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DDeeppaarrttaammeennttoo PPeessssooaall Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 – Políticas de Remuneração e Benefícios.................................................. 4 3.1 – Diferença entre salário e remuneração .............................................................. 5 3.2 – Os adicionais .................................................................................................. 11 3.3 – Os benefícios.................................................................................................. 23 Unidade 4 – Práticas do Departamento de Pessoal.................................................. 31 4.1 – Controles internos .......................................................................................... 32 4.2 – Poder disciplinar do empregador .................................................................... 35 4.3 – O que é folha de pagamento?.......................................................................... 42 4.4 – Processamento de férias.................................................................................. 45 4.5 – Processamento de 13º salário.......................................................................... 56 4.6 – Cumprimento das obrigações legais................................................................ 59 Unidade 5 – Encerramento do Vínculo Trabalhista ................................................ 65 5.1 – O aviso prévio ................................................................................................ 66 5.2 – Causas da rescisão.......................................................................................... 69 5.3 – Cálculos das verbas rescisórias ....................................................................... 87 Encerramento............................................................................................................ 92 Bibliografia................................................................................................................ 93 4 Unidade 3 – Políticas de Remuneração e Benefícios Olá... Nesta unidade, estudaremos os temas remuneração e benefícios, onde procuraremos apresentar informações importantes, como a diferença entre remuneração e salário, os tipos de adicionais existentes e seus reflexos no DSR (Descanso Semanal Remunerado), e os benefícios obrigatórios e opcionais. Bom estudo! 5 3.1 – Diferença entre salário e remuneração É muito comum a confusão que ocorre quando tentamos tratar dos conceitos de salário e remuneração. Para a grande maioria da população, estes dois termos são apenas sinônimos. Na verdade, podemos afirmar que salário é apenas uma parte da remuneração. Vejamos os conceitos: Salário: trata-se da contraprestação paga pela realização de um serviço. É o valor estabelecido no momento da contratação de um empregado e que deve ser registrado em contrato de trabalho, para que possa gerar todos os efeitos junto à vida profissional daquele indivíduo na empresa, como base de cálculo para os recolhimentos fiscais como FGTS, INSS e IRRF, além de servir como base para o cálculo de férias, 13º salário e demais recebimentos que tenham por referência o salário base. Remuneração: por sua vez, a remuneração é a somatória de todos os valores pagos pela empresa ao empregado, enquadrando-se aí: o próprio salário, horas extras, adicionais, abonos, entre outros. Podemos então considerar que o recibo de pagamento, também conhecido por holerite, representa não o salário, mas a remuneração recebida pelo empregado. Diferença entre salário base, piso salarial e salário mínimo Neste mesmo sentido, é muito comum a dificuldade em distinguir as diferenças entre salário base, piso salarial e salário mínimo. Assim, de maneira simples, apresentamos a seguir cada um desses conceitos: 6 � Salário base: como dito anteriormente, o salário base é o valor pelo qual o empregado foi contratado. É o valor que estará registrado em sua carteira profissional e que servirá de base para calcular os recolhimentos. Vale destacar ainda que, tanto o salário mínimo quanto o piso salarial, poderão ser o salário base do empregado. Por exemplo, se a empresa decidir pagar de salário para determinado cargo, o piso salarial da categoria, este será o salário base daquele empregado. Da mesma forma, podemos exemplificar com o salário mínimo. � Piso salarial: trata-se do valor estabelecido em convenção coletiva para pagamento de salário de uma determinada categoria. Assim, a empresa não poderá pagar valor menor do que aquele proposto, por isso, chama-se piso salarial. Por exemplo, o sindicato dos panfleteiros decide em convenção coletiva que seus associados, panfleteiros que distribuem jornal nos semáforos, não poderão receber menos que R$ 650,00 por mês. Assim, não adianta o empregador querer pagar salário mínimo para esses profissionais, pois não será permitido. � Salário mínimo: trata-se de um valor estabelecido por lei, como valor mínimo a ser pago para qualquer trabalhador que atue em território nacional, ou seja, se determinada função não possui piso salarial que, geralmente, é um valor maior que o mínimo, o empregador não poderá pagar nenhum valor inferior ao estipulado como salário mínimo. Salário O empregador pode estabelecer o pagamento de salário de diversas formas, como mensal, quinzenal, semanal, por dia, por hora e por tarefa. Geralmente, as empresas adotam para funções administrativas, o salário mensal, e para funções operacionais, o salário por hora. Neste sentido, ao longo do curso, e ao longo de sua vida profissional, você poderá se deparar com situações em que tenha que transformar o salário mensal em salário por hora ou vice-versa. Assim, é importante que você saiba como realizar essa transformação. Vejamos: 7 – Vamos imaginar um salário fixo no valor de R$ 220,00 por mês, que deverá ser transformado para a modalidade por hora. Neste caso, vamos realizar a seguinte operação matemática: Salário mensal / 220 horas = salário por hora. ** Você pode estar se perguntando o que significam essas 220 horas? Tenha calma que daremos todas as explicações ao final da operação. Colocando os dados propostos na fórmula, teremos então: R$ 220,00 / 220 horas = R$ 1,00 por hora. – Esta operação pode ser aplicada também em sentido contrário, ou seja, quando você desejar transformar o salário hora em valor mensal. Por exemplo, você recebe R$ 2,00 por hora e deseja saber quanto resulta o seu salário por mês. Desta forma, a fórmula seria a seguinte: Salário por hora X 220 horas = salário mensal. Colocando os dados propostos na forma, teremos então: R$ 2,00 por hora X 220 hora = R$ 440,00 por mês. Você deve estar se perguntando de onde apareceu aquele número de 220 horas. Pois bem, este valor é peça chave neste tipo de operação, ou seja, o usaremos com frequência quando trabalharmos com jornada de trabalho mensal. Para ficar mais claro, procure se lembrar ou mesmo retornar ao capítulo que tratamos da jornada de trabalho. Lá, você aprendeu que o empregado que cumpre oito horas de jornada diária de trabalho, deve realizar 44 horas semanais. Aprendeu também que a semana útil tem seis dias, tendo então que o empregado trabalhe até 07:20 horas por dia. Partindo deste pressuposto temos, em média, 30 dias por mês. Agora ficou fácil, faça a seguinte multiplicação: 8 07:20 horas de trabalho por dia x 30 diasno mês = 220,00 horas ** Cuidado para não fazer a multiplicação de 7,2 x 30, que resultaria em 216. Se observar bem, vai notar que 20 minutos é a mesma coisa que 1/3 de uma hora, ou seja, equivale a 0,33333.... de uma hora. Sendo assim, a multiplicação a ser feita é de 7,3333... x 30, que resulta nas 220 horas. Duzentas e vinte horas é então a quantidade total de horas trabalhadas por mês. Este valor é muito importante e o usaremos com frequência ao longo do curso. Abonos Podemos conceituar os abonos como sendo valores pagos ao empregado, fazendo com que aumente sua remuneração. Como exemplo, temos o abono de férias que representa o acréscimo de 1/3 no pagamento. Outro caso de abono é o abono salarial, do qual o empregado que estiver adequadamente enquadrado nas regras do PIS, terá direito ao saque de um salário mínimo anual. Importante ressaltar que os abonos a partir de agora não integram mais o salário do empregado, consoante se depreende pelo disposto no artigo 457, § 2.º da Consolidação das Leis do Trabalho. Gratificações As gratificações podem ser definidas como um pagamento realizado pelo empregador ao empregado, a título de reconhecimento pelos esforços realizados na execução dos trabalhos. Diferentemente do abono, as gratificações integram o salário do empregado. Isto consta no artigo 457, § 1.