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11- IMUNOLOGIA - AULA11

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Quando se fala em imunologia o termo anticorpo 
vem à mente quase que instantaneamente. 
Isso porque as imunoglobulinas são, de 
fato, moléculas essenciais para o adequado 
funcionamento do sistema imunológico. Sua 
natureza proteica nos remete ao dogma da 
biologia, o qual pontua os eventos replicação, 
transcrição e tradução como pontos centrais nos 
organismos vivos. Portanto, a partir de agora, 
é hora de compreendermos como as células 
B utilizam o código genético para produzir 
uma gama enorme de anticorpos com as mais 
distintas especificidades.
RELEMBRANDO A MOLÉCULA DE 
IMUNOGLOBULINA
No início de nosso curso, mais precisamente 
na aula 2, vimos em detalhes a estrutura dos 
anticorpos. A molécula de imunoglobulina é 
formada por uma combinação de cadeias leves 
e pesadas, ambas possuindo regiões variáveis e 
constantes. A figura 1 traz uma representação 
esquemática de uma molécula de anticorpo.
Por se tratar de uma molécula bioquimicamente 
classificada como glicoproteína, portanto 
possuindo um componente proteico, as 
BASE GENÉTICA DOS ANTICORPOS
Representação esquemática de uma molécula de anticorpo. A cadeia pesada 
é representada pela cor verde, enquanto a cadeia leve na cor amarela. 
As regiões variáveis das cadeias leve e pesada encontram-se nas porções 
superiores da figura (listrado) e as regiões constante na porção inferior. 
A cauda transmembrana, a qual mantem o anticorpo ancorado à superfície 
da célula B, formando o BCR, não está representada na figura.
imunoglobulinas são sintetizadas a partir de 
processos que se iniciam no núcleo celular. O 
material genético, o nosso DNA, armazena as 
informações necessárias para a formação dos 
diferentes anticorpos. De maneira simplificada, 
o processo de transcrição transcreve o DNA em 
RNA, sendo este último traduzido em proteína 
no citosol. Porém, aqui não podemos ficar no 
superficial. Vamos, portanto, mais a fundo nesse 
conteúdo.
Onde estão as informações genéticas para a 
síntese dos anticorpos?
Os anticorpos são formados por cadeias leves 
e pesadas. As cadeias leves que formam os 
anticorpos podem ser de dois tipos: cadeia 
κ (kappa) e cadeia λ (lambda). Já as cadeias 
pesadas podem ser do tipo µ (mi), δ (delta), 
γ (gamma), ε (épsilon) e α (alfa). Importante 
relembrarmos que são as cadeias pesadas que 
determinam qual o isotipo de anticorpo. Nesse 
sentido temos: 
• IgM formada por cadeia pesada do tipo µ;
• IgD formada por cadeia pesada tipo δ;
• IgG formada por cadeia pesada do tipo γ;
• IgE formada por cadeia pesada tipo ε;
• IgA formada por cadeia pesada do tipo α. 
Tão importante quanto relembrarmos que 
são as cadeias pesadas que determinam qual 
o isotipo de anticorpo é relembrarmos que a 
especificidade destas moléculas se dá na região 
variável das cadeias leve e pesada.
As informações genéticas para todas estas 
cadeias acima mencionadas estão armazenadas 
em cromossomos distintos, no núcleo celular. No 
cromossomo 2 se encontra o locus contendo as 
informações genéticas para a cadeia leve do tipo 
Adaptados de Janeway’s Immnunobiology, Bed. (© Garland Science 2012)
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κ, enquanto que o locus da cadeia leve do tipo 
λ se encontra no cromossomo 22. Já o locus das 
cadeias pesadas se encontra no cromossomo 14.
COMO SÃO OS LOCI DAS CADEIAS DE 
ANTICORPOS?
Já sabemos onde estão armazenadas as 
informações genéticas que formarão as 
diferentes cadeias que constituem uma molécula 
de imunoglobulina. Porém, os loci das diferentes 
cadeias possuem características distintas. Vamos 
a elas.
O locus da cadeia leve κ é formado por 38 
segmentos gênicos “variáveis” distintos, 
denominados de Vκ1 a Vκ38, cada um deles 
precedido de uma sequência líder. Após 
as sequências de segmentos variáveis são 
encontrados cinco segmentos “juncionais”, 
denominadas Jκ1 a Jκ5. E, por fim, uma única 
sequência gênica “constante” denominada Cκ.
