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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, entidade de classe de âmbito nacional, associação de direito privado sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o n.º_________________________________, com sede no endereço _________________________, vem, com fulcro no art. 102, I, “a” e art. 103, IX, da Constituição Federal e no art. 2º e seguintes da Lei 9.868/1999, propor AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO DE LIMINAR em face da Lei Estadual do Estado KWI nº ________________, publicada no Diário Oficial em __________, após tramitação e aprovação na ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA do respectivo estado, indicando como autoridades de onde emanou a norma impugnada o GOVERNADOR DO ESTADO DE KWI. Ambas as entidades poderão prestar as informações (cf. art. 6º, da Lei 9.868/99). A seguir passa-se à exposição dos fatos e fundamentos: I. DOS FATOS (DA EXPOSIÇÃO FÁTICA / SÍNTESE DOS FATOS) Referida norma impugnada determina a gratuidade dos estacionamentos privados vinculados a estabelecimentos comerciais (a exemplo de supermercados, hipermercados, shopping centers), além de determinar multas pelo descumprimento e gradação nas punições administrativas, e delegar ao PROCON local a responsabilidade pela fiscalização dos estabelecimentos relacionados no instrumento normativo. Entretanto, como será demonstrado a seguir, há inconstitucionalidade dessa norma que se evidenciará por diversas razões, sobretudo porque ofende artigo da Constituição Federal que explicita a livre iniciativa como um dos fundamentos da República brasileira; artigo da Constituição Federal que garante o direito fundamental à propriedade, artigo da Constituição Federal que que assegura a ordem econômica, observando o princípio da propriedade privada. Além do mais, a norma impugnada ainda legisla sobre matéria de direito civil que, nos termos do artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, é de competência privativa da União. II. RAZÕES DE DIREITO. II.1. Da legitimidade ativa para propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade. Conforme se verifica da apresentação da petição, esta é ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio, o que encontra amparo constitucional, vide artigo 103, IX da CRFB, que dispõe: Art. 103 CRFB/88. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (...) IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Também consta referida permissão na Lei Nº 9.868, de 10 de Novembro de 1999: Art. 2o Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade (...) IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Somente possuem legitimidade para propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade aqueles explicitados no rol do artigo 103 da Constituição. Sabe-se que, para ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade, afere-se a legitimidade dos autores, que estão divididos em universais, com legitimidade ampla e em especiais com legitimidade vinculada à pertinência temática. Está explícito no presente caso a legitimidade ativa da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, entidade de classe de âmbito nacional, a qual têm expressa ligação com os interesses juridicamente defendidos referente à norma questionada na ação direta de inconstitucionalidade. A CONFERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO cumpre os requisitos demonstrativos de sua legitimidade, pois: - possui Abrangência nacional, atuando em todos os Estados da Federação; http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.868-1999?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.868-1999?OpenDocument - promove a Representação de classe definida, que é a dos estabelecimentos comerciais, como supermercados, hipermercados, shopping centers e semelhantes; - há pertinência temática, no caso em questão é cristalina a relação de pertinência temática entre o dispositivo da norma impugnada e os objetivos perseguidos por esta Confederação, pois a norma reportada inconstitucional contém regras que visam restringir o livre exercício da atividade econômica de todos os associados vinculados à Autora; - previsão estatutária: conforme estatuto anexado, este confere-lhe amplos poderes para representar os interesses coletivos dos seus confederados. Por fim, demonstrado