º da CLT, com exceção do pagamento de 9 Participação nos Lucros e Resultados (PLR), regulados por lei própria e que não integra o salário. Comissões Geralmente são valores pagos aos empregados que trabalham com vendas e recebem parte de seu salário como variável, ou seja, seu salário é composto de uma parte fixa e outra que só receberá se conseguir realizar vendas. Essa parte da remuneração é fixada por percentuais. Como dissemos, para que o empregado tenha direito ao recebimento desses pagamentos, ele deve cumprir metas pré-estabelecidas. Quanto aos valores, chamamos de variáveis, uma vez que dependem dos objetivos alcançados no decorrer de suas atividades. Neste caso, diferente das gratificações eventuais, as comissões integram a remuneração do empregado para todos os efeitos, inclusive para as incidências legais e previdenciárias. Obs: Antigamente, dentro desta categoria, incluíam-se os prêmios. Agora, no entanto, estes não fazem mais parte da remuneração do empregado, valendo apenas as gratificações e comissões pagas a esse último, conforme é previsto no art. 457, § 1° e das novas propostas prevista pela CLT. Salário “in natura” É muito comum ter dificuldade em compreender o que significa o salário “in natura”. Para facilitar, vamos tentar compreender antes o que significa o termo “in natura”. Esta expressão, na concepção da palavra, significa “na natureza”, ou seja, em seu estado natural. Daí, podemos concluir que salário “in natura” é nada mais do que uma parte do salário do trabalhador que é pago em estado natural e não em dinheiro. 10 Tal estado natural pode ser alimentação, habitação, transporte, entre outras prestações equivalentes que sejam fornecidas de forma habitual e gratuita ao empregado, como forma de gratificação pelo trabalho desenvolvido, pelo cargo ocupado ou por determinação legal. Porém, para que de fato seja configurada a concessão do salário “in natura”, este tipo de concessão deverá gerar um ganho efetivo ao empregado e não poderá haver qualquer tipo de desconto no seu holerite em função desta concessão. Para ficar ainda mais claro, pense no salário “in natura”, como um ganho efetivo que tem de ser pelo trabalho, e não para o trabalho. O que isso quer dizer? Veja o exemplo a seguir: Se a empresa oferece um veículo ao empregado para que este possa realizar suas atividades, esta concessão não pode ser considerada salário “in natura”, uma vez que o bem foi entregue apenas para que o empregado realize seu trabalho. Isso acontece muito com técnicos de telefonia que realizam seu trabalho visitando clientes, por exemplo. No entanto, se o empregador, reconhecendo os esforços do empregado e sua posição na empresa, lhe entregar um automóvel para que usufrua do bem para seu exclusivo deleite, aí sim, temos caracterizado o salário “in natura”, pois a entrega do bem fora efetuada em razão de sua performance, capacidade e posição dentro da empresa. Apesar de não haver qualquer tipo de desconto, o salário “in natura” integra, para todos os efeitos, a remuneração do empregado. Por fim, havendo o pagamento do salário “in natura”, este fato deverá ser anotado na carteira de trabalho e previdência social do empregado. Gorjetas As gorjetas são os valores oferecidos, espontaneamente, por clientes ou cobradas pela empresa como um adicional na conta, a favor de seus empregados. As gorjetas 11 estão previstas no artigo 457 da CLT, e como expressa o artigo, integram a remuneração do empregado para todos os efeitos legais. O Tribunal Superior do Trabalho, se pronunciou acerca das gorjetas, editando o Enunciado n.º 354. Vejamos seu teor: “Gorjetas. Integração: As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo a base de cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado”. Para efeito de folha de pagamento, o mais comum é a empresa estimar um determinado valor que deverá ser anotado na CTPS dos empregados para que gere efeito sobre férias, 13º salário e demais incidências. 3.2 – Os adicionais Os adicionais também fazem parte da remuneração do empregado inserido em determinadas condições, consoante dispõe o artigo 457 da CLT. Por serem consideradas parcelas da remuneração, acabam por integrar todos os cálculos de folha de pagamento, devendo, portanto, ter reflexos nos descansos semanais remunerados, férias, 13º salário e aviso prévio quando indenizado, como veremos a seguir: 12 Adicional de insalubridade Adicional de insalubridade, conforme artigo 192 da CLT, deve ser pago a todo profissional que desempenhe suas atividades em local de trabalho com condições que possam vir a causar danos à sua saúde. Tendo conhecimento disso, o artigo 394- A da CLT dispõe sobre o afastamento da empregada gestante das atividades consideradas como insalubres para sua saúde. Dessa forma, se durante o período de gestação o ambiente em que exercita suas atividades apresentar graus altos de insalubridade que coloquem em risco sua gravidez, desde que seja comprovado por meio de atestado médico, a empregada tem direito ao afastamento do seu exercício. Para maior esclarecimento, veja abaixo como está disposto esse artigo na CLT: Art. 394 - A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de: I – atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a gestação; II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo, quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a gestação; III – atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a lactação. § 3º Quando não for possível que a gestante ou a lactante afastada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades em local 13 salubre na empresa, a hipótese será considerada como gravidez de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, nos termos da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o período de afastamento.” As condições de insalubridade estão dispostas na Norma Regulamentadora n.º 15, aprovadapela Portaria n.º 3.214/78. Dentre elas, destacamos algumas situações de insalubridade: � Ruídos acima de 85 decibéis sendo praticados de maneira permanente; � Ambiente de trabalho com muita poeira; � Ambiente com temperaturas muito altas ou muito baixas; � Entre outros. O adicional de insalubridade é dividido em três graus diferentes, que deverá ser apurado por profissional competente para isso, ou seja, não é a área de departamento pessoal que define o grau de insalubridade a ser pago para o empregado. Isso deve ser apurado por um profissional voltado para a área de higiene, segurança e medicina do trabalho, que tem formação e competência para estabelecer esses critérios. Os graus de insalubridade são: � Grau mínimo = 10% do salário mínimo vigente; � Grau médio = 20% do salário mínimo vigente; � Grau máximo = 40% do salário mínimo vigente. 14 Este adicional é devido até o momento em que a empresa melhore o ambiente, removendo os causadores da insalubridade. Para se caracterizar como ambiente livre de situações insalubres é preciso sua comprovação através de laudos técnicos ambientais, de acordo com os programas de medicina e segurança do trabalho. Adicional de periculosidade Muitos confundem os adicionais de insalubridade e periculosidade, mas cada um tem suas próprias características. No caso do adicional de periculosidade, o empregado o recebe quando executa suas atividades em ambiente perigoso ou, em contato com produtos inflamáveis ou explosivos. Entre as diversas situações de exposição do empregado, podemos destacar: � Trabalhos com armamentos, munições e explosivos em geral; � Trabalho com produtos químicos e emissores de gases tóxicos; � Trabalho em contato com energia elétrica; � Trabalho com transporte de combustível; � Entre outros. Também, diferente do adicional de insalubridade, este adicional não é dividido em graus. O adicional de periculosidade corresponde a 30% sobre o salário-nominal do empregado, não incidindo sobre gratificações, prêmios ou comissões, consoante no artigo 193 e §§ da CLT. Vale ressaltar que o empregado não tem direito em ambos adicionais, ou seja, mesmo que seu trabalho seja insalubre e perigoso, o empregado deverá optar por apenas um adicional, geralmente o que lhe for mais favorável, uma vez que a lei não permite o acúmulo dos dois adicionais. 15 Adicional de horas extras O adicional de hora extra é o valor pago ao empregado que desempenha suas atividades, além da jornada estabelecida em contrato. Por mais que pareça óbvio, terá direito ao adicional de horas extras, o empregado que trabalhar em regime de horas extras, ou seja, trabalhar além de seu expediente normal. A legislação determina, em seu artigo 59 da CLT, que a jornada de trabalho pode ser prorrogada em, no máximo, duas horas diárias. Desta forma, lembrando do que estudamos no tópico de “jornada de trabalho”, o empregado é proibido de ultrapassar dez horas de trabalho no mesmo dia. A única exceção para esta regra é a ocorrência de necessidade imperiosa, que consiste em tratar-se de motivo de força maior, realização ou conclusão de serviço inadiável ou cuja não execução possa acarretar grande prejuízo à empresa. Mesmo assim, o empregador é obrigado a comunicar esta necessidade ao Ministério do Trabalho com prazo de pelo menos dez dias. A este adicional também são estabelecidas regras de remuneração, ou seja, as horas extras realizadas durante a semana são remuneradas com a aplicação do adicional de 50% sobre o salário-hora normal do empregado, enquanto que para os dias de folga, domingos e feriados, o patrão tem que estabelecer o pagamento do adicional em 100% sobre o salário-hora normal. Vamos admitir que um empregado de nossa empresa, tenha sido contratado mediante salário mensal de R$ 220,00 por mês, para trabalhar de segunda a sexta-feira, das 08:00 horas às 17:30 horas. Certo dia, seu chefe pediu que ficasse um pouco mais para finalizar um trabalho importante e assim o fez, encerrando sua jornada de trabalho às 19:30 horas, realizando assim 02:00 horas extraordinárias. � Vamos calcular suas horas extras: a) temos que encontrar o valor de seu salário-hora, que no caso é de R$ 1,00; 16 Lembre-se da fórmula: Salário mensal / 220 horas = salário por hora. b) vamos encontrar o valor de cada hora extra acrescido de 50%, então teríamos: R$ 1,00 x 50% = R$ 0,50 R$ 0,50 + R$ 1,00 = R$ 1,50 (valor de cada hora extra) c) Agora sim, poderemos calcular o valor do total de horas extras. Assim teremos: R$ 1,50 x 2= R$ 3,00 (valor total das horas extras). Observação muito importante: hora extra é um dos tipos de pagamentos variáveis, e, sendo habitual, deverá refletir sobre o DSR e outras verbas. � Como calcular o reflexo sobre o DSR: A fórmula para se obter o valor dos reflexos no DSR é expressa da seguinte forma: Total das horas extras pagas no mês / número de dias úteis x quantidade de DSR’s e feriados do mês. Ou seja, total das horas extras pagas no mês, dividido pelo número de dias úteis, multiplicado pela quantidade de DSR’s e feriados do mês. Vamos visualizar essa situação através de um exemplo: Imagine que seu chefe, em razão do acúmulo de trabalho, pediu para que você o ajudasse a resolvê-los, precisando ficar na empresa até um pouco mais tarde durante alguns dias do mês. Assim, ao final do mês, você apurou que acabou fazendo, a pedido do seu chefe, 39 horas extras. 