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Direito Processual Civil I - André Bonelli

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Professor: André Bonelli
Aulas 2016.1
1. COMPETÊNCIA: A jurisdição é atividade do Estado que compõe os conflitos através do direito. A jurisdição é um serviço público, cujo produto é a justiça. Joseph Chiovenda, no século XX, percebe a necessidade da criação de critérios para melhor qualificar a jurisdição. A competência é uma técnica de capacitação para o exercício da jurisdição, e serve para organizar quem pode julgar e o que esta pessoa pode julgar. Ao exercício do direito da ação, corresponde o dever de jurisdição, logo, a competência será o canal entre o direito de ação e a obtenção da jurisdição. A competência é a limitação do exercício legítimo da jurisdição.
1.1. Critérios para definição da competência: A escolha da entidade competente para julgar determinada causa ocorre através da combinação de critérios, logo, são na maioria das vezes convergentes, e não excludentes entre si. Analisam-se alguns elementos da demanda, como o seu conteúdo, as partes ali envolvidas, o valor do bem jurídico demandado, aspectos da abrangência espacial, funcionalidade do juiz no decorrer da vida do processo (matéria/conteúdo).
· Quanto à matéria ou conteúdo: O juiz deve ser especialista na matéria sobre a qual se trata o litígio. Existe sempre um direito correspondente a um bem da vida.
· Quanto às partes: A competência é determinada em observância das partes. Por vezes, para que a isonomia seja mantida, há a necessidade de tratar as pessoas de maneira diferente: existem pessoas, cujo comportamento interfere diretamente na vida da sociedade (exemplo: pessoas jurídicas – União, estados, municípios), e, nesses casos, haverá tratamento diferenciado. No caso de entes federativos, a ação deve ocorrer na vara de Fazenda Pública. Autarquias, empresas públicas e União somente podem ser processadas na Justiça Federal. O Presidente da República só pode ser processado perante o STF.
· Quanto ao valor: Toda causa possui um valor, ainda que este não seja mensurável. Causas que não ultrapassem o valor de 40 salários mínimos deverão ser resolvidas nos juizados especiais (Lei 9.099/95).
· Quanto à territorialidade ou competência de foro: Em regra, as ações devem ser propostas no domicílio do réu (art.46, CPC/15). Também há a necessidade de observar o hipossuficiente (presumido) ou o local onde ocorreu o fato. Existem exceções à regra geral como por exemplo as ações reais que envolvem imóveis – neste caso, a ação deverá ser proposta no local onde o imóvel se encontra.
· Funcional: É previsto em lei, e pode ser visto a partir de duas dimensões:
- Competência vertical: Passa pelos graus de jurisdição. Nem sempre o juiz definido para uma causa será competente para todos os atos do processo (exemplo: julgar um recurso contra ele).
- Competência horizontal: Às vezes, alguns atos não podem ser praticados no local da ação (exemplo: testemunha, penhora), logo, nesses casos, um juiz do local será competente para determinado ato, e através da carta precatória, ocorrerá a cooperação entre os juízes.
1.2. Classificação da competência:
· Absoluta: Por se tratar de questão pública, não é dado às partes o direito escolha. Os critérios de competência absoluta se relacionam com as partes, a matéria, a funcionalidade, ao valor (acima do teto), e em casos excepcionais de competência de foro. Vale ressaltar que, a sentença de mérito pode ser rescindida quando o juiz for absolutamente competente ou impedido.
- O juiz deve alegar a incompetência absoluta de ofício, a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição, independentemente de exceção (peça autônoma apartada do processo). Qualquer sujeito processual poderá arguir incompetência absoluta (autor, réu, terceiros intervenientes, Ministério Público e o próprio juiz).
· Relativa: Por tratar-se de questões privadas, é possibilitada a escolha por parte dos envolvidos. Trata-se de conveniência às partes. Surgem assim as regras de competência relativa, dispositivas por natureza e que buscam privilegiar a liberdade das partes. Os critérios de competência relativa são em relação ao valor (abaixo do teto), e quanto à competência de foro em geral.
- Súmula 33, STJ: O juiz não pode declarar incompetência relativa de ofício. A incompetência relativa precisa ser alegada pelo destinatário da norma, em um prazo de 15 dias, contados a partir da ciência da incompetência, através da exceção (incidente processual apartado do processo, que deverá ser anexado ao mesmo).
- Possibilidade de escolha de foro: As partes podem convencionar qual será o local onde o processo deverá ocorrer, desde que esta escolha se encontre expressa no contrato (art.63, CPC/15). A cláusula de eleição de foro pode ser nula: nos contratos de adesão, o juiz, de ofício, poderá declarar a cláusula nula, desde que o faça antes da citação do réu. Neste caso, a competência passará a ser de quem seria originalmente. Isto ocorre pois, geralmente, nas relações oriundas dos contratos adesivos há um desnivelamento entre as partes. Nestes casos, o juiz se declara incompetente por via transversa. A declaração deve ocorrer antes da citação do réu.
	COMPETÊNCIA ABSOLUTA
	COMPETÊNCIA RELATIVA
	As regras são criadas por razões de ordem pública (correto exercício da jurisdição e bom funcionamento do Poder Judiciário).
	As regras são criadas baseadas em interesses particulares, mais precisamente no interesse das partes. Tal característica é excepcionada nos fenômenos da conexão e continência, fundados ambos em razoes de ordem pública (economia processual e harmonização dos julgados).
	Todos os sujeitos processuais são legitimados a arguir incompetência absoluta (autor, réu, terceiros intervenientes, Ministério Público, e o juiz de ofício).
	Somente o réu, em regra, poderá arguir incompetência relativa, ou seu assistente simples quando não existir uma expressa discordância. Não poderão fazê-lo o autor nem o Ministério Público como fiscal da lei. O juiz não pode reconhece-la de ofício (súmula 33, STJ), a não ser na hipótese do art.112, parágrafo único, CPC.
	Não há nenhum formalismo na alegação da incompetência absoluta. Pode ser alegada por meio de qualquer petição (simples ou como tópico de uma petição “nominada”, como contestação, réplica, memoriais escritos e recursos) e até mesmo oralmente em audiência.
	Há uma forma prevista em lei que deve ser respeitada, sob pena de prorrogação de competência: exceção de incompetência. Há posicionamento do STJ que, em respeito ao princípio da instrumentalidade, admite alegação em contestação.
	A incompetência absoluta pode ser reconhecida a qualquer momento do processo, evidentemente podendo ser arguida pelos legitimados também a qualquer momento. A parte que deixar de alegar incompetência absoluta no primeiro momento que lhe couber falar nos autos arcará com as custas do retardamento.
	O momento único em que a questão da competência relativa terá alguma relevância é o prazo de resposta do réu, o que dependerá do processo e do procedimento no caso concreto. Esse é o prazo para ingresso da exceção, e, transcorrido sem manifestação do réu, nunca mais poderá ser alegada incompetência relativa do juízo.
	A incompetência absoluta gera uma nulidade absoluta. Após o transito em julgado, torna-se um vício de rescindibilidade, significando que mesmo após esse momento processual poderá ser alegada por meio de ação rescisória (art.485, II, CPC).
	A incompetência relativa gera vício de nulidade relativa e caso o réu não ingresse com a exceção no prazo de resposta, o vício estará convalidado, ocorrendo prorrogação de competência.
	Reconhecida a incompetência absoluta os autos serão em regra remetidos para o juízo competente e os atos decisórios serão nulos de pleno direito (os atos postulatórios – produzidos pelas partes – saneatórios e probatórios serão mantidos). A nulidade atinge somente os atos decisórios de mérito, sendo válidos os atos que decidem questões incidentais. Cumulados pedidos de diferentes competências absolutas perante órgão absolutamente incompetentepara ambos, a demanda deve ser extinta.
	Reconhecida a incompetência relativa, os autos serão remetidos ao juízo competente e todos os atos praticados, inclusive os decisórios, são válidos. Nos Juizados Especiais a incompetência relativa é causa de extinção do processo. 
	As regras de competência absoluta têm natureza cogente, não admitindo nenhuma flexibilização, seja por vontade das partes, seja pela própria lei. Na determinação da competência absoluta só existem normas determinadoras de competência.
	As regras de competência relativa têm natureza dispositiva, podendo ser flexibilizadas. A vontade das partes (eleição de foro e a lei (conexão/contingência, ausência de exceção de incompetência) podem modificar a regra de competência relativa. Na determinação da competência relativa existem normas determinadoras e modificadoras de competência.
