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APS - Dir Tributário Aplicado - Davi Natã W Cassolla 1732931

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1 
 
APS – DIREITO TRIBUTÁRIO APLICADO – 8º SEMESTRE - 2021.01 
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS – QUADRO COMPARATIVO E RESENHA CRÍTICA 
 
Nome: Davi Natã Wanzeler Cassolla 
RA: 1732931 
Turma: 3208A02 
APS – Direito Tributário Aplicado – Professor Jean Paolo Simei e Silva 
 
Sumário 
 
Tabela de Imunidades Tributárias ............................................................................................. 2 
Conceito de Imunidade Tributária............................................................................................. 4 
Classificação das Imunidades Tributárias e as Imunidades Genéricas em espécie............ 6 
Imunidade recíproca ................................................................................................................ 6 
Imunidade de templos religiosos de qualquer culto ............................................................ 15 
Imunidades dos partidos políticos, suas fundações e outras figuras................................... 21 
Imunidades de livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão ................ 27 
Imunidade de Fonogramas e Vídeofonogramas .................................................................. 36 
Conclusão...................................................................................................................................... 38 
 
2 
 
 
Tabela de Imunidades Tributárias1 
 
Previsão 
Legal 
Fundamento Natureza 
Extensão da 
Imunidade 
Pessoa/situação/be
m imune 
Abrange 
todos os 
impostos? 
Imunidade 
recíproca 
art. 150, VI, 
"a" da 
Constituiçã
o federal 
I - Princípio 
Federativo (Art. 
64, §4º, I da CF) 
II - Autonomia 
Municipal (Art. 
29 e 30 CF) 
III - Ausência de 
capacidade 
contributiva dos 
entes federativos 
Subjetiva 
Ontológica 
Os entes federativos 
não podem instituir 
impostos com o 
objetivo de tributar o 
patrimônio, renda 
ou serviços uns dos 
outros. 
São imunes a 
União, Estados, 
Municípios e DF 
da instituição de 
impostos entre si, 
estendidas para as 
autarquias e 
fundações 
instituídas e 
mantidas pelo 
Poder Público, nos 
termos do art. 150, 
§2º da CF, 
ressalvada a 
hipótese do §3º do 
mesmo artigo. E 
as empresas 
estatais conforme 
a jurisprudência. 
sim (com 
exceção 
aos 
impostos 
indiretos 
quando 
contribuint
e de fato, 
segundo a 
jurisprudên
cia) 
Imunidad
e de 
templos 
religiosos 
de 
qualquer 
culto 
art. 150, VI, 
"b" da 
Constituiçã
o federal 
O fundamento 
para essa 
imunidade 
remonta à 
necessidade de 
separação entre a 
Igreja e o Estado. 
Tendo sido 
consagrada em 
nossa 
Constituição 
Federal de 1988. 
Subjetiva 
Essa imunidade se 
estende ao 
patrimônio, a renda e 
os serviços, desde 
que sejam 
relacionados com a 
finalidade essencial 
de tais templos, que 
são "a prática do 
culto, a formação de 
religiosos, o 
exercício de 
atividades 
filantrópicas e a 
assistência moral e 
espiritual dos fiéis". 
Os templos 
religiosos de 
qualquer culto e 
sua renda, 
patrimônio e 
serviços, desde 
que relacionados à 
sua finalidade 
essencial. 
sim (com 
exceção 
aos 
impostos 
indiretos 
quando 
contribuint
e de fato, 
segundo a 
jurisprudên
cia) 
 
1 A tabela foi preenchida com a classificação dada pela Professora Regina Helena Costa, em seu livro “Curso de 
Direito Tributário – Constituição e Código Tributário Nacional”, 9ª Edição, São Paulo: Saraiva Educação, 2019, 
E-PUB – Não paginado. especificamente na Parte II – Capítulo 3.3 (Imunidades). 
3 
 
Imunidad
e de 
determina
das 
figuras 
jurídicas 
art. 150, VI, 
"c" da 
Constituiçã
o federal 
I - Direitos da 
Liberdade 
(direitos políticos 
e pluralismo 
partidário - art. 
17, caput da CF) 
II - Liberdade de 
Associação 
Sindical 
refletindo a 
importância das 
entidades 
sindicais na 
ordem jurídica 
III - Realização 
de atividades 
próprias do 
Estado de 
relevante 
interesse público, 
ajudando a suprir 
deficiência 
estatal 
Subjetiva 
em geral 
Se estende ao 
patrimônio, a renda e 
aos serviços 
relacionados com a 
finalidade essencial 
de cada uma das 
figuras jurídicas 
imunes. 
Partidos políticos 
e suas fundações, 
Entidades 
Sindicais de 
Trabalhadores e 
Instituições de 
Educação e de 
Assistência Social 
(estas duas 
últimas, desde que 
não tenham fins 
lucrativos). 
sim (com 
exceção 
aos 
impostos 
indiretos 
quando 
contribuint
e de fato, 
segundo a 
jurisprudên
cia) 
Imunidad
es de 
livros, 
jornais, 
periódicos 
e papéis 
destinados 
à sua 
impressão 
art. 150, VI, 
"d" da 
Constituiçã
o federal 
I - Liberdade de 
comunicação 
II - Liberdade de 
manifestação do 
pensamento 
III - A expressão 
da atividade 
intelectual, 
artística, 
científica 
IV - Acesso à 
informação e à 
difusão da 
cultura e da 
educação 
V- Direito 
exclusivo dos 
autores de 
utilização, 
publicação e 
reprodução de 
suas obras 
Objetiva, de 
caráter 
político e 
incondicion
ada 
Livros, jornais, 
periódicos e o papel 
destinado à sua 
impressão. 
(Salienta-se que 
existe aqui uma 
discussão doutrinária 
interessante sobre o 
conceito de "livro", e 
se ele atinge apenas 
os livros de papel ou 
as novas formais 
digitais de livros - já 
decidido pelo STF) 
São objeto dessa 
imunidade os 
próprios livros, 
jornais, periódicos 
e o papel 
destinado à sua 
impressão. 
Sim, com 
exceção 
aos 
impostos 
que 
recaem 
sobre a 
renda e 
patrimônio 
Imunidad
e de 
fonogram
as e 
videofono
gramas 
art. 150, VI, 
"e" da 
Constituiçã
o federal 
I - A liberdade de 
comunicação 
II - Liberdade de 
manifestação do 
pensamento 
III - Expressão 
da atividade 
artística 
Sendo o principal 
intuito, 
"incentivar a 
produção musical 
de autoria ou 
Objetiva e 
de caráter 
político 
Fonograma, 
Videofonograma 
produzidos no 
Brasil, que 
contenham obras 
musicais ou 
literomusicais 
brasileiras de autores 
Brasileiros, ou obras 
em geral 
interpretadas por 
artistas Brasileiros, 
assim como "os 
Fonograma, 
Videofonograma, 
assim como "os 
suportes materiais 
ou arquivos 
digitais que os 
contenham" 
sim (com 
exceção 
aos 
impostos 
que 
recaem 
sobre a 
renda e 
patrimônio 
e na etapa 
de 
replicação 
industrial 
4 
 
interpretação 
brasileira, por 
meio de CD's, 
DVD's e outras 
mídias" 
suportes materiais ou 
arquivos digitais que 
os contenham" 
de mídias 
ópticas de 
leitura a 
laser). 
 
Conceito de Imunidade Tributária 
As imunidades tributárias, e aqui em específico as classificadas como “gerais”, 
previstas no art. 150, VI, e alíneas da ConstituiçãoFederal (CF) estão compreendidas dentro 
dos “limites constitucionais ao poder de tributar” estabelecidos pela Constituição Federal de 
1988. 
O Professor Aliomar Baleeiro em sua obra “Limitações Constitucionais ao Poder de 
Tributar”, com atualização da Professora “Misabel Abreu Machado Derzi”, em sua 8ª edição 
de 2010, acerca das imunidades tributárias: 
“(...) define-as, por seus efeitos, como limitações constitucionais ao poder de tributar. 
Não obstante, são limitações constitucionais ao poder de tributar, ainda, o princípio 
da legalidade, da anterioridade, da igualdade, da vedação do confisco etc., (...). 
Também a Constituição Federal intitula a Seção II do Capítulo VI de “As limitações 
ao Poder de Tributar” e, dentro dela, inclui, de modo não exaustivo, as imunidades 
propriamente ditas e os demais princípios e normas reguladoras dos direitos e 
garantias dos contribuintes, como legalidade, irretroatividade, anterioridade, vedação 
do confisco e outros.”2 
Nesse contexto, podemos inferir que as imunidades tributárias são espécie do gênero 
“limitações constitucionais ao poder de tributar”. Sendo uma espécie, ela tem características 
muito próprias e se distingue das demais limitações previstas no art. 150, Incisos I ao V da 
Constituição Federal. 
Essa diferença se dá, pois, a imunidade é o que chamamos de “regra parcial, de 
exceção”3, cuja Constituição Federal, em virtude de valores e princípios fundamentais, 
estabelece uma situação bem definida em que a limitação criada pela imunidade irá operar. Um 
claro exemplo disso é a imunidade chamada “recíproca” prevista no art. 150, VI, “a” da CF que 
tem como fundamento o princípio federativo do Estado e a autonomia entre os entes políticos. 
No mesmo sentido, é a imunidade do art. 150, VI, “c” em relação as instituições de educação e 
de assistência social sem fins lucrativos, em razão do princípio da igualdade e da capacidade 
 