O locus da cadeia leve λ é formado por 
30 segmentos gênicos variáveis distintos 
denominados Vλ1 a Vλ30, precedidos de 
sequência líder tal qual os segmentos gênicos 
da cadeia κ. Após os 30 segmentos gênicos 
dos domínios variáveis, são observados quatro 
segmentos gênicos juncionais, denominadas Jλ1 
a Jλ4, e quatro segmentos gênicos constantes, 
denominadas Cλ1 a Cλ4. Porém, diferente do 
que se observa na cadeia κ, as sequências Jλ e 
Cλ são encontradas de modo alternado dentro 
do cromossomo (primeiramente a sequência Jλ1 
seguida da sequência Cλ1, depois a sequência 
Jλ2 seguida da sequência Cλ2, e assim para as 
outras duas cadeias).
O locus da cadeia pesada é formado por 
40 segmentos gênicos variáveis distintos 
denominados VH1 a VH40, cada um precedido 
de uma sequência líder. Uma peculiaridade da 
cadeia pesada é a ocorrência de 23 segmentos 
gênicos de “diversidade”, denominados DH1 a 
DH23. Após estes segmentos gênicos diversidade, 
é possível observar seis segmentos juncionais, 
denominados JH1 a JH6. Os segmentos gênicos 
constantes são encontrados após os segmentos 
J. Como as cadeias pesadas são diferentes em 
cada isotipo de anticorpo, os segmentos gênicos 
que formam os isotipos distintos são encontrados 
na seguinte sequência: um segmento gênico 
constante µ (Cµ), um segmento δ (Cδ), dois 
segmentos γ (Cγ3 e Cγ1), um segmento α (Cα1), 
mais dois segmentos gênicos γ (Cγ2 e Cγ4), um 
segmento gêncio ε (Cε) e, por fim, mais um 
segmento gênico α (Cα2).
O esquema a seguir ilustra a disposição dos 
distintos segmentos gênicos das cadeias leve e 
pesadas.
A SÍNTESE DA MOLÉCULA DO ANTICORPO
Já sabemos onde se encontram as informações 
genéticas para a produção de anticorpos, agora 
precisamos “sintetizá-los”. O processo é simples, 
Organização dos genes das cadeias leves e da cadeia pesada. Na parte 
superior está apresentado o locus da cadeia leve λ, com os segmentos 
gênicos V (variável), J (junção) e C (constante). No centro da figura 
está representado o locus da cadeia leve κ, também com os seus 
segmentos V, J e C. Já parte inferior da figura está representado 
o locus da cadeia pesada, com os segmentos V, D (diversidade), J e C. 
Importante: nesta representação do locus da cadeia pesada apenas 
o segmento Cµ é apresentado, o qual codifica a cadeia pesada para 
isotipo IgM. Os demais segmentos foram suprimidos da figura.
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tal qual as demais sínteses proteicas realizadas 
por células eucarióticas.
Comecemos pela cadeia leve.
Primeiramente, através de um processo de 
recombinação somática no núcleo celular, os 
segmentos V e J de uma cadeia leve são unidos. 
Após a recombinação somática, o material 
genético passa pelo processo de transcrição, 
formando o chamado transcrito primário, o qual 
deixa de ser uma fita dupla de DNA e passa a ser 
uma fita simples de RNA. O transcrito primário 
de RNA é, então, processado para poder sair do 
núcleo celular e, finalmente, ser traduzido em 
proteína nos ribossomos. Neste processamento 
de RNA observa-se um evento chamado splicing, 
no qual os íntrons são removidos da fita de RNA 
e os éxons são unidos. Com isso, o segmento 
VJ se une com o segmento C, formando um 
segmento VJC completo. Outros dois eventos 
são observados no processamento do RNA: um 
deles é a adição de uma estrutura chamada de 
“cap” e outro é a adição de uma calda “poli-A” 
– deixemos isso para a biologia molecular! Uma 
vez processado, o RNA mensageiro deixa o 
núcleo com os segmentos VJC para o citoplasma 
onde é traduzido em proteína.
Este é o processo no qual se forma a cadeia leve 
de uma molécula de anticorpo. Mas e a cadeia 
pesada? O processo é muito semelhante ao que 
se observa na síntese da cadeia leve.
