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Direito Constitucional II - Carlos Rátis

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DIREITO CONSTITUCIONAL II
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Professor: Carlos Rátis
Aulas 2015.1
1. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO: Artigos 18 e 19 da Constituição Federal de 1988.
1.1. História da organização político-administrativa: No decorrer do século XIX, os Direitos Fundamentais vão surgindo de acordo com a necessidade. A Revolução Industrial, na Inglaterra, é um marco para o surgimento desses direitos. O Brasil alcança sua independência em 1822 e é concebido como Estado Unitário, porque os atuais estados-membros eram apenas províncias (que correspondiam às sesmarias). Com o movimento abolicionista, transformou-se o sistema de governo e a situação político-administrativa (do Estado-Unitário para a Federação).
A organização Brasileira é diferenciada da dos outros Estados, pois possui características próprias: além da União e dos estados, os municípios também são entes federativos.
1824 – Brasil Império: O Estado era unitário, e verificava-se a presença do poder moderador, exercido exclusivamente pelo imperador. O Estado era dividido em províncias, e havia a real necessidade de mudanças em vários setores da sociedade. Alguns eventos importantes que aconteceram nesse período foram a abolição da escravatura e a proclamação da República.
1891 - A influência norte americana se fez presente, e Ruy Barbosa importa do Constitucionalismo americano o Federalismo, que no Brasil, ocorreu às avessas (Federalismo de dentro para fora, ou Federalismo centrífuga – o americano é centrípeta). Este Federalismo buscava a independência das “províncias”, agora estados membros (possuíam menos autonomia que os estados americanos). Os municípios correspondiam a unidades administrativas dentro dos estados federados. A Constituição de 1891 possibilitou a mudança da organização administrativa de um Estado Unitário para um Estado Federado, num movimento de Federalismo centrífuga, diferentemente dos Estados Unidos, que ultrapassou um movimento centrípeta, uma vez que as ex-colônias americanas passaram à condição de federações e, posteriormente renunciaram esta condição, em favor da criação dos Estados Unidos da América (sistema dual: União + estados membros).
1.2. Constituição de 1988: 
Artigo 18: O texto constitucional esclarece que, os entes federativos não exercem soberania, esta pertence somente ao Estado. A União (pessoa jurídica de direito público interno), os estados e os municípios possuem autonomia legislativa, administrativa e orçamentária, e não existe hierarquia entre eles (Federalismo de três voltas).
a) Sobre o Distrito Federal: Brasília é a Capital Federal – representa o centro político das decisões governamentais brasileiras. É um sistema híbrido, pois não pode ser divido em municípios e nem se transforma em estado, porém, o Distrito Federal acumula competências estaduais e municipais. O Artigo 32 regula a criação da Lei Orgânica do Distrito Federal. O Distrito Federal não possui Constituição, possui Lei Orgânica Distrital. Acumula competências estaduais e municipais, logo, a lei orgânica do Distrito Federal possui uma parte com força de Constituição Estadual e uma parte com força de Lei Orgânica Municipal, de modo que, é cabível a ação de inconstitucionalidade, no que diz respeito à parte que equipara-se a uma Constituição Estadual. No Distrito Federal há o exercício de autonomias, que no decorrer da evolução da Constituição, foram ampliadas. A autonomia do DF é mitigada, mas estão sendo diminuídas as restrições.
b) Sobre os territórios federados: desde 1988 não foram criados territórios federados (diferente de ente federativo). Para o STF, o território federado seria uma autarquia federal (natureza jurídica), não sendo concebido portanto, como ente federativo. A criação de um território federado dependerá de lei complementar aprovada no congresso nacional. Até 1988 tínhamos dois territórios federados: Roraima e Amapá, que passaram a ser estados membros com base no artigo 14 do ADCT. O ex território de Fernando de Noronha passou a ser uma unidade administrativa dentro do estado de Pernambuco, com base no artigo 15 do ADCT. Se existissem territórios federados, segundo o artigo 33, a sua administração caberia ao governador (nomeado pelo presidente da República), e, caso possuíssem mais de 100.000 habitantes, além do governador, haveria também órgãos do poder judiciário de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais.
c) Sobre os estados membros: Os estados membros exercem o poder decorrente, logo, apresentam constituições próprias, que devem estar em consonância com a Constituição Federal. Podem exercer atos administrativos através das assembleias legislativas (leis complementares, leis ordinárias, decretos...). Os governadores dos estados membros poderão editar medidas provisórias caso esteja autorizado nas constituições estaduais.
Os estados membros podem vir a se desmembrar-se, ultrapassar uma fusão de estados, dar origem a um novo estado membro, etc. Deve ocorrer através de um plebiscito, que deverá ser autorizado pelo Congresso Nacional. Segundo o artigo 25, os estados membros apresentam regiões metropolitanas que correspondem a aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes. As regiões metropolitanas são criadas mediante lei complementar, pela Assembléia Legislativa. Os estados membros são entes residuais ou remanescentes: o que não for da competência da União e dos municípios, será dos estados membros.
d) Sobre os municípios: Os anti-municipalistas defendem que os municípios não são entes federativos pois, não possuem constituições (somente lei orgânica), logo não exercem poder decorrente. A lei orgânica deve respeitar a Constituição Estadual e a Constituição Federal. Os municípios não possuem poder judiciário próprio. A receita municipal é ínfima diante das receitas da União e dos estados membros. As leis que regulamentam a criação de municípios passaram por algumas fases:
1ª etapa: 05/10/1988 – Os municípios só passam a ser entes federativos a partir de 1988. O crescimento de municípios ocorreu a partir de 1996, pois alguns requisitos deixaram de existir. Até a emenda nº 15, de Dezembro de 1996, a alteração da organização político-administrativa dos municípios dependia de lei estadual e consulta prévia mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos. Os municípios se expandiram tanto de acordo com interesses políticos.
