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AULA 8 KetûvÎm I Literatura pós-exílica

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Disciplina: Introdução ao Antigo Testamento
Aula 8: Ketûvîm I – Literatura pós-exílica
Apresentação
Nesta aula, abordaremos a literatura pós-exílica, reunida sob o nome Ketûvîm, que reflete a
reorganização pré-exílica — Esdras e Neemias.
Em seguida, analisaremos o livro de Salmos e o contexto ritual e cúltico à época do Segundo
Templo, com o exame da literatura sapiencial — Provérbios, Jó e Eclesiastes.
Por fim, analisaremos quatro dos cinco Megilloth serão analisados — Rute, Lamentações, Cântico
dos Cânticos e Ester.
Objetivos
Analisar as peculiaridades da literatura pós-exílica;
Examinar a reorganização dos judeus no pós-exílio a partir dos livros de Esdras e Neemias;
Identificar a literatura sapiencial em Israel: Provérbios, Jó e Eclesiastes.
Literatura pós-exílica
O terceiro cânon da Bíblia hebraica é chamado de Ketûvîm, Escritos. O termo reflete a
consciência de que o judaísmo havia se transferido para um contexto em que ele era
particularmente vulnerável. Tal termo também reconhece que seus criadores eram escribas
que preservavam antigas tradições e as interpretavam por meio de comentários. Quatro
grupamentos textuais compõem os Escritos em linhas gerais:
Primeiro grupo
Composto de três grandes livros: Salmos, Jó e Provérbios. Constituem, juntos, uma
reflexão sustentada litúrgica-sapiencial da ordem dada por Deus ao mundo e a
postura inelutável da questão da Teodiceia a que Israel responde de forma fiel em
seus hinos e lamentos.
Segundo grupo
Formado pelos Cinco Rolos, ou Megilloth: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações,
Eclesiastes/Qoheleth e Ester, que evidenciam a maneira como várias vozes da
comunidade foram atraídas para o calendário litúrgico.
Terceiro grupo
Formado pelo livro apocalíptico de Daniel, o livro por excelência da esperança na
Bíblia Hebraica, esperança que convida à coragem e à liberdade na promulgação de
uma identidade singularmente judaica. Assim, como os livros de Salmos, Jó e
Provérbios levantam a questão da teodiceia, o livro de Daniel é uma voz característica
da esperança que está segura do triunfo de Yahweh sobre todas as ameaças a
Jerusalém e todas as ameaças que desmantelarão o mundo da criação de Yahweh.
Quarto grupo
1
http://10.8.0.71/disciplinaportal/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula8.html
São os livros históricos de Esdras, Neemias e Crônicas. Eles não são história em
qualquer sentido moderno do termo, mas representam uma insistência ideológica-
teológica na tentativa de falar de Yahweh, ao contar a história de Yahweh com o seu
povo.
Sábios no período pós-exílico
O grupo social mais importante no período da redação dos Escritos parece ser o dos
sábios no período pós-exílico. Esse grupo está em sintonia com o pensamento
deuteronomista e tem estreita ligação com as instituições e textos centrais de Israel. A
importância crescente dos sábios em Israel torna-os intérpretes e transmissores das
tradições da fé judaica — eles passam a representar um denominador comum em suas
análises do judaísmo por meio de seus escritos.
Reorganização pós-exílica: Esdras e
Neemias
Esdras
O livro de Esdras reflete os eventos em Jerusalém em meados do período persa (no século
V a.C.) e é dividido em duas partes.
1
Primeira parte
Esdras 1 a 6
2
Segunda parte
Esdras 7 a 10
Primeira parte
Esdras 1 a 6 relata o retorno inicial dos exilados da Babilônia imediatamente após a
autorização concedida por Ciro e menciona os eventos que se seguiram nos primeiros anos
de restauração. Esses eventos estão ligados ao trabalho de Ageu e Zacarias, que são
especificamente designados em 5.1.
O relato narrativo diz respeito ao evento culminante da reconstrução do templo e à
consequente celebração da Páscoa (6.19-22), uma celebração que marca a restauração do
culto em Jerusalém.
O culto a Yahweh não foi interrompido em Jerusalém, como ficou evidenciado em Jeremias
41.4-5. Mas essa prática cúltica contínua não foi considerada legítima pelos repatriados.
 II.1: Esdras, o escriba. Ilustração no Codex Amiantinus.
(Fonte: Wikimedia
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/00/Ezra_Codex_Amiantinus.jp
)
Os seis capítulos iniciados pelo decreto de Ciro (1.2-4)
<https://www.bibliaon.com/esdras_1/> e concluídos pelo decreto de Dario (6.1-
12) <https://www.bibliaon.com/esdras_6/> , sobre o qual Ageu se refere (Ageu
1.1; 2.1,10) demonstram que a restauração realizada pelos repatriados goza de apoio e
aprovação imperial persas.
Decreto de Ciro
“Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra
e designou-me para construir um templo para ele em Jerusalém de Judá.”
Esdras 1.2
Decreto de Dario
“O rei Dario mandou então fazer uma pesquisa nos arquivos da Babilônia, que estavam nos
locais em que se guardavam os tesouros.”
Esdras 6.1
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/00/Ezra_Codex_Amiantinus.jpg
https://www.bibliaon.com/esdras_1/
https://www.bibliaon.com/esdras_6/
Segunda parte
A segunda parte do livro de Esdras, situada entre nos capítulos 7 a 10, apresenta a
liderança de Esdras.