1.3. Princípio da Perpetuação da Competência ou da Jurisdição (art.43, CPC/15): Impõe uma estabilidade na vida do processo. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial. São irrelevantes as modificações de fato e de direito (exemplo: mesmo que o réu se mude, o processo continua seguindo no mesmo lugar). A regra geral é a da perpetuação, mas, se uma modificação de estado de fato ou de direito suprimir órgão judiciário ou alterarem competência absoluta, pode-se modificar o juízo competente.
1.4. Prevenção: Prevenire. O juízo prevento é aquele que conhece de uma determinada causa primeiro. Prevento será o juízo onde a ação foi registrada ou distribuída primeiro. Existem dois critérios (registro ou distribuição), pois, existem comarcas (exemplo: entrância inaugural), onde somente há um juiz, logo, não há distribuição.
· Litispendência: Ocorre quando são propostas duas ações idênticas (mesma causa de pedir, mesmo pedido e partes). Com a prevenção, na hipótese de litispendência, haverá extinção sem julgamento de mérito, na causa mais nova (analisa-se a data da distribuição ou registro).
1.5. Conexão: Quando as ações são iguais, ocorre a litispendência, e, a ação mais nova será extinta sem resolução de mérito. Quando as ações são parcialmente semelhantes, se diz que há conexão entre elas. Quando se fala em conexão, não há identidade total (litispendência), porém, também não há divergência total entre os elementos processuais – o que se percebe são pontos de confluência e divergência entre as ações. Haverá conexão quando há mesmo pedido ou mesma causa de pedir, sendo as partes as mesmas. O fato de as partes serem as mesmas não gera por si só a conexão. A conexão pode ser arguida por qualquer uma das partes, ou decretada de ofício pelo juiz.
O Código de Processo Civil traz em si, a conexão por afinidade – não se tem a mesma causa de pedir ou o mesmo pedido, porém, a conexão ocorre (art.55, CPC/15). Isto ocorrerá nos casos de execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico, e nas execuções fundadas no mesmo título executivo.
A conexão faz com que as ações se reúnam e, com isto, o juiz que julgava a causa mais nova perde a competência originária e, o juiz que possuía nas mãos a causa mais antiga e recebe a causa conexa, passa a possuir competência derivada. Esta reunião de ações só será possível se o juiz for absolutamente competente para conhecer as duas causas.
Se duas causas conexas encontram-se em juízo diverso na mesma comarca, será prevendo o juiz que determinou a citação em primeiro lugar
- Porque deve-se realizar a conexão? Por dois motivos. Um de ordem particular e outro de ordem pública. O motivo de ordem particular é aquele que interessa as partes, já que, quando ocorre a conexão, há redução no gasto de tempo e de dinheiro. O motivo de ordem pública diz respeito a manutenção da credibilidade/dignidade do poder judiciário, pois, causas que poderiam ser conexas mas são julgadas separadamente podem gerar decisões diferentes, causando contrariedade na própria ação do judiciário.
· Precedentes obrigatórios: O poder judiciário também cria normas, e, essas normas são chamadas precedentes (técnica de decisão). Significa que pode-se usar uma norma jurídica que não se encontra na lei. Para a aplicação do precedente, deve-se observar a racio decidendi (observar semelhanças entre o que já foi decidido anteriormente e o que ainda será decidido). A diferença essencial entre os precedentes obrigatórios e a conexão, é que nesta, observa-se a semelhança entre causas contemporâneas.
· Contingência: É espécie do gênero conexão. Ser continente nos dá ideia de abrigo de muitos conteúdos. A demanda continente é aquela que possui em si diversos conteúdos, ou seja, contempla em si uma maior abrangência de pretensões (exemplo: numa ação de divórcio pede-se também alimentos, guarda e alienação parental). A demanda conteúdo possui um dos pedidos, ou um pedido que se relaciona, com aquilo que se encontra na demanda continente.
Se o conteúdo já se encontrar no continente, haverá uma condição singular de litispendência (art.56, CPC/15) – havendo identidade, a demanda conteúdo será extinta. Não havendo identidade a demanda conteúdo se agrega à causa maior.
1.6. Conflito de competência (art.66, CPC/15): Podem arguir conflito: as partes, o Ministério Público, e o juiz (art.915, CPC/15). Quem julga conflito em uma mesma região é o Tribunal de Justiça. Quem julga conflito entre Tribunais Regionais distintos é o STJ. Quem julga conflito entre Tribunais Superiores é o STF. O conflito de competência pode ser positivo (ambos os juízos se veem como preventos e competentes) ou negativo (um juiz remete a ação para outro e, este que recebe, também se declara incompetente).
1.7. Competência da Justiça Federal: Se dá em razão da especialidade das pessoas (jurídicas) – União, empresas públicas e autarquias (art.109, CF). Quando uma das partes (ou terceiro interveniente) é a união, autarquia, fundação, empresa pública, conselhos, o foro de competência será o da justiça federal. Além disso, existem outras causas em que o juiz federal deverá processar e julgar (art.109, CF e art.45, I, II, CPC/15). Os autos somente não serão remetidos à Justiça Federal, quando a União, empresas públicas ou autarquias forem terceiros intervenientes, nos seguintes casos: Nas ações de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho, ou nas causas sujeitas à justiça eleitoral e trabalhista (art.45, I, II, CPC/15).
· Circunstância do litigante: Nas causas que envolvem benefícios previdenciários, caso não haja sede federal na cidade, o foro de competência será da justiça estadual não tem competência para declarar que não há situação de interesse (súmula 150, STJ). Exemplo: entra-se com ação contra o INSS por conta de benefício por idade ou por doença.
1.8. Competência internacional: Art. 21, 22 e 23. Por exclusão, o que não estiver nestas regras será de competência externa, mas, podem ser feitas convenções internacionais. Quando não há tratado não há obrigação de colaborar. Não cabe ao Estado brasileiro o julgamento de demandas que não tem aptidão de gerar efeitos em outro Estado, que muito provavelmente não reconhecerá tal decisão. O princípio da efetividade determina que a justiça brasileira só deva se considerar competente para julgar demandas cuja decisão gere efeitos em território nacional ou em Estado que estrangeiro que reconheça tal decisão, tornando assim a sua atuação sempre útil e teoricamente eficaz.
	Art.25: Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.
§1º: Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
§2º: Aplica-se à hipótese do caput a art.63, §§1º ao 4º.
	Art.26: A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará:
I – O respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II – A igualdade de tratamento entre nacionaise estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados.
III – A publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente.
IV – A existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação.
VI – A espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§1º: Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade manifestada por via diplomática.
§2: Não se exigirá a reciprocidade referida no §1 para homologação de sentença estrangeira.
§3º: Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.
§4: O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica.
2. SUJEITOS DO PROCESSO: Sujeito do processo é todo aquele que possui relação com o tema a decidir, relação esta que figura em dois patamares: por interesse próprio (que legitima a postular ou defender-se), ou em interesse público (legitima o juiz a aplicar o direito). São sujeitos do processo, as partes, os terceiros juridicamente interessados (a partir da interveniência, em regra, se transforma em parte), o juiz, e o ministério público (sujeito especial do processo – quando atua fiscalizando a ordem jurídica).
2.1. Juiz: É o sujeito imparcial dentro do processo, e, por isso, dirige-se a ele a pretensão e as razões de defesa. O juiz é a personificação do Estado. São dadas ao juiz algumas garantias no texto da Constituição para que o mesmo possua autonomia, independência e imparcialidade (vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos). O juiz tem o chamado poder-dever: atribuições concedidas ao magistrado em que ele tem o dever de segui-las e ao segui-las ele tem o poder de executá-las (art.139, CPC). O juiz deve assegurar a isonomia processual (igualdade de tratamento às partes) e deve velar pela duração razoável do processo (a justiça não pode ser tardia, mas deve observar a segurança jurídica). O juiz deve prevenir ou repelir qualquer ato contra a dignidade da justiça (lides temerárias – as partes se unem para lesar outros). O juiz deve se utilizar de medidas que garantam o direito: (indutivas, coercitivas, mandamentais, ordenatórias ou sub-rogatórias) e deve realizar adequações para garantir a tutela. O juiz pode exercer o poder de polícia. O juiz pode de oficio, alegar o suprimento de um dos pressupostos processuais, entre muitas outras funções.