2ª etapa: EC nº 15, de Dezembro de 1996. Surgem outros dois requisitos que transformaram o que estava disposto no Artigo 18, §4. Passa a ser necessário uma lei complementar federal, que estabeleceria prazo para a alteração (nunca foi criada). O segundo requisito era o estudo de viabilidade municipal. Mesmo com essas duas novas condições, os municípios continuaram crescendo exageradamente.
3ª etapa: EC nº 57, de 18 de Dezembro de 2008. Introduziu o Artigo 96 do ADCT (vigência pré determinada). O Congresso Nacional convalidou municípios que nasceram a partir de vícios de constitucionalidade (perda de objeto).
Existem autores que defendem que a lei orgânica se equipara à um Constituição, porém, o supremo nega isto. Quando lei complementar municipal, conflitar com a lei orgânica municipal, haverá uma ilegalidade, não uma inconstitucionalidade. Quando na norma orgânica, constar uma norma de repetição obrigatória, as partes envolvidas devem alegar inconstitucionalidade m relação à Constituição Estadual ou à Constituição Federal. Os prefeitos não podem editar medidas provisórias. O Artigo 29 da Constituição Federal, dispõe sobre a forma de criação das Leis Orgânicas. A lei orgânica municipal pode ser declarada inconstitucional, desde que, esteja contra à Constituição Federal (julga-se no STF) e à Constituição Estadual (julga-se no TJ).
2. FEDERALISMO:
2.1. Matriz norte americana:
· Princípios da obra “O Federalista” – Alexander Hamilton, James Madison, John Joy: A Constituição Americana de 1787, já estava sendo discutida a muito tempo, logo, depreende-se quesão os livros e as ideias que movimentam a sociedade. A obra “O Federalista” foi a base ideológica da Constituição Norte Americana. Os Found Fathers foram os autores da obra “O Federalista”.
· Características do Federalismo na obra “O Federalista”:
a) A política como exercício transparente e racional da procura pela justiça;
b) Pluralismo como essência da sociedade;
c) O federalismo como aprofundamento da soberania popular;
d) A ideia de Constituição como lógica política comum no quadro de uma sociedade rural.
2.2. Fases do Federalismo:
2.2.1. Dual: Existe a União e os estados membros e não há relação hierárquica entre eles. A Constituição estabelece quais as competências de cada um dos entes federados.
2.2.2. Cooperativo: Na época da Revolução Industrial as Constituições dos Estados Liberais são Constituições que priorizam os direitos de defesa. O Federalismo Cooperativo começa a ser moldado no final do século XIX. A doutrina considera que o seu surgimento está relacionado com a mudança do Estado Liberal para a o Welfare State. No Brasil a Constituição de 1934 é fundada no bem estar social, e busca proteger os novos direitos fundamentais que correspondiam aos direitos prestacionais, sociais. O Federalismo Cooperativo se traduz numa relação de mutua assistência entre os entes federativos. Trouxe consigo uma maior centralização do poder junto à União, mas isto não implica em hierarquização (exemplo: se um estado não conseguir cumprir com as suas funções, a união as toma para si). 
2.2.3. Federalismo comunitário ou regional: Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a doutrina considera que houve uma mudança de um Federalismo Cooperativo pra um Federalismo Regional, onde Estados buscavam integrar-se aos continentes. Há um grande crescimento de tratados e acordos internacionais.
- Revolução Copernicana do Direito Público: As Constituições passam a ser o centro. Todas as normas devem ser interpretadas à luz da Constituição.
- O Estado do Mau Estar Social, Estado Cavalo de Tróia, Estado Existencial etc. é aquele Estado que mostra a crise dos direitos fundamentais: passa a restringir os direitos individuais em face não cumprimento dos direitos sociais. Este Estado vem recentemente motivando uma reorganização dos estados federados. Atualmente está havendo discursões sobre o fortalecimento dos Federalismos Locais, devido a este Estado de Mau Estar Social.
2.3. Princípios do Federalismo: A relação dos princípios não é de subordinação e hierarquia, mas sim de abrangência.
a) Repartição dos poderes: “São poderes da união, independentes entre si, o legislativo, o executivo e o judiciário”. Artigo 60, § 4º. A expressão “separação de poderes” é errônea, pois, o poder político em si é um só, o que ocorre é a separação dos poderes funcionais. Na obra de Montesquieu, no “Espírito das Leis”, do século XVIII, pode-se encontrar a explicação da necessidade de separar os poderes funcionais de cada ente federativo. O poder político deve ser exercido de forma una e indivisível.
b) Descentralização: Quando se fala em Federalismo é consectário lógico se admitir a descentralização das decisões políticas.
c) Participação política: Deve ser uma participação responsável. 
d) Manutenção do pacto federativo: O pacto federativo não é sequer objeto de revisão constitucional. O pacto federativo é cláusula pétrea, diferentemente da forma e do sistema de governo. Somente uma nova Constituição, através de um poder constituinte originário, poderia fazer alguma alteração quanto este tema.
e) Subsidiariedade: Não existe relação de submissão entre os entes federativos, mas sim a cooperação. Na falta de cumprimento das obrigações por parte de um ente federativo, o outro ente vai preencher a lacuna existente. Este princípio também prima pela não intervenção. Este princípio visa proteger o pacto federativo como um todo. Subsidiariedade não é substituição, mas sim cooperação diante do não cumprimento de algo.
f) Simetria: Este princípio visa assegurar a paridade de atribuições dos entes federativos. A simetria é um subprincípio do princípio do federalismo. A simetria não é absoluta, vão existir atribuições típicas para cada ente.
g) Inexistência de secessão: Não é admitido que um ente federativo se separe da República Federativa. A doutrina considera que não seria admitida a possibilidade de secessão pois, isto seria um ataque ao federalismo, inclusive, o Estado pode intervir caso haja algum conflito.
2.4. Título I da Constituição Federal de 1988:
Título I – Dos Princípios Fundamentais: São os princípios considerados basilares para todos os demais títulos. Reafirma ao federalismo. Os princípios fundamentais se irradiam por toda a Constituição.
