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DIREITO CONSTITUCIONAL II – RESUMO Por: Jairo Monteiro Autonomia: é uma prerrogativa de poder de ente político, própria do Estado federal, que se distingue da soberania do Estado, na medida em que não é poder independente. Entretanto, tem como prerrogativas básicas a auto-organização, pela qual o estado-membro pode elaborar sua própria constituição e suas leis; o autogoverno que dá ao povo do estado membro o direito de escolher seus governantes tanto no plano do Legislativo, como do Executivo e do Judiciário. E a ainda a autoadministração, que permite ao estado-membro organizar e gerir sua máquina burocrática (DALLARI, 2009). Confederação: A Confederação seria uma outra forma de organização, na qual estados soberanos se unem através de tratado e em razão de um objetivo comum, mas sem que haja perda de soberania. Há a possibilidade de retirada da Confederação, isto é, está assegurado o direito de secessão. Recorde-se que Guerra Civil Norte-Americana, de 1861 a 1865, se relacionava a esse tema. Os Estados sulistas se viam com o direito de se retirar da Federação NorteAmericana, daí se chamarem de Estados Confederados. Derrotados na guerra pelos Estados do Norte (conhecidos como yankees), firmou-se Federação dos EUA, vedado do direito de secessão. Direito De Secessão: O Brasil adota o princípio federativo, em decorrência do qual não se admite o direito de secessão. Isso significa que o vínculo entre as entidades componentes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) é indissolúvel, ou seja, nenhuma delas pode abandonar o restante para fundar um novo país. Vale observar ainda que, sendo a forma federativa de Estado cláusula pétrea, conforme o art. 60, §4º, da CF, não é possível que emenda constitucional institua a possibilidade de secessão. Comentário - Na experiência constitucional norte-americana a democracia é verdadeiro pressuposto do federalismo. A forma de estruturação do Estado Federal considera a participação dos cidadãos, seja através do exercício do direito de escolha de seus representantes pelas eleições, seja como destinatários das políticas públicas e competências constitucionais desempenhadas pelo governo federal ou pelos governos estaduais. Originalmente a soberania dos Estados Confederados, que criaram a Federação na Convenção de Filadélfia em 1787, certamente extraíram esta expressão de poder através da manifestação da vontade de seu povo. Desta forma, tanto o governo federal como os estaduais apresentam estruturalmente uma relação de dependência para com o cidadão eleitor, estando bastante evidenciado que os que governam exercem um mandato político devendo estrita fidelidade a quem os elegeu. Características Do Estado Federal: A principal característica do Estado Federal, como já salientamos, é a descentralização administrativa e política. O que torna esta forma de organização bastante sofisticada é que o poder neste tipo de Estado seja dividido em diferentes funções de poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), e estas reproduzidas simetricamente em todos os níveis da federação. É ainda Raul Machado Horta (2002:307) quem aponta como principais características do Federalismo e que se constituem como seus princípios, técnicas e instrumentos operacionais os seguintes elementos: a) A decisão constituinte criadora do Estado Federal e de suas partes indissociáveis, a federação ou União, e os estados-membros; b) A repartição de competências entre a federação e os estados-membros; c) O poder de auto-organização constitucional dos estados-membros, atribuindo-lhes autonomia constitucional; d) A intervenção federal, instrumento para restabelecer o equilíbrio federativo, em casos constitucionalmente definidos; e) A Câmara dos Estados, como órgão do Poder Legislativo Federal, para permitir a participação do estado-membro na formação da legislação federal; f) A titularidade dos estados-membros, através de suas Assembleias Legislativas, em número qualificado, para propor emenda à Constituição Federal; g) A criação de novo Estado ou modificação territorial de estado existente dependendo da aquiescência da população do estado afetado; h) A existência do Poder Judiciário Federal de um Supremo Tribunal Federal ou Corte Suprema, para interpretar e