· Suspeição (art.145, CPC/15): O termo suspeição surge de ‘suspeitar’, ‘duvidar’, ‘desconfiar’. Juiz suspeito é aquele que se encontra em uma situação que suscita dúvidas sobre a sua condição de imparcialidade. Essa suspeita deve ser objetiva, e, somente a partir de situações concretas previstas pelo Código de Processo Civil é que se pode alegar suspeição. Se for comprovada a suspeição, o processo continua correndo na mesma vara, porém com outro juiz (não gera nulidade absoluta). As hipóteses de suspeição possuem teor mais subjetivo, menos explícito que causas de impedimento, sendo mais difíceis de perceber. Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz ou pelas partes até 15 dias depois da ciência da hipótese de suspeição (passado o prazo, não caberá ação rescisória).
Há suspeição do juiz quando: este for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; receber presentes de pessoas que possuem interesse na causa ou que aconselhar qualquer das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; qualquer das partes for sua credora ou devedora (ou do seu cônjuge, companheiro, parentes); interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
· Impedimento (art.144, CPC/15): As hipóteses de impedimento são mais graves e de teor objetivo, ou seja, mais fáceis de serem percebidas. O impedimento pode ser reconhecido de ofício pelo juiz ou alegado por qualquer das partes no decorrer do processo, até o transito em julgado da sentença (cabe ação rescisória pela parte que se sentir lesada). O impedimento pode gerar nulidade absoluta do processo.
Há impedimento do juiz quando: interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; conheceu a causa em outro grau de jurisdição, proferindo decisão; quando estiver postulando como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou parente (já integravam o processo antes do início da atividade do juiz); quando ele, seu cônjuge ou parente for parte no processo; quando for sócio ou membro de direito ou administração de pessoa jurídica a parte no processo; quando for herdeiro, donatário ou empregador de qualquer das partes; figura como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; figura como parte cliente do escritório de advocacia do seu cônjuge ou parente, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório (tráfico de influência); promover ação contra a parte ou seu advogado.
Fatos supervenientes não podem caracterizar impedimento do juiz.
2.2. Ministério Público: Dentro do processo civil, o Ministério Público possui duas funções marcantes: pode ser parte, ou pode ser fiscal da ordem jurídica. O Ministério Público tem o direito de ser intimado das decisões presencialmente e não por publicação por edital, e, além disso, possui prazos dilatados, garantias e ônus especiais. O Ministério Público pode recorrer, requerer provas e atuar de forma livre – o que importa aqui é que os fatos alegados sejam devidamente provados.
O Ministério Público somente estará sujeito ao princípio da imparcialidade, e consequentemente aos institutos da suspeição e do impedimento, quando não figurar como parte. O Ministério Público poderá ser parte em toda e qualquer ação que verso sobre direito coletivo ou difuso (legitimidade ad causam), bem como nas ações que tratam sobre direitos individuais de incapazes (substituição processual).
O ministério Público poderá atuar como guardião da ordem jurídica, devendo observar neste momento, o princípio da imparcialidade. Aqui, o Ministério Público não está do lado do autor, do réu ou do juiz – será uma instituição a favor da ordem jurídica, e por isso, é passível de alegação de suspeição e impedimento.
2.3. Partes: Para promover a ação, é necessário que haja a legitimidade e o interesse de agir (art.17, CPC/15). Parte é todo aquele que figura na relação processual em face de uma postulação ou em relação a quem se postula. Não é necessário como pressuposto do direito de ação, que o pedido seja juridicamente possível (aqui, adentra-se ao mérito). O interesse diz respeito à necessidade da provocação estatal para a resolução de uma situação juridicamente em crise. A legitimidade é bem relacionada ao direito material – para que se entenda o autor e o réu como legitimado, é preciso que se identifique uma mesma relação crítica de direito material. Deve haver correspectividade, portanto, entre os sujeitos da lide e os sujeitos do processo.
Art. 18, CPC/15: Há a possibilidade de que algumas pessoas postulem em nome próprio, direito alheio (hipóteses de substituição processual) – alguém que não é parte integrante da lide está autorizado a participar do processo (exemplo: Ministério Público, as associações, sindicatos, etc.).
O Ministério Público pode funcionar como substituto processual (relações singulares, direitos individuais), ou como legitimado autônomo (interesses difusos ou coletivos). 
Legitimidade x capacidade: a legitimidade relaciona-se com o nexo de correspectividade com o direito material. A capacidade se relaciona com aspectos processuais – alguém figura no processo para viabilizar os atos processuais do representado, ou seja, o legitimado não possuicapacidade processual. Não se deve confundir substituição processual com sucessão processual (art.108, CPC/15). Na sucessão alguém passa a ser parte, sucedendo a parte originária – isto ocorre com a morte ou por alguns atos inter vivos (art.109. CPC/15), por exemplo.
2.4. Auxiliares de justiça (art.149, CPC/2015): São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão (ou diretor de secretaria), o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete, bem como o conciliador e o mediador. Os auxiliares de justiça possuem a função de participar da relação processual extrinsecamente. O perito é aquele auxiliar que possui conhecimento técnico sobre determinado fato técnico, e que supre a falta de compreensão do juiz sobre este fato (o juiz só pode opinar sobre fato de senso comum). A informação técnica necessariamente deverá vir do técnico, mas, caso a informação seja considerada equivocada, o juiz deve pedir a repetição da perícia ou a destituição do perito. O chefe de secretaria ou escrivão tem a função de gestor, ou seja, coordena os atos (art.152). O oficial de justiça tem uma importância relevante, pois executa as decisões do juiz, além de praticar atos de comunicação (at.155). O intérprete é o tradutor, que deve possuir registro próprio, além de credenciamento e referendado, se o tradutor fizer uma interpretação diversa, comete crime contra a administração da justiça. O administrador ou depositário, é aquele serventuário designado pelo juiz para guardar as coisas. Os conciliadores e mediadores são requisitados quando o juiz compreender que as partes podem transacionar (art.165) – a composição e organização dos centros serão definidas pelos tribunais. O conciliador atuará preferencialmente quando não houver vínculo entre as partes e poderá sugerir soluções acerca da lide. O mediador é um conhecedor técnico do tema e aturará quando houver vínculo entre as partes e não pode sugerir soluções sobre o conflito, mas somente auxiliar as partes a compreender o litígio e o bem jurídico envolvido.
3. CUSTAS PROCESSUAIS:
3.1. Honorários advocatícios: Os honorários revelam a remuneração pelo trabalho desenvolvido pelos advogados no exercício de suas funções exercidas dentro ou fora do processo. Os honorários são de duas naturezas:
· Honorários contratados: Os honorários contratados são estabelecidos a partir de uma relação de consumo que depende da atuação subjetiva do advogado (art.14, §4º, CDC). A OAB cria uma tabela de preços mínimos para orientar o estabelecimento dos valores. Por ser um serviço a ser prestado, se avalia o ganho patrimonial ou existencial do cliente e se dá o preço. O STJ diz que, deve-se respeitar o limite, quando houver tradução econômica do objeto da demanda, de até 30% do valor da causa.
· Honorários sucumbenciais (art.85): Os honorários sucumbenciais se dão necessariamente dentro do processo. Os honorários sucumbenciais são definidos pelo juiz e possuem valor máximo e mínimo. Sucumbir significa perder, ser derrotado – a parte derrotada paga à parte vitoriosa, honorários fixados pelo juiz, no limite máximo de 20%, e mínimo de 10% do valor da condenação, do proveito econômico obtido, ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. O juiz deve considerar os elementos objetivos e observar naquele processo o grau do zelo que o advogado possuiu na causa, o local da prestação do serviço, a natureza da causa (grau de complexidade do que se discutiu), o trabalho realizado pelo advogado e o tempo gasto. Quando não se tem proveito econômico ou quando o valor for irrisório, o juiz estabelecerá o valor dos honorários a partir de uma análise equitativa.
Os honorários sucumbenciais são devidos na reconvenção, no cumprimento de sentença (provisória ou definitiva), na execução (resistida ou não), e nos recursos interpostos.
No Brasil os honorários sucumbenciais vão para o advogado e não para as partes, e possuem caráter alimentar. Algumas pessoas afirmam que os honorários sucumbenciais dificultam o acesso à justiça, pois a parte imagina que poderá perder e ser obrigada a pagar um valor ao advogado do ganhador. Além disso, os honorários de sucumbência estimulariam a litigiosidade, e por isso, muitos países não adotam este instituto.
3.2. Assistência judiciária gratuita:
4. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: No mundo das coisas há terceiros juridicamente interessados e terceiros juridicamente desinteressados, estes segundos não irão interferir no processo. Muitas vezes por interesse juridicamente consistente, questão de economia processual ou por necessidade de harmonização dos julgados, o terceiro é chamado ao processo do qual não participava originariamente. O interesse jurídico do terceiro interveniente está disposto predominantemente no Código de Processo Civil.
