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Artigo 09 - CAPÍTULO II - Limitações da Competência Tributária (Do artigo 9º ao 15) - Direito Com Ponto Com Legislação comentada e gratuita_

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ARTIGO 09
CAPÍTULO II
Limitações da Competência Tributária
 
SEÇÃO I
Disposições Gerais
 
Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (1)
I – instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração,
o disposto nos artigos 21, 26 e 65; (2)
II – cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do
exercício �nanceiro a que corresponda; (3)
III – estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais; (4)
IV – cobrar imposto sobre: (5)
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; (6)
b) templos de qualquer culto; (7)
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem �ns lucrativos, observados os requisitos �xados na Seção II deste Capítulo; (8) [1]
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. (9)
§1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da
condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da
prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias
por terceiros. (10)
§2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos serviços próprios das
pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus
objetivos. (11)
1. Da infraconstitucionalidade à constitucionalidade da tributação. O art. 9º do CTN foi, antes
da Constituição de 1988, um importante artigo para garantir os direitos fundamentais do
contribuinte, apresentando-se como limitação ao poder de tributar.
No entanto, tais regras foram inseridas na Carta Magna, de modo que o assunto deixou de ser
infraconstitucional, apresentando-se, à partir da Constituinte de 1988, como limitações
constitucionais ao poder de tributar.
 
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2. Princípio da legalidade tributária. Previsto no art. 150, I, da CRFB e no art. 97 do CTN, é sem
sombra de dúvidas, o principal princípio do direito tributário. Trata-se da garantia constitucional
basilar do direito tributário. Segundo ele; não se pode criar tributo, majorar alíquota, nem reduzir,
SENÃO POR LEI. Vejamos o posicionamento do STF:
 
“A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da
reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias.
Precedentes.” (ADI 1.709, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 10-2-00, DJ de 31-3-
00)
 
Tal princípio tem fundamento no fato de que a lei emana do povo, de modo que os tributos devem
representar a vontade popular.
Durante anos, muito se discutiu acerca da possibilidade de criação do tributo por meio de MEDIDA
PROVISÓRIA. Para o STF, essa espécie normativa também tem tal poder, tendo em vista sua força
de lei no direito pátrio. No entanto, a medida provisória não pode tratar de matéria reservada à Lei
Complementar no direito tributário, na forma do art. 62, § 1º, III, da CRFB/88.
Assim, é possível que uma MP crie ou reduza tributos, por exemplo, sem violação ao princípio da
legalidade.
São exceções ao princípio da legalidade:
II, IE, IPI e IOF – alíquotas alteradas por ato do Poder Executivo (art. 153, parágrafo 1º
da CF)
CIDE comb. – alíquota reduzida ou restabelecida por ato do Poder Executivo (art. 177,
parágrafo 4º, inc. I, alínea b da CF)
ICMS Mono. Comb. – Alíquota determinada por convênio (art. 155, parágrafo 4º, inc. IV
da CF)
ICMS – alíquota interestadual fixada por resolução do Senado (art. 155, parágrafo 2º, IV
da CF)
Atualização da Base de Cálculo (art. 97, parágrafo 2º do CTN)
Determinação do prazo de pagamento do tributo (art. 160 CTN c/c 96 CTN)
Determinação de obrigações acessórias (art. 113, § 2º CTN c/c 96 CTN)
 
