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Motores de Corrente Contínua Jéferson Ferronato Universidade Federal do Pampa – Engenharia de Energias Renováveis e Ambiente – EERA UNIPAMPA, CEP 96400-000,Bagé (RS), Brasil e-mail: jeferronato@hotmail.com Resumo - Nesse relatório serão relatadas as características de uma máquina de corrente contínua. Tal como seu funcionamento e função, e os resultados do experimento realizado. Este que tinha como objetivo achar os valores da corrente, tensão e rotação experimentalmente para que fosse possível gerar os gráficos da relação de tais incógnitas. Com isso pode-se observar matematicamente se os resultados encontrados na prática são validos, cujo tais se mostraram aceitáveis e condizentes com as equação já pré- estabelecidas pela literatura. Palavras-Chave – Máquina CC, Tensão e Corrente. I. INTRODUÇÃO O ano de 1886 pode ser considerado, como o ano de nascimento da máquina elétrica, pois foi nesta data que o cientista alemão Werner von Siemens inventou o primeiro gerador de corrente contínua auto-induzido. Entretanto esta máquina que revolucionou o mundo em poucos anos foi o último estágio de estudos, pesquisas e invenções de muitos outros cientistas, durante quase três séculos. Em 1600 o cientista inglês William Gilbert publicou, em Londres a obra intitulada De Magnete, descrevendo a força de atração magnética. A primeira máquina eletrostática foi construída em 1663, pelo alemão Otto von Guericke, e aperfeiçoada em 1775 pelo suíço Martin Planta. O físico dinamarquês Hans Christian Oersted, ao fazer experiências com correntes elétricas, verificou em 1820 que a agulha magnética de uma bússola era desviada de sua posição norte-sul quando esta passava perto de um condutor no qual circulava corrente elétrica. Em 1832, o cientista italiano S. Dal Negro construiu a primeira máquina de corrente alternada com movimento de vaivém. Já no ano de 1833, o inglês W. Ritchie inventou o comutador construindo um pequeno motor elétrico onde o núcleo de ferro enrolado girava em torno de um ímã permanente. Pixii ao construir um gerador com um ímã em forma de ferradura que girava diante de duas bobinas fixas com um núcleo de ferro. A corrente alternada era transformada em corrente contínua pulsante através de um comutador. Grande sucesso obteve o motor elétrico desenvolvido pelo arquiteto e professor de física Moritz Hermann von Jacobi – que, em 1838, aplicou-o a um bote. Alimentados por células de baterias, o bote transportou 14 passageiros e navegou em uma velocidade de 4,8 quilômetros por hora. Somente em 1886 Siemens construiu um gerador sem a utilização de ímã permanente, provando que a tensão necessária para o magnetismo poderia ser retirado do próprio enrolamento do rotor, isto é, que a máquina podia se auto-excitar. O primeiro dínamo de Werner Siemens possuía uma potência de aproximadamente 30 watts e uma rotação de 1200rpm. A máquina de Siemens não funcionava somente como um gerador de eletricidade, mas também podia operar como um motor, desde que se aplicasse aos seus bornes uma corrente contínua. Foi o engenheiro eletricista Dobrowolsky, da firma AEG, de Berlim, entrou em 1889 com o pedido de patente de um motor trifásico com rotor de gaiola. O motor apresentado tinha uma potência de 80 watts, um rendimento aproximado de 80% em relação a potência consumida e um excelente conjugado de partida. As vantagens do motor de corrente alternada para o motor de corrente contínua eram marcantes: construção mais simples, silencioso, menos manutenção e alta segurança em operação. Dobrowolsky desenvolveu, em 1891, a primeira fabricação em série de motores assíncronos, nas potências de 0,4 a 7,5 kW. [1] II. ANÁLISE TEÓRICA Diz-se que uma máquina é de corrente contínua quando em todos os seus terminais as grandezas que a caracterizam (tensões e correntes) são unidirecionais. Os motores de corrente possuem grande versatilidade em seu controle da velocidade, que pode ser implementado de forma bastante simples ao se atuar no nível de tensão aplicada. Isto resultou, durante muito tempo, no uso preferencial destes motores para os processos de automação. Uma importante classe de motores de corrente contínua, os de ímãs permanentes, é amplamente