2 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 372 
3 Ibid. p. 374 
5 
 
contributiva delas. Ou seja, as imunidades estão calcadas e encontram fundamento em 
“princípios-valor”, mas com eles não se confundem, sendo então, regras4. 
As imunidades, portanto, são regras constitucionais expressas “que estabelecem a não 
competência das pessoas políticas da federação para tributar certos fatos e situações, de forma 
amplamente determinada (...)5”. Essas regras são inseridas na Constituição de forma a delimitar 
negativamente a competência tributária em certos casos definidos. Considerando que a 
competência tributária é definida pela própria Constituição Federal em seus artigos 145, 153, 
154, 155 e 156, as imunidades operam como um “cerco limitador” que estabelece a 
incompetência dos entes federativos para instituir tributos em determinados casos, 
“estabelecendo a incompetência”, “denegando poder de instituir tributos”6 
Interessante ponto traz o Professor Paulo de Barros Carvalho ao falarmos sobre a 
“competência tributária” quando tomamos ela no sentido de “poder tributário já delimitado”. 
Uma vez que ela compreenderia tanto a competência positiva (definida nos artigos que preveem 
a possibilidade da instituição de tributos e aqui especificamente, os impostos) quanto a 
competência negativa (ou seja, as limitações constitucionais ao poder de tributar e aqui em 
específico, a regra de exceção, que são as imunidades), teremos que: “competência tributária = 
norma de atribuição de poder – norma denegatória de poder (imunidade)”. Também é de se 
ressaltar a relação umbilical entre a imunidade como norma denegatória de poder e a norma de 
atribuição de poder, ou seja, a competência tributária. As imunidades nada seriam sem 
considerar a competência tributária, pois elas são decorrentes do próprio poder de criar tributos, 
consistindo em uma limitação que o Constituinte originário definiu para determinadas situações 
e sujeitos passivos tributários. 
Em sua obra, o Professor Aliomar ainda nos traz características fulcrais para entender 
as imunidades, quais sejam: 
 
4 “No caso das regras, há maior determinação do comportamento em razão do caráter descritivo ou definitório do 
enunciado prescritivo, o aplicador deve argumentar de modo a fundamentar uma avaliação de correspondência da 
construção factual à descrição normativa e à finalidade que lhe dá suporte. (...) Daí se dizer que as regras possuem, 
em vez de um elemento finalístico, um elemento descritivo.” (HAGE, Jaap C., 1997 apud AVILA. Humberto. 
Teoria dos princípios da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 12ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 
2011. p. 73/74). 
5 BALEEIRO, Op. Cit., p. 374 
6 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 375 
6 
 
“1. São normas que somente atingem certos fatos e situações, amplamente 
determinadas (ou necessariamente determináveis) na Constituição; 
2. reduzem, parcialmente, o âmbito de abrangência das normas atributivas de poder 
aos entes políticos da Federação delimitando-lhes negativamente a competência; 
3. e, sendo proibições de tributar expressas (ou fortes), têm eficácia ampla e imediata; 
4. criam direitos ou permissões em favor das pessoas imunes, de forma juridicamente 
qualificada”7 
Classificação das Imunidades Tributárias e as Imunidades Genéricas 
em espécie 
Diante da conceituação de imunidades como regras de exceção a competência 
tributária, a doutrina ainda cuidou de classificar todas as imunidades que estão inseridas na 
Constituição Federal como: “Gerais ou específicas”, levando em consideração os valores 
constitucionais que a imunidade protege e o grau de amplitude dela; e “Subjetivas ou 
Objetivas”, que leva em conta o modo de incidência da imunidade. 
A classificação que nos importa no presente trabalho é a que divide as imunidades em 
“gerais e específicas”. O objeto do nosso estudo serão as imunidades consideradas gerais ou 
“genéricas”, que estão previstas no art. 150, VI, alíneas “a” até “e” e seus §§ 2º a 4º, da 
Constituição Federal. A professora Regina Helena Costa as conceitua e nos mostra que: 
“As imunidades genéricas são, como visto, as contidas no art. 150, VI, e §§ 2º a 4º, da 
Lei Maior, e assim denominadas porque dirigem vedações a todas as pessoas políticas, 
abrangendo quaisquer impostos que recaiam sobre o patrimônio, a renda e os serviços 
das entidades consideradas. Portanto, outras espécies de tributos, como taxas e 
contribuições, estão fora do alcance de tais normas.”. 
Assim, veremos cada uma das imunidades previstas no art. 150, VI da Constituição 
Federal, a inserção de seu contexto histórico dentro do ordenamento jurídico, sua 
fundamentação e as vicissitudes. 
Imunidade recíproca 
Em sua obra, o Professor Aliomar Baleeiro ao tratar das imunidades recíprocas o faz 
em relação ao texto dado pela Emenda Constitucional nº 1 de 17 de outubro de 1969, que em 
seu art. 19, determina que: 
“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - instituir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça, ressalvados os casos 
previstos nesta Constituição; 
 
7 Ibidem. 
7 
 
II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos 
interestaduais ou intermunicipais; e 
III - instituir impôsto sôbre: 
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; 
b) os templos de qualquer culto; 
c) o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos e de instituições de 
educação ou de assistência social, observados os requisitos da lei; e 
d) o livro, o jornal e os periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão.” 
A construção brasileira feita pela Emenda Constitucional nº 1 de 1969, que alterou o 
antigo texto que foi introduzido na Constituição de 1891, em seuart. 10, sofreu uma fortíssima 
influência da experiência americana acerca do princípio lá implícito da “reciprocal immunity 
of Federal and State Instrumentalities”8, que teve sua construção ao longo dos anos pela 
jurisprudência. 
Além da experiência norte americana, a experiência argentina acerca da instituição de 
tributos reciprocamente entre os entes federativos, inspirou a criação brasileira. Na argentina, 
essa imunidade tributária recíproca também advém de uma construção jurisprudencial dos 
Tribunais, não obstante, como exposto pelo Professor Aliomar em sua obra, não estão incluídas 
nessas imunidades as taxas e contribuições de melhoria. Ponto interessante é que “reformada 
em março de 1949, a Constituição argentina não sofreu alterações fundamentais em suas 
disposições financeiras, de sorte que a interpretação acima resumida, com base na 
jurisprudência e na doutrina, continua válida e atual”9. 
Com efeito, diante da opção do poder constituinte originário pela forma Federativa do 
estado, em que há a criação de um Estado Federativo, composto por Estados Membros não 
dotados de soberania, mas sim de autonomia, não haveria de ser outro o caminho em relação a 
previsão das imunidades recíprocas entre os entes federativos, e por isso, com o advento da 
Constituição Federal de 1988, o constituinte originário tratou de expressamente assentar a 
imunidade recíproca no art. 150, VI, “a”. A consagração dessa imunidade revela o claro respeito 
a autonomia dos entes federativos e do próprio princípio federativo inerente a forma do Brasil. 
“A evolução do princípio federal, compreendido como garantia adicional da liberdade 
– forma de evasão da concentração de poder – e profundamente impregnada da 
igualdade, da redução das grandes disparidades econômico-materiais, em favor de um 
 
8 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 383. 
9 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 397. 
8 
 
desenvolvimento harmonioso e solidário – federalismo cooperativo – se faz sentir, 
como demonstra ALIOMAR BALEEIRO, na teoria da imunidade recíproca.”10 
Em nossa visão, totalmente acertada a escolha do constituinte originário pela 
consagração da imunidade recíproca em nossa carta magna, vez que assim, se garante uma 
forma clara de desconcentrar o poder – e aqui falamos em relação materialmente hierárquica – 
das mãos da União, garantindo aos demais entes federativos: Estados, Municípios e Distrito 
Federal suas autonomias, não ficando em matéria de instituição de impostos sobre patrimônio, 
rendas e serviços, a possibilidade da União tributa-los, diminuindo assim as disparidades 
regionais e não permitindo a direta intervenção dos entes federativos entre si por meio da 
instituição de impostos, com um caráter de extrafiscalidade por exemplo. 
Além de ser uma homenagem à forma federativa do Estado Brasileiro, a imunidade 
recíproca traz em seu bojo uma forte influência do princípio da capacidade contributiva (art. 
145, §1º da CF), e a ausência dessa capacidade em relação aos entes federativos, “uma vez que 
a riqueza estatal se destina a fins públicos”11 e dessa maneira, não tendo as atividades estatais 
uma finalidade lucrativa mas sim de perquirir o bem comum por meio de sua função 
administrativa, a ausência da capacidade contributiva é uma fundamentação complementar para 
a existência da imunidade recíproca. 
Dado o contexto histórico da imunidade recíproca e suas raízes, passaremos a 
explanação da imunidade no campo do regime jurídico tributário propriamente dito, 
ultrapassando a propedêutica já abordada. 
A imunidade recíproca é caracterizada por Regina Helena Costa como uma imunidade 
de natureza subjetiva e ontológica. Dizendo-se subjetiva pois “estabelecida em função de 
pessoas políticas”12 e ontológica pois é “consequência necessária do princípio da isonomia, 
revelado sob dois fundamentos diferentes”13, quais sejam: o princípio da capacidade 
contributiva e da autonomia das pessoas políticas. 
Essa imunidade está prevista no art. 150, VI, “a” da Constituição Federal, que define 
a vedação da União, dos Estados, Municípios e do Distrito Federal de instituírem impostos 
 
