência intelectual, porém essas crianças já foram 
chamadas de imbecis, retardados, mongoloides, excepcionais e deficientes 
mentais, esta última nomenclatura dividida em níveis deficiência mental leve, 
moderada, severa e profunda, ainda utilizada para diagnóstico.
18
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
O documento que 
altera esta concepção 
é a Declaração 
de Montreal sobre 
Deficiência Intelectual, 
aprovada em 
6/10/04, quando o 
termo “deficiência 
mental” passou 
a ser “deficiência 
intelectual”, abolindo a 
classificação por leve, 
moderada, severa eprofunda.
Podemos desenhar a trajetória do atendimento à pessoa com 
deficiência intelectual da seguinte forma:
Figura 02 - Trajetória do atendimento à pessoa com deficiência intelectual
Figura 02: Trajetória do atendimento à pessoa com deficiência intelectual.
Fonte: A autora.
Como já falamos, a nomenclatura também sofreu alterações. Nos dias 
atuais, a nomenclatura utilizada é Deficiência intelectual, por estar de acordo 
com o que acreditamos acerca do desenvolvimento da criança nas suas 
relações sociais e os estímulos recebidos, o que impede a classificação ou 
o enquadramento da pessoa com Deficiência Intelectual em uma categoria 
baseada em generalizações de comportamentos esperados para a faixa etária. 
O documento que altera esta concepção é a Declaração de Montreal sobre 
Deficiência Intelectual, aprovada em 6/10/04, quando o termo “deficiência 
mental” passou a ser “deficiência intelectual”, abolindo a classificação por leve, 
moderada, severa e profunda.
Vamos conhecer esta declaração?
Para discutirmos a inclusão das pessoas com deficiência intelectual, é 
necessário conhecer este documento:
19
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
DECLARAÇÃO DE MONTREAL 
SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Tradução de Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade. 
Novembro de 2004.
Afirmando que as pessoas com deficiências intelectuais, assim 
como os demais seres humanos, têm direitos básicos e liberdades 
fundamentais que estão consagradas por diversas convenções, 
declarações e normas internacionais;
Exortando todos os Estados Membros da Organização dos 
Estados Americanos (OEA) que tornem efetivas as disposições 
determinadas na Convenção Interamericana para a Eliminação 
de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com 
Deficiências;
Aspirando reconhecer as desvantagens e barreiras históricas 
que as pessoas com deficiências intelectuais têm enfrentado e, 
conscientes da necessidade de diminuir o impacto negativo da 
pobreza nas condições de vida das pessoas com deficiências 
intelectuais;
Conscientes de que as pessoas com deficiências intelectuais 
são frequentemente excluídas das tomadas de decisão sobre seus 
Direitos Humanos, Saúde e Bem Estar, e que as leis e legislações 
que determinam tutores e representações legais substitutas foram, 
historicamente, utilizadas para negar a estes cidadãos os seus 
direitos de tomar suas próprias decisões;
Preocupados porque a liberdade das pessoas com 
deficiências intelectuais para tomada de suas próprias decisões é 
frequentemente ignorada, negada e sujeita a abusos;
Apoiando o mandato que tem o Comitê Ad Hoc das Nações 
Unidas (ONU) em relação à formulação de uma Convenção 
Internacional Compreensiva e Integral para Promover e Proteger 
os Direitos e a Dignidade das Pessoas com Deficiências;
Reafirmando a importância necessária de um enfoque de 
Direitos Humanos nas áreas de Saúde, Bem Estar e Deficiências;
20
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
Reconhecendo as necessidades e as aspirações das pessoas 
com deficiências intelectuais de serem totalmente incluídos e 
valorizados como cidadãos e cidadãs, tal como estabelecido pela 
Declaração de Manágua (1993);
Valorizando a significativa importância da cooperação 
internacional na função de gerar melhores condições para o 
exercício e o pleno gozo dos direitos humanos e das liberdades 
fundamentais das pessoas com deficiências intelectuais;
Nós,
Pessoas com deficiências intelectuais e outras deficiências, 
familiares, representantes de pessoas com deficiências intelectuais, 
especialistas do campo das deficiências intelectuais, trabalhadores 
da saúde e outros especialistas da área das deficiências, 
representantes dos Estados, provedores e gerentes de serviços, 
ativistas de direitos, legisladores e advogados, reunidos na 
Conferência Internacional sobre Deficiência Intelectual, da OPS/
OMS (Organização Pan-americana de Saúde e Organização 
Mundial de Saúde), entre os dias 05 e 06 de outubro de 2004, em 
Montreal, Canadá, JUNTOS DECLARAMOS QUE:
1. As Pessoas com Deficiência Intelectual, assim como outros 
seres humanos, nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
2. A deficiência intelectual, assim outras características 
humanas, constitui parte integral da experiência e da diversidade 
humana. A deficiência intelectual é entendida de maneira 
diferenciada pelas diversas culturas, o que faz com que a 
comunidade internacional deva reconhecer seus valores universais 
de dignidade, autodeterminação, igualdade e justiça para todos.