3. Princípio da anterioridade de exercício e noventena. Tal disposição foi aprimorada na
Constituição de 1988, com a inserção na Carta do princípio da anterioridade de exercício e,
posteriormente, do princípio na noventena.
O art. 150, III, b, da CF traz o princípio da anterioridade simples, também tratado como princípio da
anterioridade clássica ou de exercício. Segundo esse princípio, criado ou majorado um tributo, este
somente poderá ser cobrado no exercício �nanceiro seguinte.
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https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/ADI-1.709.pdf
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-62-14
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-153-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-177-10
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Frise-se que anterioridade não se confunde com anualidade. Esse, princípio de direito �nanceiro,
tem como base o fato de que as receitas e despesas anuais devem estar presentes na lei cabível.
A anterioridade tem como base o princípio da não-surpresa, de modo que todo cidadão, todo
contribuinte tem o direito a não se surpreender com uma carga tributária em que ele não esteja
preparado a pagar.
O contribuinte precisa de um prazo para realizar seu planejamento, daí a cobrança somente no
exercício �nanceiro seguinte.
O princípio da anterioridade simples não atingia seu ideal de garantir a não surpresa, tendo em
vista que o Congresso votava leis nos últimos dias do ano civil, respeitando o exercício �nanceiro
seguinte, mas cobrando tributos dias depois da publicação da lei que os criou ou majorou.
Assim, a Emenda Constitucional 42/2003, alterou a Carta, trazendo a noventena, no art. 150, III, c,
da CF.
Agora, além do Estado ser obrigado a respeitar o exercício �nanceiro, ele também tem que esperar
90 dias para cobrar o tributo.
Frise-se que são noventa dias e não três meses, contados da data da criação ou majoração do
tributo e tal princípio também é denominado como princípio da anterioridade nonagesimal. São
exceções:
 
Podem ser exigidos
imediatamente
Podem ser exigidos noventa
dias após sua criação
Somente Anterioridade de
Exercício
II
IE
IOF
Emp. Comp. (Guerra ou
Calamidade)
IEG
IPI
CIDE comb. (quando alteração
for da alíquota)
ICMS comb. (quando alteração
for da alíquota)
Cont. Sociais (art. 195, § 6º
CRFB)
IR
IPTU (quando alteração for da
base de cálculo)
IPVA (quando alteração for da
base de cálculo)
 
 
4.  Princípio da livre locomoção. Tal limitação também foi inserida na Constituição, em seu art.
150, V. O princípio da não limitação ao tráfego é a garantia que o tributo não violará o direito
fundamental do contribuinte à livre locomoção, sendo vedada a cobrança de tributos
interestaduais e intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio.
O princípio da livre locomoção está resguardado no art. 5º, XV, da Carta Magna, constituindo uma
garantia fundamental que não poderá se violada pelo direito tributário.
Ademais, para proteger o princípio em análise, o STF editou a súmula 323 que entende
inconstitucional a apreensão de mercadorias para obrigar o contribuinte a pagar o tributo.
Com isso, para liberar mercadoria apreendida como forma de cobrança indireta do tributo, cabe a
impetração de mandado de segurança ou mesmo ação anulatória, respeitados os limites legais
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc42.htm
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-195-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-05-4
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/s%C3%BAmula-323.pdf
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como a vedação a liminar no writ para liberação de mercadoria importada do exterior, na forma do
art. 7º, parágrafo 2º da Lei 12.016/09.
 
5.  Da imunidade tributária. O Constituinte de 1988 também inseriu na Carta outra forma de
limitar o poder de tributar, por meio das imunidades, vedando expressamente a incidência de
determinados tributos sobre determinadas situações. No caso do dispositivo em análise, a
imunidade abrange somente impostos, não abrangendo outras espécies tributárias.
A imunidade é a quali�cação constitucional da não incidência, de forma que a lei não pode
autorizá-la.  É chamada, portanto, de não incidência constitucionalmente quali�cada.  A imunidade
é a certeza constitucional da intributabilidade.
Luciano Amaro em, sua obra, discorre sobre os fundamentos das imunidades, vejamos:
 
“O fundamento das imunidades é a preservação de valores que a Constituição reputa
relevantes (a atuação de certas entidades, a liberdade religiosa, o acesso à informação, a
liberdade de expressão etc.), que faz com que se ignore a eventual (ou efetiva) capacidade
econômica revelada pela pessoa (ou revelada na situação), proclamando-se,
independentemente da existência dessa capacidade, a não-tributabilidade das pessoas ou
situações imunes.” [2]
 