Artigo 1º: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel, dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – A soberania;
II – A cidadania;
III – A dignidade de pessoa humana;
IV – Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – O pluralismo político.”
Artigo 3º: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – Garantir o desenvolvimento nacional;
III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação.”
· Diferenças entre princípios e regras: As regras tem como fontes os princípios, e os princípios também fundam outros princípios.
1) Quanto a função normogenética e sistêmica dos princípios: Os princípios revelam-se como fundamentos das regras, dão base as regras jurídicas, inspirando a sua criação. Os princípios se irradiam sobre todo o sistema jurídico, dando lhe racionalidade e coerência, e fornecendo a inteligência necessária para a sua escorreita interpretação e aplicação.
2) Abrangência.
3) Determinabilidade.
4) Quanto a forma de solução de conflitos ou antinomias (colisão entre princípio e conflito entre regras): Essa distinção tem como expoente o jurista alemão Robert Alexy. Para o autor, os conteúdos das normas distinguem-nas melhor do que a separação por grau. Os princípios são normas que determinam que algo seja realizado na maior medida possível, de acordo com as possibilidades jurídicas e fáticas. Seriam mandamentos de otimização. As regras são aquelas normas que prescrevem uma obrigação, proibição ou faculdade, que devem ser realizadas na exata medida de suas prescrições.
Forma de solucionar as antinomias:
Antinomia entre princípios, para Alexy, é uma colisão, e uma antinomia entre regras é um conflito.
COLISÃO ENTRE PRINCÍPIOS: Dimensão do peso ou da importância do valor em confronto (os princípios não se excluem). Usa-se aqui o método do sopesamento ou ponderação. As normas princípio ingressam numa colisão que será solucionada a partir de um balizamento axiológico, ou ponderação de interesses.
CONFLITO ENTRE REGRAS: As regras ultrapassam o processo de subsunção, uma regra retira os efeitos da outra. Deve ser solucionado na dimensão da validade com a declaração de nulidade da regra inválida, ou de uma cláusula de exceção em uma das regras em conflito.
Norma superior > norma inferior; Norma especial > norma geral; Norma posterior > norma anterior
METAREGRA: Norma superior > norma especial > norma posterior
Na Constituição, existem materialmente, normas de classificação diferentes (exemplo: cláusulas pétreas, emendas constitucionais, etc.). Nenhum princípio é absoluto, nem mesmo a dignidade da pessoa humana, porém, este princípio é considerado norteador dos outros princípios.
Princípios ≠ objetivos: Não podemos confundir os fundamentos com as normas programáticas previstas no artigo 3º. Os objetivos fundamentais são típicas normas programáticas que revelam metas a serem alcançadas pela República Federativa do Brasil. São normas cogentes, não se pode admitir nenhuma norma que entre em confronto com esses objetivos. 
3. PODER EXECUTIVO: 
3.1. Presidencialismobrasileiro: O presidencialismo brasileiro é de coalisão, onde há a concentração excessiva dos poderes do executivo em detrimento dos demais. Desde 1891, o que vem ocorrendo é uma maior concentração do poder executivo, quando na verdade deveria estar havendo mitigação. A Medida Provisória, editada pelo chefe do poder executivo, possui vigência imediata, assim, o poder executivo passa a legislar excepcionalmente. No Brasil, o Presidente da República é chefe de Estado e chefe de governo simultaneamente.
Artigo 84 - São da competência do Presidente da República: (numerus abertus não numerus clausus);
Nomear ou exonerar os ministros de Estado: o poder executivo é composto por ministros e seus auxiliares, especializados em suas respectivas pastas. O presidente pode, então, criar ou extinguir essas pastas. Para exonerar, não é necessária uma justificativa. Não cabe controle jurisdicional sobre a escolha desses ministros e secretários (admissão e exoneração ad nutun). Não é necessário que haja graduação na área a ser atuada pelo Ministro escolhido.
Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal:
Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição: O Presidente pode encaminhar projetos ao legislativo.
Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução: Os decretos expedidos pelo Presidente da República possuem força de lei (Decreto Impróprio – não se confunde com Decreto Lei – decreto regulamentador autônomo).
Vetar projetos de lei, total ou parcialmente:
Dispor mediante decreto:
Manter relações com os Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos: A União é a pessoa jurídica de direito público interno que mantém as relações com os outros Estados soberanos.
Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso: estamos diante de uma típica atribuição de chefe de Estado, que acontecem em três etapas. O presidente celebra o tratado. Depois que esse acordo foi celebrado pelo executivo, o legislador pode referendar as normas. Depois, um decreto expedido pelo presidente admitindo a recepção da norma internacional. Todos os tratados devem passar pelo crivo do presidente.
Decretar estado de defesa e estado de sítio: Ambos são casos especiais. Durantes estes períodos excepcionais, não poderá ser exercido o poder reformador, pois, poderia haver uma alteração precipitada. Quem expedirá o decreto inaugurando o estado de defesa ou o estado de sítio é o Presidente da República (os estados e municípios podem somente decretar estado de emergência – simetria mitigada).
· Estado de defesa (artigo 136): Antes do presidente dar início a este período, ele deverá ouvir os conselhos da república e de conselho nacional. O presidente pode emitir parecer contrário à opinião dos conselhos. Deverá ser instaurado para preservar, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por: grave e iminente instabilidade institucional ou em face à calamidade natural. Tudo dependerá do caso concreto, pois não existe legislação que determine quais são os locais restritos e determinados. Neste caso, o presidente editaria um decreto e só depois sofreria a análise do Congresso (em 24 horas), que decidirá por maioria absoluta. O Estado de Defesa pode perdurar por no máximo 30 dias, com uma chance de prorrogação. Enquanto durar este decreto, os direitos fundamentais do indivíduo podem ser mitigados, desde que isso seja necessário ao bem estar do cidadão. Trata-se de um Estado excepcional e é importante que não haja abusos.