	“Por intervenção de terceiros entende-se a permissão legal para que um sujeito alheio à relação jurídica processual originária ingresse em processo já em andamento” – Daniel Amorim Assumpção Neves.
4.1. Assistência (art.119): A assistência ocorre quando o terceiro possui interesse na causa – espera-se que a sentença seja favorável, pois, assim sendo, o assistente terá algum proveito jurídico. Haverá vínculo entre o assistente e o assistido sempre, e, somente aquele que possuir interesse jurídico na causa, poderá ingressar como assistente.
· Assistência simples ou adesiva: A assistência ocorre quando o terceiro possui interesse na causa – espera-se que a sentença seja favorável, pois, assim sendo, o assistente terá algum proveito jurídico. Haverá vínculo entre o assistente e o assistido sempre, e, somente aquele que possuir interesse jurídico na causa, poderá ingressar como assistente (exemplo: na ação de despejo promovida contra o locatário pelo locador, o sublocatário poderá atuar como assistente simples). Aqui, o assistente não possui os mesmos poderes que o assistido – o assistente simples não poderá realizar determinados atos dentro do processo. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu substituto. 
	“Só se permite a assistência se houver um interesse jurídico do terceiro na solução da demanda, representado no caso pela existência de uma relação jurídica não controvertida, distinta daquela discutida no processo entre o assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu)” – Daniel Amorim Assumpção Neves.
· Assistência qualificada ou litisconsorcial: Aqui, o terceiro é titular da relação jurídica de direito material discutida no processo, sendo, portanto, diretamente atingido em sua esfera jurídica, pela decisão a ser proferida, desta forma, o assistente litisconsorcial tem relação jurídica tanto com o assistido quanto com a parte contrária. Ocorrendo a assistência litisconsorcial, o terceiro passará a ser parte, possuindo os mesmos poderes do assistido, podendo inclusive, trazer argumentos somente para si. A assistência litisconsorcial somente é possível nos casos de litisconsórcio facultativo.
4.2. Denunciação da lide: É uma forma de intervenção de terceiro decorrente de uma ação, que gera direito de regresso – é também uma forma de economia processual, uma vez que, a ação de regresso que se intentaria contra terceiro já se encontra no bojo do direito processual. Esta é uma forma de intervenção provocada, não obrigatória (art.125, CPC/2015), ou seja, caso o autor não realize a denunciação, ele não perderá o seu direito de regresso. A ação de regresso só possui sentido se o denunciante for vencido.
	“Serve a denunciação da lide para que uma das partes traga ao processo um terceiro que tem responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos advindos do resultado do processo. O direito regressivo da parte contra terceiros (ou excepcionalmente contra a própria parte contrária), portanto, é o fator principal que legitima a denunciação da lide.
A denunciação da lide é uma espécie de intervenção coercitiva, estando vinculado o denunciado à demanda em razão de sua citação, pedida tempestivamente por autor ou réu”– Daniel Amorim Assumpção Neves.
Se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com a defesa. Se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, o denunciante poderá continuar a defesa ou, aderindo à declaração, exigir a ação de regresso.
Exige-se na inicial, que o autor indique em sua causa de pedir, uma das hipóteses de denunciação da lide previstas em lei.
A denunciação da lide gera um litisconsórcio entre o denunciante e o denunciado. Este litisconsórcio será:
a) Ulterior pois se forma após a propositura da demanda.
b) Passivo ou ativo a depender de qual polo o denunciante integre.
c) Facultativo pois a denunciação é facultativa, logo, o processo não será extinto sem resolução de mérito caso a parte não realize a denunciação da lide.
d) Unitário pois a decisão da ação principal será no mesmo sentido para o denunciante e denunciado.
	Art.125: É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I – Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido o denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evecção lhe resultam – Aqui, versa-se especificamente sobre direitos reais (exemplo: Luísa vendeu uma casa à Júlia. Posteriormente, Ana alega que ela é a dona da casa e que o contrato realizado por Júlia e Luísa foi fraudado pela vendedora. Neste caso, Júlia poderá denunciar Luísa).
II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo – Sempre que a parte possuir exercício de direito de regresso, garantido em lei ou em contrato, poderá haver a denunciação da lide. O caso aqui é mais genérico, não se restringe apenas aos direitos reais (exemplo: dano causado por empregado – Neste caso, a empresa deverá arcar com o dano, podendo entrar com ação de regresso contra o empregado).
§1º - O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
§2º - Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominal ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.
4.3. Chamamento ao processo (art.77, CPC/2015): Decorre diretamente da solidariedade.
	“O chamamento ao processo tem forte ligação com as situações de garantia simples, nas quais se verifique uma coobrigação gerada pela existência de mais de um responsável pelo cumprimento da obrigação perante o credor. Trata-se de espécie coercitiva de intervenção de terceiro, pela qual o terceiro será integrado à relação jurídica processual em virtude do pedido do réu e independentemente de sua concordância.” – Daniel Amorim Assumpção Neves.
4.4. Desconsideração da personalidade jurídica:
4.5. Amicus curiae (amigo do juiz):
	“A origem da figura do amicus curiae vem do direito romano, sendo que no direito norte-americano, deu-se o seu maior desenvolvimento, com fundamento na intervenção de um terceiro desinteressado em processo em tramite com o objetivo de contribuir com o juízo na formação de seu convencimento. Em tese, seus conhecimentos a respeito da matéria tratada na ação justificam a intervenção, sempre com o propósito de melhorar a qualidade da prestação da tutela jurisdicional” – Daniel Amorim Assumpção Neves.
Deve-se perceber que o amicus curiae nunca é absolutamente neutro, mesmo que tenha como trazer imensas contribuições ao processo em razão do seu notório conhecimento. O que legitima a presença do amicus curiae é o interesse institucional voltado à melhor solução possível do processo, através de um maior conhecimento da matéria. São dois os requisitos cumulativos necessários para o ingresso do amicus curiae: relevância da matéria e representatividade do sujeito que pretende intervir. 
4.6. Intervenção anômala: “O art.5, caput, da Lei 9.469/97 prevê a possibilidade de intervenção da União nas causas em que figurarem como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais. O parágrafo único de tal artigo prevê a possibilidade de intervenção de pessoas de direito público (administração direta e indireta, federais, estaduais, municipais e distritais) em demandas já em trâmite com fundamento no eventual prejuízo indireto, mesmo que de natureza meramente econômica.” É a intervenção em face dos entes públicos. Essa intervenção é muito criticada pela doutrina. A intervenção anômala nasce no processo de privatização nos anos 90 a partir de um casuísmo (por conta das companhias telefônicas). Toda causa pode possuir intervenção de ente público, ainda que o ente público não demonstre interesse jurídico, bastando para tal, interesse econômico. Quando há intervenção de entes públicos federais, há o deslocamento da ação para a justiça federal. Segundo o STJ, a intervenção anômala trata-se de uma forma de assistência simples.
5. LITISCONSÓRCIO: O litisconsórcio atende a dois interesses: um interesse de voluntariedade e comodidade, e outro decorrente da indissociação das relações jurídicas. Com o litisconsórcio há a economia de tempo e de dinheiro. O litisconsórcio é a possibilidade de litigar em juízo junto a outros autores ou réus.
	Art. 113.  Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
5.1. Classificações:
· Quanto às pessoas (classificação topológica): Pluralidade de sujeitos em um ou nos dois polos da relação jurídica processual que se reúnem para litigar em conjunto. Há aqui o agrupamento de pessoas em um dos polos ou em ambos dos polos da relação jurídica. Este agrupamento de pessoas se dá pelo prisma da oportunidade, da conveniência, ou da obrigatoriedade, os sujeitos devem necessariamente litigar juntos. Nesta classificação, tem-se o litisconsórcio ativo, o litisconsórcio passivo, ou o litisconsórcio misto.
· Quanto ao momento de formação:
a) Inicial ou originário: Surge com a petição inicial ou numa emenda à petição inicial. Aqui, ainda não ocorreu a angularização da relação jurídica (o juiz ainda não recebeu a petição e/ou não realizou a citação). A petição inicial deve conter tudo em si mesmo.
b) Posterior/ulterior/incidental/superveniente: Ocorre após a citação do réu. É uma situação excepcional, por isso, só pode ocorre quando há autorização expressa da lei (exemplo: assistente litisconsorcial). A anexação deverá ser observada de acordo com cada fase do processo.