Pois Esdras tinha decidido dedicar-se a estudar a Lei do Senhor e
a praticá-la, e a ensinar os seus decretos e mandamentos aos
israelitas.
Esdras 6.10
O livro apresenta a pureza étnica de Esdras, que tem o total apoio das autoridades persas,
como pode ser visto no decreto Artaxerxes em Esdras 7.11-27
<https://www.bibliaon.com/esdras_7/> . Esse decreto, saturado com a retórica
convencional da aliança, identifica o principal trabalho de Esdras: ele é um “escriba da lei
do Deus dos céus” (7.12). Assim, Esdras reconstitui a comunidade de Jerusalém de forma
comprometida.
Neemias
O livro de Neemias contém muitos temas comuns ao livro de Esdras, embora o texto trate
de forma prioritára da liderança de Neemias. É muito importante que grande parte do livro
seja um relatório em primeira pessoa de Neemias (Neemias 1-2; 4-6; 7.1-5; 12.31-43;
13.4-31).
Neemias decide reconstruir as muralhas da cidade de Jerusalém (Neemias 1-2).
https://www.bibliaon.com/esdras_7/

[...] e respondi ao rei: Se for do agrado do rei e se o seu servo
puder contar com a sua benevolência, que ele me deixe ir à
cidade onde meus pais estão enterrados, em Judá, para que eu
possa reconstruí-la.
Neemias 2.5
Narra a liderança vigorosa de Neemias em nome de sua própria comunidade e sua
vigorosa e severa resistência a seus detratores, que tentam impedir seu trabalho (Neemias
4-6).

Fiz uma rápida inspeção e imediatamente disse aos nobres, aos
oficiais e ao restante do povo: Não tenham medo deles.
Lembrem-se de que o Senhor é grande e temível e lutem por seus
irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por suas mulheres e por
suas casas.
Neemias 4.14
Defende a cidade e sua iniciativa para a repovoamento (7.1-4)

Eu lhes disse: As portas de Jerusalém não deverão ser abertas
enquan to o sol não estiver alto. E antes de deixarem o serviço, os
porteiros deverão fechar e travar as portas. Também designei
moradores de Jerusalém para sentinelas, alguns em postos no
muro, outros em frente das suas casas.
Neemias 7.1-4
Exibe Neemias organizando uma grande procissão comemorando a conclusão dos muros
da cidade de Jerusalém (12.31-43).

E, naquele dia, contentes como estavam, ofereceram grandes
sacrifícios, pois Deus os enchera de grande alegria. As mulheres e
as crianças também se alegraram, e os sons da alegria de
Jerusalém podiam ser ouvidos de longe.
Neemias 12.43
E evidencia que a sua administração estava preocupada com o templo, o sábado e os
casamentos com mulheres estrangeiras (13.4-31).