proteger a Constituição Federal, e dirimir litígios ou conflitos entre a União, os Estados e outras pessoas jurídicas de direito interno. Pacto Federativo: Elemento fundamental que integra a organização federativa é a existência da manifestação livre e eficiente da vontade dos representantes de cada um dos estados federados no sentido de criar a união de todos eles, formando assim o Estado Federal. Tal fenômeno é denominado de pacto federativo e ele fica estabelecido na Constituição Federal. Com relação ao Direito Constitucional brasileiro, José Alfredo de Oliveira Baracho (1982:54), em obra denominada Teoria Geral do Federalismo assim afirma: Tecnicamente, o federalismo é uma divisão constitucional de poderes entre dois ou mais componentes dessa figura complexa que decorre da existência de um Estado que possa apresentar formas de distribuição das tarefas políticas e administrativas. Estado Centrípedo X Estado Centrífugo: Segundo Raul Machado Horta (2002:306): Esta divisão na ordem constitucional vigente no Brasil encontra-se insculpida entre os arts. 21 a 25; 30 e 32 da CRFB/88. [...] se a tendência ocorrida no Federalismo é a de fortalecimento do poder central da União Federal, tem-se o chamado federalismo contrípeto ou centrípeto, conforme queiram. Por outro lado, se a tendência é de fortalecimento dos estados integrantes da federação, diz-se que o federalismo é centrífugo. Havendo equilíbrio entre estas duas forças, qual seja, entre o Estado Federal e os Estados Federados, diz-se que o Federalismo é de cooperação. Por outro lado, o federalismo centrífugo é aquele que fará um caminho oposto. O federalismo centrífugo se dirige para a periferia do Estado Federal. Nele não haverá necessariamente maior descentralização, mas sobretudo uma tendência à descentralização ao longo do tempo. Exemplo notável é o federalismo brasileiro, que surgiu originariamente de um Estado Unitário extremamente centralizador e se direciona ao longo da história republicana brasileira a dar maior leque de competências aos Estados, seguindo no sentido da descentralização. Resumo – Federação: Assim, em resumo, podemos dizer que a federação é: • um modelo de descentralização política, a partir da repartição constitucional de competências entre as entidades federadas autônomas que o integram; • poder político, em vez de permanecer concentrado na entidade central, é dividido entre as diferentes entidades federadas dotadas de autonomia. Características Das Constituições Brasileiras: 1. A CONSTITUIÇÃO DE 1824: Após a independência do Brasil ocorreu uma intensa disputa entre as principais forças políticas pelo poder. O partido brasileiro, representando principalmente a elite latifundiária escravista, produziu um anteprojeto, apelidado "constituição da mandioca", que limitava a poder imperial antiabsolutista e discriminava os portugueses antilusitano. Ela estava inserida no contexto de pós-independência do Brasil e para constitui-la ocorreu um grande confronto entre as principais forças politicas da época. Por existir esse conflito de interesses Dom Pedro I com medo de perder poder, dissolve a Assembleia Constituinte Brasileira que já estava formada, convoca alguns cidadãos conhecidos por ele, e de portas fechadas começam a redigir o que seria a nossa primeira Constituição. Essa constituição é conhecida por estabelecer no Brasil um governo de Monarquia hereditária e aplicar quatro poderes, executivo, legislativo, judiciário e moderador que era exercido pelo imperador D. Pedro. Foi à constituição que teve maior vigência no Brasil,durou mais de 65 anos, foi emendada em pelo ato adicional de 1834, durante o período regencial, para proporcionar mais autonomia para as províncias. Essa emenda foi cancelada pela lei interpretativa do ato adicional, em 1840. Suas principais características eram: O Brasil seria governado por um imperador; Monarquia, ou seja, poder adquirido por sucessão hereditária; O nome do país era Império do Brasil; Escravos, indígenas e pobres não eram considerados cidadãos; Eleições censitárias – Somente poderão votar e ser votado os “cidadãos”; Estado unitário, aquele em que não há divisão territorial de poder político; Estado confessional (ligado à Igreja – catolicismo como religião oficial); Modelo externo – monarquias europeias restauradas (após o Congresso de Viena); Quatro poderes – Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador, este exercido pelo imperador; e, os “cidadãos” elegiam os Deputados e os Senadores. 