6.  Princípio federativo e a ordem tributária. Esta imunidade consiste em uma incompetência
absoluta dos entes da federação para instituir impostos referentes ao patrimônio, a renda e serviço
um dos outros, e a �nalidade dessa imunidade é manutenção do pacto federativo e o respeito ao
princípio federativo, caracterizado pela isonomia entre os entes.
Esta imunidade abrange, então, os impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda e os serviços
dos entes federados. É importante destacar que tal imunidade limita-se aos impostos, não se
aplicando a outras espécies tributárias, como a taxa e o empréstimo compulsório. Dessa forma, é
devida a cobrança de tais tributos, que não os impostos.
A imunidade recíproca também recebe regulação no § 2º do art. 150 da Constituição Federal que
dispõe que a imunidade estende-se as autarquias e fundações de direito público, no tocante ao
patrimônio, renda e serviços, desde que estejam vinculados as suas atividades principais ou a�ns.
Observe-se que a extensão dessa imunidade apenas alcança pessoas de direito público.
Uma discussão importante a respeito do art. 150, § 2º da Constituição Federal diz respeito à
possibilidade de uma autarquia possuir imóveis alugados a terceiros. No tocante a esses bens, as
Fazendas Públicas sempre entenderam que não estariam alcançados pela imunidade, adotando
assim uma interpretação restritiva do preceito constitucional.
Não obstante a posição citada, o Supremo tribunal Federal entendeu que esses imóveis estão
alcançados pela imunidade desde que o produto da renda dos aluguéis reverta-se para a atividade-
�m da instituição, por exemplo, para que haja imunidade do IPTU deverá ser analisado se o valor
dos aluguéis esteja sendo utilizado na atividade-�m do ente público.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12016.htm
https://www.direitocom.com/constituicao-federal#151059496556165651118498-6b0602b7-f254
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
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Esta interpretação pretoriana também se aplica as demais hipóteses de imunidades postas no art.
150, VI da Constituição Federal.
Tal questão a respeito da imunidade dos imóveis locados encontra-se consolidada na Súmula 724
do Supremo Tribunal Federal.
 
“SÚMULA Nº 724
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.”
 
Tal sumula se converteu na Súmula Vinculante nº 52 do STF que mantem o mesmo teor.
O art. 150, § 3º da Constituição Federal traz uma regra importante a respeito da imunidade
recíproca excepcionando a não-incidência constitucional em três hipóteses.
 
“§ 3º – As vedações do inciso VI, “a”, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,
à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelasnormas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.”
 
A primeira, atinente à exploração da atividade econômica, determina que se o ente estiver
explorando atividade econômica não há que se falar em imunidade, e neste caso deverá ser feita
uma interpretação conjunta com os art. 173, § § 1º e 2º da Constituição Federal.
Tais entidades não gozarão de imunidade quando estiverem explorando atividade econômica, pois
devem encontrar-se em condições de igualdade com o particular assegurando o princípio da livre
concorrência e da isonomia.
Todavia, existem empresas públicas que prestam serviços públicos, e por isso, não exploram
atividade econômica, e apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, de forma excepcional,
gozarão da imunidade, por exemplo, ECT, sendo este o entendimento paci�cado no Supremo
Tribunal Federal, ao analisar o leading case envolvendo da Empresa Pública de Correios e
Telégrafos, no ano de 2004, endossado pelo posicionamento esposado em 2013.
 
7. Imunidade tributária das entidades religiosas. Tal imunidade encontra-se prevista no art. 150,
VI, “b” e § 4º da Constituição Federal e compreende os impostos incidentes somente sobre o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as �nalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas.
Esta imunidade funda-se na garantia a liberdade de religião ou religiosa, que é tida como um
direito individual posto no art. 5º, VI da Constituição Federal, e por esse motivo a imunidade é
aplicada a templo de qualquer culto não importando o tipo de religião ou se é majoritária ou
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minoritária, apenas se fazendo a exigência que a igreja exista como pessoa jurídica, por meio do
Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Ainda sobre este tema, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a imunidade para bem imóvel
pertencente a igreja, mesmo que esteja vazio, no RE 325.822, julgado pelo Pleno do Tribunal e
publicado em 14 de maio de 2004.
Ademais, o STF, em sede de Recurso Extraordinário, estendeu a imunidade religiosa a cemitérios na
seguinte situação:
 