10 BALEEIRO, Op.Cit. p. 403 
11 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 403 
12 COSTA, Regina Helena: Curso de Direito Tributário – Constituição de Código Tributário Nacional, 9ª Edição. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Parte II – Capítulo 3.3.3.1 – E-PUB, não paginado. 
13 COSTA. Op. Cit. 
9 
 
“sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros”. Em que pese parecer um texto simples, 
sua profundidade está implícita, causando inclusive algumas divergências doutrinárias acerca 
da abrangência em relação a quais impostos seriam alcançados por essa imunidade. Mas um 
ponto é claro: essa imunidade abrange apenas os impostos, tendo o STF claramente se 
pronunciado sobre a não extensão dessa imunidade às contribuições sociais14: 
“EMENTA: I. Ação direta de inconstitucionalidade: seu cabimento - sedimentado na 
jurisprudência do Tribunal - para questionar a compatibilidade de emenda 
constitucional com os limites formais ou materiais impostos pela Constituição ao 
poder constituinte derivado: precedentes. II. Previdência social (CF, art. 40, § 13, cf. 
EC 20/98): submissão dos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão, assim 
como os de outro cargo temporário ou de emprego público ao regime geral da 
previdência social: argüição de inconstitucionalidade do preceito por tendente a abolir 
a "forma federativa do Estado" (CF, art. 60, § 4º, I): improcedência. 1. A "forma 
federativa de Estado" - elevado a princípio intangível por todas as Constituições da 
República - não pode ser conceituada a partir de um modelo ideal e apriorístico de 
Federação, mas, sim, daquele que o constituinte originário concretamente adotou e, 
como o adotou, erigiu em limite material imposto às futuras emendas à Constituição; 
de resto as limitações materiais ao poder constituinte de reforma, que o art. 60, § 4º, 
da Lei Fundamental enumera, não significam a intangibilidade literal da respectiva 
disciplina na Constituição originária, mas apenas a proteção do núcleo essencial dos 
princípios e institutos cuja preservação nelas se protege. (...). 4. A matéria da 
disposição discutida é previdenciária e, por sua natureza, comporta norma geral de 
âmbito nacional de validade, que à União se facultava editar, sem prejuízo da 
legislação estadual suplementar ou plena, na falta de lei federal (CF 88, arts. 24, XII, 
e 40, § 2º): se já o podia ter feito a lei federal, com base nos preceitos recordados do 
texto constitucional originário, obviamente não afeta ou, menos ainda, tende a abolir 
a autonomia dos Estados-membros que assim agora tenha prescrito diretamente a 
norma constitucional sobrevinda. 5. É da jurisprudência do Supremo Tribunal que 
o princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) - ainda que se 
discuta a sua aplicabilidade a outros tributos, que não os impostos - não pode ser 
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. 6. A auto-aplicabilidade do 
novo art. 40, § 13 é questão estranha à constitucionalidade do preceito e, portanto, ao 
âmbito próprio da ação direta.”15 – grifo nosso 
Para definir os contornos dessa imunidade, a carta constitucional prevê as disposições 
do §2º do referido artigo, nos mostrando que a imunidade recíproca se estende às autarquias e 
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no entanto, essa imunidade será extensível 
a essas duas figuras da Administração Pública indireta apenas em relação a renda, patrimônio 
e serviços que sejam vinculadosà sua finalidade essencial ou sejam delas decorrentes, isto, 
porque tanto as autarquias quanto as fundações públicas, dotadas de especialidade em relação 
a atividade praticada, prestam um serviço público, assim, a constituição decidiu erigi-las ao 
 
14 No mesmo sentido: RE 388.373/PA, Segunda Turma, Relator Min. Dias Toffoli, j. em 02/10/2021; RE 
626.837/GO, Tribunal Pleno, Relator Min. Dias Toffoli, j. em 25/05/2017. 
15 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2024. Tribunal Pleno. 
Requerente: Governador do Estado de Mato Grosso do Sul. Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence. Julgado em 
03/05/2007, publicado em 22/06/2007. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur89658/false. Acesso em: 03 abr. 2021. 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur89658/false
10 
 
mesmo patamar dos entes políticos (pelo menos no que tange às imunidades) porque em tese, - 
ao menos formalmente - por prestar um serviço público, ela se “igualaria” ao ente federativo 
que a instituiu.16 
No mesmo sentido do §2º, sobre as imunidades recíprocas, a jurisprudência do Pretório 
Excelso reconhece que tal imunidade se aplica as empresas públicas prestadoras de serviços 
públicos, uma vez que o objeto delas é a prestação desse serviço. Nos autos da Ação Cível 
Originária nº 789 de Relatoria do Min. Marco Aurélio Mello, a Empresa Brasileira de Correios 
e Telégrafos - ECT (popularmente conhecida como “Correios”), pleiteava o reconhecimento da 
extensão da imunidade prevista no art. 150, VI, “a” da Constituição: 
“EMENTA Tributário. Imunidade recíproca. Art. 150, VI, “a”, da Constituição 
Federal. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Empresa pública 
prestadora de serviço público. Precedentes. 
1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, desde o julgamento do RE nº 
407.099/RS, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de 6/8/04, firmou-se no sentido 
de que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, empresa pública prestadora de 
serviço público, é beneficiária da imunidade tributária recíproca prevista no art. 150, 
VI, “a”, da Constituição da República. Esse entendimento foi confirmado pelo 
Plenário desta Corte na ACO nº 765/RJ, Redator para o acórdão o Ministro Menezes 
Direito. 
2. Ação cível originária julgada procedente.”17 
Ainda, reconhecendo a extensão da imunidade às empresas públicas, na medida em 
que prestam serviços públicos e não privados: 
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - 
ECT. IMUNIDADE RECÍPROCA RECONHECIDA. JURISPRUDÊNCIA DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE 
NEGA PROVIMENTO.”18 
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE 
CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., 
art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA 
E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. 
I. - As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que 
 
16 “Outra ideia ligada à de autarquia é a de descentralização, porque ela surge precisamente quando se destaca 
determinado serviço público do Estado para atribuí-lo a outra pessoa jurídica”. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. 
Direito Administrativo, 33ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. E-PUB, não paginado. Capítulo 10.3.4) 
17 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Cível Originária nº 789/PI. Tribunal Pleno. Autor: EMPRESA 
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT. Réu: Estado do Piauí. Relator Min. Marco Aurélio 
Mello, julgado em 01/03/2010; publicado em 15/10/2010. Disponível em 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2313753. Acesso em: 27 mar. 2021. 
18 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 552.736. 
Primeira Turma. Agravante: Município de Porto Alegre. Agravado: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 
– ECT. Relator(a): Min. Cármen Lúcia. Julgado em 20/10/2009, publicado em 20/11/2009 - LEXSTF v. 31, n. 
372, 2009, p. 226-231. Disponível em: https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur169850/false. Acesso em: 
28 abr. 2021. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2313753
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur169850/false
11 
 
exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é 
prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo 
por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a. II. - 
R.E. conhecido em parte e, nessa parte, provido.”19 
“Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Imunidade recíproca. Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos. 3. Distinção, para fins de tratamento normativo, 
entre empresas públicas prestadoras de serviço público e empresas públicas 
exploradoras de atividade. Precedentes. 4. Exercício simultâneo de atividades em 
regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. 
Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no 
art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. 5. Recurso extraordinário conhecido e 
provido.”20 
Conseguinte, ainda em relação as imunidades recíprocas, a constituição previu no art. 
150, VI, o §3º que ela não se estende para aquelas figuras jurídicas da Administração Pública 
indireta que tenham o patrimônio, a renda e os serviços voltados à exploração de atividade 
economia que sejam regidas pelas normas aplicadas a empreendimentos privados, na medida 
em que essa atividade não constitui a prestação de um serviço público. Poderemos falar então, 
além das empresas públicas já citadas acima, as sociedades de economia mista. 
Apesar da regra do §3º do art. 150, VI da CF, o mesmo raciocínio da imunidade em 
relação as empresas públicas se aplica as sociedades de economia mista, contudo, considerando 
que elas podem prestar serviços públicos ou explorarem atividade econômica, a imunidade só 
abarcará os impostos que recaiam sobre o patrimônio, rendas ou serviço da sociedade de 
economia mista, quando ela prestar um serviço público essencial. Nesse sentido: 
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. SOCIEDADE DE 
ECONOMIA MISTA. SERVIÇO PÚBLICO DE ÁGUA E ESGOTO. 
APLICABILIDADE. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que 
a sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto é 
abrangida pela imunidade tributária recíproca, nos termos da alínea “a” do inciso VI 
do art. 150 da Constituição Federal. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido.”21 
 