· Estado de sítio (artigos 137. 138 e 139): Só poderá ser instaurado após as reuniões com o Conselho (não vinculante) e a aprovação do Congresso Nacional. Caso o presidente decrete mesmo sem a aprovação do Congresso, caberá o processo de impeachment. A instituição do estado de sítio é mais grave que o estado de defesa. O estado de sítio não possui prazo, e o decreto dura o tempo que for necessário para que a soberania volte a ser respeitada. Caso haja duração determinada, esta poderá ser prorrogada. Os direitos fundamentais sofrerão ainda mais restrições. Instaura-se o estado de sítio diante das seguintes hipóteses:
- Em caráter subsidiário ao estado de defesa, ou seja, o caso não foi resolvido através do estado de defesa, logo, ocorre a necessidade da instauração do estado de sítio (vigência de 30 dias + prorrogações necessárias).
- Em caso de comoção grave de repercussão nacional (vigência de 30 dias + prorrogações necessárias).
- No caso decretação de estado de guerra armada ou resposta à agressão armada estrangeira (vigência indeterminada).
Os direitos fundamentais podem sofrer novas mitigações não previstas previamente, nos casos de guerra ou resposta à agressão armada ou nos casos em que há comoção grave de repercussão nacional.
Os atos do Poder Executivo devem ser fundamentados e motivados, com exceção da nomeação e exoneração de ministros (ad nutum). No estado de sítio o Congresso continuará funcionando. 
3.2. Crimes de responsabilidade do Presidente da República (Art. 85 e 86): A cláusula de responsabilidade só se aplica ao Presidente da República (simetria mitigada). Os crimes de responsabilidade (Art. 85) não são taxativos, mas sim exemplificativo, sendo previstas mais hipóteses na lei 1.079/50. A doutrina diverge quanto a expressão “crimes de responsabilidade”, considerando que a nomenclatura correta seria “infrações político-administrativas”:
Art. 85: “São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I – A existência da União;
II – O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III – O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV – A segurança interna do país;
V – A probidade na administração;
VI – A lei orçamentária;
VII – O cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único: Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.”
Art. 86: “Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I – Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo tribunal Federal;
II – Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§2º - Se, decorrido o prazo de oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular procedimento do processo.
§3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§4º - O Presidente d República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
3.2.1. Processo de impeachment: A denúncia poderá ser feita por qualquer cidadão. O processo de impeachment é bifásico: se inicia na Câmara dos Deputados (faz papel de tribunal de pronúncia – se pronuncia conta ou a favor do andamento do processo), e depois passa pelo Senado (julga o caso).
Câmara dos Deputados – 1ª etapa
Senado Federal - 2ª etapa
(recebe e instaura a denúncia)
Crimes comuns praticados pelo presidente: bifásico
- Imunidade presidencial (cláusula de irresponsabilidade penal relativa);
Só poderá ser responsabilizado pelos atos praticados em razão de suas funções (in officio ou propter officium).
- Por via reflexa/efeito colateral o presidente acaba por perder o cargo em face a suspenção dos seus direitos políticos.
Juízo de admissibilidade
Câmara dos Deputados – 1ª etapa
Julgamento
Senado Federal - 2ª etapa
Processo de impeachment: bifásico
Denúncia popular;
Caso de Collor (MS 21.689-1)No livro Código da Vida de Saulo Ramos, observa-se uma crítica política sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello (1992). Collor não possuía uma base política forte que lhe permitisse governar o país de modo efetivo. A primeira etapa ocorreu na Câmara dos Deputados, como a admissão da denúncia. Depois, na segunda etapa, ocorre o encaminhamento ao Senado Federal, onde haverá o julgamento. Saulo Ramos, foi o advogado do Senado neste processo, e já foi convidado para ser Ministro do STF. Collor renunciou o seu cargo (não sofreu o processo de impeachment – ouve a aplicação da sanção acessória), por isso, ficou inabilitado politicamente por 8 anos, mas atualmente é bem votado. Seus direitos políticos ficaram suspensos de 1992 a 2000. O impeachment só pode ser aplicado a casos de crime de responsabilidade. Quando ocorre empate no julgamento, a decisão é pela abnegação. No caso de Collor, a votação foi de 7 votos a favor e 4 votos contra o impeachment, e por isso, ocorreu o processo de aplicação da sanção acessória, já que o então presidente havia renunciado.
3.3. Edição de Medidas Provisórias: Leva em consideração a relevância e a urgência, e são atos excepcionais que, para serem editados levam em consideração as características supracitadas. Surgem em 1988, substituindo os decretos-leis (não existe mais). Produzem efeitos imediatos, pois o processo legislativo originário não será observado. Assim sendo, quando editada, a medida provisória deve ser considerada/observada. As medidas provisórias devem ser observadas em dois períodos. De 05/10/1988 (Art. 62) a 11/09/2001 (EC nº32) e de 11/09/2001 (EC nº32) a 23/03/2015: O executivo acabou utilizando deste instrumento para legislar. A emenda 32 manteve a relevância e a urgência, e, antes dela, era permitida a reedição ilimitada, e a vigência era de 30 dias. Atualmente não há reedição, sendo a vigência de 30 dias e a prorrogação por mais 30. Atualmente não há mais matéria livre, pois a EC nº32, traz vedações.
4. PROCESSO LEGISLATIVO: No Estado de Direito, a atribuição de legislar é dada ao poder legislativo. Entretanto, constata-se que, cada vez mais, quem vem a atribuir o significado da legislação é o poder judiciário. Alguns autores consideram que o juiz ativista é anti-positivista, mas na verdade, o que ocorre é que o magistrado ativista profere decisões em favor da sociedade. O Artigo 59 não traz uma hierarquização normativa. O legislador preocupou-se com a técnica legislativa.