está o preenchimento dos requisitos constantes dos Artigos 533 a 535 da CLT, que dispõem: Art. 533 CLT - Constituem associações sindicais de grau superior as federações e confederações organizadas nos termos desta Lei. (...) Art. 535 CLT - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República. § 1º - As confederações formadas por federações de Sindicatos de empregadores denominar-se-ão: Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional do Comércio, Confederação Nacional de Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação Nacional de Transportes Terrestres, Confederação Nacional de Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional das Empresas de Crédito e Confederação Nacional de Educação e Cultura. É sabido que as Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 Federações e é facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5, desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. É justamente o caso da Confederação Nacional do Comércio, mais uma vez suprido o requisito da sua abrangência. Ante o exposto, resta evidenciado o preenchimento integral dos requisitos exigidos para que se reconheça a legitimidade ativa da Autora. II.2. Da Legitimidade Passiva. Consoante reiterada jurisprudência do STF, a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade tem seu foco voltado para o ataque a Lei ou Ato Normativo. Todavia, como se verifica que o ato atacado é derivado de ação legislativa do Governo do KWY, que editou a norma impugnada, e também da própria Assembleia Legislativa estadual. Resta, portanto, demonstrada a legitimidade passiva do Governo do KWY e da Assembleia Legislativa estadual que deverão prestar as informações cf. previsão do art. 6º, da Lei 9.868/99. II.3. Da Competência do STF. Consoante previsão do art. 102, I, “a” da CRFB, a competência para análise da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade é do Supremo Tribunal Federal, que tem a missão de aferir a adequação de lei ou ato normativo federal ou estadual frente à Constituição da República, pois dela é seu guardião. II.4. Cabimento da Inconstitucionalidade. Incompetência para legislar sobre direito civil. Usurpação de competência da União. Violação à CF/88, art. 22, I, art. 5º, art. 5º, XXII E art. 170, II e IV. No presente caso, a seguir será explicitado o cabimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade voltada a ato normativo estadual contrário à Constituição da República, o que encontra amparo no artigo 102, I, ‘a’ da CF/88. Art. 102 CRFB/88. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal Referida ação abrangerá abrangendo tanto vícios formais, quanto vícios materiais. Inicialmente, explicita-se vício formal, a exemplo do vício de competência grave ligado a referida norma impugnada. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 22, I delimita expressamente a competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil. Art. 22 Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) (grifo acrescido). Tal competência é expressão do princípio do federalismo, conferindo a cada ente legitimidade para legislar sobre determinadas matérias, neste caso, de forma privativa, como maneira de garantir a convivência ordenada entre as diversas esferas sociais, e abrindo espaço para combater a inconstitucionalidade Adentrando ao caso em questão, nota-se que, ao impor aos estacionamentos privados, a obrigatoriedade de conceder período de gratuidade aos usuários, é evidente que a atividade legislativa estadual invade competência PRIVATIVA da União, o que explicita desde logo a inconstitucionalidade da norma, eivada de vício porque emanada de órgão sem competência. Quanto a vícios materiais, há também ofensa à liberdade econômica, pois há previsão constitucional do direito à propriedade privada e livre iniciativa e livre concorrência, impactados pela norma. Já no seu início, em seu art. 1º, inciso IV, ressalta a norma superior, que constituem fundamentos da República Federativa do Brasil “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”. A propriedade privada é instituto de maior relevância no campo do Direito Civil. Assim, quando o Poder Público edita norma que restringe exercício desse direito de propriedade do particular, evidente que está invadindo a competência de legislar sobre Direito Civil, cabível apenas à União. A norma impugnada interfere no direito de propriedade privada, resguardada pelo Art.5o, inciso XXII da CRFB/88: Art. 5º CRFB/88. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXII - é garantido o direito de propriedade; Além de interferir diretamente na matéria relacionada à propriedade, a norma impugnada também esvazia a remuneração dos estabelecimentos, apesar destes manterem o DEVER de guarda e manutenção dos veículos, na relação contratual de depósito firmada, o que agrava o cenário de usurpação legislativa. Ou seja, há explícita intervenção e prejuízo ao que dispõe o art. 170 da CF, estabelece que a todos é dado o direito de exercer atividade econômica, sendo princípio constitucional à livre iniciativa ao trabalho e a atividade econômica: Art. 170 CRFB/88. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) II - propriedade privada; (...) IV - livre concorrência; Referida norma, quando impõe a gratuidade no uso de serviço de estacionamento por estabelecimentos privados, limita o direito de propriedade, impactando o exercício da sua atividade econômica esvaziando o ajustado em cláusulas contratuais firmadas exclusivamente entre o usuário do estacionamento e este. Não se pode iludir imaginando que referida norma legislada oferta proteção ao consumidor, é vedado ao Poder Público buscar realizar assistência social por meio de imposição de ônus à iniciativa privada, primeiro, porque ao assim agir, o Estado que lesará o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e certamente, imporá o aumento de custos em outras frentes para que estabelecimento possa arcar com o injusto ônus; segundo, porque não pode Transferir deveres que são do Estado para o particular de forma arbitrária, como quando busca ser assistencialista e reduzir custo do cidadão às custas do estabelecimento privado. Em outra oportunidade o STF já se manifestou sobre questão semelhante e reconheceu inconstitucionalidade, vedando a invasão de competência legislativa da União. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 1.º DA LEI N.º 1.094/96, DO DISTRITO FEDERAL. ALEGADA VIOLAÇÃO AOS ARTS. 5.º, XXII; E 22, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Norma que, dispondo sobre o direito de propriedade, regula matéria de direito civil, caracterizando evidente invasão de competência legislativa da União. Precedente. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade da expressão "privadas ou", contida no art. 1.º da lei distrital sob enfoque. (ADI 1472, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ 25-10-2002 PP-00024 EMENT VOL-02088-01 PP-00162) E também: DIREITO CONSTITUCIONAL E CIVIL. AÇÃO DIRETA DA INCONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO "OU PARTICULARES" CONSTANTE DO ART. 1º DA LEI Nº 2.702, DE 04/04/2001, DO DISTRITO FEDERAL, DESTE TEOR: "FICA PROIBIDA A COBRANÇA, SOB QUALQUER PRETEXTO, PELA UTILIZAÇÃO DE ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS EM ÁREAS PERTENCENTES A INSTITUIÇÕES DE ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR, PÚBLICAS OU PARTICULARES". ALEGAÇÃO DE QUE SUA INCLUSÃO, NO TEXTO, IMPLICA VIOLAÇÃO ÀS NORMAS DOS ARTIGOS 22, I, 5º, XXII, XXIV e LIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. QUESTÃO PRELIMINAR SUSCITADA PELA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL: a) DE DESCABIMENTO DA ADI, POR TER CARÁTER MUNICIPAL A LEI EM QUESTÃO; b) DE ILEGITIMIDADE PASSIVA "AD CAUSAM". 1. Não procede a preliminar de descabimento da ADI sob a alegação de ter o ato normativo impugnado natureza de direito municipal. Argüição idêntica já foi repelida por esta Corte, na ADIMC nº 1.472-2, e na qual se impugnava o art. 1º da Lei Distrital nº 1.094, de 31 de maio de 1996. 2. Não colhe, igualmente, a alegação de ilegitimidade passiva "ad causam", pois a Câmara Distrital, como órgão, de que emanou o ato normativo impugnado, deve prestar informações no processo da A.D.I., nos termos dos artigos 6° e 10 da Lei n° 9.868, de 10.11.1999. 3. Não compete ao Distrito Federal, mas, sim, à União legislar sobre Direito Civil, como, por exemplo, cobrança de preço de estacionamento de veículos em áreas pertencentes a instituições particulares de ensino fundamental, médio e superior, matéria que envolve, também, direito decorrente de propriedade. 