19 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 407.099. Segunda Turma. 
Recorrente: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Recorrido: Município de São Borja. Relator(a): 
Min. Carlos Velloso. Julgado em 22/06/2004, publicado em 06/08/2004 - RJADCOAS v. 61, 2005, p. 55-60 
LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 286-297. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur97113/false. Acesso em: 28 abr. 2021. 
20 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 601.392. Tribunal Pleno. Recorrente: 
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Recorrido: Município de Curitiba. Relator(a): Min. Joaquim 
Barbosa, Relator(a) p/ Acórdão: Min. Gilmar Mendes, julgado mérito com repercussão geral em 28/02/2013, 
publicação do acórdão – repercussão geral (mérito) 05/06/2013. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur232292/false. Acesso em: 28 abr. 2021. 
21 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo em Recurso Extraordinário nº 631.309. Segunda Turma. 
Agravante: Município de São Paulo. Agravado: CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. 
Relator(a): Min. Ayres Britto. Julgado em 27/03/2012, publicado em 26/04/2012. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur208235/false.Acesso em: 27 abr. 2021. 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur97113/false
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur232292/false
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur208235/false
12 
 
“EMENTA DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. 
REQUISITOS. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS PÚBLICOS. 
CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA 
CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. RECURSO MANEJADO 
EM 1º.6.2016. 1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do 
assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no Supremo 
Tribunal Federal, no sentido de que a imunidade tributária prevista na alínea “a” do 
art. 150, VI, da Constituição Federal alcança a sociedade de economia mista 
prestadora de serviço público essencial, sem caráter concorrencial. 2. As razões do 
agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a 
decisão agravada. 3. Considerado o trabalho adicional realizado em grau recursal, 
majoro em 10% (dez por cento) os honorários anteriormente fixados, obedecidos os 
limites previstos no artigo 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015. 4. Agravo regimental 
conhecido e não provido.”22 
Um exemplo que podemos utilizar para destacar a clara diferenciação que podemos ter 
aqui em relação as sociedades de economia mista que prestam serviços públicos essenciais e as 
que exploram atividade econômica, é a Petrobras. Porquanto seja uma sociedade de economia 
mista, entidade da Administração Pública indireta, ela não é prestadora de uma atividade 
pública essencial, portanto, não goza da imunidade recíproca: 
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 
RECÍPROCA (ART. 150, VI, A DA CONSTITUIÇÃO). IMÓVEL UTILIZADO 
PARA SEDIAR CONDUTOS DE TRANSPORTE DE PETRÓLEO, 
COMBUSTÍVEIS OU DERIVADOS. OPERAÇÃO PELA PETRÓLEO 
BRASILEIRO S.A. - PETROBRÁS. MONOPÓLIO DA UNIÃO. 
INAPLICABILIDADE DA SALVAGUARDA CONSTITUCIONAL. 1. Recurso 
extraordinário interposto de acórdão que considerou tributável propriedade imóvel 
utilizada pela Petrobrás para a instalação e operação de condutos de transporte de seus 
produtos. Alegada imunidade tributária recíproca, na medida em que a empresa-
agravante desempenha atividade sujeita a monopólio. 2. É irrelevante para definição 
da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade 
desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal. O alcance da salvaguarda 
constitucional pressupõe o exame (i) da caracterização econômica da atividade 
(lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência e à livre-iniciativa e (iii) de riscos ao 
pacto federativo pela pressão política ou econômica. 3. A imunidade tributária 
recíproca não se aplica à Petrobrás, pois: 3.1. Trata-se de sociedade de economia mista 
destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, pessoas de direito 
público e privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial 
dissociado de interesse público primário; 3.2. A Petrobrás visa a distribuição de 
lucros, e, portanto, tem capacidade contributiva para participar do apoio econômico 
aos entes federados; 3.3. A tributação de atividade econômica lucrativa não implica 
risco ao pacto federativo. Agravo regimental conhecido, mas ao qual se nega 
provimento.”23 
 
22 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental no Agravo em Recurso Extraordinário nº 
944.558. Primeira Turma. Agravante: Município de Belo Horizonte. Agravado: Companhia Brasileia de Trens 
Urbanos. Relator(a): Min. Rosa Weber. Julgado em 09/08/2016, publicado em 20/09/2016. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur356373/false. Acesso em 27 abr. 2021. 
23 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 285.716. 
Segunda Turma. Agravante: Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRÁS. Agravado: Município de Santos. Relator(a): 
Min. Joaquim Barbosa. Julgado em 02/03/2010, publicado em 26/03/2010. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur175052/false. Acesso em: 27 abr. 2021. 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur356373/false
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur175052/false
13 
 
Nesse diapasão, é necessário destacar que a imunidade não alcança os serviços em que 
haja uma contraprestação ou pagamento de tarifas pelo usuário, e aqui podemos destacar as 
hipóteses da concessão de um serviço público. A empresa que executa o serviço público 
(concessionária) não será abarcada pela imunidade, uma vez que essa relação entre empresa e 
poder público, - pautada pela descentralização – existe por intermédio de um contrato 
administrativo, e porque essa relação se amolda exatamente a vedação prevista na segunda parte 
do §3º do art. 150, VI da CF. Por fim, no mesmo §3º, há a explicitação de que a imunidade 
recíproca não exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativo ao 
imóvel objeto do contrato de promessa de compra e venda. 
Para Aliomar Baleeiro: 
“(...) a imunidade recíproca não beneficia particulares, terceiros que tenham direitos 
reais em bens das entidades públicas, nem créditos ou rendas de outrem contra tais 
entidades (...); não se estende, pelos mesmos fundamentos, aos serviços públicos 
concedidos, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar impostos 
relativamente ao bem imóvel (art. 150, II, §§2º e 3º)”24 
Firme nesse sentido a jurisprudência ao reconhecer que incide IPTU em relação ao 
imóvel cedido ou arrendado pela pessoa jurídica de direito público à de direito privado, 
inclusive sociedades de economia mista: 
“IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO 
PRIVADO. Incide o imposto Predial e Territorial Urbano considerado bem público 
cedido a pessoa jurídica de direito privado, sendo esta a devedora.”25 (Tema 437 de 
repercussão geral) 
“IMUNIDADE – SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA ARRENDATÁRIA DE 
BEM DA UNIÃO – IPTU. Não se beneficia da imunidade tributária recíproca prevista 
no artigo 150, inciso VI, alínea “a”, da Constituição Federal a sociedade de economia 
mista ocupante de bem público.”26 (Tema 385 de repercussão geral) 
Em relação a amplitude da imunidade recíproca no que tange aos próprios impostos, 
existe uma celeuma doutrinária que entende pela não aplicação da imunidade aos impostos 
indiretos quando o ente federativo está na posição de contribuinte de direito. Para a Professora 
 
24 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 434. 
25 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 601.720. Tribunal Pleno. Recorrente: 
Município do Rio de Janeiro. Recorrido: Barrafor Veículos LTDA. Relator(a): Min. Edson Fachin. Relator(a) p/ 
Acórdão: Min. Marco Aurélio. Julgado mérito com repercussão geral em 19/04/2017, publicado acórdão – 
repercussão geral (mérito) em: 05/09/2017. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur372799/false. Acesso em: 27 abr. 2021. 
26 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 594.015. Tribunal Pleno. Recorrente: 
Petróleo Brasileiro S/A – Petrobras. Recorrido: Município de Santos. Relator(a): Min. Marco Aurélio. Julgado 
mérito com repercussão geral em 06/04/2017, publicado acórdão – repercussão geral (mérito) em: 25/08/2017. 
Disponível em: https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur371969/false. Acesso em: 27 abr. 2021. 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur372799/false
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur371969/false
14 
 