Inicialmente, a recombinação somática une 
os segmentos D e J, formando um segmento 
DJ. Subsequentemente se observa a união do 
segmento V ao segmento DJ, formando um 
segmento VDJ. Observa-se a transcrição do 
DNA, formando um transcrito primário. Após o 
processamento, incluindo splicing, o segmento 
VDJ se une com os segmentos C, formandoo 
RNA mensageiro que possui a sequência para 
a cadeia pesada da molécula do anticorpo. Um 
esquema resumido é apresentado na figura 3.
Diferença entre BCR e anticorpo sérico
É bom lembrarmos que os anticorpos 
podem formar os receptores de célula B 
(BCR, sigla em inglês para B cell receptor) 
ou serem secretados. Para que um anticorpo 
se mantenha ancorado à membrana 
plasmática, formando o BCR, é necessário 
que o segmento gênico C da cadeia pesada 
seja transcrito com os éxons M1 e M2. Estes 
éxons codificam a porção transmembrana e 
a calda citoplasmática do anticorpo. Porém, 
quando uma célula B se ativa e se diferencia 
em plasmócito faz-se necessário a secreção 
dos anticorpos. Neste momento, portanto, 
a célula plasmática deixa de transcrever os 
segmentos gênicos M1 e M2, substituindo 
tais segmentos pela sequência codificadora 
de secreção – chamada de SC. A partir de 
então, os anticorpos não mais se manterão 
ancorados à membrana plasmática, sendo 
destinados às vias de secreção celular.
UNIÃO DOS SEGMENTOS GÊNICOS
Já conhecemos a estrutura da molécula do 
anticorpo e os segmentos gênicos que as 
formam. É hora de uma abordagem um pouco 
mais aprofundada sobre o processo pelo qual os 
segmentos gênicos são unidos para formar os 
RNA que será traduzido em cadeia polipeptídica 
para a formação da molécula de imunoglobulina.
Síntese de uma molécula de anticorpo a partir da informação 
contida no material genético. Importante esclarecer que o 
segmento D só é encontrado nas cadeias pesadas.
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A figura 3 nos traz uma representação muito 
simplificada dos eventos que coordenam 
o processo no qual os segmentos gênicos 
são reorganizados, porém não menciona as 
moléculas envolvidas nos processos. Comecemos 
o detalhamento pela união dos segmentos 
gênicos de uma cadeia leve.
A cadeia leve, seja ela κ ou λ, é formada 
por dois segmentos gênicos, um segmento 
gênico V e um segmento gênico J, os quais se 
encontram organizados de maneiras distintas 
em seus loci. Se olharmos a figura 2 mais com 
mais detalhes, é possível perceber que entre os 
segmentos gênicos que formarão a cadeia leve 
há uma grande região de material genético – 
representada pelas linhas paralelas que não 
possuem caixas coloridas – que precisam ser 
removidas para que os segmentos gênicos V e 
J se unam. Portanto, faz-se necessário a clara 
indicação do ponto onde o material genético 
deve ser cortado e, subsequentemente, reunido.
Encontrado de modo adjacente aos segmentos 
gênicos V e J, existe uma região conservada 
de DNA não codificante que sinaliza o ponto 
exato onde o material genético deve ser clivado. 
Esta região é chamada de “sequência sinais 
de recombinação” (RSS, sigla em inglês para 
recombination signal sequences). As RSSs são 
formadas por um heptâmero (CACAGTG) e um 
nonâmero (ACAAAAACC), separados entre si 
por um espaçador de 12 ou 23 pares de bases 
(figura 4).
O fato de termos espaçadores de 12 ou 23 
pares de base garante o adequado rearranjo 
genético. Um segmento gênico V sucedido por 
uma sequência RSS formada por um espaçador 
de 12 pares de base se ligará a um segmento 
gênico J precedido por um RSS composto por um 
espaçador de 23 pares de base. A isso chamamos 
de regra 12/23.
NOTA: Embora tenhamos mencionado até o momento 
o rearranjo de uma cadeia leve, na qual um segmento 
V se une a um segmento J, o mesmo processo se dá 
nas cadeias pesadas. Um segmento V, sucedido por 
um RSS, deverá se unir com um segmento D, o qual é 
precedido por um RSS. Além disso, este segmento D, 
sucedido por um RSS, deverá se unir a um segmento 
J, o qual é precedido por um RSS. A regra 12/23 
também se aplica no rearranjo das cadeias pesadas.
