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Conceito e importância da Hermenêutica

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1. Conceito e importância da Hermenêutica
	Hermenêutica é palavra de origem grega e significa a “arte ou técnica de interpretar e explicar um texto ou discurso” (SIGNIFICADOS, 2019). Na área do Direito, hermenêutica e interpretação representam o relacionamento entre princípios e aplicações, ou seja, enquanto a hermenêutica objetiva estabelecer princípios, critérios, métodos, orientação geral, a segunda é de caráter prático, aplicando o que a primeira estabeleceu (NADER, 2014). 
	Carlos Maximiliano (2008, apud AMARAL, 2016) conceitua a hermenêutica jurídica da seguinte maneira: "a hermenêutica jurídica tem por objetivo o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito". 
2. Interpretação do Direito
	Interpretar o Direito é revelar o seu sentido e alcance. Nesse sentido, fixar o sentido de uma norma jurídica equivale a descobrir sua finalidade, enquanto fixar seu alcance é demarcar seu campo de incidência; tomar ciência dos fatos sociais e circunstâncias que norteiam aplicação da norma jurídica (NADER, 2014). 
	Segundo Garcia (2015), quanto às fontes, a interpretação pode ser assim classificada:
- interpretação autêntica: realizada pelo mesmo órgão ou poder que elaborou a norma jurídica; 
- interpretação jurisprudencial: realizada pelos juízes e tribunais em seus julgamentos, ao decidir conflitos sob sua apreciação, ou seja, no exercício da atividade jurisdicional; 
- interpretação doutrinária: realizada pelos juristas e pela doutrina.
	E quanto aos resultados ou efeitos da interpretação, segundo Garcia (2015) há ainda a seguinte classificação: 
- interpretação declarativa: quando a redação da norma jurídica corresponde exatamente ao seu alcance;
- interpretação extensiva: quando a redação da norma jurídica diz menos do que o seu verdadeiro alcance;
- interpretação restritiva: quando a redação da norma jurídica diz mais do que o seu verdadeiro alcance.
	Elementos da Interpretação do Direito
	Para a interpretação do Direito Positivo, o técnico poderá recorrer a vários elementos necessários à compreensão da norma jurídica, tais como os elementos gramatical (também chamado literal ou filológico), lógico, sistemático, histórico e teleológico (NADER, 2014). 
2.1. Gramatical
	Segundo Garcia (2015), é a interpretação “feita de acordo com as regras gramaticais e da linguística, examinando-se a literalidade do texto, observando a pontuação e o significado dos vocábulos (semântica)”.
	Paulo Nader (2014) expõe que a crítica moderna que se faz a esse elemento diz respeito à necessidade de corrigir os excessos em sua aplicação, com o objetivo de evitar o abuso daqueles que se apegam à literalidade do texto, com prejuízo à mens legis.
2.2. Lógico
	Para Garcia (2015), na interpretação lógica examina-se a norma jurídica em conformidade com as regras da lógica, da razão e do bom senso;
a) Lógica Interna
	Por esta lógica, conforme explica Paulo Nader (2014), “ o intérprete submete a lei à ampla análise, considerando a própria inteligência do texto legislativo, alheando-se dos elementos de informação extra legem.
b) Lógica Externa
	Essa lógica se orienta pela lição dos fatos, pelos acontecimentos que provocaram a formação do fenômeno jurídico, indagando ainda a finalidade da criação de determinada lei (NADER, 2014).
c) A Lógica do “Razoável”
	De acordo com Flávio Ribeiro (2016): 
A lógica do razoável, apresentada por Recaséns Siches, enseja a aplicação das normas jurídicas segundo princípios de razoabilidade, ou seja, elegendo a solução mais razoável para o problema jurídico concreto, dentro das circunstâncias sociais, econômicas, culturais e políticas que envolvem a questão, sem se afastar dos parâmetros legais.
2.3. Sistemático
A interpretação sistemática é feita harmonizando-se a norma jurídica com o conjunto normativo em que se insere, confrontando-a com outras normas do ordenamento jurídico (GARCIA, 2015). 
Paulo Nader (2014) explica este elemento do seguinte modo:
O elemento sistemático, que opera considerando os elementos gramatical e lógico, consiste na pesquisa do sentido e alcance das expressões normativas, considerando-as em relação a outras expressões contidas na ordem jurídica, mediante comparações. O intérprete, por este processo, distingue a regra da exceção, o geral do particular. A natureza da norma jurídica revela-se também pelo elemento sistemático. O estudo leva à conclusão se a norma jurídica é cogente ou dispositiva, principal ou acessória, comum ou especial.
	O mesmo Paulo Nader (2014) ainda alerta: “pratica uma condenável imprudência o profissional que, sem visão do conjunto da lei e de outros dispositivos concernentes à matéria, interpreta artigos isolados”.
2.4. Histórico
	Muitas vezes apenas o conhecimento gramatical e lógico do texto legislativo não basta para a compreensão do espírito da lei, sendo necessário recorrer à pesquisa do elemento histórico (NADER, 2014). 
	Na interpretação histórica, segundo Garcia (2015), há a interpretação da norma jurídica “levando em conta os fatos que antecederam o seu surgimento, as necessidades jurídicas e circunstâncias que provocaram a sua aprovação”. 
	Para Paulo Nader (2014), “o jurista que almeja um conhecimento profundo da ordem jurídica, forçosamente deverá pesquisar as raízes históricas do Direito Positivo”. 
2.5. Fator teleológico
	Neste elemento de interpretação há o estudo da finalidade da lei. Sobre este elemento, Paulo Nader (2014) expõe o seguinte: 
Na fixação do conceito e alcance da lei, sobreleva de importância o estudo teleológico, isto é, o estudo dos fins colimados pela lei. [...] A idéia do fim não é imutável. O fim não é aquele pensado pelo legislador, é o fim que está implícito na mensagem da lei. Como esta deve acompanhar as necessidades sociais, cumpre ao intérprete revelar os novos fins que a lei tem por missão garantir.”
3. Métodos de interpretação do Direito
3.1. Tradicional da Escola Exegese
	A respeito deste método, Miguel Reale (1991, p.274-276, apud GARCIA, 2015) explica: 
A Escola da Exegese, que se destacou no século XIX, entendia que na lei positiva (especialmente o Código Civil, merecendo destaque o Código de Napoleão, na França) se encontra a possibilidade de solucionar todos os eventos sociais. A interpretação, assim, devia ficar restrita ao texto da lei, dando origem à chamada jurisprudência conceitual, a qual dava primazia aos preceitos jurídicos existentes na lei, mas não às estruturas sociais a respeito das quais os dispositivos se destinavam. Predominava, assim, a interpretação literal ou gramatical, e lógico-sistemática, buscando a intenção do legislador.
3.2. Histórico Evolutivo
	Nesse método, a interpretação ocorre partindo-se da premissa de que a lei surge em função de determinadas circunstâncias, que são passíveis de modificação ao longo do tempo, e que devem ser consideradas no momento de sua interpretação. O processo histórico-evolutivo valoriza o estudo das bases históricas do direito positivo e das motivações do legislador para a edição de determinada lei (MENDONÇA, 2014). 
3.3. A Livre Investigação Científica do Direito
	Sobre esta metodologia de interpretação, Paulo Nader (2014) conceitua: 
“o método se denomina livre, porque o intérprete não fica condicionado às fontes formais do Direito e, científico, porque a solução se funda em critérios objetivos, baseados na organização social. [...] Somente depois de haver esgotado os recursos da lei, analogia e costume, ficaria o intérprete livre para pesquisar o modelo jurídico na chamada natureza positiva das coisas, que consiste na organização econômica, social e política do país [...] O intérprete não poderia extrair da sua vontade própria as normas reitoras, mas ler o Direito nos fatos da vida e as regras captadas deveriam estar conforme os princípios do sistema jurídico”. 
	Silva (2016) diz sobre esta doutrina o seguinte:
Livre Investigação é possível quando há ausência de lei (lacunas). Quando se trata de casos de obscuridade o jurista deve fazer o uso do costume, daautoridade, tradição, etc. A livre interpretação é o último recurso de que pode se valer o intérprete.
	Corrente do Direito Livre
	Esta corrente foi iniciada na Alemanha, nos primórdios do século XX, através de teóricos como Eugen Ehrlich e Herman Kantorowicz. Este movimento surge basicamente como uma reação contra o positivismo extremado da Escola da Exegese e sua doutrina, que restringia demasiadamente o aplicador das leis, que ficava fadado a sempre obedecer a norma (ALBUQUERQUE, 2016).
	Paulo Nader (2014) assim explica essa doutrina:
“[...] a corrente do Direito Livre concedia ampla liberdade ao intérprete na aplicação do Direito. [...] O juiz, ao decidir uma questão, poderia abandonar o texto legal, se o considerasse incapaz de fornecer uma solução justa para o caso. [...] Diante de um caso concreto o juiz daria a melhor solução, de acordo com o seu sentimento de justiça e, posteriormente, abriria o código para localizar o embasamento jurídico para a sentença. A divisa seria a justiça pelo código ou apesar do código. [...] Essa doutrina não se estendia ao campo do Direito Penal, em face do princípio da reserva legal”. 
 