3. Os Estados têm a obrigação de proteger, respeitar e 
garantir que todos os direitos civis, políticos, econômicos, sociais 
e culturais e as liberdades das pessoas com deficiência intelectual 
sejam exercidos de acordo com as leis nacionais, convenções, 
declarações e normas internacionais de Direitos Humanos. Os 
Estados têm a obrigação de proteger as pessoas com deficiências 
intelectuais contra experimentações científicas ou médicas, sem 
um consentimento informado, ou qualquer outra forma de violência, 
abuso, discriminação, segregação, estigmatização, exploração, 
maus tratos ou castigo cruel, desumano ou degradante (como as 
torturas).
21
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
4. Os Direitos Humanos são indivisíveis, universais, 
interdependentes e inter-relacionados. Consequentemente, 
o direito ao nível máximo possível de saúde e bem estar está 
interconectado com outros direitos fundamentais, como os 
direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais ou outras 
liberdades fundamentais. Para as pessoas com deficiências 
intelectuais, assim como para as outras pessoas, o exercício do 
direito à saúde requer a inclusão social, uma vida com qualidade, 
acesso à educação inclusiva, acesso a um trabalho remunerado e 
equiparado, e acesso aos serviços integrados da comunidade.
5. A. Todas as pessoas com deficiências intelectuais são 
cidadãos plenos, iguais perante a lei e, como tais, devem exercer 
seus direitos com base no respeito nas diferenças e nas suas 
escolhas e decisões individuais. 
B. O direito à igualdade para as pessoas com deficiência 
intelectual não se limita à equiparação de oportunidades, mas 
requerem também, se as próprias pessoas com deficiência 
intelectual o exigem, medidas apropriadas, ações afirmativas, 
adaptações ou apoios. Os Estados devem garantir a presença, a 
disponibilidade, o acesso e utilização de serviços adequados que 
sejam baseados nas necessidades, assim como no consentimento 
informado e livre destes cidadãos e cidadãs.
 
6. A. As pessoas com deficiências intelectuais têm os mesmos 
direitos que outras pessoas de tomar decisões sobre suas próprias 
vidas. Mesmo que algumas pessoas possam ter dificuldades de 
fazer escolhas, formular decisões e comunicar suas preferências, 
elas podem tomar decisões acertadas para melhorar seu 
desenvolvimento pessoal, seus relacionamentos e sua participação 
nas suas comunidades. Em acordo consistente com o dever de 
adequar o que está estabelecido no parágrafo 5 B, as pessoas 
com deficiências intelectuais devem ser apoiadas para que 
tomem suas decisões, as comuniquem e estas sejam respeitadas. 
Consequentemente, quando os indivíduos têm dificuldades para 
tomar decisões independentes, as políticas públicas e as leis 
devem promover e reconhecer as decisões tomadas pelas pessoas 
com deficiências intelectuais. Os Estados devem providenciar os 
serviços e os apoios necessários para facilitar que as pessoas com 
deficiências intelectuais tomem decisões significativas sobre as 
suas próprias vidas. 
22
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
B. Sob nenhuma condição ou circunstância as pessoas com 
deficiências intelectuais devem ser consideradas totalmente 
incompetentes paratomar decisões baseadas apenas em sua 
deficiência. Somente em circunstâncias mais extraordinárias o 
direito legal das pessoas com deficiência intelectual para tomada 
de suas próprias decisões poderá ser legalmente interditado. 
Qualquer interdição deverá ser por um período de tempo 
limitado, sujeito as revisões periódicas e, com respeito apenas 
a estas decisões, pelas quais será determinada uma autoridade 
independente, para determinar a capacidade legal.