1ª fase - iniciativa
2ª fase - constitutiva
3ª fase – complementar
· Geral
· Concorrente
· Privativa
· Popular
1ª fase: iniciativa: É o momento em que ocorre o envio de determinado processo, projeto, etc. Desde o início o Projeto de Lei deve estar em consonância com a Constituição, caso contrário, haverá vício formal de constitucionalidade, de modo que, não há possibilidade de convalidação. A iniciativa pode se dar através de diferentes fontes:
· Iniciativa geral ou comum: É a regra geral. Deputados, senadores, poder judiciário, poder executivo, podem vir a encaminhar um projeto de lei. A Constituição Federal permite que qualquer agente público encaminhe um projeto de lei, que estará sujeito à aprovação.
· Iniciativa concorrente: A Constituição Federal aponta pessoas legitimadas que concorreriam quanto à iniciativa de determinado processo legislativo (exemplo: envio de PEC’s).
· Iniciativa privativa: Exercida pelas pessoas legitimadas pelo legislador constituinte. A lei é quem determina que fará o envio da proposta, indica quem dará início ao processo legislativo.
· Iniciativa popular: É necessário que haja 1% do eleitorado nacional, e 0,3% dentro do eleitorado de cada estado-membro. O objetivo é encontrar um consenso.
2ª fase: constitutiva: É o momento em que se discute a aprovação, sanção, veto, etc.
· Discussão/aprovação: As Propostas de Emendas Constitucionais podem surgir da Câmara dos Deputados ou do Senado. A casa que iniciar a PEC será a casa iniciadora, a outra será a casa revisora. O texto deverá ser discutido duas vezes, com córum de 3/5 em cada casa. A lei ordinária, quando encaminhada ao Congresso Nacional, dependerá do voto por maioria simples, enquanto para as leis complementares a votação deve possuir maioria absoluta. Tanto na lei complementar como na lei ordinária haverá somente uma discussão em cada casa. Após isso, encaminha-se o projeto para o poder executivo. Não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, mas existem diferenças. As matérias de lei complementar estão determinas em lei, portanto, o que for residual será matéria de lei ordinária. Uma lei ordinária pode revogar uma lei complementar caso a lei complementar invada a reserva de matéria das leis ordinárias.
· Sanção/veto: Está fase é de competência do poder executivo (presidente, governador ou prefeito). Há um prazo de 15 dias para o veto, que deverá ser justificado/motivado. Passado este período ocorrerá a sanção tácita, que é um consentimento por omissão de opinião do executivo. O voto é recebido pelo presidente do Senado, que marcará uma sessão no Congresso, que pode rejeitar o veto, pois, quem legisla é o legislativo, não o executivo. Se o executivo vetar a lei em parte, não caberá a ele realizar o controle de constitucionalidade.
3ª fase: complementar:
· Promulgação: A lei, depois de aprovada pelo Congresso Nacional, é objeto de sanção pelo executivo. Deve haver a promulgação da norma para que ocorra o reconhecimento da mesma. A promulgação é função do Presidente da República, mas, se houver recusa, passa-se a função ao Presidente do Senado.
· Publicação: A norma deve ser enviada para o Diário Oficial, e depois de publicada, irá gerar seus efeitos. A eficácia é diferente da vigência.
Leis Delegadas: É uma mitigação da separação dos poderes, pois, a criação de leis é atribuída ao poder legislativo, porém, a criação de leis delegadas ocorre através do Presidente da República (é utilizada com pouca frequência, já que existe a possibilidade da edição de medidas provisórias).
Decreto Legislativo: Corresponde à manifestação do Congresso Nacional. É como o poder legislativo trabalha e atua.
Resolução: Forma de atuação das casas legislativas isoladamente. É a forma de deliberação: se as casas estiverem reunidas, será decreto legislativo. São editadas pelos poderes executivo, legislativo e judiciário. Uma resolução não pode confrontar uma lei.
4.1. COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI): Não são exceções, devem ser iniciadas sempre que necessário.
4.1.1. Características: Toda e qualquer CPI tem que ter motivo determinado, não podendo ser iniciada por mera abstração, pois, os direitos fundamentais dos investigados serão relativizados e mitigados. A CPI será instaurada com prazo determinado, podendo sofrer prorrogação.
· Atribuições das CPI: Criou-se uma legislação específica para as CPIs, de maneira a ocorrer a abrangência de algumas exceções, como por exemplo, a permissão de quebra de sigilo bancário e fiscal (LC n. 105/2001). 
4.1.2. Histórico: A primeira CPI nos moldes conhecidos atualmente, ocorreu na Inglaterra em 1689. O Parlamento Inglês investigou os atos do executivo, ocorridos na guerra contra a Irlanda. Este instituto chega ao Brasil através da força política inglesa e da colonização americana. Através dos Estados Unidos, as CPIs chegam ao Brasil com uma roupagem republicana. A primeira Constituição Brasileira que traz a previsão deste mecanismo é a de 1934.
4.1.3. Conceito: O poder legislativo compreende o poder de legislar e o sub poder de fiscalizar. As CPI dizem respeito ao exercício de poder de fiscalização conferido ao legislativo com o objetivo de apurar a verdade sobre fatos e a aplicação das leis de competência do congresso. Atualmente também investiga os atos de corrupção e má utilização dos poderes públicos. Quem pode instaurar CPI é o Parlamento (1/3 dos parlamentares – pode ser de forma isolada ou mista).
4.1.4. Revisão constitucional e infraconstitucional: Art. 58, §3º. O que de fato regula esta instituição é a jurisprudência do STF. Infraconstitucionalmentetem-se a lei 1579/51 (recepcionada pela Constituição de 1988).
4.1.5. Objeto das CPIs: Devem ser fatos certos e determinados, de repercussão nacional. O Relatório corresponde à conclusão dos trabalhos da CPI, podendo ou não ser encaminhado ao Ministério Público, Através desse relatório pode ser iniciado um processo legislativo contra um parlamentar. 
· CPI das pesquisas eleitorais: Não foi aceita pelo congresso pois não possuía objeto certo e determinado. 
· Crimes específicos e fatos privados: Não é possível a instauração de CPI para crimes específicos e fatos privados.