Havia alguns da cidade de Tiro que moravam em Jerusalém e que,
no sábado, traziam e vendiam peixes e toda espécie de
mercadoria em Jerusalém, para o povo de Judá.
Neemias 13.16
Neste último aspecto, a obra de Neemias é congruente com a de Esdras (Esdras 9.10).
 No topo da costa oriental da cidade de Davi, Neemias e
os exilados retornados construíram uma nova muralha da
cidade. Embora tenham reparado os muros em outroslugares da cidade, eles construíram a parede acima do
íngreme Vale de Kidron. A construção é feita após a encosta,
sobre uma parede arruinada do palácio do Rei Davi (também
conhecida como a Estrutura de Pedra Grande) e sua muralha
maciça.
O material dos capítulos 8-10 de Neemias também é digno de nota. O capítulo 8 é um
relatório narrativo muito sugestivo em que Esdras dirige a comunidade por meio de
instruções cuidadosas da Torá, interpretando-a para que possa ser entendida e recebida
como relevante para a vida da comunidade - especialmente os versos 7-8.

Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a
fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido.
Neemias 8.8
O capítulo 9 de Neemias apresenta a grande oração de confissão, que busca reconectar a
comunidade a Yahweh. Os dois atos, a leitura da Torá e a confissão de pecados, fornecem
o contexto para a aliança de Neemias 9.38-10.39. Nota-se que o papel de Neemias nessa
série de textos é mínimo (8.9; 10.1), pois esses atos de reconstrução religiosa estão
relacionados ao trabalho de Esdras, o escriba.

Saiba mais
Veja também Esdras 9 <https://www.bibliaon.com/esdras_9/> e, menos
diretamente, Daniel 9 <https://www.bibliaon.com/daniel_9/> .
Atividade
1. Quais são os temas dos livros de Esdras e Neemias?
 a) A reforma religiosa e a reforma política de Israel, respectivamente.
 b) A restauração das fontes de águas de Jericó e a reconstrução dos muros de
Jerusalém, respectivamente.
 c) A reconstrução dos muros de Jerusalém e do templo de Jerusalém,
respectivamente.
 d) A política expansionista e a reconstrução das casas desoladas, respectivamente.
 e) A reconstrução do templo de Jerusalém e a reconstrução dos muros de
Jerusalém, respectivamente.
Salmos e Culto no segundo Templo
O livro de Salmos é um testemunho eloquente, poético e piedoso da vida de Israel com
Yahweh, um testemunho que colige expressões de fé ao longo dos séculos até que essa
coleção se tornou o principal guia da fé e do culto tanto na sinagoga quanto na igreja.
Em sua presente forma canônica, Salmos está organizado em cinco livros:
Primeiro livro
Salmos 1-41
Segundo livro
Salmos 42-72
Terceiro livro
https://www.bibliaon.com/esdras_9/
https://www.bibliaon.com/daniel_9/
Salmos 73-89
Quarto livro
Salmos 90-106
Quinto livro
Salmos 107-150
Cada livro culminando em uma Doxologia , até que a última parte resulta em uma
coleção de doxologias (Salmos 145-150).
Esse arranjo é uma articulação tardia, que parece projetar um contraponto litúrgico aos
Cinco Livros de Moisés que constituem a Torá. A forma final do texto nas cinco partes é
instrutiva, pois relaciona todo o Saltério com a fé na Torá.
No entanto, é necessário considerar a forma como as partes do Saltério juntas constituem
a soma do todo que agora compõe o livro dos Salmos.
 Davi tocando a harpa. Pintura de Jan de Bray, 1670.
A coleção de salmos que constitui o Livro de Salmos é formada por salmos individuais e
pequenas coleções anteriores e menores.