C. A autoridade independente, acima mencionada, deve 
encontrar evidências claras e consistentes de que, apesar dos 
apoios necessários, todas as alternativas restritivas de indicar e 
nomear um representante pessoal substituto foram, previamente, 
esgotadas. Esta autoridade independente deverá respeitar o 
direito a um processo jurídico, incluindo o direito individual de ser 
notificado, ser ouvido, apresentar provas ou testemunhos a seu 
favor, ser representado por um ou mais pessoas de sua confiança 
e escolha, para sustentar qualquer evidência em uma audiência, 
assim como apelar de qualquer decisão perante um tribunal 
superior. Qualquer representante pessoal substituto da pessoa 
com deficiência ou seu tutor deverá tomar em conta as preferências 
da pessoa com deficiência intelectual e fazer todo o possível para 
tornar efetiva a decisão que essa pessoa teria tomado, caso não o 
possa fazê-lo.
Com este propósito, os participantes de Conferência OPS/
OMS de Montreal sobre Deficiências Intelectuais, em solidariedade 
com os esforços realizados em nível nacional, internacional, 
individual e conjuntamente,
ACORDAM:
7. Apoiar e defender os direitos das pessoas com deficiências 
intelectuais; difundir as convenções internacionais, declarações 
e normas internacionais que protegem os Direitos Humanos e as 
liberdades fundamentais das pessoas com deficiências intelectuais; 
e promover, ou estabelecer, quando não existam, a integração 
destes direitos nas políticas públicas nacionais, legislações e 
programas nacionais pertinentes.
E
23
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
8. Apoiar, promover e implementar ações, nas Américas, que 
favoreçam a Inclusão Social, com a participação de pessoas com 
deficiências intelectuais, por meio de um enfoque intersetorial que 
envolva as próprias pessoas com deficiência, suas famílias, suas 
redes sociais e suas comunidades.
Por conseguinte, os participantes da Conferência OPS/OMS 
de Montreal sobre a Deficiência Intelectual,
RECOMENDAM:
9. Aos Estados:
A. Reconhecer que as pessoas com deficiências intelectuais 
são cidadãos e cidadãs plenos da Sociedade;
B. Cumprir as obrigações estabelecidas por leis nacionais e 
internacionais criadas para reconhecer e proteger os direitos das 
pessoas com deficiências intelectuais. Assegurar sua participação 
na elaboração e avaliação de políticas públicas, leis e planos 
que lhe digam respeito. Garantir os recursos econômicos e 
administrativos necessários para o cumprimento efetivo destas leis 
e ações;
C. Desenvolver, estabelecer e tomar as medidas legislativas, 
jurídicas, administrativas e educativas necessárias para realizar 
a inclusão física e social destas pessoas com deficiências 
intelectuais;
D. Prover às comunidades e às pessoas com deficiências 
intelectuais e suas famílias o apoio necessário para o exercício 
pleno destes direitos, promovendo e fortalecendo suas 
organizações;
E. Desenvolver e implementar cursos de formação sobre 
Direitos Humanos, com treinamento e programas de informação 
dirigidos a pessoas com deficiências intelectuais.
Aos diversos agentes sociais e civis:
F. Participar de maneira ativa no respeito, na promoção e na 
proteção dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais das 
pessoas com deficiências intelectuais.
24
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
G. Preservar cuidadosamente sua dignidade e integridade 
física, moral e psicológica por meio da criação e da conservação 
de condições sociais de liberação e não estigmatização.
Às Pessoas com Deficiência Intelectual e suas famílias:
H. Tomar a consciência de que eles têm os mesmos direitos e 
liberdades que os outros seres humanos; de que eles têm o direito 
a um processo legal, e que têm o direito a um recurso jurídico ou 
outro recurso eficaz, perante um tribunal ou serviço jurídico público, 
para a proteção contra quaisquer atos que violem seus direitos 
fundamentais reconhecidos por leis nacionais e internacionais;
I. Tornarem-se seguros de que participam do desenvolvimento 
e da avaliação contínua da legislação vigente (e em elaboração), 
das políticas públicas e dos planos nacionais que lhe dizem respeito;
J. Cooperar e colaborar com as organizações internacionais, 
governamentais ou não-governamentais, do campo das 
deficiências com a finalidade de consolidação e fortalecimento 
mútuo, a nível nacional e internacional, para a promoção ativa e a 
defesa dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais das 
pessoas com deficiências.
Ás Organizações Internacionais:
K. Incluir a “DEFICIÊNCIA INTELECTUAL” nas suas 
classificações, programas, áreas de trabalho e iniciativas com 
relação a “pessoas com deficiências intelectuais” e suas famílias 
a fim de garantir o pleno exercício de seus direitos e determinar os 
protocolos e as ações desta área.