· Quanto à obrigatoriedade de formação: Observa-se a intensidade do vínculo. 
a) Facultativo: Há a opção de participar ou não do litisconsórcio. Segundo o art.113, existem três possibilidades onde se aplica o litisconsórcio facultativo: comunhão de direitos ou obrigações, conexão, ou afinidade de questões de fato ou de direito.
b) Obrigatório/necessário: Segundo o art. 114, “o litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes”. Haverá litisconsórcio portanto, quando a relação jurídica evidenciar direitos indivisíveis ou quando a lei estabelecer a sua necessidade expressamente – é a indivisibilidade do bem jurídico que gera a necessidade da obrigatoriedade do litisconsórcio.
Exemplo de litisconsórcio obrigatório por conta de direitos indivisíveis: quando o Ministério Público entra com uma ação de anulação de casamento, ambos os nubentes serão considerados réus, obrigatoriamente, pois não há como dissociar a relação jurídica neste caso.
Exemplo de litisconsórcio obrigatório por força de lei: nos casos de usucapião a lei determina que todos os confrontantes sejam citados.
· Quantoaos efeitos da decisão:
a) Simples: Os efeitos da sentença podem divergir para cada um dos litigantes.
b) Unitário: Art.116. Os efeitos da sentença serão idênticos para ambos os litisconsortes (exemplo: anulação do casamento). O juiz deve decidir o mérito de modo unitário.
· Litisconsórcio multitudinário (quanto à quantidade): Nestes casos, haverá uma multidão de litisconsortes (deve-se observar isto no caso concreto). Se a relação for cindível e o litisconsórcio for facultativo, o juiz, por questão de economia processual ou para facilitar o andamento do processo, poderá fracionar a causa em blocos (art.113, §1º).
6. PETIÇÃO INICIAL: É a peça inaugural do processo. É o reflexo de um direito resistido ou um direito que precisa de uma chancela do poder judiciário. O processo tem início pela protocolização (juiz único) ou distribuição (vários juízes) da petição inicial. Doutrinariamente, a petição inicial é conceituada como “peça escrita no vernáculo e assinada por patrono devidamente constituído em que o autor formula demanda que virá a ser apreciada pelo juiz, na busca de um provimento final que lhe conceda a tutela jurisdicional pretendida”. 
	Art.319: A petição inicial indiciará:
I – O juízo que é dirigida.
II – Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu.
III – O fato e os fundamentos jurídicos do pedido.
IV – O pedido com as suas especificações.
V – O valor da causa.
VII – A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§1º - Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligencias necessárias a sua obtenção.
§2º - A petição não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
6.1. Requisitos:
· Indicação do juízo: exige conhecimento do instituto da competência. Deve-se indicar o juízo ao qual se dirige a petição.
· Indicação dos dados do autor e do réu: caso fosse estritamente necessário o preenchimento de todas as informações do réu, haveria uma previsão inconstitucional (existe a possibilidade de propositura de ação contra réu desconhecido ou incerto). A qualificação das partes poderá suscitar análise de competência.
· Fato e fundamento jurídico do processo: devem ser narrados os acontecimentos. Trata-se aqui, da causa de pedir, logo, é necessário que haja fundamento fático e fundamento jurídico. Os fundamentos fáticos são os fatos correlacionados ao pedido. Os fundamentos jurídicos são a indicação da desconformidade com o direito, motivo pelo qual, se revela uma anormalidade. A apresentação dos fundamentos legais, ou seja, indicação dos dispositivos legais, não se faz obrigatória. O aporte de jurisprudência, doutrina, fundamentos legais e sumulares servem para reforçar e ratificar o argumento da existência de anomalia. A causa de pedir visa responder o porquê do sujeito estar requerendo algo na ação. Trata-se então dos fundamentos que levam ao ajuizamento da ação – os fundamentos deverão ser tanto fáticos (causa de pedir remota) quanto jurídicos (causa de pedir próxima).
· Pedido: o pedido é a tentativa de correção da anomalia. O pedido deve ser certo e determinado (trata-se aqui de pressuposto de validade). O pedido certo é aquele que indica certeza, explicitude – existem alguns pedidos que não precisam ser feitos, como por exemplo os juros e a sucumbência. O pedido determinado indica uma delimitação (aqui também existem exceções). O pedido é aquilo que se intenta com o ajuizamento da ação. A sentença é o espelho do pedido. O juiz não pode ir, além, aquém ou conceder coisa diversa do que o que foi pedido. O pedido limita atividade do magistrado e pode ser imediato ou mediato. O pedido imediato é a providencia jurisdicional requerida, por exemplo: restituição, declaração, condenação. O pedido mediato é o próprio bem da vida pretendido. É possível que em uma mesma ação exista mais de um pedido (cumulação de pedidos).
a) Pedidos alternativos: Parágrafo único do artigo 326: “É licito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles”. O autor aqui, poderá pedir prestações alternativas. O réu também poderá cumprir prestação diversa.
b) Pedidos subsidiários: Art.326 – “É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior”. Exemplo: pede-se a anulação do casamento, porém, se não for possível, pede-se o divórcio subsidiariamente.
c) Cumulação de pretensões: Art.327 – É uma medida que serve como forma de economia processual – serve para que não haja a necessidade de formular diversas demandas contra o mesmo réu. A cumulação poderá ser legal ou convencional (espontânea). A conexão não é pressuposto para a cumulação de pedidos. São requisitos de admissibilidade da cumulação que: os pedidos sejam compatíveis entre si (não podem ser contraditórios); seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento (caso haja procedimento especial, ele deverá se adequar ao procedimento comum). Exemplo de cumulação legal: cumulação nas ações possessórias. Art.323: “Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las” (pedido implícito – art.322 e 323).
d) Indeferimento da inicial: A inicial é um ato de comunicação. Primeiramente, deve-se entender que antes do indeferimento da inicial, há uma fase saneadora, ou seja, intima-se a parte para que em 15 dias ela realize o ajuste na parte indicada (art.321). Caso a emenda à inicial não seja feita, a jurisprudência atual permite que o juiz peça novamente esclarecimentos, porém, isto não deve continuar ocorrendo com o novo Código de Processo Civil. Segundo o art.330, juiz irá indeferir a inicial quando:
- For inepta: não é apta a produzir a constituição de uma relação processual. Será inepta a petição quando não houver pedido ou causa de pedir, quando o pedido for indeterminado (ressalvadas as possibilidades de pedido genérico), quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão, ou quando contiver pedidos incompatíveis entre si.
- A parte for manifestamente ilegítima (autor) – Neste particular, quando evidente a legitimidade ativa, não há como sanar o problema. Se a ilegitimidade for passiva, o réu ao se manifestar pode alegar ser ilegítimo: se o autor concordar, muda-se o foco para o novo réu.
- O autor carecer de interesse processual – Tem-se aqui o interesse de agir. O processo deve ser útil, necessário e adequado para dirimir as questões postas.
- Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
O indeferimento é declarado através da sentença. Após a sentença, surge a apelação com efeito de retratação – poderá o juiz que indeferiu a apelação, se retratar, caso perceba que houve erro (art.331). Após a citação do réu, o processo sobe para o tribunal, que dirá se a petição é apta ou não.
e) Improcedência liminar do pedido: Não ocorre a citação do réu. Art.322. Não havendo recurso, cita-se o réu para que ele tome ciência. Se a parte apelar o juiz pode se retratar – havendo retratação, o processo seguirá.
f) Estabilização da demanda: Art.329. “O autor poderá: até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação desse prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultando o requerimento de prova suplementar”.Isto também aplica-se na reconvenção e à respectiva causa de pedir. Após o saneamento, o processo deve ficar parado para que o juiz analise-o cuidadosamente (as alterações só podem ocorrer em ocasiões determinadas por lei a partir deste momento).
· Valor da causa: Art.291. “A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. É necessária a indicação de valor da causa, ainda que calculado de modo estimativo. É importante saber o valor da causa por diversos motivos: determinação de competência do juízo; definição do rito; recolhimento das taxas judiciárias; fixação do valor para fins de aplicação de multas; fixação do depósito prévio na ação rescisória. O valor da causa na ação de alimentos a soma de doze prestações mensais pedidas pelo autor.
· Mediação e conciliação: O NCPC assume que o processo em si, tem dificuldade de alcançar um resultado justo com a celeridade necessário. Kazuo Watanabe, com sua visão nipônica, percebeu a necessidade de tornar a conciliação algo natural do processo. Segundo o artigo 139, V, é poder e dever do juiz, promover a qualquer tempo, a auto-composição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais. O Código de Processo Civil de 2015, criou um mecanismo diferente: o juiz recebe a inicial, realiza a fase saneadora, e, ao invés de mandar citar o réu para a presentar a contestação, cita-o para comparecer à audiência de conciliação e mediação.