Uma vez conhecidos os segmentos gênicos e seus 
pontos de corte, é chegada a hora das enzimas 
trabalharem. Vamos conhecer o rearranjo da 
região variável de um anticorpo.
Um complexo de proteínas contendo RAG1 e 
RAG2, chamado recombinase V(D)J, atua na 
recombinação dos segmentos gênicos V(D)
J, possibilitando a subsequente transcrição do 
DNA em RNA. Inicialmente, o complexo RAG se 
liga a um RSS que esteja ladeando o segmento 
gênico V. Após esta ligação, o complexo RAG 
recruta o outro RSS, o qual está ao lado do 
segmento gênico a ser unido à região V. Por 
fim, o DNA é clivado pela ação de endonuclease 
do próprio complexo RAG, deixando as duas 
extremidades do material genético em forma de 
grampo e liberando a sequência de DNA que se 
encontrava entre os segmentos a serem unidos.
As duas extremidades de DNA em forma de 
grampo precisam ser reunidas (figura 5). Nesse 
momento, proteínas de reparo, chamadas 
Ku70:Ku80, se ligam nos grampos de DNA. 
Na sequência, complexo proteico DNA-
PK:Artemis se ligará ao complexo Ku70:Ku80, 
fazendo com que os grampos de DNA sejam 
abertos. A enzima TdT (sigla em inglês para 
terminal deoxynucleotidyl transferase) 
se encarrega de adicionar nucleotídeos nas 
As sequências sinais de recombinação (RSS) sinalizam o local onde 
deve ocorrer o rearranjo gênico. Importante notar a regra 12/23: os 
segmentos gênicos que se unirão para formar o RNA a ser traduzido devem 
possuir espaçadores diferentes, um com 12 e outro com 23 pares de base.
Adaptados de Janeway’s Immnunobiology, Bed. (© Garland Science 2012)
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extremidades do DNA, unindo as duas porções 
de DNA anteriormente separadas pela ação 
de endonuclease do complexo RAG. O resumo 
destes eventos está esquematizado na figura 6.
IMPORTANTE! Sempre bom lembrar, se 
estivermos analisando uma o rearranjo gênico 
em uma cadeia leve, o segmento gênico V se 
unirá ao segmento gênico J. Caso estejamos 
analisando uma cadeia pesada, o segmento V se 
unirá com um segmento D, o qual se unirá com 
um segmento J, formando a sequência VDJ.
Pronto! Os segmentos gênicos da região variável 
de um anticorpo se encontram rearranjados e 
prontos para serem transcritos e, finalmente, 
traduzidos.
TROCA DE ISOTIPO DE ANTICORPO
Já vimos que os anticorpos são moléculas de suma 
importância para o adequado funcionamento 
do sistema imunológico. E vimos, também, que 
diferentes isotipos de anticorpos desempenham 
funções distintas para garantir a proteção do 
hospedeiro frente a diferentes patologias. Agora 
precisamos saber como se dá a troca de isotipo 
de anticorpos.
As células B virgens possuem um anticorpo 
ancorado à membrana plasmática atuando 
como BCR, sendo que nestes linfócitos virgens o 
anticorpo será do isotipo IgM ou IgD. Contudo, a 
partir da ativação celular, os linfócitos B virgens 
podem mudar a classe de anticorpos que serão 
secretados. Esta mudança de classe de anticorpo, 
também chamada de troca de isotipo, garante 
que as diferentes funções desempenhadas pelas 
imunoglobulinas secretadas se tornem possíveis. 
Os principais responsáveis por sinalizar qual 
classe de anticorpo deve ser produzida pelos 
linfócitos ativados são as citocinas.
E como se dá este processo de troca após a 
sinalização com diferentes citocinas?
Do mesmo modo que ocorre na recombinação 
V(D)J, a mudança de isotipo de anticorpo é 
estritamente regulada por ação de diferentes 
enzimas. E, de modo semelhante, estas enzimas 
atuam diretamente sobre o material genético 
das células B.
Quando uma célula B é ativada, uma enzima 
chamada citidina desaminase induzida por 
ativação (AID, sigla em inglês para activation-
induced cytidine deaminase) inicia o processo 
de troca de isotipo de anticorpo. Esta enzima só 
é produzida em células B ativadas – isso nos 
ajuda a entender porque somente células B que 
tenham sido previamente ativadas possuem 
classes de anticorpos diferentes de IgM e IgD. 