Exemplo
Os Salmos 120-134 são designados Salmos de Romagem ou Cânticos de
Degraus, uma pequena coleção de canções usadas em um contexto litúrgico
2
http://10.8.0.71/disciplinaportal/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula8.html
particular.
Os Salmos 73 a 83 constituem uma série de salmos relacionados a Asafe.
Os Salmos 84, 85 e 88 são atribuídos a Coré.
Essas pequenas coleções de salmos se relacionam aos grupos de coros do período persa,
que poderiam ter desenvolvido seu próprio manual de adoração ou hinário, posteriormente
incorporado na coleção maior (ver 2 Crônicas 25).
O Saltério de Israel faz parte de uma herança cultural-litúrgica muito ampla, já que, por
trás das coleções menores, há uma longa história de materiais de coleções antigas que
foram emprestados até mesmo de outras culturas.
Atividade
2. Como é organizado o livro de Salmos em sua forma canônica?
Gêneros literários nos Salmos
Ação de graças
É um salmo em que um indivíduo expressa um lamento e Yahweh responde. O Salmo 30
constitui um bom exemplo desse gênero.
Doxologia
Consiste na comemoração do imenso poder de Yahweh, poder que se mobiliza para agir
em uma situação em que Israel se encontra impotente.
Lamentação
É uma oração motivada por crises ou derrotas, pessoais ou coletivas. Os Salmos 74 e 79
centram-se na destruição do templo em Jerusalém, a crise pública por excelência no
Antigo Testamento.
Lamentação individual
Frequente no Saltério, é a voz de uma pessoa que fala a Yahweh sobre a sua angústia
pessoal (doença, abandono, prisão etc.). O Salmo 13 é um claro exemplo dos principais
elementos desse padrão retórico: é uma queixa que descreve a Yahweh a tristeza e a dor
3
http://10.8.0.71/disciplinaportal/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula8.html
(Salmo 13.1-2).
Hino
Um ato de louvor exuberante que exalta e celebra tanto a pessoa de Yahweh como as
ações características de Yahweh. O Salmo 117 é um pequeno exemplo de um hino que
inclui duas partes: uma convocação para louvar a Yahweh (Salmo 117.1) e a razão para o
louvor: a fidelidade de Yahweh (Salmo 117.2).
Sabedoria de Israel: Provérbios, Jó e
Eclesiastes
Provérbios
O livro de Provérbios é o terceiro grande livro poético que está no início do terceiro
cânone, os Escritos. É a linha de base para tudo o que se segue no judaísmo em relação à
tradição da sabedoria. Provérbios pertence a uma tradição teológica alternativa à teologia
mais tradicional da aliança.
Provérbios fornece um ensino de consenso, sendo esse o papel das declarações sapienciais
dissidentes não apenas em Provérbios, mas também em Jó e Eclesiastes. O livro é uma
coleção de coleções anteriores de ditos que o processo redacional acabou por colecionar e
reunir. Assim, a coleção maior foi formada por meio de um processo editorial, um processo
que produziu um livro canônico cuja forma completa não é evidentemente intencional.
 Rolo de Provérbios. (Fonte: Wikimedia)
A primeira coleção de provérbios, situada nos capítulos 1-9, parece ser uma
introdução teológica ao conjunto.
Os provérbios de Salomão são reunidos em 10.1-22.16.
As palavras dos sábios estão reunidas entre 22.17 e 24.22.
As outras palavras de homens sábios estão reunidas em Provérbios 24.23-34.
Outros provérbios atribuídos a Salomão e transcritos pelos homens do rei da Judeia,
Ezequias, estão em Provérbios 25-29.
As palavras de Agur, de Massa, são reunidas em Provérbios 30.1-9.
As instruções maternais a Lemuel, rei de Massa, estão em Provérbios 31.1-9.
Duas outras divisões, Provérbios 30.10-33 e 31.10-31, não possuem identificação
externa.
Três coleções de Provérbios estão ligadas a Salomão e mencionam a sua reputação
como sábio (1.1; 10.1; 25.1). A introdução de 25.1 faz alusão ao rei Ezequias.
Provérbios 30.1 e 31.1 referem-se a não israelitas.
Provérbios 22.17-24.22 é uma coleção que está evidentemente ligada à instrução
egípcia de Amen-em-Opet.
Jó
Jó é um livro desafiador. Retoricamente, o livro apresenta gêneros e padrões de fala mais
antigos. Teologicamente, o livro critica os velhos pressupostos do conceito de aliança por
meio de recursos sapienciais, desafiando as premissas básicas da fé de Israel.
Além disso, é apropriado que o livro de Jó siga o livro dos Salmos na ordem canônica
hebraica, pois ocupa os gêneros primários dos Salmos, especialmente lamento e hino.
Quanto ao gênero do livro de Jó, o material básico é a lamentação, que envolve três
partes:
O falante, que lamenta
Yahweh
O adversário (satan)
O lamento foi organizado no livro de Jó como uma disputa dialógica, que, expressada em
linguagem forense, equivale a um drama. Tal análise de gênero indica que estamos lidando
com um trabalho artístico imensamente sofisticado.
 Os tormentos de Jó. Ilustração de William Blake para o
Livro de Jó, 1793.
A peça central do livro de Jó é o longo trabalho poético de Jó 3.1-42.6, uma disputa em
duas partes (Jó 3-28 e 32.1-42.6) que estão conectadas por um solilóquio estendido nos
capítulos 29-31.
Nessadisputa, os vários discursos envolvem as questões relacionadas à fé. Embora seja
comum dizer que o poema de Jó trata do problema do mal, ou do problema da teodiceia, é
importante reconhecer que as questões abordadas aqui não são especulativas, mas estão
enraizadas nos fatos imediatos do sofrimento de Jó.
As questões dizem respeito às questões existenciais mais intensas e imediatas de fé, de
moralidade e de fidelidade, que se originam nas tradições mais antigas da Torá de Israel —
especialmente, o Deuteronômio. Tais questões são cruzadas aos problemas emocionais e
físicos do ser humano.