17 1) Vamos considerar que o mês em questão teve 26 dias úteis e 4 DSR’s = 30 dias. (lembre-se que DSR é o dia de descanso que geralmente cai aos domingos); 2) Vamos considerar também a realização das 39 horas extras no mês. Para calcular o reflexo dessas horas extras trabalhadas, no DSR, é preciso encontrar a média diária de hora extra. Portanto: 39 horas ÷ 26 dias úteis = 1,5 horas extras, ou seja, na média diária, você praticou 1,5 horas extras. Agora que você já sabe o valor da hora extra diária e quantos DSR’s você teve no mês, fica mais fácil calcular quantas horas deverão ser integradas: 1,5 horas extras x 4 DSR’s do mês = 6 horas a serem integradas. Transformando isso em valores, imagine que seu salário hora seja R$ 7,00 e que o adicional de hora extra seja 50%, logo: Salário de R$ 7,00 por hora com 50% = R$ 10,50 por hora extra. R$ 10,50 por hora extra x 6 horas da média = R$ 63,00. Neste exemplo, este é o valor a ser integrado nos DSR’s do mês. No holerite de pagamento deve aparecer: Descrição Referência Vencimentos DSR/Reflexos horas extras 6,00 R$ 63,00 Adicional noturno O horário noturno é aquele que compreende o horário entre 22:00 hs de um dia até as 05:00hs do dia seguinte. Por este horário de trabalho ser mais desgastante, a legislação determina que seja pago um adicional sobre o salário do trabalhador. 18 Desta forma, ficou estabelecido para atividades urbanas um acréscimo de, no mínimo, 20% sobre o valor da hora diurna, exceto quando as condições de trabalho noturno forem mais benéficas e desde que estejam previstas em acordo, convenção coletiva ou sentença normativa. Para atividades rurais, tal acréscimo deve ser de, no mínimo, 25% sobre o valor da hora diurna. Para tornar mais claro, apresentamos um exemplo: Imagine um profissional que trabalha no período das 19:00hs às 02:00hs. Seu pagamento será calculado da seguinte forma: – Das 19:00hs às 22:00hs: este horário será pago como hora diurna, sem a incidência do adicional noturno. Isso se deve ao fato do horário noturno iniciar-se apenas às 22:00hs. – Das 22:00hs às 02:00hs: além de contabilizar este tempo como horas noturnas(52 minutos e 30 segundos), será acrescido ainda de 20% de adicional. Importante ressaltar que o empregado só tem o direito ao adicional enquanto permanecer trabalhando no horário noturno. Se porventura trocar sua jornada de trabalho para o dia, este adicional será cancelado. Em razão de sua habitualidade, o adicional noturno integra o salário para todos os efeitos legais, exceto no caso acima de mudança de horário. � Como calcular o reflexo sobre o DSR O primeiro passo para calcular a integração do adicional noturno no DSR é apurar a média diária de horas noturnas realizadas durante o mês. Descobrindo o volume de horas noturnas, será necessário utilizar uma fórmula que multiplica o número de horas noturnas pelo valor da hora normal que, por sua vez, deve ser multiplicado pelo adicional de 20%. O resultado de tudo isso, deve ser multiplicado pelo número de domingos e feriados. Veja o exemplo: 19 Fórmula: Horas noturnas mês x valor hora normal x 20% x domingos e feriados = DSR dias úteis Exemplo: – O empregado trabalhou 46 horas noturnas no mês de abril; – Através daquela fórmula de transformar o salário, descobriu-se que o valor da hora normal é de R$ 6,00. � Assim, 46 horas noturnas divididas por 23 dias úteis são 2 horas noturnas diárias: DSR = 46 horas noturnas/23 dias úteis x R$ 6,00 x 20% x 7 (5 domingos e 2 feriados) � Multiplicando as 2 horas por R$ 6,00, chegamos em R$ 12,00: DSR = 2 horas noturnas x R$ 6,00 x 20% x 7 � Então aplicamos o adicional de 20% pela bonificação da hora noturna: DSR = R$ 12,00 x 20% x 7 � E por fim multiplicamos por 7, para chegar ao valor do DSR: DSR = R$ 2,40 x 7 DSR = R$ 16,80 20 � Como calcular o reflexo sobre férias Para calcular a integração do adicional noturno sobre as férias, o empregador deverá realizar o cálculo da média duodecimal das horas noturnas, realizadas no período aquisitivo. Para tanto, é preciso aplicar o valor-hora do salário referente ao período de concessão das férias, multiplicando ao resultado o adicional de 20%. Nota: média duodecimal é média em 12 horas, ou seja, o valor total dividido por 12. Fórmula: Horas noturnas aquisitivo/12 x valor hora normal atual x 20% Exemplo: – Durante o período aquisitivo foram realizadas 240 horas noturnas; – Valor da hora normal atual = R$ 6,00. Assim: 240 horas noturnas / 12 x R$ 6,00 x 20% = R$ 24,00 � Como calcular o reflexo sobre o 13º salário Da mesma forma que as outras incidências, para se calcular os reflexos do adicional noturno sobre o 13º salário será preciso calcular a média de horas noturnas realizadas durante o período, multiplicando o resultado pelo valor hora do mês de dezembro, que por sua vez deve ser multiplicado pelo adicional de 20%. Veja a fórmula abaixo: 21 Fórmula: horas noturnas período 13º/n.º meses período 13º x valor hora dezembro x 20% Exemplo: – O empregado tem direito a 12/12 avos de 13º salário; – Horas noturnas realizadas no período do 13º = 144 horas; – Valor da hora normal no mês de dezembro = R$ 8,00. Assim, 144 horas noturnas /12 x R$ 8,00 x 20% = R$ 19,20 � Como calcular o reflexo sobre o aviso prévio indenizado As horas noturnas também integrarão o aviso prévio indenizado. Para tanto, é preciso calcular a média duodecimal dos últimos 12 meses, multiplicando-a pelo valor da hora normal, que por sua vez será multiplicado pelo adicional noturno de 20%. Fórmula: API (Aviso Prévio Indenizado) = horas noturnas 12 meses/12 x hora normal x 20% Exemplo: – O empregado nos últimos 12 meses realizou 240 horas noturnas; – Valor da hora normal: R$ 6,00. 22 Assim, 240 / 12 x R$ 6,00 x 20% = R$ 24,00 � Considerações finais sobre o adicional noturno 1) O adicional deve ser lançado de forma expressa, tanto na folha de pagamento quanto no recibo de pagamento (holerite), para que não reste dúvidas sobre o seu pagamento; 2) Caso o empregado venha a realizar horas extras durante o horário noturno, o empregador deve estar ciente de que deve pagar ao empregado, tanto o adicional noturno quanto as horas extras (20% + 50%), cumulativamente. Abaixo segue exemplo de cálculo: – Empregado realizou no mês 6 horas extras noturnas. Salário mensal R$ 880,00; – Horas extras noturnas realizadas: 6 horas; – Valor da hora normal: R$ 4,00; – Valor da hora noturna: R$ 4,80 (R$ 4,00 + 20%); – Valor da hora extra noturna: R$ 7,20 (R$ 4,00 + 20% + 50%); – Valor a pagar de horas extras noturnas: R$ 43,20 (R$ 7,20 x 6). 3) Sobre as parcelas referentes ao adicional noturno e seus reflexos, incidem os seguintes encargos sociais: – INSS; 23 – FGTS; – IRRF. Adicional de transferência É possível que o empregado tenha que ser transferido para outra unidade da empresa, sediada em outra localidade, gerando a necessidade de mudança de domicílio. Neste caso, o empregado terá direito a receber um adicional de 25% sobre o seu salário contratual, caso a transferência seja temporária. Ocorrendo a transferência em definitivo, não terá direito a percepção deste adicional. 3.3 – Os benefícios Muitas vezes ouvimos falar em benefícios concedidos pela empresa, mas não temos o conceito muito claro do que sejam esses benefícios. De maneira geral, podemos conceituá-los como sendo atendimentos de necessidades oferecidos pela empresa aos seus empregados, para que assegure a sua satisfação e a de seus familiares. Geralmente, os benefícios oferecidos têm uma parte custeada pela própria empresa e outra parte custeada pelo empregado. Neste primeiro momento, vamos apresentar em mais detalhes o vale transporte, que é um benefício determinado por lei e, por isso, tem algumas características próprias, como veremos a seguir. 