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Prof. Dr. Alexandre Duarte Baldin Diabetes Glicose Quase todo alimento, no final do seu metabolismo, é transformado em glicose (açúcar) que é absorvido pelo intestino (microvilosidades intestinais) e levado para a corrente sanguínea para seu devido consumo ou estoque. Todas as células precisam dessa fonte de energia para se manterem vivas. É através da glicose que as funções celulares acontecem. Porém a glicose precisa entrar dentro da célula para proporcionar tal efeito. Se ela se mantém fora da célula algo de errado está acontecendo = DIABETES. A glicose para ser utilizada pela célula precisa ser transportada para dentro dela. A GLICOSE NÃO TEM PERMISSÃO/PERMEABILIDADE PARA ENTRAR DENTRO DA CÉLULA SOZINHA. ELA PRECISA DE UM TRANSPORTADOR. Transporte de Glicose Para ser utilizada como fonte de energia, a glicose não pode ficar fora da célula, ou seja, no sangue. Uma pequena fração de toda glicose precisa estar no sangue, para manter a glicemia sanguínea adequada para manutenção do funcionamento cerebral. TODO O RESTANTE precisa estar dentro da célula OBRIGATORIAMENTE. Para que esse restante vá para dentro da célula ela precisa de uma carona – um transporte – que a levará para seu devido lugar. Quando há esse transporte adequado, tudo funciona adequadamente. Este transporte é chamado de INSULINA que é produzida no pâncreas. Tendo quantidades adequadas de insulina, a glicose é transportada, se não, toda a glicose fica parada no sangue, pois não tem quem a transporte para dentro da célula. Aumentando, assim, os níveis de glicose (açúcar) no sangue = DIABETES. Pâncreas • O pâncreas é comporto por milhões de ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. É dentro dessas ilhotas que tudo acontece. Toda função pancreática tem comunicação com ductos e vasos, como observados nas setas azuis e pretas e que ligam o pâncreas com o resto do corpo. Ilhota de Langerhans Ilhota de Langerhans ou pancreática Dentro das ilhotas estão várias células que apresentam suas funções específicas, como observado abaixo: Células Beta: Produzem Insulina Células Delta: Produzem Glucagom Células Delta: Produzem Somatostatina Ácino Pancreático: Produzem Suco pancreático Eritrócito: Irrigam o pâncreas Ducto: canal de ligação entre o pâncreas e intestino Controle glicêmico É possível observar na figura que toda glicose (verde) que é absorvida pelo intestino é levada para o sangue e, de lá, para dentro da célula. Percebam que quem abre as portas da célula para a glicose é a insulina (branco) que foi produzida no pâncreas e liberada na corrente sanguínea. Conforme há maior consumo alimentar, há maior produção de insulina, para que a glicemia esteja sempre equilibrada, ou seja, sempre dentro dos valores de referência. Quando se fala em glicemia, refere-se à SANGUE Ou seja, valores glicêmicos estão sempre se referindo aos valores (quantidade) de glicose no sangue. Sendo assim, se há uma boa glicemia é sinal de que há boa produção insulínica e está levando a glicose para dentro da célula. Sequencia Alimento Estômago Glicose absorvida pelo intestino Levada para o sangue Insulina Dentro da Célula A produção de insulina obedece a quantidade de alimento ingerido, para que tenha sempre a glicemia equilibrada. Resumindo: A glicose vem do intestino e a insulina vem do pâncreas. As duas se encontram no sangue e vão em direção às células, para estocar a glicose. Se a insulina guarda/poupa a glicose (dentro da célula), ela diminui a glicose sanguínea, portanto, ela exerce um papel hipoglicemiante sanguíneo (diminuindo a glicemia do sangue). Sem insulina não se diminui a glicemia. Este é um papel exclusivo da Insulina. Descontrole glicêmico Quando o pâncreas não produz insulina adequadamente, como ilustrado na figura abaixo, toda a glicose absorvida pelo intestino e jogada na corrente sanguínea permanece por lá, pois não há quem abra as portas da célula para sua entrada. Com isso, inicia-se um círculo contínuo de: Aumento de glicose no sangue e Diminuição de glicose dentro da célula. Se toda glicose está no sangue, a célula inicia processo de sofrimento, pois não tem fonte de energia. Perceba que não há insulina (seta branca) na corrente sanguínea. Os vasos também sofrem com o aumento da quantidade de glicose no sangue, pois é altamente prejudicial / inflamatório. Os rins são sobrecarregados, pois todo sangue lotado de glicose vai para os rins para ser filtrado para eliminar todo o excesso de glicose e lixos metabólicos. Hormônios Reguladores