2. A CONSTITUIÇÃO DE 1891: A segunda Constituição ocorreu no ano de 1891 e tinha como contexto a pós- proclamação da republica. Ela também era repleta de interesses, principalmente da elite oligárquica latifundiária, com destaque para os cafeicultores. Essas elites influenciando o eleitorado ou fraudando as eleições ("voto de cabresto") impuseram seu domínio sobre o país ou coronelismo. Essa elite acabava influenciando o eleitorado ou fraudando as eleições e assim impondo seu domínio sobre o pais. Nessa Constituição estabelecia uma Republica Presidencialista, além de ter excluído o poder moderador, ficando agora com três poderes legislativo, executivo, e judiciário. Suas principais características eram: O nome do país era Estados Unidos do Brasil; Estado Federalista, ou seja, estados com certa autonomia; O Brasil é um Estado laico; Três Poderes sendo eles o Executivo, Legislativo e Judiciário; Constituição rígida – Não existe mais distinção ente norma material e formalmente constitucional; Remédio constitucional de habeas corpus, no início servia para tutela qualquer direito, mas, em 1926 foi restrita exclusivamente a liberdade de locomoção; Controle difuso de constitucionalidade no qual, qualquer juiz pode declarar uma lei inconstitucional; Fim do voto censitário exigindo alfabetização para votar; Mandado de quatro anos para presidente sendo proibida a reeleição. 3. A CONSTITUIÇÃO DE 1934: Com a crise econômica de 1929 e com os diversos movimentos sociais que buscavam melhores condições de trabalho, em 16 de julho de 1934, foi promulgada a terceira, seu contexto político estava incluído na chamada Era Vargas. Segundo seu preâmbulo foi criada “para organizar um regime democrático que assegura à nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico”. Foi a que menos durou, apenas três anos. A Constituição de 1934 não acabou com a oligarquia, mas, acrescentou ao poder os militares, a classe média urbana e os industriais. Nela foi criado o voto secreto, e o voto feminino, além da criação da Justiça do Trabalho e de Leis trabalhistas. Foi a Constituição com menor duração. Suas principais características eram: voto obrigatório para maiores de 18 anos; Criação da Justiça Eleitoral; Proíbe o trabalho infantil, menor de 14 anos, determina jornada de trabalho de oito horas, repouso semanal obrigatório, férias remuneradas, indenização para trabalhadores demitidos sem justa causa, assistência médica e dentária, assistência remunerada a trabalhadoras grávidas; Proíbe a diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil. 4. A CONSTITUIÇÃO DE 1937: A quarta Constituição ocorreu três anos depois, em 1937. Ainda inserida no contexto da Era Vargas. Seu mandato terminava em 1938 e para continuar no poder ele teve que dar um golpe de estado, o Estado Novo dizendo que ele era obrigado a fazer isso para proteger o povo brasileiro de ameaças comunistas. Assim torna-se um Ditador, e esse período e conhecido como Estado Novo. Essa constituição tinha inspirações fascistas, era um regime ditatorial, perseguia opositores, o estado intervinha na economia, abolição de partidos políticos junto com a liberdade de imprensa. Embora tenha sofrido o regime ditatorial, não se pode negar que durante o período houve uma notória nacionalização formal da economia e o controle de áreas estratégicas de produção (minério, aço e petróleo) levando a uma grande expansão capitalista. O Estado Novo tem fim em 1945 por contas das crises sofridas em um nível internacional, quando o Brasil participa da Segunda Guerra Mundial caindo em certa contradição, pois a nossa política interna era ditatorial enquanto estávamos apoiando um regime liberal, ou seja, o fim de um estado totalitário. Essa grande controvérsia acabou criando no Brasil um forte descontentamento o que levará a queda do Estado Novo. Suas principais características eram: Concentração dos poderes Executivo e Legislativo na mão do presidente; Estabelecer eleições indiretas para presidente; Acabar com o liberalismo; Pena de morte; Expurgar funcionários contrários ao regime; Plebiscito para referendar a constituição, mas nunca aconteceu; Diminuição de direitos e garantias fundamentais (greve, mandado de segurança, ação popular...); Diminuição do controle de inconstitucionalidade. 