Uma vez que o DNA se encontra desenrolado, 
já que a célula está ativada, regiões de DNA fita 
simples são alvos da enzima AID a qual troca 
uma citidina por uridina. A uridina não faz parte 
do DNA normal, portanto um processo de reparo 
deste DNA se faz necessário.
Representação do corte da dupla-fita de DNA na recombinação V(D)
J.No quadro superior está a representação do grampo de DNA nas 
duas extremidades após a ação do complexo RAG. No quadro inferior 
está representada a abertura dos grampos por ação do complexo 
DNA-PK:Artemis. A sequência dos eventos envolve a união das duas 
extremidades – não apresentada na figura.
Esquema resumido da recombinação V(D)J.
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REPARO DO DNA APÓS A AÇÃO DA 
ENZIMA AID
A “lesão” causada no DNA de fita simples por 
ação da enzima AID levará a um processo de 
reparo do material genético. Outras enzimas 
auxiliarão nas etapas subsequentes.
A substituição de uma citidina por uridina pode 
ser detectada por proteínas de reparo (MSH2 e 
MSH6) que recrutam nucleases que retiram a 
base uridina, bem com as bases no seu entorno. 
Na sequência, a DNA-polimerase adiciona novas 
bases reparando a fita de DNA danificada pela 
AID. Este processo é observado na hipermutação 
somática!
A conversão de citidina por uridina pode ser 
detectada, também, pela enzima uracila-DNA-
glicosidase (UNG, sigla em inglês para uracil-
DNA glycosylase). Esta enzima retira a base 
uridina deixando um espaço vazio, chamado de 
sítio abásico. Este sítio abásico pode ser alvo de 
outras duas enzimas: a enzima REV1 ou APE1. 
A primeira enzima direciona para o processo de 
hipermutação somática, ao passo que a segunda 
permitirá que o processo de troca de classe seja 
concluído. A ação da enzima APE1 (sigla em 
inglês para apurinic/apyrimidinic endonuclease 
1) resulta na remoção do resíduo ribose na fita 
de DNA, podendo levar à quebra da dupla fita 
de DNA. Como estas quebras são em regiões C 
das imunoglobulinas, o desfecho deste processo 
é a troca da classe de anticorpo, como ilustrado 
na figura 7.
A última peça deste quebra-cabeça da troca de 
isotipo é entender como as enzimas se ligam 
no local exato no material genético, garantindo 
que a célula B troque a classe de anticorpo a ser 
secretado quando se diferenciar em plasmócito. 
Estes locais são chamados de regiões de troca.
No íntron localizado entre os segmentos gênicos 
JH e Cµ se localiza a região de troca de isotipo 
chamada Sµ. De modo semelhante, precedendo 
os segmentos gênicos C para as cadeias γ, ε e α, 
existem regiões de troca. Sendo assim, quando a 
célula B se torna ativada e inicia a transcrição do 
material genético, abre-se a fita dupla do DNA, 
expondo as regiões de troca, permitindo que as 
enzimas apresentadas na figura 7 realizem a 
troca de isotipo de anticorpo.
Hipermutação somática e maturação 
da afinidade
Quando as células B se tornam ativadas 
é comum observar que os anticorpos 
produzidos pelos plasmócitos resultantes 
desta ativação apresentem uma maior 
afinidade para com os antígenos. Este 
aumento da afinidade dos anticorpos é 
denominado de maturação da afinidade, 
sendo, também, desencadeado pela 
ação da enzima AID. Na maturação da 
afinidade, no entanto, a enzima AID se 
liga a segmentos gênicos V, tanto da 
cadeia leve como da cadeia pesada. Como 
resultado, a hipermutação somática levará 
mutações nas regiões determinantes 
de complementariedade (CDR, sigla em 
inglês para complementarity-determining 
regions), podendo formar anticorpos com 
afinidades ainda maiores aos antígenos que 
deflagraram a ativação da célula B.
Processo de troca de isotipo de anticorpo. A 
sequência de eventos se inicia pela ação da 
enzima AID, seguido das enzimas UNG e APE1.
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EXERCÍCIOS
1
2
3
4
5
6
7
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A molécula do anticorpo é um homodímero formado 
por cadeias leves e pesadas. Quais são as cadeias leves 
e pesadas encontradas nos anticorpos humanos?
Como os segmentos gênicos V e J da cadeia são 
unidos para a formação de um éxon a ser traduzido?