O autor deverá indicar, na inicial, se há ou não possibilidade de conciliação, e, mesmo que indique que não há, para que o juiz deixe de realizar a auto-composição, o réu também precisa indicar expressamente a sua falta de vontade de realizar a conciliação. Se o autor não aparece para a audiência, será passível de sanção.
*Ações de família possuem um procedimento diferenciado.
	Art.334 – Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto no Código de Processo Civil, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
§2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exercer a dois meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
§3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
§4º A audiência não será realizada:
I – Se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual.
II – Quando não se admitir a auto-composição.
§5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse, na auto-composição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 dias de antecedência, contados da data da audiência.
§6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
§7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei.
§8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
§10 A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir.
§11 A auto-composição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença.
§12 A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte.
· Art.725, VI.
A contagem de prazos está descrita no art.219, CPC, e, somente corre nos dias úteis. Aplica-se aos prazos processuais progressivos e regressivos. O prazo regressivo deve ser praticado “fora” da quantidade de dias estipulada pela lei. O progressivo deve ser praticado “dentro” da quantidade de dias que a legislação determina.
7. CONTESTAÇÃO: É uma das formas de manifestar o contraditório. É a peça antagônica da petição inicial e o momento onde réu apresenta a sua defesa. A contestação se baseia em dois princípios: da impugnação específica e da eventualidade.
· Princípio da Impugnação Específica: Salvo exceção prevista na lei, o réu ao contestar, necessita, com precisão, contestar cada articulação fática ou jurídica deduzida na inicial, uma vez que, se uma delas não contestada for, presumir-se-á verdadeira.
	Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I – não for admissível, a seu respeito, a confissão.
II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato.
III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
O defensor público, o advogado dativo e o curador especial, muitas vezes não conhecem o réu, e, por isso, admite-se a contestação por negação geral, ou seja, nega-se que tudo que encontra-se na inicial é falso.
O fato teratológico é uma construção jurisprudencial e doutrinária, e, significa que o fato narrado é perceptivelmente mentiroso.
· Princípio da Eventualidade ou Concentração da Defesa: a contestação deve traduzir, em si mesma, concentradamente, todas as alegações, os fundamentos e as razões de fato e de direito, com as quais o réu impugna o pedido. Não se admite a contestação por etapas. Este princípio não se aplica a questões públicas, pois, não há como ocorrer a preclusão, logo, não se presume verdadeiro o fato não apontado.
	Art.336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, exponde as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
· Defesa contra o processo: Art. 337, CPC/15. Quando existirem questões preliminares, o réu deverá alega-las. – Aqui, ocorrerá uma defesa contra o processo em si, e não contra o que está posto no mérito.
- Sobre a ilegitimidade passiva: No antigo Código de Processo Civil, se o réu alegava ser parte ilegítima, e isto se confirmava, o processo era extinto, e o autor deveria ingressa com nova ação contra o réu legítimo. O Código de Processo Civil de 2015 aproveita o processo existente, “substituindo” a parte ilegítima (art.338, CPC/15). Quando o réu alegar a sua ilegitimidade passiva ad causam, caso saiba quem é o verdadeiro réu, deverá indica-lo, pois, caso contrário, há litigância de má-fé.
· Defesa contra o mérito:
a) Defesa direta: Aqui, o réu se limita a uma postura passiva, ou seja, apenas nega os fatos apontados na inicial, não traz nada novo. Quanto se tem a defesa direta, o ônus da prova mantem-se com o autor, via de regra (caso não haja inversão do ônus da prova).
b) Defesa indireta: Aqui, o réu, tácita ou expressamente, concorda com o que o autor diz, porém, traz fato novo ao processo, de modo que ocorre modificação, impedimento ou extinção do direito que o autor alega possuir. Como agora quem traz fato novo é o réu, o ônus da prova passa a ser dele, via de regra (caso não haja inversão do ônus da prova).
- Fato impeditivo é aquele que macula a relação jurídica na sua origem, invalidando-o (se refere à capacidade do agente ou vício de vontade).
- Fato extintivo é aquele que extingue direito.
- Fato modificativo é aquele que muda o direito, valorativamente, qualitativamente ou quantitativamente.
· Reconvenção: Art. 343, CPC/15. Pela redação do Código de Processo Civil de 2015, pode-se formular na contestação, uma petição inicial, independentemente de apresentação ou não de defesa processualou de mérito. Nesses casos, o réu deduz um bem da vida em desfavor do autor. No antigo Código de Processo Civil, a reconvenção era realizada em processo apartado. Atualmente, caso haja conexão com o pedido inicial, pode-se realizar a reconvenção – o réu traz ao processo, uma petição (aqui, a posição é invertida, e o réu assume dentro do processo, também uma posição de outro). Se o autor desistir da inicial, ou uma outra causa a extinga, a contestação ganha corpo próprio. Além disso, o réu pode propor reconvenção independente de contestação (ou seja, de forma apartada ao processo ou não realizando a contestação).
Na contestação, o réu possui situação passiva onde apenas irá defender-se das alegações trazidas pelo autor – o réu não pede nada para si, o que se busca é que o pedido do autor não seja provido. A reconvenção trata-se uma ação onde o réu poderá manifestar pretensão própria. Para que haja a reconvenção é necessário que haja conexidade entre a pretensão do réu e a pretensão originária do autor. A reconvenção é uma mediada de economia processual – poderá se dar na própria peça da contestação. Na reconvenção, o réu, agora autor, chama-se de reconvindo; o autor originário, agora réu, chama-se reconvinte. Não importa topologicamente onde o pedido de reconvenção encontra-se – o que importa é que os pedidos sejam claros. O Código de Processo Civil traz no art. 343, §1º, a autonomia da reconvenção: caso o processo principal seja extinto por algum motivo, a reconvenção subsiste, mas, como o autor já possui ciência do fato, ele não mais será citado (será intimado).
8. CITAÇÃO: O juiz se comunica com as partes a partir de atos de comunicação formais. Não há outro meio de comunicação processual que não seja intimação ou citação, e tanto uma como a outra pode ocorrer de alguns modos.
	Art.238 – “Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual”.
Via de regra, o ato de citação inaugura o ato de comunicação processual. A citação deve possuir apensada em si, cópia da petição inicial. O destinatário da citação é o réu, o executado ou o interessado. A citação é um ato de comunicação processual com finalidade específica e destinatário específico. O destinatário específico da citação é aquele que integra polo passivo na ação. A finalidade típica da citação é dar ciência da existência de uma demanda. Existem alguns atores específicos para os quais se destina a citação: o réu é aquele o qual o direito oposto a ele ainda não foi certificado – no momento em que ocorre a certificação, o réu passa a ser executado.
A citação significa provocar, exortar, para que ocorra a ciência da existência de uma demanda, e caso queira, para que possa se defender.
A parte, sendo citada, deverá comparecer inicialmente a uma audiência de conciliação ou mediação, e, caso não queira, deverá declarar expressamente (caso do autor queira, o réu deverá comparecer mesmo assim). Nas ações de família a citação possui uma característica mais suave: a citação não possui apensada em si a petição inicial (para que a parte contrária não chegue com respostas prontas).
- Somente há que se falar em nulidade da citação caso o erro que causou o vício gerar prejuízo – dá-se conhecimento a alguém para que este faça ou deixe de fazer algo.
· Formas de citação: A citação pode se dar de modo formal ou através do comparecimento espontâneo. A citação deve ocorrer corretamente, pois, caso haja erro, pode-se ter uma revelia, ou até uma revelia putativa. Caso réu compareça alegando a nulidade da citação, e o juiz acate a nulidade, reabre-se, a partir da publicação, o tempo necessário para que ocorra regular citação (art.239). Caso não se acate a tese de nulidade, o réu será revel ou será executado. Se o autor comparece declarando nulidade, entretanto traz contestação, não houve prejuízo, logo, não há porque declarar nulidade.
Via de regra, o juiz ao receber o processo, manda citar o réu. Após isto, toda espécie de ato de comunicação realizado pelo juiz, será através de intimação. A citação interrompe os prazos legais (mesmo feita pelo juízo incompetente). O prazo é suspenso a partir da data da propositura da ação.