Regina Helena Costa, é indiscutível a aplicação da imunidade tanto aos impostos direto quanto 
aos direitos: 
“Desse modo, nenhum imposto poderá recair sobre o patrimônio, renda, ou serviços 
dessas pessoas. A imunidade recíproca, em nosso entender,abarca inclusive os 
chamados impostos indiretos, isto é, aqueles que comportam o fenômeno da 
repercussão econômica – IPI e ICMS -, porquanto o patrimônio desses entes, ainda 
que na qualidade de “contribuintes de fato”, deve ser preservado.”27 
Há decisão colegiada do STF em relação a aplicação da imunidade recíproca quando 
o Município está na posição de contribuinte de fato, não se reconhecendo a aplicação da 
imunidade: 
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
COM AGRAVO. IMUNIDADE PRETENDIDA PELO MUNICÍPIO NA 
CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE DE FATO. IMPOSSIBILIDADE. É pacífico o 
entendimento deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que o município não 
pode ser beneficiário da imunidade recíproca nas operações em que figurar como 
contribuinte de fato. O repasse do ônus financeiro, típico dos tributos indiretos, não 
faz com que a condição jurídica ostentada pelo ente federativo na condição de sujeito 
passivo da relação jurídica tributária seja deslocada para a figura do consumidor da 
mercadoria ou serviço. Agravo regimental a que se nega provimento.”28 
No mesmo sentido é o Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 671.412/SP, 
julgado pela segunda Turma do STF em 01/04/2008: 
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
TRIBUTÁRIO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA 
ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ICMS. IMUNIDADE INVOCADA PELO MUNICÍPIO. 
IMPOSSIBILIDADE. 2. A jurisprudência do Supremo firmou-se no sentido de que a 
imunidade de que trata o artigo 150, VI, a, da CB/88, somente se aplica a imposto 
incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município. 3. Esta Corte 
firmou entendimento no sentido de que o município não é contribuinte de direito do 
ICMS, descabendo confundi-lo com a figura do contribuinte de fato e a imunidade 
recíproca não beneficia o contribuinte de fato. Agravo regimental a que se nega 
provimento.”29 
Historicamente, essa é uma discussão dificílima na jurisprudência, tendo o STF 
mudado de posição por algumas vezes desde a década de 60 até meados de 2014: 
 
27 COSTA, Regina Helena: Curso de Direito Tributário – Constituição de Código Tributário Nacional, 9ª Edição. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Parte II – Capítulo 3.3.3.1 – E-PUB, não paginado. 
28 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário com Agravo nº 758886, Primeira 
Turma. Recorrente: Município de Rochedo de Minas/MG. Recorrido: Estado de Minas Gerais. Relator(a): Min. 
Roberto Barroso, julgado em 09/04/2014, DJE 20/05/2014. Disponível em: 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4429448. Acesso em: 27 mar. 2021. 
29 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 671.412/SP. 
Segunda Turma. Agravante: PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA BALNEÁRIA DE 
CARAGUATATUBA. Agravado: Estado de São Paulo. Relator: Min. Eros Grau, julgado em 01/04/2008, 
publicado em 25/04/2008 EMENT VOL-02316-11 PP-02262 RF v. 104, n. 399, 2008, p. 292-294. Disponível em 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2538112. Acesso em: 27 mar. 2021. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4429448
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2538112
15 
 
“Diante da análise jurisprudencial realizada nos julgados de 1969 até a presente data, 
percebe-se que o Egrégio Tribunal apresentou discordâncias históricas sobre o tema. 
No início (décadas de 60 e 70) dividia-se entre uma interpretação de cunho substancial 
e a ideia de que o contribuinte de fato era estranho à relação tributária, 
impossibilitando opor à forma jurídica a realidade econômica para excluir uma 
obrigação fiscal definida legalmente. 
Com o passar dos anos, o impasse ficou entre uma interpretação formalista, pela qual 
os impostos indiretos deveriam incidir, uma vez que o ônus seria suportado pelo 
contribuinte de fato; e uma interpretação substancial, que defendia a não incidência 
tributária. 
Por fim, hoje é adotado o posicionamente de que a imunidade sobre os impostos 
indiretos deve incidir quando a entidade for contribuinte de direito, ou seja, esta se 
torna imune nas operações de vendas de bens, prevalecendo a corrente doutrinária que 
considera a repercussão tributária na dimensão jurídica, e não na perspectiva 
econômica. Destarte, quando se tratar da aquisição de bens, não estará a entidade 
abarcada pelo instituto da imunidade tributária.”30 
É interessante notar a sistematização da Constituição Federal quando traz o texto das 
imunidades recíprocas (art. 150, VI, “a”), e logo após complementa esse texto com os §§2º e 
3º, em um, definindo a extensão dessa imunidade em relação a Administração Pública Indireta 
e a atividade prestada por suas entidades, e no outro, traz uma “exceção da exceção”, definindo 
as hipóteses em que a imunidade não será extensível. Diante de uma exegese de todas essas 
disposições acerca da imunidade recíproca, apenas o texto constitucional não clareia toda a 
situação, tendo a jurisprudência, como vimos acima, atuado para pacificar esse tema. 
Assim, é possível concluir que a imunidade recíproca é se não a mais, é uma das mais 
importantes imunidades que existem em nosso ordenamento jurídico-constitucional tributário, 
“Por apoiar-se em dois fundamentos de grave relevo”31, consagrando o princípio federativo do 
Estado Brasileiro e garantindo a autonomia de cada um dos entes. 
Imunidade de templos religiosos de qualquer culto 
As imunidades de templos religiosos de qualquer culto estão previstas no art. 150, VI, 
“b” da Constituição Federal. Conforme o texto dado pela carta maior, a União, Estados, 
Municípios e o Distrito Federal não podem instituir impostos sobre “templos de qualquer culto”. 
Como nos mostra o Professor Aliomar Baleeiro em sua obra, “Pelo art. 19, III, incisos 
b, c e d, da Constituição Federal de 1969, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
 
30 CAVALCANTE, Silva Matias. O ALCANCE DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA NOS 
IMPOSTOS INDIRETOS. Revista Digital Constituição e Garantia de Direitos, v. 8, n. 1, p. 65 - 85, 28 out. 2015. 
Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/constituicaoegarantiadedireitos/article/view/8156. Acesso em: 27 mar. 
2021. 
31 COSTA, Regina Helena: Curso de Direito Tributário – Constituição de Código Tributário Nacional, 9ª Edição. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Parte II – Capítulo 3.3.3.1 – E-PUB, não paginado. 
https://periodicos.ufrn.br/constituicaoegarantiadedireitos/article/view/8156
16 
 
Municípios, é vedado instituir impostos sobre: -templos de qualquer culto;”32. Podemos então 
notar que a imunidade de impostos sobre templos de qualquer culto não foi uma novidade 
introduzida pelo constituinte originário de 1988, sendo adotada em constituições anteriores à 
atual. 
Para podermos compreender a opção do constituinte de 1988 e dos anteriores sobre o 
estabelecimento dessa imunidade, conforme Baleeiro, nossa análise “deve ser, sobretudo, 
compreendida em seus fundamentos jurídicos e em sua ratio essendi 33”.34 
Inicialmente, considerando as disposições da nossa própria carta maior podemos ver 
que o Brasil é considerado um Estado laico, ou seja, tem a característica da laicidade. 
“A laicidade do Estado não significa, por certo, inimizade com a fé. Não impede a 
colaboração com confissões religiosas, em benefício do interesse público (CF, art. 19, 
I). A sistemática constitucional acolhe, expressamente, medidas de ação conjunta dos 
Poderes Públicos com denominações religiosas. É evidente que, nesses casos de 
colaboração, a instituição religiosa não perde a sua essência.”35 
Em que pese o preâmbulo da nossa Constituição Federal asseverar que ela é 
promulgada “sob a proteção de Deus”, as disposições contidas no art. 5º, VI e art. 19, I, nos 
demonstram claramente que o Brasil é um Estado laico, o qual adotou uma clara separação 
entre Estado e “Igreja”/Religião, não permitindo que a segunda, influencie os rumos da 
primeira,se pautando inclusive pela liberdade religiosa. 
Neste diapasão, não se pode reconhecer a atividade religiosa como uma atividade 
estatal, contudo, é sem dúvidas uma atividade dotada de certo interesse público, vez que nossa 
Constituição permite e acolhe a manifestação de todo e qualquer tipo de religião. Ainda, outro 
fundamento para que seja concedida essa imunidade aos templos de qualquer culto, além da 
atividade de interesse público, é o fato de que elas não visam lucro ou qualquer espécie de 
direito individual privado, na medida em que, não haveria sentido teleológico na incidência de 
impostos em face da renda, patrimônio e serviços de instituições que não tem como intuito o 
lucro. Em certa medida, podemos dizer que isso inviabilizaria a continuidade dessa atividade. 
Some-se ao fato das “atividades que, em sua essência, não configuram exploração econômica, 
 
