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1 Prof. Victor Hugo Pereira 1. Introdução Direito e contabilidade são ciências que caminham juntas e complementam-se; Direito é a ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em sociedade (ou seja, é o conjunto de normas jurídicas existentes em um país); Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro dos atos e fatos de uma organização. Na prática, o contador deve obedecer: As normas e princípios fundamentais da contabilidade; e A legislação tributária. Portanto, para nós contadores é importante conhecermos os principais aspectos da legislação tributária, devido sua grande influência na rotina das organizações. Contabilidade Tributária tem por objetivo o controle e o planejamento dos tributos pelas operações e resultados empresariais, além da realização de análises de todas as implicações de cada transação relevante. 1. Introdução • Atividade Financeira do Estado: No seu poder, o Estado necessita de meios materiais e pessoais para cumprir seus objetivos institucionais (segurança, saúde, defesa, bem-estar social...). Como cumprir estes objetivos? Através de sua atividade financeira, obtendo, gerindo e aplicando recursos. 1. Introdução • Atividade Financeira do Estado: As receitas obtidas pelo Estado são classificadas segundo sua fonte, sendo: Receitas Públicas Originárias: decorrente da ação empresarial do estado (venda de veículos ou prestação de serviço); Receitas Públicas Derivadas: decorrente da exploração de fontes externa, exigidas de forma compulsória (tributos) – FOCO DA NOSSA DISCIPLINA. 1. Introdução 2. Sistema Tributário Nacional (5.172/66) É o conjunto estruturado e lógico dos tributos que compõem o ordenamento jurídico, bem como das regras e princípios normativos relativos à matéria tributária. Art. 2º O sistema tributário nacional compõe-se de impostos, taxas e contribuições de melhoria, e é regido pelo disposto nesta Emenda, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal, e, nos limites das respectivas competências, em leis federal, estadual ou municipal. É dinâmico; E limita o poder do Estado em tributar. 2. Sistema Tributário Nacional (5.172/66) Legislação Tributária (art. 96 do CTN): “...compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes“ CF Leis Complementares e Ordinárias (CTN –5.172/66) Decretos Instruções Normativas, Portarias, Resoluções Fontes Primária Fontes Secundárias 1988 1966 No Brasil, o Sistema Tributário vigente está alicerçado nos artigos 145 a 162 da Constituição Federal (CF) de 1988, sendo: Arts. 145-149: Princípios gerais da tributação nacional; Arts. 150-152: Limitações do poder de tributar; Arts. 153-156: Impostos dos entes federativos; Arts. 157-162: Repartição das receitas tributárias arrecadadas; Na CF de 1988 foi assegurada a recepção das normas tributárias editadas antes de sua promulgação, desde que tais normais não lhe fossem incompatíveis; 2. Sistema Tributário Nacional (5.172/66) Portanto, o Código Tributário Nacional (CTN) publicado pela Lei 5.172 de 1966 que dispõe sobre as normas gerais de Direito Tributário permanecem em vigor até hoje (somente os compatíveis). Lei (art. 97 CTN): regra jurídica de caráter geral e abstrato, emanada do Poder ao qual a CF atribuiu competência legislativa. Só é lei a norma jurídica elaborada pelo Poder competente para legislar. Tratados e convenções internacionais (art. 98 CTN): revogam ou modificam a legislação interna, prevalecendo sobre a legislação interna. 2. Sistema Tributário Nacional (5.172/66) Decretos (art. 99 CTN): normas expedidas pelo Chefe do Poder Executivo que regulamentam as leis, não inovando na ordem jurídica, objetivando apenas dar fiel cumprimento aos ditames legais. Normas Complementares (art. 100 CTN): são formalmente atos administrativos. Complementares porque se destinam a completar o texto das leis, dos tratados e convenções internacionais e decretos; Limitam-se a complementar; Não podem inovar e nem modificar; Existem várias Instruções Normativas emitidas pela SRF. 2. Sistema Tributário Nacional (5.172/66) EXEMPLO CONSTITUIÇÃO FEDERAL EXEMPLO LEI COMPLEMENTAR EXEMPLO DECRETO 3. Tributos – Conceito e Espécies Art. 3º (CTN) “ Tributo é toda prestação pecuniária compulsória (obrigação), em moeda ($) ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito (não decorra de infração), instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (estabelecidos pelos passos da lei)”. Prestação pecuniária: Prestação é uma contribuição a que alguém está obrigado. Pecuniária significa que é representada por dinheiro. Assim, o tributo é uma obrigação em dinheiro. 3. Tributos – Conceito e Espécies Compulsória: Deriva do verbo compelir, que significa: constranger, forçar, obrigar. Seu pagamento é obrigatório pelo poder coercitivo do Estado, e não depende da vontade do contribuinte. Que não constitua sanção por ato ilícito: A obrigatoriedade do tributo nasce da prática de um ato lícito, como: trabalhar e receber salário, vender e comprar mercadorias permitidas pela legislação. Quando alguém pratica um ato ilícito e como consequência recebe uma punição pecuniária por parte do governo, esta sanção não é considerada tributo. Ex: multa por infração fiscal 3. Tributos – Conceito e Espécies Instituída em lei: Tributos só podem ser instituídos ou alterados por meio de lei válida e eficaz. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: Para efetuar a cobrança de tributos, a administração pública deverá agir na forma e nos limites fixados em lei 3. Tributos – Conceito e Espécies • Art. 5º (CTN) “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria”. -Impostos: é aquele que, uma vez instituído por lei, é devido, independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte. Portanto, não está vinculado a nenhuma prestação específica do Estado ao sujeito passivo. Ex: IPI, IRPJ, IRPF, IPVA... -Taxa: estão vinculadas à utilização efetiva ou potencial por parte do contribuinte, de serviços públicos específicos e divisíveis. Ex: coleta de lixo, emissão de documentos, registro comércio, água e esgoto, licenciamento para funcionamento e alvará municipal... -Contribuições de melhoria: que são cobradas quando do benefício trazidos aos contribuintes por obras públicas. Pavimentação de ruas. 3. Tributos – Conceito e Espécies -Contribuições sociais (CF 88): cobradas para o financiamento das atividades sociais do governo. São de 3 tipos: Contribuições de intervenção no domínio econômico (combustíveis); Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CRC); Contribuições de seguridade social (INSS). 3. Tributos – Conceito e Espécies 3.1 Classificação dos Tributos -Quanto à Função (3): 1) Fiscal: quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos (ICMS e IR...); 2) Extrafiscal: principal objetivo é a interferência do domínio econômico (II e IOF...); 3) Parafiscal: quando destinado ao custeio de atividades (SESI e SENAC...). Quanto à relação com o patrimônio e a renda das pessoas (2): 1) Diretos: ocorre quando em uma só pessoa reúnem-se as condições de contribuinte de fato e de direito; São aqueles em que não há compensação, como por exemplo, o IRPJ e CSLL; 3.1 Classificação dos Tributos 2) Indiretos (acabam atingindo indiretamente o consumidor): são aqueles em que o contribuinte legal apenas recolhe o valor exigido na apuração que é suportada de fato pelo consumidor final; Portanto, nesta modalidade existe a possibilidade de compensação do tributo pelos créditos de entrada; Exemplos: IPI, ICMS. 3.1 Classificação dos Tributos Resumo dos principais impostos e contribuições 1. União PIS - Programa de Integração Social COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social IRPJ - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 3.1 Classificação dos Tributos Resumo dos principais impostos e contribuições 1. União IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados II - Imposto sobre Importação IE - Imposto sobre Exportação ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural 3.1 Classificação dos Tributos Resumo dos principais impostos e contribuições 2. Estados e Distrito Federal ICMS - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores ITCD - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações 3.1 Classificação dos Tributos Resumo dos principais impostos e contribuições 3. Municípios ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza IPTU - Imposto Predial Territorial Urbano ITBI - Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (inter vivos) 3.1 Classificação dos Tributos 4. Obrigação Tributária • Uma obrigação nasce por meio de uma relação jurídica, que determinada pessoa (credor) pode exigir de outras (devedor) uma prestação (objeto), em razão de prévia determinação legal ou de manifestação de vontade; • A obrigação tributária é a relação de Direito Público na qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do contribuinte (sujeito passivo) uma prestação (objeto) nos termos e nas condições descritos em lei (fato gerador); 4. Obrigação Tributária • Elementos fundamentais da obrigação tributária: Lei (principal): cria os tributos e determina as condições de sua cobrança; Objeto: representa as obrigações que o sujeito passivo deve cumprir segundo as determinações legais. Existem dois tipos de obrigações: Obrigação Principal: pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária. Extingue-se com o crédito tributário; Obrigação Acessória: tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 4. Obrigação Tributária O fato gerador: é a situação definida em lei como necessária e suficiente para sua ocorrência; Para o IR o fato gerador é a obtenção de renda; “O fato” é aquele que gera a obrigação de pagar o tributo. 4. Obrigação Tributária Sujeito ativo da obrigação: é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir seu comprimento; Sujeito passivo da obrigação: é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária; Sujeito passivo da obrigação acessória: é a pessoa obrigada às prestações que constituam seu objeto. 4. Obrigação Tributária Base de Cálculo: É o valor sobre o qual se aplica o percentual (ou alíquota) com a finalidade de apurar o montante a ser recolhido. Alíquota: É o percentual definido em lei que aplicado sobre a base de cálculo, determina o montante do tributo a ser recolhido. 4. Obrigação Tributária Uma importante decisão tributária deve ser realizada anualmente pelas empresas, em relação as opções tributárias: Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado ou Simples Nacional. Isso é importante, pois não é permitido mudança de opção tributária no mesmo exercício (ano), logo, a opção por uma das modalidades será definitiva para o ano. 5. Regimes Tributários Se a decisão for equivocada, seu efeito deverá ser suportado para o ano todo; A opção é definida: Para Lucro Real e Presumido: no primeiro pagamento do imposto (que normalmente é recolhido em fevereiro de cada ano), ou, Para Simples Nacional: até o último dia útil de janeiro. 5. Regimes Tributários Essa escolha acaba impactando principalmente no cálculo dos seguintes tributos: IRPJ; CSLL; PIS; COFINS. Que serão estudados individualmente nas próximas unidades. 5. Regimes Tributários
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