24 Vale-transporte O vale-transporte, estabelecido pela Lei 7.418/85, é um benefício que o empregador fornecerá ao empregado, antecipadamente, para utilização efetiva em despesas de deslocamento de sua residência para o trabalho e do trabalho de volta para a sua casa. Devemos pensar em deslocamento como cada um dos segmentos da viagem que o leve de sua casa ao trabalho e vice-versa, ou seja, pode ser que ele vá de ônibus, depois pegue o metrô e depois outro ônibus, somando assim três segmentos. A lei não determina qual deve ser a distância do deslocamento, porém é fácil compreender que, se o empregado morar na mesma rua da empresa ou no mesmo quarteirão, por exemplo, ele não precisará de vale transporte. Muito se engana quem acredita que apenas os empregados registrados em empresas como CLT são os que possuem direito ao vale-transporte. Entre os beneficiários que possuem direito à sua utilização, podemos destacar: � Os empregados definidos pela CLT; � Os empregados domésticos; � Os trabalhadores de empresas de trabalho temporário; � Os empregados a domicílio, para os deslocamentos indispensáveis à prestação do trabalho, percepção de salários e os necessários ao desenvolvimento das relações com o empregador; � Os empregados do subempreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal, conforme determina o artigo 455 da CLT; � Os atletas profissionais; 25 � Os servidores da União, do Distrito Federal, dos territórios e suas autarquias, qualquer que seja o regime jurídico, a forma de remuneração e da prestação de serviços. Uma informação que gera muita confusão em casos de pequenas empresas e até mesmo autuações do Ministério do Trabalho, é a forma de pagamento desses vales transporte. Empresas pequenas, até por falta de conhecimento, acabam realizando o pagamento em dinheiro, o que não é totalmente proibido,salvo algumas exceções e acordos sindicais. A lei determina que o vale transporte seja oferecido em espécie, ou seja, através de bilhetes ou através de carga nos cartões, como o cartão bilhete único. Daí vem a pergunta que geralmente encontramos: Mas se o vale-transporte deve ser pago de forma antecipada, como fazer? A resposta é simples. A empresa deve manter um estoque de bilhetes e/ou cartões para que o novo empregado use de maneira provisória, até a chegada do material definitivo. A única exceção para o pagamento em dinheiro é se houver falta ou insuficiência de estoque de vale-transporte (dos fornecedores), necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema. Como vimos no início do curso, cada empregado terá sua própria pasta onde serão arquivados seus documentos, dentre esses documentos existe a ficha de autorização para desconto de vale-transporte. Esta ficha é o documento que formaliza o recebimento do vale-transporte e nela deverá constar algumas informações importantes para o empregador, que o empregado deverá repassar por escrito, como: � Seu endereço residencial; � Os serviços e meios de transporte mais adequados ao seu deslocamento residência/trabalho e vice-versa; 26 � Número de vezes utilizados no dia para o deslocamento residência/trabalho/residência. Da mesma forma, servirá como declaração negativa quando o empregado não precisar deste benefício. A empresa deve ter em mente que todas as informações devem ser constantemente atualizadas, principalmente quando houver alterações de itinerários ou valores dos transportes. Falta grave É preciso sempre orientar o empregado sobre o risco de informações falsas ou uso indevido do vale-transporte. Estas hipóteses podem caracterizar falta grave, sujeitando o empregado à demissão por justa causa. Como este benefício é custeado? O custo do vale transporte deve ser dividido entre as duas partes, ou seja, entre empregado e empregador, nas seguintes proporções: O empregado arca com o custo mensal equivalente a 6% do seu salário base; o empregador assumirá todo o custo excedente. Para ficar mais claro, imagine que você gaste por mês R$ 250,00 de transporte e receba de salário R$ 500,00. Assim, você custeará o valor de R$ 30,00 (R$ 500,00 x 6%) e a empresa custeará o restante, ou seja, R$ 220,00. Existem algumas ocasiões como, por exemplo, admissão, férias ou demissão, que o vale-transporte e seu respectivo desconto, deverão ser proporcionais. Vejamos o exemplo: Imagine que o empregado tenha sido admitido em 15 de junho. Sendo assim, deverá utilizar 20 passes no período de 15 a 30 de junho. O total de passes, 27 considerando o mês completo de junho, é de 40. O custo do vale-transporte individual é de R$ 2,90 e o salário-base mensal é de R$ 700,00. Então vejamos: � Proporção de vale transporte no mês da admissão: 20 divididos por 40 = 50%; � Custo do vale-transporte em junho: R$ 2,90 x 20 = 58,00; � 6% x R$ 700,00 = R$ 42,00; � Desconto proporcional: R$ 42,00 x 50% = R$ 21,00; � Encargo de VT do empregador no mês de junho: R$ 58,00 – R$ 21,00 = R$ 37,00. No caso de demissão a situação é um pouco diferente, uma vez que o empregado já recebeu o valor integral do vale-transporte para aquele mês. Neste caso então, o empregado deve devolver os passes que sobraram, ou então se certificar se procede ao desconto do valor real dos passes não utilizados. Importante destacar também que o desconto do vale-transporte somente poderá ser feito em relação ao salário pago, assim, se a empresa paga o salário do empregado por quinzena, não poderá descontar o vale transporte do mês todo, mas apenas daquela quinzena que está sendo paga. E se o empregado se afastar ou faltar durante o mês, ocorre devolução? Como dissemos, vale-transporte é para uso exclusivo no deslocamento casa- trabalho e vice-versa. Assim, o empregado que não se apresentar ao trabalho, mesmo em situações em que haja justificativa, a empresa poderá optar por uma das seguintes situações: a) Solicitar a devolução dos vales não utilizados; 28 b) No mês seguinte, a empresa poderá descontar os vales não utilizados no mês anterior; c) Descontar o valor integral do vales, do salário do empregado. O que fazer quando o valor do vale-transporte é inferior a 6%? Imagine a seguinte situação agora: você recebe de salário R$ 4.500,00 e vai trabalhar de ônibus e metrô, com custo total de vale-transporte no valor de R$ 180,00 por mês. Ao realizar o desconto de sua parte, o valor seria de R$ 270,00 (R$ 4.500,00 x 6%). Como proceder? Neste caso, vai descontar do empregado, o valor do custo integral das passagens e não os 6% do salário. Observe o exemplo: Exemplo: O empregado utiliza dois vales transportes para o seu deslocamento residência- trabalho e vice-versa. � Salário mensal do mês de agosto R$ 4.500,00; � Número de dias de trabalho no mês de julho: 23; � Número de vales-transportes necessários: 46; � Valor dos vales-transportes: R$ 180,00 (3,91 x 46); � 6% do salário: R$ 270,00. Portanto: Do empregado será descontado: R$ 180,00 e não R$ 270,00 (6% do salário), devido o 29 valor integral dos vales-transportes ser inferior aos 6% do salário. Vale-refeição O vale-refeição não é um benefício obrigatório por lei, como o vale-transporte, mas em razão de suas características já foi incorporado por praticamente todas as empresas como um benefício fixo. Importante ressaltar que, apesar de não haver lei que o obrigue, em algumas categorias os sindicatos, através das convenções coletivas, podem determinar o pagamento deste benefício, independente da vontade da empresa. Em algumas empresas, o vale-refeição tem seu custo dividido com o empregado, mas para que isso possa ser feito de maneira que evite ações judiciais no futuro, o empregado deve assinar um termo permitindo esse desconto, que deverá também ser arquivado em sua pasta pessoal. Empresas que oferecem como benefício o vale-refeição, costumam participar de incentivos fiscais oferecidos pelo PRONAN (Programa Nacional de Alimentação e Nutrição). Para tanto, devem fazer seu registro junto ao PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). Vale-alimentação O vale-alimentação é muito parecido com o vale-refeição, com a diferença do primeiro ser utilizado para compras de alimentos em supermercados (exceto compra de bebidas alcoólicas e cigarro), funcionando como uma cesta de alimentos para ser adquirida fora do expediente de trabalho, enquanto o segundo é utilizado para se alimentar em restaurantes, durante os intervalos para refeição e descanso, por exemplo. Este benefício é bem recente, sendo adotado por algumas empresas e constando de poucas convenções coletivas que obriguem a empresa a fornecê-lo. Além de 30 substituir o benefício da cesta básica, as empresas ainda o oferecem como argumento para buscar e reter talentos no mercado de trabalho. Assistência médica/odontológica O convênio médico/odontológico é um benefício não obrigatório, mas que na maioria dos casos ajuda a contratar e reter talentos na empresa, principalmente se for subsidiado integralmente pelo empregador. No entanto, na maioria dos casos, há uma divisão no custo do benefício onde o empregado costuma assumir o pagamento de 10 a 30% do custo do plano. É comum também a empresa assumir o custo integral do plano mais básico e cada empregado melhorar a classificação do seu plano, assumindo o pagamento integral da diferença entre o básico e a classificação desejada. Seguro de vida em grupo Este benefício atende principalmente empresas que possuem estagiários, uma vez que a lei do estágio determina a contratação deste tipo de seguropara os estudantes. Por outro lado, também é um bom benefício para segurar seus talentos. Neste caso, além de baratear o custo do seguro de vida, por se tratar de grupo de segurados, normalmente é mantido com participação do empregado no custo do benefício. Previdência privada Benefício oferecido, geralmente, para cargos mais altos da empresa, com o objetivo claro de reter talentos. Trata-se de um convênio entre empregador e instituição bancária, que oferece planos de previdência privada, que deverá ser custeada parte pelo empregado e parte pelo empregador. 