Saiba mais
Saiba mais sobre as questões levantadas no livro de Jó
<galeria/aula8/anexo/a8_doc1.pdf> .
Eclesiastes
Eclesiastes ou Qohelet . O pregador é identificado como Salomão, patrono do
ensinamento. A relação entre Salomão e o livro, no entanto, é uma manobra secundária e
tradicional que não está relacionada com o material do próprio livro.
O material de Eclesiastes é uma coleção de provas e ensinamentos de sabedoria que
ponderam sobre o mistério da criação e da vida no mundo. A relação de Eclesiastes com a
tradição mais antiga conhecida no livro de Provérbios é pouco provável.
 Fragmentos de Eclesiastes pertencentes à coleção de
Manuscritos do Mar Morto (4Q109).
É totalmente plausível que a desilusão com o antigo ensinamento sapiencial dinâmico
refletido em Eclesiastes seja orientada pelo contexto, o período persa tardio ou o período
helenístico.
O fator determinante no tom do livro é o desastre nacional sofrido por Israel. Mesmo que
Eclesiastes não trate explicitamente de Israel, a divisão de classes no livro — os
imensamente ricos e o campesinato livre, miserável e desiludido — tem relação com os
pesados impostos e direitos são cobrados por forças externas.
O tema de Eclesiastes, apresentado em 1.2 e 12.8, demonstra a sabedoria não conseguiu
alcançar seu objetivo; que um Deus distante governa sobre um mundo torto; e que a
morte não leva em consideração a virtude ou o vício.
4
http://10.8.0.71/disciplinaportal/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/galeria/aula8/anexo/a8_doc1.pdf
http://10.8.0.71/disciplinaportal/2018.2/introducao_ao_antigo_testamento__GON949/aula8.html

“Que grande inutilidade!", /diz o mestre. / "Que grande
inutilidade! / Nada faz sentido!
Eclesiastes 1.2