“Imunidade Tributária: Cemitérios e Extensões de Entidades de Cunho Religioso
O Tribunal deu provimento a recurso extraordinário interposto pela Sociedade da Igreja de
São Jorge e Cemitério Britânico contra acórdão da Câmara Cível Especializada do Tribunal
de Justiça do Estado da Bahia que entendera que a imunidade tributária prevista no art.
150, VI, b, da CF não se aplicaria aos cemitérios, porque estes não poderiam ser
equiparados a templos de culto algum. Distinguindo a situação dos cemitérios que
consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso da daqueles que são objeto de
exploração comercial por empresas que alugam ou vendem jazigos, asseverou-se que
apenas a primeira hipótese estaria abrangida pela aludida imunidade tributária.
Considerou-se que o cemitério analisado seria uma extensão da capela destinada ao culto
da religião anglicana, situada no mesmo imóvel, e que a recorrente seria uma entidade
�lantrópica sem �ns lucrativos, titular do domínio útil desse imóvel, dedicada à
preservação da capela, do cemitério e dos jazigos, bem assim do culto da religião anglicana
professada nas suas instalações. Reportou-se ao que decidido no RE 325.822/SP (DJU de
14.5.2004), no sentido de que a imunidade do art. 150, VI, b, da CF contemplaria não
apenas os prédios destinados ao culto, mas o patrimônio, a renda e os serviços
relacionados com as �nalidades essenciais das entidades mencionadas nesse preceito, e
que a regra do seu § 4º serviria de vetor interpretativo dos textos das alíneas b e c do seu
inciso VI. Assim, tendo em conta tratar-se, na espécie, de mesmo imóvel, parcela do
patrimônio da recorrente, entendeu-se que o cemitério seria alcançado pela garantia
contemplada no art. 150, a qual seria desdobrada do disposto nos artigos 5º, VI e 19, I,
todos da CF. Aduziu-se, ao �nal, que a imunidade dos tributos, de que gozam os templos de
qualquer culto, é projetada a partir da proteção aos locais de culto e a suas liturgias e da
salvaguarda contra qualquer embaraço ao seu funcionamento. Daí, da interpretação da
totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo dos referidos artigos, concluiu-se que,
no caso, o IPTU não incidiria. RE 578562-BA, rel. Min. Min. Eros Grau, 21.5.2008.”
 
Ademais, devemos destacar que o STF não reconheceu a imunidade da Maçonaria, sob o
argumento de que não se trata de uma religião.
 
8. Imunidade tributária dos partidos políticos e outras instituições. Encontra-se prevista no art.
150, VI, “c” e § 4º da Constituição Federal e veda a instituição de impostos sobre patrimônio, renda e
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores,
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/RE-325.822.pdf
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https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-19-19
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das instituições de educação e de assistência social, sem �ns lucrativos, atendidos os requisitos da
lei.
Assim como no caso na imunidade dos templos, os tributos imunes são aqueles relacionados com
as �nalidades essenciais das entidades arroladas pela CRFB.
No que tange aos partidos políticos, o dispositivo parte do pressuposto que eles não têm renda.
Idealmente o partido político deve ser imune porque o pluripartidarismo representa o ideal de
participação democrática. Dessa forma, a imunidade deve ser concedida para que o partido político
se mantenha e desenvolva suas atividades na defesa da democracia.
As fundações privadas de partidos políticos também se bene�ciam de imunidade.
A Carta de 1988 exige que as instituições de educação e de assistência social não podem ter �ns
lucrativos, sendo que esta exigência não importa necessariamente que as instituições não possam
ter lucro, o que elas não poderão fazer é justamente distribuir esse lucro, devendo ser reinvestido
na atividade �m da instituição, ou seja, na educação ou na assistência social, e por isso nada
impede que uma escola cobre uma mensalidade e que uma entidade de assistência cobre uma
anuidade, não importando o valor, desde que todo ele seja reinvestido na atividade �m.
A Carta também faz a exigência de que estas instituições preencham requisitos previstos em lei.
Esses requisitos encontram-sedispostos no art. 14 do Código Tributário Nacional, sendo um
posicionamento unânime nesse sentido, por se tratar de matéria reservada à lei complementar.
O Profº Sacha Calmon Navarro Coelho discorre sobre o assunto:
 
“A regra imunitória é, todavia, not self-enforcing ou not self-executing, como dizem os
saxões, ou, ainda, não bastante em si, como diria Pontes de Miranda. Vale dizer, o
dispositivo não é auto-aplicável e carece de acréscimo normativo, pois a Constituição
condiciona o gozo da imunidade a que sejam observados os requisitos da lei. Que lei?
Evidentemente, a lei complementar da Constituição.” [3]
 