31 Unidade 4 – Práticas do Departamento de Pessoal Olá... Nesta unidade, vamos dar ênfase à prática administrativa observada no departamento pessoal, com destaque para os controles internos como o poder disciplinar do empregador e guarda de documentos. Veremos também, como se realiza o processamento de férias e 13º salário. Bom estudo! 32 4.1 – Controles internos O departamento de pessoal é responsável por manter todas as informações dos empregados organizadas e atualizadas, do mesmo jeito que o empregado deve saber que a empresa possui regras estabelecidas, através de políticas internas e práticas de condutas que devem ser observadas. Para que a empresa consiga ter sucesso nesta função, deve-se estabelecer uma série de controles internos, dentre os quais, destacamos: Controle de frequência Como já vimos anteriormente, este controle terá influência em muitos pontos da vida profissional do empregado, no cumprimento de suas atividades dentro da empresa, desde um simples desconto por atraso, passando por perda de DSR e redução do período de férias, até a possibilidade de demissão por justa causa. Controle de horas extras O departamento de pessoal deve realizar controle rigoroso sobre a entrada e saída do empregado de sua jornada de trabalho, uma vez que qualquer inobservância pode dar causa às ações trabalhistas no futuro. Como exemplo, a hora extra não se computa apenas como horário posterior à jornada de trabalho normal, ela pode ser computada, também, como entrada antecipada. Assim, o empregado que trabalha das 9:00hs as 18:00hs, mas costuma chegar na empresa todo dia às 08:30hs e sair as 18:00hs, estará fazendo 30 minutos diários de hora extra. 33 Atualização de cadastro dos empregados Toda e qualquer alteração em relação à vida profissional do empregado e, em alguns casos, à vida pessoal, deverá ser informada ao RH para que este determine a atualização do livro de registro. Falamos também de vida pessoal, pois um empregado que se casa ou uma empregada que engravida, pode gerar fato novo no momento de rodar folha de pagamento como, no caso do casamento, aumento no número de dependentes com reflexo no imposto de renda e no caso da grávida, cálculo para o período de afastamento e, posteriormente, cálculo do auxílio maternidade. Registro de salário O controle sobre as informações de alterações salariais tem papel fundamental no processamento da folha de pagamento, uma vez que, um lançamento errado ou uma informação que foi esquecida, pode obrigar o departamento pessoal a rodar toda a folha novamente. Documentação para atendimento à fiscalização A organização deve ser extremamente cuidadosa, pois numa eventual fiscalização, é importante que todos os documentos exigidos, estejam às mãos e organizados, para que ajude o agente fiscal a compreender as informações solicitadas, minimizando, com isso, o risco de autuações. Guarda de documentos Para finalizar, é importante falarmos um pouco sobre a importância de se guardar os documentos e por quanto tempo isso deve ser feito. Os documentos dos empregados, mesmo daqueles que não se encontram mais à disposição da empresa, devem ser guardados para efeitos legais, como auditoria para apurar tempo de trabalho de determinada pessoa que está pleiteando sua aposentadoria, por exemplo. 34 Abaixo apresentamos uma tabela com os documentos, datas de guarda e respectiva fundamentação legal: DOCUMENTOS TEMPO DE GUARDA FUNDAMENTAÇÃO Atestado Médico de Gestante 10 anos Decreto n.º 612/92 CAGED ou antigo Cadastro de Admitidos ou Demitidos 3 anos Art. 1º da Portaria n.º 194/95. CD – Comunicação de Dispensa (Recibo) 5 anos Resolução n.º 71/94 do CODEFAT. CIPA – Anexo I 5 anos NR 4.12 da Portaria n.º 3.214/78 CIPA – Folhas de votação 3 anos NR 5.5.4 da Portaria n.º 3.214/78. CIPA – Livro de Atas tempo indeterminado não prevista na legislação Contribuição Sindical (que agora passa a ser uma opção de contribuição) 5 anos Art. 174, da Lei nº 5.172/66 (CTN). Cópia do Mapa Trimestral enviado à DRT tempo indeterminado não prevista na legislação DARF / IRRF 5 anos Art. 4º, da IN n.º 8/93, da SRF. DIRF/IRRF 5 anos IN n.º 66, de 05/12/96, DOU de 09/12/96, da Secretaria da Receita Federal. Declaração de Instalações tempo indeterminado não prevista na legislação Exames médicos tempo indeterminado não prevista na legislação FGTS (RE, GR E GRE) 30 anos Enunciados n.º 95 e 206 do TST Ficha de Acidentes do Trabalho e Resumo Estatístico Anual (em construções). 3 anos NR 18.31.1 e 18.32.1 da Portaria n.º 3.214/78. Ficha de Análise de Acidentes tempo indeterminado não prevista na legislação Ficha de Salário-Maternidade 10 anos Decreto n.º 612/92 Folha de Pagamento tempo indeterminado art. 45, da Lei n.º 8.212/91. INSS - GR, GRPS e GPS (não sujeito ao levantamento fiscal) tempo indeterminado art. 45, da Lei n.º 8.212/91. INSS - Levantamento de débitos apurados pela fiscalização em NFLD 10 anos Art. 46, da Lei n.º 8.212/91 35 Livro de Inspeção do Trabalho tempo indeterminado não prevista na legislação PIS/PASEP - Documentos de cadastramento e inclusive pagamentos de abonos. 10 anos Arts. 3º e 10 do Decreto-lei n.º 2.052/83 RAIS 10 anos Arts. 3º e 10 do Decreto-lei n.º 2.052/83 Recibos de pagamento de salário, bem como comprovante de crédito em conta corrente. 30 anos Enunciados n.ºs 95 e 206 do TST Registro de empregados tempo indeterminado não prevista na legislação Registro de Segurança de Caldeira tempo indeterminado não prevista na legislação Relatórios de Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais/SESMT 5 anos NR 4.12 da Portaria nº. 3.214/78 Salário – Educação – Convênio 10 anos Art. 16, da Instrução nº. 2, de 11/12/95, FNDE. Contribuição Social sobre pagamentos de autônomos – Cópia do comprovante do carnê de recolhimento, bem como a inscrição do segurado autônomo perante o INSS, quando a empresa tenha optado pela Incidência de 20% sobre o seu salário de contribuição. 10 anos Lei Complementar n.º 84/96; Decreto n.º 1.826/96; Orientação Normativa n.º 05, de 08/05/96, subitem 4.2; e Ordem de Serviço; nº. 151, de 28/11/96. Registro de dados do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA – NR 9 20 anos Portaria n.º 25, de 29/12/94; NR 9, subitem 9.3.8.2, da Portaria n.º 3.214/78. Salário-Família (comprovantes de pagamentos, cópias das certidões e atestados de vacinações obrigatórias). 10 anos Decreto n.º 2.172, de 05/03/97 (RBPS). Fonte: http://www.sato.adm.br/guiadp/paginas/fisc_tempo_guarda_doctos.htm 4.2 – Poder disciplinar do empregador Entre os controles mais importantes que o departamento pessoal deve realizar, aparece o controle disciplinar. Sua importância se deve ao fato de determinar a permanência ou não de um empregado insubordinado, inclusive com sua 36 demissão por justa causa. Apesar de não existir uma regra para a aplicação das penalidades, existem princípios que podem e devem ser seguidos para dosar a aplicação, evitando o risco de excessos na punição. Entre os princípios, destacamos: Princípioda atualidade Este princípio diz que a penalidade deve ser aplicada imediatamente, a partir do momento em que o empregador toma conhecimento do fato ocorrido. Porém, nada impede que o empregador deixe transcorrer um determinado período para que possa, com a devida responsabilidade, apurar todos os fatos, evitando ser injusto na tomada de decisão. Neste caso, recomenda-se o afastamento do empregado do local de trabalho para apuração do fato, podendo, ao final, reintegrá-lo com o pagamento dos dias afastados ou demiti-lo por justa causa. Mas lembre-se que este período não pode ser muito longo, para que não incorra no que chamamos de perdão tácito, ou seja, em decorrência da passagem do tempo, não se justificar mais ou não aplicar uma punição ao empregado. Princípio da unicidade Este princípio determina a aplicação de apenas uma penalidade para uma infração, ou seja, o empregador não pode aplicar a um empregado uma advertência, e, no dia seguinte, arrependido, entendendo ser muito branda, aplicar uma suspensão. Neste caso, tal suspensão poderia ser facilmente anulada num eventual processo trabalhista. 