4.1.6. Prazo e conclusão da CPI: Não há prescrição em relação aos atos investigado pela CPI, mas há prazo para a conclusão que deve ser de 120 dias após a sua abertura, podendo haver prorrogação por mais 60 dias (estabelecida pelo regulamento da Câmara). A lei 1.579/51 dá um prazo maior para a investigação: 1 ano da sessão legislativa ou 4 anos dos mandatos. Segundo o STF, a lei 1.579/51 é a que deve ser seguida, por ser legislação formal.
· Reserva legal do parlamento: A restrição dos direitos fundamentais devem decorrer de justificação.
4.1.7. Poderes da CPI: Pode convocar pessoas para depor, solicitar documentos e provas. Pode executar prisão em flagrante, mas não pode dar ordem de prisão e nem prisão cautelar, por este motivo, muitos investigados fazem o requerimento de uma habeas corpus preventivo.
· Sigilos bancário, fiscal e telefônico: A CPI dispões destes poderes. A quebra de sigilo telefônico é a pretérita.
· Interceptação telefônica? Escutas feitas nas ligações. É competência apenas do Poder Judiciário.
· Condução coercitiva? A condução coercitiva de indivíduos para testemunhas que se recusam a comparecer, é uma atribuição apenas do Poder Judiciário. Caso a CPI queira fazer isto, deve pedir autorização ao Poder Judiciário.
· Busca e apreensão? O STF em um primeiro momento atribui competência à CPI para realizar a busca e apreensão caso não haja a entrega dos documentos em local diverso da casa do indivíduo. Se tratando da casa do acusado, a busca e apreensão deve ocorrer durante o dia e por determinação do Poder Judiciário.
4.1.8. Direitos do depoente: O mais importante dos direitos do depoente é a não autoincriminação. O silencio não pode ser interpretado em desfavor do réu. O depoente não pode requisitar sessão secreta durante a CPI. Quando a CPI resolve investigar certos atos, ela pode requisitar documentos e informações, inclusive do poder judiciário, se não for um caso de segredo de justiça. As informações obtidas pelas CPIs devem ser mantidas em sigilo. Se no ato de investigação a CPI cometer excessos, cabe o direito à indenização por danos morais e materiais.
4.1.9. Competência para julgamento dos atos da CPI: Artigo 102, I, “d”, CF - disciplina a competência do STF para julgar mandado de segurança ou habeas corpus, relacionados às CPIs.
4.1.10. Conclusões da CPI e Lei nº10.001/2000: A Constituição diz que a CPI, ao finalizar os seus trabalhos, deve elaborar um relatório com as suas conclusões, e remetê-lo ao Ministério Público (mediadas penais) e/ou a Advocacia Geral da União (medidas cíveis). A Lei 10.001/2000 é aquela que diz que as conclusões devem ser enviadas para o Ministério Público que deverá tomar as medidas cabíveis e informar o processamento das informações, semestralmente, ao presidente da Câmara, sob pena de crime de responsabilidade.
4.1.11. CPI no âmbito estadual e no âmbito municipal: A Constituição Federal deve ser observada na construção das Constituições Estaduais e das Leis Orgânicas Municipais. A CPI pode ser instaurada no âmbito estadual para investigar atos que sejam de competência estadual (pela assembleia legislativa), e possui as mesmas competências e limitações da CPI no âmbito federal. Da mesma forma, pode haver CPI no âmbito municipal, sendo a área de atuação mais reduzida ainda, de acordo com as competências federativas municipais.
4.2. ESTATUTO DO CONGRESSISTA: Deputados e Senadores Federais.
4.2.1. Imunidade material: Art. 53 – O congressista, no exercício do seu mandado, terá imunidade pelas suas palavras, opiniões ou votos. Não pode ser condenado penal nem civilmente. Essa imunidade material se divide em imunidade material absoluta e relativa:
· Imunidade material absoluta: Quando exercida no recinto da própria casa legislativa, quando o parlamentar será totalmente imune, não havendo de se questionar sobre a correlação de seus atos com a atividade parlamentar.
· Imunidade material relativa: Se refere a imunidade do parlamentar, mesmo fora da respectiva casa, desde que, seus atos tenham correspondência com o exercício do mandato.
· Retorsão: O indivíduo revida uma calúnia, uma injúria.
4.2.2. Imunidade formal: Art. 53 – Proibição de prisão do parlamentar, salvo em caso de flagrante delito, e a possibilidade de sustação (suspensão) do processo durante o mandato parlamentar. Suspende-se o processo para que não haja prescrição.
4.2.3. Prerrogativa de Foro: É a atribuição de competência de julgamento a um órgão específico afim de evitar perseguições políticas ou o embaraçamento ao exercício do mandato.
4.2.4. Deputados Estaduais e Distritais: As prerrogativas de imunidade material e formal são aplicadas aos deputados estaduais e distritais.
4.2.5. Vereadores: CF/88, art. 29, XVII – imunidade aos vereadores por seus votos, palavras e opiniões, dentro da circuncisão do município e desde que pertinente às suas funções. A imunidade do vereador está limitada a espécie formal e também a circuncisão do município. Não há prerrogativa de foro nem imunidade formal. A Câmara não pode sustar um processo contra um vereador. Se a lei orgânica trouxer algo além do exposto no referido artigo, ela será inconstitucional.
5. PODER JUDICIÁRIO: (Art. 92 ao 126, CF/88): Nestes artigos, encontram-se princípios e regras específicas para o poder judiciário. A Lei Complementar 35/1979, vem sendo considerada como uma espécie de “Estatuto da Magistratura”, mas, o Estatuto em si ainda não foi aprovado por lei complementar no Congresso.
CNJ
JM
JE
JT
JE
TF
TM
TRE
TRT
TRF
TJ
TSE (art119)
STM (art.123)
STF (art.102)
STJ (art.104)
TST (art.111)
Parte da doutrina entende que o STF corresponderia a uma quarta instância. O papel do STF é interpretar a Constituição e assegurar o sentido que deve ser observado pelos demais órgãos judiciários. O STF não é um tribunal constitucional típico, mas se equipara a um. Os tribunais constitucionais, via de regra, encontram-se fora da organização do poder judiciário. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal acabou acumulando funções e atribuições de controle e processos que deveriam ser de competência de tribunais ordinários, e desta forma ocorre a inflação do STF. A ECnº45/2004 delegou a outros tribunais matérias que até então eram de competência do STF.