32 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 499. 
33 Em latim: “Uma razão para existir”. 
34 BALEEIRO, Op. Cit. p. 500. 
35 MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet - Curso de direito constitucional. 15. ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2020. Capítulo 4, II, 4.2. E-PUB, não paginado. 
17 
 
são despidas de capacidade contributiva.”36temos toda fundamentação jurídica e constitucional 
para a instituição da imunidade dos impostos sobre templos de qualquer culto. 
Gilmar Mendes argumenta com clareza acerca da convergência existente na adoção da 
laicidade do Estado e a amplitude de sua liberdade: 
“O reconhecimento explícito da liberdade religiosa pela Constituição, bem como as 
suas demais disposições em apoio e em proteção a práticas dessa ordem, revela haver 
o sistema jurídico tomado a religiosidade como um bem em si mesmo, como um valor 
a ser preservado e fomentado. Decerto que a liberdade importa também o direito de 
quem quer que seja de não aderir a alguma fé transcendental; mas, como concebido, 
o sistema constitucional não toma essa possibilidade como razão obstativa para que a 
ordem jurídica acolha positivamente a pluralidade de expressões religiosas dos 
demais. 
(...) 
O reconhecimento da liberdade religiosa decerto que contribui para prevenir tensões 
sociais, na medida em que, por ela, o pluralismo se instala e se neutralizam rancores 
e desavenças decorrentes do veto oficial a crenças quaisquer. O reconhecimento da 
liberdade religiosa também tem por si o argumento de que tantas vezes a formação 
moral contribui para moldar o bom cidadão.”37 
Portanto, ao instituir a imunidade de impostos aos templos religiosos de qualquer culto 
vemos uma clara obediência do constituinte originário aos demais valores e princípios 
consagrados em nossa constituição. 
Conseguinte, nos importa entender a dimensão dessa imunidade e o conceito de 
“templo de qualquer culto”. 
A imunidade contempla a renda, patrimônio e serviços dos templos religiosos de 
qualquer culto, no entanto, o §4º do art. 150 da CF vem delimitar a incidência dessa imunidade, 
esclarecendo que “compreendem somente o patrimônio, rendas e serviços, relacionados com as 
finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. Conforme a jurisprudência do STF, a 
referida disposição deve ser interpretada tal como prevista na carta maior. 
“EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de qualquer 
culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços 
relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, "b" e § 4º, 
da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que 
se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve 
abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a 
renda e os serviços "relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas 
mencionadas". 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das 
 
36 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 500. 
37 MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Op. Cit 
18 
 
alíneas "b" e "c" do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação entre 
as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido.”38 – grifo nosso 
Caso interessante chegou ao Supremo em relação a abrangência da imunidade em 
relação a um cemitério que constituía extensão da entidade de cunho religioso, instituído em 
anexo ao templo desde o Século XIX. Diante da peculiaridade, e na medida em que o referido 
cemitério foi considerado uma extensão da entidade de cunho religioso, ficou assentado o 
entendimento nos autos do RE 578.562, julgado pelo plenário do Supremo de que: 
“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. 
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, "B", CB/88. CEMITÉRIO. 
EXTENSÃO DE ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO. 1. Os cemitérios que 
consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela 
garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da 
incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os 
templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o 
texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, "b". 
3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas. Recurso 
extraordinário provido.”39 – grifo nosso 
Quando falamos do patrimônio e da finalidade essencial, uma situação que se mostra 
bem clara na jurisprudência é a do recebimento de alugueres pela igreja, de eventuais imóveis 
que foram alugados. Se esses alugueres estiverem sendo revertidos à finalidade essencial do 
templo, estarão abrangidos pela imunidade do art. 150, VI, b da Constituição Federal: 
“EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de qualquer 
culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços 
relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, "b" e § 4º, 
da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que 
se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve 
abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a 
renda e os serviços "relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas 
mencionadas". 5. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das 
alíneas "b" e "c" do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação entre 
as hipóteses das alíneas referidas. 6. Recurso extraordinário provido.”40 
A exegese realizada em relação ao termo “templo de qualquer culto” nos permite 
inferir que literalmente qualquer religião assim considerada, diante das conceituações já 
 
38 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 325.822/SP, Tribunal Pleno. 
Recorrente: Mitra Diocesana de Jales e Outras. Recorrido: Prefeito Municipal de Jales. Relator: Min. Ilmar Galvão, 
Relator(a) p/ Acórdão: Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2002, DJ 14/05/2004. Disponível em: 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1971437. Acesso em: 27. mar. 2021. 
39 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 578.562. Tribunal Pleno. Recorrente: 
Sociedade da Igreja de São Jorge e Cemitério Britânico. Recorrido: Município de Salvador. Relator(a): Min. Eros 
Grau. Julgado em 21/05/2008, publicado em 12/09/2008. LEXSTF v. 30, n. 358, 2008, p. 334-340. Disponível 
em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=547393. Acesso em: 27 abr. 2021. 
40 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 325.822. Tribunal Pleno. 
Recorrentes: Mitra Diocesana de Jales e Outras. Recorrido: Prefeito Municipalde Jales. Relator(a): Min. Ilmar 
Galvão. Relator(a) p/ Acórdão: Min. Gilmar Mendes. Julgado em 18/12/2002, publicado em 14/05/2004. 
Disponível em: https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur96910/false. Acesso em: 27 abr. 2021. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1971437
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=547393
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur96910/false
19 
 
expostas aqui, das quais se sobressaem as características de: (I) atividade de interesse público 
e o (II) fato de que elas não visam lucro ou qualquer espécie de direito individual privado, 
estarão abarcadas pela imunidade. 
Conforme a obra de Aliomar Baleeiro, seguindo a jurisprudência do Supremo, “Não 
repugna à Constituição inteligência que equipare ao templo – imóvel – também a embarcação, 
o veículo, o vagão ou o avião usado como templo móvel, exclusivamente para a prática do 
culto.”41 
Para Gilmar Mendes: 
“A palavra “templo”, no dispositivo, designa o local onde se pratica toda manifestação 
organizada de religiosidade, ainda que não seja um prédio. A proteção é válida para 
qualquer religião licitamente praticada. O Estado é laico: nenhuma religião é acolhida, 
mas todas são respeitadas. Protege-se aqui a livre manifestação de religiosidade.”42 
Interessante ponto acerca da destinação da renda, patrimônio e serviço do templo é que 
conforme a jurisprudência do STF43 e do STJ, milita uma presunção relativa dessa destinação, 
cabendo a Administração Pública provar a tredestinação a qual acarreta a exclusão da 
imunidade: 
“Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM 
AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IPTU. IMUNIDADE. TEMPLO DE QUALQUER 
CULTO. DESTINAÇÃO DO IMÓVEL. ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO 
INFRACONSTITUCINAL E INCURSÃO NO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO 
DOS AUTOS. SÚMULA Nº 279 DO STF. INCIDÊNCIA. 1. A imunidade do IPTU 
deferida aos templos de qualquer culto, quando controversa a comprovação da 
finalidade do imóvel, não enseja o cabimento de recurso extraordinário, por demandar 
a análise da legislação infraconstitucional, bem como, a incursão no acervo fático-
probatório dos autos. Precedentes: AI 595.479-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Primeira 
Turma, DJe 6/8/2010, e AI 651.138-AgR, Rel. Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe 
17/8/2007. (...). 4. In casu, o acórdão recorrido assentou: “Direito Tributário. 
Imunidade de templos religiosos (art. 150, VI, “b” da Constituição Federal). Agravo 
interno contra decisão que reconheceu a imunidade do imóvel da demandante. 
Irregularidade da representação que pode ser sanada a qualquer tempo, ratificando-se 
os atos anteriormente praticados, segundo jurisprudência pacífica do STJ e TJRJ. 
Imunidade tributária que deve ser reconhecida. De acordo com a jurisprudência mais 
recente do STF e STJ, milita presunção relativa de que os imóveis da entidade 
religiosa seriam destinados às finalidades essenciais da instituição (art. 150, § 4º da 
 
41 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 503 
42 MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet - Curso de direito constitucional. 15. ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2020. Capítulo 4, II, 4.2. E-PUB, não paginado. 
43 Nesse sentido: BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental em Agravo no Recurso 
Extraordinário nº 800.395. Primeira Turma. Recorrente: Igreja Cristã Maranata (...). Recorrido: Município de 
Serra. Relator(a): Min. Roberto Barroso. Julgado em 28/10/2014, publicado em 14/11/2014. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur284702/false. Acesso em: 27 abr. 2021. 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur284702/false
20 
 