37 Princípio da proporcionalidade Este princípio está intimamente ligado ao bom senso, uma vez que não se pode aplicar uma penalidade grave para uma falta simples. Por exemplo, não tem qualquer sentido punir um empregado com a demissão por justa causa, porque cometeu apenas uma falta que não pôde se justificar. Adotando a regra dos princípios para aplicação das penalidades e usando o bom senso, a empresa deve observar a graduação das penas, ou seja, é preciso se atentar que, dependendo da infração, iniciando por uma penalidade mais branda e aumentando-a em casos de reincidência, até uma penalidade mais forte como a justa causa. Vale ressaltar que isso não é uma obrigação, uma vez que existirão infrações que não cabe outra coisa a não ser uma suspensão ou mesmo uma demissão direta por justa causa. Como exemplo, imagine um empregado que é flagrado furtando objetos de valor da empresa. Não é possível aplicar uma advertência verbal. Neste caso, desde que se tenha provas cabais do ato infracional, não há outra coisa a se fazer senão a demissão por justa causa. A graduação também justifica uma possível punição mais severa. Vejamos o exemplo: Imagine um empregado que costuma faltar e se atrasar com frequência, sem qualquer justificativa. Neste caso, podemos adotar a seguinte graduação: � Na primeira falta sem qualquer justificativa, a sugestão é que seja aplicada uma advertência verbal, procurando orientá-lo para que esse comportamento seja evitado; � Se o empregado continuar faltando, deverá ser aplicada uma advertência escrita, informando que tal comportamento não será mais admitido; � Ainda assim, se o empregado continua perdendo dias de trabalho sem oferecer qualquer motivo que o justifique, neste caso, recomenda-se que o empregador o 38 suspensa do exercício de suas funções por um dia, na reincidência, por dois dias, três dias, e assim sucessivamente; � Se ainda assim, a infração continuar a ser cometida, o empregador poderá tomar a decisão de demitir o empregado por justa causa, com base no artigo 482 da CLT, que trata da insubordinação ou indisciplina. Como já dissemos, a graduação das penas é importante para que o empregador se cerque de todo o embasamento legal possível, para chegar à pena máxima de justa causa. Se não for feito desta maneira, existe grande possibilidade de, numa ação trabalhista, o empregado reverter a justa causa para sem justa causa, recebendo todos os seus direitos e ainda conseguir uma indenização por danos morais, conforme julgados da Justiça Trabalhista. Neste sentido, é preciso conhecer as hipóteses que permitem uma demissão por justa causa, dispostas nas várias alíneas do artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho. Vejamos uma a uma: a) Ato de improbidade: Empregado que age de maneira desonesta, praticando roubo, por exemplo. b) Incontinência de conduta ou mau procedimento: Empregado que comete ato contrário à moral e aos bons costumes. c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço: trata-se de tipificação autoexplicativa. O empregado poderá vir a ser punido com a justa causa, se: – praticar negociação habitual, ou seja, a prática deverá ter vistas a lucro financeiro e ser habitual; 39 – praticar este ato por conta própria ou alheia, vale dizer que o empregado não precisa ser dono deste “negócio” paralelo; – o empregador deve desconhecer tais ações do empregado, uma vez que seu conhecimento sem qualquer contestação, descaracterizaria a justa causa; – este ato deverá constituir concorrência à empresa para a qual o empregado trabalha, ou ser prejudicial ao serviço. Significa dizer que, se a negociação for no mesmo ramo de exploração da empresa ou mesmo que não o seja, mas for praticado no horário de trabalho do empregado, prejudicando o bom andamento dos seus serviços. d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena: para que o empregado seja demitido por justa causa, ele deverá ser condenado criminalmente, condenação esta que não comporte mais a interposição de recursos. Além disto, não poderá haver a suspensão da execução de pena, ou seja, o empregado será, efetivamente, recolhido para cumprimento de pena. e) Desídia no desempenho das respectivas funções: desídia significa negligência, relaxo. Mas não basta apenas uma atitude de negligência para justificar a justa causa. É preciso que tais atos sejam repetidos, ou seja, será fundamental a reincidência. Neste caso específico, deverá ser obedecida a graduação da pena. f) Embriaguez habitual ou em serviço: o empregado pode ser demitido por justa causa se for constatado que tem o hábito de se embriagar, seja no serviço ou fora dele. Neste ponto, a empresa deve adotar todos os cuidados de observar se a embriaguez não é provocada por um problema patológico. Neste caso, fica suspensa a demissão por justa causa e a empresa deve encaminhar o empregado para tratamento médico. g) Violação de segredo da empresa: o empregado que transferir segredos da empresa para terceiros, podendo comprometer seu empregador, pode ser demitido por justa causa. 40 h) Ato de indisciplina ou de insubordinação: empregado indisciplinado e/ou insubordinado é passível de ser demitido por justa causa. i) Abandono de emprego: estará caracterizada a demissão por justa causa, tipificada no caso de abandono de emprego, no caso de o empregado deixar de comparecer ao serviço por período igual ou superior a 30 dias, de acordo com nossa jurisprudência. j) Ato lesivo da honra ou boa fama, praticado no serviço contra qualquer pessoa ou ofensas físicas nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa própria ou de outrem: se o empregado praticar os atos previstos nesta alínea, no serviço e contra qualquer pessoa, poderá ser demitido por justa causa. k) Ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa própria ou de outrem: as considerações feitas no item anterior são válidas para o presente caso. Neste caso, o ato deverá ser praticado contra empregador ou superiores hierárquicos. l) Prática constante de jogos de azar: o empregado que participar de jogatinas dentro ou fora de seu ambiente de trabalho, poderá ser demitido por justa causa; podemos considerar jogos de azar aqueles que promovam a perda ou ganho de dinheiro. Por fim, o parágrafo único do artigo 482 da CLT determina a justa causapara empregado que praticar ato comprovado sobre inquérito administrativo atentatório à segurança nacional. Falta grave cometida pelo empregador Muitas pessoas acreditam que uma infração só pode ser cometida por empregado e nunca pela empresa, mas isso é um engano. A empresa também pode cometer infrações que podem levar o empregado a rescindir seu contrato, nos mesmos moldes da empresa, ou seja, enquanto a empresa demite o empregado por justa causa, este pode pedir sua rescisão de contrato de trabalho motivado por falta grave cometida pelo 41 empregador, chamada na prática de rescisão indireta, recebendo todas as verbas rescisórias como se fosse demitido sem justa causa. Neste caso, a rescisão de contrato poderá ser realizada em comum acordo entre empresa e empregado. Assim, o empregado terá direito a receber metade do valor do aviso prévio e da multa de 40% sobre o saldo do FGTS. O empregado poderá, ainda, movimentar 80% do FGTS, mas não recebe o seguro-desemprego. Estas faltas graves estão previstas pelas alíneas do artigo 483 da CLT. Vamos a elas: a) Exigência de serviços superiores às forças do empregado, defesos em lei, contrários aos bons costumes ou alheio ao contrato: caso o empregador venha a exigir do empregado os atos mencionados nesta alínea, o empregado terá o direito de reclamar, perante a Justiça do Trabalho, a rescisão indireta de seu contrato de trabalho. b) Tratamento do empregado com rigor excessivo, pelo empregador ou por superiores hierárquicos: a diferenciação de tratamento dos empregados pelo empregador, desde que haja excesso de rigor perante alguns, estes também poderão reclamar sua rescisão indireta. c) Exposição a perigo manifesto de mal considerável: estará caracterizada a justa causa do empregador, caso o perigo manifesto e o mal considerável sejam evidentes e cabalmente comprovados. d) Prática, pelo empregador ou seus prepostos, de ato lesivo à honra ou à boa fama do empregado ou de pessoas de sua família: texto absolutamente autoexplicativo. Importante salientar a existência do outro lado da mesma moeda. Lembre-se que há previsão destes atos se forem praticados pelo empregado, no artigo 482 da CLT. 42 e) Prática de ofensas físicas contra o empregado, pelo empregador ou seus prepostos, salvo em legítima defesa: igual ao item anterior. f) Redução do trabalho do empregado, sendo por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente os salários: este caso será aplicável aos empregados que tenham salário fixado por tarefa. Se, por motivo injustificável, o empregador lhe reduz o repasse de tarefas a serem realizadas, de modo a reduzir-lhe sensivelmente a remuneração, estará assim caracterizada a falta grave cometida pelo empregador. Importante deixar claro que um contrato de trabalho é bilateral, ou seja, é composto por duas partes, assim, o empregador também possui responsabilidades que, se não forem cumpridas conforme determina a legislação trabalhista, também poderá ser considerada justa causa, mas por parte do empregador. Vejamos um exemplo: vamos admitir que o empregador atrase ou deixe de pagar os salários do empregado de forma contumaz por um período, digamos, de seis meses. Está muito claramente configurado o descumprimento de determinação legal, caracterizando-se, portanto, a justa causa praticada pelo empregador. 