de Glicemia • Insulina: transporta glicose para dentro da célula, estocando em forma de glicogênio muscular e hepático. • Glicogênio = poupança / estoque de glicose • Se a insulina carrega a glicose do sangue para dentro da célula, ela diminui a glicose do sangue e aumenta dentro da célula. Ela é considerada um hormônio HIPOGLICEMIANTE. • Ela é produzida após refeição, ou seja, quando os níveis glicêmicos aumentam. • Glucagom: transporta glicose de dentro da célula para o sangue, gastando essa poupança (glicogênio) que a insulina fez. • O glicogênio é quebrado em forma de glicose. • Se o glucagom carrega a glicose de dentro da célula para o sangue, ele aumenta a glicose do sangue e diminui dentro da célula. Ele é considerado um hormônio HIPERGLICEMIANTE. • Ele é produzido entre as refeições ou em períodos de jejum, parar que tenha sempre glicose no sangue para o funcionamento cerebral. Definição de Diabetes Quando não se tem um bom controle glicêmico, toda a glicose se mantém na corrente sanguínea e este quadro é chamado de Diabetes que é definida como “erro do metabolismo da glicose” ou “aumento da quantidade de açúcar (glicose) no sangue por falta absoluta ou relativa de insulina” Falta absoluta de insulina = Diabetes tipo I Falta relativa de insulina = Diabetes tipo II Diabetes tipo I Em diabetes tipo I, há a destruição das células ß (beta) = não produção de insulina, com isso, toda a glicose ingerida, permanecerá na corrente sanguínea, gerando Diabetes. Com isso, os indivíduos diabéticos tipo I, são chamados de insulino dependentes, ou seja, dependerão do uso de insulina sintética, DIARIAMENTE, pois não há quem faça o transporte adequado de glicose para dentro da célula. Como percebe-se na ilustração, a glicose absorvida pelo intestino é levada para a corrente sanguínea mas não consegue chegar até o fígado e músculo para ser estocada como glicogênio. Diabetes tipo II Em indivíduos diabéticos tipo II, há produção insulínica, ou seja, as células Beta pancreáticas estão preservadas, porém há resistência à mesma. Os receptores da insulina nas células não reconhecem a insulina e, com isso, não conseguem se ligar e abrir as portas da célula para a glicose entrar, fazendo com que toda glicose se mantenha fora da célula da mesma forma. O diabetes tipo II apresenta grande relação com obesidade e sedentarismo e tem maior incidência em indivíduos com mais de 40 anos. Quanto maior for o tecido adiposo, maior a resistência a insulina. Por isso que o diabetes tipo II é maior em pessoas que estão acima do peso. Esses indivíduos produzem insulina, porém o excesso de gordura atua como um obstáculo na ação da insulina. Não permitindo sua ligação com seu receptor. O tratamento para este tipo de diabetes é via oral. Diabetes tipo II / Tratamento O tratamento para diabéticos tipo II se dá através de medicamentos via oral e não necessariamente por insulina, visto que seu organismo já produz insulina. Os medicamentos mais comuns para este tratamento são: Biguanidas/Glitazonas: METFORMIINAAumentam a sensibilidade do organismo à insulina já produzida Acarbose: AGLUSOSE OU GLUCOBAY Torna mais lenta a absorção da glicose no intestino Comparativo Diabetes tipo I Falência das células Beta Não produz insulina Dependentes de insulina 20% dos casos de diabetes Acontece principalmente na infância e Adolescência Não relacionado com obesidade Se manifesta de forma abrupta Menor pré-disposição genética Diabetes tipo II Preservação das células Beta Produz insulina Tratamento medicamentoso via oral 80% dos casos de diabetes Fase adulta, mas pode ocorrer em crianças obesas Maior relação com obesidade Se manifesta de forma lenta Grande pré-disposição genética Diabetes Gestacional Toda mulher grávida apresenta certa resistência à insulina, por conta do aumento do hormônio Lactogênio placentário, que tem seu aumento iniciado por volta da 24ª semana gestacional. Se este hormônio promove resistência a insulina, o quadro clínico se compara ao diabetes tipo II, pois o pâncreas desta mulher continua produzindo insulina, porém, o hormônio Lactogênio placentário, impede a ação adequada da insulina, induzindo ao aumento da glicemia = diabetes gestacional. Com o aumento da glicemia materna, todo sangue lotado de glicose vai para o bebê via cordão umbilical. Quando o bebê recebe o sangue cheio de glicose, ele não tem insulina suficiente para equilibrar sua glicemia, tornando seu sangue, também, cheio de glicose. O bebê pode se tornar/nascer diabético por conta do diabetes materno. Diabetes Gestacional