utilizada em nível industrial. Um motor CC nada mais é do que um motor alimentado por corrente contínua (CA), sendo esta alimentação proveniente de uma bateria ou qualquer outra de alimentação CC. A sua comutação (troca de energia entre rotor e estator) pode ser através de escovas (escovado) ou sem escovas (brushless) e com relação a velocidade, o motor CC pode ser controlado apenas variando a sua tensão, diferentemente de um motor elétrico de corrente alternada (CA) cuja a velocidade é variada pela frequência. Tal como as outras máquinas eléctricas rotativas, a máquina de corrente contínua é constituída por duas partes principais: 1. Uma parte fixa, o estator, destinada fundamentalmente à criação do fluxo indutor. 2. Uma parte móvel, designada por rotor, que contém duas peças essenciais: O enrolamento do induzido onde se processa a conversão de energia mecânica em eléctrica e vice-versa, e o colector que constitui um conversor mecânico de "corrente alternada- corrente contínua" ou vice-versa. A figura 1 mostra o motor e suas partes, neste trabalho não serão citadas todas estas pois não é o objetivo de tal. Figura 1 – Partes de um motor CC A. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO. O princípio básico de funcionamento do motor CC é que sempre que um condutor conduzindo uma corrente elétrica é colocado em um campo magnético, este condutor experimenta uma força mecânica gerando o torque e o giro do eixo do motor. Isso pode ser visto na figura 2. Figura 2 – Ação a corrente elétrica no campo magnético Ao alimentar o comutador com tensão CC, é gerada uma corrente contínua que é transferida para a bobina através do contato das escovas do comutador com esta bobina. Assim, a função do comutador é ser o elo entre a fonte de alimentação e o rotor do motor CC e ele é composto por escovas condutoras que fazem o contato com o eixo girante do motor CC. O campo magnético é gerado entre os pólos norte e sul do ímã e possui um sentido partindo do norte para o sul. O torque que vai impulsionar a bobina e por sua vez o rotor será proporcional ao campo magnético entre os ímãs. A direção da força mecânica é dada pela regra da mão direita. Isso pode ser melhorar observado na figura 3. Figura 3 – Demonstração campo magnético O rotor movimenta-se assim gerando uma força mecânica que faz com que o motor movimente a carga nele acoplado. [2] B. Classificação das máquinas de corrente contínua. As máquinas de corrente contínua podem ser classificadas quanto ao modo de alimentação do enrolamento do indutor, por: • Máquinas de excitação independente: a máquina é alimentada por duas fontes de energia separada, para funcionamento como motor. E para funcionamento como gerador, não se utilizada a tensão fornecida pela máquina para o indutor, ele é alimentado por uma fonte independente. Tem facilidade do controle da velocidade de saída. • Máquinas de excitação em derivação (paralelo): Apresenta boa regulação de velocidade, prioriza a rotação e tanto a armadura quanto o enrolamento do estator são ligados em paralelo com a alimentação, a figura 4 mostra isto. Figura 4 – Excitação em paralelo • Máquinas de excitação em série: prioriza o torque da máquina, seu enrolamento tem poucas espiras, o condutor é mais grosso e sua regulação de velocidade não é fácil de se alcançar. Neste caso a própria corrente do induzido que vai provocar o fluxo magnético. A demonstração de um circuito de excitação em sériepode ser vista na figura 5. Figura 5 – Excitação em série • Máquinas de excitação composta: é a união das duas máquinas citadas anteriormente, apresenta enrolamento de campo independente, um fluxo mínimo mesmo com o motor à vazio e podem ser ligados para somar ou subtrair a força magneto motriz. Alia o bom controle de velocidade da máquina em paralelo e o alto torque da máquina em série. A demonstração de um circuito de excitação composta pode ser vista na figura 6. Figura 6 – Excitação composta As curvas características de velocidade em função do torque para vários tipos de motores de corrente contínua são apresentadas na figura 7. O motor série apresenta uma grande variação de velocidade à medida que aumenta o torque desenvolvido pelo motor. Figura 7– Velocidade x torque para motores CC A