4.3 – O que é folha de pagamento? A folha de pagamento é o documento que sintetiza todos os lançamentos, a respeito do pagamento de remuneração dos empregados de uma empresa. Trata- se de um documento que deve ser elaborado com todo cuidado, simplicidade e clareza, uma vez que deverá ser interpretada, através da emissão de recibos de pagamentos, por qualquer pessoa que tenha contato com as informações ali disponíveis. Todos os lançamentos deverão ser efetuados da maneira mais clara e explicativa possível, evitando-se a todo custo, expressões como “uns”, “alguns”, “outros” “etc”, que podem abrir margem para dúvidas. Da mesma forma, é um documento de extrema 43 importância, uma vez que costuma ser solicitada com frequência em fiscalizações, seja pelo Ministério do Trabalho ou pela própria Previdência Social. De maneira bem simples, podemos afirmar que uma folha de pagamento é representada por uma coluna de créditos (vencimentos), ou seja, valores que a empresa deverá pagar ao empregado, e outra coluna de débito (descontos) que a empresa deverá descontar da remuneração do empregado, tendo ao final das duas colunas, o valor líquido que efetivamente será pago ao empregado. Veja um modelo de recibo de pagamento: Na coluna vencimentos, podemos destacar: • Salário; • Abono pecuniário; • Comissões; • Horas extras; 44 • Adicional de insalubridade; • Adicional de periculosidade; • Adicional noturno; • 13º salário; • Integração de horas extras ao DSR; • Salário-família; • Entre outros. Na coluna descontos, podemos destacar: • Descontos obrigatórios (exigidos por lei): INSS; • IRRF; • Desconto de contribuições ao sindicato; • Vale-transporte; • Faltas injustificadas; • Atrasos injustificados; • Pensão alimentícia (ordem judicial); • Adiantamento salarial, se concedidos. Descontos por autorização do empregado (opção do empregado): • Seguro de vida em grupo; • Convênio de assistência médica; • Vale-compra supermercado; • Convênio farmácia; • Outros convênios. Como se processa a folha de pagamento Basicamente o processamento da folha de pagamento se inicia com o estabelecimento de datas para início e fechamento de mês, permitindo que todas as informações sejam geradas. O importante é que todos os documentos e processos, como emissão dos recibos de pagamento e depósito nas contas bancárias, sejam realizados no 45 tempo adequado. Como exemplo, empresa que paga seus empregados no quinto dia útil do mês, deverá fechar sua folha de pagamento no dia 20, adotando como datas de fechamento do mês, o período de 21 a 20 e não de 01 a 30, como é o mês de calendário. Obs: Antigamente, a contribuição sindical era descontada obrigatoriamente da folha de pagamento, no entanto, devido à reforma trabalhista, ela não é mais obrigatória, passando a ser facultativa. 4.4 – Processamento de férias As férias é o período que um empregado tem para descansar de suas atividades laborais, procurando se desligar de suas rotinas de trabalho. Para tanto, é preciso que trabalhe durante um ano para que no ano seguinte tenha direito de gozar deste período de férias. Tecnicamente, denominamos este primeiro ano que dá ao empregado o direito de gozar as férias como “período aquisitivo” e o ano seguinte, no qual o empregado poderá programar suas férias, como “período concessivo”. O artigo 129 da CLT diz o seguinte: “Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração.” Importante ressaltar que a própria lei estabelece, “sem prejuízo de remuneração”, uma vez que a interrupção do trabalho se dá para que o empregado possa repor suas energias e continuar trabalhando com dedicação e eficiência. 46 A Constituição Federal determina, ainda, em seu artigo 7º, inciso XVII, que ao gozo de férias anuais remuneradas deve ser ainda acrescido, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal. Sendo observado que esta remuneração permite ao empregado aproveitar suas férias. A lei permite ainda que o empregado “venda” parte de seu direito de férias à empresa, ou seja, o empregado pode descansar 20 dias e “vender” dez dias para a empresa. Para o empregado pode ser bom, uma vez que recebe um valor a mais e para a empresa pode ser muito vantajoso porque recebe um empregado de volta às suas atividades, com dez dias de antecedência. Otema “férias” é um assunto bem longo para ser tratado, por isso vamos tentar dividi-lo em etapas para que fique mais claro e não gere dúvidas. Então, vamos lá! Quem tem direito às férias? Conforme dispõe o artigo 129 da CLT, todo empregado terá direito ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneração, desde que tenha trabalhado 12 meses do período aquisitivo. Porém, para ter direito a gozar de 30 dias de férias, o empregado não pode cometer faltas injustificadas. Neste caso, apresentamos a seguir uma tabela que apresenta a proporção de faltas em relação aos dias de férias a que terá direito. Observe: Até cinco faltas injustificadas: 30 dias corridos de férias; De 6 a 14 faltas injustificadas: 24 dias corridos de férias; De 15 a 23 faltas injustificadas: 18 dias corridos de férias; De 24 a 32 faltas injustificadas: 12 dias corridos de férias; Acima de 32 faltas injustificadas: zero dias corridos de férias. O empregador não pode descontar as faltas do empregado, dos seus dias de gozo das férias. Da mesma forma que, empregado e empregador, não podem permutar faltas ao trabalho por dia de férias. 47 Exemplo: O empregado que durante o período aquisitivo, tiver 16 faltas injustificadas, terá direito a gozar apenas de 18 dias de férias, como podemos observar na tabela acima. Importante ressaltar também que as faltas injustificadas, que geram para o empregado o desconto do DSR da semana, não se somam a este para efeito de desconto do período de gozo, ou seja, para efeito de proporcionalidade, o empregado não deverá ser punido duas vezes com o desconto do dia da falta e o desconto do DSR. Para efeito de desconto então, vale apenas o dia da falta. Exemplo: Como sabemos, o empregado que falta um dia da semana sem justificar, perde também o DSR daquela semana, no entanto, para fins de cálculo das faltas não justificadas para cômputo do direito de férias, conta-se um dia e não dois. Faltas justificadas Por outro lado, existem aquelas faltas previstas em lei, das quais vimos anteriormente, que podem ser justificadas e, com isso, abonadas, não sendo descontadas do período de gozo das férias. Vamos rever as principais, apenas para relembrar: � Até dois dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que viva sob sua dependência econômica; � Até três dias consecutivos, em virtude de casamento; � Por um dia em caso de nascimento de filho; � Por um dia, para doação voluntária de sangue; � Até dois dias consecutivos ou não para o fim de registrar título de eleitor; 48 � Durante a licença maternidade ou em situação de aborto espontâneo, observados os requisitos para percepção do salário-maternidade custeado pela Previdência Social; � Por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo INSS; � Entre outras convencionadas em acordo, convenção coletiva ou dissídio coletivo. Perda do direito de férias A lei também deixa clara as condições para que o empregado perca completamente o seu direito ao gozo de férias. Assim, determina o artigo 133 da CLT: Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: � Deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 dias, subsequentes, de sua saída; � Permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 dias; � Deixar de trabalhar, com percepção do salário por mais de 30 dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; � Tiver recebido da Previdência Social prestações de acidente do trabalho ou de auxílio-doença por mais de seis meses, embora descontínuos. A interrupção da prestação de serviços deverá ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social. Em qualquer uma das situações acima, ensejará novo período aquisitivo logo que o empregado retorne ao trabalho. 49 Exemplo 1: Empregado admitido em 05/11/2016 que se afastou por doença em 04/02/2017, com início do pagamento do benefício em 19/02/2017 (16º dia de afastamento), retornando ao trabalho em 31/08/2017: � Admissão: 05/11/2016; � Início do auxílio-doença: 19/02/2017; � Retorno: 31/08/2017; � Início de novo período aquisitivo: 31/08/2017. Neste exemplo, é possível observar o período de afastamento superior a seis meses, o que fez o empregado perder seu direito às férias. Exemplo 2: Empregado admitido em 20/11/2017, se afastou por acidente do trabalho em 25/03/2017, com início do auxílio-doença acidentário em 08/04/2017 (16º dia de afastamento), retornando dia 05/07/2017: � Admissão: 20/11/2017; � Início do auxílio-doença: 08/04/2017; � Retorno: 05/07/2017; � Término do período aquisitivo: 19/11/2017. 50 Diferente do exemplo 1, nesta situação o empregado voltou ao trabalho antes de completar seis meses de afastamento, mantendo com isso seu período aquisitivo e seu direito a gozar férias. Período de concessão das férias Depois de cumprido o período aquisitivo, o empregado terá direito a gozar suas férias. Porém, a época da concessão é definida pelo empregador dentro dos 12 meses do período concessivo, salvo exceções. Exceções: � O menor de 18 anos tem o direito de requerer suas férias do trabalho junto com suas férias escolares, ou seja, a lei defende que as duas férias coincidam para melhor proveito do descanso. � Empresas que contratam membros de uma mesma família devem permitir que os mesmos gozem as férias no mesmo período, desde que não haja prejuízo para o serviço. Os membros de uma família que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, desde que não haja prejuízo para o serviço. Mas há uma vantagem para o empregado, pois o início das férias não poderá coincidir com sábado, domingo, feriado ou de compensação de repouso semanal. Cancelamento ou adiantamento de férias Quem decide a data de gozo das férias dos empregados é o empregador, no entanto, depois de programadas só poderão ser canceladas ou modificadas pelo empregador se ocorrer necessidade imperiosa. Vale ressaltar, ainda, que qualquer prejuízo que o empregado venha a ter em razão desse cancelamento, como uma viagem cancelada, deverá ser ressarcido pelo empregador, desde que comprovado por documentos. 