L. Colaborar com os Estados, pessoas com deficiências 
intelectuais, familiares e organizações não governamentais (ONGs) 
que os representem, para destinar recursos e assistência técnica 
para a promoção das metas da Declaração de Montreal, incluindo 
o apoio necessário para a participação social plena das pessoas 
com deficiências intelectuais e modelos integrativos de serviços 
comunitários.
Montreal, 06 de outubro de 2004.
Fonte: ANDRADE, Jorge Márcio Pereira de. Declaração de Montreal sobre 
a Deficiência Intelectual. 03 fev. 2005. Disponível em: <http://saci.org.
br/?modulo=akemi&parametro=14434>. Acesso em: 05 set. 2012
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Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
Após a leitura da Declaração de 
Montreal, gostaria de convidar você, pós-
graduando, a assistir a um filme e se 
sensibilizar com uma história que envolve a 
deficiência intelectual. Vamos Lá?
Harry (Daniel Auteuil) é um empresário 
estressado, que trabalha no departamento 
comercial de um banco belga e foi 
abandonado por sua esposa e filhas há 
pouco tempo. Deprimido, ele se dedica ao 
trabalho durante os 7 dias da semana. Até 
que um dia ele decide vagar pelas estradas 
da França, sem rumo definido. Após quase atropelar Georges 
(Pascal Duquennes), que sofre de síndrome de Down, Harry 
decide levá-lo para casa, mas não consegue se desvencilhar dele. 
Atividades de Estudos: 
Após a leitura da Declaração de Montreal, a fruição do filme “O 
oitavo dia”, está na hora de uma atividade de estudos.
Tente responder as seguintes perguntas:
1) Você já teve contato com pessoas com deficiência intelectual?
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 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
2) Conhece alguma prática pedagógica inclusiva para pessoas 
com deficiência intelectual?
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Segundo Silveira e Nascimento (2011), a inclusão de crianças com 
deficiência intelectual na escola pode ser qualificada através de algumas 
dicas, são elas:
• Aceitação por parte do professor e da turma;
• Iniciar esta inclusão na educação infantil;
• O aluno com deficiência intelectual deverá ter a mesma ou muito pouca 
diferença de idade das demais;
• Estimular as amizades;
• Orientação familiar (para todas as famílias);
• Trabalhar sempre com o concreto, pois normalmente demoram um pouco 
mais para abstrair o conhecimento;
• Repetir as atividades para que ele possa acompanhá-las e compreendê-
las;
• Elogiá-lo (a) sempre que se destacar;
• Desenvolver disciplina e regras como com todas as crianças;
• Não fazer diferença nas obrigações e nos direitos dos alunos;
27
Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
• Assistente ou professora de apoio pedagógico (se necessário), pois a 
intenção é que o professor consiga desenvolver o trabalho pedagógico 
com o auxílio dos próprios alunos, e não de alguém específico para aquele 
aluno com deficiência. Porém, se for necessário, pela dimensão das 
necessidades apresentadas pelo aluno, este profissional a mais deverá, 
além de ter capacitação e conhecimentos específicos, auxiliar o trabalho 
do professor e não servir de “babá” à criança que está sendo incluída;
• Adaptação Curricular;
• Preparação dos professores e funcionários, através de cursos de 
capacitação e incentivo à formação docente;
• Preparação da comunidade escolar;
• Rampas de acesso a todos os ambientes da escola; 
• Materiais e mobiliários adaptados;
• Além de todos estes itens, é fundamental a inserção desta política de 
inclusão escolar no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, pois é 
este documento que fundamenta e orienta os movimentos escolares. 
As autoras ainda apontam para a importância das adaptações curriculares 
significativas para a inclusão de crianças com deficiência intelectual e, entre 
essas, destacam o uso de objetivos flexíveis, adaptação da atividade e 
adaptações múltiplas.
Essas adaptações devem permear todas as áreas de conhecimento. 
No decorrer desta disciplina, teremos como foco a Educação Física, Arte e 
Ludicidade, áreas que convergem para o desenvolvimento físico, cultural e 
histórico das crianças. 
inclusão De alunos com Deficiência intelectual: 
pRáticas positivas e significativas
Para finalizar este capítulo sobre os aspectos históricos, políticos e 
culturais da Deficiência Intelectual abordando alguns exemplos de práticas 
positivas e significativas, gostaria de trazer um grande autor que dedicou boa 
parte de suas pesquisas compreendendo a pessoa com Deficiência. Vigotsky.