5.1. Reforma do poder judiciário
· Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – Art.103B: Funciona como “corregedoria das corregedorias” – ECnº45/2004 (reforma do poder judiciário). O CNJ vem preenchendo lacunas jurídicas existentes na lei, em especial com a elaboração do Código da Magistratura. É um órgão fora do poder judiciário, formado por conselheiros das mais diversas áreas. Foi criado em 2004 para atender as demandas que não estavam sendo observadas. O CNJ é formado por 15 conselheiros que possuem o mesmo tratamento dos ministros do STJ. O presidente do CNJ será o presidente do STF. A composição deste órgão é bastante heterogênea pois existem conselheiros das mais diversas carreiras. Não são indicados pelo executivo, mas sim os próprios órgãos do poder judiciário, e, posteriormente, os indicados serão sabatinados pelo Senado, por maioria absoluta. Cada membro possuirá um mandato de dois anos. Ao desenvolver resoluções, CNJ não pode ultrapassar os limites da legalidade. Segundo o STF, o CNJ pode proferir resoluções à luz de princípios constitucionais. Uma famosa resolução do CNJ foi aquela que proibiu o nepotismo direito e cruzado. As resoluções não podem substituir o Poder Legislativo, mas também não podem permitirque os direitos fundamentais sejam desrespeitados.
5.2. Magistrados:
· Garantias dadas aos magistrados: Vitaliciedade: Não se confunde com a estabilidade, e é alcançada após três anos de serviço. Por conta dela o magistrado só pode ser demitido por processo judicial. É uma blindagem ao cargo, de maneira que o mesmo não será submetido a interesses da administração, ou seja, não será obrigado a proferir sentenças de acordo com interesses. Inamovibilidade: O magistrado tem a segurança de que não sofrerá uma remoção forçosa por parte do poder público. A inamovibilidade visa fortalecer a independência do magistrado, pra que ele não fique à mercê de vontades do poder público. Pode ocorrer a remoção forçada, aposentadoria compulsória, por interesse público, a partir de um processo administrativo pelo Conselho de Magistratura ou CNJ, por um córum especificado. Irredutibilidade de subsídio: O magistrado terá a segurança de manutenção no seu salário (há exceções, por exemplo: escassez de recurso do Estado). O servidor pode receber acima do teto caso haja parcelas corriqueiras, mas normalmente não.
· Vedações aos magistrados – Art. 95, parágrafo único: Entende-se que os magistrados não podem exercer o seu direito fundamental de greve, pois o serviço jurisdicional deve ser ininterrupto, já que esta função é essencial à justiça. É necessário que haja formação jurídica e formação jurídica de três anos de exercício na função jurídica (somente atividades práticas na área). Foram estabelecidos critérios objetivos para que haja a promoção do magistrado, tais como antiguidade e merecimento. O magistrado não pode filiar-se a nenhum partido, mas pode ser ligado a associações. Imparcialidade: O magistrado não pode receber regalias ou contribuições para que haja benefício de uma das partes no julgamento de determinado caso. Quarentena: Expressão muito criticada, pois seria mal aplicada. É o período de três anos no qual o magistrado não pode exercer a advocacia após deixar o cargo da magistratura, com o objetivo de proteger a livre concorrência e não permitir a locupetação de seu cargo (benefícios). A vedação diz respeito ao tribunal que o juiz integra.
· Emenda Constitucional nº45: Com a ECnº45, e a reforma do Poder Judiciário, foram adicionados alguns incisos no art.93 da Constituição. Os Tribunais possuem plantões durante os horários não regulares, mas, isto não deve ser usado para driblar o princípio do juiz natural, logo, as distribuições do plantão só ocorrem se a matéria do processo for urgente. Para que haja maior celeridade dentro do Poder Judiciário, é possível que haja a delegação de atos não decisórios para os auxiliares (art.93, XIV). A ECnº45 também consagrou alguns princípios, tais quais: Princípio da motivação: visa resguardar a segurança jurídica. As decisões proferidas devem ser motivadas e fundamentadas. Princípio da publicidade: geralmente as audiências são públicas, mas existem exceções (exemplo: casos de clamor social). No Brasil, as audiências que ocorrem nos tribunais superiores são abertas e gravadas. Princípio da não interrupção da atividade jurisdicional: A ECnº45 visa vedar as férias coletivas. Existem os recessos forenses, mas o plantão continua funcionando para julgar matérias emergenciais. Os tribunais oferecem durante 24 horas os serviços jurisdicionais. Princípio da razoável duração do processo: Art.5º, LXXVIII. Motivou o judiciário a atender os reclames do jurisdicionado, inclusive, este é o princípio norteador da ECnº45. Princípio da proporcionalidade (densificado): definido pelo art.93, XIII. Além destes princípios a Emenda Constitucional nº45 trouxe a previsão da distribuição de processos em caráter mediato: os processos devem ser distribuídos para as respectivas varas, sendo que esta distribuição deve ser publicizada (art.93, XV).
OBS: (Entrância = organização administrativa do poder judiciário ≠ instância)
· Quinto constitucional: (Art. 94) – Visa assegurar a participação de advogados e membros do Ministério Público nos tribunais, visando a heterogeneidade na formação dos órgãos, a oxigenação dessas instâncias. Haverá o quinto constitucional em todos os tribunais superiores, e nos tribunais de trabalho. Para que se candidate ao quinto constitucional é necessário que hajam 10 anos de prática efetiva, notório saber jurídico e reputação ilibada. Os nomes dos candidatos são escolhidos pelos próprios membros dos tribunais, para que integrem a lista sêxtupla.