O que leva uma célula B virgem a mudar a classe 
de anticorpo a ser produzido quando esta célula se 
diferencia em plasmócito?
Como se dá a o mecanismo genético envolvido na 
troca de classe de anticorpos?
A enzima citidina desaminase induzida por ativação 
(AID) é encontrada apenas em células B, tendo 
papel importante no processo de troca de classe de 
anticorpos, bem como em hipermutação somática. 
Como esta enzima desencadeia o processo de 
hipermutação somática?
Os loci que armazenam a informação genética das 
cadeias que compõe os anticorpos são encontrados 
em quais cromossomos?
Quais são os segmentos gênicos para cada uma das 
cadeias que formarão uma molécula de anticorpo?
A partir do DNA até tradução em proteína, como se dá 
formação da cadeia pesada de uma imunoglobulina?
As células B possuem uma imunoglobulina ancorada à 
membrana plasmática atuando como receptor celular 
– o BCR. No entanto, quando a célula B se ativa e 
se diferencia em plasmócito os anticorpos precisam 
ser secretados, não sendo mais mantidos como BCR. 
Qual a diferença entre a produção de um anticorpo 
que permanecerá ancorado à membrana daquele que 
será secretado?
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ANOTAÇÕES
Ainda sobre a ação das enzimas envolvidas nos 
processos de produção de imunoglobulinas, como 
as enzimas AID, UNG e APE1 atuam para realizar o 
processo de troca de classe de anticorpos?
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GABARITO DJOW
1- Existem dois tipos de cadeia leve, a cadeia leve κ e a cadeia 
leve λ. Por se tratar de um homodímero, um anticorpo sempre 
apresentará as duas cadeias iguais, sendo só cadeias leves κ ou 
só cadeias leves λ, nunca uma de cada cadeia leve em uma mesma 
molécula. Já as cadeias pesadas podem ser de cinco tipos: cadeia 
pesada α, cadeia pesada δ, cadeia pesada ε, cadeia pesada γ e 
cadeia pesada µ. Estas cadeias pesadas são as responsáveis pela 
classificação dos isotipos de anticorpo IgA, IgD, IgE, IgG e IgM, 
respectivamente. Tal qual o mencionado para as cadeias leves, uma 
molécula de anticorpo terá duas cadeias pesadas idênticas.
2- O locus gênico da cadeia leve κ é encontrado no cromossomo 2, 
o locus da cadeia leve λ se encontra no cromossomo 22, e o locus 
da cadeia pesada se encontra no cromossomo 14.
3- A cadeia leve κ é formada por aproximadamente 38 segmentos 
gênicos V (variável), 5 segmentos gênicos J (junção) e um 
segmento gênico C (constante). A cadeia leve λ é formada por 
aproximadamente 30 segmentos gênicos V, 4 a 5 segmentos 
gênicos J, e 4 a 5 segmentos gênicos C. Já a cadeia pesada possui 
aproximadamente 40 segmentos V, 23 segmentos D (diversidade), 
6 segmentos J e 9 segmentos C.
4- Inicialmente, através de um processo de recombinação somática, 
os segmentos gênicos D e J são unidos e, posteriormente, o 
segmento V se ligará ao segmento DJ, formando o segmento VDJ 
da cadeia pesada. A etapa de transcrição ocorre após o rearranjo de 
VDJ, formando um transcrito primário de RNA com o segmento VDJ 
seguido dos segmentos C da cadeia pesada. Este transcrito primário 
tem que ser processado para que os íntrons sejam eliminados e os 
éxons sejam unidos, formando assim o RNA mensageiro. Por fim, o 
mRNA será traduzido e a molécula de imunoglobulina poderá ser 
produzida.
5- Após o último segmento gênico C da cadeia pesada, há uma 
sequência codificadora de secreção (SC) sucedida de um sítio 
de poliadenilação (poli-A). Após este sítio de poli-A há uma 
sequência codificadora transmembrana (MC1) e uma sequência 
codificadora da cauda citoplasmática (MC2), também seguida de 
um sítio poli-A. Quando a célula B não está se diferenciando em 
plasmócito, o transcrito primário será processado unindo o último 
segmento gênico C com os éxons que codificam MC1 e MC2. 
Esse processamento removerá a sequência SC, fazendo com que 
o mRNA seja subsequentemente traduzido em imunoglobulina 
transmembrana. Quando o linfócito B se torna ativo e se diferencia 
em plasmócito, o transcrito primário é processado removendo as 
sequências MC1 e MC2, resultando em anticorpo secretado.