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 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
Para Vygotsky 
(1997), a educação 
social, baseada na 
compensação social 
dos problemas físicos 
era a maneira de 
proporcionar uma vida 
satisfatória às pessoas 
deficientes.
Vygotsky (1997) 
acreditava que o ser 
humano é histórico e 
social, fruto das suas 
relações com o meio e 
com os seus pares.
Certamente durante o seu caminhar pela estrada da educação, você já 
ouviu falar deste autor, no entanto poucas pessoas conhecem as pesquisas de 
Vigotsky acerca dos Fundamentos da Defectologia. Esses estudos norteiam 
as práticas de inclusão até hoje.
Vygotsky (1997) acreditava que o ser humano é histórico e social, fruto 
das suas relações com o meio e com os seus pares. Defendia relações 
heterogêneas, pois acreditava na construção do aprendizado propiciada pelas 
relações e então iniciou vários estudos acerca da pessoa com deficiência. 
O autor atentou para a importância de aprender por meio das relações com 
o outro, pois é por meio dessas relações que a criança desenvolve seu potencial, 
passa a observar-se e a perceber-se como sujeito de sua própria história.
Vygotsky (1997) deixou perceptível, em seus escritos, que acreditava 
que a interação com o grupo facilita o processo de desenvolvimento e de 
aprendizagem, bem como enfatizava a importância da educação social 
de crianças deficientes e o potencial da criança para o desenvolvimento 
normal. Afirmava que as deficiências corporais afetavam as suas relações 
sociais, e não suas interações diretas com o ambiente físico, ou seja, o 
defeito orgânico manifestava-se devido à situação social da criança e esta 
situação social poderia se agravar, dependendo do modo como as pessoas 
tratavam essas crianças. 
O autor considerava, em seus estudos acerca dos fundamentos da 
defectologia, que crianças com deficiências passavam por um processo de 
“supercompensação”. Nesse processo mencionado pelo autor, o cérebro 
supercompensava um sentido, pelo desenvolvimento acentuado de outro 
sentido, sendo que isso se dava por meio das experiências sociais das crianças. 
Para Vygotsky (1997), a educação social, baseada na compensação social 
dos problemas físicos era a maneira de proporcionar uma vida satisfatória às 
pessoas deficientes.
Os estudos da supercompensação de Vigotsky (1997) convergem com a 
concepção de deficiência intelectual e do desenvolvimento dessas crianças a 
partir dos estímulos e de suas relações, o que não pode ser classificado em 
níveis, pois varia conforme o contexto de cada criança.
Consideramos os estudos de Vigotsky uma das primeiras experiências 
positivas não apenas sobre a deficiência intelectual, mas sobre todas as 
deficiências.
Partindo da legislação, dos estudos de diferentes autores, inclusive os de 
Vigotsky, percebemos uma grande movimentação em prol da inclusão escolar. 
Assim, hoje as crianças com necessidades especiais frequentam a escola 
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Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
É função do 
professor do AEE 
organizar situações 
que favoreçam o 
desenvolvimento 
do aluno com 
deficiência intelectual 
e que estimulem o 
desenvolvimento 
cognitivo e da 
aprendizagem.
As salas de apoio 
multifuncionais são 
mais uma conquista 
e um projeto que 
pretende diminuir 
as barreiras entre 
o ensino regular 
e o atendimento 
especializado.
regular e há o atendimento educacional especializado na mesma escola, nas 
salas de apoio multifuncionais.
As salas de apoio multifuncionais são mais uma conquista e um projeto 
que pretende diminuir as barreiras entre o ensino regular e o atendimento 
especializado, o que precisamos é defender a inclusão e direito de todos sem 
apegos à disputa por espaços e atendimentos. O lugar de “todas” as crianças 
é na escola e é justamente isto que as Políticas nacionais e internacionais 
almejam garantir.
É função do professor do AEE organizar situações que 
favoreçam o desenvolvimento do aluno com deficiência 
intelectual e que estimulem o desenvolvimento cognitivo e 
da aprendizagem. É também seu papel produzir materiais 
didáticos e pedagógicos, tendo em vista as necessidades 
específicas desses alunos na sala de aula do ensino regular. 
Esse trabalho deve se realizar focalizando as atitudes do 
aluno diante da aprendizagem e propiciar o desenvolvimento 
de ferramentas intelectuais que facilitarão sua interação 
escolar e social (BRASIL, 2010, p. 10).
O atendimento nas salas multifuncionais ainda está em fase de 
implementação. Profissionais especializados estão desenvolvendo projetos 
diferenciados, experiências positivas muitas vezes isoladas, mas a que 
conseguimos ter acesso devido ao avanço tecnológico que nos permite 
pesquisasem tempo real.