5. A CONSTITUIÇÃO DE 1946: A quinta constituição ocorreu no ano de 1946. Em contexto estava à redemocratização do pais. Vargas agora tinha sido depostos, e era de grande importância ter uma nova ordem constitucional, afinal, agora o pais tinha se redemocratizado. Através da emenda de 1961, foi implantado o parlamentarismo, com situação para a crise sucessória após a renúncia de Jânio Quadros. Em 1962, através de plebiscito, os brasileiros optam pela volta do presidencialismo. Durante a Segunda Guerra Mundial o governo do Brasil declarou ser aliado aos “Aliados” e contra os países do “Eixo”, isso fez com que Vargas perdesse o apoio de Minas, pois ao entrar na Guerra tentando extinguir as ditaduras nazifascistas subentendia-se que o fascismo seria também extinto no Brasil sendo que não poderia ter uma política interna com uma Constituição baseada no fascismo e externamente lutar contra o regime. Após varias pressões de vários grupos Getúlio Vargas obrigou-se a convocar eleições presidenciais o que levou o fim do Estado Novo. Suas principais características eram: República Federativa; Estado laico; A liberdade de pensamentos, sem censura, a não ser em espetáculos e diversões públicas; A inviolabilidade do sigilo da correspondência; A liberdade de consciência, de crença e de exercício de cultos religiosos; A inviolabilidade da casa como asilo do indivíduo; A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia ampla de defesa do acusado; Extinção da pena de morte; Três Poderes – Executivo Legislativo e Judiciário. 6. A CONSTITUIÇÃO DE 1967: Essa constituição surgiu na passagem do governo Castelo Branco para o Costa e Silva, período no qual predominavam o autoritarismo e o arbítrio político. Documento autoritário, a constituição de 1967 foi largamente emendada em 1969, absorvendo instrumentos ditatoriais, e ela estava inserida em uma nova ditadura, agora a militar, um passado negro na história brasileira. Ela dava toda liberdade aos governantes para combater qualquer ameaça inimiga contra o governo, desde manifestações populares a até influências estrangeiras. Em 1964 ocorreu um golpe de Estado retirando do poder o então Presidente João Goulart que se pensava, por suas ideias, ser comunista, assumindo daí o poder Militar. Com uma nova política militarista e principalmente autoritária de Castello branco criou-se, em 1967, uma nova Constituição incorporando os Atos Institucionais, os quais serviriam para manter a legitimidade das atuações do regime militar. AConstituição de 1967 foi elaborada, sobre pressão dos militares, pelo Congresso Nacional que fora transformado em Assembleia Nacional Constituinte, Carta esta que foi elaborada, já que neste momento a oposição sido afastada, e com base no Ato Constitucional nº 4, este que foi criado para compelir o Congresso a criar uma nova constituição e eliminar a Constituição de 1946 alegando que esta estava descentralizada, para legalizar e constitucionalizar o regime militar. Suas principais características eram: O nome do país se torna República Federativa do Brasil; Documento promulgado (foi aprovado por um Congresso Nacional mutilado pelas cassações); Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Complementares do governo militar; Restringe ao trabalhador o direito de greve; Ampliação de a Justiça Militar; Abre espaço para a decretação posterior de leis de censura e banimento. 7. A CONSTITUIÇÃO DE 1988: O Brasil estava sobre regime de ditadura militar desde 1964 e estavam extintos os direitos individuais e sociais. Em 5 de outubro de 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, tendo como base assegurar diversas garantias constitucionais, dando maior efetividade aos direitos fundamentais, havendo a participação do Poder Judiciário sempre que houver lesão ou ameaça a lesão a direitos. Em 1993, 5 anos após a promulgação da constituição, o povo foi chamado a definir, através de plebiscito, alguns pontos sobre os quais os constituintes não haviam chegado à acordo, forma e sistema de governo. O resultado foi à manutenção da República presidencialista.
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