O posicionamento recente do STF é no seguinte sentido:
 
“Certi�cado de Entidade de Fins Filantrópicos e Gratuidade
Em continuação de julgamento, a Turma, por proposta do Min. Marco Aurélio, decidiu
afetar ao Plenário exame de recurso ordinário em mandado de segurança no qual
instituição bene�cente de assistência social pretende, para gozar da imunidade prevista no
art. 195, § 7º, da CF (“§ 7º – São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades bene�centes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em
lei.”), a renovação do seu certi�cado de entidade de �ns �lantrópicos, pedido este
indeferido pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, porquanto não
comprovada a aplicação anual de, e pelo menos, 20% da receita bruta em gratuidade — v.
Informativo 418. Alega-se, na espécie, que o Decreto 752/93, ao determinar a aplicação do
aludido percentual, possui natureza autônoma, haja vista a inexistência de lei que
estabeleça tal obrigatoriedade. Nesse sentido, aduz-se que a imunidade constitui limitação
https://www.direitocom.com/constituicao-federal#14499246541566asdasdasd1ds931571-431de59d-a9ec
https://www.direitocom.com/codigo-tributario-nacional-comentado/livro-primeiro-sistema-tributario-nacional-do-artigo-2-ao-95/titulo-ii-competencia-tributaria-do-artigo-6o-ao-15/capitulo-ii-limitacoes-da-competencia-tributaria-do-artigo-9o-ao-15/artigo-14-12
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-195-10
25/03/2020 Artigo 09 - CAPÍTULO II - Limitações da Competência Tributária (Do artigo 9º ao 15) - Direito Com Ponto Com Legislação coment…
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ao poder de tributar e que a expressão “em lei”, contida na parte �nal do citado § 7º, deve
ser entendida como lei complementar, em razão do que estabelece o art. 146, II, da CF (“Art.
146. Cabe à lei complementar: … II – regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar;”). Assim, na falta de lei complementar especí�ca disciplinando as condições a
serem preenchidas pelas entidades bene�centes, devem incidir apenas os requisitos
dispostos nos artigos 9º e 14 do CTN. Sustenta-se, também, ofensa à orientação adotada
pelo STF no julgamento da ADI 2028 MC/DF (DJU de 16.6.2000), em que suspensa a e�cácia
do art. 55, III, da Lei 8.212/91. RMS 24065-DF, rel. Min. Eros Grau, 3.6.2008. (RMS-24065)”
 
Ainda no estudo desse caso de imunidade muito se discutiu a respeito das entidades fechadas de
previdência privada. Neste caso essas entidades pleiteavam a imunidade, pois se auto-intitulavam
como entidades de assistência social.
A previdência social se distância da assistência social, pois nesta há uma gratuidade e generalidade
no atendimento, a gratuidade é entendida como sendo a não-cobrança de contribuição ou de
todos os bene�ciários ou de sua grande maioria para o benefício das instituições, e a generalidade,
impõe que elas devem atender a todos os necessitados e não apenas a um determinado grupo, e
os fundos de pensão não atendem a esses requisitos e por isso o Supremo Tribunal Federal
entende que essas entidades fechadas não podem fazer gozo dessa imunidade, e por isso essas
entidades devem recolher todos os tributos incidentes. Vejamos a Súmula nº 730 do Supremo
Tribunal Federal.
 
“SÚMULA Nº 730
A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem �ns lucrativos pelo
art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência
social privada se não houver contribuição dos bene�ciários.”
 
Por �m, devemos destacar que o art. 195, parágrafo 7º ainda prevê a imunidade de contribuições
sociais para a entidades bene�centes de assistência social. Frise-se que tal imunidade é somente
para elas, não se estendendo às demais pessoas previstas no art. 150, VI, “c” da CRFB.
A Súmula 724 do STF  determina que o bem imóvel, permanece imune ainda que alugado a
terceiros e, tal sumula, se transformou na Súmula Vinculante nº 52 do STF.
A imunidade em questão abrange, como se pode ver, as pessoas determinadas no dispositivo,
tratando-se, portanto, de uma imunidade subjetiva.
 