Vamos lá! Pesquise você também sobre práticas de inclusão 
de crianças com deficiência intelectual. Tenho certeza de que você 
se surpreenderá com os resultados alcançados!
Deixo aqui algumas dicas de fontes de pesquisa:
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - SCIELO
REVISTA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - UFSM
REVISTA INCLUSÃO – MEC
DI – REVISTA DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – APAE SP
REVISTA CIRANDA DA INCLUSÃO 
REVISTA DA INCLUSÃO
30
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
Atividade de Estudos: 
1) Além das revistas que citei anteriormente, ainda sugiro que 
acessem os sites das secretarias de educação de seus estados 
e municípios a fim de descobrir as ações desenvolvidas em sua 
localidade.
 Que tal começar agora?
 Pesquise e, em seguida, pontue o que considerou significativo 
entre as ações desenvolvidas. Lembre-se de que neste 
momento estamos falando da inclusão de pessoas com 
deficiência intelectual. 
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Deficiência intelectual: 
RelembRanDo aspectos HistóRicos, políticos e cultuRais Capítulo 1 
Finalizo este capítulo com uma contribuição referente ao atendimento 
especializado nas salas multifuncionais.
Sugiro que assista ao vídeo do link a seguir: http://www.youtube.com/
watch?v=gvlsEfOJX14 .
Figura 03 - As salas multifuncionais deixaram de ser um item a mais 
nas instituições de ensino e se tornam atrativo para crianças com 
necessidades especiais que frequentam o esnino regular.
Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=gvlsEfOJX14>. Acesso em: 18 set. 2012.
algumas consiDeRações
Neste capítulo atentamos para a trajetória da Educação Inclusiva no 
Brasil. Apontamos o modo como as pessoas com deficiência eram tratadas na 
antiguidade até a Declaração dos Direitos Humanos.
A partir da Declaração dos Direitos Humanos, apresentamos os principais 
documentos internacionais que tratam da Inclusão como: Declaração dos 
Direitos das Pessoas Deficientes, Declaração de Jomtien, Declaração de 
Salamanca, Convenção de Guatemala e Declaração Internacional de Montreal 
sobre Inclusão. Também sinalizamos para a importância em conhecer os 
documentos nacionais que norteiam a inclusão no país, disponibilizados no site 
do Ministério da Educação, o ECA – Estatuto da Criança e Adolescente, a LDB 
9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Política Nacional 
da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e o Documento 
mais recente do Decreto Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011, que 
32
 Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade
dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE), atentando para 
os materiais adaptados, bem como para atendimento especializado em salas 
multifuncionais.
Finalizamos o capítulo com os estudos de Vigotsky que apontam para 
a supercompensação da deficiência e também com uma reflexão acerca do 
trabalho nas salas multifuncionais.
No próximo capítulo abordaremos a área da Educação Física para a 
Inclusão do aluno com deficiência intelectual.
Até lá!
RefeRências
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial 
na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, MEC, 2008. Disponível em: 
<portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/política.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2012.
______. DECRETO Nº 7.611. Brasília, MEC 17 DE NOVEMBRO DE 2011. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/
Decreto/D7611.htm>. Acesso em: 10 ago. 2012.
GOMES, Adriana Leite Lima Verde. A Educação especial na Perspectiva da 
Inclusão escolar: o atendimento educacional especializado para alunos com 
deficiência Iintelectual/ Adriana Leite Lima Verde Gomes, Jean Robert Poulin, 
Rita Vieira de Figueiredo.- Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da 
Educação Especial; [Fortaleza] Universidade Federal do Ceará, 2010.
GUGEL, Maria aparecida Gugel. Pessoas	com	Deficiência	e	o	Direito	ao	
Trabalho. Florianópolis : Obra Jurídica, 2007.
MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad. Windyz 
Brazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003.
SILVEIRA, Tatiana dos Santos da; NASCIMENTO, Luciana Monteiro do. 
Educação Inclusiva. Indaial, Editora UNIASSELVI, 2011.
VIEIRA, Fernando David; PEREIRA, Mário do Carmo. A Educação de 
pessoas	com	Deficiência	Mental. 2° ed. Fundação Calouste Gulbenkian, 
Serviço de Educação. Gráfica de Coimbra, Lda : Setembro, 2003.
VYGOTSKY, Lev S. Fundamentos da defectologia. Madrid: Portugal: Visor, 
1997.

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