Todo excesso de glicose que não foi estocado em forma de glicogênio (muscular ou hepático) vira gordura, com isso os bebês de mães diabéticas, nascem muito grandes (com mais de 5 Kg). Estes são chamados de macrossomia fetal. Macrossomia fetal = bebês que sofreram constantemente hiperglicemia materna e foram estocando o excesso de glicose em forma de gordura. Estes bebês já nascem com amento de tecido adiposo. Já sofreram hipertrofia e hiperplasia de tecido adiposo precocemente. Revisando: Sofreram primeiramente Hipertrofia e depois hiperplasia e assim sucessivamente, enquanto tiver oferta maior de glicose. Quando termina a gestação a mulher pode não apresentar mais diabetes ou continuar com o quadro. Isso não é regra. Da mesma forma que os bebês podem nascer diabéticos ou não. Valores Glicêmicos Glicemia de jejum: 70 a 110 mg/dL Pós-prandial (após refeições): até 140 mg/dL Valores glicêmicos sujeitos a modificações frequentes (verificar constantemente as modificações dos valores) Hipoglicemia Baixo nível de açúcar no sangue, que pode ocorrer devido à: Uso da insulina acima do esperado Atraso na alimentação ou alimentação pequena Excesso de exercício Permanência de jejum por tempo prolongado Ou alimentar-se pouco e junto aplicar muita insulina Sintomas: Fome Tremor Sensação de desmaio Fraqueza Visão turva Hiperglicemia Aumento da taxa de açúcar no sangue Valores acima de 126 mg/dl, suspeitas de diabetes Ocorre devido à: Pouco exercício Excesso de comida Insulina inferior a necessidade Alimentar-se muito e não aplicar insulina Sintomas Boca seca Dor de cabeça Sede (polidipsia) Vontade de urinar frequente (poliuria) Comparativo Hipo e Hipergllicemia Patologias do Diabetes não controlado Sempre que o diabético controlar sua glicemia, seja por alimentação, exercício físico, inulina e/ou os medicamentos via oral, ele terá sua qualidade de vida tão boa quanto a de um indivíduo não diabético. Uma vez que sua glicemia torna-se desequilibrada e não há controle sobre a mesma, alguns quadros clínicos se instalam e as complicações do diabetes tornam-se presentes, como: Retinopatia (complicação nos olhos) Nefropatia (complicação nos rins) Neuropatia (complicação nos nervos) Veja a seguir as explicações dos quadros Retinopatia Com o aumento da permeabilidade capilar, causa edema retinal, comprimindo a retina e provocando comprometimentos oculares, não apresentando muitos sintomas e não sendo doloroso, ocasionalmente, pode ter a visão desfocada. O que é um ponto negativo, pois o indivíduo não procura ajuda e quando for diagnosticado, já está com a visão bastante comprometida. Cegueira é 25 x > em diabéticos Nefropatia Os rins começam a serem sobrecarregados para eliminar todo o excesso de glicose, para isso, ele precisa trazer para junto dele uma maior quantidade de água para diluir a glicose e eliminar em forma de urina. Por isso que o indivíduo diabético sente muita sede e vontade de urinar muito. Puxando muita água da luz vascular (vaso) para diluir o excesso de água os rins conseguem diluir bem a glicose e excretarem em forma de urina. Sendo assim, o indivíduo urina mais e por urinar mais, sente muita sede. E isso é um ciclo vicioso. Com a sobrecarga renal, os rins podem parar lentamente suas funções ou até a paralisa total, fazendo com que haja perda de proteína na urina, por exemplo Albumina ou até hemodiálise. Neuropatia Em quadros hiperglicêmicos, pode haver comprometimento neuronal / nervoso e os sintomas mais comuns são: Adormecimento e dores nas mãos, pés e pernas; Bexiga. Trato digestório e órgãos sexuais. Insensibilidade à temperatura 60% dos diabéticos apresentam neuropatia 30 a 40% não apresentam sintomas Cicatrização em diabéticos O açúcar é altamente inflamatório e, por isso, apresenta dificuldade em cicatrizar, como vimos em outras aulas. Quando o nível glicêmico está dentro dos valores esperados, a cicatrização acontece de forma adequada, pois a glicose/açúcar está dentro da célula e não no sangue. Quando em hiperglicemia, o diabético não cicatriza pois aumenta o nível inflamatório, podendo aumentar o processo inflamatório e ainda em casos mais graves, Necrose e amputação. Por isso, a prevenção é essencial. Não havendo cortes, não abre-se portas para inflamações e infecções, protegendo o organismo contra agentes agressores. Uma vez machucado E hiperglicêmico, as chances de não cicatrização são enormes, por isso, o cuidado com o pé do diabético deve ser gigante, para evitar ferimentos e afins.
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