9. Imunidade tributária das mídias impressas. Esta imunidade encontra-se prevista no art. 150,
VI, “d” da Constituição Federal e se aplica aos impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão.
Tal imunidade tem como fundamento a ideia de difundir, estimular a cultura e o pensamento.
Essa imunidade é tida como sendo objetiva, por se referir a coisa, pois trata do livro, do jornal, do
periódico, do papel destinado a impressão, ou seja, não é uma imunidade vinculada a pessoa, isto
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-146-10
https://www.direitocom.com/codigo-tributario-nacional-comentado/livro-primeiro-sistema-tributario-nacional-do-artigo-2-ao-95/titulo-ii-competencia-tributaria-do-artigo-6o-ao-15/capitulo-ii-limitacoes-da-competencia-tributaria-do-artigo-9o-ao-15/artigo-9o-7
https://www.direitocom.com/codigo-tributario-nacional-comentado/livro-primeiro-sistema-tributario-nacional-do-artigo-2-ao-95/titulo-ii-competencia-tributaria-do-artigo-6o-ao-15/capitulo-ii-limitacoes-da-competencia-tributaria-do-artigo-9o-ao-15/artigo-14-12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/RMS-24065-DF.pdf
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/S%C3%BAmula-n%C2%BA-730-do-Supremo-Tribunal-Federal.pdf
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-195-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/S%C3%BAmula-724-STF.pdf
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/S%C3%BAmula-Vinculante-n%C2%BA-52-STF.pdf
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
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é, do livreiro, do dono do jornal ou da editora.
Essa imunidade alcança os impostos relativos a mercadoria, ou seja, o ICMS, o IPI, o II e o IE,
contudo, existe uma discussão a respeito do ISS no sentido de se o mesmo estaria ou não
alcançado por esta imunidade.
Tal discussão tem origem na hipótese de incidência do ISS, que seria o serviço grá�co.
No tocante a essa discussão são identi�cáveis duas orientações. A primeira dispõe que este tributo
estaria alcançado pela imunidade com fulcro na própria �nalidade da imunidade que é a difusão da
cultura e do conhecimento, e com essa imunidade os custos dessas mercadorias iriam ser
reduzidos pressupondo um maior acesso tanto a cultura quanto ao conhecimento por parte da
população. No tocante a essa orientação existem decisões antigas do Supremo Tribunal Federal
adotando-a como se nota no acórdão RE 102.141-RJ, publicada no D.J.U. 29/11/1985.
Não obstante este entendimento existe uma segunda orientação no sentido de não haver a
imunidade para o ISS para os serviços grá�cos, e baseia-se no fato da imunidade apenas se referir
ao produto acabado, ou seja, ao livro,ao jornal ao periódico e não as etapas de elaboração do
mesmo, sendo este entendimento defendido tanto pelas Fazendas Municipais quanto pelo
Supremo Tribunal Federal como se pode extrair do acórdão proferido no RE 230.782-SP, publicado
no D.J.U. de 10/11/2000.
O Supremo Tribunal Federal entende que a imunidade estudada alcança a qualquer tipo de papel
desde que o mesmo seja destinado a impressão, incluindo neste alcance o papel fotográ�co.
Todavia, o entendimento pretoriano não inclui nesse conceito outros insumos utilizados, como, por
exemplo, a tinta, a máquina para impressão, o tipo grá�co, e este entendimento encontra-se
sedimentando na Súmula 657 do Supremo Tribunal Federal.
 
“SÚMULA Nº 657
A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os �lmes e papéis fotográ�cos
necessários à publicação de jornais e periódicos.”
 