5.3. Ministério Público:
MP
MPE
MPU
MPF
MPF
MPM
MPDF
	
 
· Garantias dos membros do Ministério Público: Visam proteger as ações dos servidores políticos: as garantias dadas aos magistrados são as mesmas dadas aos membros do Ministério Público: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio (art. 95).
· Vedações dos membros do Ministério Público: O membro do Ministério Público não pode exercer outras funções além do cargo público, salvo em atividades que não interfiram no trabalho, exemplo: dar aulas, respeitando o limite da razoabilidade. Não podem receber custas ou benefícios em relação ao processo. Os membros do Ministério Público que antes da ECnº45 eram filiados a algum partido, podem continuar filiados ao mesmo, mas após a emenda não há esta permissão.
· Quarentena: Assim como o magistrado, o membro do Ministério Público não poderá exercer a advocacia por três anos após a aposentadoria. Isto serve para impedir a captação de clientela e a concorrência desleal do membro do Ministério Público recém aposentado com o recém formado. A quarentena só funciona para na instituição onde o mesmo exerceu o seu cargo, exemplo: um juiz de trabalho não poderá trabalhar na justiça do trabalho por três anos, mas pode trabalhar em varas de família.
6. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA E PROGRAMÁTICA DOS ENTES FEDERATIVOS:
6.1. Competência exclusiva: Art. 21 – competências exclusivas da União. Somente a União pode exercer, não pode ser objeto de delegação a outros entes federativos. Todos os incisos que tratam sobre competência exclusiva trazer verbos, ou seja, programas e ações. São metas a serem atingidas pela União e somente por ela.
6.2. Competência privativa: Art. 22 – a competência privativa é exercida inicialmente, somente pela união, mas, poderá ser objeto de delegação para os estados (através de lei complementar). Não é competência programática, é competência para legislar sobre algo. Nos incisos do artigo 22, encontram-se matérias.
6.3. Competência comum: Art. 23 – a competência comum é aquela exercida por todos os entes federativos ao mesmo tempo, trata-se de competência programática, logo encontram-se verbos, políticas públicas a serem adotadas por todos os entes federativos. Para diferenciar das competências exclusivas, deve-se observar se um município possui condições de fazer o que está previsto.
6.4. Competência concorrente: Art. 24 – na competência concorrente, os estados concorrerão com a união na criação das normas. A união criará as diretrizes gerais, e os estados concorrerão sobre a mesma matéria na circunscrição do estado. Diferentemente da competência privativa, na competência concorrente o estado concorrerá com a união, ou seja, ambos possuem o dever de legislar. Caso a união não venha a legislar sobre dada matéria os estados podem exercer a atividade legislativa plena, e, a superveniência da lei federal, revoga o que for necessário na lei estadual anterior.
· Competência legislativa plena: Exercida pelos estados quando a união não criar norma geral e somente acerca das matérias concorrentes (exemplo: lei sobre o IPVA).
6.5. Competência residual ou remanescente: Art. 25 – é exercida pelos estados membros, ou seja, aquilo que não for de competência da união e dos municípios será dos estados.
· Competência residual tributária: Art. 154 – será exercida pela União, ou seja, somente a União poderá criar novos imposto, observando-se aqueles já previstos na própria constituição
	UNIÃO
	ESTADOS
	MUNICÍPIOS
	II
	IPVA
	IPTU
	IE
	ICMS
	ISS ou ISSQN
	IR
	ITD ou ITCMD
	ITIB ou ITIV
	IPI
	
	
	IOF
	
	
	ITR
	
	
	IEG7. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: São órgãos que integram o Estado, mas não estão no poder judiciário. A OAB também integra as funções essenciais à justiça.
7.1. Ministério Público:
7.2. Defensoria Pública: O defensor público é um advogado que integra uma instituição estatal, bem como os procuradores. Os advogados públicos devem respeitar o código da OAB e da instituição que integram. O defensor público deve defender os interesses dos cidadãos hipossuficientes. É uma atividade imprescindível à consolidação da democracia. Os defensores fazer uma triagem para saber quem é realmente hipossuficiente, havendo flexibilidade diante de um caso concreto.
7.3. Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): Surge em meados de 1930, no governo Vargas, para suceder o IAB. Sua natureza foi discutida algumas vezes no STF: O TCU alegou que todos os conselhos são autarquias profissionais, e, para que alguém integre uma autarquia deve ser via concurso público. O STF decidiu que a OAB não é uma autarquia, não integra a administração pública, não é uma instituição estatal, mas é uma instituição pública. A OAB possui estatuto próprio, onde existem prerrogativas próprias de uma autarquia (todo patrimônio da OAB é insuscetível à cobrança de impostos). É uma instituição sui generis. A história da Ordem dos Advogados está relacionada com a construção de um Estado Democrático, e serve para proteger os pilares da democracia como um todo, inclusive, questões de interesse social podem possuir intervenção da OAB. O STF confirmou a constitucionalidade do processo de recrutamento dos funcionários da OAB (A OAB é pessoa jurídica de direito privado). O papel do advogado é indispensável ao funcionamento da justiça, não havendo hierarquização em relação às outras carreiras jurídicas. A lei que versa sobre a advocacia é a lei 8.906/94. O advogado possui algumas imunidades em relação às suas atividades profissionais. No exercício de suas funções, o advogado é imune, não respondendo penal ou civilmente, nos limites da lei. O art.133 é uma prerrogativa que não pode ser banalizada. A OAB segue o modelo de organização do federalismo: existe o Conselho Federal (distrito-federal), existem os conselhos seccionais (estados-membros), e as subseções (municípios com mais de 15 advogados). O Conselho Federal é formado pelos conselheiros federais. Cada seccional tem três conselheiros federais e seus suplentes. Cada estado possui o seu conselho, cujo número de conselheiros vai depender do número de inscritos. Geralmente o judiciário não pode interferir na reserva de competência dos conselhos profissionais. Se a decisão desrespeitar a Constituição, se forem demonstradas práticas abusivas, o poder judiciário pode intervir.

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