Constituição), sendo ônus do ente federativo provar eventual desvio de finalidade. 
Recurso desprovido.” 5. Agravo regimental DESPROVIDO.”44 – grifo nosso 
Ainda, é de se pontuar o entendimento do STF acerca da imunidade em tela e sua não 
aplicação em relação a maçonaria. Em mais de uma ocasião o Supremo enfrentou essa discussão 
se tornando uma jurisprudência consolidada de que a maçonaria não está abrangida pelo 
conceito de “religião” pois nas lojas maçônicas não se professar “nenhuma fé” e assim, as lojas 
maçônicas não gozam dessa imunidade: 
“Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITO 
CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ARTIGO 
150, VI, “B”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TEMPLOS DE QUALQUER 
CULTO. MAÇONARIA. INEXISTÊNCIA DE IMPOSIÇÃO CONSTITUCIONAL 
EXPRESSA DO DEVER DE LEGISLAR. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE 
NEGA PROVIMENTO. 1. O mandado de injunção ostenta a função precípua de 
viabilizar o exercício de direitos, de liberdades e de prerrogativas diretamente 
outorgados pelo constituinte, no afã de impedir que a inércia do legislador frustre a 
eficácia de hipóteses tuteladas pela Lei Fundamental. 2. O mandado de injunção 
reclama uma necessária correlação entre a imposição constitucional de legislar e o 
consequente reconhecimento do direito público subjetivo à legislação. Precedentes: 
MI 6.591 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe de 30/6/2016 e MI 766 AgR, 
Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJe de 13/11/2009 3. A jurisprudência 
do Supremo Tribunal Federal predica que a referência a “templos de qualquer culto” 
na alínea “b”, inciso VI, do art. 150, da Constituição Federal, não alcança a maçonaria. 
Precedentes: RE 562.351, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJ de 
14/12/2012, ARE 866.402 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe de 
20/4/2015, e MI 6.631 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, DJe de 
9/5/2019. 4. A concessão da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “b”, da 
Constituição Federal não se aplica aos templos maçônicos, o que torna incabível a 
imputação de omissão legislativa e, consectariamente, a utilização adequada do 
remédio injuncional. 5. Nego provimento ao agravo regimental.”45 – grifo nosso 
Por fim, em termos jurisprudenciais, há o mesmo entendimento do STF no que tange 
aos impostos indiretos e se a imunidade os abrange ou não: 
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO 
TRIBUTÁRIO. ICMS. CONTRIBUINTE DE FATO. IGREJAS E TEMPLOS DE 
QUALQUER CULTO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. INAPLICABILIDADE. 1. 
Nos termos da jurisprudência do STF, a imunidade tributária subjetiva não afasta a 
incidência de tributos sobre operações em que as entidades imunes figurem como 
contribuintes de fato, sendo irrelevante para a verificação da existência do beneplácito 
 
44 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário com Agravo nº 
841.212/RJ, Primeira Turma. Recorrente: Município do Rio de Janeiro. Recorrido: IGREJA TABERNÁCULO 
EVANGÉLICO DE JESUS. Relator(a): Min. Luiz Fux, julgado em 18/11/2014, publicado em 09/12/2014. 
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4644849. Acesso em: 27 mar. 2021. 
45 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental no Mandado de Injunção nº 7069/SP, 
Tribunal Pleno. Impetrante: TOSHINOBU TASOKO. Impetrado: CONGRESSO NACIONAL. Relator(a): Min. 
Luiz Fux, julgado em 15/04/2020, publicado em 12/05/2020. Disponível em: 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5604980. Acesso em: 27 mar. 2021. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4644849
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5604980
21 
 
constitucional a repercussão econômica do tributo envolvido. Tema 342 da 
repercussão geral. ADI 5816. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.”46 
Vemos que em impostos “indiretos”, estão contidos o IPI e o ICMS, mas o Supremo 
entende que o ICMS-Importação está agasalhado pela imunidade, desde que o bem se destine 
à finalidade essencial, atendendo ao requisito do §4º do art. 150 da CF: 
“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM 
AGRAVO.DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS IMPORTAÇÃO. IMUNIDADE 
TRIBUTÁRIA. CONTRIBUINTE DE DIREITO. IGREJAS E TEMPLOS DE 
QUALQUER CULTO. REEXAME DE FATOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. Nos 
termos da jurisprudência do STF, a imunidade tributária religiosa abrange o ICMS 
importação, desde que comprovado que os bens se destinam à finalidade essencial da 
entidade. 2. É inadmissível o recurso extraordinário quando eventual divergência em 
relação ao entendimento adotado pelo Colegiado de origem demandar o reexame do 
conjunto fático probatório dos autos. Súmula 279 do STF. Precedentes. 3. Agravo 
regimental a que se nega provimento.”47 
Particularmente, essa imunidade não é uma “bizarrice” que muitos popularmente 
bordam. Diante dos preceitos estabelecidos pela Constituição, há uma razão de ser nela, ou 
como dito pelo Professor Aliomar Baleeiro, uma “ratio essendi”. A laicidade do Estado é um 
valor fundamental para o reconhecimento de uma sociedade que se mostre pronta a evoluir, e 
essa imunidade traz uma ferramenta apta a garantir esse valor do Estado Brasileiro. A crítica 
aqui reside na própria utilização dessa imunidade por quem professa a fé, e na vigilância do 
poder público acerca da sua utilização. Não raras vezes vemos a utilização dessa imunidade 
para obter vantagens pessoais, principalmente por pessoas de religiões famosíssimas. A 
fiscalização do Poder Público nesses âmbitos deveria ser maior, não com o objetivo de 
“perseguir” as religiões, mas sim de garantir a verdadeira efetividade dessa imunidade . 
Imunidades dos partidos políticos, suas fundações e outras figuras. 
A Imunidade prevista no art. 150, VI, “c” da Constituição Federal abarca, conforme o 
texto constitucional e desde que preenchidos os requisitos legais: os partidos políticos e suas 
 
46 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental em Recurso Extraordinário nº 
1.240.154/RJ. Segunda Turma. Recorrente: ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Recorrido: Igreja Evangélica 
Congregacional Nova Aliança. Relator(a): Min. Edson Fachin, julgado em 15/04/2020, publicado em 19/05/2020. 
Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5793394. Acesso em: 27 mar. 2021. 
47 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Agravo Regimental em Recurso Extraordinário com Agravo 
nº 1.244.093/SP. Segunda Turma. Recorrente: ESTADO DE SÃO PAULO. Recorrido: Igreja Universal do Reino 
de Deus. Relator(a): Min. Edson Fachin, julgado em 15/05/2020, publicado em 17/06/2020. Disponível em: 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5810213. Acesso em: 27 mar. 2021. 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5793394
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5810213
22 
 
fundações, as entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de 
assistência social, e essas duas últimas, desde que não tenham fins lucrativos. 
Essa é a terceira e última imunidade caracterizada como “subjetiva” dentre as 
imunidades genéricas, objeto do presente trabalho. 
Antes de adentrarmos cada uma das figuras beneficiadas pela imunidade, é mister 
definirmos algumas bases orientadoras da caracterização dessa imunidade. A primeira é que 
cada uma das figuras seja formal e materialmente reconhecida como tal, ou seja, inicialmente, 
para desfrutar da imunidade, a figura jurídica que surge deve preencher os requisitos previstos 
na constituição para ser um partido político, uma entidade sindical, uma instituição de educação 
ou de assistência social sem fins lucrativos. Dessa forma, cada figura deve preencher 
estritamente os requisitos do art. 17 da Constituição, se for um partido político; do art. 8º se for 
uma entidade sindical de trabalhadores; e no que se refere as instituições de assistência social e 
de educação, é necessário a observância dos artigos 203/204 e 205 ao 214 da carta magna. Tal 
como em relação aos “templos de qualquer culto”, essa imunidade estará estritamente limitada 
ao patrimônio, rendas e serviços que estejam ligados a finalidade essenciais dos sujeitos imunes. 
Além disso, a constituição prevê que a imunidade só será reconhecida quando 
“atendidos os requisitos da lei”. Por um tempo existiu celeuma jurisprudencial e doutrinária 
acerca da lei que poderia instituir os requisitos para fruição da imunidade, se apenas 
complementar ou ordinária e complementar. Interessante é que a própria Constituição resolve 
essa questão em seu art. 146, II ao dizer que “cabe a lei complementar: (...) II – regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar.”. Nesse sentido, decidiu o Supremo com a 
fixação de tese em sede de repercussão geral48: 
“IMUNIDADE – DISCIPLINA – LEI COMPLEMENTAR. Ante a Constituição 
Federal, que a todos indistintamente submete, a regência de imunidade faz-se 
mediante lei complementar.”49 
E tais requisitos (para fruição da imunidade) estão previstos no art. 14 do Código 
Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66), esse que foi recepcionado pela Constituição de 1967 
 