O STF voltou a julgar a matéria e a possibilidade de extensão para outros insumos que não
somente o papel. Vejamos:
 
“Imunidade Tributária: Art. 150, VI, d, da CF e Peças Sobressalentes
A Turma iniciou julgamento de recurso extraordinário em que se discute a
abrangência normativa da imunidade tributária a que se refere o art. 150, VI, d, da CF
(“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: … VI – instituir impostos
sobre: … d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”). No caso,
a União sustenta a exigibilidade dos seguintes impostos: sobre circulação de
mercadorias – ICMS, sobre produtos industrializados – IPI e de importação – II no
despacho aduaneiro de peças sobressalentes de equipamento de preparo e
acabamento de chapas de impressão o� set para jornais. O Min. Menezes Direito,
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/RE-102.141-RJ.pdf
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/RE-230.782-SP.pdf
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/S%C3%BAmula-657-do-Supremo-Tribunal-Federal.pdf
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
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relator, aplicando precedentes da Corte no sentido de que as peças sobressalentes
para equipamento de impressão de jornais não estão alcançadas pela imunidade
prevista no art. 150, IV, d, da CF, deu provimento ao recurso. Enfatizou que somente os
insumos diretos estariam incluídos nessa benesse e que, na espécie, tratar-se-ia de
equipamento acessório. O Min. Ricardo Lewandowski acompanhou o voto do relator.
Em divergência, os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, ao conferirem
interpretação teleológica ao aludido dispositivo constitucional, desproveram o recurso
por considerar que o objetivo maior da norma seria viabilizar, sem ônus maiores, a
divulgação de idéias. Assim, a imunidade conferida a livros, jornais e periódicos
abrangeria todo e qualquer insumo ou ferramenta indispensável à edição desses
veículos de comunicação. Após, o julgamento foi adiado a �m de se aguardar o voto
de desempate da Min. Cármen Lúcia.  RE 202.149/RS, rel. Min. Menezes Direito,
13.5.2008. (RE-202149)”
 
Quanto aos livros, a Lei do livro (Lei n° 10.753/03) de�ne tecnicamente o que é livro, verbis:
 
Art. 2° Considera-se livro, para efeitos desta Lei, a publicação de textos escritos em �chas
ou folhas, não periódica, grampeada, colada ou costurada, em volume cartonado,
encadernado ou em brochura, em capas avulsas, em qualquer formato e acabamento.
Parágrafo único. São equiparados a livro:
I – fascículos, publicações de qualquer natureza que representem parte de livro;
II – materiais avulsos relacionados com livro, impressos em papel ou em material similar;
III – roteiros de leitura para controle e estudo de literatura ou de obras didáticas;
IV – álbuns para colorir, pintar, recortar ou armar;
V – Atlas geográ�cos, históricos, anatômicos, mapas e cartogramas;
VI – textos derivados de livro ou originais, produzidos por editores, mediante contrato de
edição celebrado com o autor, com a utilização de qualquer suporte;
VII – livros em meio digital, magnético e ótico, para uso exclusivo de pessoas com
de�ciência visual;
VIII – livros impressos no Sistema Braille.
 
O STF dá amplitude ao conceito restrito da lei do livro, englobando apostilas e encadernação
acadêmica, lista telefônica, e até álbuns de �gurinhas.
O insumo (tinta, rolo de barbante, etc.) que onera o preço �nal do livro, não é englobado pela CRFB.
A Carta é clara e somente abrange o papel destinado à impressão. Dezenas de insumos já foram
questionados perante o STF, que tem decidido casuisticamente, sem seguir uma regra clara. O
critério aparente é a repercussão sensível do insumo no preço �nal do livro.
No RE 203.859-8/SP decidiu-se que a imunidade não se estende à tinta.
 
https://www.direitocom.com/lei-seca/constituicao-federal/artigo-150-10
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/RE-202149-RS.pdf
http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2003/L10.753.htm
https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/RE-203859.pdf
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EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. JORNAIS,
LIVROS E PERIÓDICOS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INSUMO. EXTENSÃO MÍNIMA.
Extensão da imunidade tributária aos insumos utilizados na confecção de jornais.
Além do próprio papel de impressão, a imunidade tributária conferida aos livros,
jornais e periódicos somente alcança o chamado papel fotográ�co – �lmes não
impressionados. Recurso extraordinário parcialmente conhecido e, nessa parte,
provido.
 