Tudo sem sentido! Sem sentido!", / diz o mestre. /"Nada faz
sentido! Nada faz sentido!
Eclesiastes 12.8
Por isso, a proposta do gozo como a ação mais sábia durante a juventude, antes que o
avançar dos anos torne impossível aproveitar a vida. As bases da filosofia de Eclesiastes
são os conceitos de:
Consolo (menachem)
Futilidade ou vaidade (hevel)
Lucro (yitron)
Eclesiastes 11.9-12.7 oferece uma meditação sobre a juventude e a idade. As primeiras
linhas de Eclesiastes 11.9 e a declaração de 12.1 são celebrações da juventude. O texto
insta os jovens a aproveitar a juventude ao máximo, ousando fazer o proibido, lançando a
cautela ao vento.
Tal conselho, no entanto, é imediatamente seguida por uma caracterização da velhice —
em Eclesiastes, a juventude é preferível à velhice. Eclesiastes 12.13-14 é uma pista para a
compreensão do sentido de todo o livro: a desilusão que permeia a tradição do Eclesiastes
é interrompida pela replicação da fé que é adequada para o dia. O final do livro apela para
se fazer tudo o que quiser, mas saber: “de tudo, Deus te pedirá conta”.
Atividade
3. Quais são os três conceitos básicos da sabedoria de Eclesiastes?
Quatro livros dos Megilloth
Rute
O livro de Rute é uma variedade de entretenimento narrativo, incluindo a possibilidade de
humor e de instrução.
Enredo
O enredo é simples e se passa no período dos juízes: uma família israelita se
incorpora no meio da nação moabita. Rute, viúva, moabita, não abandona a sogra
Noemi, judia, após a fome em Moabe e a tentativa de obter alimento em Belém. Elas
vivem das espigas que apanham, que caem no chão durante a colheita. Rute é um
modelo de fidelidade, coragem e astúcia, casa-se com Boaz e se torna ascendente de
Davi, que será o principal rei de Israel (Rute 4.17b,18-20).
Narrativa
A narrativa de Rute defende um judaísmo aberto e generoso para os estrangeiros.
Rute é um modelo ousado de uma mulher que age de forma decisiva para criar um
futuro para si mesma em um contexto social patriarcal onde ela não teria um bom
futuro. A relação entre Rute e sua sogra Noemi demonstra uma grande solidariedade
entre mulheres.
Vínculo litúrgico
O vínculo litúrgico que o judaísmo fez do livro de Rute à Festa das Semanas acontece
pelo fato da história ser na eira (3.1-18).
Pode ser que a referência ao festival de colheita seja suficiente para uma conexão.
Pode também ser que, no horizonte imaginativo do narrador, a eira seja alusiva ao
local definidor do festival, sendo entendida como uma arena mais generativa, que
abre o futuro para Israel por meio dos frutos colhidos no campo.
Lamentações
Lamentações é o livro dos cinco Megilloth que está mais claramente vinculado a um evento
específico.
O livro é constituído por cinco poemas de lamento e tristeza sobre a destruição da cidade
de Jerusalém nas mãos dos babilônios em 587 a.C. Esse evento é o momento decisivo da
crise na fé em Yahweh.
Nenhum outro evento na história de Israel foi transmitido
de forma tão vívida e concreta quanto a queda de
Jerusalém e suas consequências para os sobreviventes.
 Queda de Jerusalém (Fonte: drivethruhistory
<https://www.drivethruhistory.com/history-of-
jerusalem-since-its-destruction/> )
Todos, exceto o último dos cinco poemas, são expressos em forma de acróstico, isto é,
eles são estruturados de acordo com a ordem do alfabeto hebraico.
Os poemas dos capítulos 1, 2 e 4 têm vinte e dois versos, um verso para cada letra do
alfabeto. O poema do capítulo 3 é constituído por sessenta e seis versos, em que cada
letra do alfabeto hebraico começa três versos consecutivos. O quinto poema continua no
padrão de vinte e dois versos, mas não é escrito em acróstico.
Os capítulos 1 e 2 de Lamentações misturam gêneros: o lamento mais comum (entendido
como individual ou comunal), a canção fúnebre ou funeral, mas ambos combinados na
dinâmica fundamental da literatura de sobrevivência.
O destaque na poesia está na certeza de que as misericórdias de Deus se “renovam todas
as manhãs” (Lamentações 3.22-23).
A esperança reside:
Nos sentimentos quebrados e desesperados da filha de Sião, que implora a Deus que
a veja (1.9c, 11c, 20; 2.20).
https://www.drivethruhistory.com/history-of-jerusalem-since-its-destruction/
Nas urgências do narrador, que chora dia e noite (2.18-19);
Nas vozes da comunidade, que implora a Deus: “devolva-nos a nós mesmos” (5.21).
Cântico dos Cânticos
O Cântico dos Cânticos — também conhecido como Cantares de Salomão — é a
literatura de Israel dedicada ao amor.
Essa sequência de antigos poemas de amor eróticos hebraicos foi incluída como parte do
cânon bíblico e, assim, salva do esquecimento que provavelmente outros poemas da
literatura hebraica antiga foi vítima, já que quase todos os escritos do antigo Israel não
preservados na Bíblia simplesmente desapareceram ao longo dos séculos.
O livro alterna entre uma voz masculina e uma voz feminina, com interrupções ocasionais
de uma voz pertencente a um grupo feminino (por exemplo, 5.9; 6.1) e uma voz
pertencente a um grupo masculino (por exemplo, 8.8-9).
As vozes masculina e feminina representam dois amantes jovens, aparentemente não
casados, que passam a maior parte do poema expressando seus desejos eróticos e
descrevendo as suas atrações físicas em imagens exuberantes, às vezes hiperbólicas.