Figura 8 apresenta as curvas características de tensão por corrente em geradores de corrente contínua. Pode se observar que o motor CC sem carga não gera tensão nenhuma, pois sem carga não corrente no enrolamento de campo e não existindo o campo também não haverá tensão induzida. [3] Figura 7– Tensão x corrente para geradores CC III. ANÁLISE EXPERIMETAL A parte experimental da prática consistia na análise do gerador CC com ponte, onde um gerador estava acoplado a um motor e com o auxílio de um inversor era possível controlar a frequência. Os dados do motor e gerador estão na tabela 1 e 2, respectivamente. Motor de indução trifásico marca Voges Modelo 3OT54 KW (hp-cv) 0.37 (1/2) Frequência 60 Hz Tensão 220/380 V rpm 1730 Corrente 2.5/1.5 A FS 1.26 Ip/In 5.4 Rendimento 66% Tabela 1 – Dados motor Gerador KW 0.2 Tensão 115 V rpm 1750 Corrente 1.8/05 A Tabela 2 – Gerador Com isso, foi ajustado para uma frequência de 10 Hz e variando deste mesmo valor até chegar a 60 Hz. A figura 8 é uma imagem do experimento montado em aula. Figura 8– Experimento montado Assim em cada variação de frequência era medida a rotação do experimento, para que fosse possível compreender o que acontece com a tensão através da variação de rotação. Os dados foram tabelados e assim gerando o gráfico 1. Gráfico 1 – Rotação x Tensão nos terminais Após está etapa foi adicionada uma carga ao motor para ver qual a influência da carga sobre a tensão e a corrente dos terminais e sob a corrente de carga, assim com os dados obtidos pode-se chegar ao gráfico 2 e 3. Gráfico 2 – Corrente x Tensão nos terminais 0 20 40 60 80 290 590 890 1189 1490 1795 Rotação x Tensão nos terminais 0 20 40 60 80 100 120 140 0.038 0.086 0.138 0.23 0.27 0.31 0.353 0.4 0.43 V t If If x Vt Gráfico 3 – Corrente de carga x Tensão nos terminais IV. RESULTADOS Pelo gráfico 1 nota-se que a tensão aumenta linearmente com a rotação, isso pode ser provado matematicamente, observando a equação 1 percebe-se que quanto maior a rotação maior o ω. 𝜔 = 𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜∗2∗𝜋 60 Equação 1 Logo substituindo o valor resultante na equação vemos que quanto maior o valor de ω, maior será o valor de tensão da armadura. 𝐸𝑎 = ( 𝜔 𝜔0 ) ∗ 𝐸𝑎0 Equação 2 E observando a equação 3 vemos que quanto maior a tensão na armadura, maior será a tensão nos terminais. Vt= Ea ± Ia*(Ra+Rs) Equação 3 No gráfico 2 nota-se que a corrente do campo de derivação diferentemente do gráfico 1, não varia linearmente com a tensão nos terminais, ela varia de uma forma quadrática. A corrente do campo de derivação pode ser determina pela equação 4. Ia= Il ± If Equação 4 Logo aumentando o valor de If aumentaria o valor de Ia, aumentando tal valor o resultante da tensão nos terminais será maior, como pode ser visto na equação 3, claro havendo uma contribuição importante dos valores de resistência para o resultado final. [4] No gráfico 3 pode se notar que o valor da tensão nos terminais diminui quase que linearmente com o aumento da corrente pois nesse caso a máquina opera como gerador, onde nas equações mostradas acima invés de somar os valores, eles serão subtraídos. Com isso os valores se tornam decrescentes como mostrados no gráfico. V. CONSIDERAÇÕE FINAIS A prática se mostrou eficaz, pois os valores adquiridos experimentalmente se equivalem quando feita uma análise matemática com as equações conhecidas. Pode-se perceber 46 48 50 52 54 56 58 60 0.08 0.16 0.33 0.55 0.62 0.70 0.84 1.03 1.17 Icarga x Vt que é importante controlar as tensões dos terminais, para que seja possível prever a corrente resultante. A rotação é um fator importante para controlar a tensão nos terminais, pois quanto maior a rotação maior será a tensão. E por fim quanto maior a carga maior será a corrente gerada no motor, o que é se suma importância na hora de escolher o motor adequado para sua necessidade. VI. REFERÊNCIAS [1]www.coladaweb.com/fisica/eletrica acessado em 10 de dezembro às 00:17. [2] www.citisystems.com.br/motor-cc/ acessado em 10 de dezembro de 2017 às 00:52. [3] Fitzgerald, “Máquinas elétricas”, 6ª Ed., São Paulo: McGraw-Hill, 2006. [4] Del Toro, “Fundamentos de máquinas elétricas”, Rio de Janeiro: LTC, 1994
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