· Interrupção da prescrição: O art.240, §1º do CPC prevê que a interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferida por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação, enquanto o §4º do mesmo dispositivo legal estende esse efeito retroativo à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. Caso entre a data da propositura da ação e data da citação haja grande demora existem duas possibilidades: se por culpa do judiciário, a retroação do prazo à data da propositura se mantém. Se a culpa da demora se der por conta do autor (ao não pagar as custas por exemplo), não há retroação do prazo, e este, somente será interrompido no momento em que há o despacho para a citação – havendo a prescrição ou decadência, perde-se o direito.
8.1. Modalidades de citação:
8.1.1. Correio: A citação por via postal constitui a regra do nosso sistema. A citação por correio pode ser realizada em qualquer comarca e foro do território, trazendo, portanto, mitigação ao princípio da aderência ao território, visto que há a dispensa de carta precatória. O citado receberá cópia da petição inicial (contrafé) e do despacho inicial do juiz, e será comunicado do prazo de resposta, do endereço do juízo e do respectivo cartório. Via de regra, a citação por correio se dá na forma de citação real, ou seja, a citação em que se tem certeza plena de que o réu tem o conhecimento da existência de uma demanda na qual integra polo passivo – a exceção se dá em casos onde se tem condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, onde o funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência poderá receber a citação. O funcionário poderá não receber a correspondência caso declare que o destinatário encontra-se ausente – caso descubra-se que o mesmo estava presente, existem consequências. A citação da pessoa jurídica será considerada válida coma entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração, ou ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências (aplica-se a teoria da aparência). *O representante legal da pessoa jurídica deve ser aquele indicado pelos estatutos e pelo contrato social.
8.1.2. Oficial de justiça: A citação será realizada por oficial de justiça nos seguintes casos: ações de estado, quando o citado for incapaz, quando o réu for pessoa jurídica de direito público, quando o citando residir em local não servido pelo correio, quando houver requerimento justificado pelo autor (art.247, CPC). Aqui, o cartório irá expedir um mandado de citação, que deve preencher os requisitos formais do art.250 do CPC. Este mandado deve ser entregue ao oficial de justiça para que haja o seu cumprimento: o oficial deve procurar o réu, e, encontrando-o realizar a citação. A ausência de prazo de resposta na citação, gera nulidade (entendimento do STJ).
O oficial de justiça possui fé pública, logo, a resistência do réu em aceitar a contrafé ou em receber a citação não acarreta em nulidade (há inclusive citação real).
· Citação por hora certa: Não é possível realizar a citação real quando o réu não é localizado. Neste caso, tem-se a formação de uma citação ficta, chamada de citação por hora certa. Para a realização deste tipo de citação, não basta que o demandado não seja localizado, é necessário a observância de dois requisitos: o requisito objetivo é a ocorrência de duas diligências frustradas para a localização do réu. O requisito subjetivo é a suspeita de que o réu esteja se ocultando maliciosamente para que não haja a citação. A análise do preenchimento destes requisitos é realizada pelo oficial de justiça, entretanto, caso descubra-se que um dos requisitos não foi observado, há a nulidade da citação.
Na segunda tentativa frustrada, o oficial intimará qualquer pessoa da família, vizinho ou pessoa localizadano endereço que consta no mandado, informando que no dia útil subsequente retornará ao endereço em horário previamente agendado. Retornando no dia e horário marcado, caso o réu encontre-se no local, a citação por hora certa se transforma em citação real, caso contrário, o oficial de justiça deve procurar informar-se das razões da ausência, e não as aceitando, realizará a citação através de terceiro, que pode ser diverso daquele intimado na véspera.
8.1.3. Edital: Art.256, CPC. Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, tem-se aqui uma típica citação ficta, considerando-se que nessa modalidade de citação a presunção de que o réu efetivamente tenha conhecimento da existência de uma demanda é ainda menor do que na citação por hora certa. A citação por edital deve ser excepcional, exigindo-se o esgotamento de todos os meios possíveis para a realização de citação por outro meio mais eficaz, até porque, esta é uma modalidade mais demorada, complexa e cara. Para evitar o abuso desta modalidade, a lei prevê a aplicação de multa no valor de cinco salários mínimos vigente para o autor que dolosamente alegar o preenchimento dos requisitos necessários para que ocorra a citação por edital.
A citação por edital se dará quando o réu for desconhecido ou incerto:
a) Réu desconhecido – não se sabe quem deve compor o polo passivo da demanda.
b) Réu incerto – quando não for possível a individualização de quem deve compor o polo passivo (relações possessórias derivadas de invasões de terra promovidas por grupos organizados e sem personalidade jurídica).
A citação também poderá se dar por edital quando, apesar da existência de sujeito certo e determinado, o local onde o mesmo se encontra for incerto (não se sabe precisar o local onde o réu está), ignorado (não se sabe onde o réu está) ou inacessível (art.256, II, CPC). A citação por edital pode decorrer de lei (exemplo: ações de usucapião).
· Publicação: a publicação do edital deve se dar através da rede mundial de computadores, no site do respectivo tribunal e na plataforma de editais do CNJ, além disso, é necessária a publicação em jornal de grande circulação subsidiariamente, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou subseção judiciária.
· Prazo: Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, o prazo de edital é aquele previsto para que o réu tenha conhecimento da existência da demanda, de modo que o seu prazo de resposta só começa a ser contado após o vencimento do prazo de edital, que será de 20 a 60 dias, a ser determinado no caso concreto pelo juiz.
8.1.4. Meio eletrônico: A citação, inclusive da Fazenda Pública, será realizada por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja acessível ao citando. A citação é o ato que integra o demandado ao processo, não sendo possível considerar válida a citação eletrônica realizada em endereço fornecido unilateralmente pelo autor. O endereço eletrônico precisa ser informado pelo demandante, por isso, segundo Fredie Didier, limita-se a utilização de citação por meio eletrônico a situações concretas em que exista confiabilidade no endereço eletrônico do demandado, o que se pode antever em duas hipóteses: ações incidentais e convênio entre litigantes costumeiros e poder judiciário, com a manutenção de banco de dados cadastrais contendo o endereço eletrônico dos mesmos. Nada impede que outros sujeitos, que não tem o dever de se inscrever no cadastro de endereções eletrônicos o façam voluntariamente.
8.1.5. Comparecimento do réu em cartório: a citação pode ser realizada pelo escrivão ou chefe se secretaria caso o citando compareça em cartório.
9. INTIMAÇÃO: A intimação é genérica em sua finalidade e inespecífica quanto ao destinatário. Aqui, visa-se dar ciência alguém sobre determinado ato do processo, logo, não possui destinatário específico. A intimação é o ato que leva ao conhecimento de quem quer que seja, qualquer tipo de ato do juiz. A intimação é ato ordinário que ocorre durante toda a vida do processo.
10. REVELIA: É um instituto ligado apenas ao réu. A revelia é a não apresentação de defesa do réu, é a constatação de ausência de apresentação da peça contestatório. Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, revelia é um estado de fato gerado pela ausência jurídica de contestação (note-se que a ausência deve ser jurídica, visto que a contestação apresentada intempestivamente não evita os efeitos da revelia. O mesmo vale para a contestação endereçada e protocolizada em juízo diverso e distante daquele no qual tramita o efeito, sendo esta matéria pacificada pelo STJ). O STJ já teve a oportunidade de decidir que o réu que deixa de contestar é revel, ainda que tenha apresentado reconvenção.
OBS: Em princípio, o réu não pode ser parcialmente revel – a situação excepcional ocorre quando há um pedido após a citação do réu – o réu será intimado para dizer se concorda com a adição de novo pedido, e, para que realize a contestação. Caso se mantenha silente, tem-se revelia parcial.
· Efeitos da revelia: A maioria da doutrina indica três efeitos decorrentes da revelia.
a) Fatos alegados pelo autor serão reputados verdadeiros: “A ausência jurídica de resistência do réu diante da pretensão do autor faz com que o juiz repute verdadeiros os fatos alegados pelo autor, sendo comum entender que nesse caso a lei permite ao juiz presumir a verdade dos fatos diante da inércia do réu”. Ocorre que, é errôneo crer que existe uma confissão ficta na revelia. Os fatos são dados como verdadeiros porque há previsão legal expressa neste sentido, sendo irrelevantes as razões da omissão do réu. A matéria jurídica discutida encontra-se fora do alcance da presunção de veracidade causada pela revelia. Aplicando-se o princípio do iura novit curia (o juiz sabe o direito), não se admite a vinculação do julgador à fundamentação jurídica trazida pelo autor, mas tão somente à fundamentação fática. 
b) Desnecessidade de intimação do réu: Art.346, CPC. Contra o revel que não tenha patrono os prazos fruirão da data de publicação de cada ato decisório no órgão oficial. Observe-se que, para que não haja a necessidade de intimação, o réu além de revel, não deverá possuir patrono. No caso onde há intempestividade da defesa, o réu será considerado revel, mas, como já possui patrono constituído desde o momento da apresentação de defesa, será intimado de todos os atos processuais.
c) Julgamento antecipado do mérito (art.345, II, CPC/15): O art. 355, II, prevê que o julgamento antecipado do mérito somente poderá acontecer na hipótese de revelia com presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. O julgamento antecipado não será admitido se o réu, fazendo-se representar a tempo, requerer a produção de provas.