48 Destaca-se que houve oposição de embargos de declaração com acolhimento parcial do plenário do Supremo 
Tribunal Federal, com a modificação da Tese fixada somente no que tange ao texto dela, não alterando o 
entendimento fixado pelo Acórdão referido. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur423347/false. Acesso em: 30 mar. 2021. 
49 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 566.622/RS com repercussão geral. 
Tribunal Pleno. Recorrente: SOCIEDADE BENEFICENTE DE PAROBÉ. Recorrido: UNIÃO. Relator(a): Min. 
Marco Aurélio, mérito julgado em 23/02/2017, publicado em 23/08/2017. Disponível em: 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur371856/false. Acesso em: 27 mar. 2021. 
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur423347/false
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur371856/false
23 
 
como lei complementar e manteve seu status com o advento da Constituição de 1988. Ainda, o 
Inciso I do referido artigo teve seus contornos mais bem definidos pela Lei complementar nº 
104/01. Nessa toada, o art. 14 do CTN e seus Incisos I e II definem que as figuras do art. 150, 
VI, “c” da CF (que são as mesmas do art. 9º, IV do CTN), para poderem gozar da imunidade 
de impostos sobre sua renda, patrimônio e serviços, devem atender dois requisitos essenciais: 
“não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título” e 
“aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção de seus objetivos 
institucionais”. Ora, uma análise detida dessas exigências nos demonstra com clareza que são 
substancialmente as mesmas exigidas pela constituição! Os partidos políticos e as entidades 
sindicais trabalhistas por si só já não possuem finalidade lucrativa, e a CF determina que as 
instituições de educação e assistência social não podem ter fim lucrativo para gozarem da 
imunidade, além disso, o §4º do art. 150 da Constituição determina que essa vedação 
compreende “somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades 
essenciais nela mencionadas”. A Professora Regina Helena Costa aduz sobre: 
“As exigências contidas nos incisos I e II do art. 14, CTN, versam exatamente sobre 
o requisito da ausência de finalidade lucrativa, posto constitucionalmente. A não 
distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer título 
caracteriza a ausência de finalidade lucrativa, mas não se confunde com a existência 
de lucro, necessário e mesmo indispensável para a melhor realização de seus fins. 
Observe-se, ainda, que a exigência de que o patrimônio, a renda e os serviços da 
entidade estejam relacionados com as finalidades essenciais foi “constitucionalizada”, 
a teor do disposto no art. 150, § 4º, CR. Já a exigência inserta no inciso III do mesmo 
comando legal reporta-se a dever instrumental tributário, instituído com vista a 
assegurar o controle da fruição do benefício.”50 
Outro aspectogeral acerca de tal imunidade é que ela independe totalmente de 
qualquer decisão administrativa para sua fruição. Como já dissemos, uma vez preenchidos os 
requisitos para ser um partido político, uma entidade sindical de trabalhadores, uma instituição 
de educação ou assistência social sem fins lucrativos, já operará a imunidade. 
“(...) tratando-se de tema constitucional, sobre o qual mesmo o legislador 
infraconstitucional pouco pode interferir (somente para conter a eficácia da norma, 
estabelecendo requisitos a serem atendidos pelos sujeitos beneficiados, quando assim 
autorizado), não se permite ao administrador fiscal outorgar, suspender ou indeferir a 
aplicação da imunidade. Ou ela se aplica, por se adequar a situação de fato à hipótese 
constitucional e por atendidos os requisitos legais, se postos, nada mais restando à 
Administração Fiscal senão declará-la, ou não se aplica, por não ter ocorrido a 
subsunção da situação de fato à norma constitucional ou por não terem sido cumpridas 
as exigências legais. 
 
50 COSTA, Regina Helena: Curso de Direito Tributário – Constituição de Código Tributário Nacional, 9ª Edição. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Parte II – Capítulo 3.3.3.3 – E-PUB, não paginado. 
24 
 
Logo, não fica vinculado a qualquer atuação administrativa o direito à fruição da 
imunidade – pelo que, se, por deficiência de fiscalização, a autoridade administrativa 
não “suspender o benefício” de ente que não venha cumprindo os requisitos 
constitucionais ou legais, não será ele imune, ainda que não haja decisão 
administrativa a respeito.”51 
No que se refere a imunidade dos partidos políticos, sua “ratio essendi” encontra 
guarida nos direitos de liberdade consagrados na carta magna, que incluem os direitos políticos, 
assim como o pluralismo partidário. Logo, vemos que a ideia dessa imunidade é o fomento da 
pluralidade partidária a fim de garantir uma diversidade de pensamento político no Estado 
Brasileiro. O Professor Aliomar Baleeiro os define como “instrumentos de governo”, entidades 
fundadas e mantidas exclusivamente para fins públicos, como órgãos imediatos e 
complementares da organização estatal”52 
Em relação as entidades sindicais de trabalhadores, o fundamento para que sejam 
abarcados pela imunidade é o teleologismo dessa figura jurídica dentro de nosso ordenamento, 
consubstanciada em seu papel de defender os interesses difusos e coletivos da categoria de 
trabalhadores à que se destina, nos termos do art. 8º, III da Constituição. Destaca-se nesse 
mesmo contexto a importância do papel que as entidades sindicais de trabalhadores tem na CF, 
podendo denunciar irregularidades ou ilegalidades para o Tribunal de Contas da União (art. 74, 
§2º da CF) e propor ação direta de inconstitucionalidade (art. 103, IX da CF). 
Ressalta-se por oportuno nesse ponto que ambos os sujeitos acima citados já 
naturalmente não podem ter o intuito lucrativo, motivo pelo qual a Constituição não precisou 
prever a “ausência de fins lucrativos” para eles. 
Diferentemente do que ocorre com as instituições de educação e assistência social. E 
nesse ponto, é necessário fazer uma diferenciação do que é “cobrar pelos serviços” e de buscar 
o lucro. O Professor Baleeiro assevera nesse tema que: 
“(...) uma instituição de educação ou de assistência social não precisa revestir a forma 
jurídica de fundação. Além de fundação, ela poderá ser ainda uma associação ou 
sociedade civil sem fins lucrativos, conforme dispõem o Código Civil Brasileiro.” 
Além disso, a instituição, em especial àquela autossustentada, pode cobrar pelos 
serviços prestados. Inexiste qualquer proibição nesse sentido, no art. 14 do CTN. Mas 
a instituição precisa ser non profits, ou seja, não deve perseguir interesses econômicos, 
almejando a distribuição de lucros, como remuneração a seus investidores. Ainda que 
obtenha resultados positivos, renda no sentido de superávits, a instituição deverá 
 
51 Ibidem. 
52 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. P. 564 
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reverter todo o excedente apurado a seus próprios objetivos, jamais permitir a 
apropriação privada por seus sócios, fundadores ou diretores.”53 
 
“(...)não é a ausência de lucro que caracteriza uma entidade sem fins lucrativos, visto 
que o lucro é relevante e mesmo necessário para que a mesma possa continuar 
desenvolvendo suas atividades. O que está vedado é a utilização da entidade como 
instrumento de auferimento de lucro por seus dirigentes, já que esse intento é buscado 
por outro tipo de entidade – qual seja, a empresa.”54 
Baleeiro ainda cita a histórica jurisprudência do Supremo no julgamento do RE nº 
202.700-6-DF (DJ, 01.03.2002), de Relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence. 
O fundamento dessa abrangência da referida imunidade encontra base no fato de que 
as instituições em um geral exercem atividades próprias do Estado, sendo “pessoas de direito 
privado que exercem, sem fim lucrativo, atividades de colaboração com o Estado em funções 
cujo desempenho é, em princípio, atribuição deste.”55 E nessa medida, “Objetiva-se, assim, 
impedir sejam tais entidades oneradas por via de impostos.”56 
Tanto as instituições de educação quanto as de assistência social, como já dito, para 
serem agasalhadas pela imunidade não podem ter finalidade lucrativa. Considerando que elas 
praticam atividades de interesse público, eminentemente previstas constitucionalmente como 
por exemplo, “a educação, o acesso à cultura, a assistência social”57, o constituinte originário 
decidiu outorgar a elas imunidade de impostos para evitar a oneração de suas atividades. 
A jurisprudência do STF também já se manifestou sobre a abrangência da imunidade 
em relação aos impostos indiretos, adotando o mesmo entendimento relativo as imunidades 
recíprocas, ao entender que: 
“IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – 
IMUNIDADE. A imunidade prevista no artigo 150, inciso VI, alínea c, da 
Constituição Federal, a impedir a instituição de impostos sobre patrimônio, renda ou 
serviços das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de 
assistência social, sem fins lucrativos, beneficia o contribuinte de direito, não 
alcançando o de fato. Precedente: recurso extraordinário nº 608.872/MG, julgado no 
 
53 BALEEIRO Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de tributar. 8ª ed. Atualizada por Misabel Abreu 
Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 532 e 533 
54 COSTA, Regina Helena: Curso de Direito Tributário – Constituição de Código Tributário Nacional, 9ª Edição. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Parte II – Capítulo 3.3.3.3.3 – E-PUB, não paginado. 
55 Ibidem. 
56 COSTA, Regina Helena: Curso de Direito Tributário – Constituição de Código Tributário Nacional, 9ª Edição. 
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Parte II – Capítulo 3.3.3.3.3 – E-PUB, não paginado. 
57 Ibidem. 
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Pleno sob o ângulo da repercussão geral, relator ministro Dias Toffoli, acórdão 
publicado no Diário da Justiça de 27 de setembro de 2017.”58 
No mesmo contexto, há um julgamento em trâmite no STF, mas esse em relação ao 
IOF incidente nas aplicações financeiras de curto prazo realizadas pelos sujeitos da imunidade 
prevista no art. 150, VI, “c” da Constituição. Em 2010 foi admitida repercussão geral que 
originou o Tema 328 do STF, com o julgamento ainda não concluído. 
Por fim, é de se ressaltar que essa imunidade subjetiva, no olhar da jurisprudência tem 
uma ligação tão intrínseca a sua finalidade, conforme determina o §4º do art. 150 da CF, que 
foi editada a Súmula 724 do Supremo Tribunal Federal. Nela, podemos ver que o pretório 
excelso decidiu de uma vez por todas que “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune 
ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da 
Constituição, desde

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