6-Existem sequências especiais denominadas “sequências sinais de 
recombinação” (RSS), sendo formadas por um heptâmero composto 
pelos nucleotídeos CACAGTG, um espaçador 12 ou 23 pares de 
bases,e um nonâmero composto pelos nucleotídeos ACAAAAACC. 
Estas sequências indicam o local da recombinação gênica, 
garantindo que na cadeia leve, seja ela κ ou λ, um segmento gênico 
V se una com um segmento gênico J. A regra 12/23 garante que o 
rearranjo seja correto: um segmento Vλ ladeado por um RSS com 
espaçador de 23 pares de base só poderá se ligar a um segmento 
Jλladeado por um RSS com espaçador de 12 pares de base
7- Células B virgens inicialmente expressam imunoglobulinas da 
classe IgM e IgD, ambas ancoradas à membrana plasmática atuando 
como receptores de célula B – o BCR. No entanto, quando uma 
célula B encontra o antígeno e inicia o processo de multiplicação 
e diferenciação celular, as células plasmáticas poderão produzir 
anticorpos de classes distintas. As citocinas são responsáveis por 
orquestrar a troca de isotipo de anticorpos. Alguns exemplos: na 
presença de IL-4 observa-se uma maior produção de anticorpos 
IgG1 e IgE, a citocina IL-5 aumenta a produção de IgA, já a citocina 
IFN-γ induz a produção de IgG2a e IgG3, enquanto TGF-β leva a 
produção de IgG2b e IgA.
8- Precedendo os segmentos gênicos C nos loci das cadeias 
pesadas existem regiões de troca e sequências repetidas de DNA 
que sinalizam a troca de classe. Para melhor entendimento, após o 
segmento VDJ da cadeia pesada há o segmento C µ, mais afastado 
no mesmo locus há o segmento Cδ, seguido de Cγ, Cε e Cα. Com 
o início do processo de transcrição mediado pela enzima RNA 
polimerase, observa-se a formação de regiões estendidas de DNA 
de fita simples devido às sequências repetidas encontradas nas 
regiões de troca que precedem os segmentos gênicos C. Este DNA 
de fita simples serve como alvo para ação das enzimas AID, UNG 
e APE1, que iniciam quebras na fita do DNA. Subsequentemente, 
observa-se o reparo do DNA, removendo a sequência de DNA que 
se encontrava entre as duas sequências de troca que deflagraram 
o processo mediado por AID, UNG e APE1. Com isso, observa-se a 
aproximação da sequência VDJ com um novo segmento gênico C, 
por exemplo, o segmento gênico VDJ seguido de Cα.
9- A AID atua sobre uma citidina no DNA de fita simples. Esta 
enzima inicia um ataque nucleofílico no anel citosina, desaminando 
a citidina para formar uma uridina. Este nucleotídeo trocado 
é posteriormente reparado por ação de proteínas de reparo 
de nucleotídeos errados ou por ação da enzima uracila-DNA-
glicosilase (UNG). A ação destas duas podem resultar no processo 
de hipermutação somática, o qual leva ao surgimento de mutações 
nas regiões variáveis dos anticorpos o que aprimora a ligação do 
anticorpo ao antígeno.
10- Como mencionado na questão anterior, a enzima AID se liga 
a uma citidina no DNA de fita simples produzido pelo processo de 
transcrição. A ação da citidina resultará na substituição da citidina 
por uridina. A enzima UNG remove o anel uracila da primeira 
uridina inserida por ação de AID criando um sítio abásico. Por fim, a 
APE1 retira a ribose do sítio abásico, o que resulta na quebra da fita 
de DNA. O processo se conclui com a ação de proteínas de reparo 
de quebras da fita de DNA.
BASE GENÉTICA DOS ANTICORPOS
REFERÊNCIAS
1. MURPHY, Kennet, WEAVER, CASEY. Janeway’s 
Immunobiology. 9. ed., New York: LCC, 2016.
2. ABBAS, Abul K., LICHTMAN, Andrew H., PILAI, Shiv, 
Imunologia Celular e Molecular, Elsevier, 8. Ed. 2015.
3. ABBAS, Abul K., LICHTMAN, Andrew H., PILAI, Shiv, 
Imunologia básica: funções e distúrbios do sistema 
imunológico, Elsevier, 5. Ed. 2017.

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