4. Ação Direta julgada procedente, com a declaração de inconstitucionalidade da expressão "ou particulares", contida no art. 1° da Lei n° 2.702, de 04.4.2001, do Distrito Federal. (ADI 2.448/DF, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Sydney Sanches, j. em 23/04/2003). Nota-se que não padece o ato impugnado apenas de vício de competência por invadir matéria de Direito Civil. Também invade matéria de Direito das Relações de Consumo. Evidente que nas matérias de competência concorrente, cabe à União ditar as normas gerais, aplicáveis a todo o país. Ademais, sua inconstitucionalidade também se revela pela falta de especificidade que justifique sua edição em âmbito estadual. É evidente que a manutenção da atividade empresarial não se sustenta se não houver equilíbrio entre a receita, as despesas e o lucro da atividade. Cumpre ressaltar, ao final, que os serviços de estacionamento de veículos explorados pela iniciativa privada são facultativos, ou seja, de livre escolha dos usuários e não obrigatórios. Por esta exposição é que se roga pelo reconhecimento da inconstitucionalidade da norma, pois tal como fora concebida, obsta a liberdade econômica do particular na gestão da sua atividade privada, ofendendo e restringindo a liberdade econômica, a proteção constitucional à propriedade privada e à liberdade individual, previstos no caput do art. 5º e no artigo 170, inciso II, da CRFB/88, razão pela qual merece ser acolhida a presente ADI. II.5. Da necessidade de deferimento da medida cautelar para suspensão imediata dos efeitos da lei conforme previsão art. 102, i, “p” da CRFB/88. Além da indigitada gratuidade imposta indevidamente pela referida lei, esta também estabelece que o descumprimento da norma sujeitará os fornecedores ao pagamento de multas e gradação nas punições administrativas, além de delegar ao PROCON local a responsabilidadepela fiscalização dos estabelecimentos relacionados no instrumento normativo. A previsão para sua concessão é colhida tanto na CRFB/88, art. 102, i, “p”, quanto nos artigos 10, § 3º e Art. 11 § 1º da Lei 9.868/99. Está evidenciado o fumus boni iuris pela demonstração dos diversos vícios de inconstitucionalidade apontados na norma impugnada, vícios estes formais e materiais. Já o periculum in mora demonstra-se por si só, pois os efeitos dessa norma têm o potencial de trazer efeitos extremamente negativos aos fornecedores de serviço de estacionamento. Há receio de perigo de dano irreparável se a norma não for reconhecida inconstitucional, pois se mantida, os fornecedores de estabelecimento associados à confederação sofrerão as indevidas punições administrativas e, diante das multas, há o risco de terem de encerrar suas atividades, já que não terão condições de manter a prestação de um serviço diante da obrigatoriedade de concessão de gratuidade imposta, o que implicará também na extinção de postos de trabalho. Por estas razões é que se formula o pedido de tutela de urgência, a fim de suspender a vigência da norma cuja inconstitucionalidade se arguiu, face ao demonstrado fumus boni iuris, que reside no fato de que o ato normativo interfere diretamente no direito à propriedade privada, violando competência privativa da União, e face ao perigo na demora, que evidencia o grande risco até mesmo de fechamento das atividades com a iminência de serem multadas. III. PEDIDOS Diante do exposto e, do que mais dos autos constar e suprir a elevada consciência jurídica desse d. Juízo, REQUER-SE, recebida e autuada a presente petição: a) Concessão de medida cautelar, com fulcro no art. 10 e seguintes da Lei 9.868/99, para suspensão imediata dos efeitos da norma editada pelo Governo do Estado KWI; b) A notificação da Assembleia Legislativa e do Governador do Estado KWI, para prestarem informações no prazo legal com fulcro no art. 6º da Lei 9868/99; c) Intimação do Advogado Geral da União, bem como do Procurador Geral da República para apresentação de manifestação no prazo legal com fulcro no art. 8º da Lei 9868/99; d) Ao final, seja declarada a inconstitucionalidade do art. 3º da norma impugnada e demais dispositivos, ampliada a sua eficácia erga omnes e efeito vinculante, vide previsão do art.102 § 2º CRFB. Dá-se à causa, o valor de R$ _____ para fins de alçada. Nestes termos, pede deferimento. Cidade___________, data____, mês_____, ano______. ________________________ Advogado Número de Registro na OAB/UF.
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