Exemplo
Em Cântico dos Cânticos 4.5-6
<https://www.bibliaon.com/cantico_dos_canticos_4/> — voz masculina.
“Seus dois seios são como filhotes de cervo,/como filhotes gêmeos de uma
gazela/que repousam entre os lírios. / Enquanto não raia o dia/e as sombras não
fogem,/irei à montanha da mirra e à colina do incenso.”
Em Cântico dos Cânticos 2.3
<https://www.bibliaon.com/cantico_dos_canticos_2/> —voz feminina.
“Como uma macieira entre/as árvores da floresta/é o meu amado entre os jovens.
Tenho prazer em sentar-me/à sua sombra;/o seu fruto é doce ao meu paladar.”
Essas citações com grande imagem poética usada no poema são extraídas do mundo
natural, e muitas vezes, parece conter duplos sentidos.
https://www.bibliaon.com/cantico_dos_canticos_4/
https://www.bibliaon.com/cantico_dos_canticos_2/

Exemplo
“O seu fruto é doce ao meu paladar” tem sentido ambíguo (ver também Cântico dos
Cânticos 4.16).
Mesmo que a poesia seja claramente erótica, ela nunca é
grosseiramente explícita, optando pelo discurso sugestivo
ou por metáforas para transmitir a sua carga sexual.
Ester
O livro final dos Cinco Rolos é o livro de Ester, que é um conto de coragem judaica, em
meio às ameaças e riscos do Império Persa. O Império Persa exerceu seu poder sobre os
judeus entre os séculos século VI e IV a.C. A comunidade judaica tinha um acordo com os
persas e, aparentemente, a comunidade de judeus de Jerusalém era economicamente
dependente do império. A narrativa de Ester evidencia alguma familiaridade com as
práticas culturais e políticas persas, mas a história narrada no livro de Ester pode ter sido
redigida mais tarde, no período helenístico.
O livro de Ester tem o objetivo de entreter e instruir. O texto também tem natureza
etiológica, uma vez que, em seu fim, faz alusão ao estabelecimento de uma Festa Judaica,
Purim. O livro é essencialmente judeu e advoga para que os judeus mantenham a
consciência de que são parte do judaísmo e exerçam uma sabedoria pragmática diante da
realidade do poder imperial.
 O triunfo de Mordecai. Pintura de Poeter Pietersz
Lastman, 1623. (Fonte: Wikipedia
<https://en.wikipedia.org/wiki/Purim#/media/File:Pieter_Pietersz._Lastman_-
_The_Triumph_of_Mordechai.jpg> )
O conto narra a ascensão de Ester no Império, o que a torna uma possibilidade de
salvação dos judeus. O resultado de seu arriscado esforço é que Mordecai, um judeu por
excelência, é honrado (Ester 8.15; 10.2-3). Hamã, o inimigo por excelência dos judeus, é
enforcado sob a autoridade do rei persa (7.9-10).
A conclusão em 9.20-32 é de especial interesse para entender a forma canônica e
institucional de Ester. Esses versículos tratam da celebração regular do Festival de Purim,
uma ocasião de alegria e de celebração do judaísmo puro e da preservação dos judeus
diante das ameaças à sua vida.
O resultado de tal prática é que toda geração de judeus
tem a oportunidade de se envolver novamente na tarefa
ousada da particularidade judaica na vida pública do
mundo.
Cronologia básica do exílio e do pós-
exílio (persa)
Período de Exílio na Babilônia (aprox. 606-536 a.C.)
Período Persa (536-331 a.C.)
Ciro (538-529 a.C.): Ed 1.1; Is 45.1; Dn 1.21.
Dario o Medo. Também chamado Dario I, e Dario filho de Assuero (Dn 5.31;
6.1,28; 9.1)
Assuero (529-522 a.C.): Ed 4.6
Artaxerxes I (522-521 a.C.): Ed 4.7-11
Dario II (521-485 a.C.): Ed 4.5; 5.6; 6.1
Assuero (485-465 a.C.): Et 1.1