Bibliografia
ALBUQUERQUE, A. A. B. D. O Movimento do Direito Livre. Jusbrasil, 2016. Disponivel em: <https://ayresbello.jusbrasil.com.br/artigos/260408332/o-movimento-do-direito-livre>. Acesso em: 04 abril 2020.
AMARAL, T. C. D. A Importância da Hermenêutica para o Direito. JurisWay, 2016. Disponivel em: <https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=17148>. Acesso em: 04 abril 2020.
GARCIA, G. F. B. Introdução ao Estudo do Direito. 3ª ed. rev. e atual. ed. São Paulo: Método, 2015.
MENDONÇA, P. R. S. Hermenêutica Jurídica. In: MOURA, S. F. D. Livro Didático de Introdução ao estudo do Direito. 1ª ed. ed. Rio de Janeiro: Estácio, 2014.
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. 36ª ed. rev. e atual. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
RIBEIRO, F. Lógica do Razoável. Jusbrasil, 2016. Disponivel em: <https://flaviooliribeiro.jusbrasil.com.br/artigos/338769694/logica-do-razoavel>. Acesso em: 04 abril 2020.
SIGNIFICADOS. Significado de Hermenêutica. Significados, 2019. Disponivel em: <https://www.significados.com.br/hermeneutica/>. Acesso em: 04 abril 2020.
SILVA, P. J. D. Principais escolas da interpretação jurídica com enfoque no sistema moderno de investigação e sua utilização na justiça do trabalho. Páginas de Direito, 2016. Disponivel em: <https://www.paginasdedireito.com.br/index.php/artigos/341-artigos-set-2016/7760-principais-escolas-da-interpretacao-juridica-com-enfoque-no-sistema-moderno-de-investigacao-e-sua-utilizacao-na-justica-do-trabalho>. Acesso em: 04 abril 2020.

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