· Não aplicação dos efeitos da revelia (art. 345, CPC/15): A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor é meramente relativa, podendo ser afastada no caso concreto, especialmente, mas não exclusivamente, nas hipóteses trazidas pelo art. 345 do Código de Processo Civil.
a) Litisconsórcio unitário: No litisconsórcio unitário, onde a decisão será obrigatoriamente de mesmo teor para todos os litisconsortes, a contestação apresentada por um dos réus, aproveita aos demais. No litisconsórcio simples, onde a decisão poderá possuir diferente teor, somente não ocorrerá revelia caso haja identidade de matéria defensiva.
b) Litígio que versa sobre direitos indisponíveis: Em razão da natureza não-patrimonial de alguns direitos, não é permitido ao juiz que dispense o autor do ônus probatório. Essa justificativa é utilizada nos casos onde há revelia da Fazenda Pública (entende-se que o interesse coletivo prevalece diante dos interesses individuais).
c) Petição inicial sem documento considerado indispensável para constituir prova: A ausência de documento probatório indispensável proíbe que o juiz considere verdadeiras as alegações trazidas pelo autor.
d) Fatos teratológicos: Caso a narrativa trazida na inicial seja inverossímil, o juiz não deverá aplicar os efeitos da revelia. Casos o magistrado tenha a impressão de que os fatos não são verdadeiros, pode-se exigirque o autor produza provas, afastando no caso concreto o efeito da revelia. Também não haverá presunção de veracidade dos fatos quando as alegações, apesar de verossímeis, contrariarem provas constantes dos autos.
OBS: Não serão reputados como verdadeiros os fatos que tenham sido legalmente impugnados, sendo irrelevante o sujeito responsável pela impugnação ou a forma pela qual ela ocorreu.
10.1. Ações autorizadas ao revel: O revel está autorizado a participar de toda a instrução do processo, podendo produzir prova em sentido contrário. O revel poderá ser réu presente ou possuidor de patrono. O réu revel pode participar livremente do processo, apenas não poderá formalmente indicar que o pedido do autor deve ser indeferido. Entretanto, poderá realizar isto por via oblíqua: através do perito, de testemunhas, de documentos. O réu citado por edital, caso seja revel, possuirá curador nomeado para o defender
10.2. Especificação de provas pelo autor: Na petição inicial deve-se indicar todas as provas que se pretende produzir, mesmo sem saber aquilo que será necessário dentro do processo. O art.348 do código processual civil indica que, se houver revelia, o juiz deverá abrir espaço para que o autor diga quais as provas que pretende produzir. 
11. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO:
11.1. Providências preliminares: Art.347, CPC. Após a apresentação da petição e da contestação, o juiz deverá adotar providências preliminares. As providencias preliminares não constituem uma faz obrigatória do procedimento, dependendo sua existência das circunstâncias do caso em análise. No caso da revelia, por exemplo, a postura do juiz dependerá da ocorrência ou não dos efeitos da revelia. Havendo presunção de veracidade, aplica-se o art.355, II, CPC. Caso não haja a presunção, aplica-se o disposto no art. 348, CPC. A segunda providencia preliminar que deverá ser tomada pelo juiz diz respeito à alegação, por parte do réu em sua contestação, de fato modificativo, extintivo ou impeditivo do autor – no caso onde houver defesa indireta de mérito e/ou defesa processual. Se a contestação for direta, ou seja, trazes apenas negativas genéricas, não é necessário que haja a abertura de vistas ao autor (para que realize a réplica). A réplica é uma forma de salvaguardar o princípio do contraditório, entretanto, não precisa ser aberta quando o réu realizar defesa direta (o que é visto em grande escala na prática forense). Após as providencias preliminares, o juiz passará ao julgamento conforme o estado do processo.
11.2. Julgamento conforme o estado do processo: Art.354, CPC. Nesta fase, quatro são os caminhos possíveis a serem tomados pelo juiz, sendo que, em três deles o processo será extinto por sentença e em outro a decisão terá natureza saneadora, com prosseguimento na demanda e ingresso na fase probatória, ou seja, não sendo caso de extinção, o juiz deverá proceder o julgamento antecipado da lide ou o julgamento parcial antecipado do mérito.
· Extinção do processo sem resolução do mérito: Por conta de economia processual, se o juiz perceber a inutilidade da continuação do processo, em razão de vício formal insanável, deverá determinar a extinção do processo sem resolução de mérito.
· Extinção do processo com resolução de mérito: Ocorre nos casos de prescrição e decadência e nos casos de homologação de reconhecimento jurídico, de transação ou renúncia.
· Julgamento antecipado do mérito: O julgamento antecipado do mérito se justifica em razão da desnecessidade da realização da fase probatória. O art.355 prevê duas hipóteses onde não há a necessidade de instrução probatória: quando não houver necessidade de produção probatória; e quando o réu for revel, ocorrer o efeito previsto pelo art.344 e não houver requerimento de prova (na forma do art.349).
· Julgamento antecipado parcial do mérito: Haverá julgamento parcial antecipado quando em um ou mais dos pedidos restar comprovado direito incontroverso ou estiver em condições de imediato julgamento.
12. SANEAMENTO: O saneamento é uma atitude do juiz a ser desempenhada após a propositura da ação e da apresentação de contestação. O saneamento é um ato contínuo e, faz parte da atividade do juiz perenemente – do início à morte do processo. Para organizar os processos, o Código de Processo Civil indica ao juiz que ele deverá analisar a questão processual pendente, delimitar questões de fato sobre as quais há necessidade de produção de provas e definir a distribuição do ônus da prova. Se houver matéria complexa de fato e de direito, o juiz poderá convocar audiência para que haja o saneamento em cooperação.
13. FORMAÇÃO DOS PROCESSOS:
13.1. Distribuição e registro: Considera-se uma ação proposta quando, em havendo mais de um juiz, no momento do protocolo da distribuição. Caso haja somente um juiz, considera-se a ação proposta no momento do protocolo do registro. A distribuição poderá ser eletrônica.
· Distribuição por dependência ou secundária: Existem determinadas causas onde a distribuição é feita por conta de dependência de outros processos em curso. Essas demandas serão incidentalmente incluídas em outra. Serão distribuídas por dependência as causas que possuírem relação de conexão ou continência com outra já ajuizada.
Quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda – Questão da homologação da desistência – fraude ao juiz natural, em razão disso. Quando repete-se a ação, ocorre a redistribuição automática para o mesmo juízo.
Serão reputadas conexas duas mais ações quando forem comuns o pedido ou a causa de pedir, assim como as causas em que as decisões podem ser conflitantes.
· Endereço do advogado: Quando o processo nacional for todo eletrônico, o advogado será intimado pelo email. Atualmente, como regra, quem intimará as testemunhas é o escritório de advocacia, por isso, faz-se necessário que o endereço do advogado esteja presente na petição inicial.
	Art. 284.  Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz.
Art. 285.  A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade.
Parágrafo único.  A lista de distribuição deverá ser publicada no Diário de Justiça.
Art. 286.  Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:
I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3o, ao juízo prevento.
Parágrafo único.  Havendo intervenção de terceiro, reconvenção ou outra hipótese de ampliação objetiva do processo, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.
Art. 287.  A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do advogado, eletrônico e não eletrônico.
Parágrafo único.  Dispensa-se a juntada da procuração:
I - no caso previsto no art. 104;
II - se a parte estiver representada pela Defensoria Pública;
III - se a representação decorrer diretamente de norma prevista na Constituição Federal ou em lei.
Art. 288.  O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigirá o erro ou compensará a falta de distribuição.
Art. 289.  A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte, por seu procurador, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública.
Art. 290.  Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.
13.2. Suspensão do processo: Art.313. O processo se inicia com a provocação do autor e possui continuidade por impulso oficial. A regra geral é que, uma vez iniciado o processo, ele continue, sem interrupções. Entretanto, existem algumas circunstâncias

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