51 Fracionamento do período A lei determina também que as férias deverão ser concedidas por ato do empregador, em até três períodos, conforme reforma trabalhista. Isso quer dizer que o empregado terá direito a tirar até 14 dias de férias no primeiro período e nos outros dois até 5 dias de férias. Formalidades para a concessão Definida a data das férias, o empregado deverá ser comunicado com antecedência de 30 dias, através de um documento chamado “aviso de férias”, no qual deverá constar o período aquisitivo ao qual se refere e a data que as férias serão gozadas. O empregado deve apresentar sua CTPS para que nela sejam anotadas todas as informações referentes a esta concessão. Da mesma forma, o empregador deverá preencher os demais documentos com estas informações, como o livro ou ficha de registro de empregados, ou o sistema informatizado da empresa. Pagamentos Como dissemos no início deste assunto, o empregado pode transformar 1/3 de suas férias em abono pecuniário, em outras palavras, pode “vender” dez dias de férias de forma que antecipe seu retorno às suas atividades. Para tanto, o abono de férias deverá ser requerido pelo empregado até 15 dias antes do término do período aquisitivo. Caso se esqueça deste prazo e pleiteie posteriormente, caberá ao empregador aceitar ou não a sua solicitação. Todo pagamento, tanto das férias quanto do 1/3 constitucional, deverá ser realizado até dois diasantes do início do gozo, prazo em que o empregado dará quitação do pagamento em recibo próprio. 52 O empregado também poderá requerer o pagamento da primeira parcela do 13º salário, junto com as férias. Assim, deve fazê-lo até o último dia do mês de janeiro do ano de concessão. Exemplo: O empregado durante o período aquisitivo recebia R$ 1.700,00 mensais e no mês de gozo das férias está recebendo R$ 1.850,00 de salário mensal. Este empregado receberá em razão das férias R$ 1.850,00, o qual deverá ser acrescido do terço constitucional. – Salário = R$ 1.850,00 – 1/3 constitucional = R$ 1.850,00 : 3 = R$ 616,66 – Total = R$ 1.850,00 + R$ 616,66 = R$ 2.466,66 Empregados com salário fixo Para aqueles que recebem salário fixo, o valor de remuneração das férias será sobre o salário recebido no momento de sua concessão. Exemplo: Empregado com mais de um ano de serviço e salário mensal de R$ 930,00, sairá de férias no dia 01/03/2017 a 31/03/2017. – R$ 930,00 : 31 = R$ 30,00/dia. Remuneração das férias: – Período de gozo (30 dias): 30 x R$ 31,00 = R$ 930,00 – 1/3 constitucional: R$ 930,00 : 3 = R$ 310,00 – Total bruto: R$ 1.240,00 53 Empregados comissionistas Os empregados que recebem salários através de comissões, terão sua remuneração de férias baseada na média aritmética das comissões recebidas nos 12 meses anteriores à concessão das férias. Quando o empregado recebe salário fixo mais comissões, na média das comissões será adicionado o valor do salário. Exemplo: O empregado com mais de um ano de serviço, salário fixo de R$ 496,00 mensais, mais comissões que nos últimos 12 meses somaram R$ 9.120,00 e DSR somaram R$ 1.670,00. – Sairá de férias no dia 02/01/2002 a 31/01/2002; – Salário fixo: R$ 496,00 (R$ 496,00 : 31 = R$ 16,00/dia); – Média das comissões: R$ 9.120,00 : 12 = R$ 760,00/mês; – Média do DSR: R$ 1.670,00 : 12 = R$ 139,17/mês. Remuneração das férias: – Salário fixo: 30 x 16,00 = R$ 480,00; – Comissões: R$ 760,00; – DSR s/comissões: R$ 139,17; – 1/3 constitucional: R$ 1.379,17 : 3 = R$ 459,72; – Total bruto: R$ 1.838,89. 54 Empregados que recebem adicionais Empregados que recebem adicionais, como horas extras, insalubridade, noturno, entre outros com habitualidade, terão tais valores computados como base de cálculo da remuneração das férias. Caso tais valores não sejam fixos mês a mês, deverá ser calculada a média dos últimos 12 meses, salvo cláusula mais favorável em acordo ou em convenção coletiva de trabalho. Exemplo: Empregado com mais de um ano de serviço, salário fixo de R$ 858,00 mensais, durante o período aquisitivo realizou horas extras a 50% que somaram 312 horas e de DSR sobre horas extras de 60 horas. Sairá de férias 02/01/17 a 31/01/17. – Salário fixo: R$ 858,00 – Valor das horas extras: R$ 858,00 : 220 = R$ 3,90 + 50% = R$ 5,85 – Horas extras: 312h : 12 = 26 – Média das horas extras =R$ 5,85 x 26 = R$ 152,10 – DSR sobre horas extras/média: 60h : 12 = 5h R$ 5,85 x 5 = R$ 29,25 Remuneração das férias: – Salário fixo: R$ 858,00 : 31 x 30 = R$ 830,32 – Média das horas extras - 26 h = R$ 152,10 – DSR s/horas extras - 5h = R$ 29,25 – 1/3 constitucional: R$ 1.011,67 : 3 = R$ 337,22 – Total bruto: R$ 1.348,89 55 Empregados com menos de 12 meses de serviço Sabemos que o empregado com menos de 12 meses de serviço, não pode gozar suas férias, no entanto, o que fazer quando a empresa determina férias coletivas paralisando as suas atividades? Neste caso, esses empregados com menos de 12 meses também estão impedidos de trabalhar. Para a solução desse conflito, o artigo 140 da CLT estabelece que os empregados contratados com menos de 12 meses gozarão, na oportunidade, férias proporcionais ao tempo de serviço, iniciando-se, então, novo período aquisitivo. Exemplo: Empregado contratado em 02/05/17, o empregador irá conceder a partir do dia 17/12/17 até o dia 05/01/18 férias coletivas. � O direito adquirido do empregado constitui 8/12 avos, o que corresponde a 20 dias; � As férias coletivas de 17/12/17 a 05/01/18 = 20 dias. O período aquisitivo desse empregado ficará quitado, iniciando novo período aquisitivo a partir do dia 17/12/17. 56 4.5 – Processamento de 13º salário O 13º salário, também conhecido por gratificação natalina, é um abono que inicialmente, antes de ser transformado em lei, era oferecido por empregadores a todos os seus empregados, no mês de dezembro, para que pudessem passar um bom natal. Somente em 1962 é que tal benefício passou a ser legalizado pela Lei 4090/62, tornando-se obrigatório o pagamento de mais um salário mensal. Para tanto, convencionou-se que o valor do 13º salário do empregado seria calculado mediante o salário de dezembro do ano em questão e que este valor não integraria a remuneração, sendo apresentado em folha de pagamento própria com seus respectivos tributos separados. Por lei, o 13º salário deverá ser pago ao empregado em duas parcelas, como veremos a seguir: � 1ª parcela: o pagamento deve ser realizado entre os meses de fevereiro (01/02) e novembro (30/11) do ano em transcurso; � 2ª parcela: O pagamento da segunda parcela deve ser realizada até o dia 20 de dezembro do ano em questão. Como vimos no tema “férias”, a primeira parcela do 13º salário também poderá ser paga junto com o recebimento de férias, desde que pleiteado pelo empregado, dentro do prazo. Cálculo da primeira parcela: 57 (Salário nominal + média parte variável) / 12 x 6 = 1º parc. 13º salário. Cálculo da segunda parcela: Salário-nominal + média parte variável – valor pago na 1º parcela = valor bruto da 2ª parcela do 13º salário. Importante deixar claro que, a parte variável que destacamos na fórmula, se refere geralmente às comissões pagas. Vale destacar também, que os empregados que recebem remuneração variável, como os profissionais que recebem comissão, terão ainda uma terceira parcela em razão das comissões recebidas no mês de dezembro, que veremos com mais detalhes a seguir. Observações importantes Vale esclarecermos alguns detalhes a respeito do 13º salário que podem, eventualmente, suscitar dúvidas. Vamos a eles: 1) A contagem de avos do 13º salário se dá pelo ano civil, de 01 de janeiro a 31 de dezembro ou pela data de entrada do empregado na empresa, caso este tenha entrado no decorrer do ano em questão. 2) Todo e qualquer pagamento variável, como horas extras, adicionais, comissões, deverão refletir pela média, no pagamento do 13º salário. Proporcionalidade no 13º salário O 13º salário proporcional deve ser pago àquele empregado que, como dissemos, foi registrado na empresa no decorrer dos meses do ano, ou seja, que tenha sido contratado, por exemplo, em abril de 2017. Assim, apenas para ficar mais claro, apresentamos o seguinte exemplo: 58 Imagine um empregado que tenha sido contratado em 2016. Em dezembro de 2017, ele terá direito a quantos avos de 13º salário? A resposta é 12/12 avos, ou seja, terá direito a um salário integral, uma vez que a contagem se dá pelo ano civil. Desta forma, se trabalhou de 01 de janeiro até 31 de dezembro, tem direito a 12/12 avos. Agora, imagine que um empregado tenha sido contratado em 10 de abril de 2017. Em dezembro de 2017, ele terá direito a quantos avos de 13º salário? A resposta neste caso é o 13º salário proporcional, pois o empregado não trabalhou o ano inteiro para esta empresa. Na prática, ele terá direito a receber 9/12 avos, pois não estava na empresa nos meses de janeiro, fevereiro e março. Mas uma dúvida que pode surgir: Por que, então, ele tem direito a receber o mês
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