A questão de fundo na análise das imunidades objetivas é a tensão entre a viabilização do direito
fundamental protegido pela imunidade e o menor sacrifício possível à arrecadação.
Livro Eletrônico
A doutrina majoritária (Coelho  [4] dentre outros) entende que não se deve distinguir o veículo
corpóreo, pois se trata de garantir o acesso ao bem imaterialmente considerado.
Ricardo Lobo Torres [5] é expressamente contrário à extensão da imunidade ao livro eletrônico sob
o fundamento calcado na realidade prática e no critério de não sacri�car desnecessariamente a
arrecadação: na prática a pessoa que acessa o livro eletrônico não é a mesma que compra o livro
de papel, aquele seria bem consumido por pessoas de elevada capacidade contributiva. Ponderado
o sacrifício da arrecadação com o acesso ao livro o impacto sobre o acesso ao livro eletrônico seria
menor. Para que não se deixe de cobrar a quem poderia pagar.
O respaldo da tese é a interpretação literal (ou gramatical) do texto constitucional “e o papel
destinado a sua impressão” que indicaria que a imunidade se restringiria ao livro de papel. Esta
segunda corrente tende a perder força com a popularização do livro eletrônico.
O STF entende que só o livro de papel goza de imunidade (vg: RREE 174476 e 203859).
Outro ponto importante a respeito dessa imunidade é a de�nição do que se deva entender por
periódico, sendo o melhor exemplo com relação a este a revista, ou seja, é todo o meio de
informação que possua uma periodicidade regular na sua comercialização.
Atinente a esta a imunidade resta a indagação de se ela alcança qualquer tipo de revista, por
exemplo, se uma revista pornográ�ca, seria ou não imune.
A doutrina se divide, pois alguns autores entendem que revistas pornográ�cas não estariam
inseridas na �nalidade da imunidade, contudo, um outro posicionamento sustenta que estaria a
mesma alcançada pela imunidade e o faz com base no fundamentode que a Constituição Federal
proíbe qualquer tipo de censura, não importando qual seja o conteúdo ou objeto da revista, e essa
discussão é perfeitamente aplicável para qualquer tipo de revista.
O Supremo Tribunal Federal não se pronunciou especi�camente sobre esse tema, contudo, já se
posicionou a respeito da imunidade do Catálogo de Lista Telefônica, onde a Corte entendeu que a
mesma seria imune por entender que é uma forma de difusão de conhecimento, de informações e
por possuir uma utilidade pública, no entanto, o Superior Tribunal de Justiça em várias
oportunidades entendeu que nesse mesmo caso não seria de imunidade.
Portanto, a imunidade deve ser estudada de forma extensiva, cuidando do objetivo constitucional
de sua instituição.
25/03/2020 Artigo 09 - CAPÍTULO II - Limitações da Competência Tributária (Do artigo 9º ao 15) - Direito Com Ponto Com Legislação coment…
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11. Imunidade tributária de entidade autárquica. 
DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ÔNUS DA PROVA RELACIONADO AO
AFASTAMENTO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA PREVISTA NO § 2º DO ART. 150 DA CF.
O ônus de provar que o imóvel não está afetado a destinação compatível com os objetivos
e �nalidades institucionais de entidade autárquica recai sobre o ente tributante que
pretenda, mediante afastamento da imunidade tributária prevista no § 2º do art. 150 da
CF, cobrar IPTU sobre o referido imóvel. Isso porque, conforme orientação jurisprudencial
predominante no STJ, presume-se que o imóvel de entidade autárquica está afetado a
destinação compatível com seus objetivos e �nalidades institucionais. Precedentes citados:
AgRg no REsp 1.233.942-RJ, Primeira Turma, DJe 26/9/2012; e AgRg no AREsp 236.545-MG,
Segunda Turma, DJe 26/11/2012. AgRg no AREsp 304.126-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 13/8/2013 (Informativo no 0527).
 
[1]  Alínea “c” com redação dada pela Lei Complementar nº 104, de 10.01.01 
[2] AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.148.
[3] In Coelho, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense,
2005 p. 300.
[4] Op. cit.
[5] Torres, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 11ª Edição.
Gabriel Quintanilha
Advogado no Rio de Janeiro, Sócio do Escritório Gabriel Quintanilha Advogados, Mestre em Economia
Empresarial pela UCAM, Pós-graduado em Direito Público e Tributário, Bacharel em Direito pela UFRJ, autor
do livro "Mandado Leia mais...
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https://www.direitocom.com/wp-content/uploads/AgRg-no-AREsp-236.545-MG.pdf
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