Artaxerxes II (465-424 a.C.): Ed 7.1; Ne 2.1; 13.6
https://en.wikipedia.org/wiki/Purim#/media/File:Pieter_Pietersz._Lastman_-_The_Triumph_of_Mordechai.jpg
Dario III, o Notus (424-404 a.C.): Não é mencionado na Bíblia.
Artaxerxes III, o Mnémon (404-359 a.C.): Não é mencionado na Bíblia.
Artaxerxes IV, o Ocus (359-338 a.C.): Não é mencionado na Bíblia.
Arses (338-335 a.C.): Não é mencionado na Bíblia.
Dario IV (335-331 a.C.): Neemias 12.22. Foi vencido por Alexandre, o
Grande.
Atividade
4. Quais são os cinco livros que compõem os Megilloth?
Notas
Teodiceia
Filosofia: no leibnizianismo, conjunto de argumentos que, em face da presença do mal no
mundo, procuram defender e justificar a crença na onipotência e suprema bondade do Deus
criador, contra aqueles que, em vista de tal dificuldade, duvidam de sua existência ou perfeição.
Derivação: por extensão de sentido: teoria que, no pensamento francês do século XIX, além de
contestar os argumentos antirreligiosos decorrentes da existência da maldade, explicava
racionalmente a natureza divina e seus atributos.
FONTE: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2001.
Doxologia
Liturgia Católica: fórmula litúrgica de arremate nas grandes orações católicas (hinos, preces,
versículos etc.) em que se glorifica a grandeza e majestade divinas.
FONTE: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2001.
Saltério de Israel
É possível entender o Saltério como um longo processo editorial e tradicional, pelo qual músicas e
poemas de muitas fontes foram reunidos em coleções para uso em uma variedade de contextos.
Por fim, as várias coleções foram moldadas em um grande esquema.
1
2
3
Qohelet
Particípio feminino hebraico que significa aquele que monta uma assembleia, ou seja, o pregador.
Referências
ALONSO SCHÖKEL, Luis; CARNITI, Cecília. Salmos I. São Paulo: Paulus, 1998.
GOTTWALD, Norman K. Introdução socioliterária à Bíblia hebraica. 2. São Paulo: Paulus
Editora, 1997.
HILL, Andrew E; WALTON, John H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida
Acadêmica, 2006.
SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. 5, São Leopoldo: Sinodal, 2013.
Próximos Passos
Escrito sacerdotal (Priesterschrift);
1 Crônicas;
2 Crônicas.
Explore mais
Os Ketûvîm contêm uma coleção especial, os Megilloth, que são livros utilizados no calendário
litúrgico das festas de Israel. Cinco livros são cantados na época da celebração das festas: Cântico
dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Ouça as músicas tradicionais das Festas
Judaicas que Megilloth ensejam:
Purim. <http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Purim> Acesso em 3 set. 2018.
Sukkot. <http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Succot> Acesso em 3 set.
2018.
Páscoa. <http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Passover> Acesso em 3 set.
2018.
Hanukkah. <http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Hanukkah> Acesso em: 3
set. 2018.
Shavuot. <http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Shabuot> Acesso em: 3 set.
2018.
4
http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Purim
http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Succot
http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Passover
http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Hanukkah
http://www